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3 03/2012 (Março) 1 1 Indicadores Educacionais em Foco – 03/2012 (Março) © OCDE 2012 EM Indicadores Educacionais FOCO dados da educação evidências da educação políticas da educação análises da educação estatísticas da educação Qual o desempenho das meninas na escola – e das mulheres no mercado de trabalho – no mundo todo? No mundo todo, as meninas estão alcançando melhor desempenho que os meninos em leitura… … e as mulheres estão alcançando melhor desempenho que os homens na educação superior. Uma vez que o mundo agora dá destaque às conquistas da mulher, o progresso das meninas e jovens na educação – e das mulheres no mercado de trabalho – não pode ser negligenciado. Recentemente, a diferença entre o rendimento de meninos e meninas na escola diminuiu em algumas matérias importantes – tanto que, em algumas áreas, a principal preocupação agora recai sobre o baixo rendimento dos meninos. Por exemplo, na avaliação de leitura do PISA 2009, as meninas de 15 anos superaram os meninos, em todos os países da OCDE, em 39 pontos em média – o equivalente a um ano de escolaridade. Em matemática, os meninos de 15 anos tendem a obter um resultado um pouco melhor do que o das meninas, na maioria dos países; enquanto, em ciências, as diferenças de desempenho entre os gêneros são menos pronunciadas. Na avaliação de leitura do PISA 2009, as meninas obtiveram desempenho melhor do que os meninos em todos os países, com uma vantagem de 39 pontos em média – o equivalente a um ano de escolarização. As mulheres também estão conseguindo altos desempenhos na educação superior: estima-se que 66% das jovens, nos países da OCDE, vão ingressar em programas universitários em algum momento da vida, contra 44% dos homens jovens. Os homens ainda têm maior probabilidade do que as mulheres de conseguir qualificações avançadas em pesquisa, e 74% de todos os estudantes de engenharia, produção e construção civil são homens. A educação superior aumenta as possibilidades de emprego tanto para os homens como para as mulheres, e as diferenças de gênero no mercado de trabalho ficam menores nos níveis educacionais mais altos. Quanto melhor o desempenho de meninas e meninos na escola, maiores as suas chances de continuar estudando. Entre 2000 e 2009, aumentou significativamente a probabilidade de que tanto os rapazes como as jovens entrem em um curso universitário: de 47% para 59%. No entanto, quando se separam esses dados por gênero, fica claro que são as mulheres que puxam para cima esse crescimento. Por exemplo, a proporção de mulheres que esperam entrar na educação superior subiu de 51% em 2000 para 66% em 2009; enquanto a proporção de homens que esperam o mesmo aumentou de 42% em 2000 para 52% em 2009. Entre os países da OCDE, a proporção de mulheres com uma qualificação de nível universitário é igual ou maior do que a de homens em 29 dos 32 países com dados comparáveis. Em média, 59% de todos os estudantes que alcançaram seu primeiro diploma universitário em 2009 são mulheres; essa proporção sendo menor que 50% apenas na China, no Japão, na Coreia e na Turquia.

Qual o desempenho das meninas na escola – e das mulheres ...download.inep.gov.br/.../indicadores_educacionais_foco_n_3.pdf · … e as mulheres estão alcançando melhor desempenho

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303/2012 (Março)

11Indicadores Educacionais em Foco – 03/2012 (Março) © OCDE 2012

EM

Indicadores Educacionais FOCO

dados da educação evidências da educação políticas da educação análises da educação estatísticas da educação

Qual o desempenho das meninas na escola – e das mulheres no mercado de trabalho – no mundo todo?

No mundo todo, as meninas estão alcançando melhor desempenho que os meninos em leitura…

… e as mulheres estão alcançando melhor desempenho que os homens na educação superior.

Uma vez que o mundo agora dá destaque às conquistas da mulher, o progresso das meninas e jovens na educação – e das mulheres no mercado de trabalho – não pode ser negligenciado. Recentemente, a diferença entre o rendimento de meninos e meninas na escola diminuiu em algumas matérias importantes – tanto que, em algumas áreas, a principal preocupação agora recai sobre o baixo rendimento dos meninos. Por exemplo, na avaliação de leitura do PISA 2009, as meninas de 15 anos superaram os meninos, em todos os países da OCDE, em 39 pontos em média – o equivalente a um ano de escolaridade. Em matemática, os meninos de 15 anos tendem a obter um resultado um pouco melhor do que o das meninas, na maioria dos países; enquanto, em ciências, as diferenças de desempenho entre os gêneros são menos pronunciadas.

Na avaliação de leitura do PISA 2009, as meninas obtiveram desempenho melhor do que os meninos em todos os países, com uma vantagem de 39 pontos em média – o equivalente a um ano de escolarização.

As mulheres também estão conseguindo altos desempenhos na educação superior: estima-se que 66% das jovens, nos países da OCDE, vão ingressar em programas universitários em algum momento da vida, contra 44% dos homens jovens.

