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“Reduction of deep-sea sharks by-catches in the
Portuguese long-line black scabbard fishery”
MARE/2011/06
SI2.602201
MANUAL DO OBSERVADOR Janeiro, 2012
seaExpert, Serviços e Consultadoria na Área das Pescas, Lda
Travessa do Farrobim, 15, 9900-361 Feteira – HRT, Açores/Portugal
Tel: +351 292 948 409¸Fax: +351 292 240 905; Mob: +351 963 500 687
Email: [email protected]; URL: www.seaexpert-azores.com
Índice
1. Enquadramento de projecto 1
2. A pescaria do peixe-espada-preto 1
2.1. Caracterização geral da frota 1
2.2. A arte 2
2.3. Evolução das descargas 4
2.4. By-catch de tubarões de profundidade 4
3. Biologia, ecologia e identificação das principais espécies de tubarões de
profundidade 5
3.1. Anatomia dos elasmobrânquios 5
3.2. Género Centrophorus 5
3.3. Género Centroscyllium 9
3.4. Género Deania 11
3.5. Género Etmopterus 14
3.6. Género Centroscymnus 18
3.7. Género Dalatias 22
4. Amostragem a bordo 24
4.1.Identificação da espécie 24
4.1.1.Amostragem Fotográfica 24
4.2.Comprimento Total (CT) 26
4.3.Peso vivo 27
4.4.Diferenciação de género 27
4.5. Tamanho médio de primeira maturação 28
4.6. Determinação do estado de maturação 28
4.7. Entrevista ao mestre 29
5.Equipamento 30
6. Monitorização das operações de pesca 30
6.1.Registo de informação 30
a) Capa de Relatório 31
b) Registo geral 31
c) Evento de pesca 31
d) Registo de Ocorrências 31
e) Resumo das Capturas 32
f) Resumo da Descarga 32
6.2.Descrição do preenchimento dos formulários/relatórios 32
a) Capa de Relatório: 32
b) Registo geral 33
c) Evento de pesca 34
d) Registo de ocorrências 36
e) Resumo das Capturas 37
f) Resumo da Descarga 37
7.Procedimentos Operacionais (logística, plano de embarques, viagens e alojamento,
comunicação, etc. 38
7.1.Preparação para o embarque 38
7.1.2.Seguro e assistência médica 38
7.1.3. Termo de aceitação mútua da presença do Observador a bordo do navio de pesca 38
7.2.Esquema de embarque 39
7.2.1.Antes do embarque 39
7.2.2.Durante o embarque 39
7.2.3.Após o embarque 39
7.2.4.Viagem do e para o local de embarque 39
7.2.5.Alojamento 40
7.3.Comunicação 40
7.3.1. Comunicação por escrito 41
7.3.2. Comunicação com terceiros 41
7.3.2.1.Regras gerais 41
7.3.2.2.Abordagem ao lidar com terceiros 41
7.3.3.Rádio 42
7.3.3.1.Comunicação de emergência 42
7.3.3.2. Pedido de socorro “Distress call” 42
8. Conduta e Comportamento do Observador 42
8.1.Conduta a bordo 42
8.2.Conduta durante inspecções a bordo 43
8.3.Conduta em terra e em trânsito 43
8.4.Comunicações 43
8.5.Confidencialidade 43
8.6. Código de conduta e comportamento dos Observadores 44
9.Segurança no Mar 45
9.1.A bordo 45
9.2.Movimentos a bordo 45
9.3.Equipamento pessoal 46
9.4.Saúde 46
9.5.Procedimentos de emergência 47
9.5.1.Exercícios 47
9.5.2.Homem ao mar 47
9.5.3.Fogo 48
9.6.Abandono do navio 48
9.6.1.“Vestir para sobreviver” 48
9.6.2.Lançar a balsa salva vidas 49
9.6.3.Abastecimento 49
9.6.4.Kit de sobrevivência pessoal 49
9.6.5.Embarcar numa balsa salva vidas 50
9.7.Sobrevivência na jangada 50
9.7.1.Manter-se junto ao navio 50
9.7.2.Uso de sinais de perigo 51
9.7.3.Situação inicial numa jangada 52
9.7.4.Manter a moral (manter o espírito) 52
10.Finanças 53
1
1. Enquadramento de projecto
Hoje em dia existe uma série de pescarias de peixe-espada preto em diferentes áreas, que vão
desde a Madeira até ao Norte da Europa (subáreas ICES: II, IV, V, VI e VII), Portugal continental
(essencialmente ICES IXa) e Madeira (CECAF 34.1.2).
Apesar de ser um aparelho de pesca altamente selectivo, o palangre de fundo utilizado na
pesca do peixe-espada preto tem o potencial de capturar outras espécies de profundidade.
Deste modo, a ocorrência de tubarões de profundidade nesta pescaria é comum, sugerindo a
utilização do mesmo estrato de profundidade (Machete, 2007). Estas espécies são
normalmente capturadas como by-catch de pescarias direccionadas a outras espécies, como é
o caso do peixe-espada preto.
Nos últimos anos, têm vindo a ser documentados diversos casos de sobreexploração na pesca
de tubarões, assim como elevados níveis de by-catch em outras pescarias, como sejam a de
espadarte ou atum. Devido à sua reduzida taxa de crescimento, baixa fecundidade, estratégia
reprodutiva lenta direccionada para a produção de um reduzido número de crias, estes peixes
são altamente susceptíveis à sobreexploração (Coelho et al., 2003).
Apesar da reduzida percentagem de by-catch de tubarões na pescaria do peixe-espada preto
(cerca de 5% na maioria dos casos documentados), este necessita de ser melhor estudado e
monitorizado de forma a poder acompanhar a sua evolução e, se possível, minimizá-la.
Com base nestas evidências, a Direcção Geral para os Assuntos do Mar da União Europeia
(DGMARE) propôs estudar o impacto da pescaria do peixe-espada preto realizada em Portugal
Continental (zona ICES IXa), Madeira (CECAF 34.1.2) e Açores sobre as populações de tubarões
de profundidade e identificar medidas para mitigar o seu impacto. Para tal espera-se:
a) Quantificar e identificar o by-catch de tubarões de profundidade por espécie;
b) Estimar o índice de abundância de tubarões de profundidade nos pesqueiros de espada-
preto;
c) Avaliar o grau de sobreposição espacial entre habitats dos tubarões de profundidade e do
peixe-espada preto;
d) Estudar e descrever a distribuição e dinâmica das diferentes populações de tubarões em
áreas onde ocorre o espada-preto, com o objectivo de identificar áreas biologicamente
sensíveis onde a pesca poderá ser evitada;
e) Descrever e propor possíveis melhorias técnicas na arte de pesca utilizada.
2. A pescaria do peixe-espada-preto
2.1. Caracterização geral da frota
A pesca direccionada ao peixe-espada-preto em Portugal teve o seu início no arquipélago da
Madeira por volta de 1600. No entanto, apenas passados 430 anos (no início dos anos 80 do
2
séc. XX) esta pescaria foi plenamente implementada na Região. Nessa época a frota era já
composta por cerca de 30 embarcações de pequeno porte, com um comprimento de fora-a-
fora (cff) médio de 6m. Pela mesma altura, foi implementada esta pescaria também em
Portugal continental, em pesqueiros próximos do porto de Sesimbra (1983). Durante esse
período a frota era composta por pequenos barcos, com um cff médio de 11m (Bordalo-
Machado &Figueiredo, 2009).
Na Madeira, a frota dedicada a esta pescaria atingiu a sua maior expressão no ano de 1988,
com um total de 95 embarcações em actividade. Daí em diante, a frota sofreu uma forte
regressão, nomeadamente entre 1990 e 1995, com uma diminuição gradual no número de
embarcações, passando de 88 para apenas 44 (Bordalo-Machado & Figueiredo, 2009). Este
número tem vindo sempre a diminuir até aos dias de hoje, onde temos uma frota composta
por cerca de 27 embarcações, sem alterações significativas nas suas características técnicas.
Em Portugal continental a frota atingiu o seu pico em 1986 (28 embarcações), decrescendo daí
em diante até um mínimo de 15 em 2004. Desde então este número tem-se mantido
constante.
No arquipélago dos Açores, apesar das suas reconhecidas potencialidades para a pesca no mar
profundo, e até muito recentemente, não existia pesca dirigida ao peixe-espada-preto. De
acordo com informação recolhida junto da Lotaçor e Secretaria Regional do Ambiente e do
Mar (SRAM), a pesca do peixe-espada preto na Região envolve actualmente 5 embarcações, a
operar essencialmente a partir das ilhas do Pico e S. Miguel.
Tabela 1. Número de embarcações envolvidas na pesca ao peixe-espada preto em Portugal
continental, Açores e Madeira, durante o ano de 2011
Região Nº de embarcações
Portugal continental 15
Açores 5
Madeira 27
2.2. A arte
Os aparelhos e técnicas de pesca utilizadas na pesca do peixe-espada preto em Portugal
continental encontram-se bem descritos por Bordalo-Machado & Figueiredo (2009). O
aparelho é composto por um palangre horizontal de fundo, fixo, com o número de anzóis a
variar entre 4.000 e *10.000 (Bordalo-Machado & Figueiredo, 2009). A largada do aparelho
demora cerca de 2 horas, operando este entre os 800 e os 1450 metros de profundidade e
permanecendo a pescar durante cerca de 36 horas. São habitualmente utilizados anzóis n.º 5,
iscados com sardinha (Sardina pilchardus) e cavala (Scomber japonicus). Os principais
pesqueiros localizam-se junto a Sesimbra (Cabo Espichel), Peniche e Figueira da Foz. Todas as
15 embarcações no activo encontram-se associadas à Artesanal Pesca (localizada no porto de
3
Sesimbra), operando as mais pequenas a partir do porto de Sesimbra, e efectuam viagens
curtas, saindo e voltando no próprio dia. As embarcações de maiores dimensões estão
localizadas nos portos de Peniche, Figueira da Foz e Matosinhos, efectuando viagens de
aproximadamente dois dias.
Na Madeira utiliza-se um palangre horizontal derivante a meia-água, colocado normalmente a
cerca de 1000m de profundidade e com aproximadamente 7-8000 anzóis n.º 6 ou 7, iscados
com pedaços de pota salgada (Ommastrephes sp.) ou filetes de carapau (Trachurus picturatus)
e cavala (Scomber japonicus). As operações de pesca descritas por Merret & Haedrich (1997)
têm-se mantido praticamente inalteradas. O número de dias de pesca por viagem aumentou
de 2-3 dias na década de 90 para 5-7 dias no presente, sabendo-se no entanto que as
embarcações de maiores dimensões podem efectuar viagens até 15 dias. Actualmente a frota
explora diversos pesqueiros a sudeste da Madeira, já próximo do arquipélago das Canárias.
Os métodos de pesca utilizados no Arquipélago dos Açores encontram-se bem descritos por
Machete et al. (2010). O aparelho de pesca compreende um palangre de fundo derivante,
consistindo numa linha principal horizontal ligada a diversas linhas verticais (linhas livres) (Fig.
2). A linha principal deriva acima do fundo, pescando a diferentes distâncias deste, variando
entre os 1000 e 1900m de profundidade (média de 1400m). Utilizam-se em média 3625 anzóis
n.º 5, ligados à linha principal por linhas livres com cerca de 3.5m, permanecendo o aparelho
imerso em média cerca de 10 horas. A pesca é realizada essencialmente nas ilhas do grupo
central e oriental.
*10000: Valor máximo definido actualmente pela Artesanal Pesca.
Fig. 1 – a) Esquema do aparelho utilizado pela
frota de Portugal continental (adaptado de
Bordalo-Machado & Figueiredo, 2009).
b) Esquema do aparelho utilizado pela frota da
Madeira. c) Esquema do aparelho utilizado pela
frota a operar nos Açores (retirado de Machete et
al. 2009).
a) b)
c)
4
2.3. Evolução das descargas
Em Portugal continental, mais de 95% das descargas de peixe-espada preto são realizadas no
porto de Sesimbra atingindo estas o seu pico entre 1990 e 1993, com valores médios anuais da
ordem das 4500 toneladas, com um decréscimo nos últimos anos, oscilando entre as 3000 e
3500 toneladas (Tabela 2) (Séries estatísticas DGPA). As descargas de peixe-espada preto na
Madeira atingiram um valor máximo de 4430 toneladas em 1998, decrescendo gradualmente,
atingindo em 2010 o seu valor mais reduzido, de 1860 toneladas (Tabela 2) (Séries estatísticas
DGPA). No arquipélago dos Açores as descargas de peixe-espada preto são irrisórias, com um
máximo de 49 toneladas registadas no ano de 2010 (Tabela 2).
Tabela 2. Quantidade de peixe-espada preto descarregado (toneladas) em Portugal por Região
(Séries estatísticas DGPA)
Região 2007 2008 2009 2010
Sesimbra 3421 3591 3485 3438
Madeira 2921 3109 2412 1860
Açores - 0,17 5 49
2.4. By-catch de tubarões de profundidade
Segundo Gordo (2009), as principais espécies de tubarões de profundidade que ocorreram
como by-catch na pescaria do peixe-espada-preto em Portugal continental entre 1995 e 2004
foram o Carocho (Centroscymnus coelolepis) e a Lixa-de-escama (Centrophorus squamosus).
Outras espécies de tubarões que podem ocorrer como by-catch na pesca do espada preto são:
Lixa-de-lei (Centrophorus granulosus), Sapata (Deania profundorum), Gata (Dalatias licha),
Sapata-preta (Centroscymnus crepidater) e a Xara-preta (Centroscymnus owstoni) (Gordo,
2009).
De acordo com Machete (2007), as principais espécies de tubarões de profundidade que
compõem o by-catch na pesca do peixe-espada-preto nos Açores são a Lixa-de-escama
(Centrophorus squamosus), a Lixinha (Etmopterus sp.) e a Xara-preta-de-natura
(Centroscymnus cryptacanthus).
Segundo Severino (2004), a principal espécie de tubarão de profundidade que ocorre como by-
catch na pesca do espada preto na Madeira é a Lixa-de-escama (Centrophorus squamosus). No
entanto, informação relativa ao by-catch de tubarões de profundidade na Madeira é bastante
escassa.
No que diz respeito a rejeições, segundo Bordalo-Machado & Figueiredo (2009), em Portugal
continental (entre 2000 e 2004) as principais espécies de tubarões de profundidade foram:
Lixinha-da-fundura (Etmopterus pusillus), Carocho (Centroscymnus coelolepis), Sapata-preta
(Centroscymnus crepidater), Arreganhada (Scymnodon ringens) e Tintureira (Prionace glauca).
5
3. Biologia, ecologia e identificação das principais espécies de tubarões
de profundidade
3.1. Anatomia dos elasmobrânquios
Adaptado de Compagno (1984)
3.2. Género Centrophorus
Centrophorus squamosus (Bonnaterre, 1788)
Nome comum: Lixa-de-escama, xara-branca, Leafscale gulper shark
Identificação (ID)
1. Focinho curto e triangular.
6
2. Grandes espinhos dorsais.
3. Sem barbatana anal.
4. Bordo interior da barbatana peitoral quadrangular.
5. Cabeça curta.
Cor
Normalmente cinza ou castanho e preto.
Sem marcas ou padrões.
Dimensões e biologia
Nascimento: 30 – 45 cm. Maturo: 95 cm ♂, 110 cm ♀.
Tamanho máx.: 158 cm.
Alimenta-se de peixes e cefalópodes.
Um dos mais antigos tubarões vivos. Idade máxima é de pelo menos 70 anos.
Têm sido registadas ninhadas de 5 – 8 crias.
Habitat
Demersal, 230 – 3.300m.
Também encontrado no meio pelágico a 1.250m.
Importância comercial
No passado foi importante na pesca do palangre e arrasto de profundidade.
Fortemente capturado na Irlanda, Espanha, Portugal e França.
Carne e fígado comercializados em quase toda a sua área de ocorrência.
7
Centrophorus granulosus (Bloch & Schneider, 1801)
Nome comum: Lixa-de-Lei, Gulper shark
(1) Fêmea adulta – 89cm; (2) Fêmea jovem – 69cm.
Identificação (ID)
1. Espinhos dorsais longos e com ranhuras.
2. Primeira barbatana dorsal maior do que a segunda.
3. Sem barbatana anal.
4. Primeira barbatana dorsal mais alta e triangular que a segunda.
5. Bordo interior da barbatana peitoral muito longo e pontiagudo.
6. Dentículos dérmicos mais pequenos e pele mais macia que o C. squamosus
Cor
Cinzento com o dorso castanho claro.
8
Os juvenis podem ser mais claros com pontas pretas nas barbatanas caudais e dorsais.
Dimensões e biologia
Nascimento: 30–42cm. Maturo: ~95cm ♀, 60–80cm ♂.
Tamanho máx.: 105–110cm.
Potencial reprodutor extremamente reduzido. Duas crias por ninhada com uma
gestação entre 2-3 anos.
Alimenta-se essencialmente de peixes ósseos e algumas lulas, crustáceos e peixes
cartilagíneos.
Habitat
100 – 1.490m, sendo mais comum entre os 300 – 800m.
Suspeita-se que forme cardumes.
Apresentam segregação por tamanho e sexo, variando no entanto em função do local.
Importância comercial
Capturado como by-catch em toda a sua extensão através de redes de arrasto de
fundo e pelágico assim como de palangre de fundo.
Capturado pela sua carne e óleo de fígado.
Sujeito a TAC zero em águas da U.E. (2010).
Centrophorus lusitanicus (Barbosa du Bocage & de Brito Capello, 1864)
Nome comum: Lixa-portuguesa, Lowfin gulper shark
Identificação (ID)
1. Focinho mais pontiagudo e longo que C. granulosus.
2. Bordo interior da barbatana peitoral relativamente longo (mas não tanto quanto o de
C. granulosus) e pontiagudo.
Fonte: Fishbase
9
Cor
Cinza-pérola.
Dimensões e biologia
Nascimento: ~36cm. Maturo: 72 - 128cm ♀, 88 – 144cm ♂.
Tamanho máx.: 160cm.
Entre 1 – 6 crias por ninhada.
Alimenta-se de peixes ósseos, lulas, pequenos condrícteos (peixes de esqueleto
cartilagíneo) e lagostas.
Habitat
Ocorre nos limites exteriores da plataforma continental, entre os 300 – 1400m de
profundidade.
Importância comercial
Inicialmente aproveitado no Atlântico Este, sendo aí capturado em redes de arrasto de
fundo, palangre de fundo e redes fixas no fundo.
Consumido salgado e seco e processado na forma de farinha de peixe.
3.3. Género Centroscyllium
Centroscyllium fabricii (Reinhardt, 1825)
Nome comum: Cação-torto, Black dogfish
10
Identificação (ID)
1. Espinhos das barbatanas dorsais levemente coloridos e ranhurados.
2. Espinho da segunda barbatana dorsal muito mais longo que o primeiro.
3. Sem barbatana anal.
4. Barbatanas peitorais muito pequenas. Bordo interior redondo.
5. Tamanho máximo: 83cm.
Cor
Preto uniforme / castanho nos adultos.
Juvenis possuem o dorso sensivelmente mais claro. A cauda pré-caudal tem gumes
brancos.
Dimensões e biologia
Nascimento: 15cm. Maturo: 50 – 66cm ♀, 46–50cm ♂.
Tamanho máx.: 84cm, podendo atingir 107cm.
Alimenta-se sobretudo de crustáceos mas também de alguns peixes e cefalópodes
Foram já registadas ninhadas compostas por 4 – 40 crias, com uma média de 16 crias.
Habitat
180-1.653m, sendo mais comum entre 550-1.000m.
Preferem temperaturas entre os 3.5 – 4.5ºC, mas foram já registados a 1ºC.
Apresentam segregação por tamanho e sexo, formando por vezes cardumes.
Importância comercial
Existem registos de grandes capturas em algumas regiões, tais como o Banco Hatton.
Espécie geralmente descartada devido ao seu tamanho reduzido.
Quando mantida a bordo, utiliza-se normalmente a sua carne e óleo de fígado.
11
Sujeita a TAC zero em águas da U.E. (2010).
3.4. Género Deania
Deania profundorum (Smith & Radcliffe, 1912)
Nome comum: Sapata, Arrowhead dogfish
Identificação (ID)
1. A grande característica distintiva relativamente às restantes espécies de Deania é a
presença de quilha sub-caudal (na parte inferior do pedúnculo caudal).
2. Primeira barbatana dorsal longa e fina.
3. Estrias ao longo do corpo.
Cor
Cinza-acastanhado ou cinzento-escuro.
Dimensões e biologia
Maturo: 70cm ♀, 50–55cm ♂.
Tamanho máx.: 79cm.
Alimenta-se de pequenos peixes bentónicos, cefalópodes e crustáceos.
5 – 7 crias por ninhada.
Habitat
Espécie bentopelágica, ocorrendo entre os 205 - 1.800m.
12
Importância comercial
Sem importância comercial.
Deania calcea (Lowe, 1839)
Nome comum: Sapata-branca, Birdbeak dogfish
Identificação (ID)
1. Focinho extremamente comprido.
2. Primeira barbatana dorsal mais estreita que D. profundorum e com a base alongada.
3. Segundo espinho dorsal muito maior que o primeiro.
4. Sem barbatana anal e quilha sub-caudal.
Cor
Coloração castanha acinzentada.
Sem marcas ou padrões.
Dimensões e biologia
Nascimento: 30cm. Maturo: 100cm ♀, 80cm ♂.
Tamanho máx.: 122cm.
13
Espécie ovovivípara.
Foram já registadas ninhadas entre 6 – 12 crias.
Alimenta-se predominantemente de peixes (>80%) e alguns cefalópodes e crustáceos.
Habitat
Entre 70 – 1.450m.
Apresenta uma aparente segregação por tamanho e sexo.
Encontrada normalmente no ambiente demersal mas a sua dieta sugere que se
alimenta na coluna de água.
Importância comercial
By-catch nas pescarias de arrasto e palangre.
Pescada em alguns locais, particularmente na Austrália, para extracção de óleo de
fígado.
A “carne” é por vezes utilizada no consumo humano e as carcaças podem ser
processadas para farinha de peixe.
Sujeita a TAC zero em águas da E.U. (2010).
Deania histricosa (Garman, 1906)
Nome comum: Sapata, Rough longnose dogfish
Macho adulto – 90cm; (2) Macho jovem – 35cm.
Identificação (ID)
1. Focinho extremamente comprido.
2. Dentículos dérmicos maiores (pele mais rugosa) que a espécie D.calcea e em forma de
tridente.
3. Sem quilha (forma mais eficaz de a distinguir da espécie D. profundorum).
4. Espinhos dorsais pequenos e ranhurados.
14
Cor
Geralmente de cor escura.
Dimensões e biologia
Tamanho máx.: 84 cm ♂, 109cm ♀.
Desconhece-se a sua dieta.
Habitat
Espécie bentónica ou epibentónica dos taludes insulares da Madeira e Japão.
Intervalo de profundidade entre os 600 – 1.000m.
Importância comercial
Sem importância comercial, sendo essencialmente capturada na pesca do peixe-
espada preto na Madeira (Palangre de fundo).
Não se conhecem usos específicos para esta espécie.
3.5. Género Etmopterus
Etmopterus princeps (Collett, 1904)
Nome comum: Lixinha-grande, Great lanternshark
Identificação (ID)
1. Segunda barbatana dorsal maior do que a primeira.
2. Espinhos dorsais grandes.
15
3. Sem barbatana anal.
4. Dentículos da linha lateral bem definidos e grandes.
5. Tamanho máx.: 96cm.
Cor
Coloração preta uniforme.
Sem padrões ou marcas.
Dimensões e biologia
Maturo: 62cm ♀, 55cm ♂.
Tamanho máx.: 96cm ♀, 71cm ♂.
Foram já registadas ninhadas entre 6 – 16 crias, mas por norma 12 crias.
Alimentam-se de peixes, cefalópodes e crustáceos.
Habitat
Plataforma continental entre os 350 – 2.213m.
Apresentam segregação por sexo e possivelmente por tamanho, ocorrendo os
indivíduos mais jovens a maiores profundidades.
Importância comercial
Capturado em toda a sua área de distribuição como by-catch na pesca do arrasto de
fundo.
Poderá ser alvo de utilização no Atlântico Nordeste, desconhecendo-se detalhes.
Sujeita a TAC zero em águas da EU (2010).
16
Etmopterus spinax (Linnaeus, 1758)
Nome comum: Lixinha-de-veludo, Velvet belly lanternshark
(1) Fêmea adulta – 56cm; (2) Indivíduo jovem – 35cm.
Identificação (ID)
1. Segunda barbatana dorsal com o dobro do tamanho da primeira.
2. Espinhos dorsais grandes.
3. Sem barbatana anal.
4. Extremidades das barbatanas com coloração preta.
5. Atinge um tamanho máximo de 60cm.
Sistema de fotóforos luminosos na zona ventral.
17
Cor
Coloração castanha dorsalmente e preta ventralmente.
Marcas pretas proeminentes nas laterais da cauda e em redor das barbatanas pélvicas.
Dimensões e biologia
Nascimento: 12-14cm. Maturo: 33 - 36cm.
Tamanho máx.: 60cm.
Foram já registadas ninhadas entre 6 – 20 crias.
Alimentam-se de peixes, cefalópodes, crustáceos e zooplâncton.
Habitat
70 – 2.000m, sendo mais comum entre 200 – 500m.
Normalmente demersal, mas pode ser capturado em redes de arrasto pelágico.
Apresentam segregação por sexo e tamanho com as fêmeas maturas de maiores
dimensões a ocorrerem a profundidades superiores.
Importância comercial
Reduzida importância comercial, existindo no entanto grandes lacunas na informação
disponível.
Capturado como by-catch em redes de arrasto pelágico e de fundo.
Pode ser utilizado para farinha de peixe e salgado e seco para a alimentação humana.
Etmopterus pusillus (Lowe, 1839)
Nome comum: Lixinha-da-fundura, Smooth lanternshark
Identificação (ID)
1. Segunda barbatana dorsal muito maior que a primeira.
2. Margens das barbatanas dorsais e peitorais mais claras.
3. Tamanho máx.: 50cm.
Coloração castanha escura uniforme. Sem padrões.
Pele mais macia que as outras espécies de Etmopterus.
Fonte: Inglésias S.P., 2011
18
Cor
Coloração castanha escura uniforme. Sem padrões
Dimensões e biologia
Maturo: 38 - 47cm ♀, 31 - 39cm ♂.
Tamanho máx.: 50cm.
Foram já registadas ninhadas entre 6 – 20 crias.
Alimentam-se de ovos de peixes, peixes lanterna, lulas e outros tubarões de pequeno
porte.
Habitat
Espécie bentopelágica que ocorre entre os 274 – 1.000m ou mais (possivelmente até
aos 1998m).
Importância comercial
Capturado como by-catch em redes de arrasto pelágico e de fundo.
Pode ser utilizado para farinha de peixe e salgado e seco para a alimentação humana.
3.6. Género Centroscymnus
Centroscymnus crepidater (Bocage & Capello, 1864)
Nome comum: Sapata-preta, Longnose velvet dogfish
Identificação (ID)
1. Focinho longo, estreitando na extremidade. Extremidade arredondada.
19
2. Base da primeira barbatana dorsal estende-se em direção à cabeça formando um
sulco.
3. Espinhos dorsais muito finos e pequenos.
4. Sem barbatana anal.
Cor
Coloração castanho-escura ou preto uniforme.
Sem padrões ou marcas.
Dimensões e biologia
Nascimento: 30-35cm. Maturo: 82cm ♂, 64cm ♀
Tamanho máx.: 135cm.
Alimentam-se de peixe e cefalópodes, e pequenas quantidades de crustáceos
decápodes.
3 – 9 crias por ninhada. Desconhece-se o período de gestação.
Habitat
Encontrado nas encostas superiores da plataforma continental entre os 270 - 2.080m.
Normalmente abaixo dos 500m.
Alimenta-se tanto junto ao fundo como na coluna de água.
Importância comercial
Ocorre como by-catch nas pescarias de arrasto e de palangre.
Alvo de pesca dirigida para aproveitamento da sua carne e óleo de fígado.
Poderá tornar-se uma espécie com maior importância para a pesca devido ao declínio
de outras espécies de tubarões de profundidade.
Sujeita a TAC zero em águas da U.E (2010).
Adaptado de: Shark Trust ID Guide
20
Centroscymnus coelolepis (Bocage & Capello, 1864)
Nome comum: Carocho, Xara-preta, Portuguese dogfish
Identificação (ID)
1. Barriga grande e dilatada sem quilhas.
2. Focinho bastante curto e arredondado.
3. Aberturas branquiais muito pequenas.
4. Barbatanas dorsais muito pequenas e com espinhos muito pequenos (por vezes não
visíveis).
5. Segunda barbatana dorsal mais pequena do que a primeira.
6. Sem barbatana anal.
7. Pele relativamente suave ao toque, mas bastante rija para cortar (escamas bem
visíveis).
Cor
Coloração castanho-claro ou castanho-escuro quase preto, apresentando reflexos
dourados ao sol.
Preto azulado quando muito jovem.
Sem marcas.
Adaptado de: Shark Trust ID Guide
21
Dimensões e biologia
Nascimento: 30cm. Maturo: 70 - 86cm ♂, 100cm ♀.
Tamanho máx.: 121cm ♀, 101cm ♂.
Alimenta-se predominantemente de cefalópodes e pequenas quantidades de peixes,
crustáceos decápodes, invertebrados e outros pequenos condrícteos. Podem
alimentar-se de grandes peixes e mamíferos marinhos tal como o tubarão
“cookiecutter”, removendo pequenos pedaços circulares de carne das suas presas.
Habitat
Espécie demersal, encontrada entre os 270 – 3.700m. Raramente acima dos 400m.
Apresenta segregação por tamanho e sexo, com as fêmeas grávidas a ocorrerem a
profundidades menores e os indivíduos mais jovens em águas mais profundas.
Importância comercial
Capturado como by-catch nas pescarias de arrasto e de palangre de fundo.
Pescado em algumas regiões para aproveitamento do seu fígado e carne.
É utilizado no Atlântico Este para consumo humano e produção de farinha de peixe.
Sujeita a TAC zero em águas da U.E. (2010).
Centroscymnus cryptacanthus (Regan, 1906)
Nome comum: Xara-preta-de-natura, Shortnose velvet dogfish.
Identificação (ID)
1. Presença de quilha lateral ao longo da zona ventral.
2. Espinhos das barbatanas dorsais completamente debaixo da pele.
3. Focinho relativamente longo (mais curto que o do C. crepidater).
4. Base da primeira barbatana dorsal estende-se em direção à cabeça formando um
sulco.
Cor
Coloração castanha uniforme.
Adaptado de: Fishbase
22
Dimensões e biologia
Tamanho máx.: 105cm.
Habitat
Espécie batidemersal, ocorrendo entre os 400 – 1.200m.
Importância comercial
Aparentemente sem grande importância, sendo ocasionalmente capturado na pesca
do arrasto no Atlântico Este.
3.7. Género Dalatias
Dalatias licha (Bonnaterre, 1788)
Nome comum: Gata, Kitefin shark.
(1) Fêmea adulta – 131cm; (2) Macho jovem maturo – 90cm; (3) Macho jovem imaturo –
42cm.
Identificação (ID)
1. Olho de cor verde viva.
2. Lábios grossos e carnudos. Focinho curto e redondo.
3. Barbatanas dorsais sem espinhos.
4. Sem barbatana anal.
5. Barbatana caudal sem lobo inferior diferenciado.
23
Cor
Preto acinzentado ou castanho avermelhado.
Manchas pretas e mal definidas nas costas.
Margens das barbatanas brancas ou translúcidas. Barbatana caudal com ponta preta.
Dimensões e biologia
Nascimento: 30cm. Maduro: 117-159cm ♀, 77-121cm ♂.
Tamanho máx.: 180cm.
Alimenta-se predominantemente de peixes ósseos, lulas, crustáceos e outros
condrícteos.
Foram já registados no conteúdo estomacal grandes peixes pelágicos, tais como atuns
(comportamento necrófago).
Habitat
Ocorre entre os 37 – 1800m. Mais frequente abaixo dos 200m.
Normalmente demersal, sendo frequentemente capturado na coluna de água.
Não parece ocorrer em cardume nem formar agregações.
Importância comercial
Capturado em toda a sua área de distribuição devido ao seu óleo de fígado,
particularmente no Japão e África do Sul.
Usado no Atlântico Este essencialmente para a produção de farinha de peixe.
Sujeito a TAC zero em águas da UE (2010).
Adaptado de: Shark Trust ID Guide
24
4. Amostragem a bordo
4.1.Identificação da espécie
A primeira tarefa que o Observador deverá levar a cabo após a entrada dum tubarão a bordo é
proceder à sua identificação, independentemente se se tratar de uma captura acessória
(retido para comercialização) ou rejeição. Dois cenários possíveis: 1) O Observador consegue
identificar o tubarão com base no conhecimento adquirido na formação e na informação
disponível no Guia de Campo; 2) O Observador não consegue identificar o tubarão ou tem
dúvidas. Em ambos os casos o Observador deverá fazer um registo fotográfico conforme
especificado no ponto 4.1.1. Amostragem Fotográfica.
A entrada da espécie no respectivo formulário será feita recorrendo ao seu código FAO
apresentado na Tabela 3.
Tabela 3. Códigos das principais espécies de tubarões de profundidade
Espécie Código
Centrophorus squamosus GUQ
Centrophorus granulosus GUP
Centrophorus lusitanicus CPL
Centroscyllium fabricii CFB
Deania profundorum SDU
Deania calcea DCA
Deania histricosa SDH
Etmopterus princeps ETR
Etmopterus spinax ETX
Etmopterus pusillus ETP
Centroscymnus crepidater CYP
Centroscymnus coelolepis CYO
Centroscymnus cryptacanthus CYY
Dalatias licha SCK
4.1.1.Amostragem fotográfica
Conforme já foi dito anteriormente, todos os indivíduos alvo de amostragem deverão ser
inicialmente fotografados, por forma a validar a identificação da espécie. Para o efeito, o
Observador deverá efectuar um total de 6 fotografias, seguindo a ordem e os procedimentos
abaixo descritos:
25
1. Corpo inteiro
Procedimento: Colocar o tubarão em posição lateral (de perfil), com a cabeça sempre para o
lado esquerdo (válido para TODAS as fotografias, independentemente se de corpo inteiro ou
parcial) e com as barbatanas dorsais e caudal bem esticadas (tal como na imagem). Tirar a
fotografia de forma a apanhar o tubarão na totalidade, desde a ponta do focinho até à ponta
da barbatana caudal.
2. Cabeça/focinho
3. 1ª barbatana dorsal
4. 2ª barbatana dorsal
5. Barbatana caudal
Procedimento: Tirar a fotografia o
mais aproximado possível, garantindo
que a mesma fique focada e apanhe
toda a cabeça
Procedimento: Colocar o tubarão em
posição lateral e esticar a barbatana.
Tirar a fotografia o mais aproximado
possível, garantindo que a mesma
fique focada e apanhe toda a
barbatana dorsal
Procedimento: Esticar a barbatana.
Tirar a fotografia o mais aproximado
possível, garantindo que a mesma
fique focada e apanhe toda a
barbatana dorsal
26
6. Barbatanas peitorais
4.2.Comprimento total (CT)
O CT define-se como a distância entre a ponta do focinho e o limite da barbatana caudal,
quando o tubarão se encontra bem estendido lateralmente, com a boca fechada e a barbatana
caudal bem esticada (Figura 2). A aferição do CT será efectuada através duma fita métrica
disponibilizada no kit do Observador, a unidade de medida será o cm ajustado ao limite
inferior.
Figura 2. Medição de tubarões de profundidade.
Procedimento: Esticar a barbatana.
Tirar a fotografia o mais aproximado
possível, garantindo que a mesma
fique focada e apanhe toda a
barbatana caudal
Procedimento: Colocar o tubarão em
posição ventral e esticar as
barbatanas. Tirar a fotografia o mais
aproximado possível, garantindo que
a mesma fique focada e apanhe as
barbatanas peitorais
146,7 = 146cm
27
4.3.Peso vivo
Peso vivo (gr): peso real aferido através de um dinamómetro digital ou determinado
posteriormente por factores de conversão. Aquando da utilização do dinamómetro, é
importante que este esteja pendurado num lugar que permita ao Observador, por um lado,
aceder facilmente a ele e, por outro, que os indivíduos suspensos não toquem no chão do
convés. Se houver muito balanço devido a más condições do estado do mar as medições
efectuadas certamente que não serão viáveis. O Observador poderá pesar os indivíduos na
mesma, mas terá que fazer uma observação descrevendo as condições em que o fez. No caso
de o peso do indivíduo pesado for superior ao máximo suportado pelo dinamómetro, o valor
indicado será por estimativa.
Houve um compromisso por parte da seaExpert de se obterem valores de peso-vivo para todos
os indivíduos capturados, mesmo não tendo conhecimento ou experiência das condições a
bordo para tal. Pode acontecer, por motivos diversos (velocidade da manobra, espaço
limitado, condições de Mar, interferência com a manobra de alagem, peso excessivo do
tubarão, imposição do mestre, entre outros), que não seja possível obter estes valores, pelo
que, nesse caso, terá que se recorrer a dados científicos para, através das retas peso-
comprimento, se estimar o peso. Daí a importância da medição ser bem efectuada!
4.4.Diferenciação de género
A diferenciação de género nos elasmobrânquios é efectuada através da presença (machos)
/ausência (fêmeas) de clásperes na zona ventral dos indivíduos, junto às barbatanas pélvicas
(Figura 3). Numa associação directa, pode dizer-se que os clásperes são os testículos do
tubarão.
Figura 3. Diferenciação de género em elasmobrânquios.
28
4.5.Tamanho médio de primeira maturação
Para efeitos de referência, o tamanho médio de primeira maturação para as principais
espécies de tubarões de profundidade é apresentado na Tabela 4. Através do cruzamento das
medições efectuadas a bordo com os valores desta tabela, é possível ao Observador definir o
estado de maturação do tubarão – se maturo ou imaturo.
Tabela 4. Tamanho médio de primeira maturação das principais espécies de tubarões de
profundidade
Espécie
Código
FAO
Comprimento de
primeira maturação
(cm)
Referencia
♂ ♀
Centrophorus squamosus GUQ ≥99.1 ≥126.3 Figueiredo et al. (2008)
Centrophorus granulosus GUP ≥80 ≥93 Gullart (1998)
Centrophorus lusitanicus CPL ≥72 ≥88 Compagno (1984)
Deania profundorum SDU ≥43 ≥70 Compagno (1984)
Deania calcea DCA ≥85 ≥106 Clarke et al. (2002c)
Deania histricosa SDH ≥81 ≥106 Compagno (1984)
Etmopterus princeps ETR ≥55 ≥62 Compagno (1984)
Etmopterus spinax ETX ≥33 ≥33 Compagno (1984)
Etmopterus pusillus ETP ≥38.1 ≥43.6 Coelho and Erzini (2005)
Centroscymnus crepidater CYP ≥64 ≥82 ICES (2010)
Galeus melastomus SHO ≥38 ≥34 Bauchot (1987); Tursi et al. (1993); Ungaro et al. (1994); Rey et al. (2002)
Centroscymnus owstoni CYW ≥70 ≥82 Daley et al. (2002)
Scymnodon ringens SYR Unknown Unknown
Scymnodon obscurus SYO ≥51 ≥59 Compagno (1984)
Hexanchus griseus SBL ≥315 ≥450 Compagno (1984)
Heptranchias perlo HXT ≥85 ≥89 Compagno (1984)
Centroscymnus coelolepis CYO ≥85,1 ≥101.2 Figueiredo et al. (2008)
Centroscymnus cryptacanthus CYY ≥72 ≥102 Compagno (1984)
Dalatias licha SCK ≥95 ≥120 Castro (1983)
A assertividade neste passo é muito importante, especialmente no caso das fêmeas, pois a
determinação do estado de maturação depende do sucesso dessa avaliação.
4.6. Determinação do estado de maturação
Relativamente aos tubarões, apenas nos machos é possível verificar o estado de maturação
por observação directa não intrusiva, nomeadamente através do tamanho e grau de
29
calcificação dos clásperes. Para o Observador conseguir apurar o estado de maturação, deve
ter em atenção o seguinte:
Imaturos: clásperes finos, flexíveis e curtos, não excedendo as pontas posteriores da
barbatana pélvica.
Adolescente: clásperes flexíveis, alongados, excedendo ligeiramente as pontas
posteriores da barbatana pélvica.
Maturo: clásperes grandes, duros (devido à calcificação do esqueleto, incluindo
componentes cartilagíneas nas suas pontas), estendendo-se para além das pontas
posteriores da barbatana pélvica.
No caso das fêmeas, não tendo estas nenhuma estrutura externa que se altere com a
maturação sexual e que sirva para identificar o seu estado de maturação, torna-se necessária a
amostragem intrusiva.
Conforme descrito atrás, um dos objectivos deste projecto é definir se existem ou não áreas
biologicamente sensíveis onde terá de se ter especial atenção na gestão das pescarias. Desta
forma, estando o Observador na presença de uma fêmea com tamanho igual ou superior ao da
primeira maturação (ver tabela 4), é importante determinar se esta se encontra ou não
grávida. Para tal, terá o Observador de eviscerar o individuo (com uma pequena incisão
longitudinal ao longo da zona ventral) de modo a determinar a presença ou ausência de
embriões (Figura 4).
Figura 4. Fêmeas maturas com presença de embriões. a) Centroscymnus crepidater; b)
Centroscyllium fabricii.
4.7. Entrevista ao Mestre
Outra das formas de obter informação, e na impossibilidade de embarcar um Observador por
cada embarcação a pescar, é através da realização de uma entrevista ao Mestre da
embarcação. O questionário está disponível no ANEXO I, e as respostas serão anotadas em
formulário próprio. A entrevista poderá ser feita a bordo ou noutro local a acordar entre o
Observador e o Mestre. Dada a natureza e os objectivos do inquérito, existem uma série de
questões que deixam a resposta em aberto, pelo que existe espaço suficiente para o
Observador registar a resposta em texto corrido. Acima de tudo, é importante o Observador
a) b)
30
perceber os objectivos do mesmo e conseguir “filtrar” a resposta do mestre de forma a dar
resposta ao pretendido.
5.Equipamento
O Observador será provido dos seguintes equipamentos:
1 Fato de sobrevivência;
1 Colete salva vidas;
1 Par de botas;
1 Par de luvas;
1 Conjunto de casaco e calças à prova de água;
1 Capacete de segurança;
1 Prancheta;
1 Bloco de notas;
2 lápis, 1 caneta, 1 afia e 1 borracha;
1 Câmara fotográfica digital;
1 Fita Métrica;
1 Dinamómetro digital;
Formulários;
1 Manual do Observador;
1 Guia de Campo.
O Observador terá, naturalmente, que ter cuidado e estimar todo o equipamento que lhe será
entregue, tendo depois, no final de projecto, de devolvê-lo completo e em boas condições de
conservação. Também naturalmente, algum do equipamento pode sofrer danos fruto do uso e
das condições de trabalho, como sejam as luvas ou o conjunto à prova de água. No entanto,
outro material pode sofrer danos. Nestes casos, o Observador terá de apresentar à seaExpert
uma explicação por escrito do sucedido.
6. Monitorização das operações de pesca
6.1.Registo de informação
Para efeitos de monitorização das operações de pesca, foram desenvolvidos modelos de
formulários específicos (ANEXO II), a preencher pelo Observador. São eles:
Capa de Relatório (Modelo EP1.02CR);
Registo Geral (Modelo EP2.02RG);
Evento de Pesca (Modelo EP3.02EP);
Registo de Ocorrências (Modelo EP4.02RO);
31
Resumo das Capturas (Modelo EP5.02RC);
Resumo de Descarga (Modelo EP6.02RD).
a) Capa de Relatório
A capa de relatório (Modelo EP1.02CR), apesar do nome e de ser o primeiro formulário a ser
apresentado, será o último formulário a ser preenchido. Nele consta informação referente ao
Observador, embarcação, data, hora e porto de saída e chegada, número de formulários
preenchidos por modelo e resumo da descarga.
b) Registo geral
O formulário de registo geral (Modelo EP2.02RG) contará com a identificação do Observador e
da embarcação, incluindo as características gerais da mesma.
c) Evento de pesca
O Observador deverá preencher um formulário “Evento de Pesca” (Modelo EP3.02EP) por cada
lance observado. Um lance, um formulário de Evento de pesca. Neste formulário será
registada para além da informação geral, informações sobre a arte de pesca e as manobras de
largada e alagem do aparelho.
d) Registo de Ocorrências
À semelhança do Evento de pesca, também o Observador deverá preencher um formulário
“Registo de Ocorrências” (Modelo EP4.02RO)i por cada lance observado. Neste formulário, o
Observador irá registar toda a informação resultante da amostragem aos tubarões de
profundidade capturados.
Atenção:
Foto: O Observador deverá guardar e mais tarde disponibilizar à seaExpert um registo
fotográfico de cada um dos indivíduos amostrados, independentemente do grau de
amostragem a que foi sujeito. Exemplo para um embarque na Madeira com 4 eventos
de pesca: Com a chegada do primeiro tubarão a bordo o Observador começará por
identificá-lo com base nos conhecimentos adquiridos na formação e no Guia de Campo
e no Manual do Observador. Independentemente do facto do Observador conseguir
identificar ou não a espécie em questão, deverá proceder a um registo fotográfico da
mesma conforme especificado no Guia de Campo. Este registo é composto por 6 fotos
que deverão seguir a ordem discriminada no referido Guia. Assim sendo, no campo
“Foto” do Formulário “Registo de Ocorrências”, o Observador deverá preencher “1-6”
para o primeiro tubarão e assim sucessivamente até ao último tubarão desse lance (1-
6 supondo que o cartão está vazio à data de início de amostragem). As fotos deverão
ser posteriormente guardadas numa pasta identificada com o código e o nº do lance
(Ex. CSE; 15 de Out; Observador CSE01; Lance nº1: MAD_1015_CSE01-1) e enviadas
para a seaExpert (modo de envio a definir com cada Observador);
32
Comprimento total (cm): sempre que não for possível medir os indivíduos o
Observador deverá incluí-los numa das classes de tamanho discriminadas no
formulário;
Peso vivo (gr): peso real aferido através de um dinamómetro ou determinado
posteriormente por factores de conversão. Aquando da sua utilização é importante
que o dinamómetro esteja pendurado num lugar que permita, por um lado, ao
Observador aceder facilmente a ele, e por outro, que os indivíduos suspensos não
toquem no chão do convés. Se houver muito balanço devido a más condições do
estado do mar as medições efectuadas não serão viáveis. O Observador poderá pesar
os indivíduos na mesma, mas terá que fazer uma observação descrevendo as
condições em que esses mesmos indivíduos amostrados foram pesados.
Definições:
By-catch: captura acessória, ou seja, são espécies retidas a bordo mas que não são alvo
de pesca dirigida.
Rejeição: indivíduos rejeitados (lançados borda fora) por não terem valor comercial ou
tamanho mínimo, ou simplesmente porque a sua comercialização não é permitida.
e) Resumo das Capturas
Neste formulário (Modelo EP5.02RC) o Observador deverá registar o número de indivíduos
capturados, rejeitados e amostrados por espécie. Deverá preencher um por lance. Os
indivíduos capturados correspondem à espécie alvo (peixe-espada preto) e a todas as espécies
de tubarão retidas ou não a bordo. Atenção: o espada preto poderá ser também alvo de
rejeições devido à sua dimensão reduzida, ao facto de terem sido mordidos ou por presença
excessiva de parasitas. Este pescado será então registado como rejeição fazendo referência, no
campo das Observações, ao destino que lhe foi dado (ex: aproveitamento para isco, consumo a
bordo, etc.).
f) Resumo da Descarga
O Observador deverá preencher um formulário “Resumo da Descarga” (Modelo EP6.02RD)
uma única vez por embarque (num embarque poderão realizar-se 1 ou mais lances mas haverá
sempre lugar a apenas uma descarga). O Observador deverá registar o peso vivo, preço/kg e
destino por espécie do pescado descarregado.
6.2.Descrição do preenchimento dos formulários/relatórios
Os formulários e relatórios de actividade, são a base do trabalho desenvolvido pelo
Observador. Assim, de modo a permitir um melhor e mais correcto preenchimento dos
mesmos, optou-se por elaborar uma tabela discriminativa para cada formulário, onde se
identificam todos os campos e a forma adequada para o seu preenchimento:
a) Capa de Relatório
33
Identificação
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/mês e
dia/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da Foz
(CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Mês e dia: ex. 15 de Outubro (1015)
Código do Observador: Código atribuído pela seaExpert
Exemplo: MAD/1015/CFI01
Nome do Observador Primeiro e último nome do Observador
Navio Nome completo do navio
Matrícula Matrícula completa do navio, composta pela letra do porto de
registo – 2 ou 4 dígitos – letra da classe do navio
Dados sobre a viagem Registo de informação geral sobre a viagem: Data/Hora/Porto de
saída e entrada.
Número de formulários
preenchidos por modelo
Resumo do número de formulários preenchidos por viagem.
ATENÇÃO: Mais que 1 folha por lance (p.e. o de ocorrências), conta
como 1 único exemplar.
Resumo da descarga Data e Porto da descarga. Registo do peso vivo, preço/kg e destino
por espécie do pescado descarregado (consumo em fresco, indústria
de filetagem, farinha de peixe, óleo de fígado, outro).
Observações Todos os acontecimentos considerados importantes que não
estejam contemplados e que possam contribuir para um melhor
entendimento do evento de pesca
Observador Assinatura do Observador
Data DD/MM/AAAA
b) Registo geral
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/dia e
mês/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da Foz
(CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Mês e dia: ex. 15 de Outubro (1015)
Código do Observador: Código atribuído pela seaExpert
Exemplo: MAD/1015/CFI01
Total de eventos de pesca Número total de eventos de pesca registados por embarque
Data DD/MM/AAAA
Identificação Geral do Navio
Nome do Navio Nome completo do navio
Matrícula Matrícula completa do navio, composta pela letra do porto de
34
registo – 2 ou 4 dígitos – letra da classe do navio
Código de chamada Código de chamada do navio, composto por 4 letras, caso exista
Nome do Armador Nome completo do armador da embarcação
Nome do Mestre Nome completo do Mestre da embarcação
Artes de Pesca licenciadas Artes de pesca licenciadas para a embarcação
Nº de Tripulantes Nº total de tripulantes a bordo (excepto o Observador)
Características da embarcação (Informação a requerer ao capitão do navio)
Dimensões
Comp. FF Comprimento máximo, medido fora a fora, do navio, em metros
Boca Largura máxima do navio, em metros
TAB Tonelagem de Arqueação Bruta – volume interior da embarcação
Propulsão
Motor Cilindrada do motor da embarcação, em cm3
Potência Potência máxima do motor expressa em KW
Combustível Capacidade máxima de combustível, em toneladas
Construção
Ano Ano de construção
Origem Origem/local e estaleiro de construção
Tipo de sistemas de frio Identificar os vários tipos de sistemas de frio do pescado
Exemplo: Câmaras de congelação, túnel de congelação rápida,
serpentinas, gelo, etc.
Capacidade Capacidade de armazenagem máxima de pescado nos porões, em
toneladas ou cubicagem
Equipamentos da ponte Identificar os vários equipamentos da ponte.
Exemplo: sonar, plotter, radar, inmarsat, VHF, GPS, etc.
Tipo de Alador Características do alador utilizado na manobra de pesca
Contactos Contacto telefónico, fax, e-mail ou outro existente a bordo
Informação Geral do Observador
Nome Nome completo do Observador
Telefone Telefone de contacto do Observador
Data do início da missão Dia/mês/ano do início de missão. Data de saída do porto
Data do fim da missão Dia/mês/ano do fim da missão. Data após descarga
Observações gerais Todos os acontecimentos considerados importantes para o melhor
entendimento da atividade de pesca do navio e que não estejam
contemplados no formulário de Registo Geral
c) Evento de pesca
Identificação
Nome do Observador Primeiro e último nome do Observador
Navio Nome completo do navio e matrícula
35
Nº lance O número do lance por viagem começa no número 1 e é sequencial.
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/mês e
dia/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da Foz
(CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Mês e dia: ex. 15 de Outubro (1015)
Código do Observador: Código atribuído pela seaExpert
Exemplo: MAD/1015/CFI01
Arte de pesca
Tipo de aparelho Código da arte de pesca (FAO) – LLS (Palangre de fundo), LLD
(Palangre derivante)
Nº bóias emissoras Bóias que identificam o início e fim do aparelho de pesca, sendo
igualmente utilizadas para localizar o aparelho. Aplicável na Madeira
e Açores
Nº balonas Nº de balonas utilizadas entre as bóias emissoras
Nº gamelas Nº de gamelas/celhas utilizadas no evento de pesca
Nº anzóis por gamela Nº de anzóis em cada gamela
Nº total de anzóis Nº total de anzóis utilizados no aparelho
Isco Tipo de isco utilizado no evento de pesca
Estralho
Comprimento Comprimento em braças dos estralhos utilizados
Diâmetro Diâmetro dos estralhos
Distância entre estralhos Distância em braças entre os estralhos
Anzol
Nº Nº do anzol utilizado no aparelho de pesca
Marca e modelo Marca e modelo dos anzóis utilizados. Se não for possível, tirar o
maior pormenor possível de informação sobre o mesmo.
Início e Fim da Largada e Alagem
Data/Hora *Data e Hora da largada do aparelho.
Profundidade Profundidade dos pesos, em braças
Latitude GPS - Graus, minutos e segundos do quadrante Norte
Longitude GPS - Graus, minutos e segundos do quadrante Oeste
Velocidade da largada Velocidade média em nós efectuada pela embarcação durante a
manobra de largada do aparelho
Escala Beaufort Classifica a intensidade dos ventos, tendo em conta a sua velocidade
e os efeitos resultantes no mar e em terra (consultar escala em
ANEXO III)
Observações Todos os acontecimentos considerados importantes, que não
estejam contemplados, e que possam contribuir para um melhor
entendimento do evento de pesca
Observador Assinatura do Observador
36
*Tendo em conta a dinâmica da pesca em Portugal Continental os dados do início e fim da
largada deverão ser solicitados ao capitão
d) Registo de ocorrências
Identificação
Data Data do lance no formato dia/mês/ano
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/mês e
dia/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da Foz
(CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Mês e dia: ex. 15 de Outubro (1015)
Código do Observador: Código atribuído pela seaExpert
Exemplo: MAD/1015/CFI01
Mestre Primeiro e último nome do Mestre da embarcação
Navio Nome completo do navio e matrícula
Nº do lance O número do lance começa no número 1 e é sequencial por viagem
By-catch / Rejeições
Nº O número do indivíduo começa no nº 1 e é sequencial
Anzol Anzol em que foi capturado o tubarão. Devido à dificuldade de obter
esta informação, optou-se por dividir a porção de aparelho entre
duas pedras em 3 segmentos, conforme discriminado no formulário.
Assim sendo, 1 diz respeito aos anzóis situados no 1º segmento, 2 no
2º segmento e 3 no 3º segmento. O 1º segmento corresponde a 25%
dos anzóis situados após cada pedra, o 2º a 50% dos anzóis
seguintes, e o 3º aos últimos 25% de anzóis. Reinicia-se o processo
após cada pedra.
Foto Nº das fotos identificativas do indivíduo amostrado. Ex. 2-8
Código Código FAO para a espécie composto por 3 letras. Ver tabela 3.
Comprimento total (cm) Comprimento total dos indivíduos amostrados (cm), tal como
definido no capítulo 4.2 do manual. No caso das rejeições sempre
que seja impossível medir os indivíduos o Observador deverá tentar
incluí-los numa das classes de tamanho discriminadas no formulário
Peso (g) Corresponde ao peso total (g) do indivíduo amostrado.
Sexo Registo do sexo do indivíduo – Macho/fêmea. (4.4)
Maturação Registo do estado de maturação (matura ou imaturo) dos indivíduos
amostrados através de uma cruz (X). Ver tabela 4.
Maturação ♀ Registo do estado de maturação das fêmeas – presença ou ausência
de embriões (4.5)
By-Catch (B); Rejeição (R) Consoante o indivíduo amostrado constituir by-catch ou rejeição, o
Observador deverá preencher B ou R, respectivamente
37
Observações Todos os acontecimentos considerados importantes, que não
estejam contemplados, e que possam contribuir para um melhor
entendimento da amostragem realizada
Observador Assinatura do Observador
e) Resumo das Capturas
Observador Primeiro e último nome do Observador
Navio Nome completo do navio e matrícula
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/dia e
mês/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da Foz
(CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Dia e mês: ex. 15 de Outubro (1510)
Código do Observador: nº de Observador
Exemplo: MAD/1510/01
Nº lance O número do lance começa no número 1 e é sequencial para um
embarque.
Data Data do lance no formato dia/mês/ano
Código espécie Código FAO de 3 letras da espécie capturada. Ver tabela 3.
Nº de indivíduos
capturados
Corresponde ao número total de indivíduos capturados por espécie
durante um determinado evento de pesca (espécie alvo + capturas
acessórias (by-catch) + rejeições
Nº de indivíduos
rejeitados
Corresponde ao número total de indivíduos rejeitados por espécie
durante um evento de pesca
Nº de indivíduos
amostrados
Corresponde ao número total de tubarões de profundidade que
foram amostrados por espécie (by-catch + rejeições)
Observações gerais Todos os acontecimentos considerados importantes, que não
estejam contemplados, e que possam contribuir para um melhor
entendimento do evento de pesca
Observador Assinatura do Observador
f) Resumo da Descarga
Nome do Observador Primeiro e último nome do Observador
Navio Nome completo do navio e matrícula
Código O Código é composto pelo código do porto de saída/dia e
mês/código do Observador.
Códigos dos portos: Açores S. Miguel (ASM); Açores Pico (API);
Açores Faial (AFA); Madeira (MAD); Sesimbra (CSE); Figueira da
Foz (CFF); Peniche (CPE); Matosinhos (CMA).
Dia e mês: ex. 15 de Outubro (1510)
38
Código do Observador: nº de Observador
Exemplo: MAD/1510/01
Porto Registo do porto onde foi efectuada a descarga do pescado.
Data e Hora Início Data e hora do início da descarga
Data e Hora Fim Data e hora do fim da descarga
Código espécie Código FAO de 3 letras da espécie capturada. Ver tabela 3.
Peso vivo (kg) Registo do peso vivo em Kg por espécie descarregada.
Preço/kg (€) Registo do preço/kg do pescado descarregado por espécie.
Destino Destino dado ao produto descarregado (consumo humano,
farinha de peixe, óleo de fígado, etc.)..
Observações Todos os acontecimentos considerados importantes, que não
estejam contemplados e que possam contribuir para um melhor
entendimento da descarga
Mestre Assinatura do Mestre
Observador Assinatura do Observador
7.Procedimentos Operacionais (logística, plano de embarques, viagens e
alojamento, comunicação, etc.)
Este capítulo estabelece as responsabilidades do Observador. A comunicação entre o
Observador e os Coordenadores do Programa é um aspecto importante para assegurar o bom
desenvolvimento do Programa.
7.1.Preparação para o embarque
É importante que o Observador esteja devidamente preparado devido ao curto espaço de
tempo entre a preparação e a concretização do embarque.
7.1.2.Seguro e assistência médica
Os Observadores serão assegurados através da seaExpert.
Lista de contactos em caso de emergência:
1º - Telefonar para a sede da seaExpert e aguardar instruções;
Telefone: + 351 292 948 409
Fax: + 351 292 240 905
2º - Caso não obtenha resposta, contactar directamente os responsáveis da seaExpert:
Henrique Ramos: + 351 963 500 687
Emanuel Silva: + 351 964 545 735
Leonel Gonçalves: + 351 925 460 807
39
7.1.3. Termo de aceitação mútua da presença do Observador a bordo do navio de
pesca
Antes do Observador embarcar será assinado um Termo de Aceitação Mútua da Presença do
Observador a Bordo do Navio de Pesca entre o Observador e o Mestre da embarcação. Este
Termo de Aceitação evidencia as responsabilidades de ambas as partes relativamente ao
embarque, bem como os termos e condições associados.
7.2.Esquema de embarque
7.2.1.Antes do embarque
A seaExpert será responsável por:
Contactar o Mestre e/ou Armador do navio;
Marcar a data, hora e local do embarque;
Contactar o Observador e transmitir-lhe as informações referidas no ponto anterior;
Registar o Observador no rol da tripulação;
Fornecer ao Observador um cartão de Observador, o Manual do Observador, o Guia de
Campo e os formulários para recolha de dados;
Realizar, se necessário, um curto briefing antes do embarque.
O Observador será responsável por:
Comparecer na data, hora e local designados para o embarque;
Transportar o kit do Observador, o cartão de Observador, o Manual do Observador, o
Guia de Campo e os formulários para recolha de dados;
Alimentação
7.2.2.Durante o embarque
O Observador deverá:
Efectuar uma volta de reconhecimento pelo navio;
Preencher os formulários;
Realizar o questionário ao Mestre (poderá ser feito noutro local a combinar entre o
Observador e o Mestre).
Nota: Se a metodologia especificada para a recolha de dados não for passível de ser
aplicada, o Observador deverá descrever de forma pormenorizada a metodologia
alternativa utilizada.
7.2.3.Após o embarque
O Observador deverá:
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Enviar por fax ou e-mail os formulários e questionário correspondentes ao embarque
efectuado;
Manter os formulários e questionários em formato físico, que por sua vez deverão ser
enviados para a sede da seaExpert no final do Programa, ou do “contrato” do Observador;
Proceder à limpeza e manutenção do seu equipamento;
Ficar em stand by aguardando instruções para um novo embarque.
7.2.4.Viagem do e para o local de embarque
Os custos associados à deslocação do Observador serão reembolsados pela seaExpert.
7.2.5.Alojamento
Caso haja necessidade de alojar o Observador antes ou após o embarque, a seaExpert e o
Observador comunicarão no sentido de encontrar a melhor solução para ambas as partes. De
qualquer modo é importante que, sempre que possível, e numa situação de espera por um
embarque, o Observador se familiarize com determinados aspectos tais como horários de
transportes, como chegar a determinados locais, infra-estruturas, etc. Em caso de dúvida,
imprevisto ou qualquer outra situação que possa colocar o embarque em causa, o Observador
deverá contactar os Coordenadores do Programa com o máximo de antecedência possível, de
forma a não pôr em risco a realização do embarque.
7.3.Comunicação
7.3.1.Comunicações por escrito
O formato de todas as comunicações escritas deverá incluir determinada informação com o
objectivo de facilitar a resposta.
Por correio electrónico:
Para: [email protected]
CC: [email protected], [email protected]
Assunto: Ex: Chegada ao porto; Fim de Missão; Pedido de esclarecimentos, etc.
Corpo do e-mail:
Nome: Nome completo do Observador
Embarcação: Nome e matrícula
Data: DD-MM-AAAA
Urgência: Alta, média, pequena
Por correio aéreo:
De: Nome e Morada completos do Observador
Para: seaExpert, Lda
Rua Serpa Pinto, nº33
9900-095 Matriz Horta
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Assunto: Ex: Entrega de documentos
Embarcação: Nome e matrícula
Data: DD-MM-AAAA
Urgência: Alta, média, pequena
Página: Ex: 1
Total nº de páginas: Ex: 1/2
O envio de informação nestes moldes permitirá aos coordenadores tratar dos assuntos por
ordem de prioridade, contribuindo para a eficiência do programa e uma resposta adequada.
7.3.2. Comunicação com terceiros
Inclui:
Mestres e Armadores, incluindo os seus representantes ou agentes;
Comunicação Social, etc.
Tendo em conta a importância da pesca do peixe-espada preto, em particular na Região
Autónoma da Madeira e Sesimbra, poderá haver entidades alheias ao programa interessadas
nos comentários do Observador. Assim, o Observador terá que ter sempre em mente que
todos os dados que recolhe são confidenciais. As suas observações e comentários deverão ser
enviados apenas para a seaExpert.
Os comentários do Observador poderão ser tomados fora de contexto ou ser mal
interpretados para se adequarem a uma determinada história ou notícia. Alguns dos
momentos mais vulneráveis são:
Quando o Observador termina o embarque;
Circunstâncias informais quando está cansado;
Na sequência de um embarque difícil.
7.3.2.1.Regras gerais
O Observador não deverá:
Mencionar quaisquer práticas profissionais ou pessoais com as quais não se tenha
sentido à vontade;
Divulgar qualquer tipo de informação acerca das operações de pesca;
Quando a bordo ou no momento da descarga, eventuais conversas com terceiros
deverão ser levadas a cabo em frente a, ou de modo a que os trabalhadores desses
locais possam ouvir, demonstrando assim a sua imparcialidade.
7.3.2.2.Abordagem ao lidar com terceiros
Apresente-se usando para o efeito o seu cartão de Observador (demonstrando assim a sua
identidade e função);
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Se pressionado para ceder informações, lembre aos indivíduos que o abordam que toda a
informação recolhida no âmbito do programa é confidencial (CODIGO DE CONDUTA DO
OBSERVADOR);
Mantenha sempre uma postura profissional e respeitosa.
7.3.3.Rádio
Os rádios VHF têm um alcance máximo de aproximadamente 50 milhas, dependendo das
condições atmosféricas. São frequentemente utilizados pelos oficiais de bordo para comunicar
com outros navios presentes na área e como tal só deverão ser usados pelo Observador
quando estritamente necessário e com o consentimento do Mestre ou do operador de rádio.
Não divulgue quaisquer detalhes sobre as operações e/ou condições a bordo da embarcação
via rádio.
7.3.3.1.Comunicação de emergência
As frequências de emergência no mar são 2182 kHz (HF) e o canal 16 (VHF).
7.3.3.2. Pedido de socorro “Distress call”
Permaneça calmo e fale claramente:
MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY (x3);
Nome da embarcação (x3);
Posição (verifique a posição GPS se possível);
Natureza da emergência;
Número de tripulantes;
Descrição do navio;
Frequência de transmissão;
Repita tantas vezes quanto possível deixando um intervalo de tempo para uma
resposta enquanto o tempo o permitir;
Em casos extremos realize apenas os primeiros 4 passos.
8. Conduta e Comportamento do Observador
O Observador representa a seaExpert no âmbito do projecto “REDUCTION OF DEEP-SEA
SHARKS BY-CATCHES IN THE PORTUGUESE LONG-LINE BLACK SCABBARD FISHERY” (Ref. MARE
C3/IG/re ARES (2011) – 1021013) promovido pela Comissão Europeia – Direcção Geral dos
Assuntos Marítimos e das Pescas (DGMARE).
8.1.Conduta a bordo
43
O Observador deverá, assim que possível, reunir com o Mestre da embarcação e explicar-lhe
quem representa e qual o seu papel a bordo.
A PRINCIPAL FUNÇÃO DO OBSERVADOR É RECOLHER INFORMAÇÃO ACERCA DOS LANCES,
CAPTURAS E ARTE DE PESCA.
O Observador deverá familiarizar-se rapidamente com a embarcação e ter uma conduta
profissional durante a totalidade do período de observação a bordo.
A recolha de informação fotográfica respeitante a by-catch, rejeições, espada-preto, arte de
pesca, ou qualquer outra actividade levada a cabo a bordo e com interesse para o programa
não deverá ter lugar sem antes o Observador pedir permissão ao Mestre da embarcação. Num
cenário em que o Mestre se mostre intransigente, o Observador deverá explicar o quão
importante é para o sucesso do estudo obter um registo fotográfico de todas os tubarões
capturados (diminuição do grau de incerteza na identificação das diferentes espécies de
tubarão).
8.2.Conduta durante inspecções a bordo
O Observador não se deverá envolver nas inspecções que poderão eventualmente ocorrer a
bordo do navio onde está embarcado. O Observador deverá exibir o seu cartão de Observador
caso seja solicitado.
8.3.Conduta em terra e em trânsito
Devido à flexibilidade necessária para satisfazer a logística de embarques, o Observador
poderá ter que aguardar indicações para o embarque seguinte numa determinada localização.
Numa situação como esta o Observador deverá comportar-se de forma profissional não pondo
nunca em causa a boa imagem do programa.
8.4.Comunicações
As comunicações via rádio não são seguras. O Observador não deverá utilizar linguagem
desapropriada. Se o Observador não estiver seguro acerca de um determinado protocolo de
amostragem, ou qualquer outra matéria relacionada com o programa, poderá esclarecer as
suas questões via rádio ou telemóvel, sem no entanto referir a posição da embarcação e a
dimensão e composição das capturas a bordo.
8.5.Confidencialidade
Todo a informação recolhida a bordo (formulários, inquéritos, fotografia, vídeo, etc.) deverá
ser tratada como confidencial.
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O salário do Observador é um assunto confidencial e não deverá em situação alguma ser
objecto de discussão com nenhum membro da tripulação ou pessoa relacionada com a
actividade.
8.6 Código de conduta e comportamento do observador
O Observador não deverá participar em qualquer actividade que possa:
pôr em causa a imparcialidade ou objectividade do programa;
prejudicar a sua capacidade para cumprir com os seus deveres;
afectar de forma adversa a realização dos objectivos do programa.
O Observador não deverá ter interesses financeiros directos na pescaria observada.
O Observador não deverá ter uma relação familiar com indivíduos envolvidos na pesca do
peixe-espada preto.
O Observador não deverá solicitar ou aceitar, directa ou indirectamente, de ninguém
relacionado com a pesca do espada preto, presentes, favores, entretenimentos, empréstimos
ou qualquer outra coisa com valor monetário que possam influenciar os seus deveres
enquanto Observador.
O Observador não deverá solicitar ou aceitar emprego como membro da tripulação enquanto
desempenhar funções de Observador.
O Observador não se deverá envolver em actividades que dêem azo a conflitos de interesses e
que por conseguinte possam levar alguém a questionar sobre a imparcialidade e integridade
do Observador.
O Observador deverá evitar qualquer comportamento que possa afectar negativamente a
opinião do público em geral sobre a integridade do programa de Observadores,
nomeadamente:
O Observador deverá registrar com precisão os seus dados de amostragem e escrever
relatórios completos;
O Observador deverá salvaguardar a confidencialidade dos dados recolhidos e das observações
realizadas a bordo das embarcações envolvidas no programa de amostragem;
O Observador deverá abster-se de quaisquer acções ilegais ou quaisquer actividades que
possam ter um reflexo negativo na sua imagem, na dos outros Observadores, ou no programa
de Observadores como um todo. Isto inclui, mas não está limitado a:
consumo de bebidas alcoólicas durante o exercício da sua actividade;
consumo e/ou distribuição de substâncias ilegais;
envolver-se física e emocionalmente com membros da tripulação.
45
9.Segurança no Mar
A segurança pessoal do Observador durante um embarque constitui a sua primeira
responsabilidade.
Nunca é de mais relembrar que a pesca comercial é uma das actividades mais perigosas do
mundo. Prova disso mesmo é o elevado número de vítimas. A maioria dos acidentes e das
baixas resultam de erro humano. Contudo, os perigos poderão ser minimizados através de
preparação, operações seguras, bom senso e reacções rápidas, calmas e eficazes.
Seja prudente e ouça os preciosos conselhos da tripulação; lembre-se que é um estranho num
local com variadíssimos perigos; nunca facilite, não menospreze o perigo e tente sempre seguir
as indicações que lhe forem transmitidas pelo Mestre em caso de acidente ou situação que
envolva perigo. A preparação é a melhor ferramenta para se manter a salvo.
9.1.A bordo
Após o embarque, logo que lhe tenha sido indicado o seu camarote e completas as
formalidades, o Observador deverá familiarizar-se com o navio o mais detalhadamente
possível. Comece por obter conhecimento de todos os procedimentos de segurança em caso
de incêndio (dos perigos mais eminentes no Mar e muitas vezes subestimado), homem ao mar,
navio abandonado, etc. Preparação, previsão e bom senso são cruciais para a sua segurança, já
que a maioria dos acidentes resulta de uma resposta incorrecta a uma circunstância perigosa.
É dever do Observador seguir as regras de segurança do navio e saber a localização dos
seguintes equipamentos:
Extintores;
Mangueiras de água;
Dispositivos de sinalização (fachos de mão, sinais de fumo, sinais com paraquedas,
buzinas de ar, etc.);
Balsa salva vidas;
Estojos de primeiros socorros;
Bóias salva vidas;
“Strobes”;
Colete salva vidas;
EPIRB’s (Emergency Position-Indicating Radio Beacon);
Fatos de sobrevivência.
O Observador deverá manter o seu equipamento pessoal de segurança num sítio estratégico.
9.2.Movimentos a bordo
As quedas são um perigo constante e uma fonte comum de ferimentos a bordo. O Observador
deverá dar especial atenção à forma como se desloca a bordo, ao facto do convés ser um local
46
escorregadio e aprender o que e como agarrar para prevenir quedas. Apoie-se nos corrimões
sempre que possível!
É também muito importante ter atenção à forma como desce e sobe escadas e não transportar
qualquer carga (deverá ser passada ou içada). Se por qualquer motivo for necessário utilizar
uma escada portátil, o Observador deverá assegurar-se de que a mesma está bem fixa.
Sempre que o Observador se dirigir ao convés sozinho durante a noite ou numa situação de
más condições do estado do mar deverá avisar um membro da tripulação. É aconselhável levar
uma lanterna e vestir o colete de salva vidas.
O Observador deverá manter-se afastado de cabos que se encontrem sob tensão e de
qualquer objecto suspenso no ar. O Observador não deverá colocar-se no alinhamento de
cabos operados por gruas ou guinchos, mas sim ao lado. Cuidado com as voltas de cabos,
independentemente do material com que são feitos. O Observador deverá vestir o capacete
de segurança sempre que esteja a trabalhar no convés!
9.3.Equipamento pessoal
Enquanto o Observador estiver a exercer as suas funções a bordo, deverá estar preparado para
quaisquer condições do estado do mar. A seaExpert providencia o seguinte vestuário de
protecção:
Casaco e calças à prova de água
Capacete de segurança
Fato de sobrevivência
Colete salva vidas
Botas
Luvas
As condições a bordo são normalmente húmidas e frias. O vestuário de protecção permitirá ao
Observador manter-se seco e quente.
As botas de biqueira de aço protegerão os pés do Observador de ferimentos, água e frio e
darão tração em superfícies escorregadias. As botas deverão ser de um tamanho confortável e
facilmente removíveis numa situação de homem ao mar.
O capacete de segurança é uma peça fundamental do equipamento de segurança. Deverá ser
usado sempre que o Observador estiver no convés, não excluindo a hipótese de o utilizar de
uma forma mais generalizada em situações de más condições do estado do mar.
Outro aspecto a ter em atenção está relacionado com os Observadores que tenham cabelo
comprido. Este deverá ser apanhado se o Observador estiver a trabalhar junto a guinchos ou
qualquer outra máquina em movimento.
9.4.Saúde
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A fadiga e o stress são os principais inimigos para a segurança do Observador. Este deverá
descansar o máximo possível, alimentar-se bem, e permanecer quente e seco. A fadiga afecta
negativamente a coordenação de movimentos, a capacidade de avaliação e a força do
Observador, tornando-o mais susceptível a acidentes. O Observador deverá conhecer os seus
limites, e ser extremamente cuidadoso quando cansado ou stressado.
Qualquer ferimento deverá ser alvo de cuidado imediato e comunicado ao Mestre. É
importante que o Observador conheça a localização exacta da caixa de primeiros socorros e
que saiba utilizar os elementos que a constituem. Antes de embarcar, é importante que o
Observador verifique se tem as vacinas do tétano e difteria em dia e visite o seu dentista
(especialmente importante para os Observadores a operar na Madeira e Açores).
9.5.Procedimentos de emergência
O Observador não terá um “posto de serviço”, nem responsabilidades específicas em situações
tais como homem ao mar, ferimento, fogo, colisão, perda de estabilidade ou de potência da
embarcação. No entanto, o Observador deverá participar em todas as simulações de
emergência e treinos, e saber exactamente para onde se deverá deslocar em caso de
emergência real. O Observador não deverá menosprezar este procedimento; é da sua inteira
responsabilidade familiarizar-se com o plano de segurança da embarcação. O Observador
deverá manter-se calmo e prestável, seguir as ordens emitidas, e fazer tudo o que estiver ao
seu alcance para minimizar a probabilidade de ocorrência de uma lesão ou acidente para si
mesmo, para a tripulação e navio. Uma resposta rápida e eficaz pode significar a diferença
entre a vida e a morte.
9.5.1.Exercícios
Exercícios de abandonar navio, homem ao mar e fogo deverão ter lugar a bordo da
embarcação. Estes exercícios são extremamente importantes. Uma boa educação reduzirá
confusões e erros numa situação de emergência real.
O Observador deverá estar familiarizado com os seguintes equipamentos:
Alarmes ou sinais de emergência e o que fazer quando forem accionados,
Quando e como lançar a balsa salva vidas e as precauções a ter antes, durante e após o
seu lançamento;
Como colocar o fato de sobrevivência e o colete salva vidas e entrar na água;
Embarcar numa balsa e como colocá-la na sua posição final;
Conhecimento de todo o equipamento presente na balsa e como usá-lo;
Compreender como sobreviver numa jangada;
Como usar o EPIRB e outros equipamentos de sinalização;
Os perigos da hipotermia e como minimizar os seus efeitos.
9.5.2.Homem ao mar
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Procedimentos básicos:
1º Se o Observador testemunhar a queda de algum elemento da tripulação ao mar, deverá
imediatamente fazer soar o alarme e/ou gritar “HOMEM AO MAR” para que todos a bordo
acorram ao local e se dê início à operação de resgate. 2º Lançar uma bóia de salvação ou
qualquer outro objecto flutuante como por exemplo uma defensa. Nunca perder a vítima de
vista! Se a ocorrência tiver lugar durante a noite é de todo conveniente lançar um facho
luminoso (com pilhas!) junto com a bóia.
3º Se for de dia, e o mar estiver agitado, lançar para junto do náufrago um dispositivo de fumo
laranja com o intuito de facilitar a localização do náufrago. É muito importante que um
tripulante se dedique exclusivamente a vigiar a posição da vítima, para que o comandante e
restante tripulação concentrem a sua atenção nas manobras de bordo.
9.5.3.Fogo
O Observador deverá conhecer o som do alarme de fogo, bem como todas as vias de
evacuação de áreas de convívio e de trabalho e praticá-las em situações de escuridão total. No
caso de o Observador detectar um foco de incêndio deverá fazer soar o alarme
imediatamente. Se se tratar de um pequeno fogo e se o Observador se sentir confortável e
com meios à disposição (extintores ou outros meios), deverá tentar extinguir o incêndio. Se o
fogo for de maiores dimensões e abaixo do convés, o Observador deverá isolar
completamente o compartimento em causa fechando escotilhas, portas e quaisquer outras
aberturas.
Para sua própria segurança, o Observador deverá estar familiarizado com a localização dos
equipamentos de combate ao fogo, incluindo extintores, mangueiras e bombas, machados,
equipamento de respiração, etc.
9.6.Abandono do navio
A ordem para abandonar o navio é dada quando o navio está numa situação tal que põe em
perigo as vidas dos que estão a bordo. O aconselhável é permanecer a bordo até ao último
momento possível. Os membros da tripulação estarão menos expostos às condições do meio e
é muito mais fácil para as equipas de salvamento localizarem um navio do que uma jangada
salva vidas ou uma pessoa na água. O Observador deverá manter o equipamento de
sobrevivência num local facilmente acessível para o caso de uma emergência.
Aspectos a considerar com o objectivo de aumentar as hipóteses de sobrevivência:
Reconhecimento, Inventário, Abrigo, Sinais, Água, Alimentos, Diversão (Play).
9.6.1.“Vestir para sobreviver”
49
Assim que for dada a ordem para abandonar o navio o Observador deverá vestir o máximo de
roupa quente que conseguir (incluindo um gorro de lã) e o fato de sobrevivência. Se por algum
motivo não conseguir localizar o fato de sobrevivência, deverá vestir algo impermeável por
cima da outra roupa. Quando entrar na água, isto irá reduzir drasticamente o choque térmico,
que poderia incapacitar o Observador. O excesso de roupa não afundará o Observador como
alguns acreditam erroneamente. Assegure-se de que possui flutuação. Sem um colete salva
vidas mesmo bons nadadores poderão ter dificuldade em manter-se à superfície por causa do
frio, choque e caimbras. O colete salva vidas permitirá ao Observador flutuar sem ter que se
esforçar para nadar, não importa a quantidade de roupa que vista.
9.6.2.Lançar a balsa salva vidas
O Observador deverá perceber qual é o procedimento inerente ao lançamento de uma
jangada pois a sua assistência poderá ser necessária.
9.6.3.Abastecimento
A balsa contém por norma uma quantidade considerável de materiais e equipamentos
essenciais à sobrevivência. Contudo, nunca é de mais adicionar algumas coisas se houver
disponibilidade de tempo para tal. Será prudente ter o seu próprio kit de sobrevivência pronto
a ser usado. Itens que deverão estar presentes na balsa:
EPIRB;
Fachos de mão, “Strobes” e outros equipamentos de sinalização;
Âncora ou “drogue”;
Recipientes extra com água: flutuarão e poderão ser rebocados pela jangada;
Cobertores e roupa extra;
Plásticos e lonas;
Alimentos energéticos e suplementos vitamínicos;
Kit de primeiros socorros;
Comprimidos para o enjoo;
Baldes e vertedores;
Cabo, etc.
9.6.4.Kit de sobrevivência pessoal
O Observador aumentará as suas hipóteses de sobrevivência se criar um kit de sobrevivência
num saco impermeável que deverá manter guardado junto ao fato de sobrevivência. Dica: Ate
um cordão ao saco para que possa segurá-lo mais facilmente quando estiver na água.
Conteúdos sugeridos:
Gorro de lã;
Cobertor reflector(?);
EPIRB pessoal;
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Fachos de mão;
“Strobe”;
Espelho;
Lanterna e baterias;
Água;
Barras de chocolate ou outros alimentos altamente energéticos.
9.6.5.Embarcar numa balsa salva vidas
Sempre que possível deverá embarcar numa balsa a partir do navio evitando ao máximo a
entrada de e na água. O Observador poderá descer até à balsa através de uma escada ou
corda, ou saltar para a abertura do toldo. Não salte para cima do toldo! Poderá magoar-se ou
danificar o toldo. Se o Observador tiver que entrar na água deverá fazê-lo perto do “painter”
(cabo fixo à balsa). O Observador deverá manter o contacto com o “painter” e usá-lo como
guia para subir à jangada.
Se saltar for a única solução, o Observador deverá certificar-se de que o local para onde vai
saltar não representa nenhum perigo à sua integridade física. Tenha atenção ao arrastamento
do navio! Se vestir o fato de sobrevivência assegure-se de que está bem fechado. Ao saltar
proteja a cabeça com um braço e salte de pés juntos. Se vestir um colete salva vidas, cruze um
braço sobre o peito, tape o nariz e a boca com a outra mão e tome atenção à cabeça.
Evite ficar na água mais tempo do que estritamente necessário. O calor corporal perde-se
muito mais rapidamente do que é gerado, conduzindo a situações de hipotermia.
Subir para a jangada sem ajuda é uma tarefa árdua. Eleve-se para bordo recorrendo à escada,
cabos ou qualquer outro objecto disponível à entrada da jangada. Não utilize o toldo pois
poderá rasgá-lo. Assim que todos os tripulantes estiverem dentro da jangada, feche a entrada
para impedir a entrada de água e frio. Se não conseguir entrar na jangada não nade sem
objectivo pois só aumentará a perda de calor. Permaneça tão estático quanto possível usando
a flutuabilidade disponível para manter o corpo à tona. Se estiver perto de objectos flutuantes,
use-os para manter-se fora de água. A perda de calor é mais rápida na água do que no ar. Se
possível forme um grupo com os outros sobreviventes na água.
9.7.Sobrevivência na jangada
9.7.1.Manter-se junto ao navio
Quer esteja na jangada ou na água tente manter-se junto ao navio. Este poderá não afundar,
permitindo que regresse a bordo. Por outro lado, e tal como já foi referido anteriormente, será
mais fácil para as equipas de salvamento localizarem uma embarcação do que uma pessoa ou
jangada. Esta prática permitirá também manter-se mais perto da posição comunicada na
chamada de socorro. Mantenha a jangada fixa ao navio, a não ser que um fogo ou outro perigo
o impeça. Se existir mais do que uma jangada na água mantenha as duas juntas, atando-as
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com um cabo (doubled rescue line). Haverá assim maior quantidade de equipamento de
sobrevivência disponível e facilitará o processo de salvamento. Em más condições do estado
do mar é aconselhável deixar uma folga entre as duas jangadas. Se o cabo for demasiado curto
há o risco de uma das jangadas virar.
Se a jangada não estiver atada à embarcação use a âncora ou o “drogue” que deverá fazer
parte do equipamento da jangada. Reduzirá o arrastamento para longe do local do incidente,
aumentando as hipóteses de detecção. O “drogue” deverá estar fixo de tal maneira que é
libertado automaticamente quando a jangada é lançada. Deverá ser usado continuamente e o
cabo inspeccionado regularmente. O cabo em questão deverá poder deslocar-se em torno da
jangada contribuindo para a melhoria da estabilidade, da ventilação, etc.
9.7.2.Uso de sinais de perigo
Se o Observador tiver um EPIRB deverá ligá-lo o mais rapidamente possível. O fio do EPIRB
deverá estar fixo à jangada ou ao indivíduo se este estiver na água. A maioria destes
equipamentos operam melhor flutuando com a antena na vertical. Em situações de
tempestade o EPIRB deverá ser operado dentro da jangada, mesmo apesar desta prática poder
ter como consequência a diminuição do poder de alcance do sinal. Deverá ser seguro na
vertical, sem tocar na antena. Atenção: EPIRBs activados pela água deverão ser mantidos
dentro de água.
Os sinais visuais de socorro deverão ser incluídos numa balsa devidamente embalados. Estes
incluem pirotécnicos (fachos, sinais de fumo), lanternas e strobes, e dispositivos mecânicos
tais como bandeiras de socorro (de sinalização marítima) e espelhos. Cada um tem vantagens
e desvantagens e só é útil se utilizado eficazmente. Não desperdice sinais de socorro. Use-os
apenas quando houver uma hipótese razoável de serem vistos.
Leia sempre e siga as instruções cuidadosamente. Fachos e sinais de fumo poderão expelir
partículas que causarão queimaduras ou danificar a jangada, e podem obviamente ficar muito
quentes. Segure os fachos para o lado e longe da jangada. Deve também prestar atenção
quando utilizar a pistola de lançamento de “flares”.
À noite, os sinais de socorro serão avistados apenas a algumas milhas com boa visibilidade.
Assim sendo, é um desperdício usá-los em situações de más condições atmosféricas. Use
fachos de mão apenas quando avistar luzes de uma embarcação, avião ou na costa. Fachos
vermelhos são mais eficazes à noite ou em condições de má visibilidade. Sinais com
paraquedas deverão ser usados apenas se houver uma boa razão para acreditar que um navio
ou avião de salvamento estão dentro do intervalo estimado de alcance.
Durante o dia o sinal oficial é o sinal de fumo flutuante de cor laranja. Contudo, não funcionará
bem se os ventos forem muito fortes. Testes demonstraram que fachos de mão ou sinais com
paraquedas são avistados mais longe do que o fumo laranja. Assim sendo, será melhor usar um
facho de mão com o fumo laranja oficial.
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Quando usar qualquer dispositivo pirotécnico, tenha cuidado com o vento. Mantenha sempre
o vento pelas costas e o braço elevado cerca de 60º acima da linha do horizonte.
9.7.3.Situação inicial numa jangada
Os sobreviventes terão provavelmente frio, estarão molhados e exaustos, e sofrerão de vários
graus de choque. Para sobreviver, cada pessoa terá que manter o autocontrolo e a vontade de
viver. Nesta fase é natural que ocorra quer quebra física, quer psicológica.
Haverá múltiplos problemas e alguém terá de decidir como lidar com eles. Deverá priorizar as
ameaças à sua vida e lidar com elas uma de cada vez. É extremamente importante usar esta
abordagem.
A primeira coisa a fazer é proteger-se contra os perigos do ambiente, tais como o vento, o frio,
a chuva ou o sol. Nas jangadas existe a possibilidade de insuflar o chão. Em águas frias é
aconselhável fazê-lo com o objectivo de aumentar a camada isolante. De seguida, ou
paralelamente, deverá indicar a sua posição.Preserve o calor corporal. Deverá salvaguardar ao
máximo a integridade da balsa e manter o interior seco. Poderá encontrar esponjas no kit de
sobrevivência. Se o vestuário estiver molhado, remova-o e esprema-o tanto quanto possível e
vista-o novamente. Outra forma de conservar o calor corporal é mantendo toda a gente junta
na jangada.
Outras prioridades incluem o tratamento de ferimentos, a prevenção do enjoo e o
estabelecimento de uma liderança e promoção da moral. O comprimido contra o enjoo deverá
ser tomado o quanto antes porque mesmo os marinheiros experientes poderão ficar enjoados
numa jangada. O enjoo resulta na perda de fluidos e incapacitação. Ventile a jangada deixando
uma pequena abertura na entrada.
A água é mais importante do que a comida. Evite a ingestão de alimentos se não houver água.
A digestão dos alimentos precisa de água do seu corpo. É importante racionar a água e manter
a força física suficiente para lidar com a provação. Sugere-se que beba metade da sua ração
diária de cada vez, em vez de beber pequenas quantidades de cada vez.
Deverá fixar todo o equipamento para que no caso da jangada virar ou inundar nada se perca.
9.7.4.Manter a moral (manter o espírito)
O estabelecimento de uma rotina assegurará a realização de determinadas tarefas vitais e a
disciplina necessária ao trabalho de sobrevivência. Manter a mente de todos ocupada durante
as horas que estão acordados é importante. Evite trabalho desnecessário. Estabeleça períodos
de vigia aos pares, com uma pessoa fora e outra dentro da jangada.
Fora:
Procure navios, sobreviventes e destroços úteis;
Use o espelho em torno do horizonte quando estiver sol;
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Procure terra e à noite esteja atento ao barulho da rebentação.
Dentro:
Mantenha a jangada seca;
Preste assistência aos feridos;
Realize a manutenção dos equipamentos;
Inspeccione a jangada à procura de danos e fugas;
Mantenha as rações de alimentos.
10.Finanças
Todas as facturas emitidas no âmbito do projecto deverão ser em nome de seaExpert lda, com
o NIF – 512079170. As mesmas deverão ainda ser enviadas para a seaExpert no final de cada
trimestre.
ANEXO I – Incluído na pasta de embarque
ANEXO II - Incluído na pasta de embarque
ANEXO III
Escala Beaufort
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