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Artigo original/Original Article
Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária1
Life quality and food consumption: behavior according to the gender of individuals in a university community
ÉRIKA DA SILVA MACIEL1; MARINA VIEIRA DA SILVA1
1Departamento de Agroindústria,
Alimentos e NutriçãoEscola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Universidade de São Paulo
Agradecimentos:Prof. Dr. Gabriel Sarriés
(ESALQ/USP) e Andrés Enrique Lai
Reyes (CIAGRI-USP), pela colaboração na
elaboração das análises estatísticas e viabilização
da coleta de dados.E-mail:
MACIEL, E. S.; SILVA, M. V. Life quality and food consumption: behavior according to the gender of individuals in a university community. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
This work aimed to analyze the nutritional status and food consumption of a sample composed by members of the community of a university campus located in the countryside of the state of São Paulo. In order to collect the data by using the internet, the following instruments and information sources were adopted: WHOQOL 100 for life quality analysis, IPAQ short version for physical activity analysis, Food Frequency Questionnaire – FFQ answered by the subjects and anthropometrical measures (weight and height) informed by the subjects. For the diagnosis of the nutritional status, the Body Mass Index – BMI was calculated and the critical levels described by WHO (World Health Organization) were adopted. The results showed that 23% and 10% of the participants were classifi ed as presenting overweight and obesity (more frequent among men), respectively. An amount of 10.9% of the participants were classifi ed as sedentary, with a predominance of this situation among the men. The analyses also showed that, in a general way, the women tend to select part of the food items of the diet adequately. It is worth highlighting that the methodology of data collection from the internet showed effi cient with the sample selected for the research, due to the easy access of the majority to the resource and reliability for constructing the databases and analyses. The results are expected to contribute to the elaboration of interventions which aim at the promotion of life quality and healthier habits.
Keywords: Physical activity. Food consumption. Life quality.
ABSTRACT
1Baseado na Dissertação de Mestrado: Qualidade de vida: análise da infl uência de alimentos e estilo de vida. 2006. 187 p. Dissertação de (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006, elaborada pela primeira autora.
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RESUMORESUMEN
El objetivo del trabajo fue describir los hábitos alimenticios, de actividad física y de calidad de vida de un segmento poblacional de una ciudad universitaria localizada en el estado de São Paulo (Brasil). Los datos fueron colectados a través de Internet usando los siguientes instrumentos: WHOQOL para calidad de vida, la versión abreviada de IPAQ para actividad física, cuestionario de frecuencia alimentar (CFA) y medidas antropométricas (peso y altura) auto-referidos. Para el diagnóstico del estado nutricional fue calculado el índice de masa corporal –IMC y adoptados los niveles críticos preconizados por la OMS. Los resultados mostraron que 23% y 10 % de los participantes presentaban sobrepeso y obesidad (más frecuente entre los hombres), respectivamente. También, 10,9% fueron clasifi cados como sedentarios, con predominio del sexo masculino. El análisis mostró que las mujeres presentaban una tendencia a la selección más adecuada de los alimentos que integran la dieta. Es importante destacar que el método de colecta de datos, vía Internet, se rebeló efi caz en el grupo seleccionado para el estudio, la mayoría con acceso al recurso. Además se mostró confi able para la construcción y análisis del banco de datos. Los resultados contribuirán para la elaboración de intervenciones en la promoción da la calidad de vida y adopción de hábitos más saludables.
Palabras clave: Actividad física.Consumo alimentar.Calidad de vida.
Visou-se descrever a alimentação, a prática de atividade física e a qualidade de vida de amostra composta por integrantes da comunidade de um Campus Universitário localizado no interior paulista. Para obtenção de dados, por meio do uso da Internet, foram adotados os seguintes instrumentos e informações: WHOQOL 100 para análise da qualidade de vida, IPAQ versão curta para análise do nível de atividade física, Questionário de Freqüência Alimentar - QFA e medidas antropométricas (peso e altura) auto-referidas. Para o diagnóstico do estado nutricional foi calculado o Índice de Massa Corporal – IMC e adotados os níveis críticos preconizados pela OMS. Os resultados revelaram que 23% e 10% dos participantes foram classifi cados com sobrepeso e obesidade (mais freqüente entre os homens), respectivamente. Foram identifi cados 10,9% dos participantes classifi cados como sedentários com predomínio da situação entre o gênero masculino. As análises mostraram também que, de forma geral, as mulheres tendem a selecionar de maneira adequada parte dos alimentos que integram a dieta. Cabe destacar que a metodologia de coleta de dados, via Internet, se revelou efi caz junto à amostra selecionada para a pesquisa, pela facilidade de acesso da maioria ao recurso e confi abilidade para construção dos bancos de dados e análises.Os resultados devem contribuir para a elaboração de intervenções que visem à promoção da qualidade de vida e de hábitos mais saudáveis.