Os homens ainda têm maior probabilidade do que as mulheres de conseguir qualifi cações avançadas em pesquisa, e 74% de todos os estudantes de engenharia, produção e construção civil são homens.

A educação superior aumenta as possibilidades de emprego tanto para os homens como para as mulheres, e as diferenças de gênero no mercado de trabalho fi cam menores nos níveis educacionais mais altos.

Quanto melhor o desempenho de meninas e meninos na escola, maiores as suas chances de continuar estudando. Entre 2000 e 2009, aumentou significativamente a probabilidade de que tanto os rapazes como as jovens entrem em um curso universitário: de 47% para 59%. No entanto, quando se separam esses dados por gênero, fica claro que são as mulheres que puxam para cima esse crescimento. Por exemplo, a proporção de mulheres que esperam entrar na educação superior subiu de 51% em 2000 para 66% em 2009; enquanto a proporção de homens que esperam o mesmo aumentou de 42% em 2000 para 52% em 2009.

Entre os países da OCDE, a proporção de mulheres com uma qualificação de nível universitário é igual ou maior do que a de homens em 29 dos 32 países com dados comparáveis. Em média, 59% de todos os estudantes que alcançaram seu primeiro diploma universitário em 2009 são mulheres; essa proporção sendo menor que 50% apenas na China, no Japão, na Coreia e na Turquia.

© OCDE 2012 Indicadores Educacionais em Foco – 03/2012 (Março) 22

INDICADORES EDUCACIONAIS EM FOCOdados da educação evidências da educação políticas da educação análises da educação estatísticas da educação

No entanto, ainda há poucas mulheres nos programas de doutorado…

Os ganhos de educação das mulheres têm ajudado a estreitar as diferenças de gênero no mercado de trabalho em vários países...

… bem como em algumas áreas da educação.

Ao mesmo tempo, as mulheres continuam sub-representadas nos níveis mais altos da educação. Em 2009, 54% das titulações avançadas em pesquisa, como doutorados, foram concedidas a homens, na média dos países da OCDE. Esse padrão é visível em todos os países, exceto no Brasil, Finlândia, Islândia, Nova Zelândia, Polônia, Portugal e Estados Unidos, onde as mulheres recebem a maior parte das titulações mais avançadas. No Japão e na Coreia, apenas 30% das titulações avançadas são concedidas a mulheres.

8070605040302010

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%

Percentual de títulos universitários entregues a mulheres (2009)

1. Ano de referência 2008.Os países estão em ordem decrescente do percentual de titulos universitários concedidos a mulheres.Fonte: Base de dados educacionais da OCDE.

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Titulações avançadas em pesquisa

Além disso, alguns sistemas educacionais ainda não ultrapassaram certos estereótipos que concebem algumas áreas de estudo como sendo masculinas ou femininas. Em 2009, por exemplo, mais de 70% dos alunos do ensino superior na área de educação eram mulheres, e uma média de 75% dos títulos na área da saúde e bem estar também foram concedidos a mulheres. Em contraste, na maioria dos países, menos de 30% dos graduados nas áreas de engenharia e construção civil são mulheres.

Um número cada vez maior de países da OCDE já apresentam iniciativas para contornar essas disparidades. Em 2000, a União Europeia anunciou uma meta de aumentar o número de universitários graduados em Matemática, Ciências e Tecnologia ao menos em 15% até 2010, bem como reduzir a desigualdade de gênero nessas áreas. Ao longo da última década, entretanto, a situação não apresentou grande variação: entre 2000 e 2009, a proporção de mulheres nessas áreas cresceu marginalmente, de 23% para 26%. A proporção de mulheres estudando Ciências também é baixa e tem permanecido estável em 40% ao longo da década passada.

Em geral, o acentuado progresso na formação das mulheres está sendo traduzido em ganhos no mercado de trabalho. Em 2009, uma média de 79% das mulheres com ensino superior estavam empregadas, comparadas a 66% das mulheres com ensino médio, e 46% daquelas com ensino médio incompleto. É notável, entretanto, que as mulheres ainda tenham menor probabilidade de participar do mercado de trabalho do que os homens, mesmo quando possuem as mesmas qualificações e, também, têm maior probabilidade de trabalhar meio período.

33Indicadores Educacionais em Foco – 03/2012 (Março) © OCDE 2012

dados da educação evidências da educação políticas da educação análises da educação estatísticas da educação

INDICADORES EDUCACIONAIS EM FOCO

No entanto, as diferenças de gênero favoráveis aos homens têm diminuído desde 2000, e são menos acentuadas ao se considerarem os níveis de educação mais elevados. Por exemplo, a diferença de gênero passou de 25

pontos percentuais em 2000 para 21 pontos percentuais em 2009 entre os empregados com ensino médio incompleto; e de 19 pontos percentuais em 2000 para 15 pontos percentuais em 2009 entre os que

concluíram o ensino médio. E a diferença ainda é menor entre os que possuem ensino superior, tendo passado de 11 pontos percentuais em 2000 para 9 pontos percentuais em 2009.

