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Reflexão a partir do Ensino de História: “Os Jovens se politizando a partir de Lutas Revolucionárias”.
Clarice Anis Moreira1
Rodrigo Modesto Nascimento2
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar o resultado dos estudos, pesquisas e atividades práticas desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE, pelo Governo do Estado do Paraná, realizado com estudantes do 3º ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Miguel Dias, em Joaquim Távora, Paraná. A investigação esteve centrada no despertar político dos alunos, utilizando recortes inerentes às políticas ditatoriais que envolveram a atuação de jovens inconformados com os rumos de sua história. Para o desenvolvimento dos estudos foi utilizado instrumentos diversos, os quais possibilitaram conhecimentos teórico-metodológicos visando o interesse natural dos alunos aos mecanismos que movem nossos direitos civis, sociais e políticos e, que estes, favorecem o debate de conceitos relacionados às práticas políticas que nos leva à construção da democracia por cidadãos conhecedores de sua história. O objeto de estudo do presente trabalho foi estudar e fundamentar as lutas revolucionárias dos jovens em diversos momentos, onde observamos a importância da prática da cidadania como forma de libertação e conquista da democracia. Articulando os conteúdos estruturantes apresentados pelas Diretrizes Curriculares do Paraná, focalizando nas relações de poder.
Priorizou-se, dialogar a superação da ideia de História como verdade absoluta, buscando despertar a formação do pensamento histórico/reflexivo dos alunos por meio da consciência histórica. Nesta concepção, buscou-se a exploração de metodologias diversas como: recortes temporais, diferentes conceitos de documentos, múltiplos sujeitos e suas experiências, numa perspectiva de diversidade; formas de problemáticas em relação ao passado e o presente; bem como, condições de elaborar e compreender conceitos que permitam pensar historicamente o mundo na atualidade. As atividades realizadas foram acompanhadas sistematicamente pelo Grupo de Apoio ao professor PDE, Grupo de Trabalho em Rede e Equipe Pedagógica do Estabelecimento de Ensino.
Palavras-chave: Poder; Jovens; Lutas Revolucionárias
1 Professora PDE do Colégio Estadual Miguel Dias – EFM – graduação em História e pós-graduação em História
pela FAFIJA (UENP). 2 Professor orientador IES-UENP, graduação e pós-graduação em História pela UNESP/ASSIS, professor de
História da UENP e coordenador do PDE.
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1- INTRODUÇÃO
O presente projeto teve como público alvo os alunos do Ensino Médio, tendo
como propósito na Unidade Didática de ampliar as reflexões sobre as novas
perspectivas do ensino da História, onde buscou-se dialogar o conceito de cidadania
como ponto de partida momento em que, observou-se de forma satisfatória a
superação da ideia de que os jovens de hoje crescem de forma alienada
politicamente porque os desafios de suas vidas são superficiais com conteúdos
momentâneos, descartáveis que os levam a valorizar o ter, não o ser. Isto se
confirma com HOBSBAWN, quando afirma:
“quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie
de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o
passado público da época em que vivem. Por isso os
historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem,
tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo
milênio.” (1995, p.13)
A busca de subsídios, na luta dos jovens estudantes ou não, em políticas
inerentes das ideologias autoritárias, detectou-se o comprometimento dos jovens da
década de 60/70 com os rumos que tomavam a política do Brasil e no mundo,
quando sufocavam os direitos de liberdade de expressão e de forma radical definiam
os rumos do país. Ao trabalhar momentos de extrema opressão das “Ditaduras”,
percebeu-se a necessidade do despertar político/consciente dos jovens, condição
necessária para a construção do respeito aos direitos humanos e pela defesa da
democracia.
Para tanto a interpretação da Constituição Federal foi fundamental, bem como
de textos diversos, filmes, músicas, reportagens da época e atual e do estudo do
estatuto da formação do Grêmio Estudantil; foram leituras diversas que
possibilitaram a problematização dos contextos, na interpretação dos sentidos e dos
interesses que movem as ações dos sujeitos da história.
2 DESENVOLVIMENTO
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Este projeto fundamentou-se nas Diretrizes de História (2008, pág. 47) e
teve como finalidade o ensino de história como busca da superação das carências
humanas históricas bem como teorias que diagnosticam a necessidades dos sujeitos
históricos e propôs ações no presente e projetos de futuro. O objeto da pesquisa foi
compreender o Estado e as relações de poder, utilizando posicionamentos políticos
dos universitários durante a Ditadura Militar no Brasil e em outras Nações, bem
como movimentos da atualidade como a luta dos egípcios pela democracia.
A produção deste material é fruto dos trabalhos desenvolvido segundo os
princípios da SEED, o Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná –
PDE/PR o qual visa a formação continuada compromissada com a valorização dos
profissionais da educação e com uma proposta de enfrentamento aos problemas de
ensino-aprendizagem com o desenvolvimento de ações sistematizadas, que possam
ser avaliadas em seu processo e em seu produto e que resultem em
redirecionamento da prática educativa, o qual apresenta como tema “a politização
dos jovens a partir de lutas revolucionárias”, tendo como objeto de análise, saber
como se dá a construção da competência narrativa, uma operação constitutiva da
consciência histórica, isto é, da capacidade que o aluno tem de experimentar e
interpretar o passado, para poder orientar-se em sua própria vida.
Se considerarmos que nos dias de hoje vivemos em uma sociedade
concebida como democrática, onde a participação política, segundo DALLARI,
(1984, p...) “se faz necessária à vida comum, às regras de organização dessa vida,
aos objetivos da comunidade e às decisões sobre todos esse pontos”, podemos
citar, Aristóteles filósofo ateniense do século IV a.C., quando coloca em sua obra
denominada ”Política”, que a própria natureza humana exige a vida em sociedade e
isso caracteriza o homem como um ser animal político, ou seja, um ser social que
tudo constrói a partir do convívio entre seus pares.
Percebeu-se que o estudo proposto no projeto pôde considerar as várias
passagens do novo regime que se instaurou no Brasil, após o Golpe de 1964 e que
o mundo mostra que 1968 não foi um ano qualquer, foi um ano de protestos onde os
jovens se posicionam contra governos que privilegiavam a educação elitista, uma
economia desumana e uma sociedade burocrática, o que não foi diferente em 2011,
quando na chamada Primavera Árabe, os jovens viveram momentos de luta pela
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democracia. O surpreendente levante dos jovens egípcios pela derrubada do ditador
Mubarak, deu início a uma série de levantes no mundo árabe em busca de suas
aspirações de projetos materiais, culturais e tecnológicos que não puderam ser
alcançados pelas mãos de ferro de seus ditadores.
2.2 A Perseguição ao Comunismo no Brasil
Nos anos 60 os jovens universitários de várias partes do mundo discutiam as
ideias socialistas de Marx e Engels que, eram admirados. Jovens universitários e
intelectuais viam em Lênin, Mao Tsé-Tung, Che Guevara e Fidel Castro a força de
uma nova era.
No Brasil, segundo Boris Fausto (2001, p.246-266), os militares supostamente
defendiam uma forma de livrar o país da corrupção e do comunismo para restaurar a
democracia, mas o novo regime mudou as instituições do país através de decretos,
chamados Atos Institucionais, os quais eram validados sem a aprovação do órgão
legislativo. A edição destes Atos foi, aos poucos, desencadeando um aumento
substantivo da repressão contra os grupos de oposição ao regime.
Neste projeto os alunos envolvidos puderam conhecer um pouco mais de
como se governa por decretos-leis. Neste primeiro momento trabalhamos com textos
contendo resumidamente os conteúdos dos Atos Institucionais decretados pelo
governo Militar, bem como com a Constituição Federal atual, quando, citou-se
exemplos do cotidiano salientando o cumprimento ou a quebra de algum destes
direitos. Ao concluir este primeiro momento propomos a construção de textos sobre
a cidadania com base em exemplos da aplicação ou não dos direitos civis, sociais e
políticos discutidos nas atividades.
Nesta concepção, buscou-se através do debate conceituar cidadania e
demonstrar que a cidadania é a posse de direitos e seu exercício, a partir do
desdobramento em direitos civis, sociais e políticos.
Direitos civis; são os fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à
igualdade perante a lei. Eles se desdobram na garantia do ir e vir, de escolher o
trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a
inviolabilidade do lar e da correspondência, de não ser preso a não ser pela
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autoridade competente e de acordo com as leis, de não ser condenado sem
processo legal regular. São eles que garantem as relações civilizadas entre as
pessoas e a própria existência da sociedade civil.
Direitos sociais; garantem a participação da riqueza coletiva, como direitos à
educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. A garantia de sua
vigência depende da existência de uma eficiente máquina administrativa do Poder
Executivo.
Direitos políticos; participação do cidadão no governo da sociedade,
consistem na capacidade de fazer demonstrações políticas, de organizar partidos,
de votar, de ser votado. Os direitos políticos têm como instituição principal os
partidos e um parlamento livre e representativo.
Ao trabalharmos a Constituição observou-se grande dificuldade de manuseio
deste documento, porém, pôde-se notar o interesse da turma ao constatarem a
amplitude de nossos direitos frente à realidade que nos cercam. Eles discutiram
entre si, despertando-se para realidade de que a democracia é um processo, no qual
nós enquanto cidadãos temos um papel fundamental, o de distinguir a cidadania
passiva imposta pelo estado da cidadania construída, fruto da indignação ao
desrespeito com nossos direitos que geram as disparidades sociais. Esta reflexão
serviu para percebam a necessidade de que se situe como estudantes, dotados de
direitos e deveres, social e político, capazes de atuar como agentes transformadores
e fiscalizadores do cumprimento das leis que preservam o bem comum.
Continuando com o tema, repressão aos direitos dos cidadãos, buscamos na
interpretação de textos diversos, momentos em que a ditadura militar no Brasil,
privou o povo do exercício de seus direitos, como por exemplo:
Texto 1
...o período militar do Brasil, as manifestações estudantis tinham força de
decisão, numa época em que o abuso do poder e a imposição do sistema ditavam
as regras. A censura e os serviços secretos buscavam manter a “ordem” e o silêncio”
de uma juventude que queria mudanças, e para isso buscavam alternativas, na
músicas, na literatura e na arte instrumentos de reação e resistência.
O movimento jovem da década de 60 inicia-se com o objetivo de conquistas
na educação, quando buscam oportunidades para todos e consequentemente mais
investimentos na educação, porém acabam aliando a outros setores da sociedade e
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se conscientizando que as conquistas dependem das disposições ideológicas do
governo, isto acaba levando-os a se envolver com causas políticas mais amplas.
Moreira, Silvia Maria Pires. Trecho do Folhas 2005.
Texto 2
“Memórias Reveladas”.
"O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se
insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O "Memórias Reveladas"
coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de
1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País
censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o
direito à verdade e à memória.(...)
(...)Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para
aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às
informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa
identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática,
plural, mais justa e livre." (Trecho de abertura do Portal Memórias Reveladas - assinado pela
Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff )
Ao interpretar os textos, percebeu-se o interesse dos alunos ao refletir um
pedaço de nossa história que estavam nos porões da Ditadura, bem como a
importância de “abrir as cortinas do passado” para fortalecer a democracia que
vivemos hoje.
2.3 “Batismo de Sangue”
Atualmente podemos perceber que as imagens e sons estão cada vez mais
inseridos em nosso cotidiano, isto nos levou a utilizá-las como um valioso
instrumento metodológico para o conhecimento histórico, considerando que são
apenas um, entre os vários olhares possíveis sobre uma realidade.
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Iniciamos ressaltando o cinema, dentro do contexto histórico, como
possibilidade, estudos permeados pela intencionalidade e jamais cópia fiel da
realidade mesmo quando baseado em fatos reais.
Ao assistir recortes do filme Batismo de Sangue tivemos contato com parte do
contexto histórico da época e buscamos visualizar formas repressivas do Regime
Militar com aqueles que ousaram a questionar a ideologia do governo. Percebendo
que o apoio da Igreja ao golpe de 64, deu a sua grande reviravolta quando a
violência do regime matou e torturou quem lhe contestasse, desde então, a Igreja
Católica no Brasil pendeu-se quase toda contra a ditadura militar.
FICHA TÉCNICA
Titulo Original: Batismo de Sangue
Lançamento: 2007 (Brasil, França)
Direção: Helvécio Ratton
Atores: Caio Blat, Daniel de Oliveira, Cássio Gabus Mendes, Ângelo
Antonio.
Duração: 110 min.
Gênero: Drama
Estúdio: Quimera filmes
Musica: Marco Antonio Guimarães
Roteiro: Dani Patarra e Helvécio Ratton, baseado no livro “Batismo de Sangue” de
Frei Betto, que conta a ação dos dominicanos junto a Aliança Libertadora Nacional
(ALN), movimento guerrilheiro comandado por Carlos Marighella.
Sinopse
São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se
uma trincheira de resistência à ditadura militar que governa o Brasil. Movidos por
ideais cristãos eles decidem apoiar a luta armada e são presos e torturados.
Um deles Frei Tito, é mandado para o exílio na França, onde, atormentado
pelas imagens de seus carrascos comete suicídio.
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Ainda sobre o filme trabalhamos o roteiro e a apreciação pessoal dos alunos,
na qual, pôde-se observar através de seus depoimentos a relevância de trabalhar
filme do contexto histórico, além de facilitar a compreensão, atinge grande
identificação com o mundo dos jovens.
2.4 É Proibido Proibir...
Outro momento do trabalho foi interpretação de músicas, meio este utilizado
como forma de protesto.
Como em vários países, no Brasil os jovens dos anos 60, buscam seus
sonhos e passam a ser conhecidos como “a geração que dizia não ao conformismo”,
revoltados com a forma opressiva das sociedades de classe passam a contestar a
valorização do capitalismo em detrimento do homem, bem como se colocam contra
os governos autoritários e lutam pelo direito de participação.
Apesar de vários grupos optarem pela luta armada, grande parte dos jovens
mais politizados e sabedores da importância do direito da liberdade, utilizaram
outros meios de contestação ao regime reacionário dos militares. A música e o teatro
foram mecanismos de grande importância para informar a população brasileira o que
estava acontecendo nos cárceres protegidos pelos Atos Institucionais dos
repressores do regime.
A interpretação de “É proibido proibir”, mostrou a rebeldia dos protestos contra
o conservadorismo imposto pelos donos do poder e a favor da liberdade.
A música como possibilidade de leitura do contexto estudado nos remete de
forma prazerosa e de fácil assimilação do conteúdo em questão, sendo assim,
entendemos que este foi de grande relevância para o nosso trabalho.
Após a reprodução do vídeo da música “É proibido proibir” com Caetano Veloso
fizemos a leitura da letra impressa com o relato do momento de sua composição
observando os seguintes aspectos:
Autoria, data de produção e quem canta.
Identificação as referências que a música faz ao cotidiano da
década de 60.
Como o autor vivia numa época de ditadura o que ele quis
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Dizer com a frase “é proibido proibir”?
Será que todos gostaram da música? E quem não gostou por
que não?
Onde era tocada?
Discussão das questões apresentadas e comparação com o seu
cotidiano. Registre.
Esta canção foi composta a partir do slogan do movimento estudantil francês,
em luta pelo direito à liberdade.
É proibido proibir
A mãe da virgem diz que não E o anúncio da televisão E estava escrito no portão E o maestro ergueu o dedo E além da porta Há o porteiro, sim…
E eu digo não E eu digo não ao não Eu digo: É! Proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir…
Caetano Veloso (1968) - III Festival Internacional da Canção
Trabalhar música foi outro momento gratificante, ao interpretar a letra eles
buscaram entender o que de fato o autor queria passar aos jovens que o vaiavam e
não entendiam as entre linhas da canção. Após ouvirmos e interpretarmos a música,
em painel aberto, observou-se interessantes comentários sobre a politização dos
jovens da década de 60/70, adormecida nos dias de hoje no Brasil. Alguns acreditam
na regressão da política atual, frente a realidade atual, outros vêem a política com
distanciamento de suas vidas e muitos apontam para o papel do professor como
mecanismo de interesse para um assunto tão desgastado pela mídia. Contudo,
acredita-se, que os comentários dos alunos mostraram a necessidade de se
trabalhar política em nossa disciplina como uma prática racional para amenizar as
divergências e ao mesmo tempo permitir ao indivíduo o respeito a sua
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individualidade, é agir coletivamente, ou seja, politicamente.
2.4 Documentários - “Primavera Árabe”
A reprodução, na TV Pen-drive, de documentários em vídeos e reportagens
televisivas, nos aproximou de fatos recentes, os quais possibilitaram discussões
sobre o levante dos jovens egípcios, fatos conhecidos como “Primavera Árabe”,
como um olhar indagador perante a realidade. Ao levantarmos os objetivos de cada
tema trabalhado, observou-se o interesse da turma ao analisar formas de governos
ditatoriais, ainda enraizados nos países pesquisados com as disparidades sócio-
econômica da população em geral, condição que impôs os levantes contra as
ditaduras monárquicas que privilegiam uma minoria desrespeitando os direitos de
seus cidadãos.
Foi gratificante observar o comprometimento deles com tudo que já
havíamos visto sobre cidadania e das lutas pelos direitos comuns a todos, neste
momento do projeto, pôde-se presenciar, nos debates, argumentações respaldadas
nos conhecimentos até então trabalhados, quando a turma mostrou amadurecimento
e, com propriedade, discutiu sobre as particularidades da opressão do mundo árabe.
Durante todo projeto de implementação, utilizou-se diversos métodos para
despertar o interesse político dos alunos, neste momento ao assistir os debates
televisíveis sobre o levante dos jovens no mundo árabe, constata-se a
conscientização da turma, de que são seres sociais e a passividade deixa que outros
decidam por nós oportunizando governos reacionários alicerçados nas injustiças
sociais.
2.5 Iniciação Política
De acordo com pesquisadores contemporâneos, os jovens não se sentem
mais motivados a aderir às formas tradicionais de participação política. Eles não
estariam mais compromissados com as soluções para os problemas vividos pela
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sociedade.
Diante dessa realidade utilizou-se o estatuto do Grêmio Estudantil, como
instrumento de incentivo à iniciação política e através de levantamentos escritos,
vivenciou-se uma rica experiência, levantou-se coletivamente os anseios, desejos e
aspirações pertinentes à comunidade escolar, com dimensões sociais, culturais e
políticas, desta integração resultou trabalhos individuais oportunizando a todos
relacionar o Movimento Estudantil, com a participação política, cidadania,
democracia e poder.
Não foi difícil despertar a “politização”, porque todos de uma maneira ou de
outra, já possuem uma consciência de luta na qual defendem seus direitos e são
conhecedores das possibilidades do grêmio, podendo articular suas lutas de forma
institucionalizadas. Contudo, acredita-se que para competir com o mundo
tecnológico, imediatista e individualista dos dias atuais, precisa-se seduzi-los
diariamente, despertando seu compromisso coletivo.
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência obtida ao final da implementação desde projeto propiciou uma
reflexão sobre a necessidade de investimentos na formação continuada dos
professores, ao voltar aos bancos escolares pôde-se constatar o quanto nos
distanciamos das novas teorias, teorias estas, que muito podem nos ajudar na
realidade de sala de aula.
O projeto de formação continuada do Governo do Estado do Paraná,
desenvolvido desde o ano de 2007, o PDE, é um programa imprescindível para a
qualidade do trabalho do professor, pois rever conceitos enraizados com
possibilidade teóricas significa mudanças na mentalidade e no aperfeiçoamento do
professor melhorando não somente o ensino, mas a educação como um todo.
Sendo assim, entendeu-se que o presente projeto, desde o primeiro
momento, as relações de poder que permeiam nosso corpo social precisam ser
compreendidas, principalmente, por nossos alunos. Portanto, analisar os períodos
políticos que desafiaram a submissão de sociedades reprimidas pelo autoritarismo,
através do conhecimento de formas político-institucionais e organizações de
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sociedades, que possibilitem entender o posicionamento questionador dos jovens e
os interesses de poder em cada época, nos levou a entender a necessidade de
propiciar instrumentos diversos que os levem ao entendimento de que a política faz
parte de suas vidas e não simplesmente prática dos governantes.
A leitura dos temas citados e as reflexões propiciadas pelas atividades teve
como objetivo facilitar a compreensão de abordagens mais específicas, como “os
movimentos dos jovens” e a importância da participação política nestes movimentos
numa perspectiva histórico-política nacional e o grêmio, como entidade local, que
representa os interesse políticos dos estudantes de cada escola.
Entende-se que o trabalho desenvolvido possa colaborar com o
desenvolvimento crítico dos alunos, que os articulem com os fatos que norteiam os
direcionamentos políticos de um país com o compromisso que se tem, enquanto
cidadãos, dos rumos da sociedade em que vive.
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13
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