Palavras-chave: Atividade física. Consumo de alimentos. Qualidade de vida.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
INTRODUÇÃO
Recentes pesquisas têm buscado caracterizar o perfil dos indivíduos
acometidos por agravos à saúde e a identifi cação dos fatores de risco que tornam
alguns grupos mais susceptíveis às determinadas doenças. Esses resultados
constituem valiosos subsídios para a elaboração de estratégias de intervenções
mais efi cazes.
A preocupação com a saúde é o foco de discussão entre diversos especialistas
e, freqüentemente, é pautada pelo interesse por temas como as síndromes
plurimetabólicas que vêm revelando crescimento e causando impactos negativos na
qualidade de vida dos indivíduos.
A obesidade no Brasil, por exemplo, cresceu nos últimos anos, conforme atestam
os dados divulgados por meio das publicações do Instituto Brasileiro de Geografi a
e Estatística (IBGE). Os dados mostram que cerca de 40,6% da população adulta do
Brasil encontravam-se acima do peso ideal e 11,1% foram classifi cados como obesos.
Merece destaque também a prevalência da obesidade entre as mulheres cuja proporção
alcançou 13,1%, contra 8,9% identifi cada entre os homens (INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2005b).
Por meio de pesquisas realizadas em diversos países, comprovou-se que o estilo de
vida passou a ser reconhecido como um dos mais importantes determinantes da saúde
de indivíduos, grupos e comunidades (NAHAS, 2001).
Nesse sentido, reconhece-se a existência de quatro fatores que condicionam
decisivamente o nível de saúde da população: a dieta, a inatividade física, o uso do
tabaco, e o uso do álcool.
Outros importantes comportamentos como a inatividade física, o tempo dedicado
à televisão, e outras atitudes sedentárias também são variáveis que exercem infl uência
decisiva sobre a saúde.
A situação descrita anteriormente contribuiu para que ganhasse destaque o
conceito de qualidade de vida,que integra várias áreas da vida do indivíduo, envolvendo
as condições físicas, emocionais e sociais relacionadas aos aspectos temporais, culturais
e também considera como tais aspectos são percebidos pelos sujeitos (GONÇALVES;
VILARTA, 2005).
Acredita-se que a avaliação da qualidade de vida é importante para compreender
como o estilo de vida pode exercer infl uência sobre a saúde e, conseqüentemente,
repercutir na vida dos indivíduos.
No que diz respeito ao consumo de alimentos destaca-se que as mudanças
nos hábitos alimentares dos últimos anos são marcadas pelo aumento de conteúdo
de lipídio e de carboidratos simples na dieta. Esses macronutrientes energéticos,
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quando ingeridos em excesso, contribuem substancialmente para o desenvolvimento
da obesidade e outras complicações de saúde (ROSADO; MONTEIRO, 2001).
Dados do Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde (2002) apontam o
sedentarismo, o tabagismo e a alimentação inadequada como fatores de risco diretamente
relacionados ao estilo de vida e responsáveis por mais de 50% do risco total para o
desenvolvimento de algum tipo de doença crônica. Desse modo, riscos considerados mais
importantes que a combinação simples de fatores genéticos e ambientais, são revelados
por meio dessa relação causal.
O interesse mundial pela alimentação tem também estimulado a curiosidade
dos consumidores, especialmente no que diz respeito às propriedades dos alimentos
funcionais.
Ilustra a referida situação, resultados de pesquisa que revelaram que o grupo que
apresentou preocupação com a nutrição era composto por pessoas que costumavam
analisar os rótulos dos alimentos e mantinham boas práticas associadas ao estilo de vida
mais saudável, como por exemplo, a adoção da prática de exercício físico e o não tabagismo
(BOWMAN, 2005).
Reconhece-se que não é possível excluir dos processos de prevenção ou diminuição
dos efeitos do envelhecimento, o componente relativo à atividade física. De acordo com
Matsudo et al. (2003) a inclusão da atividade física deve ser adotada, além das demais
medidas gerais de saúde.
Nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 200 mil mortes por ano possa ser atribuída
à inatividade física. Esse número representa 23% de todos os óbitos, comparáveis aos 33% de
óbitos atribuídos ao fumo, aos 23% associados ao colesterol elevado e aos 24% relacionados
à obesidade (NAHAS, 2001).
Estima-se que pequenos aumentos nos níveis de atividade física em populações
sedentárias poderiam causar um maior impacto na redução de doenças crônicas do que,
por exemplo, a redução do tabagismo. No entanto, embora a importância da atividade
física na manutenção da saúde seja bem aceita, os níveis dessas têm sido muito reduzidos
nas sociedades modernas, especialmente quando são consideradas as diferenças
socioeconômicas (GOMES; SIQUEIRA; SCHIERI, 2001).
Portanto, o conhecimento dos níveis de atividade física de grupos populacionais é de
extrema importância, uma vez que, quando reduzidos são relacionados ao comprometimento
funcional do organismo e, conseqüentemente, exercem infl uências negativas na qualidade
de vida dos indivíduos.
Face ao exposto, por meio da presente pesquisa pretende-se analisar a qualidade de
vida de uma amostra de indivíduos que integram uma comunidade universitária, atribuindo
destaque às associações envolvendo o gênero e a prática de atividade física, consumo de
alimentos e tabagismo.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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MATERIAL E MÉTODOS
LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada no Campus “Luiz de Queiroz” da Universidade de São
Paulo localizado no município de Piracicaba, interior do Estado de São Paulo, distante
da capital do Estado cerca de 152km (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2005a).
POPULAÇÃO DE ESTUDO
Os membros do grupo que constitui a amostra da pesquisa, se apresentaram como
voluntários para participarem da mesma.Trata-se de integrantes da comunidade do
Campus “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo, que se apresentaram como
voluntários. Os indivíduos de ambos os gêneros são pertencentes às categorias de servidores
(funcionários docentes e funcionários não docentes) e da categoria de alunos (graduação
e pós-graduação).
O projeto da presente pesquisa foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Odontologia de Piracicaba-FOP/UNICAMP
(protocolo CEP/FOP/UNICAMP 143/2004).
DEFINIÇÃO DA AMOSTRA
O dimensionamento amostral procurou resultados com mais de 90% de
confi ança estatística, segundo metodologia adotada por Cochran (1977) aplicada por
Sarriés (1997). A priori foi considerada uma amostra piloto (MACIEL et al., 2005), que
permitiu obter estimativas de variabilidade estatística, em cada uma das categorias
integrantes da amostra.
Cabe destacar que o número de observações obtidas para a totalidade das categorias
supera os valores identifi cados como necessários para a elaboração de análises estatísticas
consistentes. Trabalhou-se com no mínimo 95% de confi ança de informação pela teoria
de amostragem.
Nota-se que as proporções referentes à totalidade das categorias são de ordem
signifi cativa abrangendo 5,21% de todos os alunos de graduação; 9,15% dos alunos de
pós-graduação; 22,97% dos docentes e 8,87% dos funcionários não docentes.
DELINEAMENTO DA PESQUISA
Para a realização da presente pesquisa, optou-se pelo modelo de estudo transversal,
tendo por base adultos de ambos os gêneros das categorias de funcionários docentes,
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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funcionários não docentes, alunos de graduação e alunos de pós-graduação do Campus
“Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo.
Para a coleta de dados da pesquisa referente ao consumo de alimentos utilizou-se
do Questionário de Freqüência Alimentar (QFA) previamente testado em comunidade
universitária similar (participaram dessa fase da pesquisa, alunos, funcionários, docentes do
Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENA/USP- unidade que integra o Campus USP
de Piracicaba) à participante da pesquisa. No QFA, constavam 65 alimentos divididos em
seis grupos (bebidas, cereais, hortaliças, óleos e temperos, leguminosas e frutas) passíveis
de receberem alegações relativas à propriedade funcional e/ou benefícios à saúde.
Para coleta de dados sobre prática de atividade física utilizou-se do International
Physical Activity Questionaire (IPAQ) versão curta e para a coleta de dados referentes à
qualidade de vida fez-se uso do formulário WHOQOL-100, ambos instrumentos reproduzidos
e validados internacionalmente.
Associados aos instrumentos foram obtidos dados auto-referidos, como peso, altura,
escolaridade, sexo, idade e tabagismo.
COLETA DE DADOS
Para a obtenção dos dados foi utilizado o levantamento das informações por meio
dos recursos da Internet.
O convite para a participação da pesquisa foi enviado para a totalidade dos alunos e
servidores do Campus por meio da atuação da Assessoria de Comunicação ACOM/ESALQ/
USP que adota a emissão de mensagens eletrônicas.
No convite encaminhado à comunidade foi registrado o link para a página na Internet
onde, além dos formulários, era possível identifi car a política de privacidade e de segurança
do site, as informações sobre a metodologia adotada na pesquisa e esclarecimentos de
dúvidas sobre a pesquisa, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), contendo
orientações sobre o contato com os pesquisadores, bem como o login de acesso aos
formulários.
Somente as pessoas que possuíam webmail do sistema puderam participar, utilizando
o username e senha do sistema, que é criptrografada. Não houve, em todas as fases da
pesquisa, qualquer tipo de identifi cação pública dos participantes.
ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Tanto as análises dos dados oriundos do IPAQ versão curta como daqueles obtidos
por meio do WHOQOL - 100 foram realizadas seguindo a metodologia proposta pela
OMS. Para análise estatística utilizou-se do software Statistical Analysis System - (SAS
INSTITUTE, 1999).
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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Em primeira instância, os dados não transformados foram submetidos às análises de
variância univariadas paramétricas, por meio da adoção do modelo de Gauss e Markov
(STEEL; TORRIE, 1960).
Foram realizados testes de normalidade (testes de Kolmogorov e qui-quadrado) e
de homocedasticidade. Utilizou-se o teste F de Snedecor para análise da variância e o
teste de Duncan, para comparações múltiplas. O coefi ciente de Cronbach foi adotado
para verifi car o grau de fi dedignidade dos resultados. Implementou-se também estatística
descritiva e análise multivariada por meio da adoção de técnica de Cluster Analyses.
Para melhor visualização dos resultados relativos à qualidade de vida dos grupos,
os dados foram transformados, obtendo-se notas que variaram entre zero e cem, seguindo
a escala de respostas utilizadas pelo WHOQOL-100.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grupo de voluntários foi constituído por 42,9% e 57,1% de homens e mulheres,
respectivamente. Quanto à categoria de servidores nota-se que 16,8% dos indivíduos
eram funcionários docentes e 24,4%, funcionários não docentes. No que diz respeito à
participação dos alunos observou-se maior equilíbrio: 30% dos participantes são alunos
de graduação e 28,8% discentes dos cursos de pós-graduação.
A média de idade dos participantes foi de 28 anos, obtendo-se a idade mínima de
18 anos e máxima de 63 anos.
No tocante à distribuição dos gêneros (categoria de funcionários não docentes)
foram identifi cados 66,2% de mulheres e 33,8% homens.
Entre os funcionários docentes a participação revela expressiva diferença, com
predomínio dos homens (78,4%), enquanto a presença feminina alcançou 21,6%.
Ao examinar o grupo de alunos de pós-graduação nota-se predomínio de mulheres
65,5% em relação à presença dos homens, 34,5%.
Situação similar é observada entre os alunos de graduação: o gênero feminino
representa 61,5% enquanto os homens, 38,5%.
Tais resultados vão contra as características do Campus, que vinha mantendo,
até o início da presente década, predominância masculina, motivada em parte pelas
características dos cursos diurnos que mantêm há mais tempo. No entanto, os resultados
reforçam uma tendência nacional que demonstra a expressiva presença das mulheres
nas universidades.
No que diz respeito ao tabagismo, 8,6% dos participantes assumiram ser usuários de
cigarros. Quando são considerados os resultados obtidos para os tabagistas, nota-se que,
69,2% dos fumantes são mulheres (sendo que a maior proporção, 44,4% são funcionárias
não docentes) enquanto 30,8% são homens.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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Em relação à distribuição de fumantes entre as categorias, dos 8,6% de todos
os fumantes, foram identifi cados 23,1% de alunos de graduação (n=6) e 23,1% de
alunos de pós-graduação (n=6) adeptos ao consumo de cigarros. Entre os servidores
3,8% dos funcionários docentes (n=1) e 50% dos funcionários não docentes (n=13)
faziam uso do cigarro.
Destaca-se que, em pesquisa realizada, tendo por base amostra de estudantes de
universidade privada, foram identifi cados 8,8% dos universitários como tabagistas (SALVO,
2005). Os resultados obtidos, por meio da referida pesquisa são similares às informações
identifi cadas no presente trabalho.
O comportamento de fumantes em relação ao consumo de alimentos foi analisado por
Dallongeville et al. (1998) que por meio de metanálise sobre a associação entre nutrientes
e tabagismo, demonstraram que indivíduos fumantes ingeriram menor conteúdo de fi bras,
vitamina C, vitamina E e beta-caroteno, nutrientes freqüentemente assegurados pelo
consumo de frutas e vegetais ou pelo uso de suplementos. Mostrando-se nessa relação
causal uma tendência a inferiores níveis de qualidade de vida.
Para identifi car os resultados envolvendo a qualidade de vida e gênero foi elaborada
análise de variância entre os domínios (dentro das categorias de gêneros) e testes
comparativos que podem ser visualizados na tabela 1. Os resultados são apresentados em
forma de testes de comparações múltiplas de Tukey, que utiliza a codifi cação por letras
alfabéticas.
Tabela 1 – Comparações dos domínios de qualidade de vida entre os gêneros da amostra de integrantes da comunidade do Campus “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, São Paulo, 2005
DomínioGênero
Feminino Masculino
Nível de Independência 74,86 A 77,75 A
Aspectos Espirituais 70,77 B 70,24 B
Relações Sociais 65,87 C 68,17 B
Psicológico 60,97 D 66,54 B
Ambiente 59,42 D 61,20 C
Físico 58,26 D 61,12 C
Nota: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem em nível de 95% de confi ança.
Nota-se que para os homens os domínios, ambiente e físico revelaram os menores
valores, justifi cando-se a necessidade de intervenção nesse componente.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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Quando são considerados os resultados obtidos para as mulheres observa-se que
há a adição aos dois domínios, citados pelo grupo masculino, do aspecto psicológico. Em
ambos os gêneros os domínios nível de independência e aspectos espirituais diferem entre
si e apresentam as maiores médias relativas à qualidade de vida.
Tendo por base os testes F, calculados quando foram considerados os dados relativos
aos gêneros e, também os domínios, nota-se que somente no tocante ao domínio psicológico,
foram captadas diferenças estatisticamente signifi cativas ao nível de 1%.
Salienta-se que as mulheres obtiveram média de 60, 97, valor inferior àquele que
alcançado pelos homens (66,54). Mediante intervenção, provavelmente, o grupo feminino
poderá ser infl uenciado de maneira mais decisiva, nesse aspecto de sua vida, do que o
grupamento masculino.
Resultados similares, em relação à qualidade de vida, foram observados por Souza
(2001) que também adotou o WHOQOL - 100 para obtenção de dados junto à amostra de
funcionários de ambos os gêneros do Campus de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo. O autor obteve resultados que apontaram para a redução da qualidade de vida no
aspecto físico e um melhor desempenho no domínio independência. Entre as conclusões,
mereceu destaque o menor grau de atendimento das necessidades quando se considera
o domínio físico.
Em relação às facetas que compõem o domínio psicológico os resultados indicam que
os sentimentos negativos são os que prejudicam a qualidade de vida das mulheres (44,44)
e principalmente nos homens (39,23).
Quando considerada a análise de Cluster para as categorias de participantes, tendo por
base os dados referentes à qualidade de vida, nota-se que os alunos de graduação apresentam
comportamento diferenciado, conforme os resultados observados no gráfi co 1.
Gráfi co 1– Agrupamento das categorias tendo por base a avaliação da qualidade de vida da amostra de integrantes da comunidade do Campus “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, São Paulo, 2005
Dis
tân
cia
méd
ia e
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up
os
1.50
1.25
1.00
0.75
0.50
0.25
0.001 2 3 4
categoria
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Os resultados observados são similares aos obtidos por meio das demais análises, o
que indica maior necessidade de intervenção no grupo de alunos de graduação.
No que diz respeito ao estado nutricional dos participantes da pesquisa, 62,4%
dos indivíduos foram considerados eutrófi cos, 23,4% dos participantes classifi cados com
sobrepeso e 10,2%, como obesos. Trata-se de proporções expressivas de sobrepeso
e obesidade, pois revelam que 33,9% dos indivíduos apresentaram o distúrbio que é
considerado um risco importante para o comprometimento da saúde. Em relação ao gênero,
observou-se que tanto o sobrepeso quanto à obesidade predominaram entre os homens,
enquanto a situação oposta (baixo peso) somente foi identifi cada entre as mulheres.
Cabe registrar que Monteiro, Conde e Popkins (2004) destacam que as mudanças do
estado nutricional da população brasileira ocorreram de forma expressiva nos últimos anos.
Em 1975, havia dois casos de baixo peso para um de obesidade em mulheres. Em 1997, a
situação foi invertida e foram diagnosticados mais de dois casos de obesidade feminina para
um caso de baixo peso. Tais dados destacam a importância da formulação e implementação de
políticas públicas com enfoque nas práticas promotoras de estilo de vida mais saudáveis.
No tocante à obesidade, resultados similares aos obtidos por meio da presente
pesquisa, foram identifi cados por Salvo (2005) tendo por base amostra de universitários.
O autor identifi cou 9,3% dos participantes com excesso de peso, 86% como eutrófi cos e
no que se refere à atividade física, 62,4% eram inativos.
Inversamente aos resultados observados, na totalidade das regiões do país parcelas
expressivas da população adulta foram identifi cadas com sobrepeso e obesidade. Em termos
relativos, a situação mais preocupante foi observada na região Sul, onde 34% dos homens
e 43% das mulheres apresentaram, no fi nal da década de 80, algum grau de excesso de
peso (PINHEIRO, 2005).
Em relação ao consumo de alimentos nota-se que ao comparar as citações dos
alimentos presentes no QFA, tendo por base os gêneros dos participantes, observa-se
que, com exceção da cerveja, a maior freqüência de citações é atribuída pelo grupo do
gênero feminino, o que leva a suposição que as mulheres tendem a escolher de forma mais
apropriada os alimentos que integram a sua dieta habitual.
Por outro lado, o alimento menos referido pelo grupo de mulheres é o farelo de trigo
(n=33) e entre os homens, o menor número de citações refere-se ao “leite de soja” (n=18).
Na presente pesquisa observa-se que dietas, com menor variabilidade, especialmente
no que diz respeito às frutas e bebidas são adotadas pelos alunos de graduação.
A importância de uma dieta variada é reconhecida há décadas. Acredita-se que a
ingestão, adequada, principalmente de frutas e hortaliças, pode assegurar a quantidade de
micronutrientes necessários para obter o benefício adicional à saúde.
Em estudo transversal realizado por Montilla, Marucci e Aldrighi (2003) com objetivo
de avaliar o estado nutricional e consumo alimentar de mulheres no climatério (n=154), com
idade entre 35 e 50 anos, revelou, entre os principais resultados, valores elevados de IMC,
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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cerca de 75% de indivíduos com ingestão inadequada de macronutrientes, vitamina A, C e
cálcio (mineral mais defi ciente na dieta). Nota-se que, tendo em vista a amostra da referida
pesquisa, trata-se de grupamento que mais demanda quantidade expressiva de cálcio e sua
carência ou reduzido consumo condiciona maior probabilidade de riscos para a saúde.
Resultados igualmente negativos foram encontrados por meio do estudo observacional
de coorte realizado por Lanzillotti et al. (2003) envolvendo 76 mulheres, com idade entre
46 e 85 anos. A pesquisa visou o diagnóstico de casos de osteoporose e osteopenia,
correlacionando-os com dados de questionário de freqüência alimentar. Os resultados
revelaram 56,6% e 46,4% das participantes com osteopenia e osteoporose, respectivamente.
Essas mulheres tiveram consumo de cálcio classifi cado como inferior ao recomendado. Menos
de 10% das integrantes da pesquisa ingeriram produtos lácteos de forma adequada.
Na presente pesquisa, nota-se que o grupo de participantes mais jovens (18 anos)
é formado por duas mulheres e um rapaz. No intervalo entre 19 e 30 anos (n = 160),
predominou a participação de mulheres (n = 101) em comparação aos homens (n = 59).
Maior equilíbrio entre os gêneros foi observado no estágio de vida que envolve as
idades entre 31 e 50 anos (62 mulheres e 55 homens).
Entre os mais velhos (idade entre 51 e 70 anos), a proporção de mulheres (n = 8)
atingiu praticamente a metade do contingente masculino (n = 15).
De acordo com Enes (2005) mudanças no padrão alimentar da população têm exercido
infl uência que condiciona o declínio do consumo de fi bras, principalmente decorrente da
expressiva ingestão de carboidratos refi nados e lipídios, em detrimento do menor consumo
de leguminosas, frutas e verduras (reconhecidas fontes de fi bras).
No tocante ao nível de atividade física, observa-se que 60,1% dos indivíduos eram
ativos, 15,2% demonstraram ser insufi cientemente ativos, 13,9% apresentaram nível de
atividade física elevado (classifi cando-se como muito ativos) e 10,8% dos participantes
podem ser considerados sedentários.
Observa-se que a concentração dos indivíduos sedentários predomina na categoria
de funcionários não docentes (48,5%) seguida por funcionários docentes (24,2%).
No estudo realizado por Neumann, Shirassu e Fisberg (2006) tendo como amostra
funcionários públicos do Estado de São Paulo, os autores identifi caram 90% de sedentarismo.
Os indivíduos com menor escolaridade (fundamental) foram classifi cados como mais inativos
do que os sujeitos que concluíram o ensino médio.
Em relação ao gênero, as mulheres mostraram-se mais ativas que os homens. Os
resultados revelaram que 65,8% das mulheres são ativas e 9,2% sedentárias. No caso dos
homens a maioria (52,3%) foi classifi cada como ativa e 13% como sedentários.
Esses resultados não são condizentes com os resultados da Pesquisa sobre Padrões
de Vida dos Brasileiros, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (1999),
por meio da qual foi observado que 26% dos homens realizavam atividade física semanal,
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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enquanto apenas 12,7% das mulheres adotavam o referido comportamento. Cabe destacar
que os resultados da presente pesquisa foram obtidos junto à amostra distinta, obviamente
não representativa da população brasileira.
No estudo de Matsudo et al. (2002) foi observado que a proporção de indivíduos
classifi cados como insufi cientemente ativos atingiu 35,9% dos homens e 39,3% das mulheres.
Conseguiram alcançar a recomendação de prática de atividade física para a saúde, 42,5%
dos homens e 48,6% das mulheres integrantes da amostra.
Marucci et al. (1998) desenvolveram pesquisa tendo por base amostra (n=306)
composta por 30 docentes, 103 funcionários, 61 alunos de graduação e 112 alunos de
pós-graduação. Os autores identifi caram que os principais impedimentos declarados
para a prática de atividade física foram a falta de tempo (60%) e de autodisciplina (50%) e
acrescentam também o desânimo, mencionado pelas mulheres dos grupos de funcionários
(42%), de pós-graduandos (62%) e de graduandos (67%). Além disso, a necessidade de
repousar durante o tempo vago foi referida pelos funcionários (47%) e pelos pós-graduandos
(55%), de ambos os gêneros.
A infl uência da atividade física na qualidade de vida dos indivíduos foi identifi cada
por Mello e Antunes (2005). De acordo com os autores os trabalhadores classifi cados
como fi sicamente ativos tinham ocorrência 50% menor de infartos de miocárdio quando
comparados aos sedentários.
Por meio da comparação dos resultados obtidos para os indivíduos classifi cados
de acordo com os gêneros e o nível de atividade física foram identifi cadas diferenças
estatisticamente signifi cativas. Os resultados dos testes envolvendo as comparações podem
ser visualizados na tabela 2.
Tabela 2 – Nível de atividade física de acordo com o gênero e qualidade de vida dos integrantes da comunidade do Campus “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, São Paulo, 2005
Participantes de acordo com Gênero e Nível de Atividade Física
Qualidade de Vida (valores médios)
Feminino
Insufi cientemente ativo 70,47 A
Ativo 64,71 B
Muito ativo 63,50 B
Sedentário 60,53 B
Masculino
Muito ativo 72,81 A
Insufi cientemente ativo 68,68 B
Ativo 65,96 B
Sedentário 64,74 B
Nota: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem em nível de 95% de confi ança.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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No tocante ao gênero feminino, nota-se a existência de diferenças estatísticas
significativas entre os resultados obtidos para as mulheres classificadas como
insufi cientemente ativas e as demais. Tal resultado sugere que essas participantes apresentam
qualidade de vida superior (70,47), quando se compara à situação daquelas classifi cadas
com distintos níveis de atividade física.
No que diz respeito aos resultados obtidos para os integrantes do grupamento
masculino destaca-se que foram observadas diferenças estatísticas, quando considerados os
resultados identifi cados para os indivíduos classifi cados como muito ativos, que obtiveram
as maiores médias para a variável qualidade de vida (72,81) em relação à situação dos
demais participantes.
Observa-se que os indivíduos sedentários foram, em ambos os gêneros, aqueles que
obtiveram os menores valores (médios) para a variável qualidade de vida, revelando uma
tendência inferior quanto à qualidade de vida, ainda que os resultados das análises não
tenham sido estatisticamente signifi cativos.
É importante destacar que o sedentarismo é um fator de risco para incidência de
alguns tipos de câncer, tais como mama e coloretal. Os efeitos benéfi cos da atividade
física para prevenir doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose são sufi cientemente
reconhecidos e indicam uma melhora na qualidade de vida e repercutem sobre os fatores
psicossociais (BROWN, 2003).
Pesquisa realizada por Vicentin, Padovani e Gonçalves (2006) utilizando a metodologia
do WHOQOL, envolvendo mulheres adultas que participavam de programa de atividade
física orientada, revelou que após o início da prática de atividade física houve acréscimo
signifi cativo nos domínios físico, ambiente e psicológico. Os autores notaram a existência
de uma melhora na auto-estima, humor, vitalidade e bem estar geral, isto é, na qualidade
de vida obtida por meio da prática sistemática de exercícios físicos. Ainda de acordo com
os autores, a atividade física é um agente modifi cador não somente do estilo de vida, à
medida que são inseridos hábitos de vida mais saudáveis, mas também por englobar uma
série de outros aspectos que incluem a democratização e a participação social.
Nesse sentido, a prevenção deve ser relacionada diretamente à eliminação dos
comportamentos de risco como o uso do tabaco, dietas inapropriadas, a inatividade física
e o consumo de excessivo álcool (PELLETIER et al., 2005).
CONCLUSÕES
Por meio da implementação da presente pesquisa, tendo por base amostra de
jovens e adultos pertencentes a uma comunidade universitária, com predominância de
indivíduos com ensino superior e que de certa forma, podem ser considerados relativamente
privilegiados, foram observadas proporções expressivas de sobrepeso e obesidade, inclusive
entre os integrantes das categorias com maiores médias de anos de estudo, o que reforça
as evidências relativas aos problemas de saúde que atingem, sem discriminação, parcelas
substanciais da população.
MACIEL, É. S.; SILVA, M. V. Qualidade de vida e consumo de alimentar: comportamentos de acordo com o gênero de indivíduos de comunidade universitária. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 33, n. 2, p. 47-62, ago. 2008.
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Foi observada maior participação feminina no grupo de voluntários (57,1%),
especialmente quando se considerou a composição das categorias que, com exceção do
grupo de funcionários docentes, revelou predominância do grupo feminino. Tal fato pode
ser decorrente de duas condições: a primeira e mais coerente é relacionada aos resultados
de pesquisas que têm demonstrado um aumento expressivo da presença de mulheres nas
universidades, seja na condição de alunas ou como profi ssionais. A segunda explicação
consiste no fato da participação ter sido voluntária e, por características culturais entre outras,
as mulheres parecem revelar maior preocupação com as questões relacionadas à saúde.
No que diz respeito ao tabagismo, concluiu-se que são as mulheres, principalmente
as funcionárias não docentes, que integram o maior grupamento de fumantes.
Cabe destacar que a estrutura do Campus “Luiz de Queiroz” reúne excelentes
condições para a prática de diferentes tipos de exercícios físicos e, dentre esses merece
destaque a caminhada que tem despertado, de forma geral, maior interesse da população.
Tal prática deve ser estimulada, devido aos seus conhecidos benefícios fi siológicos, além
de não envolver custos expressivos e não requerer preparo físico específi co.
A adoção de tecnologia avançada (com sistemas de informações, como foi o caso da
utilização de Internet) para obtenção dos dados revelou-se efi caz, econômica e ambientalmente
correta, viabilizando a obtenção de expressivo número de informações que permitiu a descrição
da qualidade de vida, nível de atividade física e consumo alimentar dos participantes.
As conclusões constituem subsídios para elaboração de estratégias que visem melhorias na
qualidade de vida da comunidade do Campus “Luiz de Queiroz” da USP, além de servir de base para
o início do monitoramento sobre a qualidade de vida da comunidade universitária, por meio, por
exemplo, da elaboração de séries temporais de levantamentos do gênero de forma rotineira.
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