Esses números podem variar bastante de um país para outro: entre pessoas sem o ensino médio, a diferença de gênero no trabalho é menor que 10 pontos percentuais na Finlândia, Islândia e Noruega, mas superior

a 40 pontos percentuais no Chile, México e Turquia. Entre as pessoas com nível superior, a diferença de gênero tende a estreitar-se significativamente em todos os países da OCDE, exceto no Japão, Coreia, México

e Turquia, onde excede 15 pontos percentuais.

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Percentual de títulos universitários concedidos a mulheres por área de formação (2009)

Estô

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Japã

o

1. Ano de Referência 2008.Os países estão em ordem decrescente do percentual de titulos universitários concedidos a mulheres em 2009.Fonte: OCDE. Argentina: UNESCO Institute for Statistics (World Education Indicators Programme). Tabela A4.3.a Veja o Anexo 3 para notas. (www.oecd.org/edu/eag2011).

SaúdeCiênciasEducaçãoTodas as áreas

de formação Engenharias

… assim como as iniciativas recentes de promoção de igualdade de gênero no trabalho.Os países da OCDE têm feito mais do que reduzir as desigualdades de gênero no trabalho. Por exemplo, nos países nórdicos, na Alemanha e em Portugal, os pais podem receber licença paternidade e apoio financeiro nesse período. Na Islândia, Noruega e Espanha, algumas empresas precisam ter ao menos 40% de sua diretoria composta por mulheres, dependendo do tamanho da empresa e do número de membros da diretoria. Iniciativas similares foram introduzidas na Bélgica, França, Itália e Holanda. Enquanto isso, empresas como a Deutsche Telekom, introduziram cotas para mulheres na administração e práticas favoráveis à família, como horários flexíveis e “teletrabalho”.

© OCDE 2012 Indicadores Educacionais em Foco – 03/2012 (Março) 4

INDICADORES EDUCACIONAIS EM FOCOdados da educação evidências da educação políticas da educação análises da educação estatísticas da educação

No próximo mês: Como está a desigualdade de renda pelo mundo – e como a educação pode reduzi-la?

Para maiores informações, entre em contato com:Éric Charbonnier ([email protected]) andCorinne Heckmann ([email protected])

Veja:Education at a Glance 2011: Indicadores EducacionaisIniciativa de Gênero da OCDE (www.oecd.org/gender/equality)

Visite:www.oecd.org/edu

Todas essas iniciativas são recentes e ainda amplamente debatidas. Elas necessitam de análises futuras para avaliar os benefícios em termos do resultado do trabalho das mulheres e do desempenho da empresa.

Para concluir:

0 20 40 60 80 100 PorcentagemPorcentagem

Taxas de Emprego, por gênero e escolaridade (2009)

Mulheres Homens

Até o Ensino Médio

0 20 40 60 80 100

Ensino superior

CoreiaJapão1

TurquiaMéxico

ChileRepública Tcheca

LuxemburgoEslováquia

Nova ZelândiaItália

média OECDGrécia

AustráliaEstados Unidos

HungriaSuíçaIsrael

PolôniaAlemanha

IrlandaReino Unido

EstôniaEspanha

FrançaÁustriaBélgicaCanadá

HolandaFinlândiaEslovênia

DinamarcaIslândia

NoruegaSuécia

Portugal

CoreiaJapão1

TurquiaMéxicoChileRepública TchecaLuxemburgoEslováquiaNova ZelândiaItáliamédia OECDGréciaAustráliaEstados UnidosHungriaSuíçaIsraelPolôniaAlemanhaIrlandaReino UnidoEstôniaEspanhaFrançaÁustriaBélgicaCanadáHolandaFinlândiaEslovêniaDinamarcaIslândiaNoruegaSuéciaPortugal

1. Dados do Japão ausentes.Os países estão em ordem decrescente em função da diferença de gênero e das taxas de emprego.Fonte: OCDE. Tabela A7.4b e c. Veja o Anexo 3 para notas (www.oecd.org/edu/eag2011).

Meninas e mulheres têm obtido ganhos sólidos – mas muito ainda pode ser feito. Os esforços para aumentar o desempenho das meninas em Matemática e Ciências – assim como os resultados dos meninos em Leitura – podem promover ainda mais a igualdade de gênero na educação. As iniciativas para acabar com os estereótipos de gênero em algumas áreas de estudo e as novas políticas empresariais podem aumentar as oportunidades de emprego para as mulheres.

*A qualidade da tradução para o Português e sua fidelidade ao texto original são de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep, Brasil.

Meninas e mulheres têm obtido ganhos sólidos – mas muito ainda pode ser feito.

Photo credit: © Ghislain & Marie David de Lossy/Cultura /Getty Images