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Mary Rodgers Tradução de Ana Maria Machado Que sexta-feira mais pirada!

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Mary RodgersTradução de Ana Maria Machado

Que sexta-feiramais pirada!

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O mundo da literatura

para um Brasil de leitores

Annabel é uma adolescente nova-iorquina que, num belo dia, acorda e descobre uma\coisa incrível: tinha virado sua mãe! No início, ela acha que tirou a sorte grande. Não ia precisar ir à escola e podia fazer o que desse na telha. Só que a vida adulta não é tão simples como ela imaginava…

Mary Rodgers nasceu em Nova York e éescritora, compositora e autora de peças de teatro. Seus livros infantojuvenisreceberam vários prêmios, e discutem os problemas entre pais e filhos de um jeito bem divertido.

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Mary Rodgers

Que sexta-feira mais pirada!

Tradução de

Ana Maria Machado

Ilustrações

Maria Eugênia

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Título original: Freaky Friday

Título da edição brasileira: Que sexta-feira mais pirada!

© Mary Rodgers, 1972

Publicado de acordo com Harper Collins Publishers, Inc.

Diretor editorial Fernando Paixão

Editoras Claudia Morales

Carmen Lucia Campos

Editor assistente Fabricio Waltrick

Redação Lizandra Magon de Almeida (Pólen Editorial)

Coordenadora de revisão Ivany Picasso Batista

Revisoras Alessandra Miranda de Sá

Cátia de Almeida

ARTE

Projeto gráfico Marcos Lisboa, Suzana Laub

Katia Harumi Terasaka, Roberto Yanez

Editora Suzana Laub

Editor assistente Antonio Paulos

Pesquisa iconográfica Angelita Cardoso

Editoração eletrônica Moacir K. Matsusaki

Edição eletrônica de imagens Cesar Wolf

ISBN 978 85 08 08820-1 (aluno)CAE 221250

20171a edição10 a impressãoImpressão e acabamento:

Todos os direitos reservados pela Editora ÁticaAvenida das Nações Unidas, 7221 – CEP 05425-902 – São Paulo, SPAtendimento ao cliente: 4003-3061 – [email protected] www.aticascipione.com.br

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

R594q

Rodgers, Mary, 1931-Que sexta-feira mais pirada! / Mary Rodgers ; tradução Ana

Maria Machado ; ilustrações Maria Eugênia. - 1.ed. - São Paulo :Ática, 2003.

144p. : il. - (Quero Ler)

Tradução de: Freaky FridayContém suplemento de atividades ISBN 978-85-08-08820-1

1. Mãe e filhas - Literatura infantojuvenil. 2. Ficçåo infantojuvenilamericana. I. Machado, Ana Maria, 1941-. II. Eugênia, Maria, 1963-.III. Título. IV. Série.

10-4478. CDD: 028.5CDU: 087.5

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Vendo a vida com os olhos de outro

Algo de muito estranho está acontecendo na vida de Anna-

bel… Um dia, em vez de estar em sua cama, ela acorda na

cama dos pais. Tudo parece meio maluco, mas a surpresa

maior acontece quando ela se olha e percebe que se transfor-

mou na própria mãe!

A garota não entende nada, mas acha o máximo. Cansada da

vida na escola, agora ela pode fazer o que bem entender, já

que virou adulta.

Mas o que parecia ser só diversão vira uma grande dor de ca-

beça. Annabel não faz a menor ideia de como arrumar a casa

ou cuidar do irmão, que ela chama “carinhosamente” de Cara-

-de-Macaco. E ela ainda descobre que a mãe tem uma reunião

com o diretor da escola para conversar sobre o mau desem-

penho de Annabel nos estudos!

Enquanto tenta administrar esses problemas, ela ainda tem de

decifrar outros enigmas. Afinal, onde foi parar sua mãe?

Como lidar com Boris, o vizinho lindo de morrer, que acha

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Annabel uma chata? E quem é a charmosa sequestradora, que

dá sumiço em Cara-de-Macaco?

Depois de curtir as loucuras de Annabel, você encontrará

curiosidades sobre este livro, sua autora e o local onde se

passa a história: a cidade de Nova York.

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Sumário

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Quero mais | 137

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Você não vai acreditar, ninguém com a cabeça no lugar

pode acreditar, mas é verdade! Verdade verdadeiríssima!

Quando acordei hoje de manhã, descobri que tinha vi-

rado minha mãe. Lá estava eu, na cama da minha mãe,

com os pés chegando até o fim da cama e meu pai dor-

mindo do outro lado. Eu estava com a camisola da minha

mãe e uma aliança na minha mão esquerda, quer dizer, na

mão esquerda dela. E toda cheia de crocotós e grampos

pela cabeça.

– Devem ser os rolinhos – disse eu para mim mesma. – E,

se eu estou com o cabelo da mamãe, devo estar também

com a cara dela.

Resolvi dar uma olhada no espelho do banheiro. Afinal

de contas, a gente não sai virando a própria mãe assim

todo dia. Talvez eu estivesse imaginando. Ou sonhando.

Bom, não estava. O que eu vi no espelho foi minha mãe

todinha, dos pés à cabeça, completa, e sem aparelho nos

dentes. Bom, em geral eu não ligo para esse negócio de es-

covar os dentes sempre e com cuidado – é uma complica-

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ção com aqueles araminhos todos –, mas os dentes da ma-mãe pareciam mais fáceis e divertidos, e além do mais, jáque ela estava disposta a fazer uma coisa incrível dessas,de ceder o corpo dela para virar meu desse jeito, o míni-mo que eu podia fazer era cuidar bem dos dentes dela.Certo? Certo.

Sabe? Eu tinha meus motivos para acreditar que ela eraresponsável pelo que estava acontecendo. Porque na noi-te da véspera nós tivemos uma espécie de discussão sobreuns troços aí, e eu disse a ela uma ou duas coisas que têmandado pela minha cabeça ultimamente.

Bom, para dizer a verdade, acho que, se você não se in-comoda, o melhor é eu começar um pouco mais lá paratrás, com um bocado da história da família. Senão vocênão vai ter a menor ideia de quem é quem (ou o que é oquê) nas coisas que eu estou contando.

Meu nome é Annabel Andrews (assim mesmo, purinho,um sobrenome só. E nem tenho apelido. Bem que andeitentando para ver se começavam a me chamar de Belinhana escola, mas não colou). Tenho treze anos. Tenho cabe-los castanhos, olhos castanhos e unhas castanhas (brinca-deira, foi só uma piada, na verdade eu tomo banho demontão). Tenho um metro e meio. Não lembro qual é omeu peso, mas ando controlando, apesar de minha mãe di-zer que é ridículo, que ainda não amadureci completamen-te e meu corpo ainda está mudando. Talvez no verão já dê.

Meu pai é William Waring Andrews. Todo mundo cha-ma meu pai de Bill. Tem trinta e oito anos. Cabelos casta-nhos, meio curtos demais, mas já vi piores. Olhos azuis.Um metro e oitenta e cinco (quer dizer, um e oitenta e dois,para ser exata). É uma pessoa incrivelmente calma. Traba-

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lha na agência de publicidade Joffert e Jennings, e no anopassado a principal conta dele era um sabão em pó chama-do Fosfree. Se você for metido nessas coisas de ecologia,sabe do que se trata: sem fosfatos, baixa ação detergente e,na opinião da minha mãe, roupa encardida. A gente tinhacaixas e caixas do tal sabão espalhadas pela cozinha. E nãopodia dar de presente. Este ano, mudou. Virou o NovoFosfree Ainda Melhor (Isso é o que eles acham!), mais umoutro negócio chamado Croquete de Peixe Vitaminado daFrancie. Eca! Se existir alguma coisa mais nojenta do quepeixe vitaminado, eu ainda não fui apresentada.

Mentira, acabo de lembrar de um troço pior. Meu ir-mão. Não dá nem para começar a dizer como ele é nojen-to. Pode não ficar bem eu dizer essas coisas, mas, aqui en-tre nós, eu detesto o meu irmão. Não vou nem perder tem-po descrevendo e dizendo como ele é. Não vale a pena. Éigualzinho a qualquer outro garoto banguela de seis anos,todo desdentado. Só que, como a minha vó sempre diz,“Como é que pode ser justamente o menino o que tem es-tes cílios tão compridos e este cabelo tão cacheado? Não éjusto…”. Pois é, também acho que não. Mas, afinal, o queé justo? Hoje em dia, muito pouca coisa.

E era justamente isso o que eu estava tentando dizer àminha mãe na noite da véspera, quando saiu a tal briga.Vou contar num instante, mas primeiro quero explicar unsfatos sobre a mamãe.

Ela se chama Ellen Jean Benjamin Andrews e tem trin-ta e cinco anos – o que faz com que seja uma das mãesmais moças da minha turma na escola –, cabelos casta-nhos e olhos castanhos. (Estamos estudando Mendel egenética no colégio, em biologia. Eu devo ser do tipo cas-

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tanho híbrido. Dá para saber que, se um dos pais da gen-te tem olhos azuis e outro tem olhos castanhos, e se essedos olhos escuros for um castanho híbrido, a chance é deque eles tenham dois filhos de olhos castanhos e dois deolhos azuis. Até agora, na nossa família, eles só tiveramdois filhos, mas saca só quem foi que já se ferrou com osolhos castanhos. Eu. A irmã do único macaco de olhoazul em cativeiro. É assim que eu chamo o meu irmão.Macaco de olho azul. Cara-de-Macaco, quando quero en-curtar. O nome de verdade é Ben.) Bom, voltando a mi-nha mãe, ela tem cabelos e olhos castanhos e, como jádisse, dentes perfeitos que eu NÃO herdei, corpo bonito,e se veste de um jeito meio careta, mas no geral é maisbonita do que a maioria das mães. Só que também é mui-to mais durona.

O caso todo é esse. Eu não aguento esse jeito durãodela. Sabe o que é que ela me faz comer de manhã, nocafé? Cereal, suco de laranja, torrada, um ovo, leite e duasvitaminas C. Vai acabar me fazendo virar uma baleia. De-pois, no colégio, dá para escolher o tipo de almoço. Oubem a gente leva lanche de casa, como um sanduíche ouuma comida que dê para comer fria, e uma Coca-Cola, ou,então, quem tem o azar de ter uma mãe durona como aminha tem que comer a comida quente da escola, que nãoé quente nem devia se chamar comida, porque é uma go-roroba que eu não teria coragem de dar nem a um cachor-ro. Ração de cachorro é mais gostosa. Eu sei porque já ex-perimentei a do nosso.

Outra implicância dela é com o jeito que eu deixo omeu quarto. A ideia que ela tem de arrumação não é amesma que a minha, mas o quarto é meu e não entendo

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por que não posso deixar que ele fique do meu jeito. Eladiz que fica uma bagunça tão grande que nem ela nemNINGUÉM pode conseguir arrumar. Mas, se é verdade,como é que todo dia quando eu chego do colégio encon-tro tudo arrumadinho? Na véspera, quando eu disse isso,ela só deu um suspiro.

Ainda tem outros motivos de briga. Meu cabelo, porexemplo. Ela vive querendo que eu mande aparar, mas eunão caio mais nessa. Da última vez que deixei “apararem”,me cortaram quase um palmo! E minhas unhas… que euvivo roendo.

Mas as maiores brigas que a gente tem são sempre porcausa de liberdade, porque eu já tenho idade de ser mui-to mais livre do que sou. Ela não me deixa voltar para casacaminhando pelo meio do parque, nem mesmo com umaamiga, porque:

– Nova York é uma cidade muito perigosa, principal-mente no parque!

A mãe de todo mundo deixa, mas:– Eu não sou a mãe de todo mundo.Como se eu não soubesse…Amanhã, uma das minhas melhores amigas do colégio,

que mora no Village, vai dar uma festa com meninos e me-ninas e ela não quer me deixar ir só porque da última veztodo mundo brincou de beijar. Eu expliquei que a mãe daminha amiga estava em casa o tempo todo, só que ficou fe-chada no quarto para não atrapalhar, claro! Mas ela disse:

– Exatamente por isso.Como é que se pode dar uma resposta dessas? Não dá

para entender. Eu não entendi. Eu não entendo nada. Só en-tendo que não posso comer o que eu quero, vestir o que eu

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quero, usar o cabelo e as unhas do jeito que eu quero, dei-

xar meu quarto como eu quero ou ir aonde eu quero. Por

isso é que na noite da véspera acabou saindo uma briga feia.

– Fique sabendo de uma coisa! – eu gritei. – Já estou

farta! Você não deixa eu me divertir e eu cansei! Você só

vive mandando em mim e dando palpite em tudo! Por que

é que ninguém se mete na sua vida para ficar lhe dizendo

o que é que você deve fazer?

Ela respondeu:

– Annabel, quando a gente é adulta, ninguém diz o que

é que se tem que fazer. Cada um tem que resolver sozinho,

mandar em si mesmo, e isso às vezes é muito mais difícil.

– Pois, para mim, isso parece divertido como um pi-

quenique – disse eu, com raiva. – Você pode resolver sair

para almoçar com os amigos, ou passar o dia inteirinho

vendo televisão, ou tomar sorvete no café da manhã, ou ir

ao cinema de noite…

– Ou lavar a roupa da família toda, ou fazer as compras,

ou cozinhar o jantar, ou preparar tudo direitinho para o

marido, ou ser responsável por Ben e você…

– Por que é que você não deixa eu mesma ser respon-

sável por mim? – perguntei.

– Muito em breve você vai ser – disse ela.

– Para mim, isso não é bastante breve… – resmunguei.

– Ah, não? Pois vamos ver se esse dia não chega logo…

– completou ela, saindo do quarto.

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