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1 Regeneração de Resíduo de Borracha Expandida através de Extrusão no Estado Sólido e Incorporação em Copolímero de Estireno-Butadieno (SBR) vulcanizado Avaliação das Propriedades Mecânicas Kaique Afonso Tozzi * , Leonardo Bresciani Canto, Carlos Henrique Scuracchio Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPG-CEM), Rod. Washington Luís km 235, CEP: 13565-905, São Carlos/SP * E-mail: [email protected] O presente trabalho investiga a regeneração de resíduo de espuma de SBR/BR por desvulcanização parcial via extrusão no estado sólido (Solid State Shear Extrusion SSSE) e a viabilidade da incorporação deste resíduo em composto de SBR. São discutidos dados de propriedades mecânicas em ensaios de tração e dureza de compostos de SBR contendo 20 phr de resíduo de SBR desvulcanizado por SSSE. A regeneração prévia do resíduo por SSSE propiciou a obtenção de composições com propriedades mecânicas superiores ao do SBR puro e da composição de SBR contendo pó de borracha não regenerado. A temperatura de regeneração do resíduo na extrusora mostrou-se determinante na otimização das propriedades mecânicas dos compostos. Palavras-chave: Extrusão no Estado Sólido, Desvulcanização, Reciclagem de borracha, Regeneração 22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

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Regeneração de Resíduo de Borracha Expandida através de Extrusão no

Estado Sólido e Incorporação em Copolímero de Estireno-Butadieno (SBR)

vulcanizado – Avaliação das Propriedades Mecânicas

Kaique Afonso Tozzi*, Leonardo Bresciani Canto, Carlos Henrique Scuracchio

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Programa de Pós Graduação em

Ciência e Engenharia de Materiais (PPG-CEM), Rod. Washington Luís km 235, –

CEP: 13565-905, São Carlos/SP

*E-mail: [email protected]

O presente trabalho investiga a regeneração de resíduo de espuma de SBR/BR

por desvulcanização parcial via extrusão no estado sólido (Solid State Shear

Extrusion – SSSE) e a viabilidade da incorporação deste resíduo em composto de

SBR. São discutidos dados de propriedades mecânicas em ensaios de tração e

dureza de compostos de SBR contendo 20 phr de resíduo de SBR desvulcanizado

por SSSE. A regeneração prévia do resíduo por SSSE propiciou a obtenção de

composições com propriedades mecânicas superiores ao do SBR puro e da

composição de SBR contendo pó de borracha não regenerado. A temperatura de

regeneração do resíduo na extrusora mostrou-se determinante na otimização das

propriedades mecânicas dos compostos.

Palavras-chave: Extrusão no Estado Sólido, Desvulcanização, Reciclagem de

borracha, Regeneração

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1. INTRODUÇÃO

A reutilização de artigos de borracha inservíveis possui um interesse

mercadológico e científico relevante (1,2). As práticas comuns são a reincorporação

do resíduo como tal em termoplásticos para produção de blendas (3-5) e, também,

a regeneração por desvulcanização parcial da borracha, com posterior

reincoporação para obtenção de novos compostos elastoméricos (6,7).

A técnica de Extrusão no Estado Sólido (SSSE - Solid State Shear Extrusion)

utiliza uma extrusora dupla rosca corrotacional e interpenetrante para regenerar no

estado sólido a borracha, promovendo sua desvulcanização parcial através de

calor e atrito mecânico (8). A desvulcanização parcial possibilita o reprocessamento

do material, permitindo sua reutilização.

Este trabalho investiga a regeneração de resíduo de espuma de borracha SBR/BR

por desvulcanização parcial via extrusão no estado sólido (SSSE). A regeneração

do resíduo de borracha foi realizada por SSSE em quatro diferentes temperaturas:

100oC, 110oC, 120oC e 130oC. A granulometria e a fração solúvel do pó de

borracha regenerado foram medidas e analisadas. Foram preparadas, em moinho

de rolos, composições de borracha de copolímero aleatório de estireno-butadieno

(SBR) virgem com 20 phr de pó de borracha regenerado previamente em

extrusora em diferentes temperaturas. Estas composições foram moldadas e

vulcanizadas por prensagem a quente para a fabricação de placas, das quais

foram estampados corpos de prova para a realização de ensaios mecânicos.

Propriedades mecânicas em ensaios de tração e dureza foram medidas e

analisadas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS

O resíduo de espuma de borracha SBR/BR utilizado é oriundo de indústria

do setor calçadista. Este resíduo foi obtido na forma de pó moído.

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O SBR utilizado como matriz das composições é um contratipo de nome

comercial Buna SEVPPDR4090, contendo 23,5% de estireno, fornecido pela

Lanxess.

2.2 MÉTODOS

2.2.1 REGENERAÇÃO DO PÓ DE BORRACHA

O resíduo de espuma de borracha foi regenerado por desvulcanização no

estado sólido em extrusora de rosca dupla APV Baker & Perkins, com diâmetro

das roscas de 19 mm e razão comprimento/diâmetro (L/D) de 25, e com perfil das

roscas de alto cisalhamento, esquematizado na Figura 1. A velocidade das roscas

foi mantida fixa em 100 rpm e a vazão de alimentação em 1,2 kg/h. Quatro perfis

distintos de temperatura do barril da extrusora foram investigados: 100oC, 110oC,

120oC e 130oC.

Figura 1: Perfil de rosca utilizado na desvulcanização do resíduo de elastômero

expandido por SSSE

2.2.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÓ DE BORRACHA REGENERADO

A granulometria do pó de borracha regenerado em extrusora foi realizada

por classificação em peneiras com as seguintes aberturas (mesh): 9, 14, 35, 65,

170 e 200.

A fração solúvel do pó de borracha regenerado em extrusora foi medida

através da técnica de extração em Soxhlet, utilizando-se tolueno como solvente. O

material coletado na saída da extrusora foi deixado em refluxo de solvente por um

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período de 24 horas e posteriormente seco em estufa por um período de 12 horas

a 60ºC.

A fração solúvel (%Solúvel) foi obtida segundo a equação (A), sendo mi a

massa inicial antes da extração e mf a massa após a extração depois da secagem:

(A)

2.2.2 FORMULAÇÃO DE COMPOSTOS DE SBR E PÓ DE BORRACHA REGENERADO

Os compostos foram formulados em moinho de rolos marca Mecanoplast

nas seguintes condições: velocidade dos rolos de 24 rpm segundo norma ASTM

D3182 e temperatura dos rolos de 50°C.

A composição básica das formulações é apresentada a seguir.

SBR (borracha base): 100 phr

Pó de borracha desvulcanizado: 20 phr

Óxido de Zinco (ativador químico): 1,0 phr

Estearina/Ácido Esteárico (ativador químico): 1,0 phr

MBTS (acelerador secundário): 0,7 phr

TMTD (acelerador primário): 0,5 phr

IPPD (antioxidante): 0,5 phr

Enxofre (agente reticulador): 2,5 phr

Tabela 1: Designações das composições de SBR e pó de borracha

desvulcanizada

Designação Descrição

SBR puro Composto de SBR sem pó de borracha incorporado

Extrudado 100 Composto de SBR com 20 phr de pó de borracha regenerado por desvulcanização no estado sólido em extrusora a 100°C

Extrudado 110 Composto de SBR com 20 phr de pó de borracha regenerado por desvulcanização no estado sólido em extrusora a 110°C

Extrudado 120 Composto de SBR com 20 phr de pó de borracha regenerado por desvulcanização no estado sólido em extrusora a 120°C

Extrudado 130 Composto de SBR com 20 phr de pó de borracha regenerado por desvulcanização no estado sólido em extrusora a 130°C

Não Extrudado Composto de SBR com 20 phr de pó de borracha não regenerado, incorporado como recebido.

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2.2.3 MOLDAGEM E VULCANIZAÇÃO DOS COMPOSTOS DE SBR E PÓ DE BORRACHA REGENERADO E PREPARAÇÃO DE CORPOS DE PROVA

Os compostos de borracha SBR com pó de borracha regenerado

preparados no moinho de rolos foram moldados e vulcanizados na forma de

placas com 2 mm de espessura utilizado-se uma prensa marca Luxor, modelo

LPB 35-15, a temperatura de 170oC e pressão de 3,33 MPa mantida durante 5

minutos.

Corpos de prova de tração foram estampados a partir das placas prensadas

a quente com auxílio faca de corte, na geometria e dimensões estipuladas na

norma ASTM D412.

2.2.4 ENSAIO DE TRAÇÃO

Os ensaios de tração foram realizados em uma máquina de ensaios

universal marca Instron, modelo 5569, equipada com garras pneumáticas e com

célula de carga com capacidade de 5 kN. As condições de ensaio foram

programadas de acordo com a norma ASTM D412. A velocidade da travessa foi

ajustada em 500 mm/min. Os ensaios foram realizados em sala climatizada com

temperatura de 23 1oC e umidade relativa de 50 5%. Para cada composição

investigada, foi ensaiado um total de 5 corpos de prova. O valor de cada uma das

propriedades mecânicas (módulo, resistência e deformação na ruptura) foi

calculado a partir da média aritmética dos valores registrados nas 5 medições. Os

desvios padrão destes valores foram calculados e são mostrados como barras de

erro nos gráficos de propriedades mecânicas em tração.

2.2.5 ENSAIO DE DUREZA

Os ensaios de dureza foram realizados em durômetro Shore A, da marca

Shore Instruments, segundo a norma ASTM D2240. As medidas foram feitas nas

placas prensadas utilizadas para a confecção dos corpos de prova em tração. O

valor de dureza foi calculado a partir da média aritmética dos valores registrados

em 5 medições. Os desvios padrão destes valores foram calculados e são

mostrados como barras de erro no gráfico de dureza.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÓ DE BORRACHA REGENERADO

Nas Figuras 2a-e são apresentadas as distribuições granulométricas do pó

de borracha não regenerado (tal como recebido) e dos pós de borracha

regenerados em extrusora a diferentes temperaturas. Para as amostras

regeneradas observa-se claramente uma distribuição estreita de tamanhos do pó

com população média em torno da peneira de mesh 65 (aproximadamente 55% do

pó foi retido nesta peneira), enquanto que para o pó de borracha não regenerado

a população média concentra-se em torno da peneira de mesh 35, mostrando uma

redução do tamanho médio de partícula quanto o pó passa pelo processo de

SSSE.

Do ponto de vista do tamanho da partícula, a regeneração de pó de

borracha por extrusão no estado sólido resulta num processo combinado de

cominuição (quebra) e coalescência (aglomeração) das partículas de borracha.

Portanto, o tamanho final do pó de borracha regenerado é função da competição

entre estes dois processos distintos, o que depende de características da

extrusora, tal como a geometria das roscas, bem como das condições de

operação, especialmente a temperatura e rotação das roscas (9).

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Figura 2: Distribuições granulométricas dos pós de borracha regenerados em

extrusora a diferentes temperaturas: a) Não Regenerado; b) Regenerado a 100oC;

c) Regenerado a 110oC; d) Regenerado a 120oC; e) Regenerado a 130°C;

Quando a regeneração por extrusão é realizada em temperaturas baixas,

neste caso inferiores a 130oC, a pulverização se dá quase que exclusivamente por

ação mecânica, com pouca ou nenhuma influência da temperatura. Portanto,

neste caso, o processo de quebra das partículas é dominante. O tamanho final

das partículas do pó regenerado será então dependente somente da geometria e

velocidade de rotação das roscas e do tempo de residência na extrusora (este

último controlado pela vazão de alimentação). Cabe ressaltar que todos estes

parâmetros foram mantidos constantes, o que explica a similaridade das

distribuições de tamanho de partículas do pó regenerado para as amostras

processadas entre 100 e 130oC.

Por outro lado, quando a regeneração por extrusão é realizada em

temperaturas mais elevadas, neste caso igual ou superiores a 130oC, a

pulverização passa a ser dependente também da temperatura, ou seja, nestes

casos a pulverização se dá por ação termomecânica. Isso ocorre, pois em

temperaturas mais elevadas desvulcanização do pó de borracha ocorre em maior

intensidade, gerando quebra das ligações cruzadas da borracha e diminuição da

massa molar das cadeias, resultando no amolecimento e consequente

aglomeração das partículas, levando ao aumento progressivo do tamanho das

partículas do pó regenerado.

Na Tabela 2 são apresentados os dados de fração solúvel dos pós de

borracha regenerados em extrusora em diferentes temperaturas. Esta propriedade

fornece uma estimativa do grau de desvulcanização da borracha, sendo este

proporcional à fração solúvel. Portanto, o aumento da temperatura de extrusão

resulta em maior grau de desvulcanização da borracha, como comentado

anteriormente.

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Tabela 2: Fração solúvel dos pós de borracha regenerados em extrusora em

diferentes temperaturas obtido por extração em Soxhlet com tolueno de acordo

com a equação (1)

Condições de SSSE % Solúvel

Extrudado 100 2,1

Extrudado 110 2,0

Extrudado 120 3,9

Extrudado 130 4,2

Não Regenerado 1,1

4.2 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPOSTOS DE SBR COM PÓ DE BORRACHA REGENERADO

As Figuras 3a-e apresentam os dados de propriedades mecânicas obtidos.

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Figura 3: a) Módulo a 100% de deformação dos compostos; b) Resistência

à Tração dos compostos; c) Deformação na ruptura dos compostos; d) Dureza dos

compostos.

Os valores médios de módulo a 100% de deformação para as composições

estudadas são apresentados na Figura 3(a). Os dados estão classificados em

ordem crescente desta propriedade. A composição de SBR contendo o pó de

borracha não regenerado apresentou valor médio do módulo a 100% inferior em

relação ao SBR puro. Já as composições contendo o pó de borracha regenerado a

100ºC, 110ºC e 120ºC apresentam valores de módulo a 100% iguais ou

superiores em relação à composição de SBR puro ou contendo o pó não

regenerado, demonstrando vantagem do processo de regeneração nestas

condições. Dentre as formulações contendo o pó de borracha regenerado, aquela

onde o pó foi extrudado a temperatura de 110oC foi a que apresentou o maior

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valor médio de módulo, cerca de 15% maior em relação ao SBR puro. Contudo, se

considerado o desvio padrão das medidas, os valores médios do módulo a 100%

de todas as composições podem ser considerados estatisticamente iguais.

A Figura 3(b) apresenta os valores de resistência à tração das composições

estudadas. Novamente, os dados estão classificados em ordem crescente. De

maneira semelhante ao comportamento do módulo a 100%, a composição de SBR

contendo pó de borracha não regenerado apresentou valor médio de resistência à

tração inferior em relação ao SBR puro, enquanto que as composições contendo o

pó de borracha regenerado a 110ºC, 110ºC e 120ºC apresentam valores médios

de resistência à tração iguais ou superiores em relação à composição de SBR

contendo o pó não regenerado. A composição de SBR formulada com o pó de

borracha desvulcanizado em extrusora a 110°C apresentou o maior valor médio

de resistência à tração dentre todas as composições estudadas, cerca de 28%

maior que a do SBR puro. Mesmo se considerado os desvios padrão das medidas,

o valor de resistência à tração da composição de SBR contendo a pó regenerado

a 110oC é estatisticamente superior ao do SBR puro.

A Figura 3(c) apresenta os valores de deformação na ruptura das

composições estudadas. Novamente, os dados estão classificados em ordem

crescente. O comportamento desta propriedade é semelhante ao das anteriores. A

composição de SBR formulada com o pó de borracha desvulcanizado em

extrusora a 110°C apresentou o maior valor médio de deformação na ruptura

dentre todas as composições estudadas, cerca de 35% maior que a do SBR puro.

Se considerado os desvios padrão das medidas, o valor de deformação na ruptura

da composição de SBR contendo a pó regenerado a 110oC é estatisticamente

superior ao do SBR puro.

A Figura 3(d) apresenta os valores de dureza Shore A das composições

estudadas. Igualmente, os dados estão classificados em ordem crescente. O

comportamento desta propriedade é semelhante ao das anteriores, ou seja, a

composição de SBR formulada com o pó de borracha desvulcanizado em

extrusora a 110°C apresentou o maior valor médio de dureza dentre todas as

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composições estudadas. Contudo, se considerados os desvios padrão das

medidas, todas as composições de SBR contendo pó de borracha, regenerado ou

não, apresentaram valores de dureza estatisticamente iguais em relação ao SBR

puro.

Os resultados das propriedades mecânicas indicam que a regeneração

prévia do pó de borracha através do processo de extrusão idealizado nesta

pesquisa resulta em melhoria do desempenho mecânico em relação à formulação

de SBR com de pó de borracha não regenerado. Dentre todas as condições

investigadas, aquela onde o pó de borracha foi regenerado em extrusora a 110oC

apresentou o melhor conjunto de propriedades mecânicas. Isso indica que

provavelmente esta é a condição de extrusão que resulta numa melhor relação de

pulverização e desvulcanização do pó de borracha para o seu aproveitamento

como carga em compostos com borracha SBR.

5. CONCLUSÕES A regeneração prévia do pó de borracha expandida de SBR/BR pela técnica

de extrusão no estado sólido idealizada nesta pesquisa mostrou-se interessante

no tocante às propriedades mecânicas de tração (módulo a 100%, resistência à

tração e deformação na ruptura) e de dureza de compostos de SBR contendo

20phr de pó de borracha incorporado. Os resultados obtidos sugerem que a

temperatura ótima de extrusão está em torno de 110oC, uma vez que esta

condição de regeneração resultou em uma composição de SBR com pó de

borracha regenerado com o melhor conjunto de propriedades mecânicas,

superiores ao do SBR puro e da composição de SBR com pó de borracha não

regenerado. Isso indica que provavelmente esta é a condição de extrusão que

resulta numa melhor relação de pulverização e desvulcanização do pó de

borracha para o seu aproveitamento como carga em compostos com borracha

SBR.

O entendimento do comportamento das propriedades mecânicas das

composições de SBR com pó de borracha regenerado depende ainda de uma

caracterização mais completa do pó de borracha regenerado e das composições.

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Isto pode ser realizado através da análise de enxofre livre (ASTM D297.3242),

densidade de ligações cruzadas (ASTM D6814), medidas de viscosidade por

reometria de placas paralelas e investigações microestruturais do pó de borracha

por microscopia eletrônica de varredura (MEV).

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CNPq pela concessão da bolsa de mestrado ao aluno

Kaique Afonso Tozzi.

7. REFERÊNCIAS

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(3) CANTO, L.B et al. Crosslinking Kinetics of Blends of Ethylene Vinyl Acetate and

Ground Tire Rubber. Journal Of Elastomers And Plastics, [s.l.], v. 41, n. 2,

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(4) LI, Y., ZHANG, Y. and ZHANG, Y.X. (2003). Structure and Mechanical

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SBR Devulcanized by Ultrasound: Rheology and Morphology. Journal Of

Elastomers And Plastics, v. 36, n. 1, p.45-75, 1 jan. 2004. SAGE Publications.

(8) SUTANTO, P.; PICCHIONI, F.; JANSSEN, L.P.B.M. Modelling a continuous

devulcanization in an extruder. Chemical Engineering Science, v. 61, n. 21,

p.7077-7086, nov. 2006. Elsevier BV

(9) BILGILI, E.; ARASTOOPOUR, H.; BERNSTEIN, B.. Pulverization of rubber

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concepts and characteristics. Powder Technology, Chicago, Il, v. 115, n. [],

p.265-276, 20 jul. 2000.

Reclaiming of expanded rubber waste by solid state shear extrusion and the

effects of its incorporation on the mechanical properties of vulcanized SBR

compounds

ABSTRACT

This study investigates the reclaiming of expanded SBR/BR industrial waste by

Solid State Shear Extrusion (SSSE) and the feasibility of its incorporation in SBR

compounds. The main focus lies on the mechanical properties under tensile and

hardness testing of SBR based compounds containing 20 phr of reclaimed rubber .

The previous regeneration of the rubber waste by SSSE allowed to obtain SBR

based compounds with mechanical properties superior to the neat SBR and the

SBR composition containing vulcanized rubber waste. The SSSE temperature

showed to play a key role in the mechanical properties of the SBR based

compounds.

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