Upload
duonghuong
View
219
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
RELATÓRIO FINALTEMA 1
ESTADO DO CONHECIMENTO
Si estamos viviendo una crisis del quehacer en las ciencias sociales de América Latina,
la tarea de quienes las practican es la de analizar sus características y las exigencias que plantea,
siempre y cuando no se tenga una noción apocalíptica y fatalista de ella. Esto implica reexaminar los paradigmas existentes,
desechar lo que hay que desechar, renovar lo que se puede renovar
y construir nuevos instrumentos teóricos y conceptuales para aquellos fenómenos que se nos presentan
sobre la marcha de los procesos sociales. En este esfuerzo, que es, por lo demás,
intrínseco al carácter mismo de las ciencias sociales, se inscribe también la necesidad de practicar
en forma permanente una ciencia social de la ciencia social con la finalidad de contribuir al auto
reflexión necesaria y de evitar que se caiga en esquematismos estériles.
(Heinz R. Sonntag)
Tema 1: Estado do conhecimento - 2010
Panorama da Comunicação no Brasil
Coordenadora: Maria Cristina Gobbi1 Assistentes de Pesquisa III: Juliana C. G. Betti e Francisco de Assis Guedes Equipe de Apoio: Cecília Soares de Paiva, Cristiane dos Santos Parnaíba,
Faiga Toffollo e Rose Mara Vidal de Souza
Introdução: a emergência de um campo de estudos
O desafio da pesquisa sempre enseja tratar o tema foco de forma exaustiva - o que não seria
possível em um artigo científico. Assim, esse resultado pontua questões indicadas como de
ordem geral, oferecendo um panorama nacional para os motes relativos à Comunicação no
Brasil. Nesse sentido, a metodologia é um processo para a tomada de decisões e que permite a
definição de fases e de escolhas, conjuntamente com a determinação de um espaço-temporal,
onde o escopo é desenvolvido e operado em combinação com critérios de validação da seleção
dos dados. As escolhas, ora apontadas, buscam determinar instrumentos para dar formato e
1 Pós-Doutora pelo Programa de Integração da América Latina (PROLAM) da Universidade de São Paulo. Bolsista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Coordenadora da pesquisa sobre o Panorama da Comunicação no Brasil, cuja meta é diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação nacionalmente institucionalizados. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital e professora do Programa em Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Professora da Universidade de Sorocaba (UNISO). Coordenadora do Grupo de Pesquisa “Pensamento Comunicacional Latino-Americano” do CNPq. Diretora de documentação da INTERCOM. Coordenadora do GT Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina da mesma Instituição. E-mail: [email protected].
reforçar o cenário comunicativo, especialmente o desenhado na última década e por diversos
atores, quer institucionais ou individuais.
A pesquisa é sempre um espaço de forças, determinada pela lógica das condições sociais de
produção. Revela os pré-supostos do discurso, mas também referencia o fazer produzido, onde
atores encenam as práticas de uma autonomia relativa, mas não dissociada das condições
concretas de elaboração, difusão e desenvolvimento daquilo que se está empreendo. Porém, as
competências para abordar esse ou aquele objeto e a forma dada a ele são desenhadas na
natureza de produção. Estas determinam o ponto de partida, a trajetória e definem o objeto para
a tomada de decisão.
Esse é, então, o primeiro exercício2 de uma matriz de Indicadores sobre o campo da
Comunicação no Brasil. Pretende servir de subsídios a projetos que tenha atenção não só no
saber comunicativo, mas na qualidade daquilo que se empreende nesse campo, servindo de
referência também para a tomada de decisão das futuras políticas públicas. Esse apontamento
objetiva estruturar um conjunto de quesitos que possibilitem revelar e diminuir as distâncias entre
a teoria e a prática comunicativa, apontando para a possibilidade da criação coletiva como ação
transformadora, fruto do exercício de parceria entre pesquisadores e instituições, que é não só
desejável como inevitável nas ciências contemporâneas.
Inserida neste contexto de inquietude, as experiências resultantes dessa investigação
possibilitarão a construção de novos conhecimentos, superando a fragmentação dos saberes.
Desta forma, um dos desafios desta pesquisa foi o de alcançar objetivos mais amplos e
resultados plurais, numa perspectiva integradora não apenas dos conteúdos, mas e, sobretudo,
de pesquisadores e instituições. Assim, à ameaça na formação de um campo da Comunicação
autônomo, devido ao uso indiscriminado e desconectado dos múltiplos conhecimentos poderá
ser superado com a sistematização e a reflexão constante dos participantes, para que os
diversos aportes teórico-metodológicos estejam voltados a um objetivo maior: o entrecruzamento
2 Este artigo é resultado da pesquisa Panorama da Comunicação no Brasil, cuja meta foi diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação nacionalmente institucionalizados, desenvolvida no âmbito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), através do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD). Contou com recursos de bolsa concedida pelo IPEA a Maria Cristina Gobbi. A equipe de pesquisa foi integrada pelos Assistentes de Pesquisa III, os mestres, Francisco de Assis Guedes e Juliana C. G. Betti; de apoio, formada pelas mestrandas: Cecília Soares de Paiva, Faiga Toffollo, Rose Mara Vidal de Souza e Cristiane dos Santos Parnaíba (graduanda).
de ciências, de modo que sejam modificadas e repensadas em função da Comunicação, de um
novo olhar transformador.
Neste sentido, o resultado também oferece uma visão interdisciplinar, possibilitando uma prática
diferenciada, que pode dar conta da complexidade e da dinâmica do campo da Comunicação,
especialmente no Brasil. Esta prática pode se traduzir pela possibilidade que a pesquisa, como
um todo, oferece de descrever e diagnosticar a produção do conhecimento comunicativo,
analisando o desenvolvimento, na última década, dos setores midiáticos; desenhar o panorama
da indústria nacional de informação e comunicação; analisar, mensurar e descrever os setores
das profissões legitimadas e das ocupações emergentes no campo, além de traçar o perfil
nacional da comunicação, evidenciando os perfis socioeconômico, educativo-cultural, entre
outros. Todo esse amplo escopo possibilita a reflexão teórica baseada na construção coletiva
prática de novos conhecimentos, fundamental para o avanço da Ciência da Comunicação.
Avaliar o Estado do Conhecimento no campo acadêmico e profissional da Comunicação Social
no Brasil, na última década, passa por vários desafios. Embora em estágio avançado, se
comparado com outras regiões, principalmente da América Latina, a área ainda busca a
ampliação dos níveis de excelência na formação universitária e na inserção dos egressos no
mercado profissional. Outras características da Comunicação Social altercadas são o amplo
entendimento sobre o conceito do campo comunicacional, as definições de suas fronteiras,
objetos, agentes (produtores e consumidores), cenários e produções.
Esse foi o escopo dado pela chamada pública nº 63/2010, do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD). Com o
título “Panorama da Comunicação no Brasil: PBC 2010”, o projeto teve como meta descrever e
diagnosticar a produção de conhecimento nos principais segmentos da comunicação
nacionalmente institucionalizados ou publicamente legitimados, como: Audiovisual, Cibercultura,
Divulgação Científica, Economia Política da Comunicação, Editoração, Folkcomunicação,
História da Mídia, Jornalismo, Marketing Político, Publicidade, Radialismo, Relações Públicas e
Semiótica.
O mote central buscou estabelecer de qual maneira e quais produções, instituições, centros de
pesquisa e temáticas definem o panorama da Comunicação no Brasil, na última década. Assim,
o objetivo central foi o de inventariar e diagnosticar a produção científica brasileira, possibilitando
a determinação de indicadores nacionais sobre o conhecimento comunicacional produzido,
resultado do cruzamento dos dados coletados nos múltiplos espaços institucionalizados, nos
últimos 10 anos.
Para atender a esse objetivo, em uma ampla pesquisa empírica e densa revisão teórica, os
resultados gerais estão divididos em duas partes. A primeira discorre sobre a metodologia geral
utilizada e o contexto dessa produção, apresenta alguns indicativos nacionais e marca a direção
da especificidade das análises.
A parte dois evidencia o Panorama Brasileiro do Pensamento Comunicacional, demonstrando o
conhecimento holístico produzido no âmbito das duas Instituições Paradigmáticas no campo da
Comunicação Social: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(Intercom) e Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
(Compós), reunindo assim as reflexões tanto no nível da graduação, como aquelas oriundas dos
programas de pós-graduação do País. Também, mostra o Estado do Conhecimento a partir das
subáreas Consolidadas (Jornalismo, Publicidade, Cinema e RP) e das Subáreas Emergentes
(Cibermídia, Cibercultura, Folkcom, Propaganda Política, Comunicação Organizacional,
Jornalismo Científico, Economia Política).
Finalmente, diversos projetos de mapeamento do Campo da Comunicação foram (estão sendo)
gestados em universidades brasileiras, especialmente nos cursos de Graduação e Pós-
Graduação, ressaltando que cada instituição estabelece seus critérios a partir de experiências
individuais (ou em grupo) de pesquisadores atuantes na área.
O projeto “Panorama da Comunicação no Brasil 2010”, proposto pelo IPEA, possibilitou a revisão
dos processos comunicativos a partir do conhecimento atualizado produzido nos centros de
excelência em pesquisa, instituições de produção de conteúdos comunicativos e de formação
profissional. Também foi possível interpretar os resultados em suas interfaces nacionais,
regionais e locais identificando, desta forma, as tendências da Comunicação Brasileira, na
primeira década do século XXI, oferecendo perspectivas futuras para os setores
profissionalmente legitimados e emergentes no Campo da Comunicação.
Métodos e Técnicas: escolhas necessárias
Vicissitudes de ascensão
Um campo científico pode ser definido como um conjunto de métodos, estratégias e objetos
legítimos de discussão3. Sendo assim, em cada um desses elementos, são diversos os
procedimentos capazes de contribuir para sua fragmentação ou sua consolidação. Como afirma
Marques de Melo4, “(...) à medida que se institucionaliza um novo campo do saber, torna-se
imprescindível oferecer às novas gerações um quadro histórico que estimule a acumulação
orgânica de experiências, evitando-se a repetição de etapas já percorridas, mas que escapam
muitas vezes à percepção dos pesquisadores neófitos”.
Por outro lado, também, esse repertório acumulado nos permitirá fortalecer os estudos e as
práticas comunicacionais. No resgate das produções comunicativas podem ser encontradas as
oportunidades para a consolidação dos referenciais teórico-metodólogicos. Por outro lado, as
ações práticas oferecem o referencial capaz de definir políticas públicas adequadas para que o
efetivo processo de comunicação seja estabelecido, nos mais variados âmbitos, permitindo
aplicar na prática o sentido de um processo comunicativo democrático e plural.
Revisar o “estado da arte” em comunicação como propõe o projeto “Panorama da Comunicação
no Brasil: PBC 2010” é revelar um número grande de conjunturas. Os desequilíbrios da
informação e da comunicação, tratando do tema da dependência informativa e as múltiplas
crises instaladas nos mais variados segmentos, deram origem a diversas equipes de
pesquisadores que buscam soluções para os problemas da Comunicação. É possível observar
que são várias são as iniciativas isoladas ou grupais, que surgem no país no sentido de
congregar a produção comunicacional, principalmente a partir da década de 1970. Entretanto,
mesmo passados 40 anos não se produziu uma única avaliação sobre os diferentes formatos e
eficácia desses grupos consolidados.
3 BORDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 84. 4 Parte do discurso de abertura do III Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação. Material disponível no Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano “José Marques de Melo”, na Universidade Metodista de São Paulo. Material disponível no Acervo da Escola Latino-Americana de Comunicação.
A recente proliferação de instituições de ensino na área da Comunicação, a crescente demanda
por pesquisadores com visão crítica e analítica sobre a produção científica nacional e a
necessidade urgente de políticas públicas para o ensino e a pesquisa, justificam o mapeamento
e a definição de indicadores que sirvam de base para a elaboração de um plano nacional, capaz
de abrigar os perfis comunicativos no País. Não se trata, evidentemente, de criar um modelo
único de produção, mas de estabelecer parâmetros mínimos de qualidade para essa produção e
sua divulgação, considerando-se a relevância e as demandas crescentes por estudos que
evidenciem as mudanças ocorridas no cenário nacional, especialmente na última década.
O processo de identificação coletiva de um campo do conhecimento caminha ao lado do
fenômeno de autoconhecimento e este por sua vez, pode obedecer a diferentes fronteiras
identificáveis. Por outro lado, não se pode falar em desenvolvimento da Comunicação tendo por
base somente à dependência político-social ou mesmo, o processo de globalização. Faz-se
necessário discutir os cenários específicos do campo e incluí-lo dentro de um espaço temporal,
sem perder de vista os atores dessa difusão e as instituições que contribuíram para o
desenvolvimento e disseminação da cultura comunicacional.
Nesse cenário, entre o desenvolvimento e a Comunicação, vários especialistas começaram a
projetar e socializar a idéia da criação de instituições capazes de congregar essas preocupações
e estimular o desenvolvimento de pesquisas na região. E o resultado dessa produção, embora
disponível, ainda são esparsos. Trata-se de um universo restrito aos espaços que abrigam
pesquisadores, com temas diversificados e produções que visam contemplar diferentes áreas
do conhecimento comunicativo.
O impasse atual das ciências da Comunicação, que surge de velhas discussões sobre as
fronteiras reais de integração com outras ciências, como afirma Aguirre5, permite que se possa
adotar duas estratégias de avanço: a) a necessidade de concepção unificada no campo científico
levaria a exigir uma visão teórica coerente, permitindo agrupar diversas disciplinas que não se
prendem a uma única corrente teórica e b) as diversas Ciências da Comunicação se constituem
com certa autonomia, estabelecem relações segundo os problemas que buscam solucionar a
partir da inter, da multi e da transdisciplinaridade.
5 AGUIRRE, Jesús Maria. El pensamiento Latinoamericano sobre comunicación. Anagnorisis de una ciencia bastarda. Revista eletrônica científica PCLA, n. 1, 1. ed., Disponível em: www.umesp.com.br/unesco/pcla/index.htm, 1999, acesso em julho de 2010.
Se, por um lado, temos a teoria da ação comunicativa de Habermas (1988), a teoria geral da
comunicação de Luhmann (1991) ou as teorias sociais sobre a produção da Comunicação e a
estruturação dos cenários e atores social destes espaços; por outro, podemos refletir que há
diversas teorias fragmentarias sobre cada fase do processo de Comunicação, que estão mais
preocupadas em defender suas próprias fronteiras, do que em integrar-se neste cenário amplo,
já configurado no século XXI.
As Ciências da Comunicação necessitam colocar ordem na definição de suas prioridades e
constatações, para então legitimarem-se no campo da produção científica dentro das Ciências
Sociais6. Para Aguirre (2010), faz-se necessário:
1) a definição das fronteiras da disciplina, buscando seus centros teóricos ou certos focos
teóricos;
2) buscar sua legitimidade com base em conceitos metodológicos para ser reconhecida no
campo das Ciências Sociais e
3) os cursos de pós-graduação, devem estar vinculado a instituições de pesquisa, para garantir
a formação de cientistas entre as gerações mais jovens.
Existe um conjunto de pensadores, que mesmo vindo das mais diversas disciplinas, tem
focalizado sua atenção no diagnóstico e na solução de problemas comunicacionais, tratando do
conjunto regional ou segmentando da mega região com uma historicidade comum. Conjugado a
autopercepção e a heteropercepção dos trabalhos desenvolvidos no campo das Ciências
Sociais, há uma produção séria, enraizada nos problemas regionais, específicas em seu
conjunto, apesar dos desenvolvimentos desiguais na mega região brasileira.
É fundamental observar que está se desenvolvendo atualmente um contíguo de transformações
paradigmáticas de grande repercussão. Se, como afirma Marques de Melo (1998), até alguns
anos atrás as pesquisas brasileiras se destinavam, em sua grande maioria, ao conhecimento da
penetração dos veículos de comunicação de massa junto às populações urbanas,
disponibilizando os índices de audiência de programas de rádio, TV ou mostravam a circulação
de jornais e revistas; atualmente os desafios caminham pela compreensão dos elementos que
integram o processo comunicativo, pelas análises dos fenômenos relacionados ou gerados pela
6 Idem, ibidem.
transmissão de informações, sejam dirigidas a uma única pessoa, a um grupo ou a um vasto
público.
Hoje os principais desafios enfrentados nas pesquisas em comunicação ainda são o modismo e
a imitação7. Para Marques de Melo (1998), esses fatores são reflexos da dependência externa,
que ainda continua muito forte. Precisamos redimensionar o trabalho científico, "aprofundando a
interpretação dos fenômenos já conhecidos; observar sistematicamente os novos fenômenos,
dando-lhes registro crítico-descritivo e cambiar as análises de fenômenos globais com os casos
específicos", dessa maneira será possível o desenvolvimento de pesquisas calcadas nas
próprias necessidades e realidades do país, considerando sempre os estímulos externos, mas
não os priorizando. É necessário que a pesquisa em Comunicação possa auxiliar as
transformações sociais, acumulando informações que realmente mostrem o cotidiano, ajudando
a "construir novos modelos de produção e distribuição das riquezas de criação e reprodução da
cultura" (MARQUES DE MELO, 1998, p. 100).
Embora com saldo positivo, os conhecimentos legitimados nesse campo precisam contribuir para
a construção de sistemas plurais de Comunicação capazes de serem motores das sociedades
democráticas. Também o processo de legitimação e de identidade acadêmicas deste campo
está diretamente relacionado a formação de profissionais competentes para a prática científica,
além da efetiva participação desses atores sociais nos cenários acadêmicos, buscando equilíbrio
entre a teoria e a prática profissional.
Miragens: método e metodologia
Estamos diante de cenários diversificados e amplos, onde as “condições de produção, circulação
e a recepção de mensagens” se alteraram de maneira radical. A revolução digital tem permitido
que “no campo da comunicação, pessoas comuns (...) descubram possibilidades e talentos de
expressão que nos modelos tradicionais dificilmente poderiam exercer”. Tornaram-se produtores,
“(...) nos mais variados formatos (fotografia, música, audiovisual, textos, hipertextos,
conhecimento, cultura, educação, entretenimento etc)”. Grandes e variados sistemas
comunicativos, nas múltiplas etapas do processo, estão sendo criados e amoldados, não mais e
somente sob a ótica de um único e tradicional produtor, mas do cidadão, que com “singular 7 Grifo da edição.
inteligência, renovação artesanal e industrial, opera, ascende e flui nas culturas midiáticas”
(MALDONADO, 2010, p. 1-2).
Toda essa mudança enseja a idéia de “dimensão multiforme” (MALDONADO, 2010, p. 3-4), que
a partir de pontos de distinção “concebem essa dimensão como formas de vida (Wittgenstein,
1988) articuladas em uma trama (...) comunicacional e (...) no interior delas é possível observar a
inter relação com organizações de outras espécies (técnica, política, econômica, psicológica,
lingüística)”. Assim, as “capacidades produtivas (artísticas, cognitivas, experimentais, políticas,
sócio-organizativas, culturais, poéticas e de trabalho) são potencializadas, criando um caráter
multidimensional para a comunicação”. Quando são utilizados “recursos e técnicas digitais pode-
se mostrar concretamente as convergências hipertextuais, as formas de confluência, as misturas
(...) e sua transposição para as dimensões comunicativas”.
Para Maldonado (2010, p. 7) há uma “transformação tecnocultural profunda que combina
condições de produção digital com multiculturalidade intensa, renovadora e conflitiva”, onde há
novos modos de interpretar o receptor multimidiático, situando-o a uma multidimensionalidade
comunicacional, socializando as possibilidades de intercâmbio de inteligências múltiplas no
processo de produção do conhecimento. Desta forma, argumenta Maldonado (2010) essas inter-
relações promovem a inserção de milhões de pessoas antes excluídas por desconhecimento das
técnicas e das competências produtivas do processo comunicativo. “Hoje é possível produzir
audiovisual, música, jornais, revistas, artes visuais, textos, livros etc” (p. 8), sem uma infra-
estrutura sofisticada.
Esse novo cenário exige a construção de outras formas de dimensionar, estudar e analisar o
processo comunicativo, definindo metodologias (métodos e técnicas) capazes acolher,
sistematizar e responder a “problemas concretos”, perpassando os métodos já conhecidos. É a
perspectiva “(...) transmetodológica onde se mesclam e configuram lógicas, categorias, teorias e
desenhos metodológicos”, que se alimentam de “conhecimentos dinâmicos que vão sendo
produzidos pelos métodos gerais e particulares de cada área pertinente, (...) fortalecendo-se de
conhecimentos teóricos formulados na linha comunicacional transdisciplinar” (MALDONADO,
2010, p. 10). Desta forma, defende ele, “se estabelece uma inter-relação dialética entre
transmetodologia/transdisciplinaridade, sendo a primeira o correspondente metódico das
exigências teóricas da segunda” (p. 10).
A transmetodologia “propõe um diálogo/confrontação entre métodos, lógicas e procedimentos
para trabalhar pesquisas concretas”, permitindo o conhecimento mais amplo das “possibilidades
metodológicas que oferecem novos e velhos descobrimentos, (...) admitindo rupturas e
continuidades epistemológicas, incluindo a esse esforço a incorporação de epistemologias
autóctones e mundiais; científicas e milenares, para-consistentes e formais; dialéticas e
axiomáticas”, que aceitam “(...) os princípios da diversidade, da contradição, da alteridade, da
fraternidade, da aventura intelectual e da paixão por transformar o mundo”. (MALDONADO,
2010, p. 12)
Como toda investigação, essa também é fruto de escolhas, combinações, ajustes, exclusões,
aceitações, conflitos, assentimentos e rejeições, mas está permeada por regras que
consubstanciam e evidenciam panoramas amplos e específicos sob a ótica de seus produtores,
sem perder as características das especificidades e particularidades das escolhas feitas por
esses atores comunicacionais. O que se busca nos desígnios da metodologia e das técnicas são
a minimização dos erros e a amplitude das opções de forma a possibilitar mapear,
significativamente, aquilo que se está propondo. Esta investigação não tem a pretensão de
esgotar o assunto, mas de contribuir com dados que possam desenhar o atual mapa da
Comunicação no Brasil.
Para atingir os objetivos empíricos propostos na pesquisa foram utilizados método e técnicas
compostas por várias ferramentas.
Inicialmente partiu-se de várias bases documentais, tendo como corpus de análise a distribuição
de mestres e doutores que exercem suas atividades na área da Comunicação, nos vários
espaços de divulgação científica do País. A coleta dos dados teve como identificador as
múltiplas informações sobre a produção comunicativa disponibilizada na web, em vários
ambiente de referência, como: Plataforma Lattes; homepages: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação (Intercom); Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em
Comunicação (Compós), Ministério da Educação, Grupos de Pesquisa do CNPq e vários outros
sítios.
Os dados foram complementados com periódicos da área, jornais, artigos científicos, anais de
congressos, entrevistas realizadas pessoalmente, por telefone, e-mails. Paralelamente aos
estudos analítico-descritivos e comparativos, que serviram de baldrame para a coleta dos
materiais, foram realizadas pesquisas em bases de dados históricos objetivando contextualizar a
produção em comunicação a partir dos indicadores propostos, observando seus aspectos
sociais, econômicos e culturais. Entre os documentos selecionados para análise estão os anais
dos congressos anuais realizados pela Intercom, Compós, além de bases de dados como a
Rede de Informação em Comunicação dos Países de Língua Portuguesa (Portcom).
Para observar a produção científica de mestres e doutores brasileiros, na expectativa de gerar
dados suficientes para traçar o Panorama da Comunicação no Brasil, foram visitados espaços
físicos e virtuais das instituições de ensino e pesquisa e das associações científicas. O constante
diálogo da equipe de investigadores (em geral realizado pessoalmente, por e-mail ou telefone), a
sistematização da produção e a observação atenta para novos indicadores que emergiam
durante este processo, permitiram a coleta significativa de material, que foi utilizado na geração
das análises dos dados.
O grande desafio foi não dissociar instituições, pesquisadores e objetos de estudos, para não
perder sua unidade e características. As teorias consolidadas pelas Ciências Sociais forneceram
o ferramental necessário para esse aporte. Utilizando abordagens quantitativas e qualitativas, foi
possível superar a simples observação e atuar como agentes na construção do conhecimento.
Para viabilizar as análises qualitativas8, optou-se pelas pesquisas: documental9 e etnográfica10.
Neste sentido, a abordagem qualitativa, possibilitou a compreensão do fenômeno
comunicacional dentro do contexto brasileiro, no período temporal entre o ano de 2000 até
8 Arilda Godoy afirma que considerando “a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques” (1995, p. 23). 9 Embora possa parecer estranho para alguns teóricos, a pesquisa documental, aliada às análises qualitativas, possibilita resultados consistentes por serem os documentos fontes ricas de dados. “O exame de materiais de natureza diversa, que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que podem ser reexaminados, buscando-se novas e/ou interpretações complementares, constitui o que estamos denominando pesquisa documental. A palavra documento, neste caso, deve ser entendida de forma ampla, incluindo os materiais escritos (cartas, memorando, relatório), as estatísticas (registro ordenado de determinados aspectos da vida de determinada sociedade) e os elementos iconográficos (imagens, fotografias, filmes)” (GODOY, 1995, p. 21-22). 10 Fetterman garante que a etnografia é “a arte e a ciência de descrever uma cultura ou grupo” (1989, p.11). Godoy afirma que a pesquisa etnográfica abrange “a descrição dos eventos que ocorrem na vida de um grupo (com especial atenção para as estruturas sociais e o comportamento dos indivíduos enquanto membros do grupo) e a interpretação do significado desses eventos para a cultura do grupo” (1995, p.28).
meados de 2010. Desta forma, foi possível tecer análises em uma perspectiva integrada, sob a
ótica das pessoas envolvidas, considerando grande parte dos pontos de vista relevantes. Outra
característica deste tipo de investigação é permitir o estudo de pessoas às quais não temos
acesso físico, por “não estarem mais vivas ou por problemas de distância” (GODOY, 1995, p.
22), outra motivação da escolha dessa forma de abordagem.
Os documentos também são fontes não reativas, pois as informações neles contidas
permanecem as mesmas após longos períodos de tempo. “Podem ser considerados uma fonte
natural de informações na medida em que, por terem origem num determinado contexto
histórico, econômico e social, retratam e fornecem dados sobre esse mesmo contexto”. Aliado a
estes fatores, Godoy (1995) observa também que a pesquisa documental é muito eficaz quando
o estudo inclui grandes períodos de tempo e se busca identificar uma ou mais tendências no
comportamento de um fenômeno.
É preciso acrescentar que outros aspectos da escolha do documento, o acesso a eles e sua
análise mereceram, por parte dos pesquisadores, atenção especial. Estes devem levar em
consideração o propósito, as ideias e as hipóteses que se pretende defender. Neste sentido, a
presente investigação considerou dois aspectos. Os holísticos, representado por duas entidades
de referência nos estudos em Comunicação (Intercom e Compós) e os segmentados, que
buscou em outros espaços (não menos importantes) os dados necessários para a realização das
análises.
Também se tratou de uma pesquisa descritiva que buscou mostrar as principais características
do material analisado e as contribuições de cada um dos autores e atores para o Panorama da
Pesquisa em Comunicação no Brasil.
Houve, além disso, uma combinação dos procedimentos estatísticos e comparativos por
acreditar que os dois reúnam formulações necessárias para justificar e consolidar os dados
obtidos. Pelos procedimentos estatísticos, planejados por Quetelet, tornou-se possível obter
dados numéricos que permitiram a probabilidade de acerto de determinada conclusão. Cabe,
porém, ressaltar que as explicações obtidas mediante o método estatístico não podem ser
consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de serem.
Para suprimir essa lacuna, o método comparativo também foi utilizado. O instrumento
comparativo buscou ressaltar as diferenças e as similaridades obtidas na investigação,
possibilitando o estudo dos grupamentos comunicacionais, separados pelo espaço, tempo,
temáticas e instituições. Assim se justificou a escolha desse método, pois o estudo analisou a
produção de pesquisadores em diversas regiões do País, além de várias associações científicas,
instituições de pesquisa e de ensino. Este método foi empregado por Taylor que considerava o
estudo das semelhanças e diferenças entre os diversos grupos, sociedades ou povos
contribuições para uma melhor compreensão do objeto estudado. Ocupando-se das explicações
dos fenômenos, o método comparativo permitiu analisar o dado concreto, deduzindo-lhe os
elementos constantes, abstratos e gerais. (LAKATOS & MARCONI, 1996, p. 107). É utilizado
em estudos de largo alcance (desenvolvimento e características das publicações) e de setores
concretos (comparação entre a produção das diversas regiões, instituições e pesquisadores do
Brasil), assim como para estudos qualitativos e quantitativos (quantificar e definir a produção e
sua contribuição para a área da Comunicação).
Também se fez importante, diante deste estudo, a utilização do método funcionalista. Utilizado
por Malinowski, o método levou em consideração que a sociedade é formada por partes
componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo cada uma das
funções essenciais à vida social. Além disso, esses elementos são mais entendidos,
compreendendo-se as funções que desempenham no todo. Este método surgiu com “Spencer,
na sua analogia com um organismo biológico, a função de uma instituição social toma com
Durkheim a característica de uma correspondência entre ela e as necessidades do organismo
social (LAKATOS & MARCONI, 1996, p. 110).
O método está intimamente ligado aos nomes de Talcott Parsons e Robert Merton e tem suas
raízes na Psicologia e na Antropologia. Atualmente, a teoria funcionalista aplicável ao estudo da
estrutura social e à diversidade cultural, tem por objetivo a manutenção do sistema social e a
melhoria da cultura do grupo. As partes específicas da estrutura social e da cultura do grupo
operam como mecanismos que satisfazem, ou não, os requisitos funcionais (LAKATOS &
MARCONI, 1996, p. 110).
É possível afirmar que os dados gerados a partir da combinação dos vários métodos e técnicas
foram referenciais fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, onde foram traçados
breves perfis biobibliográficos, realizado o levantamento de dados em diversas instituições,
concentradas em uma região específica e em um espaço temporal determinado (Brasil, 2000 a
2010).
Delimitação do corpus e unidades de estudo
Esta pesquisa visou sistematizar, quantificar, classificar e analisar as relações entre diversas
variáveis, bem como encontrar as possíveis causalidades existentes entre os fenômenos causa
e efeito. Por isso optou-se por uma pesquisa do tipo quantitativa descritiva e qualitativa em sua
análise, critérios definidos nas pesquisas realizadas por Braga (1982), Población (2001),
Marques de Melo (1974, 2003, 2008, 2010) e Silva (2004).
O escopo trata do universo das atividades de produção apresentadas por pesquisadores
doutores e mestres, nos espaços das várias instituições de ensino e nos centros de pesquisas,
no período dos anos de 2000 até 2010. As atividades de produção consideradas foram:
pesquisas realizadas, apresentações em congressos, livros e capítulos e artigos publicados,
currículo disponibilizado na Plataforma Lattes, grupos de pesquisa da Plataforma do CNPq,
estudos anteriores etc. Desta forma foi desenvolvida uma listagem contendo mais de 8.500
referências de análise. Esse material foi utilizado para a realização das análises sobre o
Panorama da Pesquisa.
A cultura brasileira entre as décadas de 1950 até a primeira década do séc. XXI e as
repercussões nos processos e tecnologias comunicacionais demonstram que o desenvolvimento
e consolidação da cultura de massa no Brasil exigiram, de forma crescente, a qualificação
profissional dos quadros da Indústria Cultural. A comunicação de e para os trabalhadores
ganhou, na região, a partir da segunda metade do século XX, a força e o paradigma de um
movimento social, estabeleceu novos canais de comunicação entre a sociedade e o Estado.
Portanto, torna-se importante verificar o compromisso das escolas de Comunicação, dos
programas de pós-graduação e das entidades representativas da área em difundir e motivar
pesquisadores no fortalecimento e no resgate da produção comunicacional. Criam-se, dessa
forma, oportunidades para a disseminação das teorias e das trajetórias acadêmicas de
pensadores e de instituições, reconhecidas e legitimadas pela comunidade científica nacional.
As fontes de consulta de referência foram os anais e os livros de resumos dos congressos
anuais, revistas, websites, livros e outras produções que ofereceram o panorama das
contribuições das entidades e de pesquisadores nos últimos 10 anos. Para viabilizar o amplo
levantamento dos dados, foram definidas duas unidades de estudo.
a) Panorama holístico: objetivou sistematizar, diagnosticar e definir os indicadores que
contemplam a visão interdisciplinar, cuja fonte principal foi a Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) e a perspectiva da pós-graduação, através do
conhecimento acumulado pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em
Comunicação (COMPÓS)11.
b) Panorama Segmentado: a partir dos indicadores holísticos sobre a produção de
conhecimento nas principais fatias da comunicação, desenhar o panorama segmentado dos
espaços de reflexão que congregam a área. Para esse aporte definimos, inicialmente, como
temáticas e fontes principais de pesquisa:
Quadro 1
Temáticas e Instituições integrantes do Panorama Segmentado12 Temáticas Instituições
Audiovisual: cinema, vídeo, televisão e rádio
FORCINE: Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual que congrega mais de 20 instituições; SOCINE: A Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, conta com 364 sócios, que representam cerca de 18 universidades brasileiras.
Cibercultura ABCiber: Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura: fundada em 2006, congrega pesquisadores(as), Grupos de Pesquisa, instituições e/ou entidades brasileiras que estudam cibercultura.
Comunicação Organizacional e Relações Públicas
ABRAPcorp: Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, fundada 2006, com o objetivo geral de estimular o fomento, a realização e a divulgação de estudos avançados dessas áreas no campo das Ciências da Comunicação.
Comunicação e Marketing Político
Politicom: Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Maketing Político, fundada 2008, congrega estudiosos de propaganda política.
Divulgação Científica ABJC: Associação Brasileira de Jornalismo Científico, fundada em 1977, congrega pesquisadores em torno de temas ligados a CT&I.
Economia Política da Comunicação
Ulepicc: União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura, fundada em 2004, congrega pesquisadores e profissionais atuantes na Economia Política da Comunicação, da Informação e da Cultura
Folkcomunicação Rede Folkcom: Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação, fundada em 2003, congrega estudiosos em torno da temática da comunicação popular.
História da Mídia Rede Alcar: Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, fundada em 2001, congrega estudiosos da história da mídia.
Jornalismo SBPJor: Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, fundada em 2003,
11 No volume 2 dessa coletânea estão disponíveis textos que evidenciam as contribuições dessas instituições. 12 No volume 2 dessa coletânea estão disponíveis textos que evidenciam as contribuições dessas instituições.
congrega aproximadamente 300 associados. FNPJ: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, fundado em 2004, congrega professores dos cursos de jornalismo de todo o país.
Semiótica ABES: Associação Brasileira de Semiótica, fundada em 1972, congrega estudiosos dessa temática.
Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010. Para dar conta do conhecimento produzido no âmbito da comunicação foram definidos pela
equipe da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação
(Socicom) 12 indicadores, que serviram de base para a coleta dos dados da pesquisa. São eles:
Quadro 2
Indicadores Sugeridos pela Socicom INDICADORES
1. Indicadores institucionais estruturais de campo científico/acadêmico 1.1. Universidades e Faculdades 1.2. Cursos de Graduação, Pós-Graduação (Linhas de Pesquisa) e extensão universitária; 1.3. Pesquisadores (fundadores, seniores, emergentes; apoio de agências de fomento); 1.4. Titulação (IES e país); 1.5. Vínculos institucionais; 1.6. Grupos de Pesquisa (cadastrados ou não no CNPq); 1.7. Associações científicas; 1.8. Congressos regionais, nacionais e internacionais; 1.9. Periódicos científicos.
2. Indicadores de cruzamento interinstitucional (GTs e NPs em Associações históricas). 3. Indicadores de transparência (apoios financeiros públicos e privados). 4. Indicadores de formação (número de titulados na Graduação, Especialização, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado). 5 Indicadores bibliográficos (livros e artigos em periódicos e anais). 6. Indicadores de produção cultural (obras/produtos). 7. Indicadores de interdisciplinaridade. 8. Indicadores de intercâmbios internacionais. 9. Indicadores de Estado (projetos de lei tramitados ou em tramitação na década; parcerias com órgãos federais e estaduais; projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento). 10. Indicadores de mercado / do campo corporativo (indústrias criativas, dimensão de audiência/consumo) 11. Indicadores de tendências profissionais e ocupacionais. 12. Indicadores de horizonte (metas e tendências institucionais e desafios ao respectivo campo na próxima década). Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 Estratégias metodológicas
Os procedimentos empíricos utilizados tiveram por base a pesquisa exploratória e descritiva ao
universo proposto, que posteriormente foi aprofundado para questões interpretativas,
estabelecendo uma correlação entre os aspectos quantitativos e qualitativos, possibilitando a
construção de indicadores que possam contribuir para o desenho do Panorama da Comunicação
no Brasil.
Não se trata de um escopo fechado nas temáticas, entidades ou indicadores, mas representam o
critério de seleção para possibilitar o conhecimento sobre a produção nos múltiplos espaços da
área da Comunicação, que permite as incursões que se pretende empreender. O
desenvolvimento da pesquisa nesse intento possibilitará aferir indicadores capazes de desenhar
o cenário comunicativo na região. Outro fator de grande importância será a possibilidade de
verificação do fortalecimento do fenômeno da Comunicação a partir de perspectivas
interdisciplinares13.
A seguir as análises evidenciam o trabalho realizado, mostrando a diversidade, evolução,
distribuição da formação na área da comunicação no Brasil, traçando o panorama regional
brasileiro. Não tem a pretensão de esgotar o assunto e tão pouco de ter contemplado a vasta
produção nacional. Mas de possibilitar uma primeira incursão ao tema e estimular a continuidade
do trabalho por outros pesquisadores.
Parte I – Cenários Norteadores do Campo da Comunicação no Brasil
Indicadores da Formação de Pesquisadores no Brasil
A base Lattes14 (ou Plataforma Lattes) é um grande repositório de perfis de cientistas,
pesquisadores, professores e profissionais, de todas as áreas do conhecimento. Reflete a
necessidade de sociabilidade do conhecimento produzido no âmbito das instituições de ensino e
de pesquisa no País. É nesse espaço que a comunidade científica disponibiliza as atividades
realizadas não só nos programas de pós-graduação, mas seu perfil de formação, linhas de
atuação, participações em eventos, atividades acadêmico-científicas e profissionais, de um modo
13 O termo interdisciplinar significa uma relação de reciprocidade, de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema do conhecimento, ou seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária de ser humano. "A atitude interdisciplinar nos ajuda a viver o drama da incerteza e da insegurança. Possibilita-nos darmos um passo no processo de libertação do mito do porto seguro. Sabemos o quanto é doloroso descobrirmos os limites de nosso pensamento, mas é preciso que façamos". (JAPIASSÚ, 1976). É na intersubjetividade desse processo, que ocorre a interação e o diálogo, como únicas condições de possibilidade da interdisciplinaridade. 14 Em 15 de janeiro de 1951, pouco antes de o Presidente Gaspar Dutra passar a faixa presidencial a Getulio Vargas, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisas, regido pela Lei nº 1310. Destacando-se entre os maiores cientistas de seu tempo, César Lattes foi integrante ativo desse Conselho e, posteriormente, Patrono da Plataforma Curricular que leva seu nome como homenagem. (SILVA, 2004, p. 25).
geral. É nesse ambiente que está a produção científica, bibliográfica, técnica e artística da
comunidade acadêmica nacional.
Trata-se de um grande mosaico de referência sobre aquilo que se está empreendo, nos mais
variados espaços acadêmicos e profissionais do País. Possibilita a análise da literatura
produzida pelos cientistas, o conhecimento sobre inovações, desenvolvimento de patentes, entre
outros, permitindo a mensuração da formação de recursos humanos especializados, além de
evidenciar quais atividades que estão sendo realizadas nas instituições de ensino, pesquisa e no
mercado profissional, pelos pesquisadores. É o que pode ser chamado de “Big Brother” da
comunidade científica.
Winter (1997, p. 115) afirma que a “produção científica é a forma pela qual a universidade ou
instituição de pesquisa se faz presente no saber-fazer-poder ciência; é a base para o
desenvolvimento e superação das dependências entre países e entre regiões de um mesmo
país”, evidenciando para a sociedade o compromisso social das instituições de ensino e
pesquisa. Neste sentido, a Base de Currículos Lattes traz um panorama dos rumos da ciência
no Brasil, uma vez que desde a iniciação científica professores e estudantes devem ter seus
currículos cadastrados na Plataforma.
Os dados disponibilizados na Plataforma Lattes possibilitam, de modo geral, a avaliação da
produção científica nacional, através de vários indicadores quantitativos. Esses dados permitiram
a compreensão sobre a dinâmica da produção científica nas várias áreas do conhecimento, bem
como evidenciam o mapa da formação de pesquisadores nas instituições de ensino e pesquisa
no Brasil. Também é no espaço da Plataforma Lattes que as agências de fomento, como a
Capes e o CNPq (nacionais), as estaduais e instituições internacionais “apóiam o
desenvolvimento de projetos e promovem a concessão de financiamentos individuais para a
pesquisa. Em todas essas instituições a produção científica destaca-se como um dos requisitos
mais importantes”. (SILVA, 2004, p. 34)
Por ser o escopo central da investigação o delineamento do Panorama da Comunicação no
Brasil, a Plataforma foi usada como fonte básica de mensuração, uma vez que neste espaço
estão disponibilizadas as atuais produções na área. O Lattes também fornece dados estatísticos,
tabelas e gráficos, separados por região, sexo, formação, tipo de atividade desenvolvida, além
do currículo individual do pesquisador. Esse espaço é chamado de Painel Lattes.
Procedendo a análise da produção científica neste espaço há oito grandes áreas do
conhecimento. São elas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde; Ciências
Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística,
Letras e Artes. A Comunicação Social pertence grande área de Ciências Sociais Aplicadas
(CSA)15.
A Base de Currículos da Plataforma Lattes16, que têm por baldrame currículos atualizados nos
últimos 48 meses, apresenta dados de 04 de junho de 201017. Neste painel há 1.626.069
currículos cadastrados, nas diversas áreas do conhecimento, sendo 8% de doutores, 14% de
mestres, 18% de especialistas, 25% de graduados, 13% de outros e 23% não informado. O
número de currículos de estudantes perfaz a cifra de 654.962, sendo 9% doutorandos, 12%
mestrandos, 9% especialistas e 70% graduandos.
Analisando os dados da Evolução da Formação de Doutores e Mestres no Brasil, no período dos
anos de 2000 a 2009 (último ano disponível), há o panorama desenhado pela tabela:
Tabela 1
Evolução da Formação no Brasil na área da Comunicação Anos 2000 a 2009, por Sexo
Doutores Mestres
Feminino Masculino Total
Totais 443 392 835
2000 27 20 47
2001 22 24 46
2002 47 36 83
2003 45 40 85
2004 53 45 98
2005 49 48 97
2006 45 42 87
2007 65 44 109
2008 49 48 97
2009 41 45 86
Feminino Masculino Total
Totais 1181 875 2056
2000 43 43 86
2001 66 50 116
2002 78 70 148
2003 111 60 171
2004 102 83 185
2005 156 94 250
2006 132 103 235
2007 148 92 240
2008 142 115 257
2009 203 165 368 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
15 Juntamente com Comunicação, são definidos como profissões em CSA: Administração, Arquitetura e Urbanismo, Ciências da Informação, Demografia, Desenho Industrial, Direito, Economia, Economia Doméstica, Museologia, Planejamento Urbano Regional, Serviço Social e Turismo. 16 A Base de dados de Currículos da Plataforma Lattes nos fornece dados qualificados e atualizados sobre a atuação de pesquisadores na área da Comunicação, permitindo análises da produção, dos setores econômicos, evolução de formação, geografia, instituições etc. O material pode ser acessado no endereço http://lattes.cnpq.br/painellattes/. Acesso em outubro de 2010. 17 A coleta de dados para a pesquisa foi realizada em outubro de 2010.
A
N
O
S
Não existe, para o caso da formação de doutores na área da Comunicação Social, uma grande
distinção em relação aos gêneros (masculino e feminino). Porém é possível observar que há
uma tendência de mudança para os próximos anos, uma vez que os dados evidenciam uma
formação de mais de 130% de mestres do sexo feminino (57% do total), se comparados com o
sexo masculino (43% do total).
É possível observar o crescimento anual no número de mestres e de doutores, indicando uma
ampliação dos titulados, em quase todos os anos. Nos últimos 10 anos a média anual de
formação foi de 83,5 doutores e 205,6 mestres (quase duas vezes e meia se comparado ao
número de doutores formados, no mesmo período), na área da Comunicação.
No mesmo período, de acordo com dados da Base de Currículos da Plataforma Lattes,
formaram-se 73.315 doutores e 182.907 mestres, nas 8 áreas do conhecimento, sendo 5.949
doutores e 22.153 mestres, em Ciências Sociais Aplicadas. Neste sentido, se comparados os
número de doutores e mestres na área da Comunicação com o total dessas nas oito áreas do
conhecimento18, a Comunicação representa 1,13% e 1,12%, respectivamente, sobre esse total.
Fazendo o mesmo cálculo com referência a área de Ciências Sociais Aplicadas, os valores
correspondem a 14% (doutores) e 9,3% (mestres).
É necessário relatar que em se tratando de profissão, a Comunicação fica atrás das carreiras de
Administração, Direito e de Economia, sendo essas as que apresentam o maior número de
doutores e mestres formados. Em 2009, por exemplo, formaram-se 10.807 doutores, sendo 806
em Ciências Sociais Aplicadas e destes, 86 (11%) em Comunicação, 185 (23%) em
Administração, 183 (23%) em Direito e 132 (16%) em Economia. Realizado uma análise da área
de conhecimento, as de maior representatividade, no mesmo período, são: 1.650 em Ciências
Humanas, 1.300 em Ciências da Saúde e 1.131 em Ciências Biológicas.
Com significativo valor, em uma análise mais geral, o número de cientista-pesquisador
anualmente formado ainda é insuficiente para atender a demanda do País, como foi observado
nas análises a seguir.
18 Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes. A Comunicação Social pertence grande área de Ciências Sociais Aplicadas (CSA)
Distribuição desigual do ensino também na Pós-Graduação
O Brasil, país de dimensões continentais, tem como desafio prover suas cinco regiões de
pesquisadores, nas mais diversas áreas do conhecimento. Essa distribuição continua muito
desigual, como apontaram os levantamentos realizados. Detalhando as análises para os estados
pertencentes a cada uma dessas localidades, os dados são ainda mais alarmantes. Atualmente
(outubro de 2010) há 133.846 doutores e 232.767 mestres formados nas oito grandes áreas do
conhecimento definidas pelo CNPq e disponibilizadas na Plataforma Lattes. A Região Sudeste
concentra 69.134 doutores e 104.715 mestres, representando sobre o total 52% e 45%,
respectivamente. As outras cifras estão assim distribuídas: Centro-Oeste – 9,4% de doutores e
10,6% de mestres; Nordeste – 16% de doutores e 18% de mestres; Norte – 4% de doutores e
5,8% de mestres; Sul – 19% de doutores e 21% de mestres. A tabela a seguir demonstra os
números absolutos.
Tabela 2 Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil (Geral)
Anos 2000 a 2009, por Região Regiões Doutores Mestres
Totais 133846 232767
Centro-Oeste 12564 24571
Nordeste 21357 41776
Norte 5288 13553
Sudeste 69134 104715
Sul 25503 48152 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
Analisando o quadro geral das oito áreas e comparando as cinco regiões do Brasil, é possível
observar que as cifras são discrepantes. As regiões Norte e Centro-Oeste são as que mais
sofrem com a falta de doutores e mestres em seus quadros institucionais. Não obstante o
crescimento da quantidade de programas de mestrado e de doutorado em 20% nos últimos três
anos, conforme avaliação trienal (2007-2010) da Capes19, e que o maior desenvolvimento tenha
ocorrido na região Norte, com um incremento de 35% no triênio, sendo a mais representativa
dentre as regiões, ainda há muito por fazer. Nas outras regiões, o aumento foi de: Nordeste, com
31,3%; Centro-Oeste, com 29,8%; Sul, com 24,2% e o Sudeste, com 14,9%.
19 Pesquisa realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), disponível em http://trienal.capes.gov.br/?page_id=100. Acesso em novembro de 2010.
Esses resultados reforçam que embora “(...) com o avanço da pós-graduação no Norte e no
Nordeste, é no Sudeste que está a maior parte dos cursos: 2.190, o que representa 53,4% do
total. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, a razão para essa disparidade é
histórica e está ligada à organização econômica e científica do país”20. Muitos desses titulados
(graduados) acabam migrando para o Sudeste onde a oferta tanto de cursos de pós-graduação,
como de centros de pesquisa são maiores e, posteriormente a sua formação, são nesses locais
que encontram espaço para estabelecerem suas bases profissionais, não retornando, assim, aos
seus estados de origem após a formação.
Na avaliação realizada pela Capes em 2010 foram verificados 2.718 programas de pós-
graduação que correspondem a 4.099 cursos e desses 2.436 são mestrados, 1.420 doutorados
e 243 mestrados profissionais, em todas as áreas do conhecimento. Nos últimos três anos foram
mais de 140 mil titulados, divididos em 100 mil mestres, 32 mil doutores e 8 mil mestres
profissionais. Embora as cifras sejam significativas, o problema da distribuição desigual dos
titulados é fato. O desenvolvimento de um país e, por conseguinte a melhoria de seus
indicadores sociais pode ser aferida não só pela erradicação do analfabetismo total ou funcional,
mas pelo investimento que se faz em Ciência e em Tecnologia e os programas de pós-
graduação respondem por parte significativa desse desenvolvimento. Os números demonstram,
sem dúvida, que a pesquisa brasileira adquiriu maturidade, mas para uma projeção internacional
significativa é necessário o investimento continuado nos programas de pós-graduação para a
formação de recursos humanos, em diferentes áreas do conhecimento.
Outro elemento a ser considerado nas análises é que embora com avanços significativos, os
dados refletem as desigualdades educacionais no país, que começam na educação infantil. A
saída para dirimir essas diferenças é a universalização do ensino e a melhoria da qualidade, em
todos os níveis21. Não é possível avaliar a pós-graduação se não se levar em consideração o
que vem ocorrendo com a educação infantil, os ensinos fundamental, médio e superior.
20 Material disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saber/798580-numero-de-cursos-de-mestrado-e-doutorado-cresce-20-em-tres-anos-no-brasil.shtml. Acesso em novembro de 2010. 21 Para aprofundar as análises dessas questões podem ser consultadas diversas pesquisas realizadas por várias instituições, nos últimos anos, dentre as quais citamos o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação (MEC) e Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no
relatório 2010, aponta que os índices de repetência e de atraso escolar22 estão bem acima da
média mundial, sendo Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE) do país considerado médio,
embora reforce a importância de programas como o Bolsa Família, do Governo Federal para
reduzir esses números. O relatório mostra que 57 milhões de brasileiros de todas as idades -
cerca de 30% da população - estudavam em 2008, porém, somente 47% dos estudantes
acabaram o ensino médio até os 18 anos, e a maioria destes encerra a vida escolar nesse
momento.
Essa análise não é tão simples. Não basta verificar o Brasil que estuda em números absolutos,
mas outros indicadores, como a adequação da idade dos alunos para as séries escolares
correspondentes a faixa etária (idade-série)23, bem como a continuidade da formação para as
séries posteriores. Neste sentido, a pesquisa "Juventude e Políticas Sociais no Brasil", realizada
pelo IPEA24, demonstra que menos da metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos estava
cursando o ensino médio, etapa do ensino adequada para esta faixa etária25, e apenas 13% de
18 a 24 anos frequentavam o ensino superior em 2007. O documento demonstra que houve
avanços no acesso à educação, mas o problema está no atraso para concluir os estudos. Para
Jorge Abrahão, diretor de estudos e políticas sociais do IPEA, “(...) os jovens entendem a
educação como um caminho para melhorar a vida. Mas o jovem enfrenta no processo de
escolarização problemas de desigualdades de oportunidades"26.
Nesta direção, o relatório corrobora que a cor da pele, o nível de renda e o local de moradia
interferem nas oportunidades de acesso a escola. Segundo a pesquisa, a renda é fator
determinante para o ingresso do brasileiro à universidade: “a taxa de frequência daqueles que
têm renda mensal per capita de cinco salários mínimos ou mais (55%) é dez vezes maior do que
entre a população que ganha até meio salário mínimo (5%)"27. Esses dados revelam outro
22 Entende-se por atraso escolar o número de alunos que, embora estudando, estão fora da idade correta para a série que estão cursando. 23 Segundo dados “A distorção idade-série afeta três de cada quatro pessoas de 9 a 16 anos (75%) na zona rural. Na zona urbana, o percentual, de 56%, também é alto”. Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13012, acesso em novembro de 2010. 24 Pesquisa divulgada em janeiro de 2010. 25 O relatório aponta que em 2007, 82% dos jovens de 15 a 17 anos frequentavam a escola, mas apenas 48% estavam no ensino médio, ou seja, parte significativa estava fora da faixa etária corresponde à série escolar. 26 Fonte: Jornal O Tempo, disponível em http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1546&IdCanal=7&IdSubCanal=&IdNoticia=131841&IdTipoNoticia=1. acesso em novembro de 2010. 27 Fonte: Relatório Juventude e Políticas Sociais no Brasil, desenvolvido pelo IPEA. O estudo destaca que o Brasil ainda tem 1,5 milhão de jovens analfabetos (15 a 29 anos). O número de analfabetos “no país em patamares tão
indicador. Há uma bifurcação entre os estudos e a necessidade de ingresso no mercado de
trabalho. Muitos jovens nem chegam à universidade; alguns abandonam a sala de aula sem
concluir o curso, ou ainda, em função da jornada de trabalho (horas de trabalho), o nível de
dedicação aos estudos é prejudicado. “No ensino superior, entre 1996 e 2007, a taxa de
frequência líquida cresceu 123%. Mas o percentual de jovens na faixa etária dos 18 aos 24 anos
que têm acesso à etapa ainda é apenas de 13% - muito abaixo da meta de 30% estipulada para
2011 no Plano Nacional de Educação (PNE)28.
Outro elemento preocupante é com referência a qualidade do ensino, em todos os níveis. Em
2010 um grupo de cientistas entregou para os presidenciais Dilma Rousseff (PT) e José Serra
(PSDB), durante o período eleitoral, um documento29 pedindo mais qualificação na pós, na
graduação e também no ensino médio. Além da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), outras entidades, como a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São
Paulo (FAPESP) compartilham a mesma preocupação. "Precisamos de professores mais
qualificados e mais valorizados", afirma o cientista Chaimovich30. O documento sugere um
aumento da participação da educação no Produto Interno Bruto (PIB) passando dos atuais 4%
atuais para 6% até o final do próximo mandato, em 2014. “Os especialistas querem também que
2% do PIB sejam despendidos em ciência no próximo mandato, quase o dobro do gasto atual” 31.
Um dos desafios que traz o documento é que nos próximos 10 anos possamos ter 150 mil
doutores formados, representando um aumento de quase 50% na quantidade média de doutores
titulados anualmente.
Corroborando os dados sobre a falta de qualidade no ensino nacional, a avaliação trienal
realizada pela Capes em 2010 mostrou que 2,7% (o que equivale a 75 cursos) do total dos
elevados está relacionada à baixa efetividade do ensino fundamental”. Comentários do Jornal O Tempo, disponível em http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=1546&IdCanal=7&IdSubCanal=&IdNoticia=131841&IdTipoNoticia=1. Acesso em novembro de 2010. 28 Fonte: Relatório Juventude e Políticas Sociais no Brasil, desenvolvido pelo IPEA. “Em 2007, de acordo com o relatório, 57% dos brasileiros de 15 a 17 anos que residiam em áreas metropolitanas frequentavam o ensino médio, contra pouco menos de 31% no meio rural”. 29 RIGHETTI, Sabine. Documento reúne pedidos de cientistas ao presidente eleito. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/823504-documento-reune-pedidos-de-cientistas-ao-presidente-eleito.shtml. Acesso em novembro de 2010. 30 Bioquímico Hernan Chaimovich da ABC (Academia Brasileira de Ciências). 31 RIGHETTI, Sabine. Documento reúne pedidos de cientistas ao presidente eleito. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/823504-documento-reune-pedidos-de-cientistas-ao-presidente-eleito.shtml. Acesso em novembro de 2010.
programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) devem ser encerrados por serem de baixa
qualidade32. Um deles é de comunicação33 (embora a lista não esteja oficialmente divulgada - as
instituições têm um período para recurso). Esses cursos obtiveram notas 1 ou 2, consideradas
insuficientes e que provocam o descredenciamento desses programas. Outros 32% receberam
nota 3, que significa desempenho regular, atendendo ao padrão mínimo de qualidade. Se
comparado com 2007, 10% ficaram com notas inferiores, 71% mantiveram o desempenho e 19%
melhoraram o resultado. São esses dados que orientam a distribuição de recursos pelas
agências de fomento. Mas é necessário registrar que houve um pequeno aumento dos cursos
com nota mais alta possível (7), que equivale ao padrão internacional, se comparada com a
avaliação anterior34.
É necessário relatar que o problema da qualidade da pós-graduação no Brasil está diretamente
relacionado com múltiplas questões que antecedem essa formação. As desigualdades de renda,
o número de universidades públicas em áreas de carência econômica, os investimentos, entre
outros fatores afetam diretamente o acesso da população a educação de qualidade. Mas esse
cenário está mudando.
O momento de expansão que atravessa toda a conjuntura econômica brasileira é muito
favorável. Vários setores são responsáveis por esse dinamismo, dentre eles: petróleo e gás,
energia elétrica, logística, construção habitacional, agronegócios e a emergente indústria de
conteúdos digitais. Mas esse fato traz outra preocupação. Até que ponto as instituições,
especialmente o ensino superior e a pós-graduação, estão preparadas para acompanhar esse
desenvolvimento e atender as múltiplas demandas desses setores?
32 Em linhas gerais a Capes avalia a proposta e a inserção social dos programas, a produção individual dos docentes e discentes, o desempenho de cada curso (como um todo) e a base de dados fornecidos à agência de fomento pelas instituições. Dos 75 programas reprovados, 9 receberam a nota mínima 1 e 66 a nota 2, na escala que varia de 1 a 7. Eles terão um mês para pedir a revisão dos conceitos. Depois disso, os programas que continuarem com as notas 1 e 2 não poderão matricular novos alunos - os atuais estudantes, porém, podem concluir o curso regularmente. Porém, é importante assinalar que “A avaliação trienal concedeu a nota máxima 7 a 112 (4,1%) programas de pós-graduação. Outros 186 (6,8%) receberam nota 6. Os dois conceitos máximos são dados apenas a programas que possuam cursos de mestrado e doutorado com desempenho de nível internacional. A nota 5 foi dada a 561 (20,6%) programas; a nota 4, a 914 (33,6%); e a nota 3, a 870 (32%)”. (A avaliação pode ser acessada pelo link http://trienal.capes.gov.br/?page_id=100). Fonte: Disponível em http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/4074-qualidade-dos-cursos-de-mestrado-e-doutorado-evolui-entre-2007-e-2010, acesso em novembro de 2010. 33 Há atualmente no site (www.compos.org.br) da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós) 37 programas na área de Comunicação, incluindo os iniciados em 2009 e 2010. 34 No item do texto que trata da pós-graduação foi realizada análise da avaliação da Pós-Graduação em Comunicação, especificamente
O alerta acende o botão vermelho do ensino, mostrando que embora com espaço para avançar,
é necessária uma revisão não só na qualidade, mas nos conteúdos, na forma de organização e
disponibilização dos cursos. Sem dúvida que “(...) manter as instituições de ensino superior
atualizadas com as mudanças socioeconômicas do país é uma difícil tarefa. São vários os
modelos para atingir essa condição”, e nesta direção alguns especialistas alertam que é
fundamental o investimento na criação de programas de pós-graduação, na qualificação do
corpo docente, além de firmar parcerias entre os centros de pesquisa e as empresas, entre
outros35; sendo o último um grande desafio, especialmente para a área da Comunicação.
Com referência a avaliação, além da Trienal da Capes para os programas de pós-graduação,
diversas ações vem sendo empreendidas, nos mais variados níveis de ensino. O Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), em vigor desde 2004, coordenado e
supervisionado pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e
operacionalizado pelo Instituto do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), é um desses exemplos. O Sinaes sopesa as instituições, os cursos e o
desempenho dos estudantes (Enade), verificando aspectos que “giram em torno desses três
eixos: o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a
gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e vários outros aspectos”, conforme
descrição no site da instituição.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que objetiva avaliar o desempenho do estudante ao
fim da escolaridade básica, foi criado em 1998. Também a Educação Básica é analisada pelo
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que verifica o desempenho de estudantes de
4ª a 8ª série (5º a 9º) de escolas públicas e de forma amostral da rede privada. Outro
investimento que merece destaque é o Programa Universidade para Todos (ProUni), do Governo
Federal, que vem permitindo a acesso de milhares de estudantes a universidade36.
35 Udo Simons. Um desafio do tamanho do Brasil. Disponível em http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=12676, acesso em novembro de 2010. 36 O Programa Universidade para Todos (ProUni) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. Criado pelo Governo Federal em 2004. O programa já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2010, 748 mil estudantes, sendo 70% com bolsas integrais. Desde 2007, o ProUni - e sua articulação com o FIES - é uma das ações integrantes do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. Assim, o Programa Universidade para Todos, somado ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), a Universidade Aberta do Brasil e a expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica ampliam significativamente o número de vagas na educação superior, contribuindo para o cumprimento de uma das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê a oferta de educação superior até 2011 para, pelo menos, 30% dos jovens de 18 a 24 anos. Fonte dos dados: http://www.inep.gov.br/ e
Sem dúvida que “o Brasil está avançando na área da educação”, mas como afirma Jorge
Abrahão37, do IPEA, “(...) apesar da ampliação do acesso à escola e do aumento de
financiamento no setor, as desigualdades regionais entre as diferentes populações permanecem
no país”. Para ele outra disparidade é que “(...) os 20% mais ricos já têm 10 anos de estudo,
enquanto metade da população brasileira tem cerca de cinco a seis anos de estudo”. Para o
pesquisador o analfabetismo38 ainda é o grande problema que assola o país.
Esse problema está concentrado entre os mais pobres. Há também grandes diferenças regionais
com referência ao analfabetismo. A média nacional é de 10%, de acordo com a última Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). No entanto, a taxa de analfabetos no Nordeste é
quase o dobro do índice do país (19,4%). Na região Sul, a porcentagem é de 5,5%.
Além da superação do analfabetismo, especialistas apontam que a desigualdade entre os níveis
de ensino, provocada pelo acesso da população a escola é muito grande. Há mais alunos do
ensino Médio fora da escola (48%), do que no Ensino Fundamental (2%). É necessário buscar a
equidade. Outra dificuldade está relacionado a defasagem série-idade e neste sentido a seta
aponta na direção da evasão, da reprovação e do não aprendizado.
No nível superior, as desigualdades são ainda mais cruéis. “O sistema educacional brasileiro é
perverso. Quem tem menos deve pagar uma universidade, enquanto os mais ricos têm acesso
http://prouniportal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=124&Itemid=140, acesso em novembro de 2010. 37 Jorge Abrahão resume um dos pontos discutidos durante o seminário “PDE – resultados e desafios”, promovido nos dias 14 e 15 de setembro, em São Paulo, pela Ação Educativa. Disponível em: http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/promover-a-equidade-e-um-dos-desafios-do-pde/, acesso em novembro de 2010. 38 Outro problema fundamental no País é o analfabetismo funcional (pessoas que sabem ler, escrever, contar e ocupam cargos administrativos nas empresas, mas não conseguem compreender a palavra escrita de forma adequada). “No Brasil, o índice é medido entre as pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal. O conceito, porém, varia de acordo com o país . Na Polônia e no Canadá, por exemplo, é considerado analfabeto funcional a pessoa que possui menos de 8 anos de escolaridade. Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de 1/3 dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso e às novas tecnologias que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. De acordo com esta declaração, o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados e em desenvolvimento. No Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita. Apenas 1 entre 4 brasileiros consegue ler, escrever e utilizar essas habilidades para continuar aprendendo”. Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=700, acesso novembro de 2010.
ao ensino público. (...) além das políticas de acesso, o Estado precisa promover políticas de
assistência estudantil para a permanência e sucesso dos jovens na graduação”39.
Esse breve panorama demonstra que na educação-formação há muito por ser realizado, em
todos os níveis. A educação nacional, desde o ciclo básico, precisa entrar como prioridade na
agenda nacional. Esse agendamento urgente deve indicar investimentos não só na ampliação de
unidades (prédios), mas na qualidade dos currículos, na formação e na reciclagem de
professores, no investimento real, possibilitando o acesso das classes menos favorecidas da
população a uma educação de qualidade, entre outras demandas urgentes e necessárias. A
chamada “nova classe média” precisa não só da ampliação do consumo de bens e serviços
como tem sido bradado, mas e, principalmente, de acesso a uma educação de qualidade.
Mas nesse cenário pouco alentador, como está localizada a área da Comunicação? Quais seus
desafios? O que se tem produzido? Algumas respostas podem ser encontradas nas análises
abaixo. Outras tantas, ainda precisam de políticas claras, não só com referência aos setores
midiáticos produtivos, a geração de conteúdos, a qualidade e ao uso das tecnologias, mas e
principalmente com a definição daquilo que se deve empreender para que possamos, de fato,
democratizar não só a comunicação, mas o acesso a informação.
Geografias da Comunicação no Brasil
Evidenciado o cenário nacional, nas várias áreas do conhecimento e nos múltiplos níveis de
ensino, os reflexos disso também são sentidos no campo da Comunicação. As Regiões Norte e
Centro-Oeste são as que mais sofrem. Se comparados com a Região Sudeste, por exemplo, o
Norte tem 7% do número de doutores e 10% de mestres, enquanto o Centro-Oeste tem 16% de
doutores e 23% de mestres. Os resultados evidenciam as desigualdades também neste campo
de estudos. A tabela abaixo mostra os percentuais de todas as regiões quando comparados com
os totais da área de Comunicação.
39 Naomar Monteiro de Almeida é Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fonte: http://www.anj.org.br/jornaleeducacao/noticias/promover-a-equidade-e-um-dos-desafios-do-pde/, acesso em novembro de 2010.
Tabela 3
Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil, em Comunicação Anos 2000 a 2009, por Região
Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
Observa-se que há um aparente equilíbrio entre o número de doutores e mestres, em cada
região, na área da Comunicação, se comparados com o total geral. Ou seja, a quantidade de
mestres e doutores está “aparentemente” quase equilibrada. As variações que não passam de
4%, como no caso da Região Sudeste, onde percentual de doutores é de 51%, se comparado ao
total das Regiões e o de mestres está em torno de 47%.
Já as disparidades entre o Sudeste e as outras Regiões do País são muito acentuadas.
Enquanto o Norte tem 3,4% de doutores e 5% de mestres e o Centro-Oeste com 8,2% de
doutores e 11% de mestres, o Sudeste entra na representação com 51% de doutores e 47% dos
mestres. Mesmo se comparado com a Região Sul, a segunda classificada em número de titulado
(20,4% de doutores e 20% de mestres), a diferença entre as duas passa de 30%. Nem tudo está
perdido. Embora não tendo fontes de comparação com a década anterior, mas revisando a
literatura existe pode-se afirmar que o Norte e Nordeste, ainda de forma lenta, estão dando
passos largos em direção da diminuição dessas desigualdades. “(...) 60% dessa melhoria é
devida à mudança nas condições de vida e à distribuição geográfica das famílias, decorrente da
urbanização e da transição demográfica, devendo-se os 40% restantes às melhorias efetivas no
desempenho do sistema educacional”40.
Com referência aos Estados onde os pesquisadores atuam, nas cinco Regiões do País, é
possível avaliar os estados mais representativos em cada região. A tabela seguinte mostra a
distribuição desses dados. 40 Fonte: Carlos Hasenbalg. O artigo é um dos produtos de pesquisa desenvolvida no âmbito do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdade (NIED-PRONEX) e contou com recursos da bolsa "Cientistas do Nosso Estado", concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52582000000300001&script=sci_arttext, Nov de 2010.
Regiões Doutores Mestres
Totais 1410 % 3779 %
Centro-Oeste 116 8,2 409 11
Nordeste 236 17 657 17
Norte 48 3,4 185 5
Sudeste 721 51 1774 47
Sul 289 20,4 754 20
Tabela 4
Distribuição de Doutores e Mestres no Brasil,em Comunicação anos 2000 a 2009, por Região e Estado
Regiões/Estados Doutores Mestres
Total Centro-Oeste 116 409
Distrito Federal 71 219
Goias 20 79
Mato Grosso 8 64
Mato Grosso do Sul 17 47
Total Nordeste 236 657
Alagoas 17 31
Bahia 74 154
Ceará 19 108
Maranhão 12 41
Paraiba 34 81
Pernambuco 37 143
Piauí 7 23
R. G. do Norte 27 54
Sergipe 9 22
Total Norte 48 178
Acre 0 8
Amapá 0 10
Amazonas 12 58
Pará 24 58
Rondônia 10 15
Roraima 0 14
Tocantins 2 15
Total Sudeste 721 1.774
Espírito Santo 20 43
Minas Gerais 125 383
Rio de Janeiro 189 397
São Paulo 387 951
Total Sul 289 754
Paraná 82 243
R. G. do Sul 162 340
Santa Catarina 45 171 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
Apurando a análise para os estados, na Região Centro-Oeste o Distrito Federal é o que conta
com maior representatividade. Com 71 doutores e 219 mestres, representa 61% e 53% da
Região, em contra partida, Mato Grosso tem o menor número de doutores (apenas oito),
representando 7% da Região e Mato Grosso do Sul, o menor número de mestres da Região
(47), com 11%.
No Nordeste, a Bahia é o que tem maior número de titulados41. Representa sobre os totais do
Nordeste 31% de doutores e 23% de mestres. O Piauí é o Estado que aparece com a menor
representação no número de doutores, apenas 3% (7). Sergipe tem o menor número de mestres
(22), representado apenas 3% da Região.
Na Região Norte os dados são ainda mais alarmantes. Nos Estados do Acre, Amapá e Roraima
não há nenhum doutor (de acordo com a Plataforma Lattes) e Tocantins, apenas dois,
representando 4% da distribuição. O Pará se apresenta com o maior número (24) de doutores,
se destacando com 50% da Região. Quanto ao número de mestres, Amazonas e Pará
apresentam o mesmo número (58), representando os Estados da Região onde há o maior
número de mestre (32,5%). Já o Estado do Acre tem a menor representação, 4%, com apenas
oito mestres.
No Sudeste o destaque fica para São Paulo que concentra 387 doutores (54% da Região) e 951
mestres (54% da Região). O Espírito Santo é o de menor representatividade, tanto em número
de doutores (20, equivalendo a 3%), quando no de mestres (43, representando 2,4%). O número
de doutores em Minas Gerais (125) e Rio de Janeiro (189) apresentam significativa diferença,
porém com referência a quantidade de mestres, estes praticamente se equivalem (383 em Minas
Gerais e 397 no Rio de Janeiro).
Na Região Sul, Rio Grande do Sul, com 162 doutores, representa 56% (maior concentração),
enquanto Santa Catarina tem 45, equivalendo a 16% (menor concentração). Para os mestres,
Rio Grande do Sul também tem a maior representatividade, com 340 (45% da Região) e Santa
Catarina, também tem o menor número de mestre (171), representando 23% da Região. O
Paraná tem 28% do número de doutores da Região e 32% de mestres. Mesmo com as cifras
menores da Região, o Estado de Santa Catarina concentra mais doutores que a grande maioria
de cada um dos Estados das Regiões Centro-oeste (exceção para o Distrito Federal), Norte e
Nordeste (exceção para o Estado da Bahia). Para o número de mestres, a representatividade
somente é menor se comparado os números absolutos do Distrito Federal. Se avaliar os
números absolutos, a Região Sudeste concentra mais doutores (721) que a soma das outras
quatro regiões (689).
41 Alguns analistas argumentam que tal fato se deve, entre outros, pela interiorização da educação superior no Estado, que ocorre desde os anos1990, chegando a atualidade, recebendo forte estímulo do governo estadual, além da ampliação do setor privado, na diversificação das unidades de ensino e dos cursos.
É importante reforçar que essas análises não levaram em conta a dimensão geográfica, o
número de unidades de ensino e pesquisa e a população e o número de estudante das Regiões.
Se esses indicadores forem acoplados às análises, as diferenças seriam ainda mais
representativas. Outro dado que vale considerar é que também o desenvolvimento econômico
não entrou nas métricas de análise. Neste caso, algumas dessas disparidades poderiam ser
melhores explicadas.
Se os números apresentados não são suficientes para atender a demanda do ensino e da
pesquisa nas regiões, isso é mais agravado quando se verifica que parte significativa dos
titulados estão em áreas administrativas e técnicas. Essas “outras atividades” denotam, muitas
vezes, que o pesquisador está fora da sala de aula ou realizando uma dupla jornada nas
instituições (em muitos casos). As tabelas a seguir mostram o panorama geral (contemplando as
oito áreas), em Ciências Sociais Aplicadas (CSA) e na Comunicação (Com.). As tabelas abaixo
mostram os números absolutos para doutores e mestres.
Tabela 5 Distribuição de Doutores no Brasil,
Geral, CSA e Comunicação - Anos 2000 a 2009, por Região Dados Gerais Tot.Geral CSA Com.
TOTAIS 133.846 12.370 1.410Centro-Oeste 12.564 1.153 116
Nordeste 21.357 1.852 236Norte 5.288 402 48
Sudeste 69.134 6.397 721Sul 25.503 2.566 289
ATV ADM, Técnicas e Outras - - -TOTAIS 52.003 4.825 514
Centro-Oeste 5.643 589 53Nordeste 8.567 727 84
Norte 2.535 209 26Sudeste 25.784 2.414 255
Sul 9.474 886 96ATV de Pesquisa e Ensino - - -
TOTAIS 81.853 7.545 896Centro-Oeste 6.921 564 63
Nordeste 12.790 1.125 152Norte 2.753 193 22
Sudeste 43.360 3.983 466Sul 16.029 1.680 193
Legenda: CSA – Ciências Sociais Aplicadas; COM. – Comunicação ATV ADM (Atividades Administrativas). Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
Tabela 6 Distribuição de Mestres no Brasil,
Geral, CSA e Comunicação - Anos 2000 a 2009, por Região Dados Gerais Tot.Geral CSA Com.
TOTAIS 232.767 36.223 3.772Centro-Oeste 24.571 4.042 409
Nordeste 41.776 6.239 657Norte 13.553 1.801 178
Sudeste 104.715 15.999 1.774Sul 48.152 8.142 754
ATV ADM, Técnicas e Outras - - -TOTAIS 174.789 26.032 2.689
Centro-Oeste 19.481 3.177 328Nordeste 30.990 4.460 486
Norte 10.370 1.398 129Sudeste 79.969 11.807 1.263
Sul 33.979 5.190 483ATV de Pesquisa e Ensino - - -
TOTAIS 57.978 10.191 1.083Centro-Oeste 5.090 865 81
Nordeste 10.786 1.779 171Norte 3.183 403 49
Sudeste 24.746 4.192 511Sul 14.173 2.952 271
Legenda: CSA – Ciências Sociais Aplicadas; COM. – Comunicação Fonte: Dados dos autores42, outubro de 2010
Comparando os números gerais de formação, em todas as oito áreas do conhecimento, temos
39% dos doutores e 75% dos mestres em atividades administrativas e técnicas. Em
contrapartida, 61% dos doutores e 25% dos mestres estão em atividades de pesquisa e ensino.
Na área da Comunicação, 36% (514) dos doutores estão em atividades administrativas e
técnicas e 64% (896) em atividades de pesquisa e ensino. Por outro lado, os mestres, 71%
(2689) estão em atividades administrativas e técnicas e apenas 29% (1083) em atividades de
ensino e pesquisa. As mesmas características são observadas nas oito áreas do conhecimento
utilizadas pelo CNPq e na área específica de Ciências Sociais Aplicadas, onde se enquadra a
Comunicação.
Um dado chama a atenção. Se levado em consideração os 896 doutores em atividades de
pesquisa e ensino da comunicação, 52% (466) estão na Região Sudeste, 22% (193) no Sul; 17%
(152) no Nordeste; 7% (63) no Centro-Oeste e apenas 2% (22) no Norte do país. O mesmo
acontece com o número de mestres. Dos 1.083 mestres em atividades de pesquisa e ensino,
47% (511) estão na Região Sudeste; 25% (271) no Sul; 16% (171) no Nordeste; 7% (81) no
Centro-oeste e apenas 5% (49) na Região Norte.
42 ATV = Atividade. São caracterizados como atividades técnicas e administrativas os docentes que exercem cargos administrativos e/ou nas instituições, como: coordenadores, chefes de departamento, encarregados de laboratórios, etc.
Isso reforça, mais uma vez, a necessidade de políticas públicas para os programas de pós-
graduação, oferecendo condições ensino e de pesquisa em todas as regiões do País. É
necessário estimular, com a criação de centros de pesquisa, concessão de bolsas de fomento
para a pesquisa e com a ampliação de programas de pós-graduação, que pesquisadores depois
de formados em regiões mais desenvolvidas e com melhores acessos, retornem aos seus
estados sedes. Não foi objeto desta pesquisa a comparação entre o Estado de origem e a
localidade onde o pesquisador está exercendo suas atividades profissionais, mas a literatura a
respeito dá conta de um significativo êxodo.
Ao buscarem programas de pós-graduação para a continuidade de seus estudos os estudantes
vislumbram regiões onde as oportunidades são maiores, onde há mais pesquisadores e chances
de ascensão profissional, e terminam por se deslocar para esses centros. Fazem o mestrado e
doutorado e acabam por conseguir espaços para o desenvolvimento de suas pesquisas, muitas
vezes com bolsas de fomento e oportunidades de trabalho em universidades e centros de
pesquisa de referência; fazendo com que, mesmo depois de concluída a pós-graduação os
jovens cientistas permaneçam nessas regiões. É necessário o direcionamento de políticas
públicas capazes de estimular o retorno desses cientistas aos seus locais de origem, oferecendo
oportunidades iguais para o desenvolvimento de pesquisa, nas várias Regiões do País.
Gênero e Juventude na Ciência da Comunicação
Muito se comenta sobre a ascensão da mulher no mercado profissional. Este papel sempre foi
dicotômico - ora era vista como a sedutora Lilith ora como a maternal Maria. No século XX os
primeiros passos para a entrada feminina no mercado profissional ganharam força com mulheres
como Chiquinha Gonzaga, Gertrude Stein, Isadora Duncan, Wirginia Wolf que adentraram ao
universo masculino. Embora com notáveis diferenças, especialmente salariais, tempo de jornada
de trabalho diária e outros hoje, no Brasil, pode-se observar alguns avanços43.
43 “Atualmente, as mulheres representam cerca de 40% da força de trabalho em toda a América Latina. Somente nos países do Cone Sul (Argentina, Brasil e Uruguai), os níveis de participação feminina ficam entre 50% e 60%. (...) A taxa de desemprego urbano na América Latina entre os homens passou de 5,4% em 2007 para 7,6% em 2009, enquanto entre as mulheres esse aumento foi de 7,5% para 8,6% no mesmo período. (...)Por outro lado, apesar de em 2009 as mulheres terem conseguido mais postos de trabalho, isso ocorreu em categorias mais vulneráveis. Em 2009, a informalidade na América Latina continuava sendo muito mais elevada para as mulheres (57,1%) que para os homens (51%). A tudo isso se somam as disparidades de renda por sexo. Em média, as mulheres latino-
Trazendo as análises para o campo da formação científica, envolvida com a idéia do papel
desempenhado pela mulher em um mercado eminentemente masculino, como é considerada a
função de pesquisador-cientista, os dados abaixo demonstram que, pelo menos no que tange a
área da pesquisa científica, essas diferenças estão superadas. Os números abaixo evidenciam
esses dados.
Há no geral, 133.818 currículos de doutores e 232.752 mestres cadastrados na Plataforma
Lattes, sendo 61.418 do sexo masculino (M), equivalendo a 46% do total e 72.400 do sexo
feminino (F), representando 54% para o caso dos doutores. As mestras são em número de
124.913 (54%) e o mestres, 107.739 (46%). Na área da Comunicação o cenário também não é
diferente. São 1.410 doutores, sendo 722 mulheres (51%) e 688 homens (49%) e 3.769
mestres44, com 2.210 mulheres (59%) e 1.559 homens, representando 41%.
Na análise geral, por tipo de atividade desenvolvida, nas oito áreas definidas na Plataforma
Lattes, no ensino e pesquisa há uma pequena diferença, sendo os doutores homens em maior
número, com 44.990, equivalendo a 55% e as 36.850 doutoras, representam 45%, se
comparados com os 81.840 doutores que estão neste tipo de atividade. Na área administrativa e
técnica, com o total de 51.978 doutores, 47% (24.568) são mulheres e 53% (27.410), são do
sexo masculino. Com referência ao número de mestres, há uma inversão. São 57.968 em
atividades de ensino e pesquisa e desses, 30.805 (53%) são do sexo feminino e 27.163 (47%)
são do sexo masculino. Para as atividades técnicas e administrativas, são 174.684 mestres, com
94.108 (54%) de mulheres e 80.576 (46%) de homens.
A idade, até bem pouco tempo atrás, se desenhava como um obstáculo para alcançar patamares
altos nos postos de comando, tanto nas empresas e como nas universidades. O que se percebe
na atualidade é que cada vez mais cedo, os egressos dos cursos de graduação ingressam na
pós-graduação. Talvez isso possa ser explicado pela possibilidade de uma ascensão profissional
mais rápida, garantindo, muitas vezes, um melhor salário, com uma ampla gama de
americanas recebem 70% do que os homens ganham”. Fonte: Efe, em Santiago do Chile, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u730631.shtml, acesso em novembro de 2010. 44 É necessário observar que nesse quesito (sexo), a Plataforma Lattes informa que o número total de mestres, na área da Comunicação é de 3.769, com uma diferença a menor de três, se comparado o número de mestres por Região, que é de 3.772. Essa diferença se deve ao fato do pesquisador não ter informado o sexo na Plataforma, quando do cadastro de seu currículo, por isso foi mantido, para efeitos das análises, os números informados na Plataforma, ou seja, 3.769 mestres para as análises sobre o sexo e faixa etária (uma vez que esses dados estão em uma mesma tabela e não é possível separar) e 3.772 para as outras análises.
oportunidades no mercado de trabalho, além de muitas empresas do mercado comunicacional
exigirem formação de pós-graduado para os seus quadros funcionais. As tabelas abaixo
evidenciam a formação por faixa etária, separadas por mestres e doutores.
Tabela 7 Distribuição de Mestres no Brasil, Anos 2000 a 2009, por faixa etária
Faixa etária 19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65+ Total
Total 1 34 601 979 896 785 727 534 333 182 107 -
Doutores 0 0 4 95 187 246 263 218 193 115 89 1.410
Mestres 1 34 597 884 709 539 464 316 140 67 18 3.769 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 É possível observar que grande parte da concentração de doutores, na área da Comunicação é
jovem. A grande centralização está na faixa etária entre dos 40 anos até os 54 anos,
correspondendo a 52% (727) doutores. Por outro lado há doutores bem jovens, entre 25 e 29,
correspondendo a 0,3% (4) do total. Com 65 anos ou mais, há 89, representando 6% do total de
doutores.
Para os mestres há uma boa proporção nas camadas mais jovens, dos 30 aos 44 anos,
correspondendo a 57% (2.132) do total. Mas há um mestre com 19 anos, e boa
representatividade na faixa de 25-29, com 16% (597) sobre o total de 3.769 mestres. Apenas 18
(0,5%) estão com 65 anos ou mais.
Isso demonstra que a Comunicação é uma área jovem e talvez isso explique a pequena inserção
internacional, onde os grandes indicadores estão no número de artigos publicados em periódicos
científicos. A validade das pesquisas realizadas na pós-graduação ocorre, também, pela
divulgação dos resultados dos trabalhos. Embora seja necessário registrar que em países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil, há graves barreiras de distribuição e disseminação, o
que limita o acesso e o uso da informação científica gerada localmente.
Instituição de Vínculo e Área de Atuação
A Plataforma Lattes disponibiliza também os setores econômicos, onde estão concentrados os
mestres e doutores. Não é possível comparar com os dados anteriores, uma vez que há diversas
mudanças ao longo dos anos e os números totais não são os mesmos para oferecer uma fonte
de comparação confiável. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que muitos profissionais não
estão em nenhuma dessas atividades, ou mesmo que muito pesquisadores (conforme
observado) informam a universidade onde estão realizando os estudos e não necessariamente a
instituição de origem. Os dados evidenciam um panorama geral de onde os pesquisadores e
cientistas estão desenvolvendo suas atividades.
Tabela 8 Distribuição por Setor Econômico e Área da Comunicação
Anos 2000 a 2009, por Doutores e Mestres Atividade Doutores Mestres Totais
Totais 1.081 1.951 3.031
Ensino Superior Público 658 555 1.213
Ensino superior Privado 386 1.138 1.524
Exterior 11 11 22
Setor Empresarial Privado 3 22 25
Setor Empresarial Público 7 34 41
Setor Governamental Público 14 116 130
Setor Privado sem fins lucrativos 1 30 31
Não Informada 0 0 0
Outros 1 45 46 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 A grande concentração de doutores na área da Comunicação está no Ensino Superior Público,
representando 61% (658). Por outro lado, os mestres, 58% (1.138) estão no Ensino Superior
Privado. Essa diferença pode ser explicada, pois grande parte dos concursos para o Ensino
Superior Público exige, no mínimo, o título de doutor. Também mostra que as universidades
privadas contratam mais mestres que doutores.
No Ensino Superior Privado o número de doutores da área é bem menor, representando sobre o
total, 36% (386). O mesmo ocorre com relação aos mestres, que no Ensino Superior Público
representam 28% (555), do total.
É interessante observar que no Setor Governamental Público, há uma concentração maior de
mestres (116, representando 6% do total), do que de doutores 1% (14), na área da
Comunicação.
Outro dado importante é com referência ao Setor Empresarial Público ou Privado, onde o
número de titulados, tanto de doutores, quanto de mestres é muito pequeno, representando os
dois juntos, sobre o total apenas 2% (66). Isso demonstra que grande parte dos titulados não
estão em atividades do setor empresarial, mas desenvolvem suas atividades no ensino superior.
Essa falta de aproximação entre a formação e o mercado profissional tem sido pelo menos na
área da Comunicação, o “calcanhar de Aquiles”. Um dos desafios, especialmente dos mestrados
profissionais, é a inserção dos egressos no mercado de trabalho.
Quando se avalia os dados das instituições no Ensino Superior Público, as três que abrigam a
maior quantidade de doutores na área da Comunicação são: Universidade de São Paulo (USP),
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de Brasília (UnB). No Ensino
Superior Privado, são: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS).
Os mestres estão distribuídos nas instituições de Ensino Superior Público: Universidade Federal
do Ceará (UFC), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade do Rio Grande do
Sul (UFGRS), entre outras. No Privado, estão: Universidade Paulista (UNIP), Universidade
Estácio de Sá, Universidade Anhembi-Morumbi e Universidade Presbiteriana Mackenzie etc.
A instituição que abriga mestres e doutores no setor Exterior é o Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura (IICA). Com referência aos Setores Empresarial Público e
Privado, vários são os espaços que recebem tanto doutores quanto mestres. Dentre as
empresas e instituições citamos: Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa),
Banco do Brasil, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Petróleo Brasileiro (Petrobras),
Editora Abril, Empresa Folha da Manhã, Companhia Vale do Rio Doce, Natura Inovação e
Tecnologia de Produtos, entre outras.
Grupos de Pesquisa em Comunicação
É possível afirmar que este é um período onde a necessidade de definir formas de produção de
conhecimento está em ascensão. As instituições de ensino superior público e privado buscam
diversificar as formas de avaliação da produtividade de seu corpo docente, pois construir
conhecimento de forma isolada já não integra as atividades de grande parte dos pesquisadores
que estão nos espaços da pós-graduação. As agências de fomento e as próprias universidades
estimulam a prática do diálogo entre as áreas, da produção conjunta e dos espaços de
atividades que possam reunir não somente doutores, mas mestres e estudantes dos vários
níveis (doutorandos, mestrandos e graduandos), além de técnicos e outros agentes.
Um grupo de pesquisa pode ser definido como “um conjunto de indivíduos organizados em torno
de um ou mais objetos de estudo”, geralmente sob a liderança de um pesquisador, com titulação
preferencialmente de doutor e pela existência de mais estudantes de graduação, pós-graduação
e técnicos de nível superior. Para que as atividades sejam desenvolvidas é preciso que ocorra o
envolvimento profissional e permanente com atividade de pesquisa e que o trabalho seja
organizado em torno de linhas comuns de pesquisa.
Desenvolvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), em
1992, as informações constantes nesse espaço “(...) dizem respeito aos recursos humanos
constituintes dos grupos (pesquisadores, estudantes e técnicos), às linhas de pesquisa em
andamento, às especialidades do conhecimento, aos setores de aplicação envolvidos, à
produção científica e tecnológica e aos padrões de interação com o setor produtivo. Além disso,
cada grupo é situado no espaço (região, UF e instituição) e no tempo”45. O CNPq realiza censos
bi-anuais na base de dados. Normalmente localizados em universidades, institutos de pesquisa e
em outros espaços, como laboratórios, não incluindo em suas estatísticas os grupos “localizados
nas empresas do setor produtivo”. Talvez esse seja um desafio para as instituições de fomento.
Criar uma base de dados que possa acompanhar o desenvolvimento dessa formação e que seja
compatível (interoperável) com outras existentes no país.
Os grupos atendem a três finalidades principais, definidas pelo CNPq,
No que se refere à sua utilização pela comunidade científica e tecnológica no dia-a-dia do exercício profissional, é um eficiente instrumento para o intercâmbio e a troca de informações. Com precisão e rapidez, é capaz de responder quem é quem, onde se encontra, o que está fazendo e o que produziu recentemente. Seja no nível das instituições, seja no das sociedades científicas ou, ainda, no das várias instâncias de organização político-administrativa do país, a base de dados do Diretório é uma fonte inesgotável de informação. Além daquelas informações diretamente disponíveis sobre os grupos, seu caráter censitário convida ao aprofundamento do conhecimento por meio das inúmeras possibilidades de estudos de tipo survey. A construção de amostras permitirá o alcance de respostas sobre campos não cobertos pelos dados, como, por exemplo, o financiamento, a avaliação qualitativa da produção
45 Disponível em http://www.cnpq.br/gpesq/apresentacao.htm, acesso em novembro de 2010.
científica e tecnológica, bem como o padrão fino das interações entre grupos de pesquisa e o setor produtivo. Desta forma, é uma poderosa ferramenta para o planejamento e a gestão das atividades de ciência e tecnologia. Finalmente, as bases de dados, na medida em que é recorrente (realização de censos), têm cada vez mais um importante papel na preservação da memória da atividade científico-tecnológica no Brasil.
O último censo realizado pelo CNPq46, a respeito dos cadastros em seu Diretório de Grupos de
Pesquisa, é datado de 200847. Esse levantamento aponta que, no país, até aquela ocasião,
havia 366 grupos48 cuja área predominante é a Comunicação, a qual está subordinada à grande
área de Ciências Sociais Aplicadas. O mesmo levantamento indica que esses núcleos
comportam 897 linhas de pesquisa, contando com a participação de 2.265 pesquisadores.
Se for levado em consideração o território de atuação desses centros de produção de
conhecimento, observa-se que eles estão assim distribuídos: 10 grupos no Norte; 66 no
Nordeste; 19 no Centro-Oeste; 180 no Sudeste; e 91 no Sul. Esse mapa, portanto, não está
destoante do esboço dos pesquisadores mestres e doutores, que estão, em sua grande maioria,
também nas regiões Sudeste e Sul, conforme apontou o próprio CNPq, em outubro de 2010.
Uma análise mais detalhada desse cenário pode ser feita levando-se em conta os Estados aos
quais os grupos estão ligados. Com relação a esse aspecto, aparecem os seguintes números:
46 Os dados aqui apresentados foram extraídos das estatísticas do próprio CNPq, disponíveis no endereço http://dgp.cnpq.br/buscagrupo/, acesso em novembro de 2010. 47 É necessário mencionar que está sendo realizado um novo censo, em 2010, cujos dados ainda não estavam disponíveis quando do desenvolvimento dessa pesquisa. 48 Embora se a buscar for pela palavra-chave “comunicação” um número muito mais expressivo aparece nos resultados, mas neste caso a “comunicação” entra apenas como suporte e não como linha primordial de pesquisa, por isso a opção por depurar a seleção e focalizar os grupos de comunicação especificamente.
Tabela 9
Divisão de grupos de pesquisa em Comunicação por Estado de origem - 2010
Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010 O Estado de São Paulo tem a maior representação, com 116 grupos, representando 64% da
Região Sudeste e 32% de todos os grupos. O Estado da Bahia ocupa o segundo lugar em
número de Grupos de Pesquisa, com 66, representando 44% da Região Nordeste e 18% do
total.
Estados Grupos de
Pesquisa
Total Geral 366
Total Norte 10
Acre 1
Amazonas 2
Amapá –
Pará 3
Rondônia –
Roraima 1
Tocantins 3
Total Nordeste 66
Alagoas 3
Bahia 29
Ceará 4
Maranhão 2
Paraíba 6
Pernambuco 11
Piauí 3
Rio Grande do Norte 4
Sergipe 4
Total Centro-oeste 19
Distrito Federal 5
Goiás 3
Mato Grosso do Sul 7
Mato Grosso 4
Total Sudeste 180
Espírito Santo 7
Minas Gerais 24
Rio de Janeiro 33
São Paulo 116
Total Sul 91
Paraná 24
Rio Grande do Sul 47
Santa Catarina 20
Na Região Norte, onde dados anteriores apontaram a não existência de doutores nos Estados
do Acre, Amapá e Roraima, somente Amapá não tem registrado nenhum grupo de pesquisa. Por
outro lado, Rondônia que tem dez doutores não possui nenhum grupo de pesquisa cadastrado.
Ao comparar os dados com o número de doutores e mestres nas regiões, nota-se uma
disparidade muito grande entre os dados, demonstrando que, embora importante, parte
significativa dos titulados não mantém grupos de pesquisa cadastrados. Outra advertência que
deve ser feita é que o pesquisador pode estar ligado a mais de um grupo e nesse sentido, os
dados poderiam demonstrar uma variedade ainda maior.
É importante destacar que, na última década, houve um crescimento considerável no número de
grupos de pesquisa da área. Entre 2000 a 2008, conforme ilustra o próximo quadro, o montante
saltou de 95 para 366, representando um aumento de mais de 350%, sendo que o período de
maior ascensão – de um censo para outro – corresponde ao biênio 2003-2004.
Quadro 01
Censos dos grupos de pesquisa cadastrados no CNPq
Anos 2000 2002 2004 2006 2008
95 161 270 330 366 Fonte: Dados dos autores, outubro de 2010
As razões dessas alterações acompanham, de certo, a própria evolução dos programas de pós-
graduação da área, que subiu de 12 para 39, nos últimos dez anos49. Novos programas
compreendem, também, novas ações que visam institucionalizar e nuclear pesquisadores em
torno de estudos sobre objetos comuns à área comunicacional.
Embora os indicadores que retratam a situação desses grupos permitam visualizar um panorama
evolutivo, duas advertências devem ser feitas com relação a eles. O primeiro é que, como já foi
explicado, os dados que nos orientam são de 2008, uma vez que o CNPq ainda está em fase de
elaboração do novo recenseamento, o qual deve ser publicado em 2011; todavia, temos
consciência de que, nos últimos dois anos, novas iniciativas foram tomadas, em todo o país, e
certamente os números aqui apresentados sofrerão alterações.
49 Dados extraídos da relação de cursos de pós-gradução stricto sensu recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), disponível no endereço: http://dgp.cnpq.br/buscagrupo/, acesso em novembro de 2010.
Outro alerta – feito por Richard Romancini (2006, p. 149), em sua tese de doutoramento sobre o
campo científico da Comunicação – é que os grupos de pesquisa sobre cinema – “por razões
históricas”, conforme o autor – se inserem, muitas vezes, na área de Artes. Ao trabalhar com
dados oficiais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que dá liberdade aos pesquisadores
e às instituições para cadastrarem suas atividades nas plataformas da internet, observa-se que é
provável que existam outros núcleos que trabalham com objetos de interesse da Comunicação –
especialmente o cinema –, mas não foram contemplados no levantamento apresentado pelo
CNPq50.
Produtividade na Pesquisa em Comunicação
Na investigação sobre o Panorama da Comunicação no Brasil a modalidade de Bolsa de
Produtividade em Pesquisa (PQ)51 é um dos mais tradicionais instrumentos de apoio a pesquisa
no Brasil. Concedida pelo CNPq foi instituído em 1951, com a finalidade de “distinguir o
pesquisador, valorizando sua produção científica segundo critérios normativos, estabelecidos
pelo CNPq, e específicos, pelos Comitês de Assessoramento da Instituição”. Concedida para
quem tem o título de doutor ou perfil científico equivalente, considera como critérios de seleção a
produção científica, participação na formação de recursos humanos e sua contribuição para a
área, entre outros. A análise é comparativa e os bolsistas são distribuídos em cinco níveis: 1A,
1B, 1C, 1D e 252, sendo o 1ª o mais alto.
Em 2010 mais de 3.230 pesquisadores receberam bolsas. São no total 12.100 bolsistas de
Produtividade, nas oito áreas de concentração do CNPq, representando um crescimento de 18%
em relação ao ano de 2008. “Desde o início de 2003, já foram concedidas 4.300 novas bolsas
PQ, significando uma ampliação do número de pesquisadores atendidos nesse programa em
55%”53.
50 Convém observar que no Diretório de Grupos de Pesquisa há uma infinidade de informações, permitindo os mais variados cruzamentos. Os dados ali disponibilizados dariam, por si só, uma grande pesquisa. 51 Também há a modalidade de bolsa em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), em cujos critérios são semelhantes a bolsa PQ. 52 A classificação, o enquadramento e a progressão do bolsista de Produtividade em Pesquisa, por categoria e nível, bem como as recomendações de rebaixamento de nível e/ou exclusão do sistema, são atribuições dos Comitês de Assessoramento. Os critérios adotados pelos CAs para atender o item acima serão revistos a cada 3 (três) anos. Disponível no site do CNPq (http://www.cnpq.br). 53 Informações da Assessoria de Comunicação Social do CNPq.
Embora seja interessante essa modalidade de estímulo, os critérios de avaliação vêm sofrendo
várias críticas, especialmente com referência a homogeneidade das análises, quer dos
pesquisadores ou de sua produção, para a concessão da bolsa. Mais quantitativos que
qualitativos, ainda estão muito ligados a quantidade de publicação, levando em consideração um
padrão igual para todos os pesquisadores atuantes em qualquer centro de pesquisa do país,
passando a idéia que todos os pesquisadores possuem as mesmas condições de pesquisa nos
centros onde atuam.
Para o professor Carpinteiro54, o CNPq pressupõe que todos os pesquisadores atuam em
centros que possuam, pelo menos, programas de mestrado, doutorado e grupos de pesquisa
consolidados. E que em função disso possam “desenvolver pesquisas conjuntas com outros
pesquisadores e seus orientados”. Em um país de dimensões como o Brasil, com tantas
desigualdades (como já demonstrado anteriormente), é natural que isso não aconteça.
Outro alerta feito pelo pesquisador é que não se pode medir a produtividade apenas pelo número
de publicações. Seu artigo faz referência aqueles pesquisadores que, mesmo não tendo as
condições mínimas para o desenvolvimento de pesquisas ou para um número grande de
publicações, criam e desenvolvem essas condições nos centros onde atuam, melhorando a
qualidade e expandindo o ingresso de muitos. Para ele, os critérios são “insensatos e injustos”
vêm, “nestes últimos anos (...) tornando-se critérios iníquos e perversos”.
Tal critica, segundo o professor, é que as avaliações não estão amparadas na qualidade das
pesquisas. Elas ocorrem, igualmente, com base na "qualidade dos pesquisadores, auferida,
obviamente, por intermédio da aplicação dos critérios quantitativos e universais”. Neste sentido
aqueles que atuam nos pequenos centros “mesmo confeccionando excelentes projetos, porque
são também bons pesquisadores, têm muito pouca chance de vê-los aprovados”. O fato é que
há profundas diferenças nas condições de pesquisa existentes nos diversos centros do país. E
essa é uma característica que não pode passar despercebida nas avaliações.
A tabela abaixo demonstra a atual concessão de bolsas (incluindo o ano de 2010), na área da
Comunicação, corroborando com números as afirmações anteriores.
54 Otávio A. S. Carpinteiro é pesquisador da Universidade Federal de Itajubá. Artigo enviado pelo autor ao “JC e-mail”, disposível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=54272
Tabela 10 Bolsas de produtividade (PQ) do
CNPq, Comunicação, por região – até 2010
Bolsas Bolsas novas Pedido de
Região até 2009 concedidas 2010 renovação 2010 Totais
Totais 96 60 26 182 Centro-Oeste 3 5 1 9 Nordeste 11 6 3 20 Norte - - - 0
Sudeste 53 36 14 103 Sul 29 13 8 50
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Na área da Comunicação são 182 bolsas (no total) concedidas. Na região Norte não há
nenhuma bolsa PQ. Para as outras regiões, as representatividades são: Centro-Oeste, 5% (9);
Nordeste, 11% (20); Sudeste, 57% (103) e Sul, 27% (50). Esses números demonstram a grande
concentração de pesquisadores e de pesquisas nas Regiões Sudeste e Sul, como já apontados
anteriormente.
Fazendo o detalhamento por Estados da Federação, a tabela abaixo demonstra essa divisão e
as grandes disparidades.
Tabela 11
Bolsas de produtividade (PQ) do CNPq, Comunicação, por Estado - até 2010
Total Geral 182 Total Centro-oeste 9
Distrito Federal 8 Goiás 1
Mato Grosso do Sul - Mato Grosso -
Total Nordeste 20 Alagoas - Bahia 12 Ceará -
Maranhão - Paraíba 1
Pernambuco 6 Piauí -
Rio Grande do Norte 1 Sergipe -
Total Norte -
Total Sudeste 103 Espírito Santo 1 Minas Gerais 14
Rio de Janeiro 43 São Paulo 45 Total Sul 50 Paraná 3
Rio Grande do Sul 41 Santa Catarina 6
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Como pode ser observado há vários Estados que não têm nenhum bolsista, especialmente nas
Regiões Centro-Oeste e Nordeste, evidenciando que grande parte dos centros de excelência em
pesquisa estão localizados nas Regiões e nos Estados mais desenvolvidos economicamente.
Infelizmente não temos disponibilizado a quantidade de bolsas solicitadas por pesquisador, tão
pouco a divisão por Regiões desses pedidos ou mesmo o número de solicitações não aceitas.
Também não foi possível encontrar estatísticas dos anos anteriores. Esses números, talvez,
pudessem evidenciar se não há demanda para algumas regiões-estados, como por exemplo, no
caso da Região Norte onde não há nenhum bolsista PQ ou se essa ausência pode ser justificada
em função dos critérios de seleção do CNPq. De qualquer forma o questionamento que deve ser
feito é se, de fato, pode-se usar a homogeneidade de critérios para avaliar a produtividade do
País na área da Comunicação, como tem sido o formato adotado pela agência de fomento.
Outro dado interessante é com referência as instituições contempladas com esses
pesquisadores PQ. São 29 no total do País. No Centro-Oeste a Universidade de Brasília (UnB)
tem 08 pesquisadores e 01 na Universidade Federal de Goiás. No Nordeste, a Universidade
Federal da Bahia, que responde por 12 dos 20 pesquisadores com bolsa PQ, representa 60% da
Região e 7% do total; a Universidade Federal de Pernambuco tem 06 (30% da Região), na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e na Universidade Federal da Paraíba há 01 (5%)
pesquisador, cada uma.
O Sudeste, onde há 103 bolsistas PQ, maior representatividade, 56% do total, esses estão
distribuídos em 16 instituições. A Universidade Federal do Rio de Janeiro tem a maior
representatividade, com 22 bolsistas, representando 21% do total da Região e 12% do total
geral. Na Universidade de São Paulo há 20 bolsas, 19% do total da Região e 11% sobre o total
geral. A terceira em número de bolsistas é a Universidade Federal de Minas Gerais, com 12,
representando 11% da Região e 7% do total geral. As outras instituições são55 Fio-Cruz (01 –
1%); Pontifícia Universidade Católica nos estados de Minas Gerais (01 – 1%), São Paulo (08 –
8%) e Rio de Janeiro (03 – 3%); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (06 – 6%);
Universidade Federal Fluminense (09 – 9%); Universidade Metodista de São Paulo (02 – 2%);
Universidade Estadual Paulista (02 – 2%); Universidade de Campinas (11 – 11%); Universidade
Paulista (02 – 2%); Universidade do Rio de Janeiro (02 – 2%); Universidade Federal do Espírito
Santo (01 – 1%) e Universidade de Uberlândia (01 – 1%).
Na Região Sul há 07 instituições representadas. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul
tem 15 bolsistas, 30% do total da Região e 8% do total geral, tem a maior representatividade.
Seguida pela Universidade da Região do Vale dos Sinos, tem 11, 22% da Região (6% do total);
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul com 10, com 20% da região (5% do total);
na Universidade Federal de Santa Catarina e na Universidade Federal de Santa Maria há 05
bolsistas cada, que representam 10% do total da Região e 3% do total geral; Universidade Tuiuti
do Paraná, com 03, sendo 6% da Região (2% do geral) e na Universidade do Estado de Santa
Catarina, há 01 bolsista, 2% da Região e 1% do total geral.
É interessante observar que das 29 instituições contempladas, 09 são particulares, 06 são
Estaduais, sendo uma delas a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e 14 são Federais.
Dois alertas são importantes com referência a esses dados, tendo por base os critérios de
seleção do CNPq. O primeiro é que não há um estímulo para novos pesquisadores e o outro é
com referência a não rotatividade dos bolsistas, uma vez que as condições de ascensão da
bolsa devem satisfazer: “(...) Pesquisador Sênior: 15 (quinze) anos, no mínimo, com bolsa de
Produtividade em Pesquisa na categoria 1, nível A ou B, do CNPq; Pesquisador 1: 8 (oito) anos,
no mínimo, de doutorado por ocasião da implementação da bolsa; Pesquisador 2: 3 (três) anos,
no mínimo, de doutorado por ocasião da implementação da bolsa”56.
Podemos afiançar que para aqueles que conquistam a bolsa de produtividade, esta se constitui,
de fato, em um grande estímulo. Mas é importante a ampliação dessa possibilidade,
especialmente para aqueles cientistas em início de carreira e outros tantos que desbravam o
55 Os percentuais indicam a representatividade sobre o total da Região (103 bolsistas). 56 Disponível no site do CNPq (http://www.cnpq.br), acesso em dezembro de 2010.
ensino e a pesquisa em regiões, muitas vezes, inóspitas. Mais que bons pesquisadores, esses
espaços necessitam de homens e mulheres de coragem para o desafio do ensino e da pesquisa.
Muitas vezes esses pesquisadores ficam em localidades de difícil acesso aos centros mais
desenvolvidos. O acesso mais fácil possibilitaria um intercâmbio, não só com outros
pesquisadores, mas com as múltiplas possibilidades de fomento. Também ficam em regiões
mais distantes, com poucos alunos dispostos a fazer pesquisa, quer pela própria necessidade da
região por mão-de-obra ou mesmo por imperativo individual desses estudantes, que precisam
conciliar estudo e trabalho. É fundamental repensar as condições de concessão e os critérios de
avaliação dessas bolsas de produtividade, assim como o incentivo à pesquisa na graduação e na
pós-graduação.
Pós-Graduação no Brasil
Estendendo as análises para os Programas de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom),
credenciados pela Capes, esses números trazem outras distorções com referência a formação
especializada. Atualmente há 39 Programas de Pós-Graduação em Comunicação credenciados.
As tabelas a seguir evidenciam a distribuição por região e tipo de unidade.
Tabela 12
Programas de Pós-Graduação credenciados pela Capes por Região – ano 2010
Quantidade de Região Programas Totais 39
Centro-Oeste 3 Nordeste 5 Norte 2
Sudeste 21 Sul 8
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Com referência ao número de Programas, a Região Sudeste, mais uma vez, é a mais
representativa. São 21 Programas, representando 54% do total. O Centro-Oeste 8% (03); o
Nordeste com 13% (05); o Norte com 02 programas representam 5% do total; enquanto o sul,
com 08, tem 20% de representatividade.
As unidades federais são as mais representativas, com 18 programas, representando 46% do
total. Há somente uma instituição municipal, localizada em São Caetano do Sul, no ABC
Paulista57. A tabela 13 mostra os dados também em outras regiões.
Tabela 13
Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes
por Região e tipo de Unidade de Ensino – ano 2010
Região/Tipo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Totais Totais 3 5 2 21 8 39 Federal 2 5 2 5 4 18 Estadual - - - 5(58) 1 6 Municipal - - - 1 - 1 Particular 1 - - 10 3 14
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010
É interessante observar que o desenvolvimento da Pós-Graduação em Comunicação no País
teve início na década de 1970. O primeiro programa foi Comunicação e Semiótica, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), criando em 1970, embora tenha sido
credenciado somente em 1973, pelo parecer CFE 383/73. Com foco mais centrado nos estudos
literários, seu mote era permeado pela “(...) análise e interpretação dos processos comunicativos
do signo verbal e seus objetos de análise dirigiam-se, preferencialmente, para os estudos
literários em geral”. Cinco anos depois, em 1978, “transformou-se no atual Programa de
Comunicação e Semiótica (recredenciado pelo parecer CFE 1258/79)59” e cria o primeiro
doutorado na área.
Há duas universidades que se intitulam criadoras do segundo programa de mestrado na área. A
Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo criou em 08 de janeiro
de 1972, o Programa de Ciências da Comunicação e oito anos depois, em 198060, surgiu o
doutorado. Também o programa Comunicação e Estética do Audiovisual, criado em 1972, tinha
como mote central os estudos sobre Rádio e Televisão. Posteriormente, em 1974, abrolha o
mestrado em cinema e teatro. “Em 1980, foi criado o doutorado em ambos os cursos”. Em
seguida, em 1996, ocorre a reformulação da Pós-Graduação da ECA-USP, “consolidando os
57 Região do Grande ABC ou ABC Paulista é parte da Região Metropolitana de São Paulo. A sigla vem das três cidades, que originalmente formavam a região: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C). Ao longo do tempo foram ocorrendo divisões políticas e atualmente a Região do Grande ABC possui sete cidades, são elas, além das três descritas: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra. 58 Na Universidade de São Paulo há dois programas. 59 Disponível no site: http://www.pucsp.br/pos/programas/comunicacao_e_semiotica/apresentacao.htm. Acesso em jan de 2011. 60 Disponível no site: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/node/14. Acesso em jan. de 2011.
dois cursos em uma só área de concentração do programa de pós-graduação em Ciências da
Comunicação”. Em 2009, novamente se institui o programa Meios e Processos Audiovisuais que
“reúne aspectos artísticos e industriais, teóricos e práticos da área audiovisual”61. Outro destaque
deve ser dado a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que institui seu mestrado também no
ano de 1972, tendo como foco “Comunicação, Cultura e Novas Tecnologias”.
Dos 39 programas existentes, 15 oferecem mestrado e doutorado. Estão assim divididos por
regiões: 01 no Centro-Oeste; 02 no Nordeste; 04 no Sul e 08 no Sudeste. “Além dos
desequilíbrios regionais, intra-regionais e entre estados, há ainda o desequilíbrio em relação à
presença da pós-graduação nos municípios brasileiros: dos 39 Mestrados e Doutorados, 27,
quase 70% do total, estão nas capitais brasileiras. Apenas 04 cidades não-capitais possuem
doutorados em Comunicação – São Bernardo do Campo e Campinas, no Estado de São Paulo,
Niterói, no Rio de Janeiro, e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul”62. Também, dos 15 programas
de doutorado, 08 estão localizados em universidades federais (53% do total), 03 em instituições
estaduais (20%) e 04 em particulares (27%).
É importante observar que no Nordeste do País há apenas dois programas, um na Universidade
Federal da Bahia e outro na Universidade Federal de Pernambuco. Na região Sul há 03
doutorados. No Norte não há oferta e no Centro-Oeste existe apenas na Universidade de
Brasília. O restante está na região Sudeste.
Os dados corroboram as observações anteriores com referência a oferta de cursos nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Evidenciam, mais uma vez, que a concentração da
pesquisa na área da Comunicação está no Sudeste, mais especificamente em São Paulo, que
conta com 05 programas de doutorado, equivalendo 33% do total de ofertas e 62% do total da
região. Outra observação importante é que dos 39 Programas existentes, nenhum alcançou nota
07, apenas um tem nota 06, que é da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A tabela abaixo
demonstra esses dados.
61 Disponível na web, em: http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/node/309. Acesso em jan de 2011. 62 Itania Maria Mota Gomes; Julio Pinto; Ana Carolina Escosteguy. Recomendações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação/COMPÓS para o PNPG 2011/2020. Disponível em http://www.compos.org.br/. Acesso em dez de 2010.
Tabela 14 Notas da avaliação trienal 2007-2009 de
Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes por Região – ano 2010
Tipo Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Totais Totais 3 5 2 21 8 39 2 - - - 163 - 1 3 2 3 2 6 2 15 4 1 1 - 9 3 14 5 - 1 - 4 3 8 6 - - - 1 - 1
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A tabela abaixo revela que não há uma relação direta entre o tipo de instituição e as notas.
Aquela máxima de que as instituições privadas não ofereciam qualidade não se comprova com
os dados disponibilizados.
Tabela 15 Notas da avaliação trienal 2007-2009 de
Programas de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) credenciados pela Capes por tipo de instituição/nota – ano 2010
Nota/Tipo 2 3 4 5 6 Totais Totais 1 15 14 8 1 39 Federal - 9 4 4 1 18 Estadual - 1 4 1 - 6 Municipal - 1 - - - 1 Particular 1 4 6 3 - 14
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É importante reforçar que notas 01 (não há nenhum caso na área da Comunicação) e 02 indicam
o descredenciamento, enquanto notas 6 e 7 recomendam desempenho excelência. Nos dados
acima é possível observar que há uma concentração de programas notas 3 e 4, equivalendo a
74% do total. Considerados nível de excelência, notas 5 e 6, há 09 programas (23% do total).
Contudo, mesmo com os primeiros cursos criados na década de 1970 e os níveis 6 e 764
demonstrarem a inserção internacional da Pós-Graduação, “os esforços de integração com a
comunidade científica internacional são, entretanto, ainda incipientes e demandam políticas
63 Embora mantida a nota da avaliação trienal 2007-2009, que foi divulgada em 2010, o Programa de Pós-Graduação entrou com recurso e o resultado, até o prazo final desse texto, não havia sido divulgado. 64 De acordo com as referências da Capes, responsável pela avaliação da Pós-Graduação no País. Para programas que tenham apenas mestrado, 5 é a nota máxima (mas não há nenhum caso nos dados coletados. Todos os programas - com essa avaliação - têm mestrado e doutorado). Vale a observação que para um curso de mestrado pleitear o doutorado a nota mínima dele deve ser 4.
públicas de incentivo à realização de projetos conjuntos de pesquisa entre grupos brasileiros e
estrangeiros, buscando a excelência da pós-graduação”65.
Convém observar que não há diferença significativa entre os programas de instituições federais
e particulares (privadas) com referência ao desempenho, mesmo incluindo nesse mote as
instituições estaduais. Dos 23 programas avaliados com nota igual ou superior a 4, equivalendo
a 59% do total, se comparados a quantidade de programas por tipo de instituição há uma
proximidade significativa no número total, como pode ser observado acima. Também se
cotejados os níveis 3 e 4 verifica-se que há mais instituições privadas com nota 4 do que
federais ou estaduais. Isso quebra o preconceito que os estabelecimentos particulares não
oferecem níveis de qualidade. Pelo menos na Pós-Graduação Stricto Sensu isso não pode ser
confirmado.
Nas aproximações dos números dos PPGCom com as quantidades de bolsistas PQ do CNPq há
outras observações importantes. Se, por um lado, nem toda instituição que abriga programa de
pós-graduação é contemplada com bolsistas PQ, por outro evidencia que há uma concentração,
em algumas instituições, desses pesquisadores. Por exemplo, na Região Norte, onde há dois
PPG não há nenhum bolsista PQ. Já a região Sudeste, onde há 20 programas, são 103 bolsas
PQ, perfazendo uma média de 19% de bolsistas PQ por programa, se considerarmos que todos
os PPGCom são contemplados. Mas isso não acontece. Os 103 bolsistas PQ da Região Sudeste
estão centralizados em 16 instituições e dessas somente 12 tem programas de Pós-Graduação
em Comunicação com pesquisadores PQ. São 08 PPGCom que não são contemplados com
bolsa, sendo 04 de instituições particulares, 01 estadual, 02 federais e 01 municipal.
O Tema como Conceito: os desafios das áreas de concentração e linhas de pesquisa
Um dos grandes desafios para compreender o cenário comunicativo brasileiro é conhecer e
reconhecer os temas que cotidianamente provocam pesquisadores, das mais variadas
localidades e linhas de investigação. O sentido da palavra tema, utilizado por essa pesquisa, é
que se trata de “(...) uma conceituação que não foge àquela ideia primeira, que permeia seu uso
65 Itania Maria Mota Gomes; Julio Pinto; Ana Carolina Escosteguy. Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação em Comunicação. Texto integrante do Panorama da Comunicação no Brasil. Projeto IPEA/SOCICOM. Sub-Projeto 1 – Estado do Conhecimento. Material publicado no volume 2 - Memória das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação no Brasil, da coleção Panoramas da Comunicação, pg. 63-80.
geral: o tema diz respeito a um assunto, um tópico sobre o qual se discorre, sobre o qual fala, se
pensa, etc.66. Todavia, o que significa tomar o tema não como objeto de referência, mas como
um objeto de estudo?” O que foi observado nas várias incursões realizadas nesta pesquisa é
que de fato os temas são os objetos de estudo. Esses (temas), afirmam Schwaab e Tavares
(2009), envolvem de maneira ampliada os “(...) segmentos sociais nos dias de hoje, buscando
compreender sua dinâmica de produção de informação, seus sentidos e significados” (p. 182-
184). Essa pode ser a justificativa para a escolha dos pesquisadores.
Desta forma, uma das possibilidades para entender sobre o que se pesquisa é a noção sobre os
temas que norteiam as investigações. Neste sentido optou-se por elencar as palavras-chave,
resultado da área de atuação e das linhas de pesquisa definidas pelos programas de pós-
graduação. Essa sistematização permite o conhecimento não somente sobre “(...) conteúdos
determinados por certas rotinas produtivas e de consumo, mas também como elementos de
processos de extração midiática onde aspectos culturais e campos sociais se entrecruzam”
(SCHWAAB; TAVARES, 2009, p. 183-184). Para possibilitar essa ordenação, as palavras
integrantes dos nomes dos programas, das áreas de concentração e das linhas de pesquisa
foram decompostas em 312 palavras-chave.
A palavra que mais aparece é comunicação, com 97 inserções. Basicamente isso define que o
grande mote dos PPGCom tem na grande área da Comunicação seu elemento principal. Muitas
vezes a comunicação aparece composta por outros elementos, como: Comunicação Midiática,
Comunicação Contemporânea, Comunicação Impressa, Comunicação Social, Comunicação das
Organizações etc. Neste sentido é possível observar os elementos que compõe todo o processo
de investigação.
Outras palavras presentes nos Programas de Pós-Graduação em Comunicação são: Mídia (31),
Cultura (29), Processos (28) e Tecnologias (11) inserções. É possível definir que o conjunto,
composto por 05 temas (Comunicação, Mídia, Cultura, Processos e Tecnologia), reflete os
conceitos tratados nas investigações desenvolvidas no âmbito da Pós-Graduação do Brasil.
Por ser a área comunicativa ampla, as linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação
refletem o entrecruzamento dos conceitos estudados. Elas definem os elos entre os aspectos
culturais e sociais, nas práticas profissionais, de consumo, nas narrativas, nas políticas da 66 Em termos epistemológicos a palavra vem do gregoThéma, significando assunto a ser tratado.
comunicação e da informação, revelando as interfaces históricas, poéticas, estéticas, educativas
e as transformações comunicacionais enfrentadas pela comunidade. Seja através de grupos
específicos, como cinema, jornalismo impresso, audiovisual, ou ampliados, como meios,
estratégias, processos e mediações essas são capazes de conhecer e reconhecer os impactos
socioculturais na sociedade da comunicação e da informação.
A Formação como Amplitude de Conceitos
Uma discussão ampliada em sido travada na sociedade civil organizada no que se refere a
formação na área da comunicação. Há aqueles que defendem que para exercer a profissão (nas
indústrias midiáticas e no próprio magistério superior) na área a graduação deve ser uma das
habilitações (Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, Editoração, etc.) definidas na
comunicação. Essa formação seria a identidade da área, funcionando como força motriz,
concentrando conhecimento e qualidade naquilo que é empreendido. Alguns acreditam que por
ser tão ampla, a comunicação funciona como um grande guarda-chuva abrigando outras áreas
do conhecimento, capazes de amplificar para os espaços sociais o conhecimento produzido,
permitindo o entrecruzamento de temas. Outros defendem que o direcionamento deve ser dado
a partir das especificidades das pesquisas realizadas pelo investigador e da prática midiática
exercida nas indústrias midiáticas.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo, através do Relatório da
Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação, (Portaria Nº 203/2009, de 12
de fevereiro de 2009), foi o documento resultante da discussão com a sociedade, profissionais,
professores e estudantes sobre as especificadas dessa formação67. Para os especialistas, a
Comunicação Social não é uma profissão “(...) mas sim um campo que reúne várias diferentes
profissões68. É também uma área acadêmica que engloba diversas disciplinas específicas, como
ocorre também em outras áreas das ciências aplicadas”. Neste sentido, o documento afirma que
67 Relatório da Comissão de Especialistas nomeada pela Portaria MEC-SESU 203/2009 que “recebeu do Ministro Fernando Haddad a missão de repensar o ensino de Jornalismo no contexto de uma sociedade em processo de transformação. (...) Empossada no dia 19 de fevereiro, sob a presidência do professor José Marques de Melo e integrada por Alfredo Vizeu, Carlos Chaparro, Eduardo Meditsch, Luiz Gonzaga Motta, Lucia Araújo, Sergio Mattos e Sonia Virginia Moreira. Disponível em http://www.fenaj.org.br/educacao/documento_final_cursos_jornalismo.pdf, acesso em jan de 2011. 68 MEDITSCH, Eduardo. Crescer para os lados ou crescer para cima: o dilema histórico do campo acadêmico do Jornalismo. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação.www.bocc.ubi.pt, acesso em jan de 2011.
“(...) o equívoco não se origina nas DCN69 em vigor. Anteriormente a elas, a mesma organização
já estava prevista nos Currículos Mínimos “do Curso de Comunicação Social” emanados do
Conselho Federal de Educação a partir de 196970.
O Documento argumenta ainda que essa estrutura de formação na grande área da Comunicação
“se explica em parte pela dinâmica interna da área acadêmica das Ciências da Comunicação”.
Com um histórico que tem seu início nos anos de 1940, as faculdades de comunicação de
massa reuniram cursos pré-existentes do mesmo campo profissional, como Jornalismo,
Publicidade e Relações Públicas. “Foi com este modelo que a Comunicação chegou inicialmente
ao Brasil, por meio do projeto da Faculdade de Comunicação de Massas da Universidade de
Brasília - UnB, elaborado por Pompeu de Souza e Darcy Ribeiro em 1963, englobando três
escolas com perspectivas distintas, as de Jornalismo (indústria da informação e opinião), Rádio-
TV-Cinema (indústria da recreação e arte) e Publicidade e Propaganda (indústria da sugestão e
da persuasão). Mas essa distinção só perduraria apenas até 1969, quando o Currículo Mínimo
Obrigatório extinguiu as identidades específicas dos cursos da UnB e de todo o Brasil71”.
Várias iniciativas estão sendo desenvolvidas no sentido da manutenção das identidades das
formações, tais como a criação de fóruns de discussão, documentos, publicações, diretrizes e
entidades que congregam especialistas, profissionais, professores e estudantes. Várias dessas
entidades e os resultados de suas produções integram esse estudo sobre o panorama da
Comunicação, como pode ser observado nos capítulos posteriores.
Para os especialistas “estas iniciativas não representam um rompimento com a área acadêmica
maior da Comunicação, mas antes a sua revitalização, pelo fortalecimento de sua diversidade e
dos vínculos com as práticas sociais e culturais que a originaram, justificando a sua existência72”.
69 DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais. 70 “Os currículos mínimos ‘do Curso de Jornalismo’ vigoraram a partir de 1962, com uma segunda versão em 1965. Os currículos mínimos “do Curso de Comunicação Social” foram implantados a partir de 1969, com atualizações em 1977 e 1984. MOURA, Cláudia Peixoto de. O Curso de Comunicação Social no Brasil: do currículo mínimo às novas diretrizes curriculares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002”. Fonte: Relatório da Comissão de Especialistas nomeada pela Portaria MEC-SESU 203/2009, acesso em já. De 2011. 71 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Jornalismo, Relatório da Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação, (Portaria Nº 203/2009, de 12 de fevereiro de 2009). Disponível em http://www.fenaj.org.br/educacao/documento_final_cursos_jornalismo.pdf. Acesso em jan de 2011. 72 Ibdem, Idem.
Essa dicotomia pode ser observada também nos editais de concursos públicos, que em sua
grande maioria exigem formação em cursos específicos da área (chamados até agora de
habilitações) como pré-requisito para o exercício do magistério na graduação em comunicação.
Neste sentido, fazendo um link com essa discussão foi realizado o exame da formação
(graduação) dos coordenadores dos PPGCom do todo o país. São 23 professores da área da
Comunicação, em suas habilitações específicas (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e
Relações Públicas), perfazendo o percentual de 59%; 01 em Serviço Social; 01 em Arquivologia;
03 em Ciências Sociais; 02 em Filosofia; 01 em História; 05 em Letras; 02 em Psicologia e 01%
não informou sua origem profissional, totalizando 16 coordenadores formados em outras áreas
do conhecimento, ou seja, 41% do total. Esses dados evidenciam que, pelo menos no que tange
a pós-graduação, embora exista como recomendação, a exigência da formação nos cursos
específicos da área da comunicação, não é uma norma nem uma realidade entre os
coordenadores.
COMPÓS73 e sua contribuição para a Pós-Graduação no Brasil
A Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS),
fundada em 16 de junho de 1991, com o apoio da Capes e do CNPq, congrega como associados
os Programas de Pós-Graduação em Comunicação nível Mestrado e/ou Doutorado de
instituições de ensino superior públicas e/ou privadas, no Brasil. Pode-se destacar como
objetivo principal o “fortalecimento e qualificação crescentes da Pós-Graduação em
Comunicação no país”74.
A história da Compós e sua significativa e qualificada participação no âmbito da Pós-Graduação
no País está disponível no texto “Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação
em Comunicação”, escrito pelos pesquisadores Itania Maria Mota Gomes, Julio Pinto e Ana
Carolina Escosteguy, que está disponível no volume 2 da coleção Panorama da Comunicação e
73 Outras informações sobre o perfil e as atividades da Compós podem ser obtidas no texto de GOMES, Itania Maria Mota; PINTO, Julio; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação em Comunicação, disponível no volume 2, da coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, publicados pelo IPEA, 2010. 74 Disponível em http://www.compos.org.br/. Acesso em jan de 2011.
das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA. O volume integra a coleção onde
são apresentados os primeiros resultados dessa pesquisa.
Podemos considerar a Compós uma Associação recente, se comparada, por exemplo, com a
Intercom. A Compós tem 21 anos, adquirindo em 2011 sua maior idade. O primeiro presidente,
para cumprir o mandato no período de 1991-1993, foi o Pesquisador Carlos Alberto Messeder
Pereira (UFRJ). Carlos integrou o grupo fundador da entidade. Os outros presidentes estão
elencados conforme quadro abaixo,
Quadro 2 – Relação dos Presidentes da Entidade (1991-2011), separados por período e região Período Presidente Instituição Região
1991-1993 Carlos Alberto Messeder Pereira Universidade Federal do Rio de Janeiro Sudeste 1993-1995 José Luiz Braga Universidade de Brasília Centro-Oeste 1995-1997 Marcius Freire Universidade de Campinas Sudeste 1997-1999 Antonio Albino Canelas Rubim Universidade Federal da Bahia Nordeste
1999-2001 Sérgio Dayrell Porto Universidade de Brasília Centro-Oeste 2001-2003 Vera Regina Veiga França Universidade Federal de Minas Gerais Sudeste 2003-2005 André Lemos Universidade Federal da Bahia Nordeste 2005-2007 Afonso Albuquerque Universidade Federal Fluminense Sudeste 2007-2009 Erick Felinto Universidade Estadual do Rio de Janeiro Sudeste 2009-2011 Itania Maria Mota Gomes Universidade Federal da Bahia Nordeste Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante notar que foram 05 presidentes da região Sudeste, 3 do Nordeste e 2 do Centro-
Oeste. O Sul e o Norte ainda não estiveram representados em nenhuma gestão. Com referência
a Região Norte, uma possível justificativa é que os primeiros programas começaram somente a
partir de 2007, mas vale observar que a grande maioria dos presidentes está na lista dos
programas mais antigos, ou seja, aqueles filiados nos dez primeiros anos da entidade. Além
disso, essa realidade não vale para os PPGCOM da Região Sul.
Um detalhe que chama atenção é com referência as instituições representadas. A Universidade
da Bahia (03), Universidade de Brasília (02), Universidade Federal do Rio de Janeiro (02). Até
hoje nenhum dos presidentes pertenceu a Programas de Pós-Graduação de instituições
privadas.
A Compós conta atualmente com 37 programas filiados, conforme informações disponíveis no
site da instituição. Somente o Programa de Comunicação, da Universidade Federal do Paraná e
o Programa Comunicação, Cultura e Amazônia, da Universidade Federal do Pará, que abriram
recentemente ainda não se filiaram. Esses dados reforçam a importância da entidade no âmbito
da Pós-Graduação, pois a maioria, quase que absoluta, está filiada a entidade.
A tabela abaixo traz a lista dos programas, ano de filiação e a instituição a qual pertencem.
Quadro 3 – Lista de Programas de Pós-Graduação filiados a Compós
Nome do PPG Ano de filiação
Instituição Atual coordenador
Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica (Mestrado e Doutorado)
1991 PUC-SP Lucrécia Ferrara
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea (Mestrado e Doutorado)
1991 UFBA Maria Carmem Jacob
de Souza Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e
Doutorado) 1991 UFRJ
João Batista de Macedo Freire Filho
Pós-Graduação em Comunicação Social (Mestrado e Doutorado) 1991 UMESP Sebastião Carlos de
Morais Squirra Programa de Pós Graduação em Comunicação (Mestrado e
Doutorado) 1991 UnB Sérgio Dayrell Porto
Programa de Pós-Graduação em Multimeios, Instituto de Artes, Unicamp. (Mestrado e Doutorado)
1991 UNICAMP Roberto Berton De
Ângelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
(Mestrado e Doutorado) 1993 USP
Maria Immacolata Vassallo de Lopes
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (Doutorado e Mestrado)
1995 PUC-RS Juremir Machado da
Silva Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
(Mestrado e Doutorado) 1995 UNISINOS Christa Berger
Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado) 1996 UFMG Bruno Souza Leal Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação
(Mestrado e Doutorado) 1996 UFRGS Maria Helena Weber
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado)
1997 UFF Simone Pereira de Sá
Mestrado e Doutorado em Comunicação e Linguagens 2001 UTP Cláudia Quadros
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2001 CÁSPER LÍBERO
Dimas A. Kunsch
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado)
2001 UFPE Isaltina Maria de
Azevedo Mello Gomes
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2002 UERJ Fátima Cristina Regis
Martins de Oliveira
Mestrado em Comunicação 2002 UNIP Eduardo Peñuela
Cañizal Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp 2003 UNESP Luciano Guimarães
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social 2003 PUC-RJ Miguel Serpa Pereira Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2004 UNIMAR Rosângela Marçolla
Comunicação e Práticas de Consumo (Mestrado) 2006 ESPM Gisela G. S. Castro
Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2006 UFSM Eugenia Mariano da
Rocha Barichello Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura –
(Mestrado) 2008 UNISO Osvando J. de Morais
Mestrado em Comunicação 2007 UAM Rogério Ferraraz Mestrado em Comunicação Social 2007 PUC-MG Julio Pinto
Mestrado em Comunicação e Sociedade 2007 UFJF Iluska Coutinho
Mestrado em Comunicação 2007 UFG Ana Carolina Rocha
Pessoa Temer Programa de Pós-Graduação em Jornalismo 2008 UFSC Gislene da Silva
Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Mestrado 2008 UEL Paulo César Boni Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som (Mestrado) 2008 UFSCar Samuel Paiva
Mestrado em Comunicação 2008 UCB João José Azevedo
Curvello Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado) 2008 UFPB Marcos Nicolau
Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC (Mestrado)
2008 UFC Silas de Paula
Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação 2009 UFAM Gilson Vieira Monteiro Programa de Mestrado em Comunicação 2009 USCS Gino Giacomini Filho
Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia 2009 UFRN Maria das Graças Pinto
Coelho Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais 2010 USP Eduardo V. Morettin Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Inserção Internacional
A partir de novembro de 2010 a Compós abriu a possibilidade de filiações de Programas de Pós-
Graduação de instituições do exterior, através do projeto “Programas Estrangeiros Associados
(Accredited Programs)”. Como explica a própria entidade, “(...) o Accredited Program é um
programa estrangeiro que realiza pesquisa e ensino de pós-graduação na área geral de
comunicação, mesmo que, em sua denominação, não apareça estritamente a palavra
comunicação. É um programa capacitado a receber as informações oficiais e participar dos
Encontros Nacionais, listado no site da Compós, e que terá acesso privilegiado no caso de
fortalecimento de laços formais com a Compós, para parcerias que levem ao intercâmbio de
produção científica, docentes e discentes. O Accredited Program não terá voto no Conselho
Geral da Compós”. Essa ação é o primeiro passo rumo a internacionalização da entidade.
Encontros Anuais
Realiza anualmente encontro anuais como espaço de intercâmbio acadêmico entre os
pesquisadores dos vários Programas. Os encontros estão estruturados sob a forma de Grupos
de Trabalhos (GTs), “onde são apresentados e debatidos estudos que buscam refletir sobre o
avanço científico, tecnológico e cultural no campo da comunicação”. Desde o ano 2000 os
trabalhos apresentados estão disponíveis no site (www.compos.org.br) da entidade, que também
se constitui em uma ferramenta importante de divulgação de suas atividades.
Organizados pelos Programas associados, o quadro abaixo demonstra os encontros ocorridos.
Quadro 4 – Lista de Encontros anuais realizados pela Compós
Encontro Inicio Fim
2010 - XIX COMPÓS: Rio de Janeiro/RJ 08/06/2010 11/06/2010
Local: PUC-RJ
2009 - XVIII COMPÓS: Belo Horizonte/MG 02/06/2009 06/06/2009
Local: PUC-Minas
2008 - XVII COMPÓS: São Paulo/SP 03/06/2008 06/06/2008
Local: UNIP - Universidade Paulista
2007 - XVI COMPÓS: Curitiba/PR 13/06/2007 16/06/2007
Local: UTP - Universidade Tuiuti do Paraná
2006 - XV COMPÓS: Bauru/SP 06/06/2006 09/06/2006
Local: UNESP - Universidade Estadual Paulista
2005 - XIV COMPÓS: Niterói/RJ 01/06/2005 04/06/2005
Local: UFF - Universidade Federal Fluminense
2004 - XIII COMPÓS: São Bernardo do Campo/SP 22/06/2004 25/06/2004
Local: Universidade Metodista de São Paulo
2003 - XII COMPÓS: Recife/PE 02/06/2003 06/06/2003
Local: UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
2002 - XI COMPOS: Rio de Janeiro/RJ 04/06/2002 07/06/2002
Local: UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
2001 - X COMPOS: Brasília/DF 29/05/2001 01/06/2001
Local: UnB - Universidade de Brasília
2000 - IX COMPOS: Porto Alegre/RS 30/05/2000 02/06/2000
Local: PUC-RS
1999 - VIII COMPOS: Belo Horizonte/MG 01/06/1999 04/06/1999
Local: UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
1998 - VII COMPOS: São Paulo/SP 01/06/1998 05/06/1998
Local: PUC-SP
1997 - VI COMPOS: São Leopoldo/RS 02/06/1997 06/06/1997
Local: UNISINOS
1996 - V COMPOS: São Paulo/SP 27/05/1996 31/05/1996
Local: ECA/USP
1995 - IV COMPOS: Brasília/DF 30/07/1995 07/08/1995
Local: UnB - Universidade de Brasília
1994 - III COMPOS: Campinas/SP 22/08/1994 27/08/1994
Local: UNICAMP
1993 - II COMPOS: Salvador/BA 24/08/1993 27/08/1993
Local: FACOM/UFBA
1992 - I COMPOS: Rio de Janeiro/RJ 18/11/1992 21/11/1992
Local: ECO/UFRJ
Fonte: Compós, disponível em www.compos.org.br, acesso em dezembro de 2010. Dos 19 encontros ocorridos, 12 foram na região Sudeste (63%), 3 no Sul (15%), 2 no Nordeste e
2 no Centro-Oeste, representando 11% cada. Especialmente nos últimos anos esses encontros
têm ocorrido no final do primeiro semestre de cada ano. Não foi possível localizar o número de
participantes. Porém, cabe ressaltar que a dinâmica dos encontros tem um formato diferenciado,
onde há limite no número de trabalhos aceitos para cada grupo, conforme explicitado abaixo.
Grupos de Trabalho e as Linhas de Atuação
Em períodos definidos pela diretoria há uma clivagem dos grupos de pesquisa (GT), obedecendo
ao que a entidade chama de “Processos de avaliação anual dos GTs. (...) A cada 4 (quatro) anos
os GTs passam por processo de renovação, com a criação e clivagem dos grupos, objetivando
construir espaços de interlocução capazes de abrigar temas emergentes na área”. Esse
processo, “(...) é um corolário dos padrões de funcionamento dos Grupos de Trabalho. Na
medida em que a estrutura dos grupos busca atingir determinados objetivos, e a fazê-los
segundo procedimentos básicos gerais, trata-se de verificar até que ponto aqueles objetivos e
estes procedimentos estão sendo efetivamente atendidos, para possibilitar aperfeiçoamentos e
correções de rumo, e mesmo, em casos-limite, descontinuar um Grupo no seu formato vigente,
viabilizando outras formulações para atender aos objetivos conceituais e metodológicos que se
justifiquem em sua área”. Essa avaliação é realizada durante o evento anual (COMPÓS, 2010,
web).
A recomendação é que os textos selecionados atendam aos critérios de qualidade, relevância e
pertinência a área temática do GT. Há um limite de no máximo 10 dez textos selecionados, para
cada um dos GT’s, em cada edição anual do encontro. Também se recomenda que exista uma
“(...) renovação de no mínimo trinta por cento de seus participantes e, no máximo, setenta por
cento, considerando, para esta análise de equilíbrio, uma comparação com os dois anos
anteriores; haja textos de pesquisadores de todo o país, desde que se cumpra o critério primeiro
da qualidade e o Coordenador não apresente trabalho” (COMPÓS, 2010, web).
Há a obrigatoriedade dos textos serem inéditos e os selecionados (todos) recebem da entidade
(e sua parceira no evento) verbas para a passagem e estadia, sendo essa condição um
privilégio, oferecido somente por essa associação.
Com referência aos estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) “(...) é considerada
válida, pois pode representar estímulo à sua formação e a seus trabalhos de pesquisa. Deve-se,
entretanto evitar que estas apresentações sejam vistas como “ensaio” de seus exames de
qualificação ou defesas de teses e dissertações. O trabalho deve ser avaliado em função de seu
interesse específico para o debate do Grupo, aplicando-se sobre ele os mesmos critérios
definidos” para todos (COMPÓS, 2010, web).
Para evidenciar o panorama dos GT e dos trabalhos apresentados, a tabela abaixo evidencia
essa participação.
Tabela 16
Trabalhos apresentados nos encontros anuais da COMPÓS Período de 2001 a 2010
GT / NP anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Total de Trabalhos 60 66 111 114 129 120 118 119 119 119 1075 Comunicação e Cibercultura - 10 - - 10 10 10 10 10 11 71 Comunicação e Cidadania - - - - - - 10 - - - 10
Comunicação e Cultura 10 10 10 10 10 10 10 10 10 90 Comunicação e Política 10 10 10 10 10 10 10 10 10 8 98
Comunicação e Sociabilidade 10 10 10 10 10 10 9 10 10 10 99 Criação e Poéticas Digitais - - 10 9 10 10 - - - - 39
Cultura das Mídias - - 11 10 10 10 10 10 10 10 81 Economia política e políticas de
comunicação - - - - - - 10 10 10 10 40 Epistemologia da Comunicação 10 6 10 10 10 10 10 10 10 10 96
Estéticas da comunicação - - - - - - 10 10 9 10 39 Estudos de cinema, fotografia e
audiovisual 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 100 Estudos de Jornalismo 10 10 10 8 10 10 10 9 10 10 97 Mídia e entretenimento - - - - - - 9 10 10 10 39
Mídia e recepção - - 10 8 10 10 - - - - 38 Políticas e Estratégias de
Comunicação - - - 9 10 10 - - - - 29 Produção de sentido nas mídias - - 10 10 10 10 - - - - 40
Recepção, Usos e Consumo Midiáticos - - - - - - 10 10 10 10 40
Tecnologias Informacionais de Comunicação e Sociedade - - 10 10 9 - - - - - 29
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Realizando uma análise da tabela acima se observa que quatro GTs permanecem ativos desde
2001: Comunicação e Política; Comunicação e Sociabilidade; Estudos de Cinema, Fotografia e
Audiovisual e Estudos de Jornalismo. Outros grupos, resultado da clivagem, iniciam as
atividades, permanecem durante um período de são desativados. O número de trabalhos por
grupo, em linhas gerais, demonstra que basicamente todos atendem a determinação de no
máximo 10 trabalhos selecionados, por evento.
Com referência a titulação, outro dado sistematizado pela pesquisa, dos 1233 autores
participantes no período de 2001 a 2010, apresentando trabalhos, 481 (39%) são doutores, 227
(18%) estão na categoria outros (doutorandos, mestres, mestrandos) e 525 (43%) não
informaram em seus trabalhos a titulação. Essa distribuição entre doutores e as outras
categorias sofre variação muito intensa durante o período. Mas, infelizmente, como há uma
quantidade significativa de trabalhos onde não há a indicação de titulação, fica inviável qualquer
análise mais detalhada.
Tabela 17
Trabalhos apresentados por modalidade Individual (I) ou em Grupo (G) encontros anuais da COMPÓS
Período de 2001 a 2010
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Tot GT / NP
I G I G I G I G I G I G I G I G I G I G I G
Total de Trabalhos 53 7 64 2 102 9 103 11 108 21 95 25 99 19 95 24 96 23 95 24 910 165 1075
60 66 111 114 129 120 118 119 119 119 1075 Comunicação e
Cibercultura - - 10 - - - - - 10 - 9 1 9 1 9 1 8 2 7 4 62 9 71
Comunicação e - - - - - - - - - - - - 8 2 - - - - - - 8 2 10
Cidadania
Comunicação e Cultura
9 1 10 - 9 1 9 1 8 2 9 1 - - 6 4 8 2 8 2 76 14 90
Comunicação e Política
10 - 10 - 9 1 8 2 8 2 8 2 7 3 8 2 6 4 5 3 79 19 98
Comunicação e Sociabilidade
8 2 10 - 9 1 8 2 8 2 7 3 5 4 8 2 9 1 7 3 79 20 99
Criação e Poéticas Digitais
- - - - 9 1 8 1 8 2 9 1 - - - - - - - - 34 5 39
Cultura das Mídias - - - - 10 1 10 - 8 2 8 2 9 1 8 2 8 2 9 1 70 11 81 Economia política e
políticas de comunicação
- - - - - - - - - - - - 8 2 6 4 8 2 6 4 28 12 40
Epistemologia da Comunicação
10 - 6 0 10 - 10 0 10 - 9 1 10 - 10 10 - 10 - 95 1 96
Estéticas da comunicação
- - - - - - - - - - - - 9 1 9 1 8 1 10 - 36 3 39
Estudos de cinema, fotografia e audiovisual
10 - 9 1 9 1 10 - 10 - 8 2 10 - 8 2 10 - 10 - 94 6 100
Estudos de Jornalismo
6 4 9 1 9 1 8 - 5 5 8 2 8 2 8 1 5 5 5 5 71 26 97
Mídia e entretenimento
- - - - - - - - - - - - 8 1 7 3 7 3 8 2 30 9 39
Mídia e recepção - - - - 9 1 7 1 7 3 6 4 - - - - - - - - 29 9 38 Políticas e
Estratégias de Comunicação
- - - - - - 8 1 8 2 5 5 - - - - - - - - 21 8 29
Produção de sentido nas mídias
- - - - 9 1 9 1 9 1 9 1 - - - - - - - - 36 4 40
Recepção, Usos e Consumo Midiáticos
- - - - - - - - - - - - 8 2 8 2 9 1 10 - 35 5 40
Tecnologias Informacionais de Comunicação e
Sociedade
- - - - 10 8 2 9 - - - - - - - - - - - 27 2 29
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 As apresentações conjuntas de pesquisadores de uma mesma instituição ou de programas de
outras localidades têm sido um dos desafios constantes nas avaliações da Capes. Na área da
Comunicação essa modalidade é pouco utilizada. Ainda trabalhamos de forma isolada, em
nossas ilhas de reflexão e de pesquisa, conforme dados demonstrados na tabela acima.
Os trabalhos apresentados na Compós não fogem a regra geral da área. Dos 1075 trabalhos,
910 foram na modalidade individual, representando 85% das apresentações e somente 165
trabalhos foram de autoria coletiva. Uma cifra muito pequena quando analisado o total de
pesquisas apresentadas.
A Compós vem estimulando a ampliação da participação de pesquisadores em seus encontros
anuais. Uma ação em prol desse crescimento é a modalidade participante-observador (aquele
que não apresenta textos). Essa oportunidade visa, principalmente, o estímulo para integrações
futuras e a continuidade das participações. Tal possibilidade acena positivamente no sentido de
ampliar e diversificar as interlocuções, possibilidade essa que anteriormente só podia ser
exercida pelos pesquisadores que apresentavam seus trabalhos.
Tabela 18 Trabalhos apresentados por Região nos encontros anuais da COMPÓS
Período de 2001 a 2010
Região – Grupo Norte Nordeste Centro-Oeste
Sudeste Sul Internacio
nal Não
identificado Total
Totais 2 123 58 513 217 15 175 1103
Comunicação e cibercultura
- 12 - 40 18 - 3 73
Comunicação e cidadania
- - - 6 5 - - 11
Comunicação e cultura
- 5 1 46 17 - 22 91
Comunicação e política
- 12 12 37 15 1 23 100
Comunicação e sociabilidade
- 9 1 53 17 3 18 101
Criação e poéticas digitais
- 0 5 19 11 - 11 46
Cultura das mídias - 8 3 57 7 - 7 82
Economia política e políticas de
comunicação - 3 4 27 9 1 1 45
Epistemologia da comunicação
1 2 13 50 14 3 16 99
Estéticas da comunicação
- 7 1 22 6 - 1 37
Estudos de jornalismo
- 22 4 29 21 2 19 97
Estudos de cinema, fotografia e audiovisual
1 13 2 57 7 2 20 102
Mídia e entretenimento
- 9 - 21 9 1 - 40
Mídia e recepção - 5 3 8 14 1 7 38
Políticas e estratégias de comunicação
- 4 4 9 7 - 8 32
Produção de sentido nas mídias
- 6 3 9 11 - 11 40
Recepção, usos e consumo midiáticos
- 3 2 12 22 1 - 40
Tecnologias Informacionais de Comunicação e
Sociedade
- 3 - 11 7 - 8 29
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010
A tabela de trabalhos apresentados por região nos dá um panorama da inserção da Compós. A
diferença a maior entre o número de trabalhos apresentados e o total por região é que muitos
pesquisadores se autodenominam de duas regiões distintas. Isso pode ser justificado pelo fato
do investigador pertencer a uma instituição, mas estar complementando seus estudos em outra.
De qualquer forma, os dados demonstram que a grande representatividade de participação ainda
está em pesquisadores oriundos da região Sudeste do País, com 513 inserções, representando
47% do total. A região Sul aparece com 217 (20%) pesquisadores, Nordeste com 123 (11%),
Centro-Oeste com 58 (5%) e o Norte com 2 pesquisadores. Também há participação
internacional, com 15 pesquisadores, representando 1%. Porém, 175 (16%) do total não
identificaram sua região de origem nos trabalhos analisados no período, o que impossibilitou
uma avaliação mais detalhada.
É importante registrar que a entidade, embora com algumas diferenças entre os valores
absolutos, está presente em todas as regiões do Brasil.
Interações com os Programas filiados e com a comunidade
A Compós tem vários modos de divulgação de sua produção. O primeiro e mais conhecido é o
Livro da Compós. Atualmente resultado dos trabalhos apresentados no seu encontro anual. Há
critérios para seleção e avaliação dos textos que integram a publicação. Também as primeiras
publicações livros foram resultados dos encontros Interprogramas. Somente no ano de 2001
foram editados dois livros, referentes a IX COMPÓS, ocorrida em 2001. Em 2002 houve duas
publicações referentes ao I e do II Interprogramas. Em 2003, além do Livro XI COMPÓS,
também foi editado o resultado do III Interprogramas.
Segue abaixo a lista completa de todas as publicações, bem como seus organizadores, ano de
edição e editora.
Publicação de Livros da Compós
Período de 1993 a 2009 LIVRO DA COMPÓS 2009
Sebastião Squirra e Yvana Fechine (orgs.). Televisão Digital: Desafios para a comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2009.
LIVRO DA COMPÓS 2008
Alex Primo, Ana Claudia de Oliveira, Geraldo Carlos do Nascimento e Veneza Mayora Ronsini (orgs.). Comunicação e Interações. Porto Alegre: Sulina, 2008.
XV COMPÓS
Ana Sílvia Davi Médola, Denize Correa Araujo e Fernanda Bruno (orgs.). Imagem, Visibilidade e Cultura Midiática - Livro da XV Compós. Porto Alegre: Sulina, 2007.
XIV COMPÓS
LEMOS, André; BERGER, Christa; BARBOSA, Marialva. Narrativas Midiáticas Contemporâneas - Livro da Compós XIV / 2005. Porto Alegre: Sulina, 2006.
XIII COMPÓS
CAPPARELLI, Sérgio; SODRÉ, Muniz; SQUIRRA, Sebastião (orgs). Comunicação revisitada, A - Livro do XIII Compós / 2004. Porto Alegre: Sulina, 2004.
XII COMPÓS
LEMOS, ANdré; PRYSTON, Angela; SILVA, Juremir Machado; PEREIRA DE SÁ, Simone (orgs). Mídia.Br: Livro da XII Compós 2003. Porto Alegre: Sulina, 2004.
XI COMPÓS
FRANÇA, Vera, WEBER, Maria Helena PAIVA, Raquel, e SOVIK, Liv (orgs.). Livro do XI Compós 2002: estudos de comunicação ensaios de complexidade 2. Porto Alegre: Sulina, 2003.
X COMPÓS
MOTTA, Luiz Gonzaga; FRANÇA, Vera; PAIVA, Raquel; WEBER, Maria Helena (orgs.). Estratégias e culturas da comunicação. Brasília, Editora UnB, 2001.
IX COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Interação e sentidos no ciberespaço e na sociedade. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2001.
IX COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Práticas midiáticas e espaço público. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2001.
VIII COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; HOHLFELDT, Antônio; PRADO, José Luiz A.; PORTO, Sérgio Dayrrel (org.). Comunicação e corporeidades. João Pessoa, Editora UFPB, 2000.
VII COMPÓS
Práticas Discursivas na cultura contemporânea. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 1999.
VI COMPÓS
RUBIM, Antônio Albino C.; BENTZ Ione Maria G.; PINTO, Milton José (org.). Reprodução e recepção dos sentidos midiáticos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
V COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; PINTO, Milton José (org.). Mídia e cultura. Rio de Janeiro, Diadorim: 1997.
IV COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; PINTO, Milton José(org.). O Indivíduo e as Mídias: ensaios sobre Comunicação, Política, Arte e Sociedade no Mundo Contemporâneo. Diadorim: 1996.
III COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; BRAGA, José Luiz; PORTO, Sérgio Dayrell (org.) A encenação dos sentidos mídia cultura e política. Rio de Janeiro, Diadorim: 1995.
II COMPÓS
FAUSTO NETTO, Antônio; BRAGA, José Luiz; PORTO, Sérgio Dayrell (org.). Brasil: comunicação Cultura & Política. Rio de Janeiro, Diadorim: 1994.
I COMPÓS
PEREIRA, Carlos Alberto Messeder; FAUSTO NETTO, Antônio (org.). Comunicação e Cultura Contemporâneas. Rio de Janeiro, Editora Notrya: 1993.
I Interprogramas
AIDAR PRADO, José Luiz (org.) Crítica das práticas midiáticas: da sociedade de massa às ciberculturas. São Paulo, Hacker Editores, 2002.
II Interprogramas
WEBER, Maria Helena; BENTZ, Ione; HOHLFELDT, Antonio (orgs.). Tensões e objetos da pesquisa em comunicação. Porto Alegre, Editora Sulina, 2002.
III Interprogramas
LOPES, Maria Immacolata Vassalo (org.). Epistemologias da comunicação. São Paulo: Loyola, 2003. Fonte: www.compos.org.br, acesso em dezembro de 2011
Lista de Discussão e site
É através da Lista da Compós, como é chamada, é que associação mantém seus filiados
atualizados sobre as notícias, atividades e demais ações realizadas. Para participar da lista é
necessário o cadastro, que precisa ser referendado pela diretoria da entidade, ou ser convidado
para integrar o grupo, mas todos os filiados a algum programa de pós-graduação podem pleitear
entrar na lista. Atualmente, de acordo com informações do site da entidade, conta com mais de
mil pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-Graduação de todo o Brasil.
No site, disponível no endereço: www.compos.org.br, podem ser acessados os trabalhos
apresentados nos eventos da entidade, desde o ano 2000, além de conter notícias, informações
sobre os programas de pós-graduação filiados, acesso a revista e outras informações. Abaixo
uma imagem do site:
Fonte: www.compos.org.br, acesso em marco de 2011
Revista Científica
E-Compós, disponível em www.e-compos.org.br, E-ISSN 1808-2599, é uma revista em formato
eletrônico, com periodicidade quadrimestral. Lançada em 2004, “tem como principal finalidade
difundir a produção acadêmica de pesquisadores da área de comunicação, inseridos em
instituições do Brasil e do exterior”. Até o fechamento desta pesquisa estavam disponíveis para
consulta 19 edições. Todas as publicações disponibilizam um dossiê temático.
Aceita material de doutores e doutorandos da Comunicação e de áreas conexas. Mas define que
mestres, mestrando e graduados também poderão enviar trabalhos, desde que em co-autoria.
Obedece aos critérios de qualidade, como: ineditismo, três idiomas (português, inglês e
espanhol), oferece um modelo para submissão e está disponível no Sistema Eletrônico de
Editoração de Revistas (SEER). A publicação está indexada no Latindex:
www.latindex.unam.mx.
INTERCOM e sua contribuição para o ensino e a pesquisa em Comunicação no Brasil
Fundada em 1977, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(Intercom) constitui-se como principal representante da área da Comunicação no Brasil. Sua
estrutura, funcionamento e, principalmente, as atividades que realiza – como a promoção de
congressos e a publicação de livros e de periódicos, por exemplo – são responsáveis pela
circulação de boa parte do conhecimento produzido e acumulado por pesquisadores desse
campo. Não por acaso, os indicadores que a entidade oferece dão conta de espelhar significativo
perfil de desenvolvimento da área no país.
A história dessa associação científica acompanha a própria história do Brasil contemporâneo.
Idealizada por pesquisadores de São Paulo, a Intercom nasceu num momento em que a ditadura
militar começava a apresentar sinais de declínio e a comunidade científica – não só da
Comunicação, mas também de outras áreas – percebia, nas sociedades civis um espaço
propício para oxigenar ideias e dinamizar o conhecimento que, muitas vezes, não circulava entre
os pares. Tratava-se, portanto, de um tempo de resistência e de luta. A começar pelo fato de que
a Comunicação não era área legitimada sequer dentro do espaço universitário. Embora já
houvesse, na época, outras duas entidades em funcionamento – a Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Comunicação (Abepec) e a União Cristã Brasileira de Comunicação
Social (UCBC) –, “as condições de ensino e pesquisa” com as quais precisavam lidar os
professores da área, os quais chegavam a ser “vistos (e às vezes tratados) com desprezo pelos
colegas de outros campos das ciências sociais no Brasil” (LINS DA SILVA, 1999, p. 76), refletia a
dura realidade do país, a falta de políticas públicas e principalmente, o descaso com que, muitas
vezes, a área era tratada.
Muitos dos relatos que foram feitos pelos sócios fundadores da Intercom, posteriormente,
demonstram que, além dos problemas de legitimação da área, os pesquisadores também
enfrentavam obstáculos gerados pela própria situação política do país. Apesar de aparentar ser
um cenário mais brando, se comparado a momentos extremamente conturbados que
caracterizaram os primeiros anos do regime militar, as organizações formadas por civis não eram
bem vistas. Na verdade, eram consideradas “perigosas”. Por isso mesmo, os primeiros
encontros dos associados, bem como as reuniões de estudos coletivos – que aconteciam
periodicamente –, ocorriam em diferentes lugares, geralmente fora dos muros das universidades.
A constituição oficial da Intercom se deu no dia 12 de dezembro de 1977, durante uma reunião
realizada na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, localizada na Avenida Paulista,
principal centro financeiro da capital do Estado de São Paulo. Foi ali, numa sala de aula, que um
pequeno grupo concretizou o projeto que começara a ser desenhado algum tempo antes, mais
precisamente em julho daquele ano, durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), realizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP), por incentivo do cardeal Paulo Evaristo Arns. Mesmo em meio a uma conjuntura “pouco
favorável às sociedades civis, arregimentadoras de parcelas expressivas da inteligência
nacional” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 239), os fundadores da nova associação buscavam
promover o avanço dos estudos em Comunicação, definindo estratégias que contemplavam, já
de início, a difusão da crítica coletiva, sistematizada em trabalhos de pesquisa desenvolvidos em
todo o país.
Estabelecendo diálogos
Dois aspectos revelam a precoce tendência da entidade para a organização dos estudos da
área: a realização de eventos regulares, desde o primeiro ano de existência, e a rápida
ampliação de seu quadro social (PROCESSO, 2000, p. 203). Já em novembro de 1978
(conforme quadro a seguir), foi realizado, em Santos (SP), o I Ciclo de Estudos Interdisciplinares
da Comunicação, posteriormente transformado em Congresso Brasileiro de Pesquisadores da
Comunicação (a partir de 1989) e, finalmente, em Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação (a partir de 1995).
Aquele primeiro ciclo reuniu 43 participantes, sendo apenas cinco de fora de São Paulo. Pouco
tempo depois, em 1982, o mesmo evento acolheu 165 pesquisadores, dentre os quais 20
oriundos de oito países do exterior: EUA, Alemanha, Portugal, México, Equador, Chile, Argentina
e Uruguai. Vale dizer, ainda, que o trânsito de representantes internacionais da área, pelo Brasil,
teve início em 1981: naquele ano, a Intercom recebeu o pesquisador belga Armand Mattelart, um
dos autores mais influentes na América Latina, que havia residido no Chile de 1962 a 1973 (LINS
DA SILVA, 1999, p. 77); além disso, o mexicano Javier Esteinou Madrid participou do IV Ciclo de
Estudos Interdisciplinares da Comunicação, tendo registrado suas impressões sobre o papel
que, em pouco tempo, a Intercom já aparentava desempenhar no cenário comunicacional latino-
americano (MARQUES DE MELO, 1998, p. 155-157).
Quadro 4 – Relação dos eventos nacionais promovidos pela Intercom (1978-2010)
Título Período Local Tema Central I Ciclo de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação
01 a 04.11.1978
Santos (SP) Estratégia para o Ensino da
Comunicação
II Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
07 a 09.09.1979
São Paulo (SP) Modos de Comunicação das
Classes Subalternas
III Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
04 a 06.09.1980
Taboão da Serra (SP)
Estado, Populismo e Comunicação no Brasil
IV Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
04 a 07.09.1981
São Paulo (SP) Comunicação, Hegemonia e
Contra-Informação
V Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
03 a 07.09.1982
São Paulo (SP) Impasses e Desafios da Pesquisa
em Comunicação
VI Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
03 a 07.09.1983
Bertioga (SP)
Novas Tecnologias de Informação e Comunicação: Implicações
Políticas, Impacto Sócio-econômico
VII Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
02 a 07.09.1984
São Paulo (SP) Estado, Sociedade Civil e Meios
de Comunicação
VIII Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
04 a 08.09.1985
Indaiatuba (SP) Comunicação e Educação:
Caminhos Cruzados, Hoje e Amanhã
IX Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
01 a 07.09.1986
São Paulo (SP) Comunicação para o
Desenvolvimento
X Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
04 a 10.09.1987
Campinas (SP) Democracia, Comunicação e
Cultura
XI Ciclo de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação
02 a 07.09.1988
Viçosa (MG) Comunicação Rural
XII Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação
06 a 10.09.1989
Florianópolis (SC) Indústrias Culturais e os Desafios da Integração Latino-americana
XIII Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação
05 a 09.09.1990
Rio de Janeiro (RJ)
40 Anos de TV no Brasil
XIV Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação
04 a 08.09.1991
Porto Alegre (RS) Sistemas de Comunicação e
Identidades na América Latina XV Congresso Brasileiro de
Pesquisadores da Comunicação 14 a
17.10.1992 São Bernardo do
Campo (SP) Comunicação e Meio Ambiente
XVI Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação
03 a 07.09.1993
Vitória (SP) Transformações da Comunicação:
Ética e Técnicas XVII Congresso Brasileiro de
Pesquisadores da Comunicação 02 a
06.09.1994 Piracicaba (SP) Comunicação e Mudanças Sociais
XVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
06 a 10.09.1995
Aracaju (SE) Globalização e Regionalização
das Comunicações
XIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
04 a 07.09.1996
Londrina (PR) Políticas Regionais de
Comunicação: os desafios do Mercosul
XX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
29.08 a 07.09.1997
Santos (SP) 20 anos de Ciências da
Comunicação no Brasil: Avaliação e Perspectivas
XXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
07 a 16.09.1998
Recife (PE) Ciências da Comunicação:
Identidades e Fronteiras
XXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
05 a 09.09.1999
Rio de Janeiro (RJ)
Informação, Mídia e Sociedade. Paradoxos das Comunicações no
Mundo Globalizado XXIII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação 02 a
06.09.2000 Manaus (AM) Comunicação e Multiculturalismo
XXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
03 a 07.09.2001
Campo Grande (MS)
A mídia impressa, o livro e o desafio das novas tecnologias
XV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
01 a 05.09.2002
Salvador (BA) Comunicação para a Cidadania
XVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
02 a 06.09.2003
Belo Horizonte (MG)
Mídia, Ética e Sociedade
XVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
31.08 a 03.09.2004
Porto Alegre (RS) Comunicação, Acontecimento e
Memória XVIII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação 05 a
09.09.2005 Rio de Janeiro
(RJ) Ensino e Pesquisa em
Comunicação XXIX Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação 06 a
09.09.2006 Brasília (DF) Estado e Comunicação
XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
29.08 a 02.09.2007
Santos (SP) Mercado e Comunicação na
Sociedade Digital XXXI Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação 02 a
06.09.2008 Natal (RN) Mídia, Ecologia e Sociedade
XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
04 a 07.09.2009
Curitiba (PR) Comunicação, Educação e Cultura
na Era Digital XXXIII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação 02 a
06.09.2010 Caxias do Sul
(RS) Comunicação, Cultura e
Juventude Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os eventos da Intercom sempre tiveram como principal característica o fato de serem
heterogêneos, “na composição, na origem de seus participantes, na formação deles, na proposta
que tinham” (FARO, 1999, p. 84). Isso sem deixar de lado o fato de que as temáticas escolhidas
sempre procuraram refletir inquietações conjunturais, promovendo diálogos interdisciplinares –
missão que a própria entidade assumiu, já em sua criação – e travando lutas para equacionar
problemas, especialmente aqueles relacionados às políticas públicas de comunicação
(SIMPÓSIO, 2002, p. 257).
É válido dizer, ainda, que um grande desafio da Intercom foi sistematizar seus congressos
anuais de modo a levá-los para diferentes regiões do país. Nas primeiras duas décadas, o
evento nacional só havia sido realizado nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, sendo 14 deles
apenas no Estado de São Paulo; nesse período, outros dois ocorreram no Sudeste (um em
Minas Gerais e outro no Rio de Janeiro), três no Sul (um em cada estado: Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e Paraná) e mais um no Nordeste, em Sergipe. Somente com os congressos de
2000 e de 2001, no Amazonas e no Mato Grosso do Sul, respectivamente, é que todas as
regiões foram contempladas; mesmo assim, pode-se notar, no quadro abaixo, que o Centro-
Oeste aparece novamente na lista em 2006; o Norte, por sua vez, ainda não sediou nenhum
outro encontro dessa natureza.
Não obstante as regiões mais privilegiadas correspondam aos espaços “onde estão
concentrados os maiores contingentes dos produtores do conhecimento comunicacional”, a
Intercom assumiu – mediante o crescimento dos cursos de Comunicação em todo o país – “o
compromisso de promover congressos nos espaços mais distanciados, com a intenção de
estimular o desenvolvimento da pesquisa científica” (MARQUES DE MELO, 2003, p. 182). E isso
começou a partir de 1988, com os Simpósios de Pesquisa em Comunicação (SIPECs),
realizados nas cinco macrorregiões brasileiras. Em 2006, eles passaram a receber o mesmo
nome do evento nacional, com o acréscimo da região promotora (por exemplo, Congresso de
Ciências da Comunicação na Região Norte)75. Seu objetivo, descrito no site oficial da entidade,
“é instaurar um fértil diálogo plural entre sujeitos diferenciados, no sentido de fomentar as
diversidades regionais para fortalecer a identidade nacional, numa conjuntura marcada pela
globalização” (CONGRESSOS, 2010, on-line).
De volta aos congressos nacionais, vale destacar que eles têm acolhido, nos últimos anos,
contingente superior a 3 mil congressistas, sendo que, em 2002, esse número chegou a 5 mil e,
em 2009, ultrapassou a margem de 4.800, conforme se pode observar no quadro abaixo. Não
sem acaso, o evento é reconhecido por ter se legitimado como “fórum apropriado para
diagnosticar os avanços e recuos do ensino, bem como para mapear as tendências da pesquisa”
(MARQUES DE MELO, 2008, p. 7), destinando espaços para pesquisadores plenos, em
formação e iniciantes. Aliás, um aspecto bastante positivo, reforçado por seus sócios mais
antigos, é que a Intercom se caracteriza como uma “sociedade científica que chama os
estudantes para discutirem os temas da comunicação” (FADUL, 2005, on-line). Além das
reuniões voltadas aos pesquisadores já titulados e aos alunos de mestrado e doutorado, os
congressos – regionais ou nacionais – também oferecem atividades para granduandos, como
oficinas e mesas especiais, além da Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em
Comunicação) e do Intercom Júnior, nos quais os alunos de cursos de graduação podem expor
seus trabalhos experimentais e suas pesquisas de iniciação científica76.
Quadro 5 – Aspectos gerais dos congressos nacionais da Intercom (2000-2010)
Inscritos Sede Abertura Colóquio
Internacional Ano Total Instituição Cidade Tema e Palestrante
Origem do convidado
2000 800 Universidade do
Amazonas (UAM)
Manaus (AM)
Comunicação e cultura na Amazônia
Warnick Estevam Kerr
Instituto de Pesquisa da
Amazônia (Brasil)
III Colóquio Brasil-
Espanha
2001 3.000
Universidade para o
Desenvolvimento do Estado e
Campo Grande
(MS) Não há registro Não há registro
I Colóquio Transfronteiras de Ciências
da
75 Em 2010, a Intercom promoveu os seguintes eventos regionais: 9º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte – Rio Branco (AC); 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Campina Grande (PB); 12º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia (GO); 15º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Vitória (ES); e 11º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Novo Hamburgo (RS). Em 2011, esses congressos serão realizados, respectivamente, nas cidades de Boa Vista (RR), Maceió (AL), Cuiabá (MT), São Paulo (SP) e Londrina (PR). 76 A Expocom, já em sua 17ª edição (2010), foi realizada desde o 17º Congresso Brasileiro de Pesquisadores da Comunicação, que ocorreu em 1994, na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep); ao longo dos anos, passou por várias configurações e padronizações, até chegar ao regulamento atual. O Intercom Júnior, por sua vez, começou a ser promovido no 28º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2005.
da Região do Pantanal (Uniderp),
Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB), Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS)
Comunicação Brasil, Bolívia
e Paraguai
2002 5.000 Universidade do
Estado da Bahia (UNEB)
Salvador (BA)
Não há registro Não há registro
I Colóquio Interamericano de Ciências
da Comunicação
Brasil – Canadá
2003 4.000
Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-Minas)
Belo Horizonte
(MG)
Ética? Invoque-se a qualidade
Salvador Alsius
Universidade Pompeu Fabra
(Espanha)
Colóquio Brasil-Italia
2004 Não há registro
Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS)
Porto Alegre (RS)
Resistência à memória: um caso de esquecimento público
Andreas Huyssen
Universidade de Columbia
(EUA)
Colóquio Brasil-França
2005 Não há registro
Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ)
Rio de Janeiro (RJ)
Os impasses da pesquisa em comunicação Muniz Sodré
Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Brasil)
Colóquio Brasil-
Estados Unidos de
Ciências da Comunicação
2006 3.746 Universidade de Brasília (UnB)
Brasília (DF)
Estado e comunicação no
Brasil Murilo César Ramos
Universidade de Brasília (Brasil)
Colóquio Internacional de Ciências
da Comunicação
2007 3.883
Universidade Católica de
Santos (Unisantos), Universidade Santa Cecília (Unisanta),
Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte)
Santos (SP)
Mercado e comunicação na sociedade digital
Gaudêncio Torquato
Universidade de São Paulo
(Brasil)
Colóquio Binacional de Ciências da
Comunicação Brasil-
Argentina
2008 3.047
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN),
Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte (UERN), Universidade
Potiguar (UnP)
Natal (RN)
Mídia e ecologia em situações de guerra e
paz Dov Shinar
Center for the Study of Conflict, War and Peace
Coverage, Netanya College
(Israel)
Colóquio Binacional de Ciências da
Comunicação Brasil-
Portugal
2009 4.835 Universidade Positivo (UP)
Curitiba (PR)
Comunicação, educação e cultura na
era digital Dominique Wolton
Centro Nacional da Pesquisa
Científica (França)
Colóquio Brasil-França
2010 3.845 Universidade de Caxias do Sul
(UCS)
Caxias do Sul (RS)
Juventude, comunicação e mudança social Thomas Tufte
Roskilde University
(Dinamarca)
Colóquio Brasil-EUA
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os convidados das conferências de abertura são escolhas cuidadosas da Intercom, uma vez que
como pode ser observado no quadro acima, esses são notadamente especialistas, reconhecidos
nacional e internacionalmente pela comunidade científica, nas temáticas abordadas. Mas do que
privilegiar a região ou os centros hegemônicos de estudos em comunicação, a escolha do
conferencista central busca apresentar para os participantes do evento o “estado da arte” com
referência ao tema central escolhido para o debate, naquele ano. Também é importante destacar
que foi a partir de 2001 que uma nova sistemática da escolha do tema do congresso, através de
consulta prévia aos sócios da entidade, foi inaugurada.
Fazendo uma média aritmética simples, o número de inscritos no congresso tem apresentado
uma cifra acima de 3500 participantes-ano, isso sem contar os não inscritos, que acabam
circulando durante todo o evento. Esse número oferece a dimensão aproximada da
representatividade da entidade em termos de interessados em comunicação, alunos da pós-
graduação e da graduação, profissionais, especialistas, professores, pesquisadores e estudiosos
da área. É possível afirmar que essa multiplicidade de público tem sido uma das marcas mais
fortes da Intercom, sendo ela a única entidade científica a contemplar os diversos estágios
(graduação, pós-graduação, especialização, mestrado, doutorado e estudantes em todas essas
modalidades) do desenvolvimento dos estudos na área.
Desde sua fundação a entidade manteve a periodicidade de seu congresso anual, a diversidade
no que tange ao tema central tratado e tem ampliado significativamente a quantidade de eventos
paralelos realizados durante o seu Congresso Nacional. Essas outras atividades, por si,
permitem o dimensionamento de uma nova investigação, quem sabe a ser realizada por essa
equipe.
Sempre realizado na “semana da pátria”, o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
conta com diversos apoios, como os de agências de fomento – Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) –, de instituições representativas
para a área – como a Cátedra Unesco/Metodista de Comunicação para o Desenvolvimento
Regional, a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e a
Associação Brasileira de Comunciação Empresarial (Aberje) –, de instituições privadas – Editora
Paulus, Vivo, Ford Fundation, Globo Universidade e Itaú Cultural, por exemplo – e de outras
empresas situadas nas cidades que recebem o evento.
Para além da dinamização das atividades com a finalidade de estreitar as fronteiras internas do
Brasil, a Intercom buscou também internacionalizar suas frentes de atuação, com os colóquios
binacionais. As primeias iniciativas ocorreram em 1988 e 1992, com o I e o II Colóquio Brasil-
México, resultantes de projeto de pesquisa comparada (HISTÓRICO, 2010, on-line). A partir daí,
já foram estabelecidas parcerias com outros onze países, como se pode ver no quadro abaixo.
Quadro 6 – Relação dos colóquios binacionais promovidos pela Intercom (1992-2010)
Países Parceiros Ano Local Nome do Colóquio
Brasil-Argentina 2007 Universidade Santa Cecília
(Unisanta), Santos (SP), Brasil I Colóquio Brasil-Argentina de
Ciências da Comunicação
Brasil-Argentina 2009 Universidad Nacional de Cuyo,
Mendoza, Argentina II Colóquio Argentina-Brasil de
Ciências da Comunicação
Brasil-Canadá 2002 Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), Salvador (BA), Brasil I Colóquio Brasil-Canadá em
Comunicações
Brasil-Canadá 2005 Université du Québec à Montreal,
Montreal, Canadá II Colóquio Canadá-Brasil em
Comunicações
Brasil-Chile 2007 Pontificia Universidad Católica de
Chile, Santiago, Chile I Colóquio Brasil-Chile de Ciências da
Comunicação
Brasil-China 2010 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória (ES), Brasil
I Colóquio Brasil-China de Ciências da Comunicação
Brasil-Dinamarca 1996 Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina (PR), Brasil I Colóquio Brasil-Dinamarca de
Ciências da Comunicação
Brasil-Espanha 1996 Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina (PR), Brasil I Colóquio Brasil-Espanha de Ciências
da Comunicação
Brasil-Espanha 1998 Universidad de Santiago de Compostela, Santiago de
Compostela, Espanha
II Colóquio Espanha-Brasil de Ciências da Comunicação
Brasil-Espanha 2000 Universidade do Amazonas (UAM),
Manaus (AM), Brasil III Colóquio Brasil-Espanha de
Ciências da Comunicação
Brasil-Espanha 2006 Facultad de Ciencias de la
Comunicación de la Universidad de Málaga, Málaga, Espanha
IV Colóquio Espanha-Brasil de Ciências da Comunicação
Brasil-Espanha 2008 Universidade de Brasília (UnB),
Brasília (DF), Brasil V Colóquio Brasil-Espanha de
Ciências da Comunicação
Brasil-Estados Unidos 2004 University of Texas, Austin, Estados
Unidos I Colóquio Brasil-Estados Unidos de
Ciências da Comunicação
Brasil-Estados Unidos 2005 Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro (RJ), Brasil
II Colóquio Brasil-Estados Unidos de Ciências da Comunicação
Brasil-Estados Unidos 2008 Tulane University, New Orleans,
Estados Unidos III Colóquio Brasil-Estados Unidos de
Estudos da Comunicação
Brasil-Estados Unidos 2010 Universidade de Caxias do Sul
(UCS), Caxias do Sul (RS), Brasil IV Colóquio Brasil-Estados Unidos de
Estudos da Comunicação
Brasil-França 1992 Universidade Metodista de São
Paulo (Umesp), São Bernardo do Campo (SP), Brasil
I Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação
Brasil-França 1993 Paris, França II Colóquio Brasil-França de Ciências
da Comunicação
Brasil-França 1995 Universidade Federal de Sergipe
(UFS), Aracajú (SE), Brasil III Colóquio Brasil-França de Ciências
da Comunicação
Brasil-França 1996 Grenoble Echirolles, França IV Colóquio Brasil-França de Ciências
da Comunicação
Brasil-França 1998 Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Recife (PE), Brasil
V Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação
Brasil-França 2001 Universidade de Poitiers, França VI Colóquio Brasil-França de Ciências
da Comunicação
Brasil-França 2004 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto
Alegre (RS), Brasil
VII Colóquio Brasil-França de Ciências da Comunicação
Brasil-França 2006 Université Stendhal-Grenoble III,
Échirolles, França VIII Colóquio Brasil-França de
Ciências da Comunicação
Brasil-França 2009 Universidade Positivo (UP), Curitiba
(PR), Brasil IX Colóquio Brasil-França de Ciências
da Comunicação
Brasil-França 2010
Institut des Cciences de la Communication du CNRS e
Université de Bourgogne, Paris e Dijon, França
X Colóquio França-Brasil de Ciências da Comunicação
Brasil-Grã-Bretanha 1999 Universidade Gama Filho (UGF),
Rio de Janeiro (RJ), Brasil I Colóquio Brasil-Grã-Bretanha de
Ciências da Comunicação
Brasil-Itália 1997 Universidade Santa Cecília
(Unisanta), Santos (SP), Brasil I Colóquio Brasil-Itália de Ciências da
Comunicação
Brasil-Itália 2001 Università di Firenze-Intercom,
Firenze, Itália II Colóquio Brasil-Itália de Ciências da
Comunicação
Brasil-Itália 2003 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Belo
Horizonte (MG), Brasil
III Colóquio Brasil-Itália de Ciências da Comunicação
Brasil-México 2007 Universidad Autónoma Benito Juárez de Oaxaca, Tabasco,
México
I Colóquio Brasil-México de Ciências da Comunicação
Brasil-México 2009 Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM), São Paulo (SP), Brasil
II Colóquio Binacional Brasil-México de Ciências da Comunicação
Brasil-Portugal 2008 Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Rio Grande do Norte (RN), Brasil
I Colóquio Brasil-Portugal de Ciências da Comunicação
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A estrutura dos colóquios prevê a seleção de trabalhos propostos por pesquisadores brasileiros
e estrangeiros, sempre reunidos em torno de um tema central, que resume e organiza os
interesses e as urgências do campo comunicacional das nacionalidades envolvidas. Realizados
dentro ou fora do país, esses espaços de diálogo geram publicações e outras parcerias que
contribuem com o avanço dos debates nas nações envolvidas e a divulgação das pesquisas
realizadas e apresentadas durante o evento.
Publicações: contribuições para a divulgação da pesquisa no país
Desde cedo, as publicações se constituíram como uma das principais frentes de trabalho da
Intercom. Sua primeira experiência foi, notadamente, o Boletim Intercom, publicado pela primeira
vez em março de 1978, tamanho ofício, 10 páginas, dividido em nove editorias: 1) ensino; 2)
pesquisa; 3) profissão; 4) veículos; 5) bibliografia; 6) eventos; 7) serviço; 8) noticiário geral; 9)
notícias dos sócios. Tratava-se de periódico mensal destinado à divulgação dos trabalhos da
entidade recém-criada, tendo caráter mais informativo do que científico, não obstante também
apresentasse pesquisas de associados e, em algumas edições, oferecesse aos leitores material
de apoio ao desenvolvimento de investigações, como é o caso do suplemento “Bibliografia
Corrente da Comunicação”, organizado por José Marques de Melo e anexado à edição nº 3.
O Boletim Intercom era, inicialmente, editado por Carlos Eduardo Lins da Silva, que também era
redator, junto com Marques de Melo. Posteriormente, a equipe de editores passou a ser
alternada a cada edição, sendo que foi fundamental o apoio de alguns sócios, além dos já
citados, conforme registra Tyciane Vaz (2007, p. 233): Alice Mitika Koshiyama, Anamaria Fadul,
Anna Mae Barbosa, Carlos Alberto Adi Vieira, Edilson Francisco Braga, Edvaldo Pereira Lima,
Gaudêncio Torquato, Jomar Moraes, José Salvador Faro, Luiz Fernando Santoro, Manolo
Morán, Margarida Kunsch, Mário Erbolato, Ricardo Holanda, Roberto Queiroz, Rogério
Candengue, Valdenízio Petrolli e Wilson Bueno.
Em 1983, ao completar cinco anos, o boletim foi transformado em Caderno Intercom (a partir da
edição nº 37). A principal característica dessa mudança é que seu perfil deixou de ser mais
noticioso, para se tornar mais crítico, com a publicação de artigos dos sócios. A ideia era
justamente que a publicação acompanhasse o próprio crescimento da Intercom e que servisse
de tribuna para a crítica dos meios de comunicação e para a divulgação de textos com natureza
ensaística, como sugeriam os títulos das seções: “Fórum de Debates”, “Reportagens”, “Ensaios”,
“Resenhas” e “Ideias em Confronto”.
O caderno não teve “vida longa”. Já no ano seguinte ao seu surgimento, nova mudança o
transformou em Revista Brasileira de Comunicação, formato “mais bem aceito na academia” e
que contribui para a publicação “ganhar mais projeção, com a difusão de trabalhos importantes
do campo da comunicação” (VAZ, 2007, p. 235). Em 1984, a partir da edição nº 51, deu-se início
à terceira fase do principal periódico da Intercom, que passou a contar com apoio do CNPq e da
Finep, bem como de empresas de informática. Além disso, foram abertos espaços para
anunciantes, uma maneira que a diretoria encontrou para garantir a autonomia financeira da
revista, uma vez que a associação não tinha condições de arcar com as despesas de confecção
e impressão do material.
Ao assumir o título de revista, a publicação passou a ser semestral. Todavia, manteve a
numeração somada desde o Boletim Intercom. Somente em 1992 é que se começa nova
contagem, para atender às exigências acadêmicas e para integrar o periódico ao circuito
internacional das revistas em comunicação. A etapa é iniciada pelo volume XV.
Nova denominação foi atribuída em 1998, marcando uma postura mais científica e
comprometida, primordialmente, com a divulgação de novas pesquisas: Revista Brasileira de
Ciências da Comunicação (também identificada pelo próprio nome da entidade77 ou, então, pela
sigla RBCC). Dessa maneira, passou a ter forma e escopo adequados a um periódico de sua
natureza, conquistando reconhecimento nacional, com o Qualis B178, conferido, atualmente, pela
Capes.
Ainda como vestígio da fase anterior, a Revista Brasileira de Ciências da Comunicação foi
publicada, até 2006, com edições temáticas (muito embora também abrisse espaço, em cada
número, para artigos que não fossem atrelados ao eixo central). Naquele ano, porém, além de
apresentar projeto gráfico renovado, a escolha desses temas foi deixada de lado. A justificativa
para a mudança foi expressa no primeiro número do volume XXIX: “Trata-se de uma estratégia
que reflete sua postura editorial de trabalhar com textos espontaneamente enviados e
submetidos ao Conselho Editorial, cuja seleção final leva em conta o mérito do estudo, e não
mais do tema. Nesses moldes, evita-se também a necessidade de ‘encomendar’ artigos”
(PERUZZO & REBOUÇAS, 2006, p. 11).
77 É interessante notar como o nome “Intercom” passou, ao longo dos anos, a ser utilizado para diferentes situações. O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, por exemplo, é popularmente chamado de “congresso Intercom”. Além disso, a revista da entidade é impressa, atualmente, com o nome Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. 78 Qualis é um conjunto de procedimentos adotados pela Capes para atestar a qualidade das revistas científicas publicadas no Brasil e no mundo. Os “estratos indicativos” são A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C. É importante acrescentar que B1 é o grau máximo atribuído, até hoje, a publicações da área da Comunicação.
Semestralmente, a Intercom ainda publica a Revista Brasileira de Iniciação Científica em
Comunicação (Iniciacom) e a Revista Brasileira de Inovação Científica em Comunicação
(Inovcom), ambas lançadas em 2006. A primeira é destinada a trabalhos elaborados por alunos
de cursos de graduação, supervisionados por professores-pesquisadores; já a segunda é voltada
para pesquisadores graduados que estejam cursando – ou tenham concluído – curso de pós-
graduação lato sensu (especialização) ou, então, que sejam mestrandos. Mas o projeto mais
novo é a Revista de Divulgação (Bibliocom), análise e crítica da produção bibliográfica,
hemerográfica e reprográfica em ciências da comunicação; criada em 2008, ela publica resenhas
de publicações recentes, além de apresentar, em cada edição, um texto sobre o estado da arte
de algum assunto em destaque.
Essas três revistas são publicadas exclusivamente em formato digital, sendo hospedadas no
Portcom (Portal de Livre Acesso à Produção em Ciências da Comunicação)79, que pode
considerado um capítulo à parte na história da entidade. Muito embora hoje seja constituído
como portal na rede mundial de computadores, no qual é possível encontrar documentos de
diferentes naturezas, todos digitalizados, sua história tem origem logo nos primeiros anos da
entidade, quando a internet estava longe de ser comercial. Uma publicação de 1984, coordenada
por José Marques de Melo – Inventário da pesquisa em comunicação no Brasil – já apresentava,
em sua segunda capa, os trabalhos do PORT-COM – sigla grafada desta maneira –, identificado
como Centro de Documentação em Comunicação de Países de Língua Portuguesa, “destinado a
recuperar, sistematizar e divulgar informações sobre os documentos produzidos pelos
pesquisadores e centros de pesquisa que atuam nos países de Língua Portuguesa das
Américas, Europa e África, e que enfocam questões de Comunicação”.
Posteriormente, o Portcom passou a ser chamado de Rede de Informação em Comunicação dos
Países de Língua Portuguesa, mantendo a mesma sigla. Ao ter seu conteúdo transferido para a
internet, o acervo foi intitulado Portal de Livre Acesso à Produção em Ciências da Comunicação,
também utilizando a rubrica Portcom para reconhecimento. Atualmente, na página da Intercom,
sua apresentação é a seguinte:
Portcom é um sistema on-line que permite o acesso gratuito aos textos, papers, capítulos de livros e demais produções bibliográficas apresentadas nos diversos encontros realizados pela Intercom. Entre esses eventos, destacam-se o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação,
79 Desde 2006, a Revista Brasileira de Ciências da Comunicação também é disponibilizada na internet, em formato PDF, além de continuar com a versão impressa.
congressos regionais, seminários, workshops e palestras. Estão disponibilizados no portal livros, materiais audiovisuais, teses, dissertações, e-books, documentos da Intercom, entre outros (PORTCOM, 2010, on-line).
Além dos itens mencionados em sua apresentação, o Portcom mantém o Projeto Memória, ainda
em fase de construção, que deve abrigar documentos sobre a história da Intercom.
Vale, ainda, registrar outros dois canais digitais que têm dado visibilidade à associação: o Portal
Intercom – que juntamente com o Portcom passou por reformulação em 2010 –, no qual há todo
o conteúdo dos eventos, das publicações e de outras ações permanentes ou esporádicas, e o
Jornal Intercom – inicialmente chamado de Intercom Notícias –, que começou a ser editado no
dia 21 de setembro de 2005, exclusivamente na internet, e que se tornou responsável por manter
os sócios informados sobre as atividades da entidade e sobre a agenda da comunidade
acadêmica.
Abaixo imagem do portal da Intercom e do Portcom, que permitem visualizar a grande gama de
informações que são disponibilizadas aos sócios.
Portal da Intercom. Disponível em www.intercom.org.br, acesso em março de 2011.
Portcom. Disponível em www.intercom.org.br, acesso em março de 2011. Assim como as publicações periódicas, os livros também fazem parte da história da Intercom
desde seus primórdios. A primeira iniciativa foi a obra que resultou do I Ciclo de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação: Ideologia e poder no ensino de Comunicação, organizada por
José Marques de Melo, Anamaria Fadul e Carlos Eduardo Lins da Silva, editada pela Intercom
em parceria com a Cortez & Moraes, em 1979. A partir de então, vários livros vêm sendo
publicado, anualmente, alguns dos quais tendo se tornado referência em todo o país.
Em 2007, a equipe do Portcom, ainda sob comando da professora Sueli Mara Soares Pinto
Ferreira, da USP, elaborou um catálogo de publicações intitulado Acervo Físico da Intercom.
Nessa relação, constam todos os livros publicados de 1978 a 2007, divididos em oito conjuntos –
1) Coleção Edições Especiais; 2) Coleção Colóquios Internacionais; 3) Coleção Núcleos de
Pesquisa; 4) Coleção Grupos de Trabalho; 5) Coleção Estudos Contemporâneos em
Comunicação; 6) Coleção Intercom de Comunicação; 7) Coleção Ciclos de Estudos; e 8) Livros
Avulsos –, conforme demonstra o quadro a seguir a seguir:
Quadro 7 – Catálogo de livros da Intercom elaborado pela equipe do Portcom (2007)
1. Coleção Edições Especiais
PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Intercom – 25 anos. São Paulo: Intercom, 2002. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; MARQUES DE MELO, José; MOREIRA, Sonia Virgínia; BRAGANÇA, Aníbal (org.). Pensamento comunicacional brasileiro / Brazilian research in communication. São Paulo: Intercom, 2005.
2. Coleção Colóquios Internacionais
KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne (org). France-Brésil: recherches récentes en sciences de la communication. São Paulo: Intercom, 1992; Paris: SFSIC, 1993. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne; BOLAÑO, César (org). Os processos de globalização e mundialização: tecnologias, estratégias e conteúdo. Sergipe: Intercom / SFSIC, 1995. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; MIGNOT-LEFEBVRE, Yvonne; LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Pratiques culturelles, communication et citoyennete. Paris: Intercom / SFSIC, 1996. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Temas contemporâneos em Comunicação. São Paulo: Intercom / Edicom, 1997. ANDIÓN, Margarita Ledo; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org).Comunicación audiovisual: investigación e formación universitarias. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela, 1999. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; BUONANNO, Milly (org). Comunicação no plural: estudos de comunicação no Brasil e na Itália. São Paulo: Intercom / Educ, 2000. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; FRAU-MEIGS, Divina; SANTOS, Maria Salett Tauk (org). Comunicação e Informação: identidades e fronteiras. São Paulo: Intercom, 2000 ; Recife Bagaço, 2000. SOUZA, Lícia Soares de; LAVALLÉE, Denise Gurgel; TREMBLAY, Gaetan; REBOUÇAS, Edgard (org). América, terra de utopias. Salvador: EdUNEB, 2003. (Tomos 1 e 2) LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; BUONANNO, Milly (org). Comunicação Social e Ética: Colóquio Brasil-Itália. São Paulo: Intercom, 2005. HAUSSEN, Doris Fagundes; CIMADEVILLA, Gustavo; MORAIS, Osvando José de (org). A comunicação no mercado digital: 1º Colóquio Brasil – Argentina. São Paulo: Intercom, 2007 ; Santos: Unisanta, Unisantos e Unimonte, 2007.
3. Coleção Núcleos de Pesquisa
BARBOSA, Marialva (org). Estudos de Jornalismo (I). Campo Grande: Intercom, 2001. BAUM, Ana (org). Vargas, agosto de 54: a história contada pelas ondas do rádio. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. BREGUEZ, Sebastião (org). Folkcomunicação: resistência cultural na sociedade globalizada. Belo Horizonte: Intercom, 2004. MARQUES, José Carlos; CARVALHO, Sérgio; CAMARGO, Vera Regina Toledo (org). Comunicação e Esporte: tendências. Santa Maria: Pallotti, 2005. MEDITSCH, Eduardo (org). Teorias do rádio: textos e contextos. v.1. Santa Catarina: Insular, 2005. MARQUES, José Carlos (org). Comunicação e Esporte: diálogos possíveis. São Paulo: Artcolor, 2007.
4. Coleção Grupos de Trabalho
BORELLI, Sílvia Helena Simões (org). Gêneros ficcionais, produção e cotidiano na cultura de massa. São Paulo: Intercom, 1994. MARQUES DE MELO, José (org). Transformações do jornalismo brasileiro: ética e técnica. São Paulo: Intercom, 1994. PINHO, José Benedito (org). Trajetória e questões contemporâneas da publicidade brasileira. São Paulo: Intercom, 1994. (segunda edição em 1998) PERUZZO, Cicilia Maria Krohling (org). Comunicação e culturas populares. São Paulo: Intercom, 1995. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira (org). Economia política das telecomunicações, da informação e da comunicação. São Paulo: Intercom, 1995. MATTOS, Sérgio (org). A televisão e as políticas regionais de comunicação. Salvador / São Paulo: Intercom, 1997. CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara (org). As histórias em quadrinhos no Brasil: teoria e prática. São Paulo: Intercom, 1997. PINHO, José Benedito (org). Trajetória e questões contemporâneas da publicidade brasileira. São Paulo: Intercom, 1998. CALLOU, Angelo Brás Fernandes (org). Comunicação rural e o novo espaço agrário. São Paulo: Intercom, 1999.
DEL BIANCO, Nélia Rodrigues; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Rádio no Brasil: tendências e perspectivas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999 ; Brasília: UnB, 1999. MATTOS, Sérgio (org). A televisão na era da globalização. Salvador: Edições Ianamá, 1999 / São Paulo: Intercom, 1999. MOREIRA, Sonia Virgínia; DEL BIANCO, Nélia Rodrigues (org). Desafios do rádio no século XXI. São Paulo: Intercom, 2001; Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. CALLOU, Angelo Brás Fernandes (org). Comunicação rural, tecnologia e desenvolvimento local. São Paulo: Intercom, 2002; Recife: Bagaço, 2002.
5. Coleção Estudos Contemporâneos em
Comunicação
SILVEIRA, Miguel Angelo da; CANUTO, João Carlos (org). Estudos de comunicação rural. São Paulo: Intercom / Loyola, 1988. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; FERNANDES, Francisco Assis Martins (org). Comunicação, democracia e cultura. São Paulo: Intercom / Loyola, 1989.
6. Coleção Intercom de Comunicação
FARO, José Salvador. A universidade fora de si: a Intercom e a organização dos estudos de comunicação no Brasil. São Paulo: Intercom, 1992. KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Indústrias culturais e os desafios da integração latino-americana. São Paulo: Intercom, 1993. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; BRAGA, Geraldo Magela (org). Comunicação rural: discurso e prática. Viçosa: UFV, 1993. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Transformações da Comunicação: ética e técnica. Vitória: Fundação Ceciliano Abel de Almeida / UFES, 1995. MARQUES DE MELO, José (org). Fontes para o estudo da Comunicação. São Paulo: Intercom, 1995. DENCKER, Ada de Freitas Maneti; KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Comunicação e meio ambiente. São Paulo: Intercom, 1996. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; MARQUES DE MELO, José (org). Políticas regionais de comunicação: o desafio do Mercosul. Londrina: Intercom / UEL, 1997. KUNSCH, Margarida Maria Krohling; DENCKER, Ada de Freitas Maneti (org). Produção científica brasileira em comunicação – década de 80: análises, tendências e perspectivas. São Paulo: Edicon, 1997. QUEIROZ, Adolpho; ALMEIDA, Fernando (org). Comunicação e mudanças sociais. Piracicaba: Ponto Final / Intercom, 1999. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira (org). Globalização e regionalização das comunicações. São Paulo: EDUC / UFSE, 1999. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org). Vinte anos de ciências da comunicação no Brasil: tendências e perspectivas. Santos: UNISANTA, 1999. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; PINHO, José Benedito (org). Comunicação e multiculturalismo. São Paulo: Intercom, 2001; Manaus: Universidade do Amazonas, 2001. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; BRITTES, Juçara (org). Sociedade da informação e novas mídias: participação ou exclusão? São Paulo: Intercom, 2002. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; ALMEIDA, Fernando Ferreira de (org). A mídia impressa, o livro e as novas tecnologias. São Paulo: Intercom; UNIDERP, 2002. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; SILVA, Robson Bastos (org). Retrato do ensino em Comunicação no Brasil: análises e Tendências. São Paulo: Intercom, 2003; Taubaté: UNITAU, 2003. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling; ALMEIDA, Fernando Ferreira de (org). Comunicação para a cidadania. São Paulo: Intercom, 2003 ; Salvador: UNEB, 2003. MOREIRA, Sonia Virgínia; BRAGANÇA, Aníbal (org). Mídia, ética e sociedade. Belo Horizonte: PUC Minas / Intercom, 2004. BRAGANÇA, Aníbal; MOREIRA, Sonia Virgínia (org). Comunicação, acontecimento e memória. São Paulo: Intercom, 2005. MOREIRA, Sonia Virgínia; VIEIRA, João Pedro Dias (org). Ensino e pesquisa
em comunicação. São Paulo: Intercom, 2006 ; Rio de Janeiro: UERJ, 2006. MARQUES DE MELO, José; MORAIS, Osvando J. de (org).Mercado e comunicação na sociedade digital. São Paulo: Intercom, 2007; Santos: Unisanta / Unisantos / Unimonte, 2007.
7. Coleção Ciclos de Estudo
MARQUES DE MELO, José; FADUL, Anamaria; SILVA, Carlos Eduardo Lins da (org). Ideologia e poder no ensino de Comunicação. São Paulo: Cortez & Moraes / Intercom, 1979. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação e classes subalternas. São Paulo: Cortez, 1980. MARQUES DE MELO, José (org). Populismo e comunicação. São Paulo: Cortez, 1981. SILVA, Carlos Eduardo Lins da (org). Comunicação, hegemonia e contra-informação. São Paulo: Cortez / Intercom, 1982 MARQUES DE MELO, José (org). Temas básicos em comunicação. São Paulo: Paulinas, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Pesquisa em comunicação no Brasil: tendências e perspectivas. São Paulo: Cortez / Intercom, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Teoria e Pesquisa em Comunicação: panorama latino-americano. São Paulo: Cortez, 1983. MARQUES DE MELO, José (org). Inventário da pesquisa em Comunicação no Brasil (1883-1983). São Paulo: CNPq / CIID, 1984. FERREIRA, Jerusa Pires; MILANESI, Luis (org). Jornadas mpertinentes: o obsceno. São Paulo: Hucitec, 1985. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação e transição democrática. São Paulo: Mercado Aberto / Intercom, 1985. KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Comunicação e educação: caminhos cruzados. São Paulo: Loyola, 1986. FADUL, Anamaria (org). Novas tecnologias de comunicação. São Paulo: Summus, 1986. MARQUES DE MELO, José (org). Comunicação na América Latina: desenvolvimento e crise. São Paulo: Papirus, 1988. HAUSSEN, Doris Fagundes (org). Sistemas de comunicação e identidades na América Latina. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1989.
8. Livros Avulsos KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org). Ensino de comunicação: qualidade na formação acadêmico-profissional. – São Paulo: ECA - USP / Intercom, 2007. MARQUES DE MELO, José; PAIVA, Raquel (org). Ícones da sociedade midiática: da aldeia de McLuhan ao planeta de Bill Gates. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007; São Paulo: Intercom, 2007.
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 O levantamento feito pelo Portcom não foi totalmente reproduzido na tabela anterior. Isso porque
aquele próprio documento apresentou obras que a equipe considerou não ter vínculo direto com
a Intercom, muito embora tenham sido organizados e/ou escritos individualmente por seus
sócios.
Também é importante deixar registrados os livros que foram publicados após o referido
levantamento ter sido elaborado, inclusive os que se encaixam em novos selos. Em síntese, são
os seguintes:
Quadro 8 – Novos livros da Intercom (2007-2010)
Novos volumes da Coleção Intercom de Comunicação
RAMOS, Murilo; DEL BIANO, Nélia (org). Estado e Comunicação. Brasília: Casa das Musas; São Paulo: Intercom, 2008. MARQUES DE MELO, José (org). Mídia, Ecologia e Sociedade. São
Paulo: Intercom, 2008. BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando J. de; Fernandes, Marcio (org). Comunicação, educação e cultura na era digital. São Paulo: Intercom, 2009. BARBOSA, Marialva; MORAIS, Osvando J. de (org). Comunicação, cultura e juventude. São Paulo: Intercom, 2010.
Coleção Verde-Amarela
BARBOSA, Marialva (org). Vanguarda do pensamento comunicacional brasileiro: as contribuições da Intercom (1977-2007). v. 1 – O sonho intenso. São Paulo: Intercom, 2007. PINHO, J. B. (org). Comunicação brasileira no século XXI: Intercom – ação, reflexão. v. 2 – A clava forte. São Paulo: Intercom, 2007. MORAIS, Osvando J. de (org). Tendências da pesquisa em comunicação no Brasil. v. 3 – Os raios fúlgidos. São Paulo: Intercom, 2008. GOBBI, Maria Cristina (org). Ciências da Comunicação no Brasil democrático. v. 4 – As margens plácidas. São Paulo: Intercom, 2008.
Coleção Memória
MARQUES DE MELO, José; MORAIS, Osvando J. de (org). Vozes de resistência e combate: o legado crítico da comunidade acadêmica. São Paulo: Intercom, 2010. GOBBI, Maria Cristina (org). Teoria da Comunicação: antologia de pensadores brasileiros. São Paulo: Intercom, 2010.
Coleção Memória (Série Personalidades)
HOHLFELDT, Antonio (org). José Marques de Melo, construtor de utopias. São Paulo: Intercom, 2010.
Coleção Memória (Série Documentos)
MORAIS, Osvando J. de (org). Procedimentos INTERCOM: Roteiro, Técnica e Métodos. São Paulo: Intercom, 2010.
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Por fim, cabe dizer que, desde 2008, os associados estão às voltas com um amplo projeto da
Enciclopédia Intercom de Comunicação, dividida em três volumes:
� vol. 1 – Dicionário Brasileiro do Conhecimento Comunicacional – Conceitos (termos,
expressões e referências indispensáveis ao conhecimento do campo pelas pessoas que se
iniciam no estudo na prática do ofício);
� vol. 2 – Dicionário Brasileiro do Pensamento Comunicacional – Autores e escolas (palavras-
chave referentes aos principais autores, obras, escolas e correntes de ideias);
� vol. 3 – Dicionário Brasileiro dos Processos Comunicacionais – Entidades e processos
(termos básicos empregados pelas corporações profissionais e consagrados pela sociedade,
assimilados pela academia).
Os verbetes da enciclopédia são redigidos pelos sócios e submetidos a um conselho editorial,
responsável por aprovar sua publicação. Uma edição inicial do primeiro volume, em formato
digital, foi lançada durante o 33º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado
em Caxias do Sul (RS), em 2010. A edição impressa deve começar a circular em 2011.
Artífices da Comunicação
Um aspecto interessante marca as diretorias que estiveram à frente da Intercom, ao longo de
sua trajetória: o equilíbrio entre gêneros, o qual, até certa altura, chegou a ser percebido pelo
rodízio entre uma gestão masculina e uma feminina (BERTI, 2007, p. 228). Até 2010, dez
pesquisadores já ocuparam o posto de presidente da entidade – durante quinze gestões –,
sendo seis homens e cinco mulheres.
Quadro 9 – Relação de presidentes da Intercom (1977-2010)
Presidente Gestão Estado de Atuação José Marques de Melo 1977-1979; 1979-1981; 1981-1983; 2005-2008 São Paulo
Anamaria Fadul 1983-1985 São Paulo Gaudêncio Torquato 1985-1987 São Paulo Margarida Kunsch 1987-1989; 1991-1993 São Paulo Manuel Chaparro 1989-1991 São Paulo Adolpho Queiroz 1993-1995 São Paulo
Maria Immacolata Vassallo de Lopes 1995-1997 São Paulo José Salvador Faro 1997-1999 São Paulo
Cicilia Peruzzo 1999-2002 São Paulo Sonia Virgínia Moreira 2002-2005 Rio de Janeiro
Antônio Hohlfeldt 2008-2011 Rio Grande do Sul Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A partir do quadro acima, três considerações podem ser feitas. A primeira é que José Marques
de Melo e Margarida Kunsch foram os únicos, dentre os dez nomes listados, que presidiram a
Intercom por mais de um mandato; aliás, o primeiro deles, notadamente o principal artífice
responsável pela criação dessa sociedade, é também seu Presidente de Honra, atuando, com
alguns outros ex-presidentes, junto ao conselho curador da entidade.
O segundo aspecto recai sobre a duração dos mandatos. Até 1999, as gestões eram de dois
anos; a partir daquele ano, passaram para três anos.
A terceira observação a ser registrada é que os oito primeiros presidentes atuam
profissionalmente no Estado de São Paulo – ou, mais precisamente, na Universidade de São
Paulo (USP) e na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), duas instituições que tiveram
importante papel no processo de consolidação da Intercom. Somente os dois últimos
pesquisadores listados são de outros estados, sendo apenas um deles de outra região que não a
Sudeste. A principal razão de tal panorama reside no fato de que a Intercom, por muito tempo,
enfrentou diversos desafios para se manter financeiramente, o que de certo inviabilizava manter
uma diretoria afastada de sua sede; além disso, há o fator humano, relacionado à mobilização
centrada, nos primeiros anos da instituição, em professores da USP e da Umesp, muitos deles
orientados ou motivados por Marques de Melo.
Reconhecimento aos pares: prêmios oferecidos
Como reconhecimento ao trabalho desenvolvido por pesquisadores e por entidades
representativas, a Intercom oferece, anualmente, uma série de prêmios. O principal deles é, sem
dúvida, o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, criado em 1997 e destinado a quatro
segmentos (duas personalidades e duas instituições). A saber:
1. Personalidades
1.1. Liderança emergente – destinado a jovem doutor que esteja adquirindo projeção local ou
regional pela seriedade e produtividade do trabalho desenvolvido, pela capacidade de liderar
projetos/equipes e pela busca de conexões nacionais/internacionais.
1.2. Maturidade acadêmica – destinado a pesquisador-sênior, autor de estudos significativos e
produtor de conhecimento comunicacional que tenha obtido reconhecimento nacional e/ou
internacional.
2. Instituições
2.1. Grupo inovador – destinado a núcleos de pesquisa que venham se destacando pela
capacidade de inovar nos planos teórico, metodológico, tecnológico ou pragmático, construindo
ideias, gerando produtos ou modelos comunicacionais.
2.2. Instituição paradigmática – destinado a cursos, departamentos, escolas, institutos,
empresas, sindicatos, associações, igrejas, ONGs ou órgãos públicos que tenham se
notabilizado pela criação / manutenção / fortalecimento de programas de pesquisa sistemática
dos fenômenos comunicacionais.
As candidaturas são feitas anualmente, sempre no primeiro semestre, e a escolha é decidida por
um colegiado, composto pelos ex-presidentes da Intercom e pelos vencedores do Prêmio Luiz
Beltrão na categoria “Maturidade Acadêmica”.
Há, ainda, os prêmios estudantis, instituídos em 2006 e que destinados a reconhecer o mérito
dos melhores trabalhos apresentados por estudantes nos congressos anuais da Intercom. Essas
premiações
(...) visam incentivar e valorizar a produção científica na área da comunicação desde a graduação até o doutorado. Os melhores trabalhos apresentados nos Grupos de Trabalho são enviados a um júri com representantes de todas as regiões do país. Dessa avaliação dos trabalhos escritos saem três classificados em cada um dos prêmios, que devem então apresentar oralmente os trabalhos no Colóquio Acadêmico para um novo júri (DALLA COSTA, 2010, on-line).
As modalidades são as seguintes: Prêmio Freitas Nobre (destinado a estudantes de doutorado),
Prêmio Francisco Morel (destinado a estudantes de mestrado) e Prêmio Vera Giangrande
(destinado a estudantes de graduação – iniciação científica).
Também há de se mencionar a Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação
(Expocom) – ou o Prêmio Expocom, como é popularmente conhecido –, criada em 1993 e que
reconhece o desempenho de equipes formadas pelos corpos docente e discente de escolas de
Comunicação de todo o país, que se dedicam à elaboração de projetos experimentais. Sua
sistemática envolve três etapas de seleção: Local: seleção feita pelas Istituições de Ensino
Superior (IES), que escolhem um trabalho, dentre os realizador por seus alunos, para
representar cada modalidade; Regional: classificação dos trabalhos em cada região, sendo que
os selecionados pelo comitê avaliador têm a obrigação de serem apresentados durante os
congressos regionais, promovidos no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul;
Nacional: fase que ocorre durante o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, ocasião
em que os primeiros colocados de cada região apresentam novamente suas produções a uma
banca de avaliadores. Os vencedores da última etapa são premiados ao término do congresso
nacional da Intercom.
Organização dos trabalhos
Embora os interesses dos pesquisadores que dão vida à Intercom girem em torno, obviamente,
do campo comunicacional, não é possível negar que há diferentes demandas geradas pelos
focos específicos de atuação de cada um deles. Como dissemos outrora, a associação
percebeu, logo nos seus primeiros anos, um crescimento de se quadro social, que foi se
fortalecendo com o passar dos anos. Junto com essa expansão, uma questão apresentou-se
como fundamental: como aglutinar todo esse contingente?
A primeira resposta concreta foram os grupos temáticos, que começaram a ser formados em
1980, em torno de assuntos emergentes no cenário da comunicação. No entanto, os registros
sobre aquele período demonstram que a organização desses grupos consistia num processo
informal, desenvolvido pelos próprios sócios, que realizavam encontros periódicos na sede
provisória da Intercom80 – que funcionava no escritório paulista da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) – ou promoviam seminários dentro das universidades. Contudo, um fato desviou
os olhares da Intercom para uma questão urgente na década de 1980 – a tentativa de extinção
dos cursos de comunicação no país –, fazendo com que a aglutinação dos sócios fosse
temporariamente esquecida. Além disso, a adesão de associados de diferentes estados
brasileiros inviabilizou a sistematização de grupos que se reunissem periodicamente em São
Paulo.
Foi em 1990 que se decidiu formar espaços continuados que dessem conta de avaliar e
selecionar os trabalhos propostos pelos sócios para serem apresentados e debatidos nos
congressos anuais da Intercom. Foram criados, então, os grupos de trabalho (GTs), “situados
em torno de segmentos do conhecimento comunicacional ou originados a partir de questões da
sociedade ou de interfaces acadêmicas” (PROCESSO, 2000, p. 204). A ideia deu certo e é
considerada, pelas diretorias que estiveram à frente da Intercom, de 1990 em diante, como uma
“experiência positiva”, responsável por fortalecer a massa crítica dos filiados à associação.
Ao longo da década de 1990, muitos GT’s foram criados. Alguns, inclusive, se destacaram por
suas atuações dentro e fora dos congressos, chegando até a se mobilizar e se articular para a
edição de publicações, que ficaram assinaladas pelo selo “Coleção GTs da Intercom”. Por outro
lado, outros sequer conseguiam manter por mais de um evento anual, fato que passou a
provocar incômodos. Para avaliar a situação, foi instituída, durante a assembleia realizada no
congresso de Recife (PE), em 1998, uma equipe responsável por analisar a situação dos grupos
e destinada a encontrar saídas para melhor organizar os pesquisadores associados. O trabalho
da comissão durou um ano e, no congresso do Rio de Janeiro (RJ), em 1999, ficou decidido –
80 Em meados dos anos 1980 foi transferida para um prédio cedido pela Universidade de São Paulo (USP), no qual permaneceu até 2008. Somente nesse ano é que foi comprado um imóvel, no bairro de Pinheiros, na capital paulista, que passou a abrigar a secretaria e outros setores da atividade da associação.
pela diretoria e pelo conselho curador – que os GTs seriam extintos, abrindo espaço para uma
nova modalidade: os núcleos de pesquisa (NPs). Mudança essa que ocorreria a partir do
Intercom 2001.
A partir dessa reestruturação outras pautas para os estudos em comunicação foram definidas,
permitindo compor a agenda de pesquisas dos próximos anos. Embora não documentado, mas
partindo de análises sobre o enquadramento dos temas e temáticas, o novo cenário ficou assim
definido:
NP Comunicação audiovisual nasce da junção dos GT Cinema e Vídeo e do GT Televisão; NP
Comunicação e Cultura das Minorias nasce da conexão do GT Comunicação e Cultura Popular e
do GT Comunicação e Etnia; o NP Políticas e Economia da Comunicação é resultado da união
do GT Políticas de Comunicação e do GT Economia Política, quando em 2004 passa a ser
denominado de NP Política e Estratégia s de Comunicação. Finalmente, o NP Relações Públicas
e Comunicação Organizacional é o resultado da união entre o GT Comunicação Organizacional
e o GT Relações Públicas.
É importante mencionar que os GT’s: História da Comunicação, Gêneros de Massa, Relações de
Gênero, Comunicação Rural, Imaginário Infantil, Comunicação e Recepção e Ensino da
Comunicação desaparecem. Somente o último foi transformado em outra atividade chamada de
Seminário sobre o Ensino de Graduação em Comunicação Social (Ensicom), que funcionou até
o ano de 2005.
Outros GT’s foram transformados em NP’s e permaneceram com a mesma denominação.
Alguns alteraram o nome para focalizar ou ampliar o foco de estudos. Por exemplo, NP
Comunicação e Ciência passou a ser chamado de Comunicação Científica e Ambiental até o ano
de 2006, quando então assume a denominação de Comunicação Científica. O NP Comunicação
Educativa decorre do GT Comunicação e Educação. O GT Comunicação Seriada Televisiva
passa a ser denominado NP Ficção Seriada; Mídia e Esportes assume o título de Mídia
Esportiva; o GT Rádio passa a ser denominado de NP Mídia Sonora até 2003, quando assume o
nome de NP Rádio e Mídia Sonora; Semiótica é o NP Semiótica da Comunicação; o GT
Publicidade passa a ser denominado NP Publicidade, Propaganda e Marketing até 2005, quando
então assume o nome de NP de Publicidade e Propaganda;
Essa nova estrutura, que passou a funcionar a partir de 2001, tinha 18 NP’s, conforme detalhado
nas próximas análises. É importante mencionar que houve a criação de três novos núcleos:
Folkcomunicação, Comunicação para a Cidadania e Tecnologia da Informação e da
Comunicação, evidenciando os novos temas que deveriam compor a agenda dos estudos na
área, para os próximos anos.
Os NPs foram oficialmente criados em 21 de outubro de 2000, obedecendo a normatizações
estabelecidas pela diretoria e pelo conselho curador. Essas normas – mantidas até hoje, embora
alteradas em alguns aspectos, conforme novas demandas – dão conta, por exemplo, de
determinar quem pode/deve exercer a função de coordenador de cada núcleo, como é feita a
nucleação dos sócios, como é o processo para criação ou extinção de cada NP, etc.
Para uma apreciação mais detalhada sobre os temas que passaram a compor a agenda de
estudos definida pela Intercom, no período 2001 até 2008, o quadro abaixo evidencia as
mudanças e evidenciam as novas tendências, assim:
Quadro 10 – Lista de Grupos de Pesquisa (GT) e Núcleos de Pesquisa (NP), período de 2000 a 2008
GT - anos NP – anos
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Cinema e Vídeo
Televisão
Comunicação audiovisual
Comunicação audiovisual
Comunicação audiovisual
Comunicação audiovisual
Comunicação Audiovisual
Comunicação Audiovisual
Comunicação Audiovisual
Comunicação Audiovisual
Comunicação e Ciência
Comunicação científica e ambiental
Comunicação científica e ambiental
Comunicação científica e ambiental
Comunicação científica e ambiental
Comunicação Científica e Ambiental
Comunicação científica e ambiental
Comunicação científica
Comunicação científica
Comunicação e Cultura Popular
Comunicação e Etnia
Comunicação e cultura das
minorias
Comunicação e cultura das
minorias
Comunicação e cultura das
minorias
Comunicação e cultura das
minorias
Comunicação e cultura das
minorias - - -
Comunicação e Educação
Comunicação Educativa
Comunicação Educativa
Comunicação Educativa
Comunicação Educativa
Comunicação educativa
Comunicação educativa
Comunicação educativa
Comunicação educativa
- Comunicação
para cidadania
Comunicação para
cidadania
Comunicação para
cidadania
Comunicação para
cidadania
Comunicação para a
cidadania
Comunicação para a
cidadania
Comunicação para a
cidadania
Comunicação para a
cidadania
Seriada televisiva Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
Ficção seriada
- Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção Folkcomunica
ção História em quadrinhos
História em quadrinhos
História em quadrinhos
História em quadrinhos
História em quadrinhos
História em quadrinhos
- - -
Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo Jornalismo
Mídia e esporte Mídia
esportiva Mídia
esportiva Mídia
esportiva Comunicação
e Esporte Comunicação
e esporte Comunicação
e esporte
Rádio Mídia sonora Mídia sonora Mídia sonora Rádio e mídia
Sonora Rádio e mídia
sonora Rádio e mídia
sonora Rádio e mídia
sonora Rádio e mídia
sonora
Políticas de comunicação
Economia política
Políticas e Economia da Comunicação
Políticas e Economia da Comunicação
Políticas e Economia da Comunicação
Políticas e Estratégias de Comunicaçõe
s
Políticas e estratégias de comunicações
Políticas e estratégias de comunicações
Políticas estratégias de comunicações
Políticas estratégias de comunicações
Produção editorial Produção editorial
Produção editorial
Produção editorial
Produção editorial
Produção Editorial
Produção editorial
Produção editorial
Produção editorial
Publicidade Publicidade,
propaganda e marketing
Publicidade, propaganda e
marketing
Publicidade, propaganda e
marketing
Publicidade, propaganda e
marketing
Publicidade, propaganda e
marketing
Publicidade e propaganda
Publicidade e propaganda
Publicidade e propaganda
Comunicação organizacional
Relações públicas
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações Públicas e
Comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Relações públicas e
comunicação organizacional
Semiótica Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
Semiótica da comunicação
-
Tecnologias da informação
e da comunicação
Tecnologias da informação
e da comunicação
Tecnologias da informação
e da comunicação
Tecnologias da informação
e da comunicação
Tecnologias da Informação
e da Comunicação
Tecnologias da informação
e da comunicação
Tecnologias da Informação
e da comunicação
Tecnologias da Informação
e da comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da Comunicação
Teorias da comunicação
Teoria da comunicação
Teorias da comunicação
História da Comunicação
- - - - - - - -
Gêneros de massa - - - - - - - -
Relações de gênero
- - - - - - - -
Comunicação rural - - - - - - - -
Imaginário infantil - - - - - - - -
Comunicação e recepção - - - - - - - -
Ensino da Comunicação
- - - - - - - -
- - - - Fotografia:
comunicação e Cultura
Fotografia: comunicação
e cultura
Fotografia: comunicação
e cultura
Fotografia: comunicação
e cultura
Fotografia: comunicação
e cultura
- - - - Comunicação,
turismo e hospitalidade
Comunicação, turismo e
hospitalidade
Comunicação turismo e
hospitalidade
Comunicação turismo e
hospitalidade
Comunicação turismo e
hospitalidade
- - - - - Comunicação
e culturas urbanas
Comunicação e culturas urbanas
Comunicação e culturas urbanas
Comunicação e culturas urbanas
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Como pode ser observado nos dados disponibilizados no quadro acima, alguns temas passam a
determinar novas linhas de investigação da Intercom. Em 2004 foram criados: NP Fotografia:
Comunicação e Cultura e o NP Comunicação, Turismo e Hospitalidade. Em 2005 nasce o NP
Comunicação e Culturas Urbanas. Somando a eles os NP’s Folkcomunicação, Comunicação
para a Cidadania e Tecnologia da Informação e da Comunicação que haviam sido criados em
2001.
Em uma análise mais detalhada pode-se observar que algumas temáticas predominam nessa
nova agenda comunicacionais. Dentre eles destacamos a cultura. Decerto, que a questão da
diversidade cultural não é um tema novo. Mas essa entra na pauta de discussões marcada pela
presença da comunicação, no sentido de entender como os mídia, em suas múltiplos processos
trabalham a construção das diferenças, voltando a atenção para as identidades que se afirmam
e se fortalecem ante o processo comunicativo. “Focalizar a comunicação dentro da cultura é
entrever o papel que ela joga na construção das identidades dos movimentos sociais, dos
agrupamentos geracionais, das relações de gênero, das etnicidades, enfatizando um modelo
segundo o qual, antes de tudo, comunica-se a cultura”. É o desafio de “(...) Fazer com que a
comunicação assuma a tarefa de dissolver barreiras sociais e simbólicas, descentrando e
desterritorializando as possibilidades no sentido da comunicação da cultura”, com afirma o texto
de abertura do congresso de 2000.
Outro tema importante está relacionado com as Tecnologias da Informação e da Comunicação.
Como bem afirma McLuhan em seu clássico livro Understanding media, “(...) toda tecnologia
gradualmente cria um ambiente humano totalmente novo”. A Intercom atenta as novas
demandas acompanha as mudanças que estão ocorrendo no país, no início de um novo século.
Desta forma, cria possibilidades para a comunidade acadêmica possa, através da pesquisa,
antecipar o conhecimento sobre as potencialidades das mídias sociais, das tecnologias digitais,
multiplicidade de interfaces e de um novo perfil da comunicação que começava a se desenhar
por essa época.
A linha de pesquisa sobre o Turismo ampliou seu leque e passou abrigar a Hospitalidade. Esse
NP também incorporou as demandas do Seminário de Turismo, que foi realizado até sua quarta
edição, no ano de 2001. A inclusão da Hospitalidade demonstra a preocupação com o outro,
com a troca, com a reciprocidade e com a participação, fazendo uma proximidade com os
conceitos de cidadania e de inclusão social, presentes em outros NPs criados por esse mesmo
período.
A Folkcomunicação, além dos próprios conceitos de cultura discutidos anteriormente, objetiva
estudar a interface que une a Comunicação e a cultura popular (folclore), oferecendo a reflexão
permanente e aprofundada da cultura popular brasileira e seus impactos na mídia (impressa,
televisiva e radiofônica), além de observar intermediações folk-midiáticas nos múltiploes temas
que permeiam a comunicação. Também possibilitou o conhecimento sobre a primeira teoria da
Comunicação Brasileira, desenvolvida por Luiz Beltrão, na década de 1960.
Essas novas demandas não poderiam passar despercebidas pela Intercom, que aceita o desafio
de instituir esses espaços, abrigando os pesquisadores. Os núcleos de pesquisa possibilitam
uma nova dinâmica na entidade, vinculando pesquisadores com interesses comuns, “(...)
referenciados por segmentos dotados de legitimação acadêmico-profissional ou que
representam objetos demandando elucidação teórico-metodológica”. Também possibilitou o
conhecimento sobre as novas demandas do campo, “(...) potencializando o papel de vanguarda
que corresponde a uma sociedade científica, desbravando e fazendo avançar as fronteiras do
conhecimento” (RBCC, 2000, p. 203-211).
Uma nova reestruturação dos núcleos de pesquisa começou a ser promovida em 2007. As
mudanças só ocorreram, no entanto, em 7 janeiro de 2009, quando os núcleos passaram a ser
denominados grupos de pesquisa (GPs) – sendo que alguns foram extintos, outros foram
desmembrados e novos foram criados. Como forma de aperfeiçoar a organização das
atividades, esses GPs constituem subdivisões de oito Divisões Temáticas (DTS), estruturadas
conforme suas especificidades: 1) Jornalismo; 2) Publicidade e Propaganda; 3) Relações
Públicas e Comunicação Organizacional; 4) Comunicação Audiovisual; 5) Multimídia; 6)
Interfaces Comunicacionais; 7) Comunicação, Espaço e Cidadania; e 8) Estudos
Interdisciplinares. A subdivisão ficou assim definida:
Quadro 11 – Organização das DTs e dos GPs da Intercom (2010) DT 1 – Jornalismo
Gêneros Jornalísticos Historia do Jornalismo Jornalismo Impresso Telejornalismo
GPs
Teoria do Jornalismo DT 2 – Publicidade e Propaganda
Publicidade: Epistemologia e Linguagem Publicidade: Marcas e Estratégias GPs Publicidade: Propaganda Política
DT 3 – Relações públicas e comunicação organizacional GP Relações Públicas e Comunicação Organizacional DT 4 – Comunicação Audiovisual
Cinema Ficção Seriada Fotografia Rádio e Mídia Sonora
GPs
Televisão e Vídeo DT 5 – Multimídia
Cibercultura GPs
Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas DT 6 – Interfaces Comunicacionais
Comunicação e Culturas Urbanas Comunicação e Educação Comunicação e Esporte Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade
GPs
Produção Editorial DT 7 – Comunicação, espaço e Cidadania
Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local Comunicação para a Cidadania Geografias da Comunicação
GPs
Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina DT 8 – Estudos interdisciplinares GPs Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura
Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura Folkcomunicação Semiótica da Comunicação Comunicação, Turismo e Hospitalidade Teorias da Comunicação
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Tratados os aspectos qualitativos, os resultados quantitativos corroboram os acertos ocorridos,
os ajustes necessários e as mudanças, que mais uma vez evidenciam o caráter plural da
Intercom. As Divisões Temáticas comprovam as demandas da área da comunicação abarcadas
pela entidade, além de permitir a difusão de conhecimento, contribuindo para o fortalecimento da
área mediante o diálogo transdisciplinar com outros campos de conhecimento. Desta forma, no
período de 2001 a 2010, foram apresentados 6.175 trabalhos nos núcleos de pesquisa, foco das
análises81. Fazendo uma média aritmética simples, temos em média 771 trabalhos ano, por
divisão temática.
Vale salientar que embora não contabilizado no âmbito geral o ano 2000 - com referência ao
número de trabalhos apresentados -, se comparado com os anos posteriores, foi atípico, com
baixa adesão em todos os GTs. O congresso ocorreu em Manaus, região Norte do Brasil, muito
distante dos centros de maior produção. Além disso, os custos passagem e hospedagem eram
(são) muito elevados, o que acabou inviabilizando a participação de muitos pesquisadores,
justificando assim a baixa adesão. Nesse ano foram apresentados 262 trabalhos.
Para possibilitar a visualização geral dos trabalhos apresentados, abaixo disponibilizamos a
tabela 19 que demonstra os números por ano, separados por GP (Grupo de Pesquisa) ou NP
(Núcleo Temático).
Tabela 19
Trabalhos apresentados na Intercom – por ano Grupo de Pesquisa – Núcleo de Pesquisa
GP / ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total
TOTAL GERAL 382 487 446 532 645 555 623 638 4308
Comunicação Audiovisual 21 24 28 28 31 34 45 45 256
Comunicação Científica e Ambiental 24 23 23 23 25 29 46 51 244
Comunicação e Cultura das Minorias 22 54 35 32 31 - - - 174
Comunicação e Culturas urbanas - - - - 35 32 46 39 152
Comunicação e Esporte 10 12 16 10 10 12 - - 70
81 Infelizmente não foi possível coletar no período os números de trabalhos apresentados nas outras atividades da entidade. Para realizar essa tarefa seria necessária a ampliação do escopo e o tempo que dispúnhamos não permitia esse aumento. Mas reforçamos que essa tarefa está devidamente incluída na continuidade dessa pesquisa, a ser realizada no próximo ano.
Comunicação Educativa 25 16 20 21 33 27 22 24 188
Comunicação para a Cidadania 23 19 20 28 24 25 30 33 202
Comunicação Turismo e Hospitalidade - - - 20 22 25 34 23 124
Ficção Seriada 18 18 16 16 22 17 15 21 143
Folkcomunicação 7 26 23 22 26 16 26 27 173
Fotografia: Comunicação e Cultura 0 0 0 15 10 14 17 21 77
História em Quadrinhos 6 18 23 10 17 - - - 74
Jornalismo 50 61 43 58 80 71 80 77 520
Mídia Sonora 20 24 38 41 41 29 30 33 256
Políticas e Economia da Comunicação 9 15 14 16 16 19 26 28 143
Produção Editorial 11 18 15 21 22 16 21 24 148
Publicidade, Propaganda e Marketing 43 38 22 41 44 56 58 56 358
Relações Públicas e Comunicação
Organizacional 21 29 31 46 40 42 40 34 283
Semiótica da Comunicação 18 25 28 33 46 33 29 24 236
Tecnologias da Informação e da
Comunicação 43 50 32 30 49 40 44 58 346
Teorias da Comunicação 11 17 19 21 21 18 14 20 141
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Até o ano de 2008, antes da mudança para divisões temáticas, ainda quando o funcionamento
ocorria no âmbito dos GT, levando em consideração aqueles que tiveram atuação durante o
período de 2001-2010, o GT de Jornalismo sempre foi o mais representativo, com 520 trabalhos
apresentados, 12% do total geral do período. Em seguida está a Publicidade, Propaganda e
Marketing, com 358, perfazendo o percentual de 8%, após estão os GPs Tecnologias da
Informação e da Comunicação (346) e Relações Públicas e Comunicação Organizacional (283),
com percentuais de 8% e 6,5%, respectivamente.
É interessante notar que as três grandes áreas de formação da Comunicação: Jornalismo,
Publicidade e Propaganda (PP) e Relações Públicas (RP) atraem a maior quantidade de
pesquisas. Mas é salutar apontar que o GP Tecnologias da Informação e da Comunicação, que
não integra esse rol de profissões, mas que congrega uma temática multidisciplinar, tratando de
um tema emergente, se equiparou a PP e esteve à frente de RP.
Os GPs História em Quadrinhos (HQ) e Comunicação e Cultura das Minorias funcionaram até
2006. Nos anos seguintes, resultado de uma análise mais dirigida foi observado que os
trabalhos de HQ foram absorvidos pelo GP de Produção Editorial. O GP de Fotografia e
Comunicação, Turismo e Hospitalidade só começaram a funcionar em 2004. O GP de
Comunicação e Culturas urbanas, a partir de 2005. O GP Comunicação e Esporte (Mídia
Esportiva até 2003), foi desativado durante os anos de 2007 e 2008, voltando a funcionar a partir
de 2009.
Fazendo uma análise geral é possível observar que o número de trabalhos apresentados nos
GPs não oscilaram de forma significativa. Ou seja, não houve nenhum grande crescimento,
também não ocorreu nenhuma grande baixa em números absolutos de trabalhos apresentados
no período de 2001 a 2008, analisando individualmente os Grupos.
Avaliado o total de pesquisas apresentadas no período, observa-se que do ano de 2001 (382
trabalhos), para o ano de 2008 (638 trabalhos) houve um crescimento significativo de quase
70%. As variações anuais (maiores ou menores) são pouco significativas. As reduções no
número de trabalhos ocorridas em alguns anos, se comparadas com os anteriores, estão mais
associadas ao estado-região onde foi realizado o evento, do que uma redução no número de
interessados ou mesmo que traga relação com a temática central do evento.
Lamentavelmente não foi possível conseguir dados sobre a quantidade de trabalhos submetidos
e qual o número final de aprovados, por GP. Porém, a tabela abaixo evidencia que as
observações acima podem ser notadas quando apreciamos os valores percentuais, comparados
anualmente, com o total geral apresentado no período de 2001 a 2008.
Tabela 20
Trabalhos apresentados na Intercom – por ano Grupo de Pesquisa – Núcleo de Pesquisa
ANO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total
Quantidade 382 487 446 532 645 555 623 638 4308
% 9% 11% 10% 12% 15% 13% 15% 15% 100%
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Esses resultados permitem aferir que a entidade tem atendido a comunidade científica no que se
refere aos temas de estudos. A pluralidade de temáticas, o atendimento as demandas das áreas
das profissões consolidadas e aos temas emergentes têm se constituído como fator de primazia,
que tem tornado a Intercom a entidade mais representativa na área da Comunicação, também
em termos do número de trabalhos apresentados anualmente.
A partir do ano de 2009 a quase totalidade dos grupos de pesquisa foram enquadrados nas
divisões temáticas (DTs). Somente os GTs de Publicidade e Propaganda e Comunicação
Audiovisual fizeram a adesão a partir de 2010. A criação das DTs permitiu a ampliação das
temáticas, como também possibilitou a criação, dentro das grandes áreas de pesquisa, de novos
grupos, contemplando de forma mais substanciosa as linhas de pesquisa dos filiados.
A tabela abaixo mostra os trabalhos apresentados nos dois últimos anos, separados por DT e
suas subdivisões. No caso do NP de Publicidade e Propaganda, a partir de 2010 foi
desmembrado em 3 subáreas, assim como o NP de Audiovisual, que se subdividiu em 5. Optou-
se por disponibilizar os números absolutos desses dois NPs dando a dimensão real da
representatividade de ambos.
Tabela 21
Trabalhos apresentados na Intercom – anos de 2009 e 2010 Divisão Temática
DT´s 2009 2010 TOTAL
TOTAIS GERAIS 1016 851 1867
1 Jornalismo 169 136 305
1 Gêneros Jornalísticos 26 24 50
2 Historia do jornalismo 26 21 47
3 Jornalismo Impresso 40 28 68
4 Telejornalismo 35 30 65
5 Teoria do Jornalismo 42 33 75
2 Publicidade e Propaganda 69 60 129
- Publicidade e Propaganda 69 - 69
1 Publicidade: Epistemologia e Linguagem 0 27 27
2 Publicidade: Marcas e Estratégias 0 27 27
3 Publicidade: Propaganda Política 0 6 6
3 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 57 49 106
1 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 57 49 106
4 Comunicação Audiovisual 149 148 297
- Audiovisual 57 - 57
1 Cinema 0 24 24
2 Ficção Seriada 20 26 46
3 Fotografia 30 22 52
4 Rádio e Mídia Sonora 42 49 91
5 Televisão e Vídeo 0 27 27
5 Multimídia 103 86 189
1 Cibercultura 48 49 97
2 Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas 55 37 92
6 Interfaces Comunicacionais 224 160 384
1 Comunicação e Culturas Urbanas 59 51 110
2 Comunicação e Educação 64 30 94
3 Comunicação e Esporte 26 19 45
4 Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade 30 30 60
5 Folkcomunicação 21 14 35
6 Produção Editorial 24 16 40
7 Comunicação, espaço e Cidadania 130 114 244
1 Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local 34 20 54
2 Comunicação para a Cidadania 45 41 86
3 Geografias da Comunicação 20 19 39
4 Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina 31 34 65
8 Estudos Interdisciplinares 115 98 213
1 Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura 20 14 34
2 Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura 28 18 46
3 Semiótica da Comunicação 21 25 46
4 Comunicação, Turismo e Hospitalidade 25 14 39
5 Teorias da Comunicação 21 27 48
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Os espaços passaram de 18 NPs iniciais (excluindo os NPs História em Quadrinhos,
Comunicação e Cultura das Minorias e Comunicação e Esportes, que haviam sido extintos) para
31 subáreas, que continuaram a ser chamadas de GPs dentro das divisões temáticas,
representando uma ampliação de quase 100%. A magnitude pode ser observada na ementa de
cada divisão, que passa abrigar não só as especificidades dos temas emergentes e das
profissões consolidadas, mas dimensiona a pluralidade (temas, metodologias, técnicas, meios de
comunicação, profissões etc) que caracteriza a grande área da Comunicação.
As palavras-chave definidas em cada DT demonstram o leque opções de pesquisas, linhas,
temáticas, áreas do conhecimento etc, que passaram a ser contempladas. As possibilidades de
estudos caminham da epistemologia, passando pelos processos, gestão e técnicas, até o
entendimento sobre os espaços-tempo, ciência, educação, entre outros contemplados pela
grande área da Comunicação. O quadro abaixo mostra o elenco de algumas dessas palavras e
permite observar a não repetição e as singularidades presentes nas múltiplas DTs.
Quadro 12 – Palavras-chave das Divisões Temáticas (DTs)
Palavras-chave América Latina
Audiovisual Cidadania
Ciência Cinema
Comunicação Especializada Comunicação Internacional, Regional e Local
Comunicação Organizacional Correntes Teóricas
Cultura Economia Política
Educação Epistemologia
Folkcomunicação Fotografia Gêneros
Gestão História
Interfaces Comunicacionais Jornalismo Marketing Multimídia
Propaganda Propaganda Política
Publicidade Rádio
Relações Públicas Semiótica
Tecnologias Telejornalismo
Televisão Teorias do Jornalismo
Teorias Multidisciplinares Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Com referência a quantidade de trabalhos apresentados nas modalidades em Grupo (G) ou
Individual (I), que demonstram as articulações entre os pesquisadores e instituições, o que se
observa é que a autoria individual nas pesquisas ainda predomina, representando 78% no
período de 2001 a 2008. O mesmo pode ser verificado com relação ao período 2009-2010, onde
o individual (1.276) representou 68% do período.
Se ampliarmos a análise para a totalidade de trabalhos apresentados de 2001 a 2010 (6.175
trabalhos) observa-se que a modalidade individual representa 75% do total.
As tabelas abaixo (22 e 23) demonstram por grupos de pesquisa e por divisão temática esses
números. É importante observar que em alguns temas essas diferenças são ainda mais
acentuadas como, por exemplo: Comunicação e Culturas Urbanas; Propaganda Política;
Comunicação e Esporte; Geografias da Comunicação; Economia Política da Informação;
Comunicação e Cultura; Semiótica da Comunicação e Teorias da Comunicação,
Tabela 22 Trabalhos apresentados nas modalidades individual (I) e Grupo (G)
Intercom – anos de 2001 a 2008
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total Total GT / NP
I G I G I G I G I G I G I G I G I G
Totais
Totais 326 56 423 64 375 71 441 91 499 146 413 142 452 171 449 189 3378 930 4308 Comunicação Audiovisual
19 2 22 2 27 1 26 2 27 4 31 3 37 8 39 6 228 28 256
Comunicação Científica e Ambiental
20 4 16 7 19 4 14 9 15 10 20 9 25 21 31 20 160 84 244
Comunicação e Cultura das
Minorias 20 2 50 4 31 4 28 4 26 5 - - - - - - 155 19 174
Comunicação e Culturas urbanas
- - - - - - - - 29 6 24 8 36 10 31 8 120 32 152
Comunicação e Esporte / Mídia
Esportiva 6 4 11 1 12 4 7 3 6 4 8 4 - - - - 50 20 70
Comunicação Educativa
20 5 14 2 16 4 17 4 20 13 14 13 16 6 18 6 135 53 188
Comunicação para a Cidadania
19 4 16 3 13 7 25 3 18 6 20 5 23 7 25 8 159 43 202
Comunicação Turismo e
Hospitalidade - - - - - - 16 4 13 9 14 11 18 16 10 13 71 53 124
Ficção Seriada / Seriada Televisiva
16 2 18 - 13 3 16 - 15 7 10 7 11 4 15 6 114 29 143
Folkcomunicação 6 1 20 6 14 9 13 9 18 8 10 6 16 10 16 11 113 60 173 Fotografia:
Comunicação e Cultura
- - - - - - 14 1 10 - 10 4 15 2 18 3 67 10 77
História em Quadrinhos
5 1 16 2 21 2 9 1 13 4 - - - - - - 64 10 74
Jornalismo 45 5 54 7 38 5 49 9 64 16 60 11 66 14 53 24 429 91 520 Mídia Sonora /
Rádio 17 3 21 3 32 6 36 5 36 5 23 6 22 8 24 9 211 45 256
Políticas e Economia da Comunicação
8 1 13 2 13 1 13 3 11 5 16 3 22 4 20 8 116 27 143
Produção Editorial 9 2 18 - 13 2 19 2 19 3 10 6 17 4 19 5 124 24 148 Publicidade,
Propaganda e Marketing
30 13 24 14 14 8 32 9 30 14 38 18 36 22 33 23 237 121 358
Relações Públicas e Comunicação Organizacional
18 3 25 4 24 7 32 14 26 14 27 15 23 17 20 14 195 88 283
Semiótica da Comunicação
18 - 25 - 26 2 30 3 42 4 31 2 25 4 19 5 216 20 236
Tecnologias da Informação e da Comunicação
40 3 43 7 30 2 25 5 41 8 33 7 35 9 43 15 290 56 346
Teorias da Comunicação
10 1 17 - 19 - 20 1 20 1 14 4 9 5 15 5 124 17 141
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010
Tabela 23 Trabalhos apresentados nas modalidades individual (I) e Grupo (G)
Intercom – anos de 2009 a 2010
2009 2010 Totais
DT´s I G I G I G Total
Totais Gerais 697 319 579 272 1276 591 1867
1 Jornalismo 135 34 105 31 240 65 305
1 Gêneros Jornalísticos 20 6 19 5 39 11 50
2 Historia do jornalismo 20 6 17 4 37 10 47
3 Jornalismo Impresso 29 11 23 5 52 16 68
4 Telejornalismo 28 7 20 10 48 17 65
5 Teoria do Jornalismo 38 4 26 7 64 11 75
2 Publicidade e Propaganda 44 25 36 24 80 49 129
- Publicidade e Propaganda 44 25 - - 44 25 69
1 Publicidade: Epistemologia e Linguagem - - 19 8 19 8 27
2 Publicidade: Marcas e Estratégias - - 12 15 12 15 27
3 Publicidade: Propaganda Política - - 5 1 5 1 6
3 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 31 26 28 21 59 47 106
1 Relações Públicas e Comunicação Organizacional 31 26 28 21 59 47 106
4 Comunicação Audiovisual 119 30 111 37 230 67 297
- Audiovisual 44 13 - - 44 13 57
1 Cinema 0 0 20 4 20 4 24
2 Ficção Seriada 13 7 22 4 35 11 46
3 Fotografia 25 5 17 5 42 10 52
4 Rádio e Mídia Sonora 37 5 34 15 71 20 91
5 Televisão e Vídeo - - 18 9 18 9 27
5 Multimídia 64 39 56 30 120 69 189
1 Cibercultura 35 13 33 16 68 29 97
2 Conteúdos Digitais e Convergências Tecnológicas 29 26 23 14 52 40 92
6 Interfaces Comunicacionais 144 80 106 54 250 134 384
1 Comunicação e Culturas Urbanas 50 9 39 12 89 21 110
2 Comunicação e Educação 36 28 17 13 53 41 94
3 Comunicação e Esporte 17 9 15 4 32 13 45
4 Comunicação, Ciência, Meio Ambiente e Sociedade 14 16 13 17 27 33 60
5 Folkcomunicação 11 10 10 4 21 14 35
6 Produção Editorial 16 8 12 4 28 12 40
7 Comunicação, espaço e Cidadania 78 52 65 49 143 101 244
1 Comunicação e Desenvolvimento Regional e Local 13 21 7 13 20 34 54
2 Comunicação para a Cidadania 30 15 22 19 52 34 86
3 Geografias da Comunicação 17 3 16 3 33 6 39
4 Mídia, Culturas e Tecnologias Digitais na América Latina 18 13 20 14 38 27 65
8 Estudos Interdisciplinares 82 33 72 26 154 59 213
1 Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura 17 3 11 3 28 6 34
2 Políticas e Estratégias de Comunicação e Cultura 18 10 11 7 29 17 46
3 Semiótica da Comunicação 18 3 18 7 36 10 46
4 Comunicação, Turismo e Hospitalidade 12 13 7 7 19 20 39
5 Teorias da Comunicação 17 4 25 2 42 6 48 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Apesar das divisões temáticas possibilitarem o trabalho integrado e conjunto, a modalidade
individual ainda predomina. As pesquisas individuais têm sido alvo de observações nas
avaliações da pós-graduação por parte da Capes. A recomendação é exista maior articulação
entre as linhas de pesquisa e os pesquisadores dos programas, estendendo isso para
investigações conjuntas com outras instituições, de forma a possibilitar uma maior visibilidade
dos programas. Mas essa é uma recomendação que precisa ser estimulada, uma vez que os
trabalhos inscritos nos congressos, das várias entidades no país, demonstram as articulações
entre os pesquisadores, mas grande parte deles ainda é apresentado como de autoria individual.
O que se pode observar na tabela das divisões temáticas acima é que os espaços de pesquisa
prioritariamente importantes para o trabalho conjunto como, por exemplo, Interfaces
Comunicacionais e Estudos Interdisciplinares, respondem por 65% e 72% dos trabalhos
individuais, respectivamente. Analisando de forma geral o período de 2009 e 2010 (criação das
divisões temáticas), Jornalismo (79%) e Comunicação Audiovisual (77%) representam as
maiores cifras.
Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentam trabalhos nos congressos anuais,
embora exista um número significativo de doutores no período 2001 a 2010, representando
pouco mais de 32%, e a quantidade dos pesquisadores que não informam a titulação não
ultrapasse a cifra de 1,5%; a grande maioria, cerca de 67%, são trabalhos de mestres,
mestrandos, especialistas e doutorandos, quer apresentados de forma individual ou em parceria
com doutores, evidenciando que a entidade tem um espaço singular de formação, divulgação e
propicia aos estudantes a oportunidade de diálogo.
Cenários Norteadores: primeiras reflexões
O que foi observado com relação à análise dos dados das duas entidades – Compós e Intercom
-, é que a área da comunicação no Brasil tem caminhado a passos largos, mas há muito ainda
por ser realizado e desenvolvido.
Embora tratar sobre a comunicação se constitui um desafio, no sentido de administrar múltiplas
possibilidades, é necessário estar atento para enxergar a polaridade, sem delimitar fronteiras,
mas visualizando os cenários e os atores que nele encenam diariamente seus cotidianos.
Os caminhos percorridos pela Compós e Intercom, no período analisado de 2001 a 2010, enseja
a coragem para aceitar mudanças, demonstra a luta pela consolidação e sobrevivência de um
campo multidisciplinar, permeado por muitas diferenças. Por outro, evidencia que as
possibilidades desbravadas por essas duas entidades, têm estimulado a pesquisa e produzido
alternativas capazes de permitir o entendimento da Comunicação como ciência. Também, as
ações realizadas, as publicações, os encontros, etc oficializam seus compromissos com os
estudos em Comunicação de forma plural e ampla, em espaços muitas vezes adversos.
As contribuições observadas, a partir das análises realizadas, permitem afirmar que emerge
desses grupos de pesquisadores atuantes, nas duas instituições, processos que ampliam as
percepções sobre a comunicação popular e democrática, caminhando para a definição de
parâmetros para uma nova ordem da informação e da comunicação. Os princípios básicos da
promoção e da defesa da pesquisa, além do fomento a investigação orientada para as
mudanças sociais nos processos comunicativos, tão presentes na atualidade; os locais de
múltiplas realizações, capazes de aglutinar pesquisadores em torno de temáticas emergentes,
têm permitido que as investigações ocorram de forma articulada, e os resultados contemplem a
diversidade comunicativa-midiática do Brasil.
Em uma década de análises da produção comunicacional a pesquisa adquire uma fisionomia
própria, mais ampliada, aonde os centros de investigação vão desenvolvendo formas de
sobrevivência frente aos desafios econômicos, sociais e midiáticos que se instauram. Germina
um grupo de pesquisadores que apostam na utopia, não no sentido da fantasia ou da
alucinação, mas assumindo o pragmatismo necessário para impulsionar a continuidade dos
estudos em comunicação, mesmo diante das adversidades. Produzem em muitas frentes
comunicacionais, ora se entrecruzando ou trombando, ora criando novas alternativas para dar
conta dessa emergente sociedade globalizada.
Os desafios são inúmeros. A área está cercada por reptos que eclodem em cenários
diversificados, necessitando de consolidação e legitimação. Os espaços nos centros
articuladores de pesquisa, como a Compós e a Intercom, oferecem a institucionalização
necessária para que possamos intercambiar informações e contemplar as múltiplas
especificidades, quer do campo ou da área. Faz-se necessário e urgente que olhemos esses
ambientes como centros aglutinadores, capazes de promover a discussão ampla, congregando
características plurais e gerando produção de conhecimento hábil para alterar, substancialmente,
as realidades comunicativas em nosso continente. É necessário definir teorias comunicativas
próprias, incrementar a pesquisa, formar um quadro de cientistas sociais críticos e analíticos,
que produzam conhecimento novo, capaz de erradicar a deficiência de um marco teórico-
metodológico, que ainda assombra a área.
Outro ponto primordial para as entidades que congregam pesquisadores, especialmente a
Compós que representa a pós-graduação no país, é com referência ao papel desempenhado
junto à comunidade científica. Atuando mais como um órgão fiscalizador da pós-graduação, com
capacidade de avaliar, definir temas e linhas de pesquisa, caracterizando indicadores e medindo
a qualidade, o mote central deve ser repensando para que a entidade seja capaz de ser um
espaço de apoio, especialmente aos novos programas que, muitas vezes, mais do que punições,
precisam de orientações e direcionamentos que permitam sanar suas fragilidades, quer sejam
elas conceituais ou de ordem pragmática. Essas orientações devem surgir a partir do
acompanhamento constante, da troca, da participação dos programas mais experientes, em um
sinal claro capaz de oferecer as condições necessárias para que se possa formar uma massa
crítica e um núcleo de pesquisadores de excelência na Comunicação.
.
Esse acercamento entre o campo comunicacional, as indústrias midiáticas e a sociedade devem
possibilitar que todos sejam sujeitos das investigações, balizando referências conceituais que
possa universalizar características e subsidiar políticas de comunicação que atendam as
necessidades informativas em todos os âmbitos. São necessárias miradas mais globalizantes
dos cenários mundiais, mas sem perder de foco as especificidades de nossa região. E isso as
duas instituições têm conseguido realizar, através de um determinismos que extrapola os guetos
acadêmicos e as miradas pessoais, onde os resultados convergem para a amplitude que o
processo da comunicação estabelece para ser efetivo.
Parte II – Cenários Específicos do Campo da Comunicação no Brasil
A Comunicação no Brasil congrega uma multiplicidade de temas que se interconectam e se auto-
completam para desenhar o mapa comunicativo brasileiro. Assim, a união de temas e profissões
consolidadas como o Jornalismo, Relações Públicas, Cinema e Publicidade e Propaganda
abarcam especificidades capazes de evidenciar e atender as demandas da emergente indústria
midiática.
Mas surge um contingente importante que congrega forças, define fronteiras, descortinam
dinâmicas e evidenciam as emergências de um campo novo, mas que apresenta densidade para
se consolidar enquanto ciência.
Nesse cenário foram definidos espaços produtivos, que incorporam temas múltiplos, como:
audiovisual, cibercultura, comunicação organizacional, marketing político, folkcomunicação,
história da mídia entre outros. Assim, nesses ambientes foram criadas instituições que reúnem
pesquisadores de diversas regiões do país em torno de temáticas que abarcam os múltiplos
cenários de produção em comunicação.
A parte II da pesquisa sobre o Panorama da Comunicação do Brasil analisa a produção dos
principais centros, fazendo um exame da contribuição de diversas instituições para consolidação
do campo da Comunicação no Brasil.
É importante salientar que inicialmente foram definidas 12 instituições, mas os materiais das
atividades realizadas por algumas delas, infelizmente, não estavam disponíveis na web e o
contato com seus atuais presidentes foram infrutíferos. Em função da falta de informação, a
pesquisa não conseguiu determinar qual a contribuição efetiva de algumas dessas entidades.
Porém, aquelas que permitiram o acesso a suas bases de dados, demonstraram o seu
compromisso, não somente com a construção e sedimentação do campo, mas e principalmente,
na divulgação científica ampla, democrática e plural, e se constitui como um lema que todas as
instituições devem definir em seus objetivos.
Feita a ressalva, a seguir estão disponibilizados os dados coletados e analisados por entidade e
sua respectiva área de atuação. Vale relembrar que os enquadramentos das áreas, por entidade,
foram definidos pela Socicom, que congrega essas instituições.
1) Audiovisual: cinema, vídeo, televisão e rádio
Foram definidas para essa pesquisa duas instituições: Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e
Audiovisual (FORCINE) que incorpora mais de 20 instituições e a Sociedade Brasileira de
Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE), que conta com 364 sócios, que representam 18
universidades brasileiras.
a) FORCINE82 congrega e representa instituições (públicas e privadas) e profissionais de
diversas regiões do Brasil que se dedicam ao ensino do cinema e do audiovisual. Dentre
algumas instituições que compõem o quadro da Forcine podem ser citadas: Universidade
82 Um dos grandes desafios desta pesquisa foi o de reunir material da Forcine. Não foi possível localizar na internet e nem foram retornados os contatos feitos. Não foi localizado o site da entidade, tão pouco anais, livros, atas ou documentos relativos a entidade. Porém há muito material disponibilizado em blogs, especialmente de estudantes de cinema.
Federal Fluminense (UFF), Universidade de Brasília (UnB), Fundação Armando Álvares
Penteado (FAAP), Universidade de São Paulo (USP), Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC-RS) e do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Universidade de Campinas (UNICAMP),
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Essas instituições atuam com programas regulares de formação na área audiovisual.
83 De acordo com dados coletados nos em diversos sites pesquisados foi em dezembro do ano
2000 que representantes de escolas e de cursos de cinema e audiovisual, reunidos em São
Paulo, mais precisamente na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(ECA-USP), para “discutir os rumos do ensino de cinema no Brasil” decidem criar um espaço
representativo do setor, capaz de abrigar as altercações sobre o ensino do cinema e vídeo e sua
relação com o ensino de televisão. Assim nasceu o Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e
Audiovisual (Forcine)84.
Após o trabalho de inserção das vozes desse grupo de discussão no cenário nacional, o desafio
foi trazer a tona questões relativas ao ensino e a formação profissional, inserindo essas
temáticas na agenda nacional que tratava de política cinematográfica e audiovisual. O resultado
foi positivo, nasce o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC)85. Também por essa época (ano
2000) a Forcine passa a integrar Conselho Consultivo da Secretaria do Audiovisual do Ministério
da Cultura (MinC), criando com isso a possibilidade de discutir, em termos mais amplos, o
planejamento e a definição de políticas de desenvolvimento para todo o setor.
83 Disponível em http://culturadigital.br/cbcinema/?p=431, acesso dezembro de 2010. 84 Dados coletados dos sites http://www.eba.ufmg.br/forcine/; http://www.blogacesso.com.br/?p=3653 e http://www.audiovisual.ufc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=46:forcine-aprova-patrocinio-as-pessoas&catid=1:coordenacao, pesquisado em dezembro de 2010. 85 O CBC é uma associação de entidades “brasileiras da área do cinema e do audiovisual”, fundada no ano de 2000.
O Fórum adquiriu status de entidade e passou a ser definido como “sociedade civil, sem fins
lucrativos”, congregando e representando de forma permanente as instituições e os profissionais
brasileiros dedicados ao ensino de cinema e do audiovisual.
O primeiro congresso da entidade ocorreu no mês de outubro do ano 2000 e foi realizado na
Universidade Federal de Minas Gerais. A atividade teve como mote central “intercambiar
experiências e promover o debate sobre o setor destacando o papel do ensino e da formação
profissional como estratégia para uma política de desenvolvimento do audiovisual”.
Embora não seja objeto desta etapa da pesquisa discutir sobre o cinema nacional e fornecer
dados relativos a salas de exibição, filmes produzidos entre outros, uma vez que há um grupo
específico que tratou desse mote, cujos resultados estão disponibilizados no volume III da
publicação Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010
pelo IPEA86, além do breve panorama da entidade, disponível no artigo “Breve histórico da área
do ensino de cinema e audiovisual”, escrito pela professora Dra. Maria Dora G. Mourão e
disponível no volume II da mesma coleção; é importante mencionar que foi no ano de 1952 que
ocorreu o primeiro encontro nacional da comunidade cinematográfica, mais precisamente na
cidade do Rio de Janeiro, “como desdobramento de um ‘Congresso Paulista do Cinema
Brasileiro’, realizado em abril do mesmo ano”. Foi somente a partir do ano 2000 que o CBC
“tornou-se um encontro periódico (a princípio anual e em seguida bienal). No mesmo ano, foi
decidida a criação de uma entidade estável, com sede, estatutos, diretoria e existência não
restrita ao período dos encontros”.
O terceiro encontro da CBC foi considerado um marco. Ocorrido na cidade de Porto Alegre,
organizado pela Fundação Cinema do Rio Grande do Sul (Fundacine), contou com 70
delegados, 31 entidades de cinema, representando 9 estados braileiros, mais de 150
observadoes, contando com a participação de cineastas, produtores, técnicos, críticos de
cinema, pesquisadores, exibidores, distribuidores e representantes de emissoras de TV públicas
e privadas.
Como resultado foi aprovado um documento onde foram apontados 69 resoluções, “entre elas a
continuidade do CBC como entidade permanente e o apoio à criação, no âmbito do Governo
86 O volume integra a coleção onde são apresentados os primeiros resultados dessa pesquisa.
Federal, de um órgão gestor da atividade cinematográfica, que viria a ser a Ancine87, constituída
em setembro de 2001. A título de curiosidade, o primeiro presiente da CBC foi Gustavo Dahl e
23 entidades assinaram a ata de criação da entidade.
A Forcine é atualmente presidida por Aída Marques (UFF) e a vice-presidência está a cargo de
Dacia Ibiapina (UnB), eleitas durante o VI Congresso da Forcine, ocorrido na UFF, no Rio de
Janeiro, em março de 2010. Em março de 2011 foi realizado o VII Congresso Forcine, na FAAP,
em São Paulo e teve como tema central Difusão e circulação audiovisual”88.
Como é possível observar a entidade vêm realizando seus congressos de forma periódica,
mantendo eleições para compor sua diretoria, mas infelizmente nenhum dado sobre a
quantidade de participantes em seus congressos, se há ou não apresentações de trabalho,
detalhes sobre quem participa da entidade, bem como site oficial da entidade estão disponíveis
na web. Foram feitas tentativas diversas de localizar um espaço no qual esses dados estivessem
disponíveis para acesso da comunidade científica, mas não há. Também não foi possível
localizar se a entidade publica CDs com resultados das apresentações realizações durante os
seus congressos.
b) SOCINE89 – foi criada em novembro de 1996. O grupo fundador definiu como metas
prioritárias a promoção e o intercâmbio de pesquisas e estudos de cinema e suas múltiplas
manifestações, além de incentivos a reflexão sobre cinema e audiovisual no país. Também está
definido nos documentos que a entidade não tem fins lucrativos, nem está envolvida diretamente
87 A Agência Nacional do Cinema (ANCINE) é um órgão oficial do Governo Federal do Brasil, constituída como agência reguladora, com sede na cidade de Brasília e escritório central na cidade do Rio de Janeiro, cujo objetivo é fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica e videofonográfica nacional. A agência foi criada no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 6 de setembro de 2001, através da Medida Provisória n.º 2.228-1, posteriormente regulamentada em 13 de maio de 2002 em forma de lei. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ancine), acesso em dezembro de 2011. 88 Fontes de consulta: http://culturadigital.br/cbcinema/?p=431 e http://www.faap.br/forcine/index.htm, consultados em dezembro de 2010. 89 O levantamento dos dados da entidade só foi possível graças ao auxilio inestimável do professor Dr. Maurício Reinaldo Gonçalves, da Universidade de Sorocaba, que gentilmente emprestou todos os folders, anais de eventos e livros. Sem essa ajuda o levantamento sobre a Socine teria ficado bastante prejudicado, uma vez que o site, até a data de fechamento dessa pesquisa, não estava concluído e grande parte do material produzido não estava disponibilizado. Há também no capítulo 5, do volume II, da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, o texto “Breve relato sobre a fundação da Socine, seus objetivos e primeiros anos”, do professor Dr. Fernão Pessoa Ramos e o texto “Pensando a Socine”, do professor Dr. José Gatti, que traçam o panorama geral da instituição.
com a produção cinematográfica, mas objetiva disponibilizar um panorama dos estudos sobre
cinema no Brasil e promover o intercâmbio de idéias sobre o assunto90.
Segundo dados coletados no site da entidade, ela conta com 364 sócios – pesquisadores,
professores e estudantes de graduação e de pós-graduação -, representando 18 universidades
brasileiras.
Realiza e promove encontros anuais, buscando congregar espaços de discussão e de interação
entre profissionais, nas mais variadas modalidades. Publica os resultados de seus encontros,
inicialmente de forma impressa e a partir de 2011 online. As publicações formam a base
“representativa” dos trabalhos e pesquisas apresentados durante o evento anual. São 14 edições
dos eventos realizados e são apoiados pelas agências de fomento Capes, CNPq e Fapesp.
Outro mote importante da entidade é o debate sobre a educação do audiovisual no País. Assim,
está aliada a Forcine e filiada a Compós. Essas entidades “têm participado da definição de
políticas no campo do ensino do audiovisual junto às agências de fomento à pesquisa, como:
Capes e CNPq”.
Sua organização associativa é regida por um estatuto, disponível em sua página web91, está
estruturada em uma Diretoria, Conselho Deliberativo com 17 membros e um Conselho Fiscal,
com 3 membros, todos para um mandato de 2 anos. Conta ainda com um Comitê Científico,
composta por 3 representantes que assessoram a entidade na definição de suas políticas.
Os encontros anuais estão organizados em Comunicações Individuais, Seminários Temáticos,
Mesas Temáticas pré-construídas e Painéis, todos abertos para apresentações de pesquisas de
estudantes da pós-graduação, além de pesquisadores e outros profissionais da área.
No site da entidade estão disponíveis 3 publicações referentes ao 13º Encontro, ocorrido em
2009, na Eca-USP; 12º Encontro, ocorrido na Universidade de Brasília, em 2008 e do 10º
Encontro, realizado me 2006, em Minas Gerais. As publicações estão disponíveis na web de
forma integral, mas não podem ser impressas.
90 Folder do IV Encontro, realizado na UFSC, em novembro de 2000. 91 Disponível em www.socine.org.br, acesso em janeiro de 2011.
O site está passado por reestruturação (é o que ficou demonstrado), pois há pouca informação
disponível para a comunidade. Na parte de anais de evento na web somente foi localizado os
resultados do 13º Encontro, realizado na Eca-USP, os outros links não permitem nenhum tipo de
acesso (estão quebrados).
Já está definido o 15º Evento, que será realizado no mês de setembro na Universidade Federal
do Rio de Janeiro e pela primeira vez foi decidido uma temática central, que tratará “Imaginários
(In)visíveis”.
O detalhamento histórico da entidade pode ser acessado nos textos de Fernão Pessoa Ramos
“Breve relato sobre a fundação da SOCINE” e “Notas sobre a história da SOCINE”, de José
Gatti, que estão disponíveis no volume II da publicação Panorama da Comunicação e das
Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA.
Algumas iniciativas têm sido criadas pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) que iniciou em
2011 a publicação de teses e dissertações que tratem de temas relacionados ao cinema e ao
audiovisual. Os trabalhos, “podem ser submetidos através do Observatório Brasileiro do Cinema
e do Audiovisual (OCA92), na seção Teses e Dissertações. Foram definidas três áreas temáticas:
1) Políticas do audiovisual; 2) Economia do audiovisual; e 3) Gestão, inovação e estratégia das
atividades audiovisuais, cada qual com respectivas subáreas de interesse”. De acordo com o
site, os trabalhos deverão ter sido aprovados por suas respectivas instituições e um Conselho
Editorial, formado por servidores da Agência Nacional do Cinema, ficará responsável pela
classificação dos trabalhos recebidos de acordo com os eixos temáticos definidos. Outro desafio
proposto pela agência será a publicação de monografias e artigos.
Vale mencionar que o OCA e a ANCINE se apresentam como um espaço dedicado à publicação
de estudos e pesquisas sobre o mercado brasileiro de cinema e audiovisual, sendo o grande
objetivo “ser um instrumento público de produção, armazenamento e divulgação de informações,
de forma a atender à demanda por números e análises sobre as mais amplas manifestações da
atividade audiovisual no país”.
92 Espaço web www.ancine.gov.br/oca.
Com a publicação de teses e dissertações, o OCA caminha para se tornar um centro de
referência para o mercado e a academia, servindo a pesquisadores, agentes do mercado,
organismos internacionais e outros órgãos públicos.
Também é importante citar que outras fases realizadas por essa pesquisa, especialmente a
etapa desenvolvida por Alexandre Kieling, disponível no volume III da publicação Panorama da
Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, lançado em 2010 pelo IPEA, traz um
panorama mais detalhado da área do audiovisual no país. Além disso, o texto “Breve relato
sobre a fundação da SOCINE”, escrito por Fernão Pessoa Ramos, disponível no volume II da
Coleção do IPEA está um panorama mais pormenorizado das várias atividades realizadas pela
entidade.
A entidade realizou 14 eventos, nos mais diversificados estados brasileiros, embora as regiões
mais representativas são: Sudeste (6 eventos), Sul (3), Nordeste (3) e Centro-Oeste (2). Se
considerarmos somente a partir de 2001, recorte de nossa pesquisa, Sudeste com 40% fica
muito próximo do Nordeste com 30%. Já Sul representa 20% e Centro-Oeste, 10%. O quadro
abaixo mostra todos os eventos cumpridos e as instituições sede, por ano e local de realização.
Quadro 13 – Eventos realizados pela Socine, 1997 a 2010 Evento Ano Estado Instituição sede
I 1997 São Paulo Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)
II 1998 Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) III 1999 Brasília Universidade de Brasília (UnB) IV 2000 Santa Catarina Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) V 2001 Rio Grande do Sul Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS) VI 2002 Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense (UFF) VII 2003 Bahia Universidade Federal da Bahia (UFBA) VIII 2004 Pernambuco Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) IX 2005 Rio Grande do Sul Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) X 2006 Minas Gerais Estalagem de Minas Gerais XI 2007 Rio de Janeiro Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) XII 2008 Brasília Universidade de Brasília (UnB) XIII 2009 São Paulo Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA-USP) XIV 2010 Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 A observação dos cadernos de resumos permitiu visualizar a diversidade de estados
representados durante os eventos, números que vem sendo ampliados significativamente.
Grande parte dos pesquisadores apresenta os trabalhos individualmente. Há, porém, a
possibilidade de mesas coordenadas, demonstrando a articulação entre os pesquisadores, mas
as pesquisas são realizadas de forma individual.
A entidade abre espaço para apresentações de investigações de doutores e mestres, mas
também de estudantes da pós-graduação e da graduação. Um detalhe interessante é que não
há divisões nas apresentações dos titulados e dos estudantes. Todos apresentam no mesmo
espaço.
A tabela abaixo mostra o crescimento do número de apresentações.
Tabela 24 Trabalhos apresentados na Socine, anos de 2001 a 2010
Evento Ano Total de Trabalhos % Totais 2067 100
V 2001 156 8% VI 2002 130 6% VII 2003 123 6% VIII 2004 133 6% IX 2005 150 7% X 2006 200 10% XI 2007 245 12% XII 2008 291 14% XIII 2009 288 14% XIV 2010 351 17%
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Há um período de estabilização e a partir de 2005 os dados mostram um crescimento muito
acentuado do número de trabalhos apresentados. Anualmente a participação de docentes com
doutorado tem aumentado expressivamente. Infelizmente nos resumos não constam titulação
(como regra geral – apenas em alguns há titulação do docente), assim somente é possível tecer
comentário, fruto da observação direta nos anais dos eventos. Outro dado interessante é a
ampliação do número de estados das regiões que estão representados nos vários eventos.
Unicamente a região Norte não teve representação. Uma possibilidade para essa ausência são
os locais onde são realizados os encontros da Entidade, normalmente localizados em regiões
muito distantes do Norte do país.
Também houve uma diversificação nas temáticas tratadas, partindo de análises textuais,
passando por sistemas de produção, narrativas, gêneros, linguagens, estética, históricas,
autores e indústrias, artes adaptações, entre muitas outras. São priorizadas as apresentações
individuais, talvez devido ao formato do próprio evento, que permite participações a partir de
proposições de mesas temáticas e atividades coordenadas.
Há presença de pesquisadores de outros países, especialmente Estados Unidos, França e
Espanha. As conferências de abertura ficam quase sempre a cargo de um convidado
internacional. Chris Straayer – University New York (2001); Raudal Johnson – Ucla – Estados
Unidos (2003); Robert Stam - University New York (2004); Philippe Subois – Paris III (2006);
François Jost – Paris III e Andre Gaudreaut – Montreal (2008); Vicente Sánchez Biosca –
Universidade de Valença (2009) e Dominique Chateau – Paris I (2010).
Os eventos são organizados em torno de mesas temáticas, mostras de filmes, seminários
temáticos; sessões de comunicações; painéis; simpósios; lançamento de livros; mesas plenárias,
etc.São 4 dias de encontros, com atividades bastante diversificadas.
As principais agências de fomento que apóiam os encontros da Socine são: CNPq, Capes e
Fapesp, com apoio anual. Eles contam também com adesão das agências estaduais de fomento
(ligadas ao Estado onde o encontro é realizado), também do Ministério da Cultura, Cinemateca
Brasileira, Secretaria do Audiovisual, além de empresas como: Chesf (Cia Hidroelétrica de São
Francisco); livrarias, Consulados; Fundação Joaquim Nabuco; Embaixada da França; Senac,
entre outras.
Três fatos merecem destaque. Em 2002 a mesa de abertura foi proposta uma discussão sobre
uma possível mudança da tabela de área do CNPq, além do reconhecimento da Socine junto a
entidade de fomento. Em 2004, durante o evento realizado em Pernambuco houve a Reunião da
Comissão de Ensino e Pesquisa da Socine para discutir o tema: Ensino de Cinema no Brasil:
cursos, currículos e disciplinas. Finalmente, em 2005 durante o evento ocorreu a votação do
novo estatuto da entidade.
A Socine tem disponibilizado para a comunidade acadêmica, pesquisadores e profissionais uma
significativa coletânea de materiais impressos, fruto dos eventos realizados. O quadro abaixo
mostra esse panorama.
Quadro 14 – Livros Editados
Ano Editora Título Referência Organizadores 2000 Annablume Estudos de Cinema
Socine II e III Encontro Anual II (1998)
e III (1999) Socine
2001 Sulina Estudos de Cinema 2000
Encontro anual IV (2000) Fernão Pessoa Ramos; Maria Dora Mourão; Afrânio Catani e
José Gatti
2003 Sulina Estudos de Cinema III Encontro anual V (2001) Mariarosaria Fabris; João Guilherme Barone Reis e Silva
et alii. 2003 Panorama Estudos de Cinema Encontro anual VI (2002) Afrânio Mendes Catani; Wilton
Garcia et alii. 2004 Panorama Estudos de Cinema
ano V Encontro anual VII (2003) Mariarosaria Fabris; Afrânio
Mendes Catani et alii. 2005 Nojosa Estudos de Cinema
ano VI Encontro anual VIII
(2004) Mariarosaria Fabris; Wilton
Garcia; Afrânio Mendes Catani. 2006 Annablume
Tem uma edição on line
Estudos de Cinema Encontro anual 9º (2005) Rubens Machado Jr.; Rosana de Lima Soares; Luciana
Corrêa de Araújo 2007 Annblume Estudos de Cinema
VIII Encontro anual 10º
(2006) Rubens Machado Jr.; Rosana
de Lima Soares; Luciana Corrêa de Araújo
2010 On Line (não aprece editora do Impresso)
Estudos de Cinema e audiovisual
Encontro anual 11º (2009)
Samuel Paiva et alii.
2010 PRIMEIRA EDIÇÃO ON
LINE
Estudos de Cinema e audiovisual
Encontro anual 12º (2008)
Mariarosaria Fabris; Gustavo Souza et alii.
- ANAIS TEXTOS disponíveis no site da Entidade
Material referente ao XIII (2009)
-
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Nos livros estão textos integrais de grande parte dos trabalhos apresentados nos eventos
anuais. Por esse panorama disponibilizado nas publicações é possível um estudo mais
aprofundado sobre as temáticas que têm permeado essas atividades e que tem norteado as
pesquisas nas várias regiões do país (que não é o objetivo dessa pesquisa). É interessante
mencionar que há uma parte substanciosa de estudos que tratam sobre a televisão nesses
materiais disponibilizados.
2) Cibercultura
A Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber) foi a entidade escolhida. A
criação da entidade ocorreu durante o I Simpósio Nacional de Pesquisadores em Comunicação e
Cibercultura, realizado na PUC-SP, em 2006. Congrega pesquisadores, grupos de pesquisa,
instituições e/ou entidades brasileiras que estudam cibercultura.
O site93, estruturado e organizado, disponibiliza significativa quantidade de informações, desde a
fundação da entidade até formas de filiação. Tem recebido apoio das agências de fomento, de
universidades e instituições para as atividades que realiza, dentre as quais podem ser citadas:
93 Espaço disponível em http://abciber.org/
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM), CAPES, Fapesp, Instituto Itaú Cultural, Faperj, Teatro da Universidade
Católica (UCA), Livraria Cortez (SP), LocaWeb (provedor de acesso), demonstrando assim suas
parcerias institucionais
A primeira Diretoria da foi composta pelos membros: Presidente: Prof. Dr. Eugênio Trivinho;
Vice-Presidente: Prof. Dr. Theóphilos Rifiotis (UFSC); Secretaria Executiva: Prof. Dr. Henrique
Antoun (UFRJ); Secretaria de Finanças: Prof. Dr. Alex Primo (UFRGS); Diretoria Científica: Prof.
Dr. Vinícius Andrade Pereira (UERJ); Diretoria de Comunicação: Profa. Dra. Fernanda Bruno
(UFRJ); Diretoria Cultural: Profa. Dra. Simone Pereira de Sá (UFF); Diretoria Editorial: Prof. Dr.
Marcos Palacios (UFBA) e Conselho Fiscal: Prof. Dr. Francisco Rudiger (PUC-RS), Prof. Dr.
Gilberto Prado (USP) e Prof. Dr. Marco Silva (UERJ e UNESA).
Seus eventos são realizados, inicialmente realizados de forma bi-anual, agora ocorrem
anualmente. Foram realizados 4 Congressos. Os dois primeiros foram cumpridos sob a tutela da
PUC-SP, o III encontro foi na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), todos em
São Paulo. O último, ocorrido em 2010, foi na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Todos contaram com apoio da Capes e de instruções de fomento estaduais, além da adesão do
Ministério da Cultura e do Itaú Cultural.
No volume II da publicação Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil,
lançado em 2010 pelo IPEA, no texto ABCIBER - Associação Brasileira de Pesquisadores em
Cibercultura, do professor Dr. Eugênio Trivinho, apresenta as principais informações acadêmicas
e institucionais sobre a entidade, relatando sua história, estrutura e metas.
Demonstrando os pontos centrais debatidos durantes os eventos, foram elencadas palavras
chave utilizadas pelos pesquisadores nos papers. Cibercultura, Comunicação, Redes Sociais,
Internet, Educação e Jornalismo (WebJornalismo) são aquelas que apresentam maior incidência
nas pesquisas, embora seja necessário relatar que há uma grande variedade de palavras-chave.
De qualquer forma, essas seis elencadas permitem caracterizar o mote central que tem
desenhado a instituição nos últimos 4 encontros.
No primeiro evento as apresentações foram feitas a partir de mesas temáticas. Em 2008, no
segundo encontro, criados eixos temáticos para apresentação dos trabalhos. Mas foi a partir de
2009 que isso fica mais caracterizado, sendo designados 7 eixos. Foram eles: - Redes sociais,
Identidade e Sociabilidade; Entretenimento, Práticas Socioculturais e Subjetividade; Vigilância,
Ciberativismo e Poder; Educação e Aprendizagem; Jornalismo e Novas Formas de Produção da
Informação; Mobilidade, Redes e Espaço Urbano e Estéticas e Ciberarte. Em 2010 há uma
continuidade, alguns mudam de nome e surgem mais 3 eixos. Ficando então definidos os
seguintes: 1. Redes Sociais, Comunidades Virtuais e Sociabilidade; 2. Jogos, Mundos Virtuais e
Ambientes Colaborativos (P2P); 3. Entretenimento, Produção Cultural e Subjetivação; 4.
Biopolítica, Vigilância e Ciberativismo; 5. Políticas, Governança e Regulação da Internet; 6.
Educação, Processos de Aprendizagem e Cognição; 7. Jornalismo, Mídia livre e Arquiteturas da
Informação; 8. Mobilidade, Espaço Urbano e Movimentos Sociais; 9. Estéticas, Coletivos e
Práticas Artísticas e 10. Publicidade, Comércio e Consumo.
Houve significativa ampliação no número de trabalhos do primeiro evento, se comparado com os
encontros posteriores. Um detalhe interessante é com referência a titulação dos pesquisadores
participantes. Houve uma diversificação congregando mestres, especialistas e profissionais,
além de estudantes de pós-graduação. Isto significa que a associação tem atingido seus
objetivos no sentido de desenhar e consolidar seu espaço, não só na atualidade, mas que a
temática se revela como futuro, pois é possível afiançar o crescimento significativo de trabalhos
e de participações, especialmente junto a alunos dos programas de pós-graduação, conforme
demonstra a tabela abaixo.
Fazendo a média dos trabalhos dos 4 eventos, verifica-se que foram apresentando mais de 146
trabalhos/ano. A tabela abaixo demonstra de forma mais detalhada a distribuição por evento,
evidenciando o número de trabalhos, a titulação dos autores e a modalidade de apresentação.
Tabela 25
Trabalhos apresentados nas ABCiber, anos de 2006 a 2010
Titulação dos autores Modalidade
(individual/grupo) Evento
Número de
trabalhos Doutor Outros Não
informado Individual Grupo
Total 587 181 592 49 419 168
Simpósio de Fundação – 2006 28 26 0 2 28 0
II Simpósio da AbCiber – 2008 139 49 118 3 106 33
III Simpósio da AbCiber – 2009 214 51 251 14 148 66
IV Simpósio da AbCiber – 2010 206 55 223 30 137 69
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010
Com referência as regiões geográficas, a entidade encontra sua representação no Sudeste,
talvez pelo fato de seu congresso ser realizado em estados dessa região, embora seja possível
encontrar alguns trabalhos das regiões Nordeste e Sul.
Outro dado importante é que grande parte dos trabalhos estão na modalidade individual,
representando 71% (419 trabalhos), demonstrando que na área, parte significativa dos
pesquisadores, ainda realiza suas investigações de forma independente.
A entidade mantém campanha de filiação e também tem priorizado, além dos materiais
disponíveis em seu site, diversos textos, artigos e pesquisas sobre cultura digital. Um exemplo é
a publicação “A cibercultura e seu espelho: campo de conhecimento emergente e nova vivência
humana na era da imersão interativa”, e-book94, lançado em 2010.
Cultiva um programa Institucional de Incentivo a Produção Científica e Cultural. Em linhas gerais,
a ação objetiva fomentar a produção “bibliográfica e artística no campo interdisciplinar de
estudos da cibercultura, entendida em sentido amplo, como categoria referente às configurações
socioculturais contemporâneas articuladas por tecnologias e redes digitais (cf. Artigo 8, inciso I,
do Estatuto da Associação)”.
Dividido em duas etapas: Coleção ABCiber, projeto editorial de textos sobre cultura digital, que
tem como escopo a proposição, seleção, publicação e divulgação de e-books de características
científicas e reflexivas; e a Documenta ABCiber de arte digital, que conta com o projeto curatorial
e editorial de poéticas digitais, contemplando a seleção de curadorias de exposição, organização
de workshops e catálogos de arte digital.
Ambos os projetos consideram não somente produções nacionais, mas internacionais e estão
disponíveis no site da associação para consulta. Assim, conforme relato no site, a ACBiber
atende o “(...) o principal legado de uma associação de pesquisadores: contribuir, em sentido
extenso, para o desenvolvimento científico, cultural e tecnológico do país, em partilha necessária
do conhecimento produzido no contexto internacional”.
94 O livro pode ser consultado no espaço: http://www.abciber.org/publicacoes/livro1
Também demonstrando sua participação social e de interação com seus pares, em nota pública,
disponível na página web, há uma moção em “Defesa da Liberdade e do Progresso do
Conhecimento na Internet Brasileira”, evidenciando a atuação para além dos pontos circunscritos
ao campo universitário.
3) Comunicação Organizacional e Relações Públicas
A Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas
(ABRAPcorp)95, fundada 2006, com o objetivo geral de estimular o fomento, a realização e a
divulgação de estudos avançados dessas áreas no campo das Ciências da Comunicação, foi a
entidade escolhida.
É uma entidade plural, pois além de abrigar pesquisadores, professores, profissionais e alunos
interessados nas discussões sobre a Comunicação Organizacional e as Relações Públicas,
também oferece cursos e apóia eventos técnicos e científicos de Comunicação. É responsável, a
partir da 8ª edição pela Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas
(Organicom), Qualis-B pela CAPES, lançada no segundo semestre de 2004, que abriga textos
que buscam evidenciar os avanços dos estudos das áreas de Comunicação Organizacional e
Relações Públicas no Brasil. A revista também está vinculada ao “Programa de Pós-Graduação
em Ciências da Comunicação da ECA-USP e ao curso de Especialização (lato sensu) de Gestão
Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas (GESTCORP), do
Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA-USP”.
Foi durante o primeiro I Fórum de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações
Públicas, no ano de 2005, realizado na Escola de Comunicações e Artes da ECA-USP, que
nasceu a proposta da criação da entidade. O fator motivador era que essas áreas tivessem
maior representatividade para junto as Ministério de Ciência e Tecnologia, ao CNPq e aos
demais órgãos de fomento a pesquisa científica, bem como na própria comunidade da área de
Comunicação do País. Em maio de 2006, em sessão especial do Fórum Nacional em Defesa da
95 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 9, o texto “A História da Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas (Abrapcorp)”, da professora Dra. Margarida Kunsch, que traça um panorama geral sobre a entidade.
Qualidade do Ensino de Comunicação (Endecom), realizado pela Intercom e pela Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, foi aprovado o Estatuto da entidade.
A instituição tem como objetivo central o estudo a comunicação sob todas as perspectivas e
aplicações, com mote central às pesquisas nos campos da Comunicação Organizacional e das
Relações Públicas. Atualmente sua Diretoria Executiva, tem a frente: Ivone de Lourdes Oliveira
(PUC-Minas), Presidente e Rudimar Baldissera (UFRGS), Vice-Presidente.
Desde 2007 vem realizando seus congressos periodicamente. Nos primeiros eventos os
trabalhos foram apresentados nos Grupos de Trabalhos temáticos. A partir de 2011 as Mesas
Temáticas substituem os Grupos de Trabalhos (GT's).
O site96 da instituição, bem organizado e atualizado, disponibiliza diversas informações sobre as
atividades da entidade, além dos anais dos eventos, também links, acesso a revista Organicom e
outras informações importantes da Abrapcorp.
Com referência aos eventos, foram 4 edições. O primeiro ocorrido em 2007, teve o apoio do
CNPq, Capes, Fapesp, Intercom, Aberje, SA Comunicação e Companhia Vale do Rio Doce.
Patrocínio da Odebrecht, Santander e Klabin, evidenciando uma clara aproximação entre a
academia e as empresas. O I Congresso deve como tema central A Comunicação
Organizacional e as Relações Públicas no século XXI: um campo acadêmico e aplicado de
múltiplas perspectivas foi realizado em São Paulo, na ECA-USP, onde também se comemorou
40 anos do Curso de Relações Públicas da ECA-USP. Os convidados internacionais que
participaram dos painéis e da conferência foram: Antoni Noguero i Grau (Univ. Autónoma de
Barcelona); Linda Putnam (Texas A&M University, EUA); Larissa Grunig (University of Maryland,
EUA); Antonio Castillo Esparcia (Universidad de Málaga, Espanha) e Maria Antonieta Rebeil
Corella (Universidad Ánáhuac - México).
No II Encontro, em 2008, foram ampliados os apoios. O evento ocorreu no mês de abril, na
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e contou com patrocino da Fapesp, Capes,
Governo Federal, Fapemig, Vale, Basf, Alcoa, Odebrecht, Cemig, Fiat, Petrobras, Acelor Mittal,
além do contribuição de diversas instituições. Teve como tema central Comunicação,
Sustentabilidade e Organizações. Como convidados internacionais estiveram presentes: Stanley 96 Acesso em www.abrapcorp.org.br
Deetz (Universidade do Colorado em Boulder -EUA) e Arlette Bouzon (Universidade de Toulouse
III -França).
Comunicação, Humanização e Organizações foi o tema do III Congresso da Entidade, realizado
na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, em São Paulo, no mês de abril de 2009.
Foram 6 grupos temáticos, duas conferências proferidas pelos professores Dennis Mumby
(University of North Carolina at Chapel Hill - USA) e Elizabeth Toth (University of Maryland -
USA), além do I Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e Relações Públicas.
Ocorreram, como nos anos anteriores, oficinas destinadas aos alunos de graduação e foi criado
do "Espaço para Iniciação Científica", dedicado à apresentação de projetos e pesquisas
experimentais. O evento contou com a participação de cerca de 500 congressistas, provindos de
diversas regiões do país. Foi organizado com conferências internacionais, mesas-redondas,
painéis e o II Fórum de Debates sobre as bases de Comunicação Organizacional e Relações
Públicas. O evento contou com o apoio Capes e Fapesp , o apoio da Associação Brasileira de
Comunicação Empresarial (Aberje), da Intercom e da Federação Brasileira das Sociedades
Científicas e Associações Acadêmicas (Socicom).
Finalmente, o IV Congresso Abrapcorp 2010, que abordou a temática Relação Pública:
Interesses Públicos e Privados, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), no mês de maio de 2010. Participou como convidada internacional a professora
Sandra Massolini, da Universidad de Rosario (Argentina). Contou com seis Grupos Temáticos e
a realização do III Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e Relações Públicas.
As sessões voltadas exclusivamente para alunos de graduação, contou com oficinas e o “Espaço
para Iniciação Científica”, que abrigou os resultados de trabalhos monográficos e de pesquisas
de iniciação científica. Contou com o apoio da PUCRS e da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS).
Em 2011, no mês de maio, na Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom), na cidade de São
Paulo realizará o V encontro. A programação contará com convidados internacionais, painéis,
mesas temáticas e a realização do V Fórum de Debates sobre Comunicação Organizacional e
Relações Públicas. O tema central: Redes Sociais, Comunicação e Organizações. Participarão
com convidados internacionais os professores: João Pissarra Esteves, da Universidade Nova de
Lisboa; Peter Monge e Janet Fulk, ambos da University of Southern California.
Dentre as entidades pesquisadas a Abrapcorp tem sido a entidade que mais tem conseguido
estimular, através dos apoios e patrocínios que vem recebendo, a participação do mercado
profissional junto com atividades acadêmicas. Por exemplo, a Construtora Norberto Odebrecht,
que permitiu a seleção, em 2011, de 10 trabalhos de Iniciação Científica para apresentação no
Congresso da entidade. Essa parceria tem permitido a manutenção do Espaço de Iniciação
Científica, cujo objetivo principal é “incentivar a participação dos estudantes de Graduação dos
Cursos de Comunicação Social, nas atividades realizadas pela Abrapcorp, potencializando-os
como futuros associados”; além de “estimular os estudantes de Graduação a se engajarem em
projetos de iniciação científica com a finalidade de contribuir com pesquisas nas áreas de
Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, e; contribuir para o desenvolvimento
intelectual dos estudantes, promovendo o intercâmbio de experiências entre eles e as
Instituições de Ensino Superior” (ABRAPCORP, 2011, web).
Também para o evento de 2011, a instituição contou com apoios e patrocínios não somente de
instituição de ensino, pesquisa e fomento, mas com empresas, evidenciando a aproximação da
entidade com o mercado profissional. Dentre eles, podem ser citados: Vale, Odebrecht, Alcatel-
Lucent, GMB, Maxpress-Boxnet, CNPq, Fapesp, Capes, Vivo, Nestlé, Klabin, Banco Santander
Banespa, Arcelor Mittal, Nós da Comunicação, Aberje, Abracom, Conferp, ABRP SP, Sinprorp e
Conrer 2ª Regiao, entre outros. O apoio mencionado ocorre também em termos de participação
efetiva no evento, onde convidados de empresas apresentam trabalhos e permitem a discussão
para além dos muros da universidade, estabelecendo uma relação de complemento entre a
teoria e a práxis.
Outra contribuição bastante interessante não só para os profissionais da área, mas estudantes e
pesquisadores é a Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas
(Organicom), que figura na lista dos periódicos científicos da CAPES-Qualis Nacional B. Lançada
em 2004, tem periodicidade semestral, traz artigos, depoimentos, resenhas, entrevistas e
pesquisas de especialistas nacionais e internacionais, tanto do mercado como do meio científico.
Isso tem possibilitado o enriquecimento das discussões teóricas e aplicadas das áreas de
Relações Públicas (RP) e Comunicação Organizacional (CO), sob os princípios da ética.
É interessante observar que em cada edição a Organicom publica um dossiê temático, que
abarca temas de interesse para estudantes, pesquisadores e profissionais que atuam no
ambiente corporativo. “A revista também está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Comunicação da ECA-USP e ao curso de Especialização (lato sensu) de Gestão
Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas – GESTCORP, do
Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA-USP” (ABRAPCORP,
2011, site).
Fazendo uma análise das contribuições da entidade com referência aos trabalhos apresentados
em seus eventos, a tabela abaixo demonstra alguns números,
Tabela 26
Trabalhos apresentados na Abrapcorp, anos de 2007 a 2010 Número de Trabalhos
GT 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Total de Trabalhos 55 54 52 60 221 Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação
organizacional e relações públicas. (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos em comunicação organizacional e relações
públicas, a partir de 2008)
12 6 6 8 32
Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações. (Processos, políticas e estratégias de comunicação
organizacional, a partir de 2009) 14 12 14 18 58
Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas organizações
8 5 10 11 34
Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade organizacionais, a partir de 2009)
8 6 10 11 35
Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e responsabilidade social
7 8 6 5 26
Comunicação pública, governamental e política 6 7 6 7 26 Processos, políticas e estratégias de comunicação em
organizações privadas. - 10 - - 10
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Pode ser observado que há uma constância no número de trabalhos, sendo os temas mais
debatidos “Gestão, Processos, Políticas e Estratégias de Comunicação nas Organizações”, que
a partir de 2009 incorporou em seu nome a Comunicação Organizacional, passado a chamar-se
“Processos, Políticas e Estratégias de Comunicação Organizacional”, sendo possível observar
que o número de trabalhos vem crescendo anualmente. A temática que tratava sobre
organizações privadas somente recebeu trabalhos em 2008. Não foi possível identificar se houve
alguma atividade atípica no cenário social capaz justificar o número de pesquisas recebidas.
Foram 221 trabalhos apresentados nos 4 encontros, representando uma média de 55 trabalhos-
ano. Fazendo uma análise mais detalhada das quantidades de pesquisas, por modalidade
individual e em grupo, a tabela abaixo demonstra esses números,
Tabela 27 Trabalhos apresentados nas modalidades individuais (I) e em grupo (G)
nos eventos da Abrapcorp, anos de 2007 a 2010 2007 2008 2009 2010 Total
GT I G I G I G I G I G
Total
40 15 34 20 39 13 44 16 157 64 221 Totais de Trabalhos
55 54 52 60 221 - Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação organizacional e relações públicas (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos em comunicação organizacional e
relações públicas, a partir de 2008).
12 0 2 4 6 0 6 2 26 6 32
Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações. (Processos,
políticas e estratégias de comunicação organizacional, a partir de 2009).
9 5 8 4 9 5 13 5 39 19 58
Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas organizações
4 4 3 2 7 3 11 0 25 9 34
Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade organizacionais, a partir de 2009)
6 2 3 3 6 4 8 3 23 12 35
Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e responsabilidade social.
5 2 4 4 5 1 3 2 17 9 26
Comunicação pública, governamental e política. 4 2 6 1 6 0 3 4 19 7 26
Processos, políticas e estratégias de comunicação em organizações privadas.
- - 8 2 - - - - 8 2 10
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Há uma predominância na exposição de trabalhos individuais. Durante o período foram
apresentadas 157 pesquisas, representando 71% do total, enquanto em grupo foram 64
trabalhos (29%). Em todos os GTs a predominância se mantém basicamente a mesma.
Se analisada a distribuição das apresentações por regiões brasileiras, a tabela abaixo detalha
como tem sido essa opção.
Tabela 28
Trabalhos apresentados nas regiões brasileiras nos eventos da Abrapcorp, período 2007 a 2010
Totais - Região de Origem
GT Norte Nordeste Centro- Oeste
Sudeste Sul Interna- cional
Não Informado
TOTAIS 0 17 10 110 76 12 2
Teorias, história e metodologia dos estudos em comunicação organizacional e
relações públicas (Teorias, história e procedimentos metodológicos dos estudos
em comunicação organizacional e relações públicas, a partir de 2008)
0 5 1 15 5 5 0
Gestão, processos, políticas e estratégias de comunicação nas organizações.
(Processos, políticas e estratégias de comunicação organizacional,
a partir de 2009)
0 5 0 23 27 4 0
Comunicação digital, inovações tecnológicas e os impactos nas
organizações 0 0 2 18 14 2 0
Linguagem, retórica e análise dos discursos institucionais. (Estudos do discurso, da imagem e da identidade
organizacionais, a partir de 2009)
0 0 2 19 16 0 0
Relações Públicas comunitárias, comunicação no terceiro setor e
responsabilidade social 0 4 3 10 7 1 2
Comunicação pública, governamental e política
0 2 2 18 5 0 0
Processos, políticas e estratégias de comunicação em organizações privadas
0 1 0 7 2 0 0
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Essa tabela foi construída com base na informação do pesquisador, que disponibiliza em seu
paper qual a região da instituição que está representando (normalmente o Estado). Vale
mencionar que houve pesquisadores que mencionaram mais de uma região e nesses casos
específicos foram contabilizados para todas as regiões informadas. As Regiões Sudeste, com
110 pesquisadores (48%) e Sul, com 76 pesquisadores (33%), são as mais representadas. A
Região Norte não teve contabilizado nenhum trabalho. Isso, talvez, possa ser justificado pela
distância em relação à localidade onde os eventos foram realizados, no período. Um destaque
deve ser dado a presença internacional, com 12 pesquisas no período, representando 5%.
Fazendo uma análise mais detalhada por ano, por região, observa-se que não houve aumento
significativo de um ano para outro com referência a quantidade de representantes de cada
localidade. Inclusive o número de participantes internacionais vem mantendo a média de 2 por
ano.
Observando e analisando a titulação dos pesquisadores, há uma representativa quantidade de
doutores, se calculado sob o total das informações obtidas, representando 22% do total. Já na
categoria outros, onde podem ser incluídos estudantes de pós-graduação (mestrandos e
doutorandos), além de especialistas, profissionais, mestres e demais modalidades, verifica-se
uma maior concentração, embora haja ainda muitos participantes que não informam sua
titulação, sendo impossível realizar análises mais representativas.
A partir de 2011 as Mesas Temáticas substituem os GT’s das edições anteriores do Congresso
Abrapcorp. Isso ampliou as possibilidades de apresentação e o direcionamento dos temas em
conjuntos de afinidades. Os trabalhos são reunidos por agnações temáticas em até 10 mesas,
que serão apresentadas na programação do Congresso. Até o encerramento da pesquisa a lista
dos trabalhos aprovados não havia sido divulgada. Não foi possível localizar dados com
referência ao número de trabalhos submetidos anualmente e aqueles que são efetivamente
aceitos para apresentação.
4) Comunicação e Marketing Político
O Politicom97 nasceu sob a égide do professor Dr. Adolpho Queiróz, inicialmente como um
evento realizado na Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional. Como
um espaço de reflexão, ligado a uma das linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação
em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, objetivava reunir estudiosos
tanto da graduação, como do Pós-Graduação, além de profissionais em torno dos conceitos do
Marketing e da Propaganda Política.
Com o objetivo de estimular a pesquisa como forma a promover o intercâmbio, a reflexão crítica,
produzir conhecimento novo, sempre tratando de temas ligados ao contexto da comunicação na
atualidade, nos mais variados cenários, assim que nasceu o Grupo de Pesquisa sobre Marketing
Político, como atividade oficial no calendário da Cátedra Unesco. No ano de 2002, foi realizado o
I Seminário Brasileiro de Marketing Político, na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).
Inicialmente, com um grupo reduzido, mas não menos atuante, mestrandos, doutorados, alunos
de iniciação científica, sob o comando do professor Adolpho levaram adiante o projeto de criar,
no âmbito da Cátedra Unesco, a Rede Politicom de Pesquisa.
Desde então, com mais de oito anos de existência e muita produção, o grupo vem crescendo e
contribuindo significativamente para os estudos de Marketing Político e da Comunicação Política,
não somente em nosso País, mas as pesquisas têm alcançado âmbitos internacionais. Além de
uma produção, cujos temas tratam do marketing e da propaganda política, esse grupo vem
97 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 12, o texto “Politicom: o marketing político entre a pesquisa acadêmica e o mercado profissional”, do professor Dr. Adolpho Queiroz, traça um panorama da entidade.
promovendo anualmente, em diversas regiões, a Conferência Brasileira de Marketing Político,
inserindo essa temática na agenda acadêmica de muitas instituições. Os encontros, realizados
de forma voluntária, têm permitido a interação e a reflexão crítica de alunos da pós-graduação e
da graduação, mestres, professores e profissionais, bem como ampliado o campo de discussão,
incorporando cenários, contextos e diversidades regionais nos múltiplos espaços investigados,
quer nos âmbitos da Pós-Graduação e/ou da Graduação.
Criada oficialmente em outubro de 2008, durante a VII Conferência Brasileira de Marketing
Político, realizada na Faculdade "Prudente de Moraes", em Itu, no interior de São Paulo, a
POLITICOM (Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e
Marketing Político) tem procurado incentivar as discussões sobre propaganda e marketing
político, nos mais variados espaços de reflexão, principalmente durante seus encontros anuais.
Sua entusiasta diretoria tem procurado estreitar os laços com pesquisadores do Brasil,
estimulando a criação de diretorias regionais espalhadas pelo país, de forma a promover a
ampliação dos debates, evidenciando a comunicação como uma ferramenta para o Marketing
Político.
Traçado esse panorama mais geral, a pesquisa sistematizou os dados dos trabalhos
apresentados durante os vários eventos. Antes da disponibilização das tabelas que evidenciam a
variedade de apresentações, é necessário fazer uma breve síntese dos dois primeiros eventos,
realizados ainda em formato de grupo de Estudos.
O I Seminário Brasileiro de Marketing Político, realizado no ano de 2002, na Universidade
Metodista de são Paulo, teve como tema central: As contribuições do projeto de pesquisa sobre
"Propaganda Política" ao programa de pós-graduação em comunicação da Umesp. Contou com
a apresentação de trabalhos de 7 alunos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Instituição e mais 8 alunos do curso de graduação em Publicidade e Propaganda. A atividade
contou com aproximadamente 30 participantes. Os trabalhos foram apresentados no sistema de
mesas temáticas.
O segundo encontro também foi realizado na Unesp, no ano de 2003, contou com a
apresentação 3 painéis. Participaram 9 alunos do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação com apresentação de trabalhos e mais 3 alunos da Graduação em Publicidade e
Propaganda, todos da Unesp. Ainda não havia divisão de grupos de trabalho. Participaram como
ouvintes 60 pessoas, entre alunos e professores da instituição. É interessante observar o
crescimento significativo no número de participantes, tendo em um ano dobrado.
A partir do quarto seminário as apresentações das pesquisaras foram divididas em Grupos de
Trabalho. A tabela abaixo demonstra como ficou a distribuição das contribuições a partir da
mudança. É importante salientar que não havia Grupos de Trabalhos fixos, mas determinados de
acordo com as demandas das pesquisas inscritas no evento. Somente a partir de 2009 foram
definidos 8 GTs, que abarcam as mídias: Rádio; Televisão; Internet; Impresso (jornais/revistas),
contemplam também as especificidades de tipos de trabalhos, por exemplo, Projetos
experimentais. Há espaço para temas propostos, com a inserção do GT Temas livres.
Finalmente as especificidades em: Pesquisas eleitorais e imagem pública e Marketing pós-
eleitoral e comunicação governamental.
Tabela 29 Total de trabalhos apresentados no Politicom,
período 2004 a 2010 Número de trabalhos
GT 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais
TOTAL 18 16 29 29 43 38 31 204 Propaganda Política em Jornais e
Revistas 5 3 - 5 - - - 13
Projetos Laboratoriais de Graduação
7 - - - - - - 7
Temas Livres 6 - - - - - 5 11
Propaganda Política na Internet - 3 9 - - - - 12 Propaganda Política: Temas Gerais e Propaganda Política na Televisão
- 4 8 - - - - 12
Projetos Laboratoriais de Graduação e Propaganda Política
em Rádio - 6 7 - - - - 13
Propaganda Polïtica na Mídia TV - Rádio
- - 5 - - - - 5
Propaganda Política e Audiovisuais - - - 8 - - - 8 Propaganda Política, trabalhos de pesquisa aplicada em cursos de
graduação - - - 7 - - - 7
Propaganda Política, temas gerais - - - 9 - - - 9
Comunicações Científicas - - - - 26 - - 26
Políticas de Comunicação - - - - 17 - - 17
Rádio - - - - - 10 - 10
Televisão - - - - - 13 2 15
Internet - - - - - 6 7 13
Impresso (jornal/revista) - - - - - 4 3 7
Projetos Experimentais - - - - - 5 6 11
Pesquisas Eleitorais - - - - - - 3 3
Marketing Pós Eleitoral - - - - - - 5 5
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 O que se pode perceber é que há uma variedade de espaços definidos pela instituição que
congregam os estudos de Marketing Político e da Propaganda Política. Não há ainda uma
tendência ou uma expressividade com relação a um tipo de mídia ou mesmo com referência a
um tema específico.
O grupo de pesquisadores em Marketing Político tem estimulado a participação de estudantes
nas várias modalidades, recebendo pesquisas de graduação (Iniciação Científica), Trabalhos de
Conclusão de Curso, artigos, pesquisas em andamento, agrupando não somente estudantes dos
cursos de pós-graduação, mas de graduação, doutores e profissionais do mercado.
Durante os sete anos de realização do encontro há uma média de 29 trabalhos ano-evento, mas
se analisado por ano é possível observar o significativo aumento no número de adesões ao tema
e a atividade.
Com referência a modalidade de apresentação, a tabela abaixo evidencia as formas, detalhando
pelos grupos de trabalho definidos em cada evento-ano.
Tabela 30
Total de trabalhos apresentados no Politicom, por modalidade Individual (I) ou em Grupo (G),
período 2004 a 2010
Modalidade (individual/grupo)
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais
GT I G I G I G I G I G I G I G I G Totais
TOTAL 4 14 6 10 15 14 8 21 14 29 13 25 8 23 68 136 204 Propaganda Política
em Jornais e Revistas 3 2 2 1 - - 3 2 - - - - - - 8 5 13
Projetos Laboratoriais de Graduação
0 7 - - - - - - - - - - - - 0 7 7
Temas Livres 1 5 - - - - - - - - - - 3 2 4 7 11 Propaganda Política
na Internet - - 1 2 5 4 - - - - - - - - 6 6 12
Propaganda Política: Temas Gerais e
Propaganda Política na Televisão
- - 3 1 6 2 - - - - - - - - 9 3 12
Projetos Laboratoriais de Graduação e
Propaganda Política em Rádio
- - 0 6 1 6 - - - - - - - - 1 12 13
Propaganda Política na Mídia TV - Rádio
- - - - 3 2 - - - - - - - - 3 2 5
Propaganda Política e Audiovisuais
- - - - - - 4 4 - - - - - - 4 4 8
Propaganda Política, trabalhos de pesquisa
aplicada em cursos de graduação
- - - - - - 0 7 - - - - - - 0 7 7
Propaganda Política, temas gerais
- - - - - - 1 8 - - - - - - 1 8 9
Comunicações Científicas
- - - - - - - - 14 12 - - - - 14 12 26
Políticas de Comunicação
- - - - - - - - 0 17 - - - - 0 17 17
Rádio - - - - - - - - - - 3 7 - - 3 7 10
Televisão - - - - - - - - - - 6 7 1 1 7 8 15
Internet - - - - - - - - - - 3 3 2 5 5 8 13 Impresso
(jornal/revista) - - - - - - - - - - 1 3 0 3 1 6 7
Projetos Experimentais
- - - - - - - - - - 0 5 0 6 0 11 11
Pesquisas Eleitorais - - - - - - - - - - - - 0 3 0 3 3 Marketing Pós
Eleitoral - - - - - - - - - - - - 2 3 2 3 5
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Diferente das outras instituições o Politicom tem recebido mais trabalhos coletivos que
individuais, demonstram sua capacidade de aglutinação de pesquisas e a formação de uma rede
de investigadores que estudam a temática.
As pesquisas em grupo representam 67% (136 trabalhos) do total apresentado, nos 7 eventos
realizados. Essa representatividade pode ser observada tanto nos grupos pesquisadores e
estudantes da pós-graduação, como nos alunos de graduação.
Tabela 31
Total de trabalhos apresentados no Politicom, por titulação, período 2004 a 2010
Totais GT
Doutor Outros Não
informado TOTAL 25 347 234
Propaganda Política em Jornais e Revistas 1 12 12
Projetos Laboratoriais de Graduação - - 44
Temas Livres 1 18 6
Propaganda Polïtica na Internet 1 13 9
Propaganda Política: Temas Gerais e Propaganda Política na Televisão
- 13 3
Projetos Laboratoriais de Graduação e Propaganda Política em Rádio
2 45 22
Propaganda Política na Mídia TV - Rádio 1 18 1
Propaganda Política e Audiovisuais 2 9 3
Propaganda Política, trabalhos de pesquisa aplicada em cursos de graduação
1 24 21
Propaganda Política, temas gerais 2 14 6
Comunicações Científicas 0 0 0
Políticas de Comunicação 0 104 5
Rádio 2 9 18
Televisão 1 1 25
Internet 5 9 13
Impresso (jornal/revista) 3 4 15
Projetos Experimentais 0 44 30
Pesquisas Eleitorais 2 4 0
Marketing Pós Eleitoral 1 6 1 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante observar que participam do evento um número significativo de doutores, se
comparado com o total de titulação, cerca de 4%, porém a grande representatividade está em
estudantes de pós-graduação e de graduação, mestres, especialistas e profissionais, perfazendo
o total de 347, nos 7 anos de evento, significando 57%. Embora seja necessário observar que há
um número bastante grande (234) de trabalhos onde não foi possível identificar a titulação do(s)
autor(es). É possível avaliar que o fato de estar recebendo adesão, principalmente, de
estudantes e de profissionais demonstra o perfil da entidade, que é o de abrir espaço de
pesquisa para esse tema, ainda considerado como emergente dentro do cenário da
Comunicação.
Marketing Político, Propaganda Política, Publicidade Eleitoral, Publicidade Política, Comunicação
Política; Campanha Eleitoral são as palavras-chave que mais são utilizadas nos trabalhos
apresentados.
A região Sudeste representa parte significativa de toda a apresentação de trabalho, superando a
marca dos 80%. O estado que mais participa é São Paulo, seguindo de Rio de Janeiro e Minas
Gerais. Há alguns trabalhos internacionais, especificamente da Espanha, mas que no cômputo
geral não alteram os dados estatísticos.
É necessário ressaltar o apoio para realização dos eventos que a entidade vem recebendo ainda
é insipiente. O que foi observado é que as atividades têm recebido apoio das universidades sede
dos eventos e da Cátedra Unesco de Comunicação. Somente em 2010 é que aparece a
Fundação Konrad Adenauer Stiftung, o Jornal Liberal, A Rádio Você AM 580, a Prefeitura de
Americana e a VF. Isso demonstra a força de ação em grupo e o empenho dos pesquisadores
da entidade para que o espaço de discussão seja realmente possível.
Outro desafio que se desenhou inicialmente para o grupo foi a produção de conhecimento novo.
Assim, na linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Umesp, liderada pelo professor
Adolpho Queiróz, nasceu o projeto "A história da propaganda política no Brasil Republicano". Os
resultados, apresentado por um contingente muito participante pode ser visto através das várias
dissertações de mestrado, teses de doutorado e trabalhos de iniciação científica, quer orientados
pelo próprio Adolpho Queiróz, mas e também pelos discípulos desse grupo.
Além dos livros e da Revista Brasileira de Marketing Político, que está no IV ano de edição (nº 5,
de janeiro/julho de 2011), estão os e-books lançados a partir dos congressos nacionais, dentre
os quais podem ser citados: A propaganda política no Brasil contemporâneo (2008); Marketing
internacional, a propaganda ideológica diante da globalização (2009) e Eleições brasileiras,
estratégias de propaganda política (2010)98, que superam 25 mil acessos.
Mudança, movimento, amadurecimento, evolução, participação, crítica. São ações fundamentais
para a manutenção de um estado democrático. Assim, é preciso olhar para o marketing político
como uma ferramenta de conhecimento, capaz de ampliar a visão para além da simples eleição
e das escolhas partidárias individuais. No Brasil o marketing político brasileiro vem evoluindo a
passos largos. Cada vez mais ferramentas de análise científica, aliadas à ética e utilizada por
profissionais talentosos e competentes são a marca registrada desse desenvolvimento e esse
cenário está disponibilizado em várias ações organizadas pelo grupo que compõe a entidade.
5) Economia Política da Comunicação
A formação da Ulepicc99 é um pouco diferente da concepção de outras instituições científicas.
Foi em Buenos Aires, em 2001, quando da aprovação da Carta de Buenos Aires, que reconhecia
o campo da Economia Política de Comunicação (EPC) como um espaço de atuação, que as 98 Volumes disponíveis para acesso gratuito em http://encipecom.metodista.br/mediawiki/index.php/POLITICOM, pesquisado em março de 2011. 99 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 8, o texto “ULEPICC-Brasil: a institucionalização da EPC brasileira”, escrito pelos professores Drs. Valerio Brittos e Cesar Bolaño traçam um panorama geral da entidade.
sementes da instituição foram plantadas. No mesmo ano (2001) foi realizado um segundo
encontro, em Brasília, onde as bases de formação da entidade foram sedimentadas. Em julho de
2002, durante o III no III Encuentro Latino de Economia Política de la Comunicación, na cidade
de Sevilha, foi realizada a assembléia de fundação da União Latina de Economia Política da
Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC)100.
Como consta no site da entidade, a mesma foi criada como uma Federação, capaz de abrigar o
que é chamado de “Capítulos nacionais: a ULEPICC-Espanha (http://www.ulepicc.es ), fundada
em março de 2002 e presidida por Ramón Zallo (Universidad del País Vasco), a ULEPICC-Brasil
(http://www.ulepicc.org.br), fundada em março de 2004 e a ULEPICC-Moçambique
(http://ulepiccmozambique.blogspot.com ), criada em junho de 2008 e presidida por João Miguel
(Universidade Eduardo Mondlaner, Maputo)” (ULEPICC, 2011, web).
Centrando as análises dessa investigação no Capítulo Brasil, onde a primeira ação em âmbitos
mais amplos buscava a aproximação entre programas de pós-graduação em comunicação e
ciências afins, pesquisadores, estudantes, bem como de organizações da sociedade civil, de
forma a possibilitar a promoção do debate sobre o papel da EPC na sociedade contemporânea,
além do diálogo entre a EPC e campos afins na área da Comunicação.
A ULEPICC-Brasil, tem como desafios a articulação acadêmica com os demais espaços voltados
para EPC em âmbitos nacional e internacional.
O 1° Encontro da ULEPICC-BRASIL, teve como tema central Economia política da
comunicação: interfaces acadêmicas e sociais do Brasil e foi realizado no mês de outubro de
2006. Também foi nesse espaço que ocorreu o primeiro encontro de Grupos de Pesquisa.
A instituição passou por dois pleitos que definiram as juntas diretivas de 2004 a 2006 e de 2006
a 2008, presidida por Valério Brittos (UNISINOS,RS) e 2008 a 2010, presidente: Anita Simis
(UNESP, SP).
Foram realizados 3 Encontros Nacionais. Em 2006, realizou-se o I Encontro da ULEPICC-Brasil,
teve como tema central “Economia Política da Comunicação: Interfaces Sociais e Acadêmicas do
100 Informações detalhadas podem ser obtidas na página web, disponível em: http://www.ulepicc.org, acesso em março de 2011.
Brasil”, na Universidade Federal Fluminense, Niterói. O II Encontro da ULEPICC-Brasil, em 2008,
teve como temática “Digitalização e Sociedade” e ocorreu na Universidade Estadual Paulista,
Bauru, São Paulo. O III Encontro da ULEPICC-Brasil, em 2010, teve como tema central “A
formação da Economia Política da Comunicação e da Cultura no Brasil e na América Latina:
conquistas e desafios” e foi realizado na Universidade Federal de Sergipe, em Sergipe.
Desses eventos, a tabela abaixo demonstra os números de trabalhos apresentados, separados
por ano,
Tabela 32
Total de trabalhos apresentados no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010
Número de trabalhos GT
2006 2008 2010 Totais
TOTAIS 60 87 73 220
Tecnologias de Informação e Comunicação 18 - - 18
Políticas de Comunicação 18 12 14 44
Estudos Culturais 12 - - 12
Comunicação Comunitária 12 - - 12
Políticas Culturais e Economia da Cultura - 10 29 39
Indústrias Midiáticas - 37 12 49
Comunicação Pública, Popular ou Alternativa - 17 9 26
Teorias - 11 - 11
Teorias e Temas Emergentes - - 9 9
Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010
Foram 220 trabalhos apresentados, em três eventos, perfazendo uma média de 73 trabalhos por
evento. Indústrias Midiáticas é o Grupo de maior representatividade, com 49 pesquisas, 22% do
total, embora em 2010 tenha ocorrido uma redução bastante significativa no número de trabalhos
apresentados. Políticas de Comunicação (44), representando 20%, é o segundo em número de
trabalhos.
Ainda não há uma definição fixa para os grupos de pesquisa, evidenciando que a entidade está
se estruturando e buscando definir suas linhas de atuação.
Tabela 33 Total de trabalhos apresentados por modalidade Individual (I) ou Grupo (G)
no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010 Modalidade (individual/grupo)
2006 2008 2010 Totais GT
I G I G I G I G
49 11 68 19 61 12 178 42 TOTAIS
60 87 73 220 Tecnologias de Informação e
Comunicação 16 2 0 0 0 0 16 2
Políticas de Comunicação 14 4 12 0 11 3 37 7
Estudos Culturais 9 3 - - - - 9 3
Comunicação Comunitária 10 2 - - - - 10 2 Políticas Culturais e Economia da
Cultura - - 9 1 24 5 33 6
Indústrias Midiáticas - - 28 9 10 2 38 11 Comunicação Pública, Popular ou
Alternativa - - 11 6 8 1 19 7
Teorias - - 8 3 - - 8 3
Teorias e Temas Emergentes - - - - 8 1 8 1 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 É interessante observar que na ULEPICC-Brasil, como na maioria das outras instituições
analisadas, os pesquisadores ainda continuam ilhados nos campi universitários produzindo suas
reflexões de forma individual e os espaços dos congressos atendem a perspectiva de divulgação
científica.
Dos 220 trabalhos apresentados nos três anos, 178 pesquisas (81%) tinham um único autor.
Olhando a tabela mais detalhadamente, observa-se que essa tendência se manifesta durante
todo o período e em todos os grupos de pesquisa.
Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentaram seus trabalhos, a tabela abaixo
faz uma síntese dessas apresentações,
Tabela 34 Total de trabalhos apresentados por titulação no ULEPICC-Brasil, período 2006 a 2010
Totais
GT Doutor Outros
Não Informado
Totais 48 127 107
Tecnologias de Informação e Comunicação 4 15 1
Políticas de Comunicação 15 23 13
Estudos Culturais 2 14 0
Comunicação Comunitária 4 8 2
Políticas Culturais e Economia da Cultura 1 11 41
Indústrias Midiáticas 7 25 30
Comunicação Pública, Popular ou Alternativa 7 21 14
Teorias 5 9 1
Teorias e Temas Emergentes 3 1 5 Fonte: Dados dos autores, dezembro de 2010 Do total de pesquisadores que apresentaram seus trabalhos nos três anos em que os eventos
foram realizados, 48 (17%) são doutores, 45% (127) são doutorandos, mestrandos, mestres,
especialistas ou graduados e 107 pesquisadores (38%) não informaram sua titulação. É
representativa a participação de doutores, mestres, especialistas e estudantes dos programas de
pós-graduação. Isso reforça a perspectiva de crescimento no número de pesquisas, bem como o
desenvolvimento de investigações e atividades que representem uma contribuição para o
campo.
É importante mencionar que há uma rede de pesquisadores, formada no ano de 1992, quando
da constituição do GT de Economia Política das Telecomunicações, da Informação e da
Comunicação (Eptic) no âmbito da Intercom. Esse grupo tem marcado de forma bastante
substanciosa a participação internacional e a inserção do tema interdisciplinar da Economia
Política para além dos âmbitos universitários.
A Rede Eptic vem realizando diversos eventos internacionais em países como: Argentina,
Espanha, Brasil, México. Além dessas atividades há o Portal Eptic101, que disponibiliza
conteúdos na área de Economia Política da Comunicação, “incluindo livros digitais, teses,
dissertações, monografias, textos para discussão, boletim noticioso e uma revista acadêmica, de
periodicidade quadrimestral, a Eptic On line-Revista Electrónica Internacional de Economía de
las Tecnologías de la Información y de la Comunicación” (EPTIC, 2011, web).
Em 2003 o Portal Eptic recebeu o recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação,
na modalidade Grupo Inovador, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação (Intercom) e “tem registrado mais de 130 mil acessos anualmente, articula uma
rede de pesquisadores de diferentes países da Europa e da América Latina, participantes de
diversos grupos de trabalho vinculados ao tema”. Há também a Biblioteca Eptic, que conta com
uma coleção sobre Economia Política da Comunicação, publicando títulos individuais e coletivos,
de pesquisadores do Brasil e do exterior, com oito títulos lançados. (EPTIC, 2011, web).
101 Disponível em www.eptic.com.br/, acesso em março de 2011.
6) Folkcomunicação
Foi no ano de 2004 que formalmente foi constituída a Organização não governamental Rede
Folkcom102 - Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação. A Rede surgiu a partir de um
desafio lançado pelo professor José Marques de Melo, durante o VI Encontro Brasileiro de
Folkcomunicação, no ano de 2003, para um grupo de estudiosos da comunicação.
Assim, José Marques de Melo, Roberto Benjamin, Cristina Schimidt, Rosa Nava, Marlei Sigrist,
Maria Cristina Gobbi, Alfredo D’Almeida, Marcelo Pires de Oliveira, Joseph Luyten (in memoriun),
Samantha Castelo Branco, Severino Lucena, Osvaldo Trigueiro, Fábio Rodrigues Corniani,
Betania Maciel, Sérgio Gadini, Lílian Assumpção, José Carlos Aronchi, Esmeralda Villegas,
Carlos Nogueira, Antonio Barros, Osvaldo Trigueiro, Zeeida Assumpção, Karina Woitowicz,
Rosangela Maçolla, Sebastião Breguez, Guilherme Rezende, Elizabeth Gonçalves, Daniel
Galindo, entre outros aceitaram o estímulo e sob a liderança da professora Dra. Cristina Schimidt
criaram a Rede Folkcom, em 2004.
A Rede Folkcom está aberta para a participação de pesquisadores, professores e estudantes
que se interessam pelos estudos da folkcomunicação. Ela tem como missão ser um núcleo
aglutinador de pesquisadores e estudiosos da folkcomunicação, geradora de reflexões,
estudando o folclore como um processo permanente de comunicação e a mídia como um meio
(SCHIMIDT, 2006).
102 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no Capítulo 13, o texto “Folkcom - Origens da entidade”, da professora Dra. Betania Maciel e o texto “Folkcomunicação: memória institucional”, da professora Dra. Cristina Schmidt, traçam um panorama geral da entidade.
Símbolo da Rede Folkcom criado por Marco Aurélio Biseno para a I Conferência Brasileira de Folkcomunicação, ocorrida
no ano de 1998, na Universidade Metodista de São Paulo.
O estudo sobre a folkcomunicação foi um dos principais legados de Luiz Beltrão em sua batalha
para conscientizar os estudantes de jornalismo quanto à comunicação coletiva e a seus múltiplos
desdobramentos. A atualidade da pesquisa desse pioneiro tem despertado o interesse de
diversos grupos, não só no Brasil, mas também na América Latina e em países europeus. Se,
por um lado, a rapidez da sociedade da informação possibilita a criação cotidiana de “um mundo
novo” de informações, com a oferta cada vez mais veloz de conhecimento exige, por outro, que
toda essa gama de dados que circulam pelas “infovias” comunicacionais faça parte do cotidiano
das pessoas quase que em tempo real. Esse ultimato se insere no mundo do trabalho, do lazer,
da economia, da política, da cultura em uma aparente cobrança da inserção do indivíduo nesse
contexto. Esse tem sido um dos motes principais de articulação da Rede (GOBBI, 2006).
Dentre as múltiplas atividades que desenvolve está a Conferência Brasileira de Folkcomunicação
- FOLKCOM103. Essa atividade iniciada em 1998, quando da realização do primeiro encontro,
sob a chancela da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, tem
permitindo entender e ampliar as opiniões dos processos da cultura brasileira, tendo como cerne
os estudos do professor Luiz Beltrão. Dentre os principais objetivos dessas Conferências anuais,
podem ser citadas: a) Permitir o conhecimento e a reflexão sobre o legado brasileiro na área de
teorias da comunicação, contidos nos estudos do Pioneiro Luiz Beltrão; b) Possibilitar a análise e
a interação entre as culturas regionais e a cultura global, a partir da mediação exercida pela
indústria cultural; c) Estimular a reflexão e a pesquisa dos fenômenos singulares do calendário
folclórico brasileiro, como por exemplo, o Natal, as festas populares e religiosas, o carnaval etc,
d) Implementar a Rede Folkcom de pesquisadores na área, entre outras (GOBBI, 2006)
Desde a primeira Conferência, realizada em 1998, várias temáticas foram debatidas e as
contribuições recebidas de diversos pesquisadores, não só do Brasil, mais internacionalmente.
Para se ter uma idéia dessas contribuições, disponibilizamos abaixo um breve panorama das
onze Conferências já realizadas.
Quadro 15 – Eventos Folkcom realizados
no período de 1998 a 2010 Ano Local Temática
1998 - I Folkcom São Paulo Folkcomunicação: disciplina científica 1999 - II Folkcom Minas Gerais Folkcomunicação e cultura brasileira 2000 - III Folkcom Paraíba Meios de comunicação, folclore e turismo
103 Maria Cristina Gobbi. Texto publicado no Anuário Unesco/Metodista nº 10. São Bernardo do Campo: Unesco/Metodista, 2006 e atualizado para essa publicação.
2001 - IV Folkcom Mato Grosso do Sul As festas populares como processos comunicacionais 2002 - V Folkcom São Paulo A imprensa do povo 2003 - VI Folkcom Rio de Janeiro Folkmídia: difusão do Folclore pelas indústrias midiáticas
2004 - VII Folkcom Rio Grande do Sul Folkcomunicação Política: a comunicação na cultura dos
excluídos
2005 - VIII Folkcom Piauí A comunicação dos pagadores de promessas. Do ex voto
à indústria dos milagres
2006 – IX Folkcom São Paulo Folkcomunicação e Cibercultura A voz e a vez dos excluídos
na arena digital
2007 – X Folkcom Paraná A comunicação dos migrantes: Fluxos massivos, contra-fluxos
populares
2008 – XI Folkcom Rio Grande do Norte Impasses teóricos e desafios metodológicos da
Folkcomunicação 2009 – XII Folkcom São Paulo Cultura Capira
2010 – XIII Folkcom Bahia Esteja a gosto, sabores e saberes populares: a
folkcomunicação gastronômica Fonte: Dados dos autores, março de 2011
Buscando ampliar a representatividade da pesquisa Folkcomunicacional, fazendo conhecer essa
teoria comunicativa legitimamente brasileira, um dos grandes desafios tem sido que o evento da
Rede seja realizado em diversas localidades brasileiras. Isso tem sido alcançado pela forte
atuação dos membros integrantes da Rede, que se predispõe a levar a atividade para suas
instituições. Por exemplo, para o ano de 2011 a XIV Conferência ocorrerá na cidade de Juiz de
Fora, em Minas Gerais, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Durante o evento será
celebrado os “40 anos de publicação da obra “Comunicação e Folclore” (Ed. Melhoramentos,
1971) de Luiz Beltrão e as trezes conferências já realizadas. Ao longo de trezes anos, o Folkcom
já debateu as relações entre a Folkcomunicação e o turismo, festas populares, ciência política,
jornalismo, gastronomia, migrantes e outros temas” (FOLKCOM, 2011, web).
Para essa pesquisa o período selecionado foi entre os anos de 2001 a 2010, assim, a tabela
abaixo evidencia como foram apresentados os trabalhos ao longo do período.
Tabela 35 Total de trabalhos apresentados na Folkcom,
no período 2001 a 2010
GT 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
TOTAIS 44 36 41 60 48 42 34 - 46 21 372
Simpósios Temáticos - - - - - - - - - - - As Festas Cívicas e Profanas
como Processos Comunicacionais 5 - - - - - - - - - 5
Folkcomunicação em Comunidades Negras e Indigenas
2 - - - - - - - - - 2
Folkcomunicação Midiática 3 - - - - - - - - - 3
Folkcomunicação Urbana 3 - - - - - - - - - 3
Folkcomunicação na Sociedade de Consumo
5 - - - - - - - - - 5
Folkcomunicação e Cultura Erudita 2 - - - - - - - - - 2 Processos Folkcomunicacionais:
da Produção à Recepção 4 - - - - - - - - - 4
Teoria e Metodologia da Folkcomunicaçao
4 - - - - - - - - - 4
Festas Paradigmáticas 8 - - - - - - - - - 8
Colóquios Acadêmicos 8 - - - - - - - - - 8 - - - - - - - - - - -
Seminário Monográfico - 3 - - - - - - - - 3 CTA 1 – Teoria e Pesquisa da
Folkcom - 4 - - - - - - - - 4
CTA 2 – Folkmídia nas Regiões Brasileiras
- 5 - - - - - - - - 5
CTA 3 – Folkcomunicação Urbana - 4 - - - - - - - - 4 CTA 4 – Folkcomunicação na
Internet - 5 - - - - - - - - 5
CTA 5 – Folkcomunicação Impressa
- 5 - - - - - - - - 5
CTA 6 – Ícones Folkmidiáticos - 2 - - - - - - - - 2 CTA 7 – Sagrado e Profano na
Folkcomunicação - 4 - - - - - - - - 4
CTA 8 – Tendências Regionais em Folkcomunicação
- 4 - - - - - - - - 4
- - - - - - - - - - - CTA 1 – Folkmídia: Gêneros e
Formatos - - 6 - - - - - - - 6
CTA 2 – Memória Folkmidiática - - 5 - - - - - - - 5 CTA 3 – Folkcomunicação
Diversional - - 7 - - - - - - - 7
CTA 4 – Folkcomunicação Utilitária
- - 5 - - - - - - - 5
CTA 5 – Folkcomunicação Religiosa
- - 5 - - - - - - - 5
CTA 6 – Folkcomunicação nas Festas Populares
- - 7 - - - - - - - 7
CTA 7 – Folkcomunicação Erótico-pornográfica
- - 3 - - - - - - - 3
CTA 8 – Folkcomunicação: Perspectivas Multidisciplinares
- - 3 - - - - - - - 3
- - - - - - - - - - - GT1 - - - 5 - - - - - - 5
GT2 - - - 6 - - - - - - 6
GT3 - - - 5 - - - - - - 5
GT4 - - - 7 - - - - - - 7
GT5 - - - 4 - - - - - - 4
GT6 - - - 6 - - - - - - 6
GT7 - - - 10 - - - - - - 10
GT8 - - - 5 - - - - - - 5
GT9 - - - 5 - - - - - - 5
GT10 - - - 7 - - - - - - 7
- - - - - - - - - - -
GT1 Teoria e Metodologia - - - - 9 5 7 - 10 - 31
GT2 Gêneros e formatos - - - - 7 6 10 - 0 - 23
GT3 Turística (*2) - - - - 5 6 4 - 18 - 33
GT4 Midiática - - - - 6 12 13 - 5 - 36
GT5 Política - - - - 7 4 0 - 0 - 11
GT6 Religiosa - - - - 14 9 0 - 0 - 23
GT - Cultura Caipira - - - - - - - - 13 - 13 - - - - - - - - - - -
GT1 - Folkcomunicação, Manifestações Urbanas e
Cyberculturais - - - - - - - - - 0 0
GT2 - Folkcomunicação, Religião e Festividades
- - - - - - - - - 7 7
GT 3- Folkcomunicação Midiática - - - - - - - - - 8 8 GT 4 - Folkcomunicação, Campos
de Pesquisa, Teoria e Metodologia
- - - - - - - - - 6 6
Fonte: Dados dos autores, março de 2011
Como pode ser observado na tabela não há nenhum critério ainda definido para os grupos de
trabalho. Em 2001 eles foram divididos em Simpósios Temáticos, com 8 sub-temas, também
houve apresentações em Festas Paradigmáticas e Colóquios Acadêmicos. No ano de 2002
ocorreram apresentações nos Seminário Monográfico e nos Grupos de Trabalhos, chamados de
CTAs. No ano de 2008 o evento foi o Pré-Congresso do Congresso da Intercom e não houve
apresentação de trabalhos em Grupos de Pesquisa. O evento foi organizado como um
seminário, com mesas temáticas com convidados. Em 2004 os GTs não foram nomeados. Em
2007 o GT3 Turística passa a ser chamado de Folkcomunicação Turística e Religiosa, unindo os
GTs 3 e 6. Em 2009 aparece como Folkcomunicação Política, Turística e Religiosa.
Diante da diversidade de temáticas e a falta de apresentações em grupos de trabalho ocorrida
no ano de 2008, não é possível verificar uma tendência para um grupo específico, mas observar
que a média de apresentações anuais tem se mantido. Exceção ao evento de 2010, que pode
ser justificado por ter sido realizado em Ilhéus, Bahia, localidade de com custos muitos elevado
para o deslocamento dos pesquisadores, especialmente estudantes.
Dentre os temas mais debatidas nos vários trabalhos apresentados podem ser destacadas:
manifestações da cultura (festas populares, religiosas etc e pesquisas realizadas em vários
estados), Teoria e Metodologia; folclore, cultura erudita e cultura de massa; Manifestações
espontâneas da Folkcomunicação; Folkcomunicação Turística e Intermediações folk-midiáticas
na Comunicação Social (Jornal, Rádio, TV, Publicidade/Propaganda, Cinema). O Grupo tem
definido como palavras-chave: Folclore; Folkcomunicação; Cultura brasileira, Folkcomunicação e
Turismo; Culturas Locais e Regionais.
Dos 371 trabalhos apresentados, 234 (63%) foram apresentações individuais e 137 (37%) em
grupo. Como nas outras entidades, as apresentações individuais predominam, embora ocorra
uma quantidade significativa de apresentações em grupo.
Outro dado que deve ser destacado é com referência a titulação dos participantes. Levando em
consideração aqueles que informaram titulação, 35% são estudantes de pós-graduação,
mestrandos, mestres, especialistas e profissionais da comunicação. São 8% de doutores, mas
grande parte dos trabalhos apresentados, ou autores não informaram a titulação, permitindo
assim somente aproximações.
Outro espaço de divulgação das pesquisas realizadas no âmbito do tema Folkcomunicação é o
NP Folkcomunicação, na Intercom. O NP tem como ementa104 básica o estudo do "processo de
intercâmbio de informações e manifestações de opiniões, idéias e atitudes da massa, através de
agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore" (Luiz Beltrão). Os objetivos buscam
estudar a interface que une a Comunicação e a cultura popular (folclore); oferecer condições
para uma reflexão permanente e aprofundada da cultura popular brasileira e seus impactos na
mídia (impressa, televisiva e radiofônica); possibilitar a troca de experiências entre teoria e
prática, bem como o diálogo interdisciplinar dos pesquisadores que atuam na área de
Folkcomunicação. Explora as seguintes interfaces explícitas: teoria e metodologia; folclore,
cultura erudita e cultura de massa; manifestações espontâneas da Folkcomunicação;
intermediações folk-midiáticas na publicidade, nas relações públicas; religiosas; na literatura; nas
telenovelas; no cinema e no turismo.
Também o grupo está representado mo GT 8 da ALAIC (Asociación Latinoamericana de
Investigadores de la Comunicación). Os encontros da ALAIC ocorrem a cada dois anos e a maior
participação na área da Folkcomunicação estão em contribuições da Argentina, Bolívia e Brasil.
É praticamente inexpressivo os trabalhos de outros países, especialmente os oriundos da
Europa e dos Estados Unidos. Dentre os temas mais representativos estão pesquisas que
evidenciam a cultura do país, especialmente as ligadas a música e a dança. É necessário
mencionar a grande dificuldade em realizar pesquisas conjuntas entre os vários países 104 Material disponível no site: www.intercom.org.br , pesquisado em março de 2011.
participantes dos encontros, quer por problemas de financiamento, quer pelas dificuldades
lingüísticas. Então em sua grande maioria, as pesquisas são apresentadas de forma individual.
Embora com espaço garantido não somente nas Conferências da Folkcomunicação, como nos
espaços do NP da Intercom e da Alaic, o que foi observado nos dados é a baixa participação dos
alunos da graduação em pesquisas que tratam da temática. Neste sentido há necessidade que
as universidades, através de seus professores, estimulem as investigações utilizando as teorias
Folkcomunicacionais, visando ampliar o leque de conhecimento e participação dos estudantes
na área.
Embora a Rede conte com site105, grande parte da produção está disponibilizada na
Enciclopédia Digital do Pensamento Comunicacional Latino-Americano (ENCIPECOL-AL)106, de
acesso gratuito e desenvolvida pela Cátedra Unesco de Comunicação. Comunicação.
Há muitos outros espaços que realizaram atividades buscando possibilitar que as pesquisas na
área de Folkcomunicação possam ser compartilhadas com a comunidade de pesquisadores na
área, dentre as quais citamos o DVD Ver & Entender Folkcomunicação, elaborado pelo professor
Dr. José Aronchi; o Jornal O Berro, publicado pela Unicap (Universidade Católica de
Pernambuco), editado pelo jornalista Ricardo Mello e o Fórum on-line “Os processos
Folkcomunicacionais e sua apropriação pela mídia”, pelo Centro Universitário Univates (RS), sob
a coordenação da profa. Elizete Kreutz.
A variedade de ações mostra algumas evidências sobre como a disciplina da Folkcomunicação
tem evoluído e ampliado o número de pesquisadores que vem realizando investigações nesse
campo de estudos e disponibilizado os resultados para a comunidade.
Com referência as temáticas folkcomunicacionais observamos que estas estão representadas,
embora haja uma variedade de temas que merecem ser investigados e de desafios ainda por
serem superados, como por exemplo: outros processos Folk, re-leituras da obra fundadora de
Luiz Beltrão e as análises que permeiam outros suportes (mídias ou outras formas de
expressões populares), como a pesquisa do professor José Marques de Melo, que estudou as
representações da cultura popular na Internet.
105 Site da Rede Folkcom: http://www.redefolkcom.org/. 106 Material disponível no site: www.metodista.br/unesco/encipecom, pesquisado em março de 2011.
A produção, nos vários eventos analisados, tem se mantido constante. Mas a região Sudeste
ainda concentra a maioria dos estudos na área Folkcomunicação, o mesmo ocorrendo com os
eventos nesse campo do conhecimento. É necessário estimular a ampliação desse espaço
geográfico, de forma a permitir que outras locais realizem investigação e possam ter acesso aos
resultados das pesquisas já realizadas.
A análise aponta para uma grande diversidade de temáticas trabalhadas, as quais incluem a
cultura popular, a relação entre cultura popular e mídia, manifestações musicais e folclóricas etc.
Grande parte dos trabalhos apresentados nos vários eventos resulta da participação do autor na
festa ou na atividade estudada e esses são disponibilizados em forma de narrativa ou ensaio. A
pesquisa de campo (participativa), seguida pela bibliográfica responde por grande parte das
investigações realizadas, como também a observação participante representa uma das formas
mais utilizada para o levantamento de campo.
7) História da Mídia
Rede Alcar107: Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, fundada em 2001,
congrega estudiosos da história da mídia.
Com o título inicial de BRASIL. IMPRENSA, 200 ANOS – Rede Alfredo de Carvalho, o professor
José Marques de Melo, Titular da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento
Regional lança o desafio de comemorar os 200 anos da imprensa realizando uma pesquisa
nacional. A proposta teve início no ano de 2001, quando ficou estabelecida que a meta central
era “Desenvolver ações públicas destinadas a comemorar os 200 anos de implantação da
imprensa no Brasil, preservando sua memória e contribuindo para o seu avanço no novo século.
Para tanto, será constituída a Rede Alfredo de Carvalho, a ser integrada por entidades que
atuam no ensino, pesquisa, fomento, profissionalização, produção e outros setores vinculados a
esse campo da atividade intelectual” (CÁTEDRA UNESCO, 2011).
107 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no Capítulo 11, o texto “ALCAR: a história de um “pragmatismo utópico”, da professora Dra. Marialva Carlos Barbosa, traça um panorama geral da entidade.
Como iniciativa da Cátedra Unesco de Comunicação, parceria da Revista Imprensa, patrocínio
oficial do Ministério da Cultura, cooperação institucional do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, Associação Brasileira de Imprensa, contou com a participação acadêmica do Núcleo
de Pesquisa em Jornalismo da Intercom, Núcleo de Pesquisa em História da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas,
apoio estratégico da Fundação Assis Chateaubriand, Fundação Roberto Marinho, Fundação
Victor Civita entre outras instituições, que nas diversas modalidades foram aderindo ao estudo.
Esse foi o grupo que aceitou imediatamente o desafio e mesmo antes da consolidação da Rede
e da realização do primeiro evento, o número de adesões havia sido ampliado de forma bastante
significativa, como pode ser verificado no site oficial da Rede108.
Chamada posteriormente de Rede Alcar, a idéia central era desenvolver programas integrados
em 4 frentes. A primeira, Estudos: visava o desenvolvimento de “pesquisas pelas universidades,
sob a égide das sociedades científicas e das associações profissionais, com a finalidade de
refazer, atualizar e aprofundar o trajeto percorrido por Alfredo de Carvalho no início do século
XX”. A segunda, Cursos, “(...) destinado a reintroduzir e aperfeiçoar o estudo da História da
Imprensa Brasileira nas universidades brasileiras, contribuindo para formar novas gerações de
jornalistas e historiadores capazes de assimilar as lições do passado, aplicá-las no presente e
projetá-las no futuro”. A terceira meta, Eventos, visava o desenvolvimento de uma série de “(...)
seminários, simpósios, colóquios, mesas redondas e outras iniciativas destinadas a fortalecer a
identidade da imprensa brasileira, ao mesmo tempo contribuindo para alicerçar as ações da
Rede Alfredo de Carvalho junto à opinião pública”. Finalmente, Publicação, último desafio,
objetivava “(...) a reedição de coleções, livros raros e outras peças emblemáticas,
potencializando os recursos das tecnologias digitais e contribuindo para a difusão do
conhecimento estocado sobre a memória da imprensa brasileira. Trata-se de socializar
documentos de interesse públicos, úteis à formação cívica das novas gerações” (CÁTEDRA
UNESCO, 2011).
Para estimular o grupo inicial o professor Dr. José Marques de Melo realiza um inventário
preliminar chamado de Efemérides da Imprensa Brasileira, 2001-2008, onde traz as principais
comemorações da imprensa no período. A título de documentação optamos por disponibilizar os
dados, permitindo o acesso de todos. O quadro abaixo demonstra essas datas, separadas por
ano. 108 Página da Rede Alfredo de Carvalho, disponível em: http://paginas.ufrgs.br/alcar, acesso em março de 2011.
Quadro 16
Inventário Preliminar sobre as Efemérides da Imprensa Brasileira - 2001 a 2008
2001 200 anos do ingresso de Hipólito José da Costa no mundo da imprensa 190 anos da imprensa na Bahia (Tipografia de Silva Serva, 13/5/1811) 180 anos do primeiro jornal de Pernambuco (Aurora Pernambucana) 180 anos do primeiro jornal maranhense (O conciliador do Maranhão)
170 anos do primeiro jornal de Santa Catarina (O Catarinense, 11/8/1831) 170 anos da imprensa em Alagoas (Iris Alagoense, 1831)
150 anos do primeiro jornal do Amazonas (Cinco de Setembro, 3/5/1851) 120 anos do nascimento do líder sindical Edgar Leuenroth
110 anos da fundação do Jornal do Brasil (Rio de Janeiro, 9/4/1891) 100 anos da morte do historiador José Higino Duarte Pereira
90 anos do nascimento do historiador Nelson Werneck Sodré (27/4/1911) 80 anos do nascimento de Freitas Nobre (historiador e sindicalista)
80 anos da fundação do jornal Folha de S. Paulo (19/2/1921) 70 anos da fundação do Jornal dos Sports (Rio de Janeiro, 13/3/1931)
60 anos de fundação da AIP (Associação da Imprensa de Pernambuco) 50 anos de fundação do jornal O Dia, 1/2/1951 (Teresina, Piauí) 50 anos de fundação do jornal O Dia, 5/6/1951 (Rio de Janeiro)
50 anos de fundação do jornal O Progresso (C. Grande, MS, 21/4/1951) 50 anos de fundação do jornal O Estado do Paraná (17/7/1951)
2002 180 anos do primeiro jornal do Pará (O Paraense)
170 anos do primeiro jornal de Sergipe (Recopilador Sergipano) 170 anos do primeiro jornal potiguar (O Ntalense)
140 anos do nascimento de Julio Mesquita 140 anos da imprensa em Blumenau, SC (20/12/1822)
110 anos do nascimento de Assis Chateaubriand (5/10/1892) 110 anos do nascimento de Julio Mesquita Filho (14/12/1892) 100 anos do nascimento do editor José Olympio (10/12/1902) 90 anos da fundação do jornal A Tarde (Salvador, 15/10/1912)
90 anos do nascimento de Samuel Wainer (16/1/1912) 90 anos do nascimento de Anibal Fernandes (jornalista pernambucano)
90 anos do nascimento do repórter Edmar Morel 90 anos do nascimento do cronista Nelson Rodrigues (23/8/1912) 90 anos do nascimento do empresário Octávio Frias ( 5/8/1912)
90 anos de fundação do jornal Diário do Povo (Ribeirão Preto 20/2/1912) 80 anos do nascimento do escritor Dias Gomes (19/10/1922)
50 anos de fundação do jornal Correio do Estado (C. Grande, 7/2/1952) 50 anos de fundação do jornal Vale Paraibano (S. J. Campos 6/1/1952)
2003 180 anos do primeiro jornal de Minas Gerais (Compilador Mineiro, 13/10/1823)
120 anos do nascimento de José Carlos Macedo Soares - 6/10/1883 (fundador do Diário Carioca)
110 anos do nascimento do crítico Alceu de Amoroso Lima (11/12/1893) 100 anos do nascimento do historiador Luiz do Nascimento
100 anos da morte de Rangel Pestana (fundador, A Província de S. Paulo) 100 anos de fundação do Correio do Sul (Sorocaba, SP, 12/6/1903)
90 anos do nascimento do cronista e repórter Rubem Braga (12/1/1913) 80 anos da morte de Pereira da Costa, 1851-1923
(Historiador da Imprensa Pernambucana) 80 anos da publicação do livro O Problema da Imprensa (Barbosa Lima Sobrinho)
80 anos do nascimento de Sergio Porto (Stasnilaw Ponte Preta) 80 anos do nascimento de Claudio Abramo - 6/4/1923 (jornalista paulistano)
70 anos da morte do jornalista Rui Barbosa (1/3/1923) 70anos de fundação do jornal A Notícia (Joinville, SC, 24/2/1923)
60 anos da morte de Cásper Líbero 50 nos da fundação do jornal Correio da Paraíba
(J. Pessoa, 5/8/1953)
2004 230 anos do nascimento de Hipólito da Costa,
patrono do jornalismo brasileiro (13/8/1774) 180 anos do primeiro jornal cearense (Diário do Governo do Ceará)
150 anos do primeiro jornal paranaense (Desenove de Dezembro, 1/4/1854) 120 anos de fundação do Diário Popular (jornal paulistano, 8/11/1884)
120 anos do nascimento do jornalista pernambucano Mário Melo 120 anos do nascimento de Herbert Moses (presidente da ABI)
110 anos do jornal A Tribuna (Santos, SP, 26/3/1894) 100 anos do nascimento do empresário Roberto Marinho (3/12/1904) 90 anos do nascimento do jornalista Pompeu de Souza (22/3/1914)
90 anos do nascimento do jornalista Carlos Lacerda (30/4/1914) 80 anos do nascimento do cartunista Péricles (O Cruzeiro, 14/8/1924)
80 anos do nascimento do historiador Marcello de Ipanema 70 anos da morte do crítico Medeiros e Albuquerque ( 9/6/1934)
70 anos da fundação do jornal Gazeta de Alagoas (Maceió, 25/2/1934) 60 anos do nascimento do cartunista Henfil (Henrique de Souza Filho, 5/12/1944) 50 anos da morte de Costa Rego (primeiro Catedrático de Jornalismo do Brasil)
50 anos da morte de Roquette Pinto, 18/10/1954
2005 180 anos da fundação do Diário de Pernambuco, 7/11/1825
(o mais antigo jornal em circulação na América Latina) 150 anos da fundação do jornal O Estado de S. Paulo (4/1/1865)
140 anos do nascimento do jornalista Alcindo Guanabara ( 19/7/1865) 110 anos do nascimento do humorista Barão de Itararé (Fernando Aparecido Torelly)
100 anos da morte de José do Patrocínio (jornalista da abolição) 100 anos do nascimento da jornalista Adalgisa Neri (29/10/1905)
100 anos da fundação de o O Tico Tico (primeira revista infantil brasileira) 90 anos do nascimento do jornalista gaúcho Alberto André ( 2/12/11915)
90 anos do nascimento do escritor Antonio Houaiss (15/10/1915) 90 anos de fundação do jornal O Estado (Florianópolis, 13/5/1915)
80 anos da fundação do jornal O Globo (19/7/1928) 80 anos do nascimento da novelista Janet Clair
80 anos do nascimento do editor Enio Silveira (25/4/1925) 70 anos de fundação da ARI - Associação Riograndense de Imprensa,
cujo primeiro Presidente foi Érico Veríssimo (6/6/1935) 60 anos da publicação do livro de Hélio Viana – Contribuições à História da Imprensa Brasileira
2006 300 anos da proibição da primeira tipografia em Pernambuco (8/7/1706)
180 anos do primeiro jornal paraibano (Gazeta da Paraíba do Norte) 170 anos do nascimento do jornalista Quintino Bocaiúva ( 4/12/1836)
130 anos do nascimento do jornalista Irineu Marinho (19/6/1876) 130 anos de fundação do jornal a Província do Pará (25/3/1876)
100 anos de fundação do jornal paulistano A Gazeta (16/5/1906) 100 anos do nascimento do jornalista Danton Jobim (8/3/1906)
100 anos do nascimento do jornalista Celso Kelly (6/6/1906) 90 anos do nascimento do jornalista João Calmon (Diários Associados)
90 anos do nascimento do jornalista Walter Ramos Poyares 90 anos do nascimento do crítico P. Emilio Salles Gomes (17/12/1916)
90 anos do nascimento do animador Chacrinha (20/1/1916) 80 anos da morte de Alfredo de Carvalho, 1870-1916 (historiador da imprensa brasileira)
70 anos da publicação do Diccionário de Termos Gráficos, de Arthur Arezio da Fonseca (Salvador, 1936)
60 anos da publicação de O livro, jornal e a tipografia no Brasil (Rizzini) 50 anos de fundação do jornal O Liberal (Belém, Pará, 15/11/1956)
50 anos de fundação do jornal A Crítica (Manaus, 4/5/1946) 50 anos do Prêmio Esso de Jornalismo
2007 260 anos da instalação da primeira tipografia do Rio de Janeiro
(Antonio Isidoro da Fonseca) 190 anos do nascimento da primeira jornalista brasileira, Violante Barros (1/12/1817)
180 anos do primeiro jornal paulista (O Farol Paulistano, 6/7/1827) 180 anos da fundação do Jornal do Commércio (Rio de Janeiro)
170 anos do nascimento do jornalista Evaristo da Veiga (12/5/1837) 160 anos do primeiro jornal capixaba (O Correio de Vitória, 15/1/1847)
100 anos do nascimento do empresário Victor Civita (9/12/1907) 90 anos do nascimento do repórter David Nasser
80 anos de fundação do jornal Correio Popular (Campinas, SP, 4/9/1927) 90 anos do nascimento do jornalista Antonio Callado 60 anos do nascimento do jornalista Vladimir Herzog
50 anos da fundação da imprensa em Brasília (Revista de Brasília, 1957) 50 anos de fundação do Diário de Mogi (SP, 13/12/1957)
2008 210 anos do nascimento do jornalista Líbero Badaró
200 anos da Imprensa Oficial (criação da Imprensa Régia) 200 anos da fundação do Correio Braziliense e Gazeta do Rio de Janeiro
180 anos do primeiro jornal gaúcho (O Constitucional Riograndense) 130 anos de fundação do jornal O Fluminense (Niterói, 8/5/1878)
110 anos do nascimento do historiador Carlos Rizzini 100 anos da fundação da ABI - Associação Brasileira de Imprensa 100 anos de fundação do jornal O Norte (João Pessoa, 7/5/1908)
100 anos do nascimento de Auricelio Penteado, fundador do IBOPE 100 anos do nascimento do historiador Hélio Vianna
90 anos do nascimento do jornalista e professor Luiz Beltrão (8/8/1918) 90 anos do nascimento do jornalista Joel Silveira 80 anos do jornal O Povo (Fortaleza, 7/2/1928)
80 anos de fundação do jornal Estado de Minas (BH, 7/3/1928) 80 anos do jornal a Gazeta (Vitória, 11/9/1928)
70 anos do jornal Correio do Triângulo (MG, 7/2/1938) 70 anos de fundação do jornal O Popular (Goiânia, 3/4/1938)
50 anos de fundação do jornal Diário do Rio Doce (Gov. Val., 30/3/`958) 50 anos de fundação do Diário do Grande ABC (SP, 9/5/1958)
Fonte: Cátedra Unesco, Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano, 2011
Para possibilitar a série de atividades definidas pelo grupo, várias ações foram realizadas, como
o primeiro encontro que ocorreu no mês de junho de 2003, no Rio de Janeiro. O evento teve
como tema central Mídia Brasileira: 2 Séculos de História. Os trabalhos aceitos no evento
visavam estimular não somente professores e pesquisadores, mas estudantes dos programas de
pós-graduação e da graduação, além de trabalhos no campo da Memória (Profissionais e
Empresários). Também foram definidos 6 grupos de pesquisa: GT1 – História da Mídia Impressa
(Jornal, Revista, Livro), GT2 – História da Mídia Sonora (Rádio, Disco), GT3 – História da Mídia
Visual (Fotografia, HQ, Cartazes), GT4 – História da Mídia Audiovisual (Cinema, Televisão), GT5
– História da Mídia Digital (Web e NTCs) e GT6 – História da Mídia Persuasiva (Publicidade,
RP). Como é possível observar os grupos buscaram abarcar os múltiplos estudos, nas mais
diversificadas mídias e profissões.
O quadro abaixo mostra os vários eventos, a partir do ano 2003 até 2011. Em 2010 o evento não
foi realizado, pois passaram a ser bi-anuais.
Quadro 17
Eventos realizados pela Rede Alcar.
Ano Evento Temática Data Local Organização e Apoio
2003
1º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Mídia Brasileira: dois séculos de história
1º a 3 de junho de 2003
Rio de Janeiro - RJ
Organizado pela ABI, ABL, ABECOM,
INTERCOM, UERJ e UniCarioca, apoio
cultural da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro
2004
2º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
História do ensino de Jornalismo e das
profissões midiáticas no Brasil
15 a 17 de abril de 2004
Florianópolis - Santa Catarina
UFSC
2005
3º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Preservando a memória da Imprensa
e construindo a história da mídia no Brasil
14 a 16 de abril de 2005
Novo Hamburgo – Rio Grande
do Sul
Centro Universitário Feevale
2006
4º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Imprensa 200 Anos - Memória Maranhão
30 de maio a 2 de junho de
2006 São Luís/MA
AMI, Faculdade São Luís, UNICEUMA e
UFMA
2007
5º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Mídia, Indústria e Sociedade: desafios
historiográficos brasileiros
31 de maio a 02 de junho
de 2007 São Paulo/SP Facasper
2008 6º Encontro Nacional da
200 anos de mídia no Brasil - Historiografia e
13 a 16 de Niterói/RJ UFF
Rede Alfredo de Carvalho
Tendências maio de 2008
2009
7º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Mídia Alternativa e alternativas midiáticas
19 a 21 de agosto de
2009
Fortaleza - Ceará
UniFor
2011
8º Encontro Nacional da
Rede Alfredo de Carvalho
Público e mídia: perspectivas históricas
28 a 30 de abril de 2011
Guarapuava - Paraná
Universidade Estadual do Centro-Oeste -
UNICENTRO
Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Como pode ser observado o evento foi realizado em diversas localidades e tem contado com
apoio de várias instituições e centros de pesquisa. Também tem privilegiado temáticas
diversificadas.
Durante o evento de 2009 ficou estabelecida a criação de uma Associação de Pesquisa, sem
fins lucrativos, sendo eleita sua primeira diretoria, que está a cargo dos pesquisadores:
Presidente: Marialva Barbosa; Vice-presidente: Maria Berenice da Costa Machado; Diretora
Científica: Valquiria Aparecida Passos Kneipp; Diretora de Projetos: Ana Regina Barros Rego
Leal e Diretora Administrativa: Karina Woitowicz. Também ficou instituído que os trabalhos
seriam apresentados em grupos temáticos, assim formados: História do Jornalismo, História da
Publicidade e da Comunicação Institucional, História da Mídia Digital, História da Mídia Impressa,
História da Mídia Sonora, História da Mídia Audiovisual e Visual, História da Mídia Alternativa e
Historiografia da Mídia.
O selo originalmente utilizado em todas as edições e nas publicações foi desenvolvido pela
Cátedra Unesco de Comunicação.
Durante os eventos foram apresentados diversos trabalhos, divididos em grupos de pesquisa. A
tabela abaixo mostra como foi essa distribuição.
Tabela 36 Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar,
no período 2003 a 2009
NÚMERO DE TRABALHO GT/NP
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Totais
TOTAL 64 119 182 183 157 333 215 1253
GT Mídia Audiovisual 13 10 16 11 18 42 52 162
GT Mídia Impressa 21 17 20 21 10 33 34 156
GT Mídia Sonora 5 24 30 21 24 37 32 173
GT Mídia Visual 8 7 7 4 4 23 0 53
GT Mídia Persuasiva 17 0 0 0 0 0 32 49
GT História do Jornalismo - 29 38 65 44 72 36 284
GT Publicidade e Propaganda - 14 19 17 19 37 0 106
GT Mídia Digital - 5 13 8 11 28 16 81
GT Relações Públicas - 8 12 8 4 15 - 47
GT Mídia Educativa - 5 - - - - - 5
GT Mídia Alternativa - - 10 15 11 27 7 70
GT Midialogia - - 17 13 12 19 6 67 Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Vale reforçar que o primeiro evento ocorreu em 2003 e a partir de 2009 a atividade passou a ser
realizada a cada dois anos, sendo o próximo em 2011. Também, no CD dos anais de 2006 o GT
de Jornalismo possui apenas 6 trabalhos, sendo destes 4 repetidos. Para possibilitar as análises
os valores aqui mencionados foram retirados dos trabalhos divulgados na programação do
evento.
É interessante observar o número crescente de pesquisas apresentadas. Em 2008, ano do
Bicentenário da Imprensa, a quantidade de pesquisas foi ampliada, chegando quase a dobrar se
comparada com o ano anterior.
Em 7 anos o número de trabalhos de 2009 foi quase três vezes e meia a quantidade
apresentada em 2003. História do Jornalismo é o Grupo mais expressivo, com 23% do total
apresentando. Isso se justifica, pois a História da Imprensa e do Jornalismo se complementam e
se integram quando visualizamos a trajetória da Imprensa Nacional.
O GT de Midialogia visa estudar os produtores dessa história. O Grupo de Pesquisa sobre Mídia
Educativa parou de existir, demonstrando que não há muitos pesquisadores nessa temática.
Com referência a modalidade de apresentação, a tabela abaixo mostra os dados,
Tabela 37
Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar, por modalidade Individual (I) ou Grupo (G),
no período 2003 a 2009
Totais GT/NP
I G T
TOTAL 955 198 1253
GT Mídia Audiovisual 124 38 162
GT Mídia Impressa 129 27 156
GT Mídia Sonora 129 44 173
GT Mídia Visual 40 13 53
GT Mídia Persuasiva 33 16 49
GT História do Jornalismo 228 56 284
GT Publicidade e Propaganda 68 38 106
GT Mídia Digital 61 20 81
GT Relações Públicas 27 20 47
GT Mídia Educativa 3 2 5
GT Mídia Alternativa 58 12 70
GT Midialogia 55 12 67 Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Como ocorreu com a grande maioria das instituições já analisadas, a maior representatividade
das investigações acontece no âmbito individual, se constituindo 76% (955) de todos os
trabalhos apresentados. E isso pode ser observado em todos os grupos, durante todos os
eventos realizados.
Isso tem demonstrando que a área da Comunicação produz de forma isolada, onde os
pesquisadores, muitas vezes, ilhados em suas instituições desenvolvem seus trabalhos. Como
relatado anteriormente, também é pouco expressivo a participação de alunos de graduação, ou
mesmo orientandos (mestrado e/ou doutorado) em projetos conjuntos com seus orientadores.
Com referência a titulação dos pesquisadores que apresentam suas pesquisas, a tabela abaixo
sintetiza a distribuição,
Tabela 38
Total de trabalhos apresentados na Rede Alcar, por titulação, no período 2003 a 2009
Totais
GP/NP
Doutor Outros Não
Informado Geral
TOTAL 420 1090 190 1700
GT Mídia Audiovisual 48 122 41 211
GT Mídia Impressa 41 111 23 175
GT Mídia Sonora 60 164 19 243
GT Mídia Visual 14 45 7 66
GT Mídia Persuasiva 24 38 10 72
GT História do Jornalismo 71 255 41 367
GT Publicidade e Propaganda
48 122 13 183
GT Mídia Digital 22 88 8 118
GT Relações Públicas 24 45 4 73
GT Mídia Educativa 1 1 5 7
GT Mídia Alternativa 29 68 3 100
GT Midialogia 38 31 16 85
Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os doutores representaram no período 25% do total de pesquisadores. Enquanto outros, que
engloba mestres, mestrandos, doutorandos, especialistas e profissionais, apontam o percentual
de 64%, evidenciando que é um campo de pesquisas em grande ebulição. Isso pode ser
observado em quase todos os grupos de pesquisa, com exceção de Midialogia, onde os totais
estão muito próximos. Talvez por permear histórias de vida, onde é possível encontrar perfis dos
mais variados produtores e pesquisadores, pode ser considerada uma área de confronto, onde
os mais experientes encontram maior espaço de ação.
Além das contribuições através da pesquisa a Rede tem os Núcleos Regionais que vem
realizando eventos nas diversas regiões do Brasil. O Núcleo o Sul é o mais antigo e já realizou
três eventos regionais. Não tem definido o Núcleo do Centro-Oeste. O quadro abaixo mostra
esses dados. É importante reforçar que em cada uma dessas atividades também são
apresentados trabalhos, divididos em grupos de pesquisa, que não foram objeto de análise
dessa investigação.
Quadro 18
Atividades realizadas pelos Núcleos Regionais da Rede Alcar
Região Estado Ano
Norte Tocantins 2010
Nordeste Rio Grande do Norte 2010
Centro-Oeste - -
Sudeste Rio de Janeiro 2010
São Paulo 2010
Sul Paraná / Santa
Catarina 2010
Rio Grande do Sul 2007, 2008 e
2010
Fonte: Dados dos autores, março de 2011
Foi instituído em 2010 o Prêmio José Marques de Melo de estímulo à Memória da Mídia.
Destinado aos trabalhos científicos em nível de graduação (Iniciação Científica ou Trabalhos de
Conclusão de Curso), que tenham sido apresentados em um dos grupos durante o evento
nacional. O Prêmio conta com o apoio da Globo Universidade.
Também é necessário mencionar que toda a memória dos eventos realizados pela Rede é
disponibilizada em CDRom e distribuídos durante os encontros aos participantes.
No período de 2001 a 2008 foi distribuído de forma online o Jornal da Rede Alfredo de Carvalho,
editado pela Cátedra Unesco, tendo como editores responsáveis, os professores doutores: José
Marques de Melo (UNESCO/UMESP) e Francisco Karam (FENAJ/UFSC), a Edição digital –
professora Dra. Maria Cristina Gobbi (Unesco), Estagiários: Alexandre Tamanaha e Patrícia
Basilio (Universidade Metodista) e o Sítio digital: professor Clovis Geyer, Ana Paula de Souza
(UFSC) e André Faust (UFSC). O material está disponibilizado no site da Cátedra Unesco109.
Além das contribuições anteriores, a Rede Alcar tem editado diversas publicações, dentre as
quais destacamos os livros impressos, conforme quadro abaixo,
Quadro 19
Livros publicados com o selo da Rede Alcar
Título Organizador Editora Ano
Impressos
Propaganda, História e Modernidade
QUEIROZ, Adolpho Degaspari 2005
Sotaques Regionais da Propaganda
QUEIROZ, Adolpho; GONZALES, Lucilene
Arte & Ciência 2006
109 O Material está disponível no site: www.metodista.br/unesco/redealcar, acesso em março de 2011.
História, Memória e Reflexões sobre a
Propaganda no Brasil
MACHADO, Maria Berenice; QUEIROZ Adolpho; ARAUJO, Denise Castilhos de
Feevale 2008
Publicidade & Propaganda: 200 anos de história no
Brasil
MACHADO, Maria Berenice
Feevale
2009
Recortes da mídia alternativa: histórias &
memórias da comunicação no Brasil
WOITOWICZ, Karina Janz
UEPG 2009
E-books
História das relações públicas: fragmentos da memória de uma área
MOURA, Cláudia Peixoto de
EDIPUCRS 2008
Memórias da Comunicação: encontros da ALCAR RS
MOURA, Cláudia Peixoto de; MACHADO,
Maria Berenice EDIPUCRS 2010
E o rádio? Novos horizontes midiáticos
FERRARETTO, Luiz Artur; KLÖCKNER,
Luciano EDIPUCRS 2010
Memória, Espaço e Mídia
QUEIROZ, Adolpho; SCHAUN, Angela
UMESP/Mackenzie
2010
Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os dados acima disponibilizados evidenciam parte significativa das contribuições da Rede Alcar
para a Memória da Imprensa no país. Porém há muitas outras ações, produzidas nos âmbitos
das universidades, por pesquisadores integrantes da Rede que podem e devem ser utilizadas
como uma fonte substanciosa sobre a história da imprensa no país.
8) Jornalismo
Para análise dos dados referentes ao jornalismo foram escolhidas duas instituições:
a) SBPJor: Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, fundada em 2003,
congrega aproximadamente 300 associados.
Foi durante o I Congresso Luso-Brasileiro de Estudos de Jornalismo, ocorrido na cidade do
Porto, em Portugal, no mês de abril de 2003, que iniciativas mais concretas para a criação da
inicial Sociedade Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), começaram a ser
realizadas. Antes, porém, um grupo muito aguerrido de pesquisadores na área realizou uma
série de levantamentos de dados sobre a atuação e o crescimento das pesquisas na região. Os
dados foram coletados de instituições que atuam no campo do jornalismo, como a Intercom,
Compós, Universidade de São Paulo, Faculdades Cásper Líbero, Universidade de Brasília,
Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Universidade Federal da Bahia, grupos de pesquisa do CNPq, dentre outras instituições.
Durante o Fórum de Professores de Jornalismo, ocorrido em Natal, no mesmo ano, quando da
apresentação da proposta a mesma recebeu adesão. Posteriormente, ainda no ano de 2003,
mais precisamente em junho, durante o Congresso da Compós, na cidade do Recife, em junho
deste ano, “o grupo de pesquisadores reunidos em torno do GT de Jornalismo decidiu definir um
Comitê Científico, formado pelos professores Alfredo Vizeu (UFPE), Claudia Lago (USP),
Eduardo Meditsch (UFSC), Elias Machado (UFBa), Luiz Gonzaga Motta, (UnB) José Luiz
Proença (USP), Márcia Benetti Machado, (UFRGS), Victor Gentilli (UFES) e Zélia Adighirni,
(UNB)”. O grupo recebeu como primeira atividade a preparação do I Encontro Nacional dos
Pesquisadores em Jornalismo (Carta de Brasília, 2003, web).
No I Encontro Nacional dos Pesquisadores em Jornalismo, realizado em Brasília, no mês de
novembro de 2003, a entidade foi formalmente constituída é um grupo de 94 pesquisadores
sócios fundadores aprovaram o estatuto da SBPJor, onde foi eleita a primeira diretoria. Também
a palavra Sociedade do nome foi substituída por Associação, passando a instituição a chamar-se
Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo.
O objetivo central da entidade é “agregar estudiosos de uma área específica do conhecimento e
tem como propósito atuar em conjunto com todas as demais associações científicas ou
acadêmicas ou profissionais já existentes, como Intercom, Compós, Fórum Nacional de
Professores de Jornalismo, Federação Nacional de Jornalistas, International Communication
Association, International Association for Mass Communication Research, Sociedad Ibero-
americana de Periodistas en Internet e ALAIC”. Também foi definida como meta a criação de
uma rede nacional de pesquisadores em jornalismo.
Várias ações vêm sendo realizadas pela entidade desde então. Na parte de divulgação, por
exemplo, destaque para a revista científica em inglês para exposição das pesquisas realizadas,
principalmente, em nossa região, a Brazilian Journalism Research e o SBPJor Notícias, Jornal
mensal distribuído aos sócios e assinantes.
Um dos marcos da instituição foi o desenvolvimento da Bibliografia On-line de Jornalismo, onde
estão disponibilizadas mais de 90 indicações bibliográficas sobre o campo do Jornalismo.
Dirigida para estudantes de graduação e pós-graduação, além de professores e profissionais e
tem acesso gratuito na página da entidade110. A consulta aos dados pode ser por autor, título,
editora, resumo e palavras-chave.
Também tem realizado anualmente o encontro da SBPJor e a Journalism Brazil Conference,
congresso internacional bi-anual em cooperação com o Grupo de Estudos em Jornalismo da
International Communication Association (ICA).
Atualmente com mais de 300 associados nacionais e internacionais, a instituição tem buscado
sua internacionalização, com representatividade em países como: Estados Unidos, França e
Portugal. Também mantém cooperação com agências de fomento como CNPq e CAPES, com
Governos Estaduais, empresas, entre outros. Desde o ano de 2006, como forma de
reconhecimento a qualidade do trabalho acadêmico realizado nas universidades ou nos
centros/institutos de pesquisa, foi instituído o Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em
110 Os dados podem ser consultados na página: http://www.sbpjor.org.br/sbpjor/?page_id=142, acesso em abril de 2011.
Jornalismo. O Prêmio é tem quatro categorias em jornalismo: Iniciação Científica: destinado a
pesquisa em iniciação científica; Mestrado: dissertação de mestrado; Doutorado: tese de
doutorado e Sênior: Premiará o pesquisador pela sua trajetória e pela contribuição para
consolidar o jornalismo como área científica.
Com quatro juntas diretivas já eleitas (gestões: 2003-2005; 2005-2007; 2007-2009; 2009-2011) e
atual diretoria é integrada por: Presidente: Carlos Eduardo Franciscato (UFS); Vice-Presidente:
Beatriz Becker (UFRJ), Diretora Científica: Cláudia Quadros (UTP), Diretora Administrativa:
Kenia Maia (UFRN) e Diretora Editorial: Tattiana Teixeira (UFSC).
Traçado esse panorama mais amplo, é importante reforçar que essa pesquisa fez uma análise
preliminar dos trabalhos apresentados durante os encontros da Instituição no Brasil, no período
de 2003 a 2010. Informações mais detalhadas sobre a história da entidade estão disponíveis no
volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado
pelo IPEA, no capítulo 6, o texto “SBPJOR: Uma conquista dos pesquisadores em Jornalismo”,
do professor Dr. Elias Machado, que traz um panorama geral da entidade111.
A entidade já realizou 8 encontros anuais, nas mais diversas localidades. O quadro abaixo
mostra as características de cada um.
Quadro 20 Eventos realizados pela SBPJor, no período de 2003 a 2010
Ano Evento Temática Data Local Organização e Apoio
2003 I Encontro Nacional dos Pesquisadores
em Jornalismo -
28 e 29 de novembro de 2003
Brasília - DF
Promovido pela UnB (Universidade de Brasília), com
o apoio da UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco), USP (Universidade de São Paulo), UFBA (Universidade Federal
da Bahia), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UFES
(Universidade Federal do Espírito Santo)
2004
II Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
A pesquisa em jornalismo no Brasil
26 e 27/11 de 2004
Salvador - BA
UFBA Patrocínio: Petrobrás
(Universidade Federal da Bahia)
111 O acesso gratuito aos três volumes da Coleção Panorama da Comunicação pode ser feito pelo site: http://www.socicom.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=37&Itemid=55.
2005
III Encontro Nacional dos
Pesquisadores em Jornalismo
Novas Tendências da Pesquisa em
Jornalismo (conferência de
abertura)
27 a 29 de novembro de 2005
Florianópolis - SC
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
2006
4º Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
A pesquisa em Jornalismo e o
interesse público
05 a 07 de novembro de 2006
Porto Alegre - RS
UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
2007
5º Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
Metodologias de Pesquisa em Jornalismo
15 a 17 de novembro de 2007
Aracaju - SE UFS (Universidade Federal de
Sergipe)
2008
6º Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
A construção do campo do
jornalismo no Brasil
19 a 21 de novembro de 2008
São Bernardo do Campo - SP
UMESP (Universidade Metodista de São Paulo)
2009
7º Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
A pesquisa em jornalismo em um
mundo em transformação
25 a 27 de novembro de 2009
São Paulo - SP
ECA – USP (Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo)
2010
8º Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo
Desafios da pesquisa em jornalismo:
interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade
8 e 10 de novembro de 2010
São Luís - Maranhão
UFMA (Universidade Federal do Maranhão)
Fonte: Dados dos autores, março de 2011
Foram contempladas as Regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste, Sul. Somente a região
Norte ainda não sediou um encontro da Entidade.
Com referência aos trabalhos apresentados é importante relatar que a entidade não tem grupos
temáticos ou de pesquisa, como a maioria das associações já pesquisadas, mas os encontros
estão organizados em torno de duas modalidades: Comunicações Coordenadas e
Comunicações Individuais112. Assim, a tabela abaixo evidencia a lista de trabalhos apresentados
durante os eventos,
112 Foi a partir do encontro de 2004 que foram adotadas as duas modalidades para apresentação de trabalhos: Comunicações Coordenadas, apresentadas por um sócio pleno, com três a cinco participantes de, ao menos três instituições diferentes e, Comunicações Individuais, para pesquisadores isolados. Também neste ano a aprovação dos trabalhos passou pelo parecer anônimo de ao menos dois membros do Conselho Científico, no caso das Comunicações Coordenadas e, de dois sócios plenos, no caso das Comunicações Individuais.
Tabela 39 Total de trabalhos apresentados na SBPJor, no período de 2003 a 2010
GT / NP Número de trabalhos
Tipo de apresentação
Total 969 Comunicações Coordenadas = 298
Comunicações Individuais = 517 2003 61 Não havia separação
2004 93 Não havia separação
2005 129 Comunicações Coordenadas = 43
Comunicações Individuais = 86
2006 113 Comunicações Coordenadas = 34
Comunicações Individuais = 79
2007 114 Comunicações Coordenadas = 36
Comunicações Individuais = 78
2008 152 Comunicações Coordenadas = 68
Comunicações Individuais = 84
2009 158 Comunicações Coordenadas = 67
Comunicações Individuais = 91
2010 149 Comunicações Coordenadas = 50
Comunicações Individuais = 99 Fonte: Dados dos autores, março de 2011
Alguns dados devem ser ressaltados. Em todos os anos a quantidade de trabalhos em
Comunicações Individuais superou o número de Comunicações Coordenadas. Foram 298 (37%)
Comunicações Coordenadas e 517 (63%) Comunicações Individuais, perfazendo o total de 815
trabalhos.
A quantidade de doutores que apresentam trabalhos nos eventos supera a casa dos 43%,
demonstrando que é um campo de estudos ativo nas instituições sede que abrigam os
pesquisadores. Embora seja importante mencionar que há uma significativa participação de
mestrandos, mestres, doutorandos e profissionais, evidenciando um campo fértil de estudos.
É significativa a quantidade de trabalhos apresentados com um único autor, quer nas
Comunicações Coordenadas ou nas Comunicações Individuais (que não significam
necessariamente trabalhos de um único autor), representando mais de 78% de todas as
apresentações durante o período. Esse dado é muito semelhante ao que vem acontecendo em
outras instituições analisadas por essa pesquisa.
A SBPJor tem conseguido boa representatividade em número de estados representados,
especialmente do Nordeste, Sudeste, Sul, sendo a região Sudeste a mais representativa.
Também há participação de pesquisadores do exterior, não só nas mesas Coordenadas como
nas conferências de abertura do evento, deste os quais podem ser citados: Nelson Traquina, de
Portugal; Thomas Hanitszch, da Alemanha e Javier Diaz Noci, do Pais Basco, na Espanha,
Denis Ruellan, da Universidade de Rennes, Silvio Waisbord, da School of Media and Public
Affairs da George Washington University.
A entidade é uma das únicas que divulga em sua página o número de trabalhos enviados e os
aceitos, disponibilizando estatísticas de crescimento, permitindo estudos mais pormenorizados
de sua atuação no campo do Jornalismo.
Tem recebido apoio das principais agências de fomento: Capes, CNPq, Fapesp, Imprensa Oficial
e atualmente da Globo Universidade, além das instituições sede onde são realizados os eventos.
Também tem realizado eventos internacionais, como: I Journalism Brazil Conference 2006,
realizada em Porto Alegre (RS), em novembro de 2006. Teve como tema central, “Thinking
Journalism across national boundaries” (Pensando Jornalismo além das Fronteiras Nacionais) e
o V Congreso Iberoamericano de Periodismo en Internet, realizado em novembro de 2004, em
Salvador, na Faculdade de Comunicação da UFBA, organizado pela Sociedad Iberoamericana
de Acadêmicos, Investigadores y Profesionales del Periodismo en Internet, com o apoio da
SBPJor. Durante o V Iberoamericano foram apresentados 28 trabalhos de pesquisa, reunindo
especialistas de 20 instituições diferentes. “Um total de 95 pesquisadores se inscreveram no
evento e mais de 200 participantes registraram a sua presença ao longo dos dois dias de
congresso” (SBPJOR, 2006, web).
Como o foco central da SBPJor são as pesquisas que primam pelo jornalismo, em uma análise
mais detalhada dos trabalhos apresentados, no período de 2003 a 2010 foram selecionadas as
palavras-chave referenciadas pelos pesquisadores. Por exemplo, a palavra Jornalismo foi
mencionada 344 vezes e se tratarmos das especificidades como jornalismo - all news,
alternativo, ambiental, esfera pública, cidadão, científico, on line, digital, Cultual, político, ele foi
citada mais 252 vezes. Isso evidencia a centralidade das propostas apresentadas. O quadro
abaixo mostra
Também outras palavras como: Telejornalismo - telejornal, local, regional, popular, internacional
– (84), Televisão - brasileira, pública, digital, internacional – (47); Discurso (61), Discurso
jornalístico (14); Internet (51), Webjornalismo – audiovisual, colaborativo e participativo - (35),
Tecnologias – digitais, móveis – (28), Convergência – linguagens, digital, midiáticas – (24),
Ciberjornalismo (14), Blog – coorporativo, blogosfera, jornalístico - (20); Rádio - radiojornalismo,
rádio nos locais, Emissoras – (50); Comunicação (47); Métodos – metodologia (35), Pesquisa
(09), Pesquisa aplicada em Comunicação, em Jornalismo, Experimental – (11); Linguagem (20),
Linguagem Jornalística – (9), entre tantas outras.
Trabalhar com palavras-chave é uma tarefa muito ampla, que demandaria um tempo além
daquele que dispúnhamos para a realização da pesquisa, mas se trata de um arsenal rico de
informaçção, que merece ser trabalhado, não somente na SBPJor, mas nas outras instituições
que integraram essa pesquisa. Quem sabe esse possa ser o desafio de continuidade dessa
investigação.
b) FNPJ: Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, fundado em 2004, congrega
professores dos cursos de jornalismo de todo o país.
A proposta de criação do Fórum nasceu durante o Seminário de Atualização para Professores de
Jornalismo, ocorrido na Unicamp, em 1994. No mesmo ano a proposta foi apresentada do
Congresso Nacional da Intercom, ocorrido em Piracicaba, cuja moção foi aceita pelos
participantes e ficou definido que seria realizado no ano seguinte o primeiro evento.
I Encontro Nacional de Professores de Jornalismo foi uma atividade conjunta com o Congresso
da Intercom de 1995, ocorrido em Aracajú, Sergipe. A partir desse encontro histórico, várias
ações vêm sendo realizadas. Porém, somente no mês de abril de 2004, durante o VII Fórum
Nacional de Professores de Jornalismo, realizado na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina,
que foi aprovado o Estatuto, com a fundação e a instituição da entidade com personalidade
jurídica, além da eleição e posse da nova diretoria.
O FNPJ tem “como objetivo reunir professores e profissionais da área de jornalismo para
debater e encaminhar propostas sobre questões inerentes à formação do jornalista profissional.
Qualidade da formação, diretrizes curriculares, laboratórios, teoria e técnica do jornalismo,
pesquisa, desenvolvimento de novas habilidades e tecnologias, ética e legislação, mercado de
trabalho são as principais questões que envolvem a formação jornalística e para as quais os
participantes do Fórum buscam o desenvolvimento e a melhoria” (FNPJ, 2011, web).
Atualmente a diretoria executiva está assim constituída: Presidente: Sérgio Luiz Gadini
(UEPG/PR); Vice-presidente: Mirna Tonus (UFU/MG). Secretaria-Geral: Ricardo Mello
(UNICAP/PE); Segundo Secretário: Edson Spenthof (UFG/GO). Tesoureira: Sílvio Melatti
(IELUSC/SC); Segunda-Tesouraria: Sandra Freitas (PUC/MG). Diretoria Científica: Socorro
Veloso (UFRN/RN); Vice-diretoria Científica: Marcelo Bronosky (UEPG/PR). Diretor Editorial e de
Comunicação: Paulo Roberto Botão (UNIMEP/SP); Vice-diretor Editorial e de Comunicação:
Demétrio de Azeredo Soster (UNISC/RS). Diretor de Relações Institucionais: Gerson Martins
(UFMS/MS); Vice-diretor de Relações Institucionais: Juliano Carvalho (UNESP/SP).
Também integram a Diretoria executiva, as Regionais, representando todas as cinco regiões do
país. Norte I: Cynthia Mara (TO), Norte II: Lucas Milhomens (UFAM/AM). Nordeste I: Mônica
Celestino (FSBA/BA), Nordeste II: Fernando Firmino da Silva (UEPB/PB). Sudeste I: Erivam de
Oliveira (UFV/MG), Sudeste II: Lenize Cardoso (Mackenzie/ FiamFaam). Sul I: Tomás Barreiros
(FACINTER/PR), Sul II: Jorge Arlan Pereira (UnoChapecó/SC). Centro-Oeste I: Samuel Lima
(UnB/DF), Centro-Oeste II: Álvaro Fernando Ferreira Marinho (FIAVEC/MT).
Uma das ações do Fórum elaborado conjuntamente pela Associação Brasileira de Escolas de
Comunicação (ABECOM), Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em
Comunicação (COMPÓS), Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOS),
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) é o documento que define as Bases de um
Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da Formação em Jornalismo. Desde abril de 2002,
o Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo também passou a ser signatário deste
Programa (FNPJ, 2011, web).
O site113 da Instituição está passando por uma reformulação, mas no espaço podem ser
encontradas informações sobre diversas atividades realizadas pela entidade, além de notícias,
links, documentos e outros dados. Também no volume II da Coleção Panorama da Comunicação
e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 6, o texto “Fórum Nacional de
Professores de Jornalismo- FNPJ”, escrito pelos professores Drs. Gerson Luiz Martins e Carmen
Pereira traçando um panorama geral da entidade. O quadro abaixo demonstra os vários
encontros da entidade, disponibilizando algumas outras informações,
113 Pode ser encontrado no endereço: www.fnpj.org.br.
Quadro 21 Eventos realizados pela FNPJ, no período de 2001 a 2010
Ano Evento Temática Data Local Organização e
Apoio
2001 4º ENPJ Informação não localizada Informação não
localizada Campo
Grande - MT Informação não
localizada
2002 5º ENPJ Informação não localizada 28 a 30 de abril
de 2002 Porto Alegre -
RS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2003 6º ENPJ
A Vocação publica do jornalismo
Prof. Dr. Rosenthal Calmon Alves
1-4 de maio de 2003
Natal - RN
Universidade Potiguar
(informação não confirmada por
falta de dados na entidade)
2004 7º ENPJ
Conferência de Abertura Tema: Os desafios do
ensino de jornalismo na transição tecnológica
Conferencista: Prof. Dr. Nelson Traquina
(Universidade Nova de Lisboa)
18 a 20 de abril de 2004
Florianópolis - SC
Universidade Federal de Santa
Catarina
2005 8º ENPJ Formação e
Responsabilidade 21 a 23 de abril
de 2005 Maceió
Universidade Federal de Alagoas
2006 9º ENPJ Novas Tendências no Ensino de Jornalismo
28 a 30 de abril de 2006
Campos dos Goytacazes -
RJ
Centro Universitário
UNIFLU
2007 10º ENPJ
Os 60 anos de ensino de jornalismo no Brasil e suas
implicações sociais, profissionais e institucionais
27 a 30 de abril de 2007
Goiânia - Goiás
Universidade Federal de Goiás
2008 11° ENPJ Perfil e condições para o exercício da docência em
Jornalismo
18 a 21 de abril de 2008
São Paulo - SP
Universidade Presbiteriana
Mackenzie
2009 12º ENPJ
O ensino de jornalismo nas universidades: impactos na
prática profissional e conquistas para a
sociedade
17 a 19 de abril de 2009
Belo Horizonte -
MG
Pitágoras, Una e Uni-BH
2010 13º ENPJ
Ensino de Jornalismo: Novas Diretrizes e Novos
Cenários Jurídicos, Profissionais, Tecnológicos
e Econômicos
21 e 23 de abril de 2010
Recife - PE Universidade Católica de
Pernambuco
Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Utilizando os mesmo critérios de análise das outras instituições, através da coleta dos dados nas
pesquisas apresentadas durante os eventos nacionais, infelizmente nem todos os dados estão
ainda disponibilizados no site, conforme demonstrado na tabela abaixo.
Tabela 40
Total de trabalhos apresentados na FNPJ, no período de 2001 a 2010114
Atividade Realizada 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais
Total 5 56 30 61 27 35 37 72 69 37 429
Atividades de Extensão - 11 4 14 10 6 2 7 1 1 56
Ensino de Ética e Teorias do Jornalismo
- - - - - - 5 7 7 9 28
Pesquisa na Graduação 5 17 5 14 - 7 3 12 12 1 76 Produção Laboratorial:
Eletrônicos - - 4 10 4 7 9 14 16 13 77
Produção Laboratorial: Impressos
- - 10 10 4 9 6 11 10 4 64
Projetos Pedagógicos e Metodologias de Ensino
- 28 7 13 9 6 12 21 23 9 128
Fonte: Dados dos autores, março de 2011 Os dados demonstram a participação dos professores em todas as atividades, mas é
interessante observar que parte representativa das pesquisas, 128 no total (30%), estão
centradas nas experiências dos Projetos Pedagógicos e nas Metodologias de Ensino,
demonstrando as constantes mudanças e adaptações que a área vem protagonizando. A
Produção Laboratorial e a Pesquisa na Graduação, também representativas, demonstram dois
pontos nevrálgicos do ensino de Jornalismo. Por um lado os projetos que trabalham com as
práticas jornalísticas. Na outra ponta o estímulo a pesquisa como forma de aliar o conhecimento
teórico e a práxis, um dos desafios enfrentados em quase todos os cursos de jornalismo do
Brasil.
Esses três pontos demonstram a necessidade de espaços como o FNPJ para propiciar aos
professores a discussão e submeter aos pares não só os acertos e erros, mas pontos que
devem ser compartilhados, com a troca de informações e de experiências, nas diversas regiões
do país, de forma que cada vez mais seja possível oferecer um ensino de qualidade.
Quanto a modalidade de apresentação, o que dados demonstraram que os professores
disponibilizam as experiências pessoais, realizadas em suas instituições de ensino. A tabela
abaixo demonstra a distribuição.
114 É necessário reforçar que há uma aparente confusão com referência aos dados disponibilizados sobre os fóruns e os encontros nacionais. Muitas vezes, as informações aparecem conflitantes, inclusive no próprio site da instituição. Por essa razão optamos por acolher os dados do site, como informações oficiais das atividades realizadas pela entidade.
Tabela 41 Total de trabalhos apresentados na FNPJ, por modalidades,
no período de 2001 a 2010 TOTAIS
Atividade Realizada Individual Grupo Total
Totais 308 121 429
Atividades de Extensão 41 15 56
Ensino de Ética e Teorias do Jornalismo 27 1 28
Pesquisa na graduação 56 20 76
Produção Laboratorial: Eletrônicos 46 31 77
Produção Laboratorial: Impressos 47 17 64
Projetos Pedagógicos e Metodologias de Ensino 91 37 128 Fonte: Dados dos autores, março de 2011
As pesquisas apresentadas de forma individual ficam evidentes na tabela e em todas as
atividades do evento. Como em outras instituições analisadas por essa investigação, as
indagações e os resultados apontados na área da Comunicação continuam sendo produzidos
em espaços únicos, em cuja idéia de grupos de pesquisa é pouco utilizada, pelo menos no que
se refere aos trabalhos apresentados nos congressos científicos.
Com relação a titulação dos participantes, grande parte são de estudantes de pós-graduação ou
especialistas que ministram disciplinas nos cursos de comunicação, representando 70% do total
das titulações informadas. Porém, é necessário mencionar que há diversos professores que não
mencionam as titulações e as instituições de origem nas pesquisas apresentadas.
Mas o que foi observado nos vários dados analisados, resultados das experiências docentes em
várias regiões do país é que há uma diversidade de ações, temas, problemas, experiências,
dificuldade quer de ordem da infra-estrutura das instituições ou de apoio para as atividades a
serem realizadas, mas que em linhas gerais todos buscam a qualidade do ensino do jornalismo.
10) Outras informações
Finalmente, com referência as duas últimas entidades elencadas pela Socicom como parte
integrante dessa pesquisa, que tratam de: Semiótica - ABES115: Associação Brasileira de
Semiótica, fundada em 1972, congrega estudiosos dessa temática e Divulgação Científica -
ABJC: Associação Brasileira de Jornalismo Científico, fundada em 1977, congrega
115 No volume II da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, editado pelo IPEA, no capítulo 7, o texto “ABES, recriação e percurso de uma associação”, escrito pela professora Dr. Ana Claudia Mei Alves de Oliveira, evidencia um panorama geral da entidade.
pesquisadores em torno de temas ligados a CT&I, infelizmente, nos dois casos, não foi possível
encontrar dados disponibilizados nos sites das entidades.
No caso da ABES não há um espaço na web que reúna o material das atividades realizadas pela
instituição. Não há um site da instituição.
Na ABJC, o site está em construção, inclusive há um projeto que objetiva a recuperação da
memória da entidade, cuja chamada de contribuições está disponível na web, conforme lay-out
da página baixo disponibilizado.
Nos dois casos, também, o contato com os presidentes das entidades foi infrutífero, talvez pela
falta de dados atualizados que pudessem fornecer os atuais endereços desses pesquisadores.
Fonte: http://www.abjc.org.br, acesso em abril de 011
A segmentação da Comunicação
Sistematizar os dados das doze instituições escolhidas para compor o panorama segmentado do
campo da Comunicação foi um grande desafio. Não só pelo tempo, mas pela grande quantidade
e variedade de informações e por parte significativa do material estar disperso, em vários
espaços, desde a internet, nas páginas das entidades; anais de eventos, livros publicados,
cadernos de resumos, dos múltiplos eventos realizados.
Também, uma das etapas mais difíceis foi a seleção daquilo que deveria ser disponibilizado de
cada instituição, em meio a uma diversidade de materiais, dados e produções. Não poderíamos
cometer o erro da omissão ou mesmo evidenciar dados que talvez não fossem tão relevantes
para aquilo que deveria ser empreendido nesta investigação.
Como toda pesquisa tem uma dose bastante elevada de escolhas do pesquisador, essa não
fugiu a regra. Assim, acreditamos que parte substanciosa das produções está disponibilizada
nas tabelas e textos.
Para esboçar uma primeira análise sobre a segmentação da Comunicação não poderíamos
deixar de ouvir os presidentes das instituições que integraram a pesquisa. Assim, nos meses de
dezembro de 2010 a abril de 2011 enviamos para todos os doze presidentes um breve
questionário, com 4 questões, objetivando uma avaliação sobre as contribuições da entidade e
as perspectivas de futuro desenhadas por cada um dos campos de estudos e pesquisas que
compõem a grande área da Comunicação no Brasil.
Nem todos responderam. Mas aqueles que contribuíram traçaram um panorama específico dos
desafios e batalhas, mas principalmente, descortinaram um cenário plural no que tange as ações
que ainda precisam ser realizadas. Neste sentido, não editamos as respostas, as quais estão
disponibilizadas na íntegra, abaixo.
Professor Dr. Antonio Carlos Hohlfeldt - Presidente da Intercom (Sociedade Brasileira de
Estudos Interdisciplinares da Comunicação)
1. PESQUISA - Como o senhor define os atuais espaço e papel do Campo da
Comunicação no Brasil?
ANTONIO HOHLFELDT - O Campo da Comunicação no Brasil é crescente, pelo simples fato de
que os processos e as tecnologias comunicacionais crescem constantemente no país.
Lembremos que há menos de vinte anos praticamente não se falava em internet no Brasil. Hoje,
registra-se um crescimento exponencial, com o Brasil liderando movimentos de redes sociais
como Orkut e Facebook. Por outro lado, o país vem avançando fortemente no campo de
tecnologias digitais. Ora, a adoção de tais tecnologias tem sido conduzida pelo Governo Federal,
a quem compete o encaminhamento de tais questões, praticamente à revelia da população e até
mesmo dos segmentos universitários especializados. Foi uma dura luta chegar-se a um encontro
nacional como o ocorrido em 2009, mas depois disso, o Governo nunca mais tocou no assunto.
O modelo de digitalização da televisão foi decidido entre quatro portas. O modelo de rádio digital
da mesma maneira. Não se adotou todas as possibilidades da tecnologia, o que, de fato, poderia
democratizar o acesso às mídias, e conseqüentemente, à informação. Mais, que poderia
democratizar o acesso às mídias para garantir a mais livre expressão, conforme se encontra na
Constituição Federal. Por conseqüência, o campo cresce, os problemas avultam, mas a
população fica marginalizada, como sempre esteve, aliás, das chamadas políticas públicas
vinculadas ao campo, o que faz com que tenhamos essa contradição dicotômica: as pessoas
aprendem a usar apenas parcialmente, elas não chegam a compreender ou se conscientizar
plenamente de tudo o que tais tecnologias possibilitam à cidadania. E isso porque as autoridades
a quem compete tal papel de alerta ou mesmo de possibilitar tal potencialização se negam a
fazê-lo e se omitem em relação às suas responsabilidades. Assim, pois, o campo se torna
enorme para as grandes empresas, quase sempre multinacionais, e bastante restrito para a
maioria absoluta da população, com raríssimas exceções.
2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação se fazem relevantes?
ANTONIO HOHLFELDT - A INTERCOM tem promovido, constantemente, a cada congresso
anual, e mais recentemente em seus congressos regionais, debates variados, de maneira a
chamar a atenção, ao menos dos profissionais, pesquisadores e estudantes do campo, para os
temas emergentes em torno do campo. Mais que isso, mais recentemente, a INTERCOM vem
buscando articular as diferentes entidades para a busca de políticas comuns frente ao Governo,
no sentido de se pautar a discussão dos mesmos. Isso foi possibilitado com a criação da
SOCICOM e, logo após, com a aproximação da mesma ao IPEA, por exemplo. Projetos variados
têm buscado abrir esse tipo de debate, publicando-se obras e, mais recentemente, buscando-se
divulgar tais debates através da internet.
3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm
sendo constatadas nos encontros da Intercom?
ANTONIO HOHLFELDT - Todos os temas e demandas que surgem no seio da sociedade
brasileira se apresentam nos debates dos congressos anual e regionais da Intercom, pelo
simples fato de que a entidade não é um conjunto abstrato, mas muito concreto de
representação e de relação entre pesquisadores e a sociedade brasileira. Assim, aquilo que está
na pauta do dia da sociedade acaba aparecendo nos nossos congressos, porque os integrantes
desses congressos se preocupam com tais temas e tratam de debatê-los, aproveitando tais
encontros. Eu diria que a democratização dos meios de comunicação tem sido a constante da
entidade: quando a INTERCOM surgiu, estávamos em plena ditadura. Ao lado da UCBC, e
depois praticamente liderando o processo, a INTERCOM manteve os debates em torno da
democratização sempre presentes. Mais adiante, já no processo de “abertura”, partimos para a
discussão da propriedade dos meios; as relações entre as mídias e a cidadania; a presença do
Governo em face das empresas privadas que dominam a novas tecnologias. Propusemos
debates em torno do papel e do significado das novas tecnologias, de suas reflexões nas
relações internacionais – especialmente se elas democratizavam tais relações ou não – e hoje
em dia continuamos debatendo sempre aquilo que está mais presente no debate nacional.
Lembro que quando organizei, com a Profa. Dra. Maria Cristina Gobbi, o primeiro volume com
textos dos ganhadores do Prêmio Luiz Beltrão, comentei – e escrevi, no prefácio do volume –
que a simples leitura daqueles textos evidenciava a evolução sofrida pelo pensamento
comunicacional brasileiro. Ali se podia verificar o quanto a Intercom estivera atualizada em
relação aos debates nacionais e o quanto ela abrira caminhos, antecipara perspectivas e se
mantivera na liça dos grandes debates.
4. PESQUISA - Quais as metas da Intercom com referência à sua contribuição ao futuro da
área da Comunicação no Brasil?
ANTONIO HOHLFELDT – A INTERCOM tem um duplo compromisso com a democracia: a
democracia interna, na relação entre seus associados e participantes, e uma relação
democrática com as demais entidades congêneres. Mais que isso, a Intercom está sempre
pronta para dialogar com instituições continentais e internacionais, de modo a chamar a atenção
para o que se produz, se pensa e se discute em torno da Comunicação Social no Brasil, assim
como mostrar o imenso campo de estudos e de produção em que se constitui nosso país. Temos
procurado ampliar uma aproximação institucional com entidades congêneres européias ou norte-
americanas, através de integrantes de nossas diretorias. Temos proposto versões em inglês de
trabalhos de nossos diretores/pesquisadores no sentido de divulgar o que chamamos de
pensamento comunicacional brasileiro. Essa foi uma constante introduzida pelo Prof. Dr.
Marques de Melo desde a fundação da entidade, com seus colegas de iniciativa, e que tem sido
mantida por todas as demais diretorias. Há um compromisso, enfim, da Intercom, com a
democracia na própria sociedade brasileira. E ela passa, evidentemente, pelo contexto da
Comunicação Social, que atravessa e permeia toda a sociedade. Eu diria, pois, em síntese, que
a grande meta da Intercom é ser fiel a si mesma, na medida em que, olhando para trás, seja
capaz de compreender seu papel no presente e apostar em novas contribuições para o futuro,
bem como escreveu Hipólito José da Costa, a propósito de seu papel, enquanto animador do
jornal Correio Braziliense. Para isso, entre muitas outras iniciativas, preocupamo-nos com a
guarda da memória do campo, apostando alto na reorganização e dinamização do PORTCOM,
por exemplo, que é um repositório de estudos em torno da comunicação social, produzidos a
partir da INTERCOM, ao longo de décadas, e que pode ser amplamente acessado por todo e
qualquer interessado. Acho que essa é uma das principais contribuições que a entidade pode
dar à área da comunicação em nosso país, na medida em que, conhecer o passado, é evitar que
se realize um presente apenas repetitivo, sem apostar nas conquistas possíveis do futuro.
Professora Dra. Maria Dora Genis Mourão - Presidente da SOCINE (Sociedade Brasileira
de Estudos de Cinema e Audiovisual)
1. PESQUISA - Como a senhora define os atuais espaço e papel da área de Estudos de
Cinema e Audiovisual no Campo da Comunicação no Brasil?
DORA MOURÃO - A área de estudos de cinema e audiovisual vem ocupando um espaço cada
vez mais importante no âmbito do ensino e da pesquisa, seja por ser considerada estratégica do
ponto de vista cultural e político, seja pelo fato do mundo hoje se mover em torno do audiovisual,
o que lhe confere um lugar relevante. Os avanços tecnológicos e as implicações
socioeconômicas resultantes desse avanço vieram se somar à diversidade de enfoques de
pesquisa que conforma a área, ampliando seu espectro de ação. Para dar conta da abrangência
das experiências e práticas do cinema e audiovisual é fundamental ter o domínio do campo
conceitual específico. A área não se caracteriza somente pela reflexão sobre os suportes ou as
técnicas, mas vai muito além ao se constituir como uma área que integra dois campos, o das
artes e o das comunicações. A partir da instituição pelo MEC das "Diretrizes Curriculares
nacionais do Curso de Graduação de Cinema e Audiovisual" ocorrida em junho de 2006, houve
um crescimento significativo de cursos. É importante salientar que as diretrizes orientam tanto os
cursos específicos de cinema e audiovisual, quanto aqueles que são ênfases ou especializações
em cursos de Comunicação Social. Também na Pós-Graduação detectamos um movimento que
vai em direção à criação de Programas específicos.
2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Sociedade Brasileira
de Estudos de Cinema e Audiovisual se fazem relevantes?
DORA MOURÃO - A SOCINE tem um papel fundamental uma vez que é a entidade que
representa os pesquisadores em cinema e audiovisual. Hoje a entidade tem mais de 500
filiados, sendo que vem crescendo a cada ano, portanto a maior parte da pesquisa desenvolvida
na área tem na SOCINE seu centro aglutinador e de divulgação através dos encontros anuais,
nacionais e regionais, e das coletâneas publicadas com trabalhos que são apresentados nos
referidos encontros. Uma revista eletrônica, a REBECA, está em fase de gestação. É importante
salientar que muitos dos pesquisadores são professores universitários e que a totalidade deles
deve estar vinculada a um programa de pós-graduação. Com essas características sua
contribuição é indiscutível.
3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm
sendo constatadas nos encontros da SOCINE?
DORA MOURÃO - O crescimento da SOCINE e sua ampla representatividade exigem uma
reflexão sobre o lugar da área, assim como sua inserção nas políticas públicas de pesquisa e
formação desenvolvidas pelas agências de fomento e órgãos governamentais.
4. PESQUISA - Quais as metas da SOCINE com referência à sua contribuição ao futuro
da área da Comunicação no Brasil?
DORA MOURÃO - Com 15 anos de existência a SOCINE está consolidada, nesse sentido a
manutenção de seu objetivo maior que é o de aglutinar, sistematizar e divulgar os resultados de
pesquisas na área do cinema e audiovisual, contribuirá para o futuro da área da Comunicação no
Brasil.
Professora Dra. Marialva Carlos Barbosa – Presidente da Rede Alcar (Associação
Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia)
1. PESQUISA - Como a senhora define os atuais espaço e papel da História da Comunicação
no Campo da Comunicação no Brasil?
MARIALVA BARBOSA - Como o campo da comunicação se caracteriza e se define por uma
característica extremamente presentista, há uma certa tendência geral a desvalorização dos
estudos de natureza histórica. Isso se dá, por exemplo, com a retirada de muitos currículos
(quase a totalidade) da disciplina, pelo número mais reduzido (no conjunto da área) das
pesquisas de natureza histórica. Por outro lado, observamos, nos últimos anos, uma mudança
no estatuto da reflexão sobre a história da comunicação no país: passamos de pesquisas
tributárias de uma visão de história linear e orientada, para uma visão que considera
fundamental o caráter interpretativo e sempre provisório das conclusões. Passamos de uma
história que valorizava os grandes nomes, grandes feitos, para uma história que visualiza a
comunicação como processo. E nisso o papel da ALCAR foi decisivo. A complexidade das
discussões nos 8 Congressos nacionais que realizamos (o oitavo vai ser realizado agora em abril
no Paraná) ampliou o escopo das pesquisas e sobretudo deu uma nova dimensão a essas
pesquisas sobre a temática ou melhor a historicidade dos meios de comunicação no Brasil.
2. PESQUISA - Neste panorama, de que formas as contribuições da Rede Alcar se fazem
relevantes?
MARIALVA BARBOSA - A ALCAR tem contribuído não apenas com a ampliação dos espaços
de pesquisa, com a realização dos Congressos Regionais (no ano passado realizamos o
Congresso regional do Sudeste, em SP, do Estado do Rio, em Friburgo – RJ, do Norte, em
Palmas – TO, do Nordeste em Natal, Rio Grande do Norte, do RS, na PUC-RS, totalizando5
Congressos Regionais) e do Congresso Nacional, realizado a cada 2 anos. Este ano o VIII
Congresso será realizado na UNICENTRO, em Guarapuava, PR. Temos feito ações no sentido
do desenvolvimento de pesquisas integradas, como foi a realizada pelo GT de Rádio que traça
um panorama do estado da arte das rádios em 27 regiões metropolitanas de todo o Brasil, e
agora o nosso mais novo projeto é realizar uma pesquisa de grande fôlego sobre o campo
acadêmico da comunicação no Brasil, da formação desse campo a partir de alguns marcos
inflexivos que se localizam nas décadas de 1960/70. Esse é o nosso maior projeto: estamos
reunindo nele mais de 100 pesquisadores que estão trabalhando como pesquisadores
voluntários, em Rede, divididos por regiões e a partir disso vamos mapear os marcos de
desenvolvimento e da consolidação das pesquisas na área de comunicação no Brasil, a partir de
ações emblemáticas, como por exemplo, a constituição das próprias sociedades científicas na
área de comunicação, das quais a INTERCOM é pioneira.
3. PESQUISA - Quais sugestões ou demandas públicas para o crescimento da área vêm
sendo constatadas nos encontros da Rede?
MARIALVA BARBOSA - A grande demanda é pela realização de pesquisas integradas. Na área
de história é humanamente impossível realizarmos pequisas de caráter individual: as pesquisas
devem, para serem complexas, envolver redes de pesquisadores. Portanto, se houvesse
financiamento para a realização dessas pesquisas seria mais fácil. Mas enquanto não há os
pesquisadores estão se reunindo e ampliando a possibilidade de pesquisa e sobretudo criando
uma cultura de pesquisa integrada que ainda não há na área de comunicação no Brasil.
4. PESQUISA - Quais as metas da Rede Alcar com referência à sua contribuição ao futuro da
área da Comunicação no Brasil?
MARIALVA BARBOSA - Ter reconhecida a importância das pesquisas históricas na área de
comunicação. E o caminho para isso não é incensar os grandes pesquisadores, mas motivar os
que estão iniciando agora. Por isso criamos o Prêmio José Marques de Melo que irá premiar o
melhor trabalho de GRADUAÇÃO apresentado durante o Congresso Nacional. Queremos trazer
para o campo histórico os jovens pesquisadores. Sem eles não avançaremos e não
consolidaremos o nosso campo. Essa é a nossa principal meta.
A outra meta é complexificar a pesquisa na área de história dos meios, realizando outras
pesquisas integradas e mostrando as razões políticas da importância de uma visão histórica em
relação aos meios de comunicação. Não queremos que a área de comunicação abandone a sua
característica de ultra-atualidade, mas queremos que reconheça a importância da dimensão
histórica em suas pesquisas. Essa é a nossa meta e o nosso sonho.
Considerações finais e outras etapas a percorrer
O estado do conhecimento na área da comunicação pode ser dividido em duas sub-áreas: as
consolidadas e as emergentes. Neste cenário, o desafio proposto pela SOCICOM e apoiado pelo
IPEA para a realização dessa pesquisa deve ser entendido como um passo importante para o
conhecimento sobre a produção comunicacional de pesquisadores e de instituição nacionais.
Não somente aquelas representadas no âmbito dessa pesquisa, mas para outras tantas que
integram o cenário da comunicação no País. Também deve ser avaliado em sua contribuição
para o campo da comunicação, em seu amplo espectro de possibilidades.
As pesquisas científicas evidenciam escolhas, quer dos objetos, metodologias ou mesmo do
direcionamento das análises realizadas. Também apresentam resultados, que ampliam o leque
das opções, gerando novas reflexões a partir de outros olhares e direcionamentos. As atividades
de investigação servem como elos entre a teoria e a prática, permitindo que se apontem
semelhanças, dicotomias, identifiquem tendências e lacunas, e por fim, seu ferramental mais
precioso é a possibilidade de subsidiarem outras análises.
Neste sentido, a pesquisa ora apresentada, em sua primeira etapa, empreendia por um grupo de
pesquisadores apoiados com bolsa IPEA, buscou sistematizar e analisar informações de um
número expressivo de entidades e de pesquisadores da área da comunicação, nos mais
variados espaços produtivos.
Esse diagnóstico da área, resultado final esperado das várias ações empreendidas, visa, em
parte, diminuir distâncias entre a teoria e a prática, apontando para a possibilidade da criação
coletiva como ação transformadora, fruto do exercício da parceria entre pesquisadores e
instituições, inevitável nas ciências contemporâneas. Outro aspecto que deve ser mencionado é
o desafio da preservação da abordagem interdisciplinar como espaço de convergência,
resultando em trocas que possam atender as dicotomias da área da Comunicação.
Inserida no contexto de inquietude, as experiências resultantes das produções aqui apontadas
poderão superar a fragmentação dos saberes. Desta forma, outra finalidade do resultado final
(na etapa conclusiva dessa investigação) será o de alcançar objetivos mais amplos e resultados
plurais, através da sólida proposta de trabalho conjunto, numa perspectiva integradora não
apenas dos conteúdos, mas e, sobretudo, de pesquisadores e instituições, com suas
recomendações e saberes. Assim, à ameaça na formação de um campo da Comunicação
autônomo, devido ao uso indiscriminado e desconectado dos múltiplos saberes poderá ser
superada com a sistematização e a reflexão constante dos participantes, para que os diversos
aportes teórico-metodológicos estejam voltados a um objetivo maior: o entrecruzamento das
Ciências, de modo que sejam modificadas e repensadas em função da Comunicação, de um
novo olhar transformador. As argumentações aqui apresentadas possibilitam uma visão
multidisciplinar. Isso representa um avanço no tratamento das investigações, porque pressupõe
a abordagem sob várias perspectivas teórico-metodológicas.
Os resultados oferecem uma prática diferenciada, que poderá dar conta da complexidade e da
dinâmica do campo da Comunicação. Esta prática pode se traduzir pela possibilidade de
descrever e diagnosticar a produção do conhecimento comunicativo, analisando o
desenvolvimento, na última década, dos setores midiáticos; desenhar o panorama da indústria
nacional de informação e comunicação; analisar, mensurar e descrever os setores das
profissões legitimadas e das ocupações emergentes no campo, além de traçar o panorama
nacional da comunicação, evidenciando os perfis socioeconômico, educativo-cultural, entre
outros. Todo esse amplo escopo possibilita a reflexão teórica baseada na construção coletiva
prática de novos conhecimentos, fundamentais para o avanço da Ciência da Comunicação.
Falar do cenário da comunicação é admitir que se trata de uma área que tem vivido
constantemente sob a guarda da transição, mas é sobretudo entender diferenças, administrar
valores, respeitar a diversidade, sobreviver na pluralidade de opiniões sem perder a perspectiva
de que singularidades se apresentam como pontos de confluência entre os saberes, formando o
grande campo da Comunicação.
Tratar de Comunicação é administrar a amplitude das possibilidades, é enxergar a polaridade,
mas é delimitar fronteiras, entender o cenário e os atores que nele encenam diariamente seus
cotidianos.
Juntar esses dois pontos em uma pesquisa é um grande desafio e foi esse que se tentou
superar. Não aparece aqui a idéia do “tudo o que foi possível”. Como todo trabalho humano,
esse também padece de incertezas, falhas e lacunas. Mas buscou descortinar o cenário e
mostrar os atores sociais que cotidianamente, através de ações reais, tentam dirimir as
angústias que permeiam habitualmente suas produções, transformando-as em dados, estudos e
resultados capazes, muitas vezes, não de definir o caminho certo ou o errado, mas de oferecer a
possibilidade de escolha.
Assim, podemos afiançar que a pesquisa proposta pela SOCICOM e apoiada pelo IPEA permite
que as várias instituições aqui representadas possam transpor fronteiras entre as diferentes
áreas de conhecimento; agregando-se em torno de um ou mais temas e possibilitando a
convergência entre eles, contribuindo para o avanço do conhecimento de forma integradora;
para a formação de recursos humanos com capacidade para enfrentar novos desafios.
O resultado final116 propiciará que grupos produtivos e comprometidos com a pesquisa de
qualidade se associem de forma independente, respeitando as especificidades de cada espectro
do conhecimento comunicativo, que é amplo e não homogêneo; contribuindo para o crescimento
com qualidade da área da Comunicação, nas respeitando as especificidades que cada subárea
oferece.
A base inicial de dados composto pelas subáreas consolidadas: jornalismo, cinema e relações
públicas, retratam a situação de cada entidade em suas propostas de congregar pesquisadores
em termo de eixos claros e específicos, oferecendo a oportunidade de definir indicadores
qualitativos.
Por outro lado e não menos importante, as subáreas emergentes: Cibermídia, Folkcomunicação
e Propaganda Política, possibilitarão (na segunda etapa da pesquisa) o mapeamento das novas
tendências e as singularidades do campo comunicacionais, diante de cenários originais e
amplos, como é o caso do Brasil.
O professor Marques de Melo (1998) garante que precisamos redimensionar o trabalho
científico, "aprofundando a interpretação dos fenômenos já conhecidos; observar
sistematicamente os novos fenômenos, dando-lhes registro crítico-descritivo e cambiar as
análises de fenômenos globais com os casos específicos", dessa maneira será possível o
desenvolvimento de pesquisas calcadas nas próprias necessidades e realidades do país,
considerando sempre os estímulos externos, mas não os priorizando.
116 Segunda etapa, que será disponibilizada e publicada em janeiro de 2011.
É necessário que a pesquisa em Comunicação possa auxiliar as transformações sociais,
acumulando informações que realmente mostrem o cotidiano, ajudando a construir novos
modelos de produção e distribuição das riquezas de criação e reprodução da cultura do país.
Os resultados aqui apresentados permitem observar que embora em desenvolvimento, a área da
Comunicação ainda tem muito por fazer. Os dados históricos evidenciam as contribuições
empíricas, com múltiplas informações, referências, produções e reflexões. Não se trata de uma
totalidade teórica ou metodológica, tão pouco abarca uma proposta homogênea de análise. Mas
de um conjunto significativo de aproximações, que com bem disse Rivera (1986, p. 76) “pagam
tributo a fontes e modelos bastante diferenciados entre si”, sem perder as características
peculiares de nosso campo de estudos e as especificidades comunicacionais da nossa região.
Se encarregando de relativizar o radicalismo que permeiam muitas teorias e a instilar a
ingenuidade, às vezes tola, de outras.
Os levantamentos e as analises dos dados da Plataforma Lattes, do Portal dos Grupos de
Pesquisa do CNPq, dos resultados da Avaliação da Pós-Graduação da Capes, na leitura atenta
de outras investigações realizadas, no site no IPEA, da Unesco, do CNPq, da Capes entre outros
espaços nos permitiram visualizar um campo amplo de estudos, que ainda padece de uma
delimitação e da definição de fronteiras. Não no sentido de espaços delimitadores, mas que
promovem clareza sobre o que deve ser empreendido e investigado na área da Comunicação.
A quantidade de instituições e indicadores, de fato, se constituiu em um desafio muito grande,
impossível de ser vencido no tempo que tivemos para a realização da pesquisa. Optamos por
traçar o panorama geral, trazendo os dados mais representativos e somando a eles informações
como palavras-chave, titulação de pesquisadores, localização dos eventos etc.
Estamos no século dos desafios tecnológicos. Mais que dispor de ferramentas de apoio é
necessário rever os processos de produção, de forma que eles se tornem cooperativos. Além
disso, a autocriação traz criatividade e a inovação insere definitivamente a Comunicação no
cenário do desenvolvimento.
Muito além das preocupações na esfera econômica, as tecnologias da informação e da
comunicação, aliada aos novos artefatos comunicativos-informacionais (CMS, blogs, VoIP, VoD,
podcasting entre outros) devem ofertar a sociedade a “palavra”. Assim, como bem explicitado por
Alain Ambrosi, Valérie Peugeot e Daniel Pimienta (2005, web),
(...) a mundialização, tomada no sentido de descompartimentalização das bacias culturais, de circulação dos conhecimentos, não é mais o apanágio de uma elite midiática ou midiatizada, e pode se abrir para aquelas e aqueles para quem até então a expressão tinha sido de fato confiscada. Dentre os monopolizadores das palavras e das falas, encontram-se aqueles que pretendem ter a exclusividade da legitimidade do “dizer”, que assumiram o controle econômico e político do espaço midiático. Os usos alternativos das novas tecnologias da informação, na verdade, interpelam tanto interna quanto externamente esse tradicional “quarto poder”. Eles forçam a redefinição das regras de funcionamento das mídias de massa ao mesmo tempo que seu lugar e seu papel, redefinindo, desta forma, a própria noção de “serviço público” da informação, em particular no campo da radiodifusão.
Para encerrar essa etapa de análise, cabe ressaltar ainda que o processo de legitimação e de
identidade acadêmicas deste campo está diretamente relacionado com a formação de
profissionais competentes para a prática científica, além da efetiva participação desses atores
sociais nos cenários acadêmicos; buscando equilíbrio entre a teoria e a prática profissional e
entre os vários espaços desenhados pela geografia nacional.
A área da Comunicação está cercada por desafios que eclodem em cenários diversificados,
necessitando de consolidação e legitimação. Os espaços nos centros articuladores de pesquisa
oferecem a institucionalização necessária para que se possa intercambiar informações e
contemplar as várias especificidades, quer do campo ou da área. Faz-se necessário e urgente
que olhemos esses ambientes como centros aglutinadores, capazes de promover a discussão
ampla, congregando características plurais e gerando produção de conhecimento hábil para
alterar, substancialmente, as realidades comunicativas no continente latino-americano.
Para que isso seja possível é necessário olhar com atenção as cinco regiões do Brasil,
oferecendo estímulos para o desenvolvimento de programas de pós-graduação, incrementando
a pesquisa, apoiando investigadores para que ancorem nas regiões mais afastadas seu arsenal
de conhecimentos. Só assim será possível formar um quadro de intelectuais críticos e analíticos,
que produzam conhecimento novo em áreas defasadas ou mesmo menos favorecidas, quer pelo
distanciamento ou mesmo pela falta de apoio para o desenvolvimento permanente.
Essas ações permitirão dirimir extensões, evitando o distanciamento que promove a polarização
de mensagens, nem sempre reais sobre as necessidades da nossa região. Deve ocorrer um
acercamento dos meios e suas múltiplas possibilidades,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABCiber. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: http://abciber.org/, acesso em abril de 2011. ABRAPCORP. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: HTTP://www.abrapcorp.org.br, acesso em abril de 2011. AMBROSI, Alain; PEUGEOT, Valérie; PIMIENTA , Daniel. Desafios de Palavras: Enfoques Multiculturais sobre as Sociedades da Informação. Coordenado por Alain Ambrosi, Valérie Peugeot e Daniel Pimienta, este livro foi publicado em 5 de novembro de 2005 por C & F Éditions. O texto é publicado por licença Creative Commons Atribuição. Disponível em http://vecam.org/article495.html, acesso em abril de 2011. AGUIRRE, Jesús Maria. El pensamento Latinnoamericano sobre comunicación. Anagnorisis de una ciencia bastarda. Revista eletrônica científica PCLA, n. 1, 1. ed., home-page: www.umesp.com.br/unesco/pcla/index.htm, 1999, acesso em julho de 2010. ALMEIDA, Fernando Ferreira de. Notas de um presidente: Manuel Carlos Chaparro – gestão 1989-1991. PJ:Br – Jornalismo Brasileiro: Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação, São Paulo, n. 4, 2º sem. 2004. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/dossie4_i.htm>. Acesso em: 10 jan. 2011. ANCINE. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: HTTP://www.ancine.gov.br/, acesso em abril de 2011. BARBOSA, Marialva. Comunicação: a consolidação de uma interdisciplina como paradigma de construção do campo comunicacional. Paper apresentado no V Congresso Latino-Americano de Ciências da Comunicação, realizado na Universidade Diego Portales, em Santiago do Chile, abril de 2000. BELTRÁN, Luis Ramiro S. Neoliberalismo y comunicación democratica en Latinoamerica: plataformas y banderas para el tercer milenio. In: Nuevos rostos para una comunicación solidária. Quito: OCIC/UNDA/UCLAP, 1994. BERTI, Orlando Maurício de Carvalho. Quem é quem na vanguarda da Intercom. In: BARBOSA, Marialva (Org.). Vanguarda do pensamento comunicacional brasileiro: as contribuições da Intercom (1977-2007). São Paulo: Intercom, 2007. p. 209-230. BOURDIEU, Pierre. Cosas dichas. Buenos Aires: Gedisa, 1988(b). BOURDIEU, Pierre. Homo academicus. Califórnia: Stanford University Press, 1988(a). BOURDIEU, Pierre. La specificité du champ scientifique et lês conditions sociales du progrès de la raison. IN: Sociologie et sociétes. Vol. VII, número 1, Paris, 1975. BOURDIEU, Pierre. Leçon sur la leçon. Paris: Editions de Minuit, 1982. BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia, Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. BRAGA, G. M.; OBHERHOFER, A. Diretrizes para a avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros. IN: Revista Latina, nº 1, p. 27-31, ene/jun, 1982. CARTA DE BRASÍLIA. Documento de Fundação da SPBJor. Disponível em http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/wp-content/uploads/2009/03/Carta.pdf, acesso em abril de 2011.
CASTRO, Cosette. Relatório de Pesquisa do CPqD 2006. Cartografia Audiovisual Brasileira de 2005. Um estudo quali-quantitativo de TV e cinema. Fundaçao Padre Urbano Thiesen, 2005. CÁTEDRA UNESCO. Acervo do Pensamento Comunicacional Latino-Americano “José Marques de Melo”. Documentos, 2011. CONGRESSOS Regionais de Ciências da Comunicação. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/congresso/regionais/regionais.shtml>. Acesso em: 15 nov. 2010. DALLA COSTA, Rosa. Classificados nos prêmios estudantis terão colóquio acadêmico no Congresso da Intercom. Jornal Intercom: jornal quinzenal da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, São Paulo, ano 6, n. 153, 18 fev. 2010. Disponível em: < http://www.intercom.org.br/boletim/a06n153/destaque04.shtml>. Acesso em: 15 nov. 2010. EPTIC. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: www.eptic.com.br/, acesso em abril de 2011. FADUL Anamaria. Intercom busca ampliar o debate sobre a área da Comunicação. Presidente da instituição fala sobre as dificuldades e conquistas da área. Entrevista. 25 dez. 2005. Disponível em: <www.unesp.br/int_noticia_2imgs.php?artigo=234>. Acesso em: 22 jul. 2007. FADUL, Anamaria; DIAS, Paulo da Rocha; KUHN, Fernando. Contribuições para a pesquisa sobre o campo da Comunicação. IN: Comunicação & Sociedade, nº 36, ano 23, 2º semestre. São Paulo: Umesp, 2001. FARO, J. S. Os três eixos da história da Intercom. In: LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Vinte anos de Ciências da Comunicação no Brasil. São Paulo: Intercom, 1999. p. 83-86. FETTERMAN. D. M. Ethnography step by set. Newbury Park, CA: Sage Publications, 1989. FNPJ. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: www.fnpj.org.br/, acesso em abril de 2011. FOLKCOM 2011. Disponível na web, no endereço: http://www.folkcom2011.com.br/, acesso em março de 2011. FOLKCOM. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: http://www.redefolkcom.org/, acesso em abril de 2011. FUENTES NAVARRO, Raúl. El estudio de la comunicación en las universidades latinoamericanas. IN: Telos, nº 19, Madrid: Fundesco, 1998. GOBBI, Maria Cristina. A batalha pela hegemonia comunicacional na América Latina: 30 anos da Alaic. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. GOBBI, Maria Cristina. Anuário Unesco/Metodista nº 10. São Bernardo do Campo: Unesco/Metodista, 2006 e atualizado para essa publicação. GOBBI, Maria Cristina. Escola Latino-Americana de Comunicação: o legado dos pioneiros. Tese de doutorado defendida no programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo, sob a orientação do prof. Dr. José Marques de Melo, 2002. GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa Qualitativa. Tipos fundamentais. IN: RAE - Revista de Administração de Empresas, v. 35, nº 3, mai/jun, 1995, p. 57-63.
GOMES, Itania Maria Mota; PINTO, Julio; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Recomendações da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação/COMPÓS para o PNPG 2011/2020. Disponível em http://www.compos.org.br/ . Acesso em dezembro de 2010. GOMES, Itania Maria Mota; PINTO, Julio; ESCOSTEGUY, Ana Carolina. Antecedentes, tendências e perspectivas da Pós-Graduação em Comunicação. IN: Panoramas da Comunicação. Vol 2 - Memória das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação no Brasil, 2011, pg. 63-80. HISTÓRICO dos colóquios internacionais da Intercom. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/coloquios/binacionais.shtml>. Acesso em: 15 nov. 2010. IPEA. Acesso gratuito aos três volumes da Coleção Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, publicado pelo IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada) está disponível em : http://www.socicom.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=37&Itemid=55 JAPIASSÚ, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. JENSEN, Klaus Bruhn. Na fronteira: uma meta-análise da situação da pesquisa sobre mídia e comunicação. IN: Comunicação & Sociedade, nº 36, ano 23, 2º semestre. São Bernardo do Campo: Umesp, 2001. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3
ed. São Paulo: Atlas,
1996. LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. Os vinte anos da Intercom. In: LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Vinte anos de Ciências da Comunicação no Brasil. São Paulo: Intercom, 1999. p. 75-81. LOZANO REDÓN, José Carlos. Teoría e investigación de la comunicación de masas. México: Alambra, 1996. LUCA, Walter Alberto de. Anamaria Fadul: exorcizando a maldição frankfurtiana. In: MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de (Orgs.). Valquírias midiáticas: saga de 7 mulheres, ícones da vanguarda brasileira no campo acadêmico da comunicação. São Paulo: Arte & Ciência, 2010. p. 85-105. MALDONADO, Alberto Efendy. Procesos comunicacionales, recepción, educación y transmetodologia. Congresso da ALAIC em 2010. Disponível em http://www.alaic.net/alaic30/ponencias/cartas/Estudios_de_recepcion/ponencias/GT10_4efendy.pdf, acesso em novembro de 2010. MARQUES DE MELO, José et al. Unidade e diversidade na Comunicação. Intercom: Brasil, 2005-2008. São Paulo: Intercom, 2008. MARQUES DE MELO, Jose. Conhecer-produzir-transformar: paradigmas da Escola Latino-Americana de Comunicação. IN: Comunicação & Sociedade, nº 36, ano 23, 2º semestre. São Paulo: Umesp, 2001. MARQUES DE MELO, José. História do pensamento comunicacional: cenários e personagens. São Paulo: Paulus, 2003. MARQUES DE MELO, José. Introdução: valquírias midiáticas. In: MARQUES DE MELO, José; ASSIS, Francisco de (Orgs.). Valquírias midiáticas: saga de 7 mulheres, ícones da vanguarda brasileira no campo acadêmico da comunicação. São Paulo: Arte & Ciência, 2010. p. 19-41. MARQUES DE MELO, José. O campo comunicacional. Disponível em www.ucb.br/comsocial/114.htm>. Acesso em outubro de 2010. MARQUES DE MELO, José. Prólogo. In: RAMOS, Murilo César; DEL BIANCO, Nélia R. Estado e
Comunicação. Brasília: Casa das Musas; São Paulo: Intercom, 2008. p. 7-9. MARQUES DE MELO, José. Teoria da comunicação: paradigmas latino-americanos. Petrópolis: Vozes, 1998. MARQUES DE MELO, José; FADUL Anamaria; LINS DA SILVA, Carlos Eduardo. (Orgs.). Ideologia e poder no ensino de Comunicação. São Paulo: Cortez & Moraes, Intercom, 1979. MARTÍN-BARBERO, Jesús e SILVA, Armando (comp.). Proyectar la comunicación. Santafé de Bogotá: Tercer Mundo, 1997. MARTINO, L. C. Elementos para uma epistemologia da comunicação. Apresentado no V Congresso Latino-Americano de Ciências da Comunicação, na Universidade Diego Portales, em Santiago do Chile, em abril de 2000. MARTINS, Milton Pimentel. A propaganda política na história brasileira: incursões desbravadoras de Adolpho Queiroz. In: MARQUES DE MELO, José; GOBBI, Maria Cristina (Orgs.). Pensamento comunicacional latino-americano: da pesquisa denúncia ao pragmatismo utópico. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 329-338. MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem (Understanding Media). Editora Cultrix. tradução: Décio Pignatari, 1969. MCLUHAN, M. Understanding Media: The Extensions of Man. New York: McGraw-Hill, 1964. MEDITSCH, Eduardo. Crescer para os lados ou crescer para cima: o dilema histórico do campo acadêmico do Jornalismo. Covilhã: Biblioteca Online de Ciências da Comunicação.www.bocc.ubi.pt, acesso em janeiro de 2011. MORAGAS SPA, Miquel de. Sociologia de la comunicación de masas. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2ª ed., 1986. MORAGAS SPA, Miquel de. Teorias da comunicação. Barcelona: Gustavo Gili, 1981. MORAGAS SPA, Miquel de. Teorias de la comunicación. Investigación sobre los médios de América y Europa. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 3ª ed., 1985. NEWCOMB, Horace. À procura de fronteiras no campo dos estudos de mídia. IN: Comunicação & Sociedade. São Bernardo do Campo: Umesp, ano 23, nº 36, 2º semestre de 2001. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratamento de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1997 PERUZZO, Cicilia M. Krohling; REBOUÇAS, Edgard. Aos leitores. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 11-12, jan./ jun. 2006. POBLACIÓN, Dinah Aguiar. Produção científica: características das comunidades científicas brasileiras da área de ciência da informação segundo parâmetros cienciométricos. Pesquisa Apoiada pelo CNPq, período: março 1999/fevereiro 2001. POLONI, Delacir A. Ramos. Integração e Interdisciplinaridade: uma ação pedagógica. Disponível em http://www.cefetsp.br/edu/eso/delacirinter.html, acesso novembro de 2010. PORTCOM – Apresentação. Disponível em: <http://intercom2.tecnologia.ws/index.php?option=com_content&view=article&id=805&Itemid=123>. Acesso em: 15 nov. 2010.
INTERCOM. RBCC. PROCESSO de atualização histórica da Intercom. São Paulo, v. 23, n. 2, p. 203-211, jul./dez. 2000. RBCC – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. Vol. XXIII, nº 2, julho/dezembro de 2000. REDE ALCAR. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: http://paginas.ufrgs.br/alcar, acesso em abril de 2011. RIVERA, Jorge. La investigación en comunicación social en la Argentina. Buenos Aires: Puntosur, 1986. ROMANCINI, Richard. O campo científico da Comunicação no Brasil: institucionalização e capital científico. Tese de doutorado em Ciências da Comunicação, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2006. SÁNCHEZ RUIZ, Enrique. Medio de difusión y sociedad. Guadalajara: Universidade de Guadalajara, Centro de Estudios de la información y de la comunicación, 1992. SANTOS, Marli dos. Galeria de imagens. PJ:Br – Jornalismo Brasileiro: Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação, São Paulo, n. 4, 2º sem. 2004. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/dossie4_a1.htm>. Acesso em: 10 jan. 2011. SBPJOR. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: http://www.sbpjor.org.br, acesso em abril de 2011. SCHMIDT, Cristina. Folkcomunicação na arena digital. Avanços teóricos e metodológicos. São Paulo: Ductor, 2006. SCHWAAB, Reges Toni; TAVARES, Frederico de Mello Brandão. O tema como operador de sentidos no jornalismo de revista. I N : Revista Galáxia, São Paulo, n. 18, p.180-193, dez. 2009. SILVA, Roberto Farias. Tendências da produção científica em comunicação no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação da Universidade do Rio de Janeiro. Orientador. Hugo Rodolpho Lovisolo, 2004. SIMPÓSIO acadêmico comemora 25 anos da Intercom. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 256-258, jul./dez. 2002. SOCINE. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: www.socine.org.br, acesso em abril de 2011. SONNTAG, Heinz R. Duda, certeza, crisis. La evolución de las ciências sociales de América Latina. Caracas: Nueva Sociedad, 1988. SONNTAG, Heinz R. Nuevos temas, nuevos contenidos? Las ciências sociales de América Latina y Caribe ante el nuevo siglo. Caracas: Nueva Sociedad, 1989. SOUZA, Maria Teresa de. A trajetória profissional e acadêmica de Gaudêncio Torquato. PJ:Br – Jornalismo Brasileiro: Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação, São Paulo, n. 2, 2º sem. 2003. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/monografia2_f.htm>. Acesso em: 10 jan. 2011. STRELOW, Aline. Antônio Hohlfeldt: perfil intelectual. In: GOBBI, Maria Cristina (Org.). Teoria da comunicação: antologia de pensadores brasileiros. São Paulo: Intercom, 2010. p.161-174.
ULEPICC. Página da Entidade, disponível na web, no endereço: http://www.ulepicc.org.br, acesso em abril de 2011. VAZ, Tyciane Viana. Revista Intercom: quem edita, quem publica. In: BARBOSA, Marialva (Org.). Vanguarda do pensamento comunicacional brasileiro: as contribuições da Intercom (1977-2007). São Paulo: Intercom, 2007. p. 231-247. WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 1987.
Missão do IpeaProduzir, articular e disseminar conhecimento paraaperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro.