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Universidade Federal da Grande DouradosFaculdade de EngenhariaEngenharia de Alimentos
Tecnologia de Leites e DerivadosProfa. RosalindaArévaloPinedo
Experimento 04Fabricação de Queijo por Coagulação Ácida
Acadêmicos:Évelin Marinho de Oliveira
Evilon Luiz de SouzaSamantha Suéllen
Maio /2011Dourados-MS
1. Introdução
Acredita-se que a elaboração dos queijos começou nos vales férteis dos rios Tigres e Eufrates há
cerca de 8000 anos. É certo que os Egípcios fabricavam queijos, pois eles foram encontrados nas tumbas,
particularmente na de Tutankamón (1500 a.C.), descoberta intacta em 1924. Há igualmente numerosas
referências as queijo no Antigo Testamento p. ex., Jó e Samuel em 1520 e 1190 a.C. .
Há uma lenda que em épocas pré-históricas, antes que o homem pudesse ler ou escrever, um
legendário mercador viajante da Arábia, atravessando uma agreste seção montanhosa da Ásia, já
cansado, depois de uma áspera subida sob sol causticante, fez uma pausa para restaurar suas forças e se
alimentar. Tinha trazido como alimento tâmaras secas e, dentro de um cantil feito de estômago seco de
carneiro, certa quantidade de leite de cabra.
Mas, quando ele levou aos lábios o cantil para sorver o leite, somente um líquido fino e aquoso
escorreu do seu interior. Curioso Kanana, o lendário viajante cortou o cantil e viu, para sua surpresa, que
o leite tinha se transformado numa coalhada branca, não muito desagradável ao paladar de um homem
faminto. O coalho existente no estômago parcialmente seco do carneiro havia coagulado o leite e o
resultado dessa operação foi o QUEIJO. Isso se passou há milhares de anos. E, ainda hoje faz-se o queijo
de modo semelhante: coagulando o leite com coalho oriundo do estômago de bezerros.
O queijo é um dos mais antigos alimentos preparados que a história da humanidade registra. A
arte da fabricação de queijos tem seu início perdido num passado remotíssimo, milhares de anos antes
do nascimento de Cristo.
Os egípcios estão entre os primeiros povos que cuidaram do gado e tiveram, no leite e no queijo,
fonte importante de sua alimentação.
O queijo teve um desenvolvimento lógico e inevitável, pois era o único meio pelo qual os
elementos nutritivos do leite podiam ser preservados.
Os antigos gregos reverenciaram o queijo como um alimento dos deuses. A fabricação de queijo
na Grécia já era bem conhecida no tempo de Homero, embora o país, devido ao seu terreno
montanhoso, não fosse abundante em terras de pastagens.
Hipócrates em seus escritos refere-se ao queijo feito do leite de égua e, também, de leite de
cabra, o que podia indicar que esses dois animais eram mais apropriados para viverem em terrenos
montanhosos.
Durante o reinado dos Césares, a fabricação de queijos e o desenvolvimento de laticínios
estenderam-se rapidamente por toda a Europa e tornou-se uma importante indústria agrícola onde quer
que se estendessem as pastagens abundantes. Roma, brilhante centro de civilização antiga, era um rico
mercado para queijo. Nas pródigas e fartas mesas de banquetes dos dignitários romanos, o queijo estava
invariavelmente presente e era considerado uma rara e saborosa iguaria.
Embora alguns queijos fossem fabricados na Itália, a principal fonte de abastecimento era a Suíça
onde a vegetação luxuriante das encostas dos Alpes forneceria abundante pastagem e, além do mais,
havia a mais pura água de montanha. Assim nasceu um produto mundialmente famoso e uma indústria
que, séculos mais tarde, rapidamente criou raízes e floresceu no novo mundo. O fluxograma abaixo
demonstra as etapas gerais de elaboração de queijos, porem alguns tipos seguem um fluxograma bem
diferenciado.
ESCOLHA E TRATAMENTO DO LEITE
COAGULAÇÃO
TRATAMENTO DA MASSA
ENFORMAGEM
PRENSAGEM
SALGA
CURA (MATURAÇÃO)
ARMAZENAMENTO
COMERCIALIZAÇÃO
FLUXOGRAMA 1- GERAL DE FABRICAÇÃO DE QUEIJO
Segundo o RIISPOA artigo 598, entende-se por queijo os produtos frescos ou maturados, que se
obtém por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente
desnatado) ou de soros lácteos, coagulados pela ação física do coalho, de enzimas especificas , bactérias
especificas isoladas ou combinadas , todos de qualidade apta para uso alimentar , com ou sem agregação
de substancias alimentícias e ou especiarias, condimentos , aditivos especificamente indicados ,
substancias aromatizantes e matérias corantes.
Queijo fresco: o que está pronto para o consumo logo após sua fabricação
Queijo maturado: o que sofreu transformações bioquímicas e físicas necessárias às
características de cada tipo de queijo.
CLASSIFICAÇÃO
As diferenças manipulações aplicadas a coalhada, os tipos de microrganismos e as condições de
maturação provocam mudanças significativas que, a partir de uma matéria prima relativamente
homogênea, obtêm-se produtos muito diferenciados em suas formas, propriedades reológicas e
sensorial. Estima-se que mais de vinte mil variedades sejam fabricadas no mundo, mas são agrupadas em
algumas famílias. Diversas classificações foram sugeridas com o tempo, mas nenhuma teve aceitação
geral, na Tabela 1 está a classificação mista, original de Walter e Hargrove (1972) de acordo com o
conteúdo de umidade, os microrganismos que participam da maturação e seu efeitos.
Tabela 1 - Classificação dos queijos de acordo com umidade e microrganismos que participam da
maturação
1. QUEIJOS MUITO DUROS (umidade inferior a 25%)
1.1 Maturados por bactérias: Parmesão(I), Romano (I)
2. QUEIJOS DUROS (umidade de 25 a 36%)
2.1 Com buracos. Maturados por bactérias: Emmenthal (S), Gruyère (F)
2.2 Sem buracos. Maturados por bactérias: Cantal (F), Cheddar (GB), Manchego (E),
Catellano (E), Mohón (E), Edam (H), Gouda (H), Caciocavallo (I)
3. SEMIMOLES (umidade de 36 a 40%)
3.1 Maturação por bactérias: Gallegos(E), tipo manchego (E), St. Paulin (F), Lancashire (GB).
3.2 Maturação por bactérias e bactérias e leveduras superficiais: Limburger (B), Tilsit (A),
Bel Pasese (I), Munster (F)
3.3 Maturação por mofos internos (azuis): Roquefort (F), Cabrales (E), Gorgonzola (I), Stilton
(GB), Danablu (D).
4. MOLES (umidade superior a 40%)
4.1 Maturados por mofos superficiais: Camembert (F), Brie (F).
4.2 Não-maturados: Mozzarella (I), Cottage (GB), Burgos (E), Villalón (E), Petit Suisse (F).
(I): Itália, (S): Suíça, (F): França, (GB): Grã-Bretanha, (E):Espanha, (H): Holanda, (B): Bélgica, (A):
Alemanha, (D): Dinamarca.
Classificação quanto ao teor de gordura no extrato seco total:
Extra gordo: min. de 60%
Gordo: entre 45 e 59,9%
Semigordo: 25 e 44,9%
Magro: 15 e 24,9%
Desnatado: menos de 15%
A gordura apresenta no queijo tem influencia no sabor, é responsável pela maciez, contribui
para coloração amarelada e é fonte de calorias. O excesso e a falta de gordura contribuem de maneira
significativa na qualidade do produto final:
Excesso de gordura contribui para:
Coagulação mais lenta
Queijo mais macio
Maturação mais rápida
Menor resistência a condições adversas (oxidação lipídica)
Pouca gordura contribui para:
Massa mais dura
Maturação mais lenta
Aspectos bioquímicos da maturação do queijo e desenvolvimento de atributos sensoriais
- Glicólise
A acidificação do leite e da coalhada ocorre devido à produção de ácido láctico a partir da lactose
por cepas selecionadas de bactérias lácticas, chamadas de cultivos iniciadores. Essas bactérias dividem-
se em mesófilas (crescem otimamente a temperaturas em torno de 30ºC) e termófilas (temperatura
ótima de 45 ºC). Os cultivos mesófilos sempre contêm Lactococcus lactis, subsp. Lactis e/ou Lactococcus
lactis, subsp. cremoris, responsáveis pela produção de ácido láctico e, as vezes, também de Lactococcus
lactis subsp. lactis sorovar diacetylactis e/ou Leconostoc mesenteroides, subsp. cremoris necessários
para o desenvolvimento de aroma (diacetil e acetaldeído).
Os cultivos termófilos contêm normalmente Streptococcus thermophilus e algumas espécies do
gênero Lactobacillus, Lb. Helveticus e/ou Lb. Delbrueckii subsp. bulgaricus para fabricação de iogurte.
Esses microrganismos possuem a capacidade de transformar a lactose em ácido láctico e outros
produtos. As homofermentativas transformam 98% da lactose em ácido láctico, enquanto as
heterofermentativas produzem ácido láctico, dióxido de carbono, ácido acético e etanol.
- Proteólise
A proteólise que ocorre durante a maturação do queijo á um fenômeno de grande relevância,
pois afeta de maneira muito acentuada tanto a textura como o sabor e o aroma, é um processo gradual
que começa com a ruptura da molécula protéica, podendo alcançar profundidades muito diversas, desde
a fragmentação da molécula original em polipeptídeos de tamanhos diversos até formação de
oligopeptídeos e de aminoácidos livres, que podem, junto com substâncias geradoras durante a glicólise
e a lipólise, participar por si mesmos do sabor e aroma dos produtos ou permanecer no meio dos outros
compostos aromáticos e de sabor.
Durante a maturação do queijo, produz-se uma ação colaborativa entre todas as enzimas
atuantes. O resultado é a degradação parcial das caseínas, cuja extensão depende de diversos fatores
(microrganismos presentes, pH, tempo de maturação, concentração de NaCl, etc). A consequência de
tudo isso é a geração de progressiva de peptídeos e aminoácidos livres que se acumulam no meio,
participando assim do sabor do queijo diretamente ou por outras transformações microbianas ou
químicas. Os aminoácidos podem dar origem a uma serie de compostos de baixo peso molecular,
voláteis (ácidos orgânicos, aldeídos, etc.) ou não (outros aminoácidos, aminas, etc.) que por sua vez
podem dar origem a outras substâncias aromáticas e saborosas.
- Lipólise
As transformações que ocorrem no material lipídico dos queijos durante a maturação não
afetam a textura, mas sim o sabor e aroma. A primeira transformação sofrida pela gordura é a hidrólise
dos triglicerídeos, a fração lipídica majoritária (cerca de 98 %), com liberação de ácidos graxos que se
acumulam no meio, ou transformam-se em outras substâncias igualmente aromáticas e saborosas. O
leite bovino contém uma lípase, localizada entre as micelas de caseína, porem tem atuação ótima em pH
entre 8 e 9 é termolábil e inibe-se em concentrações de 1M de NaCl, sendo assim não apresenta
atividade na maturação da maioria dos queijos, pode ter influencia em queijos elaborados com leite cru.
As bactérias lácticas possuem baixa atividade lipolítica, já os micrococos podem contribuir para a
hidrólise da gordura mediante suas lípases extracelulares. Em alguns queijos como Parmesão e
Provolone, acrescenta-se lípase pancreática junto com o coalho para potencializar a liberação de ácidos
graxos. Nos queijos Roquefort, por exemplo, o P. roqueforti é responsável pela liberação de ácidos
graxos e depois metabolizam esse ácidos graxos, transformando-os metil-cetonas e álcoois responsáveis
pelo sabor e aroma característico desse queijo.
ETAPAS DA TECNOLOGIA DE QUEIJOS
ESCOLHA E TRATAMENTO DO LEITE: O leite deve ser de boa qualidade, com baixa carga de
microrganismos e não acidificado. Deve ser pasteurizado e padronizado.
OBS: A pasteurização do leite é uma operação que pode ou não se realizar para fabricação de
queijo. Esse processo destrói os microrganismos patogênicos presentes no leite cru e, assim, garante-se
a saúde do consumidor, porem quando feito com leite cru é necessário um período de maturação não
inferior a dois meses, pois admite-se que os patogênicos não sobrevivem no queijo após esse tempo.
COAGULAÇÃO: tem como finalidade precipitar a caseína (proteína do leite) retendo também a gordura e
promover a separação do soro.
A caseína representa a fração mais importante das proteínas do leite, perfazendo 80% do total
de proteínas. Encontra-se na forma de um complexo, o Fosfocaseínato de cálcio, devido a sua união com
grupos fosfatos e com cálcio.
A precipitação da caseína pode ser realizada pela coagulação acida ou enzimática, sendo essa a
mais utilizada industrialmente.
Coagulação acida:
A coagulação ácida ou láctica consiste no abaixamento do pH por acumulo de ácido láctico ou
por adição de outros ácidos orgânicos, o que determina a solubilização dos sais cálcicos das micelas de
caseína, produzindo migração progressiva do cálcio e dos fosfatos para a fase aquosa, promovendo a
desmineralização das caseínas, que é total em pH 4,6, que é o ponto isoelétrico da caseína, pH onde a
caseína apresenta menor solubilidade. A solubilidade dos minerais Ca e P, do interior da micela, na fase
aquosa deixam à micela desprovida de seus minerais, então a micela desintegra e precipita. Dado o
papel tão importante do cálcio e dos fosfatos na estrutura micélica a solubilização desses minerais é
acompanhado de desestabilização das micelas, favorecida ainda pela neutralização de sua carga
superficial.
As partículas coloidais da caseína em pH próximos da neutralidade são carregadas
negativamente, existe repulsão entre as partículas, com o abaixamento do pH até 4,6 as partículas se
neutralizam e a repulsão deixa de existir permitindo que as partículas se unam formando um coagulo.
Essa coagulação pode ser realizada por culturas láticas, ou espontânea ou ainda por adição de
ácidos orgânicos.
Em temperaturas baixas entre 0 e 5ºC, pode-se acidificar o leite até 4,6, sem que se produza a
formação do coágulo, só será observado aumento de viscosidade. Já em temperaturas mais altas, as
caseínas precipitam em pH tanto maior quanto mais elevada à temperatura. Por exemplo, a 20ºC obtem-
se a coagulação em pH em torno de 4,6, enquanto a 40ºC em pH próximo a 5,2. O aumento da
temperatura favorece a solubilização dos minerais.
O coagulo obtido é o resultado da formação de um retículo protéico insolúvel que engloba em
sua rede tridimensional a gordura e a totalidade da fase aquosa. É pouco usada na fabricação de queijo
porque forma coalho poroso, frágil e difícil de dessorar, sendo assim predomina para queijos moles. Na
figura 1 pode-se observar a floculação ácida da caseína.
Figura 1 – Floculação acida da caseína
Coagulação Enzimática:
Por muito tempo, designava-se como coalho ou renina (enzima) o extrato procedente do
abomaso de bezerros lactantes, cujo principio ativo é a quimosina, e que contém apenas pequenas
quantidades de pepsina. Os coalhos atuais costumam conter quantidades variáveis de pepsina (entre 10
e 60% em media 35%), indicando que utilizam grande número de estômagos de animais maiores (não-
lactentes) para sua obtenção. Em países, como Espanha e Portugal, utilizava-se tradicionalmente coalho
vegetal (extrato solúvel procedente de algumas espécies de cardos do gênero Cynara) para obtenção de
diversos queijos de leite de ovelha. Atualmente utilizam-se também enzimas elaboradas por diversos
fungos, principalmente Mucor mihei, M. pusillus e Endothia parasitica.
A coagulação ocorre no pH próximo ao natural do leite entre 6,0 e 6,5. Produz um coagulo firme
e elástico no inicio e precipitado consistente e elástico no final.
A grande maioria das caseínas se encontra no leite na forma de partículas coloidais conhecidas
como micelas de caseína, para manter sua solubilidade. Caseína é uma proteína formada par quatro
frações chamadas de αs1, αs2, β e κ (alfa s1 e s2, beta e capa). As frações αs1, αs2 e β, são sensíveis ao cálcio
podendo precipitar na sua presença, a fração k é muito resistente ao cálcio ela exerce um papel protetor
sobre as frações αs1, αs2 e β evitando a coagulação na presença de cálcio solúvel. Na coagulação
enzimática quando se adiciona à enzima (coalho) ao leite, este rompe ou remove a cadeia glucopeptídica
da k caseína, na verdade ela hidrolisa ligações peptídicas estabelecida entre a Phe (105) e Met (106) da
k-caseína, provocando a desestabilização da suspensão coloidal das caseínas. Assim o cálcio se combina
com as outras frações da caseína, formando uma rede, o cálcio solúvel age como ponte entre uma
micela e outra a qual aprisiona a água, lactose, gordura,etc, transformando o leite líquido em uma
coalhada. Em seguida ocorre o rearranjo das micelas após a formação do gel, com uma perda da
identidade das micelas, a partir do momento em que o coagulo ganha firmeza e a sinérese (saída do
soro) se inicia.
Remove a camada glucopeptídica perdendo a função protetora
Renina (coalho)
CASEÍNA (α, β, γ, κ) PARACASEÍNA + Ca
Paracaseínato ou caseínato de cálcio que é o coagulo
Tradicionalmente os coalhos são de origem animal, principalmente de bezerros e porcos, como é
o caso da renina. Mas para atender grupos especiais como vegetarianos e muçulmanos, foram
desenvolvidos coalhos de origem vegetal e microbiana.
PRENSAGEM
A prensagem tem como objetivo unir os grãos da massa dando origem a um só bloco de
estrutura homogênea. É utilizada uma pressão de 5 a 30 vezes o peso do próprio queijo durante 3 a 20
horas. Começa com uma pressão mais lenta e vai aumentando gradativamente.
SALGA:
a- Salga a Seco
Também denominada superficial. Consiste em cobrir o queijo com uma camada de 2 mm de sal,
em ambos os lados. Este tipo de salga se realiza logo após a prensagem, sendo mais aconselhável para os
queijos macios.
Para este tipo de salga, usa-se de granulação média, por ser menos solúvel que o refinado,
perdendo menor quantidade com a exudação do soro. Os queijos, neste tipo de salga, devem ser virados
no fim de 24 horas, cobrindo a parte que ficar em contato com a prateleira, com sal.
b- Salga em Salmoura
Consiste em mergulhar os queijos em uma solução a 20 a 24 % de sal com acidez entre 20-50ºD
e temperatura de 10- 15°C por 24 a 36 horas, esses valores são aproximados eles podem apresentar
algumas alterações é especifico para cada tipo de queijo. Porem, neste tipo de salga, a concentração
superior a 23%, causa trinca na periferia do queijo, e acidez muito baixa (entre 10 e 15ºD), permite o
crescimento de bactérias proteolíticas que podem causar sérios defeitos no queijo.
Outro fator a ser considerado é que durante a salga do queijo, a diferença na pressão osmótica
entre a salmoura e a massa faz com que parte da umidade desta seja liberada, arrastando consigo
soroproteínas, ácido lático e minerais dissolvidos, ao mesmo tempo em que o NaCl é absorvido. Para que
este equilíbrio funcione bem é importante que a concentração da salmoura e seu pH sejam apropriados,
o teor de cálcio deve ser na ordem de 0,1 a 0,2% podendo ser ajustado por adição de CaCl2 como já
mencionado anteriormente. O pH ideal da salmoura é entre 5,2 e 5,3. Durante o processo de salga
ocorre troca de íons Ca2+ por Na+ nas moléculas de paracaseína, o que torna a massa mais macia. Se o pH
estiver abaixo de 5,0 haverá mais íons H+ do que Ca2+ ligados as moléculas de paracaseína, em
conseqüência, haverá incorporação insuficiente de íons Na+ e o queijo ficara duro e quebradiço. Ao
contrario, em pH acima de 5,8 haverá excesso de íons Ca2+ em relação a H+ levando a um excesso de íons
Na+ na molécula após a troca, deixando o queijo demasiadamente macio.
Os queijos devem ficar submersos, para que o sal se distribua regularmente, o que não acontece
quando o queijo permanece à tona na salmoura, com uma parte para fora. Deve-se colocar sobre os
queijos uma placa de metal ou plástico perfurado, a fim de forçá-los para baixo.
O tempo na salmoura depende do tamanho do queijo, peso, formato, e consistência da massa.
O sal é absorvido por osmose de fora pra dentro por isso é importante a concentração da salmoura e o
tempo em função do tamanho do queijo.
Ex.: 1kg Queijo Prato deve permanecer aproximadamente 24horas em salmoura 20% a 15°C.
c-Salga Direta no Leite
É feita para impedir o desenvolvimento de bactérias produtoras de gás.Quando se usa tal
prática, faz-se da seguinte maneira: coloca-se de 300 a 500 gramas de sal para cada 100 litros de leite,
antes da adição do coalho. Isto é mais comum para o queijo Minas.
d- Salga na Massa
Usa-se de 200 a 300 gramas de sal para cada 10 Kg de massa. Pode ser feita da seguinte
maneira: diretamente na massa granulada ou na massa depois de formada e passada no cortador.
Além destes tipos de salga, temos as salgas mistas:
salga na massa combinada com salga seca;
salga na massa combinada com salga em salmoura;
salga na massa combinada com salga no soro.
MATURAÇÃO
A maturação dos queijos consiste na hidrólise das proteínas e gordura, e na fermentação da
lactose, bem como na síntese dos compostos aromáticos, formados pela degradação das proteínas. Estes
processos alteram a composição química dos queijos, principalmente no que tange a seu conteúdo em
açucares, proteínas e lipídeos. O tempo de maturação varia para cada tipo de queijo e é neste processo
que se desenvolvem as características organolépticas e de textura.
EMBALAGEM
Tem como objetivo a proteção mecânica contra microrganismos na crosta, evita perda de água e
apresentação comercial
2. OBJETIVOS
Obter um tipo de queijo frescal através de coagulação ácida e observar as
transformações ocorridas durante o processo.
3.MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
- 20 L leite fresco
- suco de limão
- panelas
- ClNa(sal comum)
-facas,escumadeiras
- moldes com peneiras
- prensas
-bequers
- vazilhas
3.2. MÉTODOS
Primeiramente realizou-se tratamento térmico, o processo de pasteurização deve ser rápido a temperaturas elevadas a 85°C/3-5 min. Após pasteurizar, adicionou-se o suco de limão (ácido cítrico) - 50 mL/litro de leite e vinagre(ácido acético) – 10 mL/litro de leite na segunda panela. Desligou-se o fogo e aguardou-se a formação dos coágulos.
Em seguida, recolheu-se os coágulos com ajuda de uma peneira e põs no dessorador. Adicionou-se o cloreto de sódio em torno de 0,5 a 1% e misturou-se com o auxílio de uma colher para uniformizar o sabor.
Colocou-se os coágulos na forma com tampa e deixou-se escorrer por 1 hora. O queijo permaneceu por 24 horas na forma acondicionada no refrigerador.
Retirou-se das formas e pesou-se a fim de calcular o rendimento do queijo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A obtenção do queijo por coagulação ácida se deu utilizando ácido cítrico proveniente
do suco de limão e ácido acético proveniente do vinagre. Realizou-se o procedimento conforme
estabelecido em roteiro e obtivemos dois queijos que no dia seguinte analisou-se as
características sensoriais.
Para elaborar os queijos foram utilizados 10 L de leite para cada tipo, sendo que
resultou-se em 1479,78 g de queijo do ácido acético e 1076,75 g de queijo do ácido cítrico. Os
dois queijos apresentaram boa textura (firme), fatiabilidade e sabor. Entretanto o queijo que foi
adicionado suco de limão continuou apresentando o sabor do limão.
Cálculos:
1 – Realize o cálculo de rendimento do queijo.
Queijo obtido através de ácido cítrico: (Massa de queijo/massa de leite )* 100 = 10,76%
Queijo obtido através de ácido acético: (Massa de queijo/massa de leite )* 100 = 14,79%
2 – Na produção de queijo, qual a diferença entre coagulação ácida e enzimática.
A coagulação ácida ou láctica consiste no abaixamento do pH por acumulo de ácido láctico ou
por adição de outros ácidos orgânicos, o que determina a solubilização dos sais cálcicos das micelas de
caseína, produzindo migração progressiva do cálcio e dos fosfatos para a fase aquosa, promovendo a
desmineralização das caseínas, que é total em pH 4,6, que é o ponto isoelétrico da caseína, pH onde a
caseína apresenta menor solubilidade. A solubilidade dos minerais Ca e P, do interior da micela, na fase
aquosa deixam à micela desprovida de seus minerais, então a micela desintegra e precipita.
A coagulação enzimática ocorre no pH próximo ao natural do leite entre 6,0 e 6,5. Produz um
coagulo firme e elástico no inicio e precipitado consistente e elástico no final.
A grande maioria das caseínas se encontra no leite na forma de partículas coloidais conhecidas
como micelas de caseína, para manter sua solubilidade. Caseína é uma proteína formada par quatro
frações chamadas de αs1, αs2, β e κ (alfa s1 e s2, beta e capa). As frações αs1, αs2 e β, são sensíveis ao cálcio
podendo precipitar na sua presença, a fração k é muito resistente ao cálcio ela exerce um papel protetor
sobre as frações αs1, αs2 e β evitando a coagulação na presença de cálcio solúvel. Na coagulação
enzimática quando se adiciona à enzima (coalho) ao leite, este rompe ou remove a cadeia glucopeptídica
da k caseína, na verdade ela hidrolisa ligações peptídicas estabelecida entre a Phe (105) e Met (106) da
k-caseína, provocando a desestabilização da suspensão coloidal das caseínas. Assim o cálcio se combina
com as outras frações da caseína, formando uma rede, o cálcio solúvel age como ponte entre uma
micela e outra a qual aprisiona a água, lactose, gordura,etc, transformando o leite líquido em uma
coalhada. Em seguida ocorre o rearranjo das micelas após a formação do gel, com uma perda da
identidade das micelas, a partir do momento em que o coagulo ganha firmeza e a sinérese (saída do
soro) se inicia.
3 –Explique o fluxograma de processamento do queijo por coagulação ácida e discuta a
transformação bioquímica que se dá na fabricação de este tipo de queijo.
TRATAMENTO TÉRMICO DO LEITE
ADIÇÃO DO ÁCIDO
COAGULAÇÃO
DESSORAMENTO
SALGA
PRENSAGEM
ARMAZENAMENTO
No pH natural do leite (em torno de 6,6) as moléculas de proteína possuem carga negativa. As
proteínas se mantém separadas (em solução) porque cargas elétricas idênticas se repelem. Quando íons
hidrogênio são adicionados ao leite (acidificação), eles são adsorvidos pelas moléculas de proteína. Em
um valor de pH em que as cargas positivas e negativas da proteína são iguais (onde o número de grupos
NH3+ e COOH- das cadeias laterais são iguais) a carga total é zero.
Nessa situação, as proteínas se aglomeram através da anulação das cargas positivas de uma
molécula com as cargas negativas em uma outra. A coagulação ocorre, então, pelo aumento do peso
molecular. O pH no qual isso ocorre é chamado de ponto isoelétrico da proteína, correspondendo a um
valor de 4,6. Por outro lado, quando ocorre a coagulação por acidificação, o aumento da acidez aumenta
a solubilidade dos minerais e, o cálcio e o fósforo orgânicos das micelas se solubilizam gradualmente
passando para o soro. Assim, o coágulo obtido por acidificação possui características físico-químicas e
reológicas que tem muita importância no processo de fabricação do queijo.
Em especial, a estrutura formada não permite a prensagem da massa e esta retém muito mais
umidade. As micelas ficam desestruturadas, sem enlace nem coesão, sendo incapazes de contrair-se.
Conseqüentemente, toda a ação mecânica sobre a coalhada formada deve ser muito cuidadosa para
evitar sua ruptura em pequenas partículas que são perdidas junto com o soro. A coagulação ácida só
permite, portanto a elaboração de queijos de alta umidade.
5. CONCLUSÕES
Foi possível avaliar os procedimentos propostos e verificar que este tipo de coagulação não é utilizado comercialmente pelo produto final com alta umidade, diminuindo o tempo de vida útil do produto, inviabilizando economicamente a produção da mesma.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA, artigo 598
- Apostila de Tecnologia de Leite e derivados- Simone Beux. Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Pato Branco.
-Site acessado em 09 de maio de 2011:
<
http://www.ufrgs.br/alimentus/laticinios/leite_fq/fq_composicao_proteinas_caseina_coagulacao.htm>.