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1 Conversas: Folclore e Educação Comissão Mineira de Folclore Belo Horizonte 2013

Relatório Folclore e Educação . CMFL

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Relatório Folclore e Educação . CMFL

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Conversas: Folclore e Educação 

 

 

 

 

 

Comissão Mineira de Folclore 

 

 

 

 

Belo Horizonte 2013 

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Aluna: Bruna Chagas Rosa Xavier    9º Ano 01 Escola Estadual Padre Piccinini de Ensino Fundamental E Médio Município: Paraguaçu‐MG Professora: Andréa Aparecida Cambraia Elias  

 

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Equipe de trabalho  

 

 

 

 

 

Coordenador 

José Moreira de Souza 

 

Pesquisadores 

Elieth Amélia de Sousa 

Lúcia Tânia Augusto 

Com participação de todos os membros. 

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Benze os quarenta e quatro 

Oh! Frade! 

Na boca do Forno, 

Oh! Forno! 

Darei um Bolo, 

Oh! Bolo! 

Fareis tudo que o Mestre mandar? 

Sim, Senhor! 

E se não fizer? 

Ganha um bolo. 

Então, vai ali, vai ali e traz... 

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Dedicatória 

Esta obra resulta de homenagem da Comissão Mineira de Folclore ao professor Antônio Henrique Weitzel, emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora, pelos oitenta anos dedicados às conversas sobre o saber expressar na linguagem popular. 

É também homenagem ao professor Braulio Nascimento, Presidente de Honra da Comissão Nacional de Folclore, em agradecimento ao empenho de acompanhar a trajetória da Comissão Mineira. 

É dedicada a todos os profissionais de nossas escolas que acreditam na Vocação de educar e resistem em se transformar em simples trabalhadores da educação. 

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Sumário 

Apresentação  8 

1 A Comissão Mineira de Folclore e a Educação  11 

2. Propostas e exame das propostas  25 

3.Resultados obtidos  37 

4. Dificuldades e valores hegemônicos  80 

Para concluir  90 

Referências bibliográficas  96 

 

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Lista de Figuras, quadros e tabelas 

Figura 1 . Municípios de Minas Gerais em que pelo menos uma escola atendeu à  proposta 

 44 

Figura 2.: Concentração / dispersão dos municípios que atenderam à proposta  50 Quadro 1. Escolas que atenderam à proposta da Superintendência de Modalidades e Temáticas da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais por município endereço do remetente 

  44 

Quadro 2. Microrregiões por Mesorregiões nas quais nenhuma escola encaminhou resultados 

 45 

Quadro 3: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Série/ano não informados – Título/tema. 

 54 

Quadro 4: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 1º ano  e 2º– Título/tema. 

 55 

Quadro 5: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 3º ao 5º  ano – Título/tema. 

 56 

Quadro 6: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 6º ao 9º ano – Título/tema. 

 60 

Quadro 7: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 

 64 

Quadro 8: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 

 64 

Quadro 9: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 

 64 

Quadro  10.  Obras  do  acervo  de  uma  professora  do  fundamental  interpretadas como Folclore. 

 75 

Tabela 1. Municípios em que mais de uma escola que atendeu à proposta   42 Tabela 2: Escolas que atenderam à proposta por mesorregiões do estado de Minas Gerais 

 45 

Tabela 3: Microrregiões  ‐ número de municípios componentes, domicílios e população da microrregião por municípios  e escolas que atenderam à proposta com os respectivos domicílios e população residente 

  46 

 

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Apresentação Em primeiro lugar, agradecimentos a Guiomar Maria Jardim Leão Lara Diretora da Superintendência 

de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino e a Soraya Hissa Hojrom de Siqueira Diretora de 

Temáticas Especiais da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. 

Somos  gratos  também  a  todas  as  Superintendências  Regionais    de  Ensino  que  se  dispuseram  a 

interpretar e disseminar a proposta da Comissão Mineira de Folclore; às diretoras e aos diretores, 

supervisoras, supervisores, professoras e professores que atenderam à nossa solicitação. 

 

São partes componentes do presente Relatório um CD onde se encontram  

1. Cópias de todos os documentos encaminhados pelas escolas 

2. Informações tratadas em acces nas quais as  informações são cruzadas com dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE 

3. Tabelas em excell com o mesmo conteúdo 

4. Reprodução do presente documento. 

O presente comentário está dividido nas seguintes seções: 

1. Na primeira, recupera‐se a história da Comissão Mineira de Folclore no que diz respeito ao 

seu compromisso com a educação, entendido como eixo principal de estudo, compreensão e 

desenvolvimento do saber popular. 

2. Na segunda, apresenta‐se a proposta da Comissão Mineira de Folclore, suas origens recentes 

e as etapas de compreensão desta proposta. 

3. Na terceira, expõem‐se os resultados obtidos e analisam‐se as características do estudo do 

Folclore nas escolas que atenderam à proposta. 

4. Na  quarta  e  última,  examina‐se,  avalia‐se  e  pondera‐se  a  abrangência  das  respostas,  a 

dificuldade de inserir o estudo do Folclore nas escolas diante das diretrizes curriculares e os 

valores hegemônicos. 

Este relatório se orienta para compreender a pergunta: 

Como, quando e por que alguma escola acolhe o saber popular? 

E desenvolve a conversa tendo como verdade esta afirmação de um dos membros fundadores da Comissão Nacional de Folclore: 

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“Não se há de ensinar Folclore ao povo, está claro, mas aprender com ele, o que não tem sido tão claro assim, o seu Folclore”.  (Oswaldo Rodrigues Cabral da Universidade Federal de Santa Catarina) 

A verdade deste  imperativo categórico se sustenta em outra verdade de cunho epistemológico que pode ser enunciada desta maneira: 

Todas  as  relações  entre  seres  humanos  considerados  como  tais  exibem  como  marca identificadora a conversa [ diálogo ]. 

Dessa verdade decorre que todas as vezes em que qualquer indivíduo se vale de procedimentos externos ao diálogo para impor sua verdade, outra verdade, tal indivíduo desumaniza o outro na relação. Decorre também que, numa conversa sobre qualquer que seja o assunto, nenhuma das partes detém a  síntese do discurso. Resulta  também que uma  conversa entre  seres humanos, enquanto  humanos,  é  busca  constante  de  atenção  ao  saber  do  outro  e  reconhecimento  da ausência  de  saber.  Na  conversa  busca‐se  a  compreensão  do  assunto  e  não  a  imposição  de verdades parciais. 

Há,  portanto,  na  conversa,  a  ideia  reguladora  de  Verdade,  a  qual  se  orienta  pela  procura insistente de compreensão dos argumentos examinados e discutidos em comum. Disso  resulta que nenhuma conversa é possível sem acordo explícito a  respeito da humanidade do outro. O outro é tão humano quanto eu e tão capaz de compreender o que afirmo quanto eu;  e, também, que nenhuma das partes detém a verdade. Ela resulta da conversa. Verdade não é imposta. 

Tem‐se como enunciado síntese: 

Em toda conversa as verdades pessoais são ponto de partida para a prática da conversação e a orientação pela Verdade pauta o diálogo como ideia reguladora. 

Um diálogo, se é realmente diálogo, exige que cada outro afirme o que é verdade da qual está convencido. Essa convicção da verdade pessoal opera a conversa favorecendo o reconhecimento da humanidade do outro e a denúncia do emprego de recursos dominadores como estratégias para influenciar falsos acordos. 

Numa conversa, quando alguém, pode  ser até professor, afirma ao outro “Não é possível que você não  entenda o que  eu digo”  isto mostra um  caso de dominação  e de  encerramento da conversa. 

Sinteticamente,  esta  é  a  proposta  pedagógica  dos  estudiosos  do  folclore  quando  pensam  em educação libertadora. 

Alguns autores estão privilegiados no que se afirma acima: 

Hanna Arendt: A condição humana e dessa mesma autora O Sistema Totalitário 

Karl Popper: Conhecimento objetivo. 

Jürgen Habermas: Teoría de La acción comunicativa, complementos y estúdios prévios. 

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Jean Piaget: Sabedoria e ilusões da Filosofia. 

Arthur Schopenhauer: Como vencer um debate sem precisar ter razão. 

R. Pannikar: “Compreensão e convicção”. 

Amartya Sen:  A ideia de Justiça. E do mesmo autor Desenvolvimento como Liberdade. 

Marília Amorim: O pesquisador e seu outro, Bakhtin nas ciências humanas. 

Antônio de Paiva Moura: Violência no mundo, ontem e hoje: uma visão interdisciplinar. 

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1 A Comissão Mineira de Folclore e a Educação 

Como  temos  divulgado  à  saciedade,  a  Comissão  Mineira  de  Folclore  completou  no  dia  19  de 

fevereiro de 2013, 65 anos de fundação. Nesse dia, no ano de 1948, em resposta à convocação de 

Renato Almeida, do Ministério de Relações Exteriores, Aires da Mata Machado Filho1 reuniu mais 27 

estudiosos da Cultura Popular e fundou a Subcomissão Regional de Folclore de Minas Gerais.  

Há que  fixar alguns aspectos pouco enfatizados. O movimento do Folclore  tem  longo percurso no 

Brasil.  Nossa  elite  intelectual  foi  sempre  ávida  por  novidades.  Assim  o  foi  com  o  movimento 

romântico, mesmo sem termos raízes medievais.  

Tal como todos os manuais  insistem Folclore é palavra datada. É registrada no dia 22 de agosto de 

1846  por Willian  John  Thoms,  o  qual  reivindica  direitos  autorais  pelo  neologismo.  Segundo  esse 

patrono,  o  termo  designaria  a  coleta  de  fragmentos  de  um  saber  popular  em  extinção  numa 

Inglaterra em acelerado processo de mudança em razão da hegemonia capitalista – o saber técnico 

que domina todas as relações sociais. 

Segundo esse aspecto, é extremamente curioso que Sílvio Romero, Mello Morais Filho, João Ribeiro, 

entre outros,  tenham abraçado a causa de  recolha de “fragmentos da cultura popular  tradicional” 

em pleno século XIX. Curioso porque não se tratava de “recolher as poucas espigas” como registrou 

Thoms; aqui o campo era fértil.  

A locomotiva visualizada em planos ambiciosos ainda ensaiava a faina de “derrubar árvores e plantar 

dormentes”, o telégrafo era o meio mais veloz de comunicação, mas, não competia com o poder de 

informação dos tropeiros; as companhias de cavalinhos eram o veículo principal de novidades do que 

passou a ser designado de setores de políticas culturais; os meios de comunicação, jornais e revistas, 

circulavam em meio a uma elite   mínima alfabetizada, predominava   um universo de analfabetos; a 

                                                            1 Cumpre registrar que o membro fundador da Comissão Mineira de Folclore que esteve presente no ato de fundação da Comissão Nacional foi Lindolfo Gomes (Guaratinguetá, São Paulo, 12 de março de 1875 ‐ Rio de Janeiro, 15 de maio de 1953) contista, folclorista, jornalista e  professor,  o qual manteve laços estreitos com a Comissão  Nacional.  Entre  as  obras  publicadas,  destacam‐se:  Folclore  e  Tradições  do  Brasil  (1915);  Contos Populares  Brasileiros  (1918).  Outra  pessoa  nascida  em  Minas  que  também  esteve  presente  foi  Basílio Magalhães, historiador e folclorista, o qual não se tornou membro da Comissão Mineira. 

 

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indústria nos moldes  capitalistas, era  vista  como  surto modernizador e não  como  salto para uma 

economia urbano‐industrial.  

Enfim,  a  seara  era  vasta.    Contudo,  a  palavra  de  ordem  de  Thoms  nos  chegou  como  imperativo 

categórico  e  assumiu  a marca  da  resistência  à modernidade,  à  afirmação  do  conservadorismo,  à 

defesa do atraso cultural. Coisas de Brasil. 

Mais  contraditoriamente ainda,  será o movimento modernista que  colocará em primeiro plano os 

estudos de Folclore no Brasil. Ai destaca‐se a figura de Mário de Andrade que influirá diretamente na 

postura de alguns dos fundadores da Comissão Mineira de Folclore. O cuidado de Mário pela “Coleta 

Folclórica”  é  exemplar.  Fundadores  expressivos  da  Comissão  Mineira  de  Folclore  mantiveram 

contatos  frequentes  ou  esporádicos  com  esse  personagem  tais  como  os  de  Cataguases,  com  o 

“Grupo  Verde”,  os  de  Belo  Horizonte  com  o  grupo  “Leite  Criôlo”,    ou mesmo  pela  afinidade  de 

preocupação com a música e o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 

A consolidação da Universidade de Minas Gerais, no ano de 1927, acontece na esteira dessa busca 

pela  modernidade  e  seu  primeiro  reitor,  professor  Mendes  Pimentel,  frisa  já  nessa  época,  os 

obstáculos pedagógicos a serem vencidos: 

“A aula não é um salão de conferências. O lente é o aluno mais experiente, que, em contato seguidos 

com os companheiros mais moços, sugere  temas para as  investigações científicas e os assiste e os 

acompanha na elaboração.” 

Fernando Correia Dias que se debruça sobre a concepção de Universidade que se  fundava destaca 

quatro grandes eixos temáticos: 

1. Formação profissional garantida pela aproximação do professor – todo professor é também 

aluno – “O lente é [apenas] o aluno mais experiente”. 

2. Elaboração científica tendo como fim prestar serviços à coletividade. 

3. Fidelidade  à  cultura  nacional.  “Não  se  julga  que  a  Universidade  possa  ter  influência    de 

âmbito  nacional,  mas  que  possa  “nacionalizar”  a  mentalidade  dos  jovens”.    É  possível 

interpretar que a Universidade, no caso é a de Minas Gerais, deve lembrar sempre aos seus 

membros a realidade a que estamos submetidos. Vivemos em Minas, Minas está no Brasil. 

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4. Responsabilidade  e  compromisso  social.  Significa que  a Universidade deve  ao povo  e  tem 

obrigação de pagar o que deve.[Fernando Correia Dias.Universidade Federal de Minas Gerais, 

projeto intelectual e político. Belo Horizonte: UFMG, 1993. P.164‐165]. 

Há  um  traço  marcante  entre  os  membros  fundadores  da  Comissão  Mineira  –  e  pode‐se 

generalizar para  as de  todos os  estados que  responderam  a Renato Almeida  –  todos querem 

conhecer o  lugar onde vivem, com ou sem ufanismo. A  ideologia pregada pelos  fundadores da 

Universidade  de  Minas  Gerais  determinará  também  o  discurso  e,  muitas  vezes,  a  prática. 

Vivemos  no  Brasil,  precisamos  conhecer  nosso  Brasil,  saber  de  nossa  herança,  honrá‐la  ou 

depurá‐la.  

Em primeiro lugar, os fundadores da Comissão Mineira de Folclore não irão se apresentar pelos 

títulos  acadêmicos, mas  pelo  “amor  ao  povo,  ao  saber  popular  que  deve  ser  conhecido”.  O 

estudioso  de  folclore  é  aluno,  sempre  aluno,  nada  mais  que  aluno.  Mas,  aluno  pronto  a 

aprender, ouvir, registrar, disseminar o saber. Muitos  já eram   professores universitários, como 

Aires  da Mata Machado  Filho,  Franklin  Teixeira  de  Sales,  Levindo  Lambert,  Flausino  do  Vale; 

outros  se  tornaram,  como  Saul  Alves  Martins;  outros  ainda  permaneceram  sem  graduação 

acadêmica, como Maria Orminda Mata Machado e Sílvio do Amaral Moreira. Alguns  labutavam 

diretamente no campo do ensino escolar fundamental ou ginasial, como Henriqueta Lisboa – de 

Cambuquira, Maria Orminda – de Diamantina ‐, Heli Menegale – de Passa Quatro, que se torna 

Reitor do Colégio Estadual. 

A  primeira  preocupação  de  Aires  como  coordenador  do  grupo  é  de  oferecer  um  curso  de 

Folclore, o qual será ministrado no Conservatório Mineiro de Música – hoje  Escola de Música da 

Universidade  Federal  de  Minas  Gerais  ‐.  Esse  curso  se  repetirá  alcançando  um  centro  de 

educação no povoado de Várzea do Pantana, Fazenda do Rosário – Sociedade Pestalozzi  ‐   do 

atual município de Ibirité. 

A  experiência  da  Sociedade  Pestalozzi  com  a  formação  de  educadores  merece  uma  rápida 

referência. Como  se  sabe, Dona Helena Antipoff  foi uma  sonhadora e uma  realizadora. Como 

realizadora  implantou na  Fazenda do Rosário um  centro de educação para  atender  a pessoas 

ditas, hoje, com deficiência e uma Escola Normal Regional para formar professoras para escolas 

rurais. Nada mais importante do que uma discussão sobre Folclore nesse espaço. A preocupação 

com o desenvolvimento rural fez também com que o ambiente da escola se tornasse laboratório 

de práticas agrícolas.  

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No ano de 1961, o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Minas Gerais – INEP  ‐ publicou 

um estudo em que se avalia a região de Várzea do Pantana.  

Merece  transcrição  a  análise  feita  pelos  autores,  Hiroshi Watanabe, Welber  da  Silva  Braga, 

Tocary Assis  Bastos  e  José Nilo  Tavares,  valendo  ressaltar  que  os  três  primeiros  se  tornaram 

professores do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia da UFMG,  tendo o 

último migrado para a  cidade do Rio de  Janeiro,  logo após o golpe de 1964. Cumpre  lembrar 

ainda  que Aires  nesse  curso  foi  também  assistido  pelo,  então, militar  Saul Alves Martins  que 

posteriormente seria também professor do mesmo curso de Ciências Sociais. 

Pois bem, eis a análise. 

“Dentro e fora da escola, contudo, parecem ter falhado as tentativas das Instituições não só de atuar em outros setores além do educacional, como de se afastar de uma ação  formal  dentro  do mesmo,  fora  de  uma  prestação  de  serviços  ajustada  aos conceitos de valoração da escola estabelecidos pelo grupo. Tentou‐se, por exemplo,  a  experiência  de  aplicação,  nas  escolas  primárias  anexas,  do método  de  projetos, com  a  criação  de  granjinhas  de  vinte metros  quadrados,  no  cultivo  das  quais  as crianças aprenderiam noções básicas de agricultura, aritmética, geometria, ciências naturais, contabilidade – através do controle de venda dos produtos – e português, redigindo  relatórios  sobre  os  progressos  do  empreendimento.  Em  cada  escola,  as granjinhas se filiam a um Clube Agrícola ao qual revertem os possíveis rendimentos da venda de seus produtos. O projeto  foi mal recebido pela população  local, que o considera  um  desvio  das  finalidades  sérias  da  escola.  Uma  opinião  típica  a  este respeito  foi  colhida  em  casa  do  proprietário  de  um  pequeno  estabelecimento industrial local, cuja mulher nos declarou, com relação ao Clube Agrícoola da Escolas Reunidas “D. Silvério”, anexas à Sociedade Pestalozzi  e onde estudam os seus filhos.  

Para trabalhar de enxada, eles trabalham aqui, que é  terra deles. E  lá não dá  lucro nenhum. Eles  trabalham o ano  inteiro, e nas  férias morre  tudo. Eles deixam  secar, entra animal  e come... E explicou:  Se eu não fosse sozinha, já tinha ido lá reclamar, mas as outras acha que as professora vai ficar com raiva. 

Este relatório põe em evidência um dos maiores obstáculos entre pedagogias de promoção social. Os 

educadores não conversam, supõem saber o que o outro sabe. É possível avaliar a acolhida do curso 

de  Folclore  na  Fazenda  do  Rosário:  a  direção  e,  talvez,  alguns  professores  se  convenceram  da 

importância do folclore para as escolas rurais, mas se esqueceram de conversar com o povo, aqueles 

que buscam a escola. Coube aos pesquisadores do Centro Regional de Pesquisas Educacionais ouvir o 

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povo. Mais, eis o grande equívoco das burocracias: quem pensa saber não ouve e quem ouve não 

está comprometido com a realidade prático sensível do cotidiano2. 

Na área de Educação Popular, outra contribuição  importante é da professora Angélica de Rezende 

Garcia.  Nossos  avós  contavam  e  cantavam  tornou‐se  uma  obra  de  orientação  para  atividades 

escolares. A Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais determinou a reprodução para todas 

as  escolas  de  uma  obra  semelhante  dessa mesma  autora  Cancioneiro  Escolar.  Há,  porém,  uma 

diferença, enquanto Angélica como estudiosa do  folclore  registra a herança deixada pelos “nossos 

avós”, O Cancioneiro resulta de uma incumbência do Estado para o que as escolas devem ensinar às 

crianças. Sabe‐se do esforço de Angélica pela informação oferecida pelo diretor da Imprensa Oficial, 

José Guimarães Alves. 

O Cancioneiro exibe centenas de poemas musicados. A maioria das músicas e das letras tem autores 

conhecidos.  Veja‐se  este  como  exemplo  para  ajudar  a  conversa  com  a  valorização  da  atividade 

agrícola em Ibirité. Chama‐se “Seu Juca” a autora  informa ser uma “Cantiga Roceira” a música é de 

J.B. Melo e Sousa. 

Coro 

Chega seu Zé! Chega Mané! Chega Pedro e Bastião  Que Seu Juca vai contá O que viu na Capitá Umas coisa de fazê espantação.  

Vou contá as maravia Que eu vi lá no outro dia Quando eu fui lá na cidade passeá Eu fiquei atrapaiado Fiquei mesmo apalermado,  Co’as beleza dessas coisa que eu vi lá. E por aí vai. 

A última estrofe lembra folclore, mas é  só o saci pererê :  Deu‐se um causo mais horrive! Que eu jurei era impossive! 

                                                            2 Um dos redatores deste Relatório teve oportunidade de conversar com Hiroshi Watanabe e com Saul Martins. O primeiro  insistiu nos reparos feitos à concepção de folclore determinada pela direção; quanto ao segundo, registrava reconhecimento irrestrito ao trabalho desenvolvido na Fazenda do Rosário. 

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Fui falá no telefônio que estrilou; Quem haverá de dizê! Foi o Saci Pererê Que de dentro da caixinha me xingô!  

Cantando estes versos, a criança aprende a  ter vergonha de morar no  interior. Na Capital,  tudo é 

moderno. Fora dela, só há atraso. 

Há  também  poemas  de  elogio  ao  campo  e  sua  fecundidade:  “Mocidade,  a  terra  é  boa,  /  É mãe 

fecunda e opulenta/ A terra que nos sustenta/ A mãe que nos abençoa.” 

Este  poema  se  fixou  em muita memória  infantil:  “Nós  as  crianças  de  hoje,  /  Botões  em  flores 

s’entreabrindo,  /  Vemos,  ridentes,  o  futuro/  Qual  rosicler  brilhante  infindo.//  Hoje,  petizes  no 

estudo, /Devemos por todo cuidado;/Homens será nosso culto inteiro/ À Pátria consagrado.” 

O poema de Olavo Bilac que recebeu música de J. Gomes Júnior é um primor de repasse de deveres 

para as crianças: 

Tal como a chuva caída Fecunda a terra no estio, Para fecundar a vida O trabalho se inventou  

Feliz quem pode orgulhoso  Dizer:  “Nunca fui vadio; E se hoje sou venturoso,  Devo ao trabalho o que sou.  É preciso desde a infância,  Ir preparando o futuro; Para chegar a abundância É preciso trabalhar.  

Não nasce a planta perfeita;  Não nasce o fruto maduro; E para ter a colheita,  É preciso semear. 

São vários os músicos fundadores da Comissão Mineira de Folclore. Levindo Lambert foi Diretor do 

Conservatório Mineiro de Música, junto ao qual se juntaram vários professores. Merece comentário 

a obra de Flausino do Vale. Esse moço de Barbacena tornou‐se catedrático de História da Música e 

publicou duas obras de interesse para os estudiosos de Minas. Músicos Mineiros recupera a história 

da música, merecendo  atenção;  contudo  a  de  interesse  para  o  folclore  é  Elementos  de  Folclore 

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Musical, publicada em 1936 e  reeditada mais duas vezes – 1947 e 1978 na  série Brasiliana da Cia 

Editora Nacional  ‐.   A  leitura do primeiro capítulo dessa obra é recomendada para os que estudam 

folclore. O título “Importância do Folclore”  já o  justifica. O autor defende que, em criação musical, 

não há como se afastar do folclore, entendido como o saber expressar em sons e ritmos mensagens 

fundamentais de nossa educação desde o berço. Flausino defende um nome novo para o  folclore 

musical:  “Melodemia”, Melo  de melodia  e Demia  de  demos  =  povo.  Reconhece,  porém,  algo  de 

fundamental importância para o estudo desse povo no que diz respeito à música: “A escola, a música 

brasileira, no sentido técnico da expressão, por enquanto ainda não existe. E isto porque nossa raça 

ainda não  se  tipificou, permanecendo em estado de amálgama. Ora, as manifestações artísticas e 

culturais de qualquer país exercem‐se nas grandes cidades; e estas, nas nações novas, sempre são 

cosmopolitas; de maneira que é no interior do país, do centro para a periferia, que se dá a gestação 

dos  caracteres  distintivos  do  povo,  o  que  requer  longo  trato  de  tempo.” Afirmação  de  profunda 

lucidez. Leitores apressados poderão fixar‐se em pormenores “raça” por exemplo, mas o que o autor 

afirma é que há um confronto que  impede algo que estaria no centro do movimento modernista, 

sondar as raízes de formação brasileira. 

Flausino, além disso, mostra    ‐ talvez defenda – o  imperativo de o folclorista não estranhar o povo 

que é e defende como músico que isto é impossível. No caso pessoal, esse autor formado em Direito, 

seguiu a carreira de músico por herança familiar.  “Os homens de ciência não inventam nada; o que 

fazem é, apenas, compendiar os segredos recebidos das próprias mãos dadivosas da mãe natura, ou 

seja,  aquilo que  a  natureza  ensina  àquele  que  vive mais  ligado  a  ela.  Em matéria  de  arte,  não  é 

menos verídica esta assertiva.” Com esta afirmação o autor defende uma indistinção entre sujeito e 

objeto,  o  não  distanciamento  radical.  A  leitura  dessa  obra  vale  até mesmo  para  quem  não  tem 

qualquer interesse pelo tema. A graça das construções encanta. Referindo‐se a Sabará, por exemplo, 

“O bom povo desta cidade tem duas religiões: a católica e a música. Lá, mesmo em meio da semana, 

às caniculares horas do dia, não há uma rua por mais modesta que seja, onde não se ouça um violino, 

uma  flauta, um piano, um violão”  (...) “E de mim para comigo concluí: até hoje e para sempre em 

matéria de arte, o Amor será o supremo mestre.” 

Há que registrar o empenho de Henriqueta Lisboa pelo folclore na educação. A obra Literatura oral 

para a infância e a juventude: lendas, contos & fábulas populares no Brasil. Teve a primeira edição no 

ano de 1955 e mereceu reedição em 2002 por uma editora de São Paulo. Henriqueta mais conhecida 

como poetisa traz para o público algo que resulta de sua frequentação junto ao grupo de fundadores, 

a articulação entre Folclore e Educação.  

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Vê‐se logo na “Introdução” este alerta mais do que necessário: 

“o folclore não deve ser ministrado à infância a feitio de estudo, mas, sim, proporcionado de 

modo recreativo, espontâneo, sem insistência. O que se define como popular,tradicional e anônimo 

não lograria viver em clima de imposição.”  

A leitura atenta e repetida deste manifesto mostra a diferença entre estudar e recrear. A recreação 

favorece  o  criar  novamente,  quanto    ao  estudo  parece  supor  ausência  de  criação,  ou  aquilo  que 

caracteriza a recreação, liberdade em oposição a disciplina. 

O exame rápido desses poucos fundadores em seu contexto revela como se formou o pensamento 

da Comissão e o meio em que atuou. 

 

b)  A Comissão Nacional e a questão da educação ‐ Congresso e a Carta do Folclore 

Tão logo foi fundada, a Comissão Nacional de Folclore deu início às Semanas Nacionais de Folclore. A 

primeira aconteceu na  cidade do Rio de  Janeiro, em 1948, a  segunda, em  São Paulo, em 1949, a 

terceira em Porto Alegre, no ano de 1950. 

O ano de 1951 foi reservado para a realização do I Congresso Brasileiro de Folclore do qual resultou a 

Carta do Folclore Brasileiro. 

Já  na  Primeira  Semana  Nacional  de  Folclore  em mesa  redonda  examinou‐se  o  compromisso  do 

Folclore com a Educação e da Educação com o Folclore. Cecília Meirelles se encarregou de expor para 

conversa a proposta síntese: 

Nas escolas primárias e  instituições pré‐escolares, o Folclore não pode ser encarado especulativamente,  mas  vivido,  cada  dia,  na  sua  realidade,  justamente  para assegurar a sua permanência e prosseguir na sua evolução. 

Nossa grande poetisa lembra ainda que “o Folclore deve constituir a esfera da criança” tanto para a 

recreação quanto para atividades manuais. 

Como  se  vê,  esta  proposta  exige  uma  intensa  relação  entre  escola,  família  e  comunidade  de 

vizinhança. A escola não pode se constituir em esfera autônoma do saber. Ela tem que acolher o que 

não sabe. Eis o maior desafio. 

Congressos para  lá, congressos para cá, semanas de Folclore pra  lá, semanas pra cá, até chegar ao 

ano de 1995, quando se realiza o VIII Congresso Brasileiro de Folclore,  em Salvador/BA. (1995). 

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Era  acontecimento  que marcava  nova  era. O  golpe militar  de  1964  afetou  seriamente  a  reunião 

nacional  dos  folcloristas.  Após  1963,  novos  congressos  aconteceram  apenas  em  1970  e  1974  e 

sempre em Brasília. Como  interpretar  isto? Perdida a continuidade, os congressos retornaram após 

uma  interrupção de 21 anos.   A retomada exigiu a revisão da Carta Nacional de Folclore e atenção 

destacada à educação. 

Capítulo III Ensino e Educação 

Recomenda‐se  

1. Desenvolver ação conjunta entre os Ministérios da Cultura e da Educação a fim de que o conteúdo do  folclore e da cultura popular  seja  incluído nos níveis de 1º e 2º graus e como disciplina  específica  do  3º  grau  de  forma mais  ampla,  incluído  enfoque  teórico  e  prático através  de  ensino  regular,  de  oficinas,  de  observações  e  de  iniciação  às  pesquisas bibliográficas e de campo. 

2. Considerar a cultura  trazida do meio  familiar e comunitário pelo aluno no planejamento curricular,  com  vistas  a  aproximar  o  aprendizado  formal  e  não  formal,  em  razão  da importância de seus valores na formação do indivíduo. 

3. Envolver os educadores de diferentes matérias em  torno do  folclore, considerando‐o um amplo campo de ação para estudos e a prática da multidisciplinaridade. 

4.  Buscar  assessoramento  para  a  ação  pedagógica  relacionada  ao  folclore  junto  as instituições de estudo e pesquisa e/ou especialistas. 

5. Manter, ampliar e melhorar a oferta de cursos de Folclore com vistas ao aperfeiçoamento dos especialistas em exercício na área de Folclore e a reciclagem de professores, a fim de que possam recorrer à produção científica mais recente que veicule uma visão contemporânea do folclore/cultura popular. 

12.  Orientar  a  rede  escolar  para  que  as  datas  relativas  ao  Folclore  e  Cultura  sejam comemoradas  como um conjunto de temáticas que devem constar dos conteúdos das várias disciplinas pois configuram expressões em diferentes linguagens  ‐ a da palavra, a da música a do corpo ‐  bem como técnicas cuja prática implica acumulação e transmissão de saberes  e conhecimentos hoje sistematizados por diferentes Ciências.  Instruir os professores para que motivem seus alunos, tais datas, a estudar manifestações de seu próprio universo cultural. 

Ao  se  desdobrar  em  recomendações  a  Carta  se  torna  prolixa.  São  relacionadas  17  longas 

recomendações.  A  Carta  quer  obedecer  à  prolixidade  normativa  característica  dos  anos  pós 

Constituição de 1988 e esquece que os Dez Mandamentos trazidos por Moisés do Monte Sinai eram 

também  tão prolixos que poderiam  se  resumir em dois:  “Amar a Deus  sobre  todas as  coisas e ao 

próximo com a si mesmo.” No caso da Carta seriam suficientes duas recomendações:  

1 As escolas devem entender que o folclore é externo ao seu saber sistematizado.  

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2.As escolas devem entender que seu saber está encadeado numa malha burocrática.  

A possibilidade de um diálogo resulta dessas duas verdades. 

Como consequência: A Escola não pode ensinar Folclore porque ele deixa de sê‐lo. Diante disso, todo 

o sistema escolar deve assumir a consciência de que ele se põe para impor uma forma codificada de 

dominação, seja patriarcal patrimonial, seja racional‐burocrático‐legal. 

A  escola pode  e deve, pela  sua  característica,  estudar  folclore, mas não pode  ensiná‐lo porque o 

descaracteriza enquanto processo de  interpretação da  realidade emergente nas  relações pessoais. 

Por mais  que  o  aluno  conheça,  na  escola,  lendas,  parlendas,  provérbios,  ditos  populares,  ritos, 

danças,  folguedos,  dramatizações,  adivinhações,  ele  não  domina  o  Folclore,  mas  registros 

empalhados de algum  saber popular  fora do contexto. A diferença é a mesma entre  língua e  fala. 

Quando a escola ensina  folclore, ela de  fato está ensinando como  foram  registradas, congeladas e 

sistematizadas determinadas práticas. O saber popular traz para a escola um grande desafio: ele não 

simplifica  o  Real  para  complexificar  a  Razão;  pelo  contrário,  simplifica  a  Razão  e  crê  com  fé  na 

complexidade do Real. 

 

c) As universidades Federais  de Minas Gerais e o Estudo do Folclore 

Em 1978, a Universidade Federal de Viçosa promoveu o primeiro Encontro Universitário de Estudos 

de Folclore. Esse Encontro definiu como “objetivo central discutir o seu aproveitamento no ensino de 

1º e 2º graus e o papel da escola, na preservação do fato folclórico”.  

Foi um momento alviçareiro.   Esta Universidade era altamente competente para colocar o assunto 

em pauta. A atividade de extensão  rural, a preocupação  com a Economia Doméstica  tornavam‐na 

centro de referência para o exame da relação Estudo e Saber Popular.  

A proposta  tomou  corpo e, no ano de 1979, nos dias 10 e 11 de dezembro,  sob  coordenação do 

professor Benito Taranto da Assessoria de Assuntos Culturais e do Conselho de Extensão, realizou‐se 

o II Encontro sobre Folclore na Educação. Expandia‐se para todas as universidades federais existentes 

no estado de Minas Gerais Esse Encontro foi apoiado pelos reitores e contou com a participação de 

professores das universidades: Federal de Viçosa, Federal de  Juiz de Fora, Federal de Ouro Preto e 

Federal de Minas Gerais. Era continuidade do Primeiro acontecido no ano anterior, mas, como se vê, 

com maiores  ambições pela  abrangência das  instituições participantes. A  Secretaria de  Estado da 

Educação esteve presente e atuante através de suas Diretorias e de  inúmeras delegacias regionais: 

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13ª Delegacia Regional de Ensino, com sede em Muriaé, Diretoria de Ensino 1º grau da Secretaria de 

Estado da Educação, 6ª Delegacia Regional de Ensino, com sede em Divinópolis, Delegacia Regional 

de Ensino, de Ponte Nova, Delegacia Regional de Ensino, de Ouro Preto.  

Dos 37 participantes, havia assessores dos Conselhos de Extensão e alguns membros da Comissão 

Mineira de Folclore. O Encontro se  iniciou com palestra do professor Saul Alves Martins – UFMG  ‐, 

prosseguiu com Wilson de Lima Bastos – UFJF ‐, Anita Ribeiro de Castro da Secretaria de Estado da 

Educação ‐ 13ª D.R.E. ‐,  e encerrou com  Benito Taranto e Alice Inês de Oliveira e Silva da UFV.  

O relatório desse encontro concluiu: 

“O Estudo do Folclore deve partir do lar dos educandos para a vizinhança do município e da região e 

estimular o aluno a trazer para a escola valores  de seu meio ambiente.” 

Dois estudos se destacaram. Foram apresentados e discutidos o “Atlas Linguístico de MG” elaborado 

por professores da Universidade Federal de  Juiz de Fora e o  “Relatório de Pesquisa  sobre Cultura 

Popular na Zona da Mata”. Ambos estudos favoreceram a compreensão daquele  ideal universitário 

sonhado quando da  fundação da Universidade de Minas Gerais em 1927. A universidade  tem um 

compromisso com o  lugar que ocupa. A educação formal deve compreender a  linguagem e o saber 

em sua diversidade. 

Entre os participantes, havia um jovem de nome Sebastião Rocha que captou no ar esta mensagem, 

levou‐a  sério e criou, anos depois, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento. 

A Comissão Mineira fez também multiplicar os cursos de extensão em Folclore em toda Minas Gerais 

como  relatou Domingos Diniz,  responsável maior por  sua  disseminação.  Surge  ainda, movido  por 

ventos  favoráveis, o Centro de  Informações  Folclóricas para  atender  estudiosos  e,  especialmente, 

crianças  e  jovens  por  iniciativa  própria  ou  por  recomendação  de  professores  –  projetado  e 

concretizado por Antônio de Paiva Moura. 

d) Nasce o CPCD 

Tião Rocha relata dois fatos que determinaram sua conversão em Educador Popular. O primeiro vem 

da atenção da criança para os silêncios na escola. A professora ensina a história de reis e rainhas em 

aulas  de  História. O menino  levanta  a mão  e  afirma;  “Eu  tenho  uma  tia  que  é  rainha”.  A  sábia 

ensinante não ouve, a  criança  repete,  insiste e quer  ser ouvida. A professora determina o  “cala a 

boca”. 

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22 

 

O  segundo  é  sua  experiência  como  professor  numa  Universidade  Federal:  o  professor  finge  que 

ensina e o aluno faz que aprende. Talvez, outra interpretação seria: o professor ensina disciplina e o 

aluno aprende a burlar. Isto bastou. E ele decidiu ser Educador Popular, aquilo que falta à escola. 

No ano de 1984,  surge o CPCD na  cidade de Curvelo brotado da  imaginação do que não existe e 

precisa vir à luz. O CPCD emerge do silêncio da escola. Do que não se diz e do que não se pratica; do 

“cala a boca”. 

Na obra Criatividade na Educação  (São Paulo:  Imprensa Oficial, 2009), Terezinha Araújo  resume o 

percurso do educador popular e do CPCD. 

Surgiu ante uma constatação de que a educação tradicional não conseguia bons resultados com  as  crianças  pobres,  desnutridas,  carentes,  que,  apesar  de  frequentarem  a  escola, continuavam com defasagem de aprendizagem. O CPCD atua nas áreas de educação popular e desenvolvimento comunitário, tendo a cultura como matéria  prima  e  instrumento  de  trabalho,  e  elabora  diversos  projetos  com  foco  no aprimoramento de agentes de transformação social que possam multiplicar suas ações. (...) As ações do CPCD estão apoiadas no trinômio  a. Metodologia inovadora b. Formação de educadores c. Participação comunitária. 

 A autora  lembra, ainda,  como a proposta  se disseminou pelo mundo, por Minas, pelo Brasil, pela 

América Latina e pela África. 

Podemos acreditar que o maior feito de Tião se sustenta não no trinômio enunciado, mas no poder 

de “ouvir os silêncios”. O que se deixa de dizer foi silenciado em algum momento. O silêncio visto sob 

esse aspecto é recusa de poder. Não há pessoas tímidas, há pessoas intimidadas. Eis um caso que se 

tornou  emblemático.  Em  diversos  documentos  audiovisuais,  Tião  divulga  uma  roda  de  crianças  e 

também  um  cachorrinho  participante.  Como  isso  se  deu? Uma  criança  se  recusava  a  ir  à  escola. 

Ouvindo o seu silêncio, Tião escuta: “Meu único amigo é meu cachorro. E ele não pode ir à Escola.” 

“Como não? Pode sim” foi a resposta. E a criança passou a frequentar a escola com seu único amigo. 

Como  a Metodologia  inovadora  tem  como  centro  a  “Roda de Conversação”  tudo era decidido na 

roda.  Chega  a  vez  do menino  se  expressar,  em  seguida  é  a  do  amigo  cachorro,  ou melhor,  do 

cachorro amigo. O menino  justifica:   “Eu  falo por ele” E Tião: “Mas a vez é dele. Ele é que tem de 

falar.” A criança: “Mas ele não sabe falar”... 

Essa conversa deve continuar nas escolas como lição. 

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23 

 

Há dois outros  feitos que merecem  registro, a participação no estado do Maranhão  registrada na 

obra O caminho das pérolas e  Araçuaí de UTI Educacional a Cidade Educativa. 

Caminho  das  pérolas  aponta  para  o  poder  transformador  da  linguagem.  De  pedras  para  pérolas 

privilegia conversa sobre o saber popular nos serviços de Saúde. E a atuação na educação em Araçuaí 

exibe um teste das coações institucionais para uma educação popular 

Da experiência de Araçuaí – uma das mais cruciais porque o CPCD assumiu a Secretaria Municipal de 

Educação – Tião retirou como lição ao ser perguntado “O que aprendeu”. 

Descobrimos que é possível desconstruir velhas práticas e que é possível sobrepor a ética à burocracia para criar caminhos novos e absolutamente legais para resolver questões crônicas e urgentes. 

Porém,  o  percurso  desse  educador  popular  não  se  encerrou  aí.  O  desafio  atual  é  a  “Cidade 

Sustentável”. Projeto que se desenvolveu pioneiramente em Araçuaí e que se encontra também na 

cidade de Raposos na Região Metropolitana de Belo Horizonte.  

Diante da pergunta, como um educador pode se multiplicar em tantos  lugares, Curvelo, Virgem da 

Lapa, Araçuaí, Raposos, Maranhão, Peru, Guiné Bissau, etc.? Resposta: Ouvindo o  que ainda não foi 

dito e  falando para os que estão dispostos a ouvir. Apenas as burocracias necessitam de  controle 

absoluto  para  avaliar metas  alcançadas. A  escola  valoriza  a  nota  como  valor  último  e  despreza  a 

aprendizagem como centro de promoção humana. 

 

f) Na cultura do povo a cidadania consciente – Carlos Felipe 

A trajetória de Carlos Felipe merece atenção. Jornalista conceituado nos meios hegemônicos 

de  comunicação,  aproveitou‐se  deles  para  defesa  da  causa  de  estudo  do  Folclore.  Como 

professor em cursos de Comunicação Social pôs no centro da agenda questões relacionadas 

à decifração de mensagens. 

Porém, o documento mais  importante desse membro está  concretizado numa proposta à 

Secretaria de Estado da Educação com o título Na cultura do povo a cidadania consciente – 

Concurso Liberdade e Cidadania. 

A Secretaria da Educação de Minas Gerais acolheu e reproduziu o texto divulgando‐o para 

todas  as  escolas  de  Minas  Gerais,  no  ano  de  1992.  No  documento,  Felipe  enumera  e 

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comenta as perguntas que poderiam interessar aos professores em suas atividades docentes 

e conclui: 

Centenas de perguntas semelhantes a estas podem ser feitas e, à medida que forem sendo dadas respostas, percebe‐se a descoberta de um mundo mais vasto do que se supunham. 

Por sinal, cada criança  traz, dentro de si, o universo  familiar com costumes,  lendas, estórias e causos, modos de agir, cantigas de ninar, alimentos e modos de prepará‐los,  enfim  um modo  totalmente  seu  por mais  que,  na  aparência,  todos  os  grupos familiares se assemelhem. 

E como seria fantástico descobrir o lastro cultural de grupos familiares de cada aluno! De  repente,  à  medida  que  vários  pontos  de  identidade  forem  encontrados  entre grupos, percebe‐se a razão de ações e modos de agir semelhantes. 

Uma  criança  aprende  a  tecer  e  a  bordar  porque  sua  mãe  mantendo  uma  linha tradicional de aprendizado cultural  folclórico,  lhe ensina. Descobre‐se a propriedade do  hortelã  como  remédio  porque  o  conhecimento  é  transmitido  de  geração  em geração entre os componentes do grupo familiar ou comunitário. 

Pesquisas deste tipo revelarão os contextos socioeconômicos, políticos e culturais de uma  comunidade,  explicando  de  maneira  decisiva,  as  razões  de  suas  ações  e pensamento de ideias. 

É só escolher qual rota. Por exemplo, numa cidade onde há manifestações folclóricas visíveis, partir para o  levantamento de  sua história a até as  razões que as  fizeram nascer. 

Em  comunidades  onde  o  folclore  não  é  tão  visível,  vamos  descobrir  o  invisível.  A medicina  familiar,  os  chás,  as  benzeções,  por  exemplo.  Ou  as  manifestações religiosas. Quem sabe, as cantigas familiares, desde canções de ninar ou “modas” que a  família conserva, geração após geração. A culinária através dos pratos  típicos, os bolinhos, os doces, o modo de fazer de cada um. 

(...) 

De uma hora para outra, o universo  comunitário  estará mais  claro para  todos  e a própria comunidade irá adquirir uma noção mais ampla e consciente do que ela é e o que representa.(...) 

Será  uma  grande  descoberta  e  os  próprios  professores  vão  sentir  que  aumenta  a importância social de cada grupo social. Mais que isto, revelando mais ainda a alma do povo, base essencial de sua própria identidade. 

Como se vê, há uma crença compartilhada de que o folclore pode ensejar oportunidade para 

o desenvolvimento da uma “cidadania consciente”. 

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25 

 

2. Propostas e exame das propostas 

Em primeiro  lugar, há se esclarecer o que os proponentes da Comissão Mineira entenderam como 

proposta  ao  elaborar  a  que  se  considera  em  seguida.  Entendeu‐se  como  tal  uma  sugestão  para 

outros. No  caso, os outros  seriam os professores das escolas estaduais de Minas Gerais. Era uma 

sugestão porque não se tratava de oferecer orientação, nem de dar um opinião. Como sugestão, a 

proposta poderia  ser  abandonada  completamente,  acatada  com  alterações ou experimentada  em 

sua íntegra. 

Entendeu‐se,  também, que uma proposta  se é  realmente proposta deve  ser examinada enquanto 

proposta.  Ou  seja,  uma  proposta,  qualquer  que  seja  se  faz  entre  pessoas  livres  ou  entidades 

autônomas. Na proposta apresentada estão embutidas convicções que  justificam sua elaboração. A 

qualidade de propostas  supõe duas alternativas:.  ser descartada  sem exame ou  ser examinada. A 

rejeição de uma proposta sem exame  implica na  recusa de  reconhecer o proponente como digno, 

competente ou qualificado para apresentá‐la. Nesse caso, o proponente é desqualificado e tem sua 

condição  de  não  humano,  ou  seja,  de  excluído  da  oportunidade  de  conversar  sobre  o  assunto 

proposto. No  caso de a proposta  ser examinada, a primeira  condição é de entender o  sentido da 

proposta, ou seja compreendê‐la. A compreensão exige a prática da conversação, do diálogo. 

É  tendo  presente  essas  considerações  que  este  Relatório  passa  a  examinar  o  percurso  de 

compreensão da Proposta da Comissão Mineira de Folclore para os professores das escolas da rede 

estadual  de  ensino.   Há que  lembrar  que  a  proposta  não  foi  enviada  diretamente  pela  Comissão 

Mineira, mas  foi  entregue  para  exame  e  conversação  com  a  Superintendência  de Modalidades  e 

Temáticas Especiais de Ensino.  

2.1. Origem  

Como se viu nas seções anteriores, as Comissões de Folclore sempre tiveram em pauta um diálogo 

frequente com os setores formais de educação – escolas. A Carta do Folclore Brasileiro de 1995 se 

ocupou tanto disso que desmembrou as recomendações de conversa  em 17 longos discursos. 

No  caso  específico  da  Comissão Mineira,  houve  sempre  parceria  com  a  Secretaria  de  Estado  da 

Educação no apoio à promoção de cursos e seminários e na divulgação ampla de nossos estudos e 

recomendações.  

Por  sua  vez,  em  quase  todas  as  publicações  da  Comissão,  há  artigos  referentes  à  relação  entre 

Folclore e Educação. Além do que já se comentou tome‐se ao acaso, a Revista Comissão Mineira de 

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Folclore nº 22 – 2001. O primeiro artigo  tem o  título “Conhecimento Escolar e Cultura Popular: os 

caminhos  para  a  educação  do  novo milênio”  de  autoria  de  Gustavo  Côrtes.  O  seguinte,  de  Luiz 

Fernando Viera Trópia, “Cultura Popular, Folclore e Educação”.  O terceiro é de Maria José de Souza 

(Tita), “O Folclore na escola”. 

Dentre  as  origens  recentes  da  proposta  que  justifica  o  presente  Relatório,  duas  devem  ser 

enumeradas. 

1. O professor doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves iniciou uma conversa sobre um tal 

de “Cipriano Capador”. Essa conversa rendeu com a sequência de vários casos acontecidos e 

comentários  analíticos. O  assunto  exigiu  a  criação de  uma  seção  no Boletim  da AFAGO  – 

Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia – sobre folclore. Cumpre lembrar que o professor 

Raimundo  foi  docente  na  Universidade  Federal  de  Viçosa.  Em  outra  oportunidade, 

promoveu‐se,  na  cidade  de  Gouveia,  um  concurso  de  textos  para  alunos  das  escolas 

estaduais  da  sede  municipal.  Para  surpresa  dos  avaliadores,  os  contos  vencedores  se 

dedicavam a histórias narradas pelos pais. Os contos eram mais criativos, mais descontraídos 

e a comissão de avaliação constituída em dois estágios foi unânime em conferir posição de 

destaque às histórias recuperadas pela tradição. 

2. O  conteúdo  da  proposta  apresentada  à  Secretaria  de  Estado  da  Educação  tem mais  um 

componente. No ano de 2012, o professor Antônio Henrique Weitzel celebrou 80 anos. Ora, 

o professor Weitzel é emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora, membro da Comissão 

Mineira  de  Folclore  e  o  mais  conceituado  estudioso  de  folclore  Literário  e  Linguístico. 

Portanto,  nada melhor  do  que  propor  às  escolas que  as  crianças  e  jovens  registrassem  o 

próprio conhecimento nessa área de domínio do celebrado estudioso. 

Privilegiaram‐se,  então,  duas  alternativas  para  atividades  escolares,  considerando  como  fato 

inquestionável  que,  em  todas  as  escolas,  no  mês  de  agosto  ocorrem  atividades  pedagógicas 

relacionadas ao Folclore, e tendo em vista que isto está inserido na malha burocrática da educação. A 

primeira era que os professores propusessem aos alunos escreverem sobre a história dos lugares em 

que moram  a  partir  de  relatos  ouvidos  em  casa  ou  na  vizinhança.  A  segunda  era  que  os  alunos 

relatassem um caso qualquer e fossem capazes de concluir com um provérbio ou dito popular: “É por 

isso que eu digo”, ou “bem diz o ditado”. Em ambas propostas, o aspecto central era relatar o que foi 

ouvido dizer e não o que os livros dizem. 

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Outras experiências também foram levadas em conta. A mobilização dos municípios para obterem o 

Selo UNICEF.   Conforme a própria UNICEF, o selo   “É uma estratégia para promover os direitos das 

crianças  e  adolescentes.  São  desenvolvidas  as  capacidades  do  município  em  um  trabalho 

intersetorial, onde serão avaliadas as políticas e o impacto da gestão e da participação social na vida 

de  meninos  e  meninas.    Os  municípios  que  conseguem  os  maiores  avanços  obtêm  um 

reconhecimento internacional: O Selo UNICEF Município Aprovado”. 

No  ano  de  2006,  inúmeros municípios  do  Semiárido  de Minas  se mobilizaram  para  obterem  o 

referido selo. Basicamente, o esforço é semelhante ao desenvolvido nos anos 70 pela Universidade 

Federal de Viçosa. É um  levantamento das “Expressões   Culturais do Município”. No município de 

Gouveia,  587  pessoas  foram  mobilizadas.  Todas  as  escolas,  e  as  pessoas  que  as  crianças  e  as 

professoras entenderam capazes de repassar relatos da memória local.  

A mensagem local elaborada por um membro da Comissão Mineira registrava: 

A articulação da  família com as escolas, com as associações  locais e com as oportunidades que  a  vida  oferece  é  tudo  que  fazemos  e  prometemos  fazer  sempre  mais,  sem esmorecimento. Quanto mais nossas crianças e nossos jovens se sentirem valorizados, tanto mais nosso futuro será brilhante.  

O mundo tem mudado, mas  isso não nos deve assustar. Nós somos herdeiros de um  legado de  valorização  das  pessoas  e  isso  nenhuma mudança  consegue  destruir. Quem  sabe,  está pronto  para  oferecer  seu  saber;  quem  tem  está  pronto  para  acolher  e  todos  nós  estamos prontos para a alegria do viver. 

O manual de  instruções pedia também que os municípios elaborassem um vídeo que sintetizasse o 

viver  local.  Para Gouveia,  sugeriu‐se  o  “Pião  de  Taca”  resumindo  a  seguinte mensagem:  “Aqui  o 

mundo é redondo” 

Apresenta‐se em seguida o roteiro do vídeo 

Música de fundo: Tira o laço da cabeça, fulano.  peão bambeia, peão bambá,  peão bambeia, peão bambá.     Enfatiza‐se o domínio completo dos processos produtivos e das relações de cooperação.  Roteiro:  

1. Uma criança escolhendo um galho de árvore e serrando um pedaço com mais ou menos 10 centímetros, exibe‐o em forma de cone.  

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2. Meninas cantando e brincando de roda.  3. A roda d’água e a roda do moinho.  4. Um mastro preparado para a festa de Santo Antônio.  5. Uma girândola em roda.  6. A criança constrói um papavento.  7. Uma vovó ensinando uma menina a cortar uma cuia para fazer um fuso.  8. O algodão colhido e cardado.  9. Retorno à girândola.  10. Corte de uma lasca de bambu para preparar o fuso.  11. Colocação do algodão no fuso.  12. O fuso gira com o algodão e prepara a linha – pavio – que se transforma em cordão  13. Crianças giram na grande roda da quadrilha de festa junina.  14. Mostra‐se o fiatório na indústria têxtil.  15. Mostra‐se o carretel girando na máquina de costura.  16. Crianças recolhem carretéis e os transformam em piorra, fazendo a piorra girar sobre 

a mesa.  17. Crianças fazem zorra com botões de costureira: tomam um botão e enfiam cordões 

entre dois buracos e fazem o botão girar produzindo ruído de vento.  18. Fogos se abrem em grandes estrelas, sobe o mastro. A banda toca uma marcha e faz‐

se zoon sobre todos os instrumentos redondos.  19. Um adulto ensina uma criança a preparar o pião com o canivete.  20. Em uma aula de física, o professor fala dos movimentos circulares e da inércia – o 

que mantém os corpos em movimento..  21. A criança aprende a colocar a taca.  22. A criança aprende a colocar o pião em movimento. Música do pião, acompanhada 

por violas e caixas: “Tira o laço da cabeça, fulano. Peão bambeia, Peão bambá, peão bambeia, peão bambá”. Ou “O pião entrou na roda. Roda Pião, Bambeia Pião” entre outras da memória local.  

23. Sobrepõe‐se a cena do pião, da piorra, à do movimento do fuso, do fiatório na indústria, do carretel na máquina de costura e da girândola, dos instrumentos musicais redondos, para se fixar nos movimentos da quadrilha.  

24. Apresenta‐se a quadrilha com música local – procurar Serafim, ele têm músicas locais de quadrilha do século XIX. Uma delas acompanha o Rei da Festa de Nossa Senhora do Rosário.  

As cenas devem ser acompanhadas por narrativas e entrevistas.   

Conclusão: Em Gouveia, o Mundo é Redondo. 

A experiência da mobilização pelo  selo UNICEF em Gouveia deixou  algumas  lições para  a 

proposta  da  Comissão  Mineira  de  Folclore.  Em  primeiro  lugar,  lembrou‐se  a  todos  os 

moradores que o Selo não era  importante, eram as pedras da  sopa de Pedro Malasartes. 

Depois de preparada a sopa, as pedras são guardadas para nova sopa. O objetivo maior era 

promover os laços comunitários e entender sua consistência. 

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29 

 

Toda  premiação  reproduz  dominação  e  negação  de  qualificação  dos  dominados. 

Exatamente,  por  isso  a  Comissão Mineira,  ao  elaborar  sua  proposta  não  prometeu  nada 

além de retornar com um Relatório.  

2.2. O texto de proposta da CMFL 

Como foi afirmado, toda proposta é apenas sugestão para ser examinada e estabelecer conversa. 

A  proposta  encaminhada  à  Secretaria  de  Estado  da  Educação  teve  a  redação  que  se  segue, 

juntamente com uma reunião com a Superintendência. 

Redações Escolares 

Propostas para a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais 

É muito comum, no mês de agosto, os professores do fundamental e do nível médio solicitarem aos alunos  atividades  escolares  referentes  ao  Folclore. Mais  comum  ainda,  é  exigirem  tratamento  de temas totalmente distanciados da realidade dos alunos, o que favorece uma compreensão distorcida do que é Folclore. É frequente exigirem “pesquisas” sobre o Folclore da Amazônia, ou do Rio Grande do Sul, ou, o que é mais lamentável a exploração do exótico e de tudo que foge à realidade próxima do  aluno.  Muitas  vezes  Folclore  é  confundido  com  superstições,  crendices,  benzeções,  ou  os chamados “tipos populares “, pessoas excêntricas. 

Para  favorecer  a  atividade  pedagógica,  a  Comissão Mineira  de  Folclore  deliberou  oferecer  como sugestão algumas atividades para serem recomendadas aos alunos. 

O objetivo maior dessa proposta é de favorecer, juntamente com a compreensão do que é Folclore, o emprego de temas relevantes que ajudem na compreensão do que é realmente transversalidade e no que é promoção da cidadania. 

1. Provérbios e ditos populares. Caracterizam‐se como provérbios ou ditos populares enunciados que as pessoas usam quase automaticamente como preceito, recomendação ou conclusão do que pode se caracterizar como um longo discurso.  Para o caso presente, não se trata de o estudante sair por aí buscando em livros e na internet relação de provérbios, mas de escolher aqueles que  já são do próprio conhecimento e que circulam em sua rede familiar.  Exemplo:  

Uma venerável senhora narrava um caso  típico de sedução e concluiu; “Quem quer pegar galinha, não diz que xô, né?”  Eis  a  síntese do  saber popular. Em  todos os quintais de Gouveia, havia pelo menos meia dúzia  de  galinhas  e  um  galo  no  terreiro.  Pela manhã,  as  donas  de  casa  chamavam  suas 

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galinhas: prrriu, prrriu, prriu! Elas vinham correndo, certas de que, pelo menos, um punhado de milho lhes seria jogado. Quando,  porém,  se  tratava  de  afastá‐las,  o  comando  era  diferente:  “Xô,  xô,  xô”,  dizia  a mulher. Dizer xô para pegar uma galinha era contrassenso. O saber popular expressava o uso da  sedução.  A  dona  do  quintal  queria  chamar  uma  galinha,  desta  vez  para  preparar  um ensopado saboroso com quiabo e angu, ou um molho pardo.  Ia à porta com um prato de milho e ... prrriu, prrriu, prriu!. É a técnica da sedução.  Daí a moral da história: “Quem quer pegar galinha, não diz que xô.”   Proposta: 

O  professor  pedirá  aos  estudantes  que  contem  uma  história  acontecida  em  seu meio  e recomenda que concluam sempre com um dizer desse tipo: “é por isso que eu digo...” Exemplo, o  jovem narra peripécias de  seu dia a dia e  relata  comentários de  terceiros que levam o  caso  ao  conhecimento de outros. Conclui, então,  “é por  isso que eu digo: Quem conta um  conto, aumenta um ponto.”  

2. Lendas e casos como sustentação de topônimos. Todas  as  pessoas  vivem  em  algum  lugar.  O  nome  desses  lugares  pode  ser  invenção  de loteadores ou de empresários imobiliários. Nesse caso, tem pouca importância para o saber popular. Por outro lado, há nomes de lugares que identificam profundamente os moradores. Há nomes de bairros que são efêmeros. Eles aparecem na planta dos loteamentos e logo em seguida desaparecem. Há também os que se fixam para sempre. Alguns são sustentados por lendas, outros pela necessidade de afirmação de status, outros ainda como discriminação. Um exemplo, no caso do perímetro interno da avenida do Contorno em Belo Horizonte, não existem bairros oficiais, mas   Seções Urbanas. Entretanto, há pessoas que dizem morar em Santa Efigênia, em Lourdes, no Santo Agostinho, no Pio XII, no Santo Antônio, no São Lucas. O  caso do  Funcionários é exemplar. Poucas pessoas afirmam morar nesse  local. Preferem dizer que moram na Savassi.  Topônimos  populares  tem  essa  dinâmica.  Certo  dia,  alguém  afirmou:  a  Savassi  já  está chegando em Santa Efigênia.  Ainda, no caso de Belo Horizonte, a prefeitura elaborou um cadastro em que consta o nome do bairro oficial, aquele definido por lei de parcelamento e que determina direitos quanto ao uso  do  solo,  código  de  posturas  e  de  obras,  e  o  nome  do  bairro  popular. O  Renascença popular é diferente do Renascença oficial, até no nome. Do mesmo modo, o Mangabeiras, a Barroca e a Pampulha. Os nomes de vilas e favelas são também bons exemplos. Cabeça de Porco, Gogó da Ema, Pau Comeu, Rock in Rio, Vila dos Marmiteiros, Vila dos Marimbondos são nomes que identificam lugares  para  os  de  dentro  ou  para  os  de  fora.  Todos  eles  têm  história  colada  à  própria realidade. Há também topônimos com raízes antigas e que são transmitidas através de gerações: Capela Nova de Betim, Contagem das Abóboras, Lagoa Santa, Paragem do Retiro, Lagoa Seca, Cruz das Almas. Muitos desses topônimos têm sua história garantida por lendas. Proposta. 

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O  professor  pedirá  aos  estudantes  que  contem  a  história  que  justifique  o  nome  de  seu bairro, ou de sua cidade, ou de sua rua, ou de um ponto notável situado na vizinhança.  Exemplo: Fogo Apagou; Santo Antônio da Roça Grande. Ressaca, Fidalgo, Morro Vermelho. Várzea do Pantana. Esquina dos Aflitos, Rua do Zé Sem Braço, Rua do Amendoim. Rua do Fogo, Rua do Sabão. Córrego Ferrugem, Ribeirão Arrudas, Córrego Acaba Mundo. Serra do Rola Moça. Morro do Quebra Cangalha.  Um exemplo. Ao  consultar  arquivos das Cartas de  Sesmarias  concedidas por Gomes  Freire de Andrade, deparei com topônimos tais como: Córrego do Menino Diabo, Córrego das Almas, Córrego da Paciência, Córrego do Chiqueiro, Córrego Sepultura tudo isto no “Distrito de Gouveia”. Todos esses topônimos permaneceram, exceto o de “Córrego do Menino Diabo”. Ao ler relatos de Viagem  de  Saint’Hilaire,  deparei‐me  com  o  mesmo  topônimo  na  cidade  de  Paracatu  ‐ Córrego do Menino Diabo. Este  teve  também dois outros nomes, córrego Pobre e córrego Superbo.  Pois, bem, em Diamantina, nas terras do Biribiri há também um córrego Superbo. Saint’Hilaire comenta o nome de Córrego do Menino Diabo atribuindo a rixas locais entre os jovens. Porém, em Gouveia, onde ninguém  localiza o Córrego do Menino Diabo, prevaleceu esta  lenda  explicativa  do  topônimo:  Nesse  córrego,  com  frequência  aparecia  um menino “saci”.  Era  um  local  de  assombração.  Os  moradores  incomodados  com  o  fantasma resolveram chamar o padre para expulsar essa figura infernal. O padre foi munido de crucifixo e água benta. Chegado à paragem em que o menino aparecia para  apavorar  os  viajantes  e  garimpeiros,  eis  que  surge  a  criança  no meio  do  córrego. O padre mostra‐lhe o crucifixo e o menino nem se abala. Toma  imediatamente a caldeirinha com água benta, molha o hissopo e asperge água em forma de cruz na direção da endiabrada criança, e nada acontece. Intrigado, o venerando sacerdote inquire o menino: ‐ Afinal, quem é você que não foge da cruz, nem da água benta? Você é ou não um diabo? Ao que a criança respondeu prontamente: ‐ Sou um diabo, mas um diabo batizado. A história desse topônimo é um prato cheio para historiadores e antropólogos. Não vem ao caso interpretá‐la aqui. São  riquezas  como esta que  se espera das  redações das  crianças, de  jovens dessas Minas Gerais. Esta proposta é  também uma homenagem da Comissão Mineira de  Folclore  ao  folclorista Antônio Henrique Weitzel, pesquisador do Folclore Literário e Linguístico, que completou 80 anos no dia 22 de abril de 2012. Recomenda‐se aos professores a leitura das seguintes obras: WEITZEL,  Antônio  Henrique.  Folclore  literário  e  linguístico;  pesquisa  de  literatura  e  de linguagem popular. Juiz de Fora: UFJF, 1995. WEITZEL, Antônio Henrique.Vozes do saber das gentes. Juiz de Fora: O Autor, 2001  José Moreira de Souza Presidente da Comissão Mineira de Folclore  

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a) interpretação do texto da CMFL pela Superintendência 

Ofício Circular nº  162 /2012    Belo Horizonte, 7 de agosto  de 2012.  Assunto: Semana do Folclore  Senhor (a) Diretor (a),  Como é do conhecimento de V. Sª, em agosto, é comemorada a “Semana do Folclore”, sendo a data 22 de agosto sua culminância.    Folclore, do inglês, folk‐lore, é a identidade, a tradição e o conhecimento de um povo expressos em  lendas, crenças, provérbios, canções e costumes. Minas Gerais é um Estado extremamente rico na  variedade dessas  crenças,  folguedos, mitos, provérbios, ditos populares  e  casos  como sustentação de topônimos. 

As manifestações  folclóricas  em Minas  têm  suas  origens  nas  tradições,  usos  e  costumes  dos colonizadores  portugueses,  com  forte  influência  das  culturas  indígena  e  africana.  Essas influências estão guardadas nos objetos de artesanato, na culinária, danças típicas, nas músicas, na  linguagem,  na  literatura,  na medicina  popular  e  nas  festas  com manifestações  populares tradicionais. 

Curupira, o Protetor das Florestas; Iara, a Mãe das Águas; o Caboclinho D’água no Velho Chico; o Saci‐Pererê, como a Mula sem Cabeça, povoam o imaginário popular. 

Em  Belo Horizonte,  por  exemplo,  como  em muitas  cidades mineiras,  os  nomes  dos  bairros  e aglomerados  remetem  aos  topônimos  com  raízes  antigas  e  que  são  transmitidos  através  das gerações. Muitos dos nomes topônimos têm sua história garantida por uma lenda. 

O Folclore, do ponto de vista pedagógico, apresenta vários eixos temáticos que podem mostrar ao aluno a riqueza de sua cultura.  O tema permite ao professor, explorar e favorecer atividades pedagógicas de  leitura, por exemplo,  relacionadas aos diversos personagens apontados acima.  Destacam‐se, ainda, provérbios e ou ditos populares, enunciados que as pessoas usam, quase automaticamente, como recomendação ou conclusão de um relato.  Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, em atendimento  à Comissão Mineira de Folclore, reitera seu   apoio às   tradições populares dos municípios de Minas. Assim, sugere que a escola  incentive e  instigue  seus alunos, nas atividades da Semana do Folclore, a relatarem, ou criarem e escreverem histórias a partir do  imaginário   popular de   seu bairro, de sua comunidade, dos diversos centros de cultura popular ou, ainda,  a partir de um provérbio ou dito popular conhecido.    A Comissão Mineira do Folclore é uma entidade que atua em Minas Gerais, desde 1948, sem fins lucrativos. Realiza pesquisas e estudos na área de Folclore e Cultura Popular. Assim, tem grande interesse em colecionar trabalhos de estudantes que tenham sido feitos sobre o tema. Portanto, solicita às escolas enviarem redações feitas para o e‐mail : [email protected] , com a  devida  identificação  da  Escola,  Município,  nomes  dos  alunos  e  respectivos  professores orientadores.  

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Contando com o habitual apoio dessa  instituição, desejamos‐lhes muito êxito nas atividades a serem desenvolvidas durante a “Semana do Folclore”.  Atenciosamente,  Soraya Hissa Hojrom de Siqueira Diretora de Temáticas Especiais  Guiomar Maria Jardim Leão Lara Diretora da Superintendência de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino 

 

Exame comparativo da compreensão das propostas. 

O  texto  da  proposta  da  Comissão  Mineira  de  Folclore  tem  a  seguinte  estrutura  visando  à 

comunicação: 

O  primeiro  parágrafo manifesta  uma  preocupação  da  Comissão Mineira  de  Folclore  a  partir  da 

interpretação equivocada do que  é  Folclore. Não  se detém no  termo, por entender que  todas  as 

escolas trabalhem no mês de agosto com assuntos relacionados ao Folclore. 

Insiste  nos  objetivos  no  segundo  parágrafo:    “ O  objetivo maior  dessa  proposta  é  de  favorecer, 

juntamente com a compreensão do que é Folclore, o emprego de temas relevantes que ajudem na 

compreensão  do  que  é  realmente  transversalidade  e  no  que  é  promoção  da  cidadania.”  Há 

suposições não declaradas, como se vê, ao examinar mais detidamente a afirmação dos objetivos. 

Eles são facilmente compreendidos pelos membros das comissões de Folclore de qualquer parte do 

país, mas o mesmo pode não acontecer com pessoas ligadas às instituições educacionais. 

Em seguida, cada proposta é apresentada desdobrada em três partes. Primeiro a caracterização dos 

termos objetos da proposta; em segundo lugar, um exemplo prático e real de exercício da proposta; 

e, finalmente, o que se propõe. Vale destacar: 

“Para o caso presente, não se trata de o estudante sair por aí buscando em  livros e na  internet relação  de  provérbios,  mas  de  escolher  aqueles  que  já  são  do  próprio  conhecimento  e  que circulam em sua rede familiar.” 

Enfatiza‐se; o estudante é convocado para  levar o seu saber para a escola, sem reproduzir o que a 

escola já lhe ensinou. 

Por último, recomendou‐se aos professores o conhecimento de obras do professor Antônio Henrique 

Weitzel, homenageado pela Comissão Mineira de Folclore. 

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No  exame  da  interpretação  realizada  pelos  técnicos  da  Superintendência  de  Modalidades  e 

Temáticas Especiais de Ensino, nota‐se que  a proposta  foi examinada  com  atenção e  reelaborada 

para alcançar uma melhor comunicação com as Diretoras e os Diretores das Escolas da Rede Estadual 

de Ensino. 

Em primeiro lugar, o ofício circular lembra aos diretores o que se faz no mês de agosto e, em seguida, 

acrescenta a definição da palavra folclore. Coisa que não se fez na proposta da Comissão Mineira. Os 

autores cuidam de mostrar o que são “manifestações folclóricas em Minas”. Isto também não consta 

na proposta da Comissão Mineira. 

Novo parágrafo exemplifica: “Curupira, o Protetor das Florestas; Iara, a Mãe das Águas; o Caboclinho 

D’água  no Velho  Chico;  o  Saci‐Pererê,  como  a Mula  sem  Cabeça,  povoam  o  imaginário  popular.” 

Exemplifica‐se também com os topônimos e sua história contada pela tradição oral. 

O parágrafo seguinte amplia a  interpretação, entendendo ser mais apropriado à compreensão dos 

diretores de todas as escolas da rede: 

O  Folclore,  do  ponto  de  vista  pedagógico,  apresenta  vários  eixos  temáticos  que  podem mostrar ao aluno a riqueza de sua cultura.  O tema permite ao professor, explorar e favorecer atividades  pedagógicas  de  leitura,  por  exemplo,  relacionadas  aos  diversos  personagens apontados acima.   Destacam‐se, ainda, provérbios e ou ditos populares, enunciados que as pessoas usam, quase automaticamente, como recomendação ou conclusão de um relato.  

O parágrafo que se segue é fundamental como síntese de uma proposta ampliada: 

Nesse  sentido,  a  Secretaria  de  Estado  de  Educação  de Minas  Gerais,  em  atendimento    à Comissão Mineira de Folclore,  reitera  seu   apoio às    tradições populares dos municípios de Minas. Assim, sugere que a escola incentive e instigue seus alunos, nas atividades da Semana do Folclore, a relatarem, ou criarem e escreverem histórias a partir do imaginário  popular de  seu bairro, de sua comunidade, dos diversos centros de cultura popular ou, ainda,  a partir de um provérbio ou dito popular conhecido.  

Os  termos  criarem  e  escreverem  histórias  acrescenta  à  proposta  da  Comissão  uma  nova 

oportunidade para professores e alunos. 

b) Interpretação do texto da Superintendência pelas escolas em suas instâncias: É concurso, é prêmio, para que? 

Todas as escolas da Rede Estadual receberam o ofício exposto e analisado, juntamente com 

as  Superintendências  Regionais.  Em  seguida,  algumas  iniciaram  consultas  à  Comissão 

Mineira de Folclore. A pergunta mais  insistente  foi o que a Comissão Mineira de Folclore 

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quer com isto? As mais específicas pediam informações sobre qual uso a Comissão daria aos 

trabalhos encaminhados, ou  seja, para que a Comissão pede  isto. Outro  foco  se  referia: é 

concurso? Tem premiação? 

Com raríssimas exceções as que pediram informações adicionais não atenderam à proposta. 

Diante  da  resposta:  A  Comissão  estuda,  a  Comissão  quer  conhecer melhor  as  atividades 

escolares,  a Comissão  vai elaborar um Relatório de Estudo e encaminhá‐lo  à  Secretaria e 

através  dela  às  escolas,  a  Comissão  não  premia,  nem  incentiva  competição,  parece  que 

desestimulava a participação. 

Pode‐se  também  interpretar  que  o  Ofício  Circular  ficou  na  caixa  de  e‐mail  de  muitos 

diretores.  Alguns  entrevistados  afirmaram  estarem  assoberbados  e  não  terem  tempo  de 

repassar a proposta aos professores ou aos supervisores escolares. 

Há  que  sublinhar  que,  embora  a  Comissão  tenha membros  efetivos  e  colaboradores  em 

quase  todas  as  regiões  de  Minas  Gerais,  alguns  deles  não  tomaram  conhecimento  da 

mensagem enviada.  

Há, portanto, que avaliar a velocidade dos meios de comunicação e o ritmo das atividades 

dos que  recebem mensagens. Pode‐se  imaginar a  frequência com que chegam mensagens 

pela internet às caixas dos diretores, como das pessoas em geral. 

A  interpretação da proposta, porém, somente pode ser compreendida a partir das escolas 

que reponderam à proposta. O silêncio das demais não autoriza imaginação. 

A única  interpretação advém da comparação de como  se encaminhou a proposta do Selo 

UNICEF. Nesse  caso,  as  prefeituras municipais  foram  convidadas  a  comparecerem  a  uma 

reunião  em  cada  polo  regional,  apresentado  e  comentado  o  edital,  forma  de  inscrição, 

formulários  de  coleta  e  encaminhamento  de  relatórios.  Ao  longo  do  levantamento,  os 

municípios  foram  visitados  por  coordenadores  e  no  seminário  final,  em  cada município, 

havia agentes do programa assistindo e avaliando os resultados.  

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Fique  como  suposição  que meios  ágeis  de  comunicação  são mais  frios  do  que  os meios 

lentos, garantidos por  relações pessoais. É uma  suposição  frágil,  sem dúvida, em  face aos 

elogios constantes ao poder das “redes sociais”. 

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3. Resultados obtidos 

 

Como, quando  e por que  alguma  escola  acolhe o  saber popular?  É  a pergunta que orienta  este 

Relatório. Mais do que respondê‐la, é necessário compreender seu sentido. 

“Como” aponta para os processos de comunicação e de sua decifração. A compreensão do “como” 

pede, em primeiro  lugar, o que se entende pela noção de Folclore. Na proposta encaminhada pela 

Comissão Mineira não se explicitou nenhuma noção, deixou‐se a cargo de cada professor interpretar 

o termo a seu bel prazer. Entendia‐se que qualquer que fosse a noção, a prática escolar sugerida não 

seria  afetada.  Por  outro  lado,  a  Superintendência  de  Modalidades  e  Temáticas  interpretou  a 

necessidade  de  explicitar  a  noção:  “Folclore,  do  inglês,  folk‐lore,  é  a  identidade,  a  tradição  e  o 

conhecimento  de  um  povo  expressos  em  lendas,  crenças,  provérbios,  canções  e  costumes.” 

Aparentemente a explicitação dessa noção não afeta a compreensão da proposta. A compreensão do 

como dispensa, portanto, noções  instruídas. Na base, há que examinar  como o  termo  folclore  foi 

apropriado por diferentes movimentos. 

O  que  as  pessoas  entendem  pelo  termo  “Folclore”?  é  a  questão  mais  recorrente  ao  longo  do 

percurso da Comissão.  Isto não pode ser antecipado, mas afeta profundamente a possibilidade de 

desenvolvimento de uma conversa. Aproximação, distanciamento, ou pura  rejeição – nem me  fale 

esse nome. 

Melhor exemplo prático é visível nas políticas públicas. Vale consultar os setores compreendidos no 

Conselho  Estadual  de  Política  Cultural.  Teatro;  Museu  e  artes  visuais;  Dança  e  circo;  Música; 

Produção cultural; Arte popular, folclore e artesanato; Entidades de Trabalhadores e das Entidades 

Empresariais; Patrimônio Histórico e artístico; Literatura,  livro e  leitura; Audiovisual e novas mídias; 

Design e moda. Os estudiosos de Folclore, imediatamente se perguntam: Mas não existe audiovisuais 

populares e novas mídias populares, como por exemplo a TVMuro? E Música folclórica? E Produção 

Cultural folclórica? E Patrimônio e literatura e livro e entidades e museu?  A composição do Conselho 

se baseou, portanto, em acolhida de grupos de interesse para o exercício do poder em tal governo e 

em tal momento.  

Page 38: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

38 

 

Compreender a noção de folclore pede, então que se examine sua relação com instituições. Como a 

grande  mídia  contempla  e  acolhe  a  noção  e,  para  o  que  interessa  a  este  Relatório,  como  os 

educadores  acolhem  essa  noção.  Por  quem  eles  são  afetados  no momento  em  que  decidem  se 

dedicar  ao  folclore  na  educação:  pelas  políticas  culturais?  Pelos  meios  de  comunicação 

hegemônicos? Pelas políticas de direitos humanos? Por diretrizes curriculares? Por adesão étnica ou 

religiosa?  

Eis mais um exemplo: no Congresