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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CURSO DE AGRONOMIA Eder Alves Felizardo CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO AMARELO DISTRÓFICO FRANCO ARENOSO, NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA, PA Altamira Pará Brasil Março / 2010

Qualidade do tomate em função de doses de nitrogênio e da ...fea.altamira.ufpa.br/arquivos/tccs/025tcc2010ederfelizardo.pdf · nos frutos colhidos, além de se obter a relação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

Eder Alves Felizardo

CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO

AMARELO DISTRÓFICO FRANCO ARENOSO, NO MUNICÍPIO DE

ALTAMIRA, PA

Altamira – Pará – Brasil

Março / 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA

FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CURSO DE AGRONOMIA

Eder Alves Felizardo

CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO

AMARELO DISTRÓFICO FRANCO ARENOSO, NO MUNICÍPIO DE

ALTAMIRA, PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Faculdade de Engenharia Agronômica da

Universidade Federal do Pará, Campus

Universitário de Altamira, como requisito

obrigatório para a conclusão do curso de

Agronomia.

Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto Orientador

Altamira – Pará

Março / 2010

ii

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

(Livro dos Conselhos)

iii

Dedico este trabalho aos meus Pais (Onofra e Eduardo) pelo

apoio e paciência que tiveram durante toda a minha vida e por estarem

dividindo este sonho comigo.

Aos meus irmãos que sempre confiaram em mim e, que foram

importantes para realização deste trabalho.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade de realizar este presente trabalho que muito contribuiu com o

aperfeiçoamento dos meus conhecimentos teóricos na prática.

A Universidade Federal do Pará pelo esforço em trazer o curso de Engenharia

Agronômica para o município de Altamira

Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto, pela orientação, dedicação

ao presente trabalho.

A todos da turma de Agronomia 2005 pelo companheirismo e amizade, durante os

quase cinco anos de convivência.

Em especial aos colegas que participaram das atividades de coleta de dados, sendo eles

estudantes das turmas de Agronomia 2005, 2006 e 2008

Aos Professores da Faculdade de Engenharia Agronômica da UFPA/Campus

Universitário de Altamira.

A todos aqueles que acreditaram em mim.

v

SUMÁRIO

Pág.

1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 01

2 – REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 03

2.1 - Histórico e importância econômica.............................................................................. 03

2.2 - Características de solo e nutrição do cacaueiro............................................................ 04

2.2.1 - Acidez do solo e calagem........................................................................................ 07

2.2.2 - Efeito dos nutrientes na incidência de doenças...................................................... 09

2.3 - Características climáticas e desenvolvimento do cacaueiro....................................... 11

2.4 - Principais doenças do cacaueiro ................................................................................ 13

2.4.1 - Vassoura–de–bruxa................................................................................................. 13

2.4.2 - Podridão parda........................................................................................................ 15

3 – MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 17

3.1 - Caracterização e localização da área experimental...................................................... 17

3.2 - Amostragem e acompanhamento da fertilidade do solo.............................................. 18

3.3 - Delineamento experimental e distribuição dos tratamentos........................................ 20

3.4 - Calagem e adubação.................................................................................................... 20

3.5 - Colheita........................................................................................................................ 22

3.6 - Avaliações estatísticas.................................................................................................. 22

3.7 - Tratos culturais e controle fitossanitário...................................................................... 23

4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 24

4.1 - Fatores de conversão de peso de amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas de

cacau.............................................................................................................................

24

4.2 - Análise da produção de amêndoas secas de cacau...................................................... 26

4.3 - Análise da produção de frutos e incidência de vassoura-de-bruxa e podridão parda.. 31

5 – CONCLUSÕES............................................................................................................... 36

6 – LITERATURA CITADA............................................................................................... 37

ANEXOS................................................................................................................................. 41

vi

LISTA DE QUADROS

Pág.

Quadro 01 – Resultados das análises do solo das parcelas sob os diferentes tratamentos

aplicados, profundidade de 0,0 a 20,0 cm (amostras coletadas em

novembro/2008)...................................................................................................................

19

Quadro 02 – Dados de Precipitação em Altamira, PA, nos anos de 2007, 2008 e 2009..... 30

LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 01 – Especificação das quantidades totais de corretivos e de adubos (g.planta-1

)

utilizados nos quatro tratamentos, no ano de 2009..............................................................

21

Tabela 02 – Especificação das quantidades de adubos utilizados nos parcelamentos das

adubações, relativos ao ano de 2009....................................................................................

21

Tabela 03 – Fatores de conversão do peso de amêndoas úmidas em peso de amêndoas

secas de cacau, em dois períodos avaliados no ano de 2008 (Nogueira, 2009)...................

25

Tabela 04 – Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha-1

) em função dos

tratamentos aplicados no ano de 2009.................................................................................

27

Tabela 05 – Relação entre número e percentual (%) de frutos colhidos (TFC), de frutos

sadios (TFS), de frutos com vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda

(TFPP) e de frutos perdidos por outras causas (OC), por hectare, no ano de

2009......................................................................................................................................

32

vii

LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 01– Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha-1

) em função dos

tratamentos aplicados no ano de

2009......................................................................................................................................

28

Figura 02 – Curvas sazonais da produção de amêndoas secas de cacau em função dos

tratamentos aplicados no ano de 2009.................................................................................

29

Figura 03 – Curvas de Precipitações nos anos de 2007, 2008 e 2009, em Altamira, PA.... 31

Figura 04 – Percentagem de frutos sadios (%FS), com podridão parda (%FPP), com

vassoura-de-bruxa (%FVB) e perdas por outras causas (%OC) em relação ao total de

frutos colhidos por tratamento no ano de 2009....................................................................

33

Figura 05 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com vassoura-de-bruxa

(média por hectare) no ano de 2009...........................................................................................

35

Figura 06 – Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com podridão parda (média

por hectare) no ano de 2009.......................................................................................................

35

viii

CALAGEM E ADUBAÇÃO DE CACAUEIROS EM LATOSSOLO

AMARELO DISTRÓFICO FRANCO ARENOSO, NO MUNICÍPIO DE

ALTAMIRA, PA

RESUMO

As pesquisas com a lavoura cacaueira no principal pólo do Estado do Pará, no entorno da

Rodovia Transamazônica, foram desenvolvidas em solos de média a alta fertilidade,

principalmente nos Nitossolos. Neste trabalho foi avaliada a produtividade, a incidência de

vassoura-de-bruxa e de podridão parda em cacaueiros aos oitos anos de idade, implantados

em Latossolo Amarelo Distrófico, no Norte do município de Altamira, PA. O experimento foi

conduzido no delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e dez repetições.

Os tratamentos aplicados foram: Tratamento-1: adubação apenas com NPK – (testemunha);

Tratamento-2: NPK + micronutrientes; Tratamento-3: NPK + calagem; Tratamento-4: NPK +

calagem + micronutrientes. As médias de produtividade dos tratamentos foram

expressivamente superiores à média do município de Medicilândia, principal pólo cacaueiro

do Estado do Pará, com lavouras implantadas em Nitossolos; A aplicação dos tratamentos não

proporcionou efeitos significativos na redução da incidência de vassoura-de-bruxa; Houve

efeito significativo dos tratamentos na incidência de podridão parda; A incidência de

vassoura-de-bruxa somada à de podridão parda atingiu níveis superiores a 35% do número

total de frutos colhidos; o período crítico quanto à incidência de vassoura-de-bruxa e de

podridão parda nos frutos foi entre os meses de maio e junho, com pico no mês de maio.

Palavras-chave: Theobroma cacao, Fertilidade do solo, Nutrição de plantas, Fitossanidade,

Produtividade.

1

1 - INTRODUÇÃO

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma planta de clima tropical, pertencente à

família das Sterculiaceae, gênero Theobroma que apresenta como característica a elevada

exigência nutricional, encontrando-se em geral, implantado em solos de média a alta

fertilidade natural e sem limitações nas suas propriedades físicas (ALVIM, 1977).

O cultivo do cacaueiro foi introduzido no Território da Transamazônica, no Oeste do

Estado do Pará, entre os municípios de Altamira a Uruará, nos anos de 1976 a 1978. Até então

os Estados da Bahia e do Espírito Santo se constituíam como principais pólos produtores de

cacau no Brasil (SILVA-NETO et al., 2001). O cacaueiro passou a assumir o papel de

principal cultivo perene ao longo dos municípios do Território da Transamazônica no Pará,

substituindo lavouras decadentes de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), de café conilon

(Coffea canephora) e de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), esta última que já foi à

principal cultura no município de Medicilândia, PA.

A substituição de outras culturas por cacaueiros foi estimulada com a elevação do

preço do cacau no ano de 2002, que passou do preço de pauta de R$ 1,20 por quilo de

amêndoas secas em 1997 para R$ 4,50 naquele ano, chegando a atingir picos de R$ 12,00.

Além disso, ao longo de mais de 30 anos de colonização na Transamazônica, a cacauicultura

vem garantindo a estabilidade, o sustento e a renda para muitas famílias de agricultores,

tornando-se cultura de referência dessa região, passando a ser cultivada em grande escala

também em solos de baixa fertilidade natural e retenção de umidade.

Desde a implantação das primeiras lavouras cacaueira no Pólo da Rodovia

Transamazônica, no Estado do Pará, era orientação da Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira (CEPLAC), órgão público responsável pelo desenvolvimento dessa

cultura, que se plantassem apenas em solos de média a alta fertilidade, principalmente nos

Nitossolos (Terra Roxa). Dessa forma, poucos trabalhos foram desenvolvidos em solos de

baixa fertilidade e baixa retenção de umidade, como os Latossolos Amarelo Distrófico,

abundantes na Amazônia brasileira.

Algumas questões importantes são levantadas em relação à implantação de cacaueiros

em solos ácidos e de baixa fertilidade. Por exemplo:

a) A acidez do solo é fator limitante à disponibilidade de nutrientes, principalmente em

função da redução da capacidade de troca de cátions (CTC) e da fixação de fósforo. Com isso,

2

elevando a saturação de bases via calagem, será aumentada a eficiência das adubações, além

da disponibilização de Ca2+

e Mg2+

?

b) Nesses solos a adubação básica e equilibrada somente com os macronutrientes

primários (N, P e K) será suficiente para repor a exportação de nutrientes e para incrementar a

produtividade do cacaueiro?

c) A adubação de cacaueiros, por ser uma planta altamente exigente em nutrientes,

deverá ser equilibrada com macro e micro nutrientes para se ter resposta satisfatória em

termos de incremento de produtividade?

d) Adubação equilibrada com macronutrientes primários (N, P e K) e micronutrientes

essenciais (Fe, Zn, Cu, B, Mo, Cl, Co e Mn) reduz os índices de doenças como a vassoura-de-

bruxa e a podridão parda nos cacaueiros?

Esta pesquisa visou obter respostas a algumas dessas indagações e gerar subsídios aos

órgãos de assistência técnica e aos agricultores que trabalham com a lavoura cacaueira em

solos de baixa fertilidade e retenção de umidade, como nos Latossolos Distróficos e nas áreas

degradadas de pastagens com mais de 20 anos de exploração.

O objetivo geral desse estudo é o de avaliar a produtividade em uma lavoura cacaueira

implantada em Latossolo Amarelo Distrófico, Textura Franco-Arenosa, no município de

Altamira, PA, submetendo os cacaueiros ao efeito de calagem e adubação com macro e

micronutrientes. Será avaliada também a incidência de vassoura-de-bruxa e de podridão parda

nos frutos colhidos, além de se obter a relação entre o peso de cacau mole e o peso de cacau

seco em diferentes épocas do ano.

O projeto de pesquisa prevê avaliações do quarto até o décimo ano de idade (2005 a

2011). Porém, neste trabalho são apresentados os resultados relativos ao oitavo ano da lavoura

no campo (2009).

3

2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1 - Histórico e importância econômica

O cacaueiro é originário do continente Americano, onde pode ser encontrado

vegetando no estrato inferior da floresta tropical. Acredita-se que o centro de origem da

espécie esteja situado nas cabeceiras do rio Amazonas, de onde se dispersou em duas direções

distintas, através dos Andes para a Venezuela, Colômbia, Equador, América Central, México

e descendo o Amazonas para o Norte do Brasil e Guianas, resultando nas cultivares

conhecidas e denominadas crioulos e forasteiros, respectivamente (MORAIS et al., 1981).

O cacaueiro foi inicialmente descrito na literatura botânica sob a denominação de

Cacao fructus por Charles de L`Ecluse, posteriormente designado por Linneu como

Theobroma cacao, denominação que permanece até hoje (ALVIM, 1977).

O Brasil chegou a uma produção recorde de 457 mil toneladas no ano de 1984, depois

a produção despencou, se agravando com a disseminação da vassoura-de-bruxa (Crinipellis

perniciosa), nas lavouras do Estado da Bahia, chegando a uma produção de 100 mil

toneladas/ano. O Brasil passa de segundo País exportador de cacau para importador

(AFONSO, 2005).

No Estado do Pará a cacauicultura obteve êxito, sobretudo ao longo da Rodovia

Transamazônica, no trecho Altamira – Uruará, abrindo uma nova perspectiva para a

cacauicultura nacional em razão da disponibilidade de áreas com características próprias de

solo e clima, propiciando a convivência com o Crinipellis perniciosa em zonas de escape ou

de menor favorecimento à virulência do fungo (SILVA & FALESI, 2006).

A partir da introdução do cultivo de cacaueiros na Transamazônica entre os anos de

1976 a 1985 com a implantação do Programa Nacional de Expansão da Cacauicultura

(PROCACAU), intermediado pela CEPLAC, que tinha por objetivo, entre outros, conceder

crédito e assistência técnica aos agricultores e, assim, incentivar o plantio do cacaueiro,

viabilizando o retorno do cacau às suas origens (SILVA-NETO et al., 2001).

A cacauicultura na Amazônia pode ser considerada como o programa de cultivo

perene mais bem sucedido dos trópicos úmidos incentivado pelo Governo Federal que,

passados 30 anos, ultrapassa os 80 mil hectares plantados racionalmente, proporcionando

cerca de 32.000 empregos diretos e perto de 130.000 indiretos (SOUZA, 1989). No Estado do

Pará concentram-se 60% de toda essa economia onde, somente no ano 2000, dentre as 13

4

mais importantes atividades agrícolas arrecadadoras, o cacau foi aquela que mais arrecadou

em termos de ICMS, com a soma de R$ 3,6 milhões do total de R$ 6,8 milhões (SOUZA;

ALMEIDA & REIS, 2001)

2.2 - Características de solo e nutrição do cacaueiro

De acordo com Fearnside & Leal-Filho (2002) a qualidade do solo é um parâmetro

fundamental na definição do potencial de produção e sustentabilidade de qualquer área

agrícola.

Novas técnicas de manejo e disponibilidade de material genético tolerante ao

Crinipellis perniciosa sugerem que a cacauicultura na Amazônia tem grandes possibilidades

de expandir e, dentro deste contexto, dois fatores são importantes na seleção de áreas para o

cultivo do cacaueiro: o clima e o solo. O primeiro está mais relacionado com a

disponibilidade de água, visto ser o cacaueiro uma planta sensível aos períodos críticos de

estiagem, enquanto que o solo se relaciona com a sua fertilidade natural e condições físico-

hídricas, definidas principalmente pela disponibilidade de nutrientes e capacidade de retenção

de água, além de sua estrutura favorável à drenagem interna (AFONSO, 1979; SILVA &

FALESI, 2006).

A textura do solo constitui parâmetro físico de importância para o cultivo do

cacaueiro. De acordo com Morais et al. (1981), solos considerados aptos para o cultivo de

cacau apresentam textura franco–argilosa e franco–arenosa. Solos muito argilosos geralmente

impedem o desenvolvimento normal do sistema radicular devido a problemas de aeração.

Embora os solos arenosos possibilitem a penetração das raízes a grandes profundidades,

possuem usualmente uma baixa retenção de água sendo recomendados para o plantio somente

em áreas com boa distribuição de chuvas ou com uso de irrigação.

A textura do solo é fator influente na disponibilidade de micronutrientes para as

plantas, uma vez que tais elementos podem se associar à fase sólida do solo, como por

exemplo, aos minerais de argila. A energia com a qual os micronutrientes ficam associados à

fase sólida é variável de elemento para elemento; isso implica em haver uma mobilidade

diferencial entre os micronutrientes no sistema solo (NEVES, 1996).

Falesi (1972) relata que, na Rodovia Transamazônica, Oeste do Estado do Pará, os

solos aptos para a lavoura cacaueira abrangem notadamente as Terras Roxas (Nitossolos) e os

Podzólicos Vermelhos Amarelos Eutróficos (Argissolos). Estes solos são conhecidos não só

5

pela sua riqueza nutricional, mas pela sua capacidade de retenção de água e propriedades

físicas favoráveis ao desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular da cultura,

compensando os meses de estiagem (SILVA & FALESI, 2006).

No Estado do Pará, não raro, essa cultura tem sido também cultivada em Latossolos,

que são os solos mais comuns na Bacia Amazônica, cobrindo 220 milhões de hectares ou

45,5% de sua área total. Esse solo ficou exposto ao clima tropical ao longo de grande parte

dos 60 milhões de anos, com isso, a maioria dos nutrientes foi perdida por lixiviação

(SOMBROEK, 1984 apud FEARNSIDE & LEAL-FILHO, 2002).

Os Latossolos Amarelo Distróficos caracterizam-se pela baixa capacidade de retenção

de água, baixos teores de argila e matéria orgânica, com baixa fertilidade natural e elevada

acidez, limitando o desenvolvimento das plantas, o que torna indispensável o uso de

fertilizantes (FALESI, 1972).

Conforme Fearnside & Leal-Filho (2002), poucas informações existem sobre a

resposta de espécies arbóreas amazônicas em relação às diferentes características do solo.

Uma exceção importante é o caso do cacaueiro, uma espécie amazônica de grande

importância econômica e muito pesquisada, em comparação com outras espécies.

É notável que, embora a maioria das espécies amazônicas aparentemente sejam

altamente tolerante aos solos muito ácidos, o pH do solo (reação do solo) é o melhor previsor

de rendimentos do cacau (HARDY, 1961; FEARNSIDE, 1986 apud FEARNSIDE & LEAL-

FILHO, 2002). Estes autores observam ainda que, sob condições ácidas, que prevalecem na

maioria dos solos amazônicos, o pH do solo é um fator importante que afeta o rendimento de

muitas culturas, dentre elas o cacaueiro cujo desenvolvimento ocorre com pH na faixa de 6,0

– 6,5, em que há maior disponibilidade de nutrientes (SILVA-NETO et al., 2001).

O pH baixo tem importância na agricultura por elevar as concentrações de íons que

são tóxicos ou inúteis para as plantas (Fe²+, Al³

+ e H

+) e que ocupam um número significativo

dos poucos sítios de ligação que existem nos componentes do solo. A Capacidade de Troca

Catiônica (CTC) dos solos ricos em óxidos de alumínio depende do pH (FEARNSIDE &

LEAL-FILHO, 2002).

A CTC do solo é uma estimativa do número dos sítios de carga negativa presentes na

superfície das moléculas de argila e que podem ser ocupados por elementos necessários à

nutrição das plantas (Ca²+, Mg²

+, K

+ e Na

+), ou por íons que competem com estes em solos

ácidos, como H+, Al³

+ e Fe²

+, apesar de que, somente os dois primeiros são incluídos na CTC

(FEARNSIDE & LEAL-FILHO, 2002).

6

Justus Liebig (1840) apud Fearnside (2003) observou que plantas requerem certas

substâncias químicas do solo e que elas não podem crescer sem que uma quantidade mínima

de cada nutriente esteja presente. O nutriente que está carente limita o crescimento da planta,

um princípio que até hoje guia a aplicação de fertilizantes na agricultura.

Para expressarem plenamente seu potencial genético as plantas necessitam serem

cultivadas sob condições ótimas de fatores relacionados com o crescimento e

desenvolvimento vegetal. Para a cultura do cacau, a recomendação de adubação com

micronutrientes ainda não atingiu o nível adequado, sendo na maioria das vezes,

negligenciados na recomendação de adubação, talvez em função dos poucos resultados de

pesquisa (NAKAYAMA & ALBUQUERQUE, 1998)

Em trabalhos de nutrição de plantas, vários pontos devem ser melhorados, a começar

com a amostragem do solo, pois a análise de solo é o principal meio que se dispõe para a

recomendação correta de calagem e adubação. Estas práticas são as que mais contribuem para

o aumento da produtividade da lavoura, além de ajudar a proteger o ambiente, pelo

crescimento mais rápido das plantas e pelos restos que deixam. Além disso, para uma

adequada amostragem na lavoura, deve-se considerar a sua uniformidade, principalmente

quanto ao relevo, à cor e à textura do solo (ALVAREZ & RIBEIRO, 1999).

A adubação é uma prática indispensável para o acréscimo ou manutenção da

produtividade em níveis adequados. Uma vez que ela exerce influência no custo de produção,

torna-se cada vez mais necessário o uso correto e racional da adubação a fim de obter

produções mais econômicas (NAKAYAMA, 2001).

A melhoria do nível das técnicas utilizadas através do emprego de fertilização de solos

na cultura do cacau, responsável por grande parte dos incrementos de produtividade

alcançados, tem possibilitado o estabelecimento de plantações em solos de propriedades

químicas menos favorecidas. Além disso, mesmo nos solos considerados férteis, a adubação

básica com N, P e K bem orientada tem apresentado boas respostas, contribuindo com até

40% no aumento da produtividade (NAKAYAMA, 2001).

Em termos práticos, segundo Nakayama (2001), o cacaueiro exige a aplicação dos

macronutrientes: Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio, Magnésio, Enxofre, e dos

micronutrientes: Boro, Cobre, Ferro, Manganês, Molibdênio e Zinco, sendo a ordem de

extração dos principais nutrientes para plantas em plena produção a seguinte: Potássio >

Nitrogênio > Cálcio > Magnésio > Fósforo > Manganês > Zinco.

Segundo Osaki (1991) apud Matos (2004), cultivos contínuos fazem com que os solos

percam gradativamente sua fertilidade, não tendo condições de fornecer quantidades

7

adequadas de nutrientes para as plantas. Baseado nesse aspecto, o rendimento de qualquer

cultura obtido pela aplicação de fertilizantes depende de fatores como o solo, o clima e o

sistema de cultivo.

A falta de qualquer nutriente no solo pode limitar o crescimento das plantas, mesmo

quando todos os outros nutrientes essenciais estejam presentes em quantidades adequadas.

Tem-se constatado a necessidade da reposição de micronutrientes, principalmente em solos

onde houve aplicação de calcário, e conseqüentemente aumento do pH, o que diminui a

disponibilidade de micronutrientes (LOPES, 1998 apud MATOS, 2004).

Os macronutrientes são exigidos em maiores proporções, enquanto micronutrientes em

menores proporções, mas isto não significa que eles têm um papel secundário no crescimento

das plantas (LOPES, 1998 apud MATOS 2004). Pelo contrário, as duas formas de nutrientes

são igualmente importantes. Em outras palavras, as quantidades de macronutrientes e de

micronutrientes podem interferir na produção. Ressalta-se ainda que a redução do suprimento

de qualquer elemento não só diminui a sua concentração nas folhas como afeta a absorção e

concentração de outros elementos (MORAIS et al., 1981).

2.2.1 - Acidez do solo e calagem

A acidez do solo é um problema associado à presença de hidrogênio e alumínio em

forma trocável e a infertilidade dos solos ácidos está relacionada com a toxidade do alumínio

e, ou manganês e à deficiência de cálcio e magnésio (MORAIS et al., 1981).

A calagem bem feita aumenta a atividade microbiana que acelera a decomposição da

matéria orgânica, facilita a ação dos fertilizantes, o que melhora as propriedades físicas e

químicas do solo (LOPES, 1998 apud MATOS, 2004).

Conforme Chepote et al. (2005), a necessidade de corretivos para o cacaueiro em

Latossolos Distróficos (ácidos e de baixa fertilidade), visa à elevação dos teores trocáveis de

Ca2+

+ Mg2+

para 3,0 cmolc/dm3, quando os teores de Al

3+ trocável estão em torno de 1,5

cmolc/dm3. Além de corrigir a acidez, eliminar a toxidez de alumínio e manganês visa

também o suprimento de cálcio e magnésio ao solo.

Morais et al. (1977), submeteram plântulas de cacau cultivado em solos ácidos a cinco

doses de calcário e três de fósforo. A calagem foi efetuada na dosagem de 0, 15, 25, 80 e

100% da quantidade de corretivo necessário para elevar o pH para 6,4. O fósforo foi

adicionado na concentração de 0,20 e 100 ppm. Quando a saturação por alumínio era menor

8

que 50%, a aplicação de fósforo ocasionou melhor rendimento de massa seca do que a

calagem. A incorporação de calcário em dosagens elevadas (>25%) retardou o crescimento da

planta, provocando uma deficiência generalizada de micronutrientes, especialmente Zn.

Em seus estudos de fertilidade dos solos Morais et al. (1981), inicialmente citam

Miranda & Dias (1971) que, cultivando plântulas de cacau em solos enriquecido com

alumínio, observaram efeito inibitório do elemento no desenvolvimento do sistema radicular e

na produção de matéria orgânica. Posteriormente citam Ezeta & Santana (1979) que,

trabalhando com plântulas de cacau em solução nutritiva, demonstraram que a toxidade do

alumínio se deve, principalmente, a não absorção do fósforo e de cálcio. Mesmo em baixas

concentrações, o alumínio diminui a absorção e acumulação de fósforo e cálcio em plântulas

de cacau. O efeito tóxico do elemento na elongação do sistema radicular, somente se

manifestou a partir de 15 ppm, sugerindo que o cacaueiro é uma planta tolerante ao alumínio.

Em ensaios estabelecidos no campo, em plantações de cacau com 25–30 anos de

idade, Morais et al. (1981), não observaram resultados significativos dois anos após a

incorporação do calcário ao solo. Eles citam que a calagem deve ser efetuada com a finalidade

principal de corrigir a deficiência de cálcio e magnésio do solo e deve ser efetuada também

quando a saturação por Alumínio for maior que 50%, para neutralizar o alumínio solúvel.

Apesar destes resultados é interessante considerar que a calagem bem efetuada traz

inúmeros benefícios, dentre os quais podem ser citados: a) fornece Ca² e Mg² como

nutrientes; b) neutraliza o Al³ e Mn² tóxicos às plantas; c) aumenta a disponibilidade de P e do

Mo; d) favorece a mineralização da matéria orgânica; e) aumenta a fixação simbiótica do N; f)

estimula o desenvolvimento do sistema radicular e absorção de água e nutrientes; e g)

melhora as propriedades físicas do solo, devido ao fato do Ca² e Mg² serem elementos

floculantes (NAKAYAMA, 2001).

Apesar de todos estes benefícios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir a

disponibilidade de K e de micronutrientes. Assim, deve-se considerar que o cacaueiro não

foge a regra das outras culturas, necessitando-se de cálcio e magnésio como nutrientes para o

crescimento, desenvolvimento, início e plena produção, principalmente quando esta cultura

está localizada em região com Latossolo Amarelo Distrófico e de textura média, necessitando

elevar os teores de cálcio e magnésio trocáveis no mínimo para 3,0 meq.100g-1

, ou seja, para

30 mmolc.kg-1

(NAKAYAMA, 2001).

Práticas como a correção da acidez do solo, se por um lado geralmente favorecem a

disponibilidades de macronutrientes, podem ocasionar decréscimo na disponibilidade da

maioria dos micronutrientes, com exceção do Mo, cuja disponibilidade cresce com o pH.

9

Assim a supercalagem é extremamente prejudicial para a disponibilidade de micronutrientes

(NEVES, 1996).

Segundo Primavesi (2002) a deficiência de um micronutriente não somente torna a

planta mais pobre neste elemento, mas igualmente altera a concentração de outros minerais na

planta. Sendo, portanto que a absorção e concentração de cada nutriente exercem efeitos

colaterais sobre a absorção e concentração de outros, nunca podendo ser tomado

isoladamente.

De acordo com Nakayama (2001), o cultivo em solos de baixa fertilidade, a calagem e

o aumento da produtividade são fatores que tem favorecido o aumento das deficiências de

micronutrientes. Em plantações de cacaueiros produtivos, de maneira geral, tem sido

constatada com maior freqüência deficiência de zinco. Plantações cultivadas em áreas de alta

fertilidade como as Terras Roxas Estruturadas e em período de estiagem, observam-se plantas

com deficiência de manganês. Em situações de áreas queimadas ocorrem plantas com

deficiência de zinco, boro e cobre.

Para fazer a correção da acidez, a quantidade de calcário varia em função do tipo de

solo e é baseada nos resultados de análise em laboratório. Para calcular a quantidade de

calcário a ser aplicada, pode-se utilizar o método da saturação por bases ou da neutralização

do Al³+ e da elevação dos teores de Ca²

+ + Mg²

+ (DADALTO & FULLIN, 2001; ALVAREZ

& RIBEIRO, 1999).

2.2.2 - Efeito dos nutrientes na incidência de doenças

Os efeitos do N, P, K e Ca sobre as doenças das plantas têm sido mais amplamente

relatados em estudos científicos. A deficiência e/ou excesso de um nutriente influencia

grandemente a atividade fisiológica e exerce efeito marcante, com conseqüências que

repercutem no metabolismo das plantas (NAKAYAMA et al., 1998).

Ainda que a resistência seja geneticamente controlada, ela pode ser influenciada por

fatores ambientais. Dentre esses, o estado nutricional é um fator que pode ser manipulado

com relativa facilidade e, utilizado como um complemento no controle de doenças, havendo a

necessidade de ter conhecimentos detalhados de como os nutrientes interferem no aumento

e/ou diminuição da resistência no processo da patogênese (NAKAYAMA et al., 1998).

Os efeitos benéficos da nutrição adequadamente balanceada, inclusive em termos de

resistência de plantas a pragas e doenças, como relata Nakayama (1998), vem sendo

10

amplamente referidos na literatura. Esse autor vem demonstrando a eficiência de adubação

equilibrada com macro e micro nutrientes e seus efeitos na incidência da vassoura-de-bruxa.

O papel da nutrição mineral equilibrada na redução do dano às plantas se apresenta

como uma perspectiva promissora no controle integrado da enfermidade. Os nutrientes

minerais exercem importantes funções no metabolismo vegetal, influenciando o crescimento e

a produção das plantas, além de aumentar e/ou reduzir a resistência da mesma a determinados

patógenos (NAKAYAMA et al., 1998).

Pesquisa realizada por Morais (1995a e 1995b) com macro e micronutrientes

demonstrou que o fósforo (P) foi o principal nutriente que limitou a produção de cacau na

Amazônia brasileira e, em solos intemperizados, do tipo Latossolo, o potássio (K) e as

interações Nitrogênio x Potássio (N x K) e Fósforo x Potássio (P x K) também foram

importantes para o aumento da produtividade do cacaueiro. De acordo com esse autor, a

redução no índice de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa devido ao fósforo e o aumento

dessa enfermidade pela aplicação de nitrogênio e potássio, demonstram a necessidade de

experimentos planejados para elucidar o efeito da interação entre a enfermidade e os

nutrientes do solo.

Nakayama et al. (1998), afirmam que a tolerância à vassoura-de-bruxa está ligada ao

conteúdo adequado de N e Ca fornecidos por meio da nutrição mineral, à genética do material

vegetal e o alto conteúdo de Mn oriundo da própria planta.

O papel do Mn na síntese da lignina e fenol pode ser extremamente importante para o

mecanismo de defesa da planta na resistência à doença. A interação e o equilíbrio dos

diferentes nutrientes como o Cu, B, Fe e Mn podem dificultar a infecção do patógeno, pois

estão envolvidos na biossíntese da lignina (NAKAYAMA et al., 1998). De acordo com esse

autor, deve haver um bom nível nutricional de Mn, N, Ca, Fe e B para as plantas a fim de que

elas sejam menos suscetíveis a infecção da doença.

Segundo Huber (1989) apud Nakayama et al. (1998), o manganês interage com o

metabolismo de Nitrogênio e ambos estão intimamente envolvidos na síntese de carboidratos,

fotossíntese, síntese de fenol e outros compostos associados com a defesa de plantas contra

patógenos.

Em progênies susceptíveis à vassoura-de-bruxa foi observado maior número de plantas

com sintomas, principalmente vassoura terminal, quando submetidas aos tratamentos de

omissão de macronutrientes (NAKAYAMA et al., 1998). De acordo com esse autor,

diferenças na expressão de sintomas de doenças aparecem em função da falta de nutrientes

minerais e do material genético. Plantas com nutrição equilibrada com macro e

11

micronutrientes apresentam menos sintomas ou não são infectadas. Acredita-se que dentre

esses nutrientes, o Mn é aquele que mais interfere na tolerância a vassoura-de-bruxa.

2.3 - Características climáticas e desenvolvimento do cacaueiro

O cacaueiro, por ser um cultivo típico de regiões equatoriais, se desenvolve bem entre

os paralelos de 15º de latitude norte e sul do Equador, em altitudes geralmente inferiores a

300 m. De acordo com Hardy apud Morais et al. (1981), os limites favoráveis de temperatura

para o cultivo podem ser fixados entre 15 a 30 °C, com média anual de 25,5 ºC e mínima

absoluta em torno de 10 ºC. A variação ideal de temperatura deve ser pequena durante todo o

ano com uma amplitude diária em torno de 10 ºC.

De acordo com Morais et al. (1981), a precipitação pluviométrica anual em regiões

produtoras de cacau usualmente excede a perda de água por evapotranspiração. Em geral, o

total anual de chuvas está situado entre 1.400 e 2.500 mm. Precipitações superiores a 2.500 –

3.000 mm provocam decréscimo na produção devido ao encharcamento do solo durante parte

do ano e/ou elevada incidência de enfermidades, especialmente a podridão parda causada pelo

fungo Phytophthora spp. Em locais de precipitação inferior a 1.000 – 1.200 mm, o cacaueiro

somente pode ser cultivado com o auxilio de irrigação. A umidade do ar requerida pelo

cultivo do cacaueiro é relativamente elevada, situando-se o ótimo em torno de 80 – 85% de

média anual.

Silva-Neto et al. (2001), descrevem que o cacaueiro exige precipitações

pluviométricas superiores a 1.250 mm anuais, bem distribuídos ao longo do ano, com

mínimas mensais de 100 mm e ausência de estação seca bem definida e intensa que apresente

meses com menos de 60 mm de chuva. Regiões com precipitações abaixo destes valores não

são indicadas à exploração econômica da cacauicultura.

De acordo com Silva-Neto et al. (2001), a quantidade considerada ótima de chuva está

entre 1.800 a 2.500 mm ao ano. Os períodos secos com mais de três meses são prejudiciais.

De acordo com esses autores, o cacaueiro adapta-se bem em regiões com temperaturas médias

superiores a 21°C. Tolera por curto espaço de tempo temperaturas mínimas próximas a 7 °C,

não sendo este um fator limitante no entorno da Rodovia Transamazônica, Trecho Pacajá –

Rurópolis.

No pólo cacaueiro paraense, ao longo da Rodovia Transamazônica, há um período

chuvoso característico que vai de dezembro até maio. O total de chuvas (fevereiro a maio)

12

gira em torno de 1.150 mm, significando uma melhor distribuição de água no solo, podendo

ser considerada como uma vantagem ecológica, pois o excesso hídrico é tão prejudicial

quanto o déficit (SILVA & FALESI, 2006). De acordo com esses autores, essa região também

possui um período seco, sobretudo entre os meses de julho a outubro, cuja precipitação é

sempre inferior a 60 mm por mês. Essa configuração climática conjugada com as

características dos solos propicia ambiente desfavorável à cacauicultura em Latossolo

Distrófico, por um lado pela baixa retenção de água, por outro, pela elevada demanda na

evapotranspiração que ocorre durante estes meses.

Entre os fatores biofísicos, a água é o principal fator que determina a produção das

culturas e, conseqüentemente, a eficiência nutricional. A deficiência hídrica causa redução de

vários processos fisiológicos e bioquímicos na planta: como crescimento das células, fixação

biológica de N2. Além disso, é um elemento essencial para a manutenção da quantidade

satisfatória de fotossíntese, esta por sua vez desempenha importante papel na produção de

uma cultura, pois o rendimento de grãos é potencialmente influenciado pela duração da taxa

de acumulação de carboidratos (CRAFTS-BRANDNER & PONELEIT, 1992 apud SANTOS

& CARLESSO, 1998).

Segundo Kelling (1995) apud Santos & Carlesso (1998), o efeito do déficit hídrico

sobre a produção das culturas está vinculado ao período de ocorrência durante o

desenvolvimento das plantas. O cacaueiro se comporta como planta de floração contínua em

regiões que não apresentam diferenças sazonais de temperatura e de precipitação. A colheita

inicia-se a partir do 3º ano, e os frutos podem ser colhidos praticamente durante o ano todo.

Porém deficiências hídricas podem ocasionar mudanças fisiológicas como a partição dos

carboidratos no interior da planta, condicionando as plantas a desenvolver mecanismos de

adaptação e resistência, como por exemplo, o desenvolvimento do sistema radicular nas

camadas mais profundas do perfil de maneira que possibilite, às plantas, explorar melhor a

umidade e a fertilidade do solo (SANTOS & CARLESSO, 1998).

Segundo Santos & Carlesso (1998) a floração pode ser inibida durante épocas de

deficiência hídrica no solo, ocasionando colheitas temporãs com menor número de frutos e

tamanho reduzido dos mesmos. A floração torna-se intensa após o reinício das chuvas,

ocorrendo colheitas de frutos bem desenvolvidos no pique de safras, no qual estes frutos

tiveram todas as condições hídricas para seu pleno desenvolvimento.

Dentre os fatores da produção, a água é fator que limita os rendimentos das plantas

cultivadas com maior intensidade, motivo pelo qual o controle eficiente da umidade do solo é

prática fundamental para a obtenção de uma cacauicultura bem sucedida. Desta forma a

13

irrigação é um dos tratos culturais que mais tem possibilidade de favorecer o aumento da

produtividade, bem como a melhoria da qualidade dos frutos. Por alterações climáticas, a

cacauicultura tem muitas vezes sua safra prejudicada.

2.4 - Principais doenças do cacaueiro

2.4.1 - Vassoura–de–bruxa

De acordo com Bastos & Albuquerque (2006) a vassoura-de-bruxa, causada pelo

fungo Crinipellis perniciosa, é considerada a doença mais destrutiva do cacaueiro, trazendo

grandes perdas para a economia dos países produtores de cacau, onde já foi constatada sua

ocorrência. Esses autores citam trabalhos de Ramos (1960) que relatam casos em que o ataque

foi tão severo que chegou a dizimar totalmente as plantações, como sucedeu em Sucre e

Território Delta Amacuro na Venezuela. No ano em que a doença foi observada pela primeira

vez na Venezuela, foram colhidas 5.126 toneladas de cacau, e quatro anos depois se colheu

apenas 119 toneladas, o que corresponde a 97% de perda.

Conforme relatam Bastos & Albuquerque (2005), citando Laker & Ram (1992), na

Região Amazônica brasileira já foram registradas perdas superiores a 70% da produção.

Segundo Pereira et al. (1989), a região do Sul da Bahia, após o aparecimento em 1989 da

doença, esta atingiu proporções epidêmicas, ocasionando em pouco tempo um desastre

socioeconômico, evidenciado pelo fechamento e abandono de várias fazendas de cacau.

A vassoura-de-bruxa é uma das mais importantes e destrutivas doenças do cacaueiro,

chegando a causar perdas de até 90% na produção (EVANS, 1981; EVANS & BASTOS,

1981; BASTOS, 1988 apud OLIVEIRA & LUZ, 2005). Em tal situação as perdas podem ser

agravadas pelos efeitos indiretos da enfermidade, causando a danificação das almofadas

florais e a redução da área foliar. As estimativas de perdas anuais, considerando

conjuntamente a produção do Brasil (Amazônia), Colômbia, Equador, Trinidad–Tobago e

Venezuela, são da ordem de 30% (RUDGARD & LASS, 1985 apud ANDEBRHAM et al.,

1998).

A vassoura-de-bruxa afeta principalmente os tecidos meristemáticos em

desenvolvimento, tais como: gemas vegetativas, almofadas florais e frutos jovens, provocando

sintomas característicos que se manifestam em forma de hipertrofias e outras anomalias, como

14

resultados de um desequilíbrio hormonal na interação patógeno-hospedeiro (BASTOS &

ALBUQUERQUE, 2006).

O Crinipellis perniciosa possui duas fases fisiológica e morfologicamente distintas: a

fase parasítica, encontrada apenas nos tecidos vivos do hospedeiro, caracterizada por micélio

formado por hifas relativamente grossas (5 a 20 mm), intracelulares, monocarióticas e sem

grampos de conexão, e a fase saprofítica encontrada nos tecidos necróticos ou mortos do

hospedeiro, caracterizada por micélio formado por hifas mais finas (1,5 a 3,0 mm),

intracelulares, dicarióticas, com grampos de conexão e de fácil cultivo em meio de cultura

(EVANS & BASTOS, 1979; EVANS, 1980; CALLE, et al., 1982 apud BASTOS &

ALBUQUERQUE, 2006).

De acordo com Andebrhan (1985a) na Amazônia brasileira o período de frutificação

do cacaueiro coincide com o de esporulação do Crinipellis perniciosa, ou seja, o período de

suscetibilidade dos frutos é coincidente com a maior presença de inóculo no ambiente. Os

frutos são mais suscetíveis até os três meses de idade e a maior concentração de frutos nesses

estádios ocorre normalmente no período de fevereiro a abril. Os maiores picos de infecção nos

brotos vegetativos (vassouras), nas almofadas florais e nos frutos ocorrem nos meses de junho

a agosto, e os picos de produção de basidiomas nos meses de fevereiro a maio

(ANDEBRHAN, 1985b).

O programa de produção de sementes de cacaueiro da CEPLAC na Amazônia teve

como prioridade a distribuição de sementes híbridas originadas de cruzamentos entre clones

de alta produtividade com resistência ao C. perniciosa. Esta estratégia tem permitido a

convivência do agricultor com a doença desde que adotada à poda fitossanitária como forma

complementar de controle (BASTOS & ALBUQUERQUE, 2005).

De acordo com Bastos & Albuquerque (2005) o controle da vassoura-de-bruxa pode

ser dividido basicamente em quatro categorias: poda fitossanitária, controle químico,

biológico e genético.

Atualmente a poda fitossanitária é a melhor forma de controle da doença. A eficiência

desse controle depende da severidade da incidência, da altura das plantas e da situação

epidêmica de cada local. Em plantações isoladas onde a prática é realizada de forma correta e

nas épocas recomendadas, consegue-se manter as perdas de produção entre 3 e 5% e, em áreas

mais concentradas, com grande número de plantas infectadas, as perdas ficam entre 30 e 40%

(ANDEBRHAM, 1983; ALMEIDA & ANDEBRHAM, 1987; ANDEBRHAM, et al., 1998).

Segundo Lima, et al. (1991), consegue-se conviver com a enfermidade em 62,5% das

áreas apenas com a retirada de vassouras verdes e freqüência mensal da prática. No entanto,

15

com a retirada de vassouras secas e freqüência anual, apenas 15,6% das áreas conseguem

conviver com a doença.

2.4.2 - Podridão parda

A podridão parda é de ocorrência generalizada em todos os continentes produtores de

cacau, causando perdas da produção mundial em torno de 10% (ALMEIDA, 2001). De

acordo com o PROCACAU (1976 – 1985), no Brasil a podridão parda causa perdas de

aproximadamente 25% da produção anual, em condições normais, e 40% em anos adversos. É

causada por fungos do gênero Phytophthora, da classe dos Omicetos, com várias espécies.

No Brasil, a principal região produtora de cacau, o Sudeste da Bahia, o Phytophthora

capsici é o principal causador dessa enfermidade. Por outro lado, na Amazônia brasileira o

Phytophthora palmivora é o principal agente causador, cujas perdas da produção variam de

região para região. No Pará foram constatadas perdas em torno de 30 a 40% da produção,

contrariamente ao verificado nas plantações do Estado de Rondônia, onde as perdas não são

significativas (ALMEIDA, 2001).

O fungo pode ser encontrado em qualquer parte do cacaual. No solo, nos casqueiros e

em qualquer parte da árvore infectada, sendo o inóculo disseminado pela chuva, insetos,

ventos e pelo homem (GRAMACHO et al., 1992).

A infecção do fruto é, sem duvida, a de maior importância, caracterizando-se pela

mancha escura que aparece três a quatro dias após a penetração do fungo, aumentando

rapidamente, podendo tomar toda a superfície do fruto em pouco tempo, transferindo um

cheiro característico de peixe. Quando o fruto enfermo é deixado na planta, o fungo se

desenvolve através do pedúnculo atingindo a almofada floral, podendo posteriormente

produzir um “cancro” no local da almofada (GRAMACHO et al., 1992).

No campo são recomendadas práticas culturais e aplicação de fungicidas cúpricos. As

práticas culturais incluem a remoção de todos os frutos infectados existentes nas árvores,

fazendo amontoa dos mesmos. Esta prática deve ser realizada nos meses de setembro e

outubro, na época da poda fitossanitária para o controle da vassoura-de-bruxa, e no período de

máxima frutificação (janeiro a maio). As colheitas dos frutos infectados devem ser feitas para

evitar a contaminação dos demais frutos. E se caso haja excesso de umidade e excesso de

sombra na plantação, deve-se fazer drenagem e raleamento das árvores de sombra, criando

condições desfavoráveis para o desenvolvimento da doença (ALMEIDA, 2001).

16

Temperatura, umidade relativa do ar e as precipitações são os fatores climáticos que

mais influenciam a incidências e a severidade da podridão-parda do cacaueiro (ROCHA &

MACHADO, 1972; BUTLER, 1981 apud BASTOS & ALBUQUERQUE 2006). O excesso

de chuvas, temperaturas acima de 35 ºC, excessiva ou baixa umidade relativa e a saturação do

meio por gás carbônico inibem a esporulação do fungo (BRASIER, 1969 apud BASTOS &

ALBUQUERQUE, 2006).

17

3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Caracterização e localização da área experimental

Este trabalho é parte integrante de um projeto de pesquisa que estuda a viabilidade

técnica e econômica da implantação de lavoura cacaueira em Latossolo Amarelo Distrófico,

no qual está previsto acompanhamento da lavoura a partir do terceiro ano de sua implantação

(janeiro/2005) até atingir a estabilidade de produção, ao completar 10 anos de idade

(dezembro/2011).

O Projeto vem sendo conduzido com a participação de estudantes do Curso de

Agronomia do Campus Universitário de Altamira – UFPA, e os dados estão sendo utilizados

em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).

O trabalho está sendo desenvolvido em uma chácara de 9,0 hectares pertencente a um

pequeno agricultor, localizada na comunidade denominada Traíras, distante 12 km da sede do

Município de Altamira-PA. A área escolhida para implantação da lavoura cacaueira apresenta

como característica o relevo plano, sendo a vegetação anterior constituída de pastagem

degradada com mais de 30 anos de uso.

Estudo realizado por Silva (2009), com dados da cidade de Altamira-PA, relativos ao

período de 1990 a 2002, indicam que a precipitação média anual é de 2.123 mm,

caracterizado por um período chuvoso entre os meses de janeiro a maio, com 74% das chuvas,

sendo março o mês com maior precipitação pluvial, com média de 379,2 mm. Apenas 14%

das chuvas ocorrem de julho a novembro, sendo agosto o mês mais seco, com média de 22,5

mm. A temperatura média diária anual do período foi de 27,3 °C, com média das máximas e

das mínimas de 32,4 °C e 22,1 °C, respectivamente. A umidade relativa do ar média mensal

foi de 80,4%. No mês de julho acontece o período de maior insolação, com 7,4 horas de brilho

solar médio diário.

A lavoura foi implantada em um Latossolo Amarelo Distrófico, que segundo o Centro

Nacional de Pesquisa de Solos da EMBRAPA (1999), compreende solos minerais em

avançado estágio de intemperização, possuem baixa capacidade de troca de cátions, são em

geral fortemente ácidos, com baixa saturação por bases.

O Projeto foi instalado em uma lavoura de cacau (Theobroma cacao L.) com três anos

de idade, cultivada em uma área de 2,0 ha contendo aproximadamente 2.200 plantas com

espaçamento de 3,0 x 3,0 metros.

18

Neste estudo serão apresentados os dados relativos ao oitavo ano da lavoura (ano de

2009), que corresponde ao quinto ano de condução da pesquisa.

3.2 - Amostragem e acompanhamento da fertilidade do solo

A área experimental foi selecionada em novembro de 2004 com a demarcação das

parcelas experimentais e a primeira coleta de amostras de solos. As coletas de amostras de

solos foram realizadas em anos alternados (pares) nos meses de novembro e a aplicação de

calcário também em anos alternados (anos pares), nos meses de dezembro. A aplicação dos

fertilizantes foi realizada anualmente, dividida em três parcelas, de forma que, quando for

realizada a calagem, a primeira parcela da adubação ocorra com pelo menos 60 dias a partir

da aplicação do calcário.

Para a recomendação da correção do solo e das adubações do primeiro ano da pesquisa

(2005) foi realizada a primeira amostragem nas profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm.

Foi obtida uma amostra composta por profundidade para toda a área experimental, uma vez

que o manejo anteriormente realizado pelo agricultor havia sido o mesmo em toda a lavoura.

Do segundo ano em diante foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0 a

20 cm, separadamente nas parcelas de cada tratamento aplicado, perfazendo uma amostra

composta por tratamento. Esta estratificação se faz necessária para avaliar a influência dos

tratamentos nos resultados das análises dos anos subseqüentes. Os itens analisados foram os

mesmos em todos os anos da pesquisa.

Os resultados das análises das amostras do solo coletadas em novembro de 2008, que

foram à base para a recomendação da quantidade de calcário e de nutrientes dos tratamentos

no ano de 2009, estão contidos no Quadro 01.

19

Quadro 01 – Resultado das análises do solo das parcelas sob os diferentes tratamentos aplicados, profundidade de 0,0 a 20,0 cm (amostras

coletadas em novembro/2008).

Tratamentos pH P K Zn Fe Mn Cu Ca2+

Mg2+

Al3+

H + Al SB T V

Água (mg.dm-3

) (cmolc.dm-3

) (%)

TRAT-01

4,8 20 16 0,3 126 22 0,9 0,5 0,1 0,6 3,4 0,6 4,0 15,9

TRAT-02

5,4 25 16 1,2 123 25 0,6 0,8 0,1 0,2 4,2 0,9 5,1 18,3

TRAT-03

5,0 15 15 0,3 147 15 1,2 0,8 0,1 0,5 3,1 0,9 4,0 23,2

TRAT-04

5,2 15 16 0,7 152 23 0,9 1,0 0,2 0,4 3,3 1,2 4,5 27,3

SB = Soma de bases;

T = CTC a pH 7,0;

V = Índice de saturação de bases;

Observação: Classificação textural do solo = Franco Arenoso.

20

3.3 - Delineamento experimental e distribuição dos tratamentos

O experimento foi estabelecido no delineamento inteiramente casualizado, com dez

repetições de cada tratamento, perfazendo o total de 40 parcelas experimentais. Cada parcela

contém nove cacaueiros oriundos de sementes híbridas distribuídas pela CEPLAC e estão

separadas entre si por linhas de cacaueiros como bordaduras internas.

Por se tratar de solo de baixa fertilidade natural e o cacaueiro ser exigente em

nutrientes, partiu-se do princípio de que toda a área deveria receber no mínimo a adubação

básica com NPK prescrita em função dos resultados das análises do solo. Assim, todas as

parcelas experimentais receberam as mesmas quantidades de NPK.

As variáveis (fatores) estudadas neste trabalho foram: Aplicação e não aplicação de

calcário e aplicação e não aplicação de micronutrientes. Dessa forma foram avaliadas as

quatro combinações possíveis (Tratamentos):

Tratamento-1: (Testemunha) NPK x Sem Calagem (SC) x Sem Micronutrientes (SM);

Tratamento-2: NPK x Sem Calagem (SC) x Com Micronutrientes (CM);

Tratamento-3: NPK x Com Calagem (CC) x Sem Micronutrientes (SM);

Tratamento-4: NPK x Com Calagem (CC) x Com Micronutrientes (CM).

3.4 - Calagem e adubação

As quantidades de fertilizantes necessárias foram calculadas de acordo com os

resultados das análises do solo (Quadro 01), conforme Fullin & Dadalto (2001). Para o

cálculo da necessidade de calagem foi empregado o método da elevação da saturação por

bases para 70%, de acordo com Ribeiro et al., (1999) e Fullin & Dadalto (2001). Desse modo,

as quantidades de N, P2O5 e K2O foram, respectivamente, 140 kg.ha-¹, 120 kg.ha-¹ e 140

kg.ha-¹, em todos os tratamentos. Nos tratamentos que recebem micronutrientes, foram

utilizados 100 kg.ha-¹ de FTE-BR-12 e naqueles que recebem calagem foi utilizado calcário

dolomítico com PRNT de 60%, num total de 3.550 kg.ha-¹.

As adubações com os macronutrientes N e K foram realizadas no período chuvoso, em

três aplicações por ano, com intervalos de 50 dias entre uma e outra. O fósforo (P), por ser um

elemento de baixa mobilidade no solo, foi aplicado em duas parcelas, juntamente com as duas

primeiras doses de N e K. As adubações com micronutrientes também ocorreram em duas

parcelas, juntamente com as duas primeiras doses de NPK.

21

Como fontes de macronutrientes (NPK) foram utilizados os seguintes adubos:

Formulação comercial 11 – 30 – 17; Uréia, Superfosfato triplo e Cloreto de potássio. Como

fonte de micronutrientes foi utilizada o FTE-BR-12.

As quantidades de adubos comerciais utilizadas nos tratamentos, no ano de 2009, são

apresentadas na Tabela 01. Os parcelamentos das adubações foram realizados conforme

cronograma e quantidades estabelecidos na Tabela 02.

Tabela 01. Especificação das quantidades totais de corretivos e de adubos (g.planta-1) utilizados

nos quatro tratamentos no ano de 2009.

Quantidade de adubo (g.planta-¹)

Tratamentos Calcário NPK/¹ 11:30:17 SFT

/² KCl

/³ Uréia FTE BR-12

01 – SC-SM - 300 45 127 211 -

02 – SC-CM - 300 45 127 211 90

03 – CC-SM 3.200 300 45 127 211 -

04 – CC-CM 3.200 300 45 127 211 90

/¹= Nitrogênio Fósforo e Potássio;

/² = Superfosfato triplo;

/³ = Cloreto de potássio

Tabela 02. Especificação das quantidades de adubos utilizados nos parcelamentos das adubações,

relativos ao ano de 2009.

Produto comercial

utilizado

Quantidade de adubos aplicados (g/planta)

Parcela única

(22/01/2009)

1ª parcela

(28/02/2009)

2ª parcela

(19/04/2009)

3ª parcela

(08/06/2009)

NPK - 11:30:17 300

FTE BR-12 50 40

Superfosfato triplo 45

Cloreto de potássio 85 42

Uréia 120 91

Calcário dolomítico 3.200

3.5 - Colheita

A produção foi obtida pela colheita individual em cada parcela, realizada a cada 21

dias, entre os meses de janeiro a dezembro de 2009. Foi obtido, o número de frutos colhidos,

22

número de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa, de frutos atacados pela podridão parda e

número de frutos sadios, por tratamento. Além disso, eram conferidos os frutos retirados

secos, verdes, germinando ou que apresentassem injúrias provocadas por animais silvestres.

Para a conversão do peso de amêndoas úmidas em peso de amêndoas secas,

diferentemente de Pina (2001), o qual recomenda multiplicar o valor do peso das amêndoas

úmidas por um único fator de conversão (0,40), foram utilizados os valores encontrados por

Nogueira (2009) que realizou a avaliação do rendimento do peso de cacau seco para cada

tratamento, em quatro meses do ano de 2008, conforme as condições de precipitação e

produção. A primeira avaliação foi realizada em maio e a segunda em junho, sendo os dados

relativos ao período chuvoso e ao pico da produção de cacau; a terceira avaliação foi realizada

em outubro e a quarta em dezembro, sendo os dados relativos ao período de estiagem. Assim

foram obtidos dois valores médios, conforme o período, relativos aos fatores de conversão de

peso das amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas.

3.6 - Avaliações estatísticas

Foram realizadas as análises de variância ao nível de 5% de significância para verificar

a existência de diferenças entre os tratamentos em relação à produtividade média de amêndoas

secas. As médias anuais de produtividade foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de

significância.

Foram analisadas as relações entre o número total de frutos colhidos, número de frutos

sadios, número de frutos contaminados pela vassoura-de-bruxa e por podridão parda, bem

como a distribuição mensal da colheita de frutos. Para estudar a influência dos tratamentos

sobre os números de frutos colhidos, foram realizadas as análises de variância e aplicado o

teste de Tukey a 5% de significância. Da mesma forma foi estudada a relação entre incidência

de vassoura-de-bruxa e de podridão parda.

Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Software “Statistical Analisys

System – SAS”, versão 6.12 (1998).

23

3.7 - Tratos culturais e controle fitossanitário

Todos os tratos culturais e controles fitossanitários dentro da área experimental foram

executados pelo agricultor conforme manejo rotineiramente realizado no restante da lavoura.

Embora as práticas de controle fitossanitário não forem feitas por completo, elas tiveram

como base o Sistema de Produção de Cacau para a Amazônia Brasileira (SILVA-NETO et al.,

2001).

As interferências desta pesquisa no manejo adotado pelo agricultor foram na

introdução da correção do solo com calagem, na aplicação de micronutrientes, na adequação

das adubações com NPK, tendo como base as análises do solo, além do controle da colheita e

pós-colheita do cacau.

24

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - Fatores de conversão de peso de amêndoas úmidas para peso de amêndoas secas de

cacau

Nas pesquisas com a produção de cacau é de suma importância à obtenção da relação

entre o peso das amêndoas secas em relação ao peso das amêndoas úmidas, para se obter o

fator de conversão do peso úmido em peso seco.

Estudos realizados por Costa (2008) e Nogueira (2009), nesta mesma área

experimental, não detectaram diferenças significativas dos fatores de conversão entre

tratamentos dentro de cada período avaliado (chuvoso e de estiagem), porém constataram

diferença altamente significativa (P ≤ 0,01) entre os períodos das chuvas e de estiagem,

indicando que as condições climáticas locais, destacadamente a precipitação, interferiram nos

resultados dos fatores de conversão.

No período de elevada precipitação na Mesorregião de Altamira, PA, compreendido

entre os meses de janeiro a junho, Nogueira (2009) observou o menor valor médio do fator de

conversão, caracterizando aí o efeito da alta umidade do solo na queda do fator de conversão

causado pelo aumento da quantidade de mel e polpa. Por outro lado, em pleno período de

estiagem, de julho a dezembro, o autor observou o maior valor médio desse fator, o que

demonstra o efeito da redução da quantidade de mel e de mucilagem nesse período, em

função da diminuição das chuvas e, conseqüentemente, da umidade do solo.

Os resultados obtidos indicam que a conversão de peso úmido em peso seco deve ser

feita observando-se a sazonalidade das chuvas, podendo os valores serem obtidos e avaliados

por trimestre, como sugere Costa (2007), ou apenas por semestre, como apresentado neste

trabalho. Já Pina (2001), indica como único fator de conversão, para o ano todo, o valor de

0,40 que é diferente das avaliações obtidas considerando a sazonalidade climática. Desse

modo, devido à produção no período de estiagem do ano de 2009 ter sido muito baixa, não foi

possível fazer a fermentação e secagem separadamente dos tratamentos. Assim, utilizou-se

para conversão da produção do ano de 2009 os dados coletados em 2008 por Nogueira (2009),

cujos valores estão apresentados na Tabela 03.

25

Tabela 03. Fatores de conversão do peso de amêndoas úmidas em peso de amêndoas secas de cacau, em dois períodos avaliados no ano de 2008

(Nogueira, 2009).

Tratamentos

Períodos Estudados

Janeiro a Junho Julho a Dezembro

Am-1 Am-2 Am-3 Am-4 Média* Am-5 Am-6 Am-7 Am-8 Média*

Trat – 01 0,334 0,329 0,360 0,359 0,345a 0,396 0,395 0,394 0,400 0,396a

Trat – 02 0,352 0,399 0,370 0,370 0,372a 0,400 0,388 0,418 0,398 0,401a

Trat – 03 0,315 0,332 0,358 0,370 0,343a 0,390 0,392 0,404 0,399 0,396a

Trat – 04 0,350 0,338 0,365 0,361 0,353a 0,401 0,403 0,401 0,433 0,409a

Média* 0,354B 0,401A

*Médias seguidas pelas mesmas letras, minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem entre si pelo teste t, a 5% de significância;

Obs.: Os meses de Janeiro a Junho compreendem o período chuvoso e Julho a Dezembro o período de estiagem na Mesorregião de Altamira, PA

(Nogueira, 2009)

26

4.2 - Análise da produtividade de amêndoas secas de cacau

Os resultados de produtividade média de amêndoas secas de cacau de uma lavoura em

desenvolvimento, com oito anos de idade, em função dos tratamentos aplicados, durante o

período de janeiro a dezembro de 2009, estão contidos na Tabela 04. Utilizando-se esses

dados, realizou-se a análise de variância ao nível de 5% de significância. Os resultados não

indicaram a existência de diferença significativa entre as médias dos tratamentos. O

coeficiente de variação do experimento foi de 19,69 %.

A análise de variância indicou que, para o solo estudado, no oitavo ano de implantação

da lavoura (2009), nem a aplicação da calagem nem de micronutrientes surtiram efeitos

significativos à produtividade com relação à adubação com N, P e K. Os resultados indicaram

ainda não haver efeito significativo da interação da adubação com N, P e K com a calagem e

com micronutrientes, conforme ilustrado na Figura 01. Estes resultados seguiram a mesma

tendência daqueles encontrados por Costa (2008) e por Nogueira (2009) para o sexto e sétimo

ano de implantação da lavoura, respectivamente, conforme dados das Tabelas 01-A e 02-A,

em anexo.

Os dados das Tabelas 01-A e 02-A, indicaram estabilidade nos níveis de produtividade

entre os tratamentos nos anos de 2007 e 2008. No entanto, comparando essas produtividades

com as do ano de 2009, observa-se que houve incremento físico em todos os tratamentos,

indicando que a lavoura ainda não atingiu o seu potencial produtivo. Os resultados obtidos em

2009 indicaram incrementos nas produtividades em relação a 2008 (Nogueira, 2009) da

ordem de 12,7, 26,4, 35,8 e 31,6% nos tratamentos 01 (sem calagem e sem micronutrientes),

02 (sem calagem e com micronutrientes), 03 (com calagem e sem micronutrientes) e 04 (com

calagem e com micronutrientes), respectivamente. O tratamento 03 foi o que apresentou o

maior aumento na produção física, seguido pelo tratamento 04.

Embora não venha sendo detectada diferença significativa entre as médias de

produtividade dos tratamentos (Tabela 04 e Figura 01), mas obteve uma diferença de 460

kg.ha-1

da testemunha para o tratamento 03.

27

Tabela 04. Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha-¹) em função dos tratamentos aplicados no ano de 2009.

Tratamentos

Repetições

Rep-1 Rep-2 Rep-3 Rep-4 Rep-5 Rep-6 Rep-7 Rep-8 Rep-9 Rep-10 Média

Trat-01 2.526 2.242 2.304 2.413 2.457 2.518 1.731 1.919 2.230 1.560 2.190 A

Trat-02 2.321 3.022 2.974 2.278 1.885 2.356 2.280 2.956 3.032 1.778 2.488 A

Trat-03 2.538 2.858 3.496 2.405 1.759 3.769 2.359 2.292 1.994 3.032 2.650 A

Trat-04 2.624 2.259 2.281 2.167 1.920 2.226 3.351 2.226 2.684 2.124 2.386 A

Trat-01 = NPK;

Trat-02 = NPK+Micronutrientes;

Trat-03 =NPK+Calagem;

Trat-04 =NPK+Calagem+Micronutrientes

28

Figura 01. Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha

-1) em função dos tratamentos

aplicados no ano de 2009.

O resultado até então obtido com os tratamentos aplicados expressa a precocidade de

produção de cacaueiros aos oito anos de idade, o que sugere a viabilidade técnica desse

cultivo em Latossolos Amarelos de baixa fertilidade. Porém, ressalta-se a necessária

continuidade dos trabalhos até a completa maturação fisiológica das plantas (10 anos de

idade) e a necessidade do estudo de viabilidade econômica para a sua recomendação.

A Figura 02 ilustra a sazonalidade da produtividade de amêndoas de cacau em função

dos tratamentos aplicados no ano de 2009. Observa-se, de uma maneira geral, que os

tratamentos não modificaram a forma da curva de produção, ou seja, os períodos de pico das

colheitas foram iguais. Nesse ano a colheita foi concentrada nos meses de maio e junho, com

um pico de produção mais acentuado no mês de maio e outro de intensidade um pouco menor

no mês de junho, definindo a safra desse ano nesses dois meses. Por outro lado, destaca-se

que a colheita foi insignificante no período de julho a dezembro.

Comparando-se os resultados do ano de 2009 (Figura 02) com os dos anos de 2007 e

2008 (Figuras 01-A e 02-A), verificou-se que ocorreu variação nos períodos de maior colheita

em cada ano. Em 2007, Costa, (2008) registrou um pico principal no mês de junho e mais dois

intermediários em setembro e novembro. Já em 2008, Nogueira, (2009) observou que a safra

2386 A

2650 A2488 A

2190 A

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

2250

2500

2750

3000

TRAT-1 TART-2 TRAT-3 TRAT-4

Tratamentos

Pro

du

ção d

e ca

cau

(k

g/h

a)

.

29

foi melhor distribuída, se estendendo do mês de maio até o mês de agosto, com mais um pico

no mês de outubro. Com relação às características da cacauicultura no Território da

Transamazônica, Silva-Neto et al. (2001), afirmaram que a safra normalmente se estende de

maio a agosto, no ano de 2009 a colheita teve a pior distribuição, afetando diretamente a

distribuição de renda dos agricultores, uma vez que praticamente não houve colheita entre

julho e dezembro.

Figura 02. Curvas sazonais da produtividade de amêndoas secas de cacau em função dos

tratamentos aplicados no ano de 2009.

A variação na sazonalidade da produtividade pode ser explicada não pela idade das

plantas, mas sim pela distribuição das chuvas. Observa-se no Quadro 02 que, embora no ano

de 2007 o total de precipitação tenha sido menor, no ano de 2009 ocorreu à pior distribuição

entre os três anos estudados, com apenas 291 mm entre julho e dezembro, contra 519 mm e

629 mm no mesmo período dos anos de 2007 e 2008, respectivamente. A distribuição das

chuvas nos três anos avaliados pode ser melhor visualizada na Figura 03.

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

1400,0

Pro

du

tivid

ad

e

Meses

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4

30

Quadro 02. Dados de Precipitação em Altamira, PA, nos anos de 2007, 2008 e 2009.

Anos

Precipitações (mm)

Meses

Total Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2007 79,1 442,5 446,0 380,9 165,9 95,1 56,9 35,3 33,7 130,0 48,2 214,8 2.128,4

2008 218,7 331,9 529,7 448,3 257,7 97,0 54,4 50,2 41,4 128,5 89,5 265,2 2.512,5

2009 277,6 305,8 401,0 560,5 428,7 245,5 55,9 4,8 6,9 26,6 37,6 159,8 2.510,7

Fonte: INMET – Estação Climatológica Principal de Altamira.

31

Figura 03. Curvas de Precipitações nos anos de 2007, 2008 e 2009, em Altamira, PA. Fonte:

INMET (Estação Climatológica Principal de Altamira).

4.3 - Análises da produtividade de frutos, incidência de vassoura-de-bruxa e podridão

parda

A produção de cacau pode apresentar limitações diversas, entre as quais se destacam

as doenças fúngicas, que causam grandes perdas socioeconômicas para os Países produtores

de cacau. Dentre as causas que favorecem o surgimento de doenças estão os fatores

climáticos, que também beneficiam o crescimento e a frutificação do cacaueiro, conforme

observado por Bastos & Albuquerque (2006). Nesse trabalho, foram analisados e

apresentados na Tabela 05 os números totais de frutos colhidos, de frutos sadios, de frutos

atacados pela vassoura-de-bruxa, por podridão parda e perdidos por outras causas (frutos

lesionados por animais silvestres, germinados, verdes e secos) e a relação percentual com o

número total de frutos colhidos.

0

100

200

300

400

500

600

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

MESES

PR

EC

IPIT

ÃO

PL

UV

IOM

ÉT

RIC

A (

mm

)

2007 2008 2009

32

Tabela 05. Relação entre número e percentual (%) de frutos colhidos (TFC), de frutos sadios

(TFS), de frutos com vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda (TFPP) e de

frutos perdidos por outras causas (OC), por hectare, no ano de 2009. Tratamentos TFC (%FC) TFS (%FS) TFVB (%VB) TFPP (%PP) OC (%OC)

Trat-3 81.067 (100)A 50.542 (62,4)A 9.361 (11,5)A 20.671 (25,5)A 493 (0,6)A

Trat-4 71.558 (100)A 45.165 (63,1)A 9.090 (12,7)A 16.869 (23,6)AB 444 (0,6)A

Trat-1 66.501 (100)A 46.225 (69,5)A 6.216 (9,4)A 13.505 (20,3)AB 555 (0,8)A

Trat-2 66.538 (100)A 47.792 (71,8) A 7.461 (11,2)A 11.051 (16,6) B 234 (0,4)A

*Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a

5% de significância.

Os dados contidos na Tabela 05 indicam que não houve efeito significativo dos

tratamentos sobre o número total de frutos colhidos, de frutos sadios, de frutos com vassoura-

de-bruxa e de frutos perdidos por outras causas. Foi observada diferença significativa do

efeito dos tratamentos somente no número de frutos atacados pela podridão parda,

destacando-se o tratamento 03 (NPK com calagem e sem micronutrientes) com maior número

de frutos atacados, com 25,5% do total de frutos colhidos, e o tratamento 02 (NPK sem

calagem e com micronutrientes) com o menor número de frutos atacados, com apenas 16,6%

do total de frutos colhidos, ilustrados na Figura 04. Esses valores sugerem que a aplicação de

micronutrientes contidos no FTE BR-12, na dose utilizada, esteja influindo na indução de

resistência à podridão parda, não podendo se afirmar, nesse momento, se esse provável efeito

esteja associado a outros nutrientes.

Considerando-se os valores percentuais da Tabela 05 e ilustrados na Figura 04,

verifica-se que a vassoura-de-bruxa provocou menor dano que a podridão parda no ano de

2009. Enquanto a incidência de vassoura-de-bruxa atingiu 12,7% do total de frutos colhidos

(Tratamento 04), a podridão parda chegou a atingir 25,5% (tratamento 03), ou seja, o dobro

dos danos da vassoura-de-bruxa.

Comparando-se os valores da Tabela 05 com os das Tabelas 03-A (ano de 2007) e 04-

A (ano de 2008), verifica-se que em 2007, com a lavoura no seu sexto ano, a incidência tanto

de vassoura quanto de podridão parda pode ser considerada insignificante. No entanto, já no

ano seguinte essas duas doenças representaram incidência em torno de 20% do total de frutos

colhidos (tratamentos 03 e 04). Já no oitavo ano de implantação da lavoura (2009) esse

percentual atingiu 37% no tratamento 03, indicando que alternativas de controle devem ser

implementadas com urgência. Vale ressaltar que nos dois últimos anos, no tratamento 02 vêm

sendo observados os menores percentuais de incidência dessas duas enfermidades.

33

Por meio dos dados contidos na Tabela 05 verifica-se que no oitavo ano de idade, a

incidência de vassoura-de-bruxa nos frutos representou um percentual médio de 11,2%, sendo

que o tratamento 04 apresentou a maior incidência de ataque com 12,7% de frutos com

injúria. Os valores obtidos podem ser considerados insignificantes quando comparado com os

observados por Almeida & Andebrham (1987) que verificaram perdas superiores a 70% na

Região Amazônica brasileira. No entanto passa a ser preocupante quando se compara à

incidência observada em 2007 (Tabela 3-A, em anexo). Verifica-se também que não ficou

evidente o efeito da aplicação de calagem e de micronutrientes na incidência de vassoura, pois

os resultados foram estatisticamente iguais entre os tratamentos, conforme Tabela 05 e Figura

04.

Quanto à incidência de podridão parda nos frutos (Tabela 03-A e 04-A em anexo),

houve incremento acentuado em 2008 quando comparado a 2007, e em 2009, quando

comparado a 2008. A incidência média em 2008 foi de 12,2% e em 2009 foi de 21,5% de

frutos atacados, destacando o tratamento 03 com 25,5% de ocorrência. O valor médio de 2009

já atingiu patamares equivalentes à estimativa de perdas anuais segundo Medeiros et al.,

(1977) apud Oliveira & Luz (2005) que são de 20% a 30% da produção anual de cacau no

Brasil.

Figura 04. Percentagem de frutos sadios (%FS), com vassoura-de-bruxa (%FVB) com

podridão parda (%FPP) e perdas por outras causas (%OC) em relação ao total de frutos

colhidos por tratamento no ano de 2009.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%FS %FVB %FPP %OC

PE

RC

EN

TA

GE

M D

O T

OT

AL

DE

FR

UT

OS

(%

)

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4

34

As Figuras 05 e 06, ilustram a distribuição sazonal do número de frutos colhidos com

vassoura-de-bruxa e de frutos colhidos com podridão parda, respectivamente. Observa-se que

a elevação da incidência da vassoura-de-bruxa e da podridão parda está relacionada com o

aumento da precipitação ao longo do ano. Nos meses de maior precipitação também foi

observado maior incidência de frutos com essas doenças, como pode ser visualizado

comparando a Figura 03 com as Figuras 05 e 06.

Observa-se (Figura 05) que o mês de maio se destacou com a maior incidência de

vassoura-de-bruxa. O Tratamento 04 proporcionou o maior pico, apesar de não ser

estatisticamente significativo em relação aos demais tratamentos. Com relação às perdas

verificadas nos pólos cacaueiros do Brasil (PROCACAU, 1976 - 1985), esses valores ainda

são considerados baixos. Com relação ao aumento da incidência de vassoura-de-bruxa nos

meses maio a junho, os resultados condizem com o estudo de Andebrhan (1985c) que aponta

na Amazônia brasileira os maiores picos de infecção nos botões vegetativos, nas almofadas

florais e nos frutos ocorrendo nesses meses.

Observando a Figura 05, verifica-se que entre os meses de maio a julho ocorreu maior

incidência de frutos com sintomas da doença podridão parda, destacando-se o mês de maio.

De acordo com Andebran & Almeida (1986) essa doença vem causando perdas significativas

nos municípios do pólo cacaueiro do Oeste do Estado do Pará.

A incidência das doenças esta muito relacionada às condições de temperatura,

umidade do ar e principalmente da precipitação. No entanto, o manejo inadequado realizado

na lavoura cacaueira pode ter sido outro fator que contribuiu para o aumento tanto da

podridão parda como da vassoura-de-bruxa, pois a elevação da incidência das doenças

fúngicas também é resultante da inadequada remoção das fontes de inóculos. Foi observado

ao longo dos trabalhos no ano de 2009 a não retirada de tecidos infectados nas copas e troncos

dos cacaueiros e a falta de controle dos fungos nos casqueiros resultante das colheitas.

35

Figura 05. Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com vassoura-de-bruxa (média por

hectare) no ano de 2009.

Figura 06. Distribuição sazonal do número de frutos colhidos com podridão parda (média por

hectare) no ano de 2009.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Meses

de

fruto

s co

m v

asso

ura

de

bru

xa

T1 T2 T3 T4

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Meses

de

fruto

s co

m p

odri

dão

par

da

T1 T2 T3 T4

36

5 – CONCLUSÕES

O tratamento 01 obteve uma produtividade de 2.190 kg.ha-¹. Já o tratamento 03 obteve

a maior produtividade, chegando a 2.650 kg.ha-¹

A aplicação de calagem e de micronutrientes quando comparado apenas à aplicação de

NPK não proporcionaram aumentos significativos na produtividade da lavoura cacaueira aos

oito anos de idade, em Latassolo Amarelo Distrófico, textura Franco Arenosa.

A correção do solo com calagem e a aplicação de micronutrientes associados com a

adubação básica (NPK), não surtiram efeitos significativos na redução da incidência de

vassoura-de-bruxa.

A correção do solo com calagem e a aplicação de micronutrientes associados com a

adubação básica (NPK) surtiram efeitos significativos na redução da incidência de podridão

parda.

A incidência de vassoura-de-bruxa e de podridão parda atingiu 37% do total de frutos

colhidos no tratamento 03.

A produção no período de estiagem (julho a dezembro) em 2009 foi baixa, sendo

insuficiente para a obtenção do fator de conversão do peso de sementes úmidas em peso de

amêndoas secas.

37

6 – LITERATURA CITADA

AFONSO, F. M. A. O Cacau na Amazônia. Ilhéus: CEPLAC/CEPEC, Boletim técnico,

1979. 36 p. (Bol. Tec. 66).

AFONSO, F. M. A. A vassoura-de-bruxa não é carcará. In: MENDES, F. A. T. (org.),

Economia do cacau na Amazônia. Belém: UNAMA, 2005.

ALMEIDA, L. C. de.; ANDEBRHAN, T. (1987). Recuperação de plantações de cacau

altamente atacadas por vassoura-de-bruxa na Amazônia brasileira. In: Cocoa Research

Conference Intern. Santo Domingo. Rep. Domin. p. 337-339.

ALMEIDA, L. C. (2001). Principais doenças do cacaueiro e medidas de controle. In:

SILVA-NETO, P. J. da. (ed). Sistema de produção de cacau para a Amazônia Brasileira.

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ALVAREZ, V. H. V.; RIBEIRO, A. C. 1999. Calagem. In: Ribeiro, A. C.; Guimarães, P. T. G &

Alvarez, V. H. V. (eds). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas

Gerais – 5° aproximação. Viçosa. p. 43-60.

ALVIM, P. T. Cacao. In: ALVIM, P. T. & KOZLOWSKI, T. T. (eds), Ecophysiology of

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41

ANEXOS

42

Tabela 1-A. Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha-1

) em função dos tratamentos aplicados no ano de 2007.

Repetições

Tratamentos Rep-1 Rep-2 Rep-3 Rep-4 Rep-5 Rep-6 Rep-7 Rep-8 Rep-9 Rep-10 Média

Trat-01 2.430 1.459 2.333 1.790 1.871 1.281 2.578 2.038 1.996 1.767 1.954a

Trat-02 2.691 2.223 1.632 1.561 2.032 1.908 1.438 2.016 2.494 1.734 1.973a

Trat-03 1.563 3.446 1.750 1.874 2.228 1.205 2.099 1.284 1.952 2.314 1.972a

Trat-04 2.531 1.947 1.941 2.786 1.756 1.783 1.797 1.396 1.838 1.083 1.877a

Fonte: Costa (2008).

Tabela 2-A. Produtividade de amêndoas secas de cacau (kg.ha-1

) em função dos tratamentos aplicados no ano de 2008.

Repetições

Tratamentos Rep-1 Rep-2 Rep-3 Rep-4 Rep-5 Rep-6 Rep-7 Rep-8 Rep-9 Rep-10 Média

Trat-01 2.467 1.954 1.725 1.775 1.416 2.107 1.752 2.322 1.951 1.967 1.944a

Trat-02 2.651 2.280 1.414 1.694 2.032 1.853 1.675 2.146 2.268 1.672 1.968a

Trat-03 1.670 2.873 1.704 2.299 1.765 1.703 1.579 1.687 2.114 2.134 1.953a

Trat-04 2.139 1.991 1.666 1.927 1.880 1.493 1.569 1.665 2.424 1.377 1.813a

Fonte: Nogueira (2009).

43

Tabela 3-A. Relação entre número e percentual (%) de frutos colhidos (TFC), de frutos sadios

(TFS), de frutos com vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda (TFPP) e de

frutos perdidos por outras causas (OC), por hectare no ano de 2007.

Tratamentos TFC (%FC) TFS (%FS) TFVB (%VB) TFPP (%PP) OC (%OC)

Trat-1 43.206 (100) 41.360 (95,7) 1.100 (2,5) 477 (1,1) 269 (0,6)

Trat-2 43.890 (100) 41.910 (95,5) 1.051 (2,4) 428 (1,0) 501 (1,1)

Trat-3 46.738 (100) 43.597 (93,3) 1.894 (4,1) 807 (1,7) 440 (0,9)

Trat-4 43.609 (100) 41.140 (94,3) 1.430 (3,3) 709 (1,6) 330 (0,8)

Fonte: Costa (2008).

Tabela 4-A. Relação entre número e percentual (%) de frutos colhidos (TFC), de frutos sadios

(TFS), de frutos com vassoura-de-bruxa (TFVB), de frutos com podridão parda (TFPP) e de

frutos perdidos por outras causas (OC), por hectare no ano de 2008.

Tratamentos TFC (%FC) TFS (%FS) TFVB (%VB) TFPP (%PP) OC (%OC)

Trat-1 48.986 (100) 39.146 (79,9) 3.576 (7,3) 5.796 (11,8) 468 (1,0)

Trat-2 47.223 (100) 38.307 (81,1) 3.243 (6,8) 5.365 (11,3) 308 (0,7)

Trat-3 46.841 (100) 36.556 (78,0) 3.749 (8,0) 5.944 (12,6) 592 (1,2)

Trat-4 48.431 (100) 37.875 (78,2) 3.613 (7,4) 6.401 (13,2) 542 (1,1)

Fonte: Nogueira (2009).

44

Figura 1-A. Curvas sazonais da Produtividade de amêndoas secas de cacau em função dos

tratamentos aplicados no ano de 2007. Fonte: Costa (2008).

Figura 2-A. Curvas sazonais da Produtividade de amêndoas secas de cacau em função dos

tratamentos aplicados no ano de 2008. Fonte: Nogueira (2009).

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

JAN

FEVM

AR

ABR

MA

IJU

NJU

LA

GO

SETO

UT

NO

VD

EZ

Meses

Pro

du

ção

de

caca

u (

kg

/ha

) .

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

Prod

ução d

e c

acau

(k

g/h

a)

.

Meses

TRAT-1 TRAT-2 TRAT-3 TRAT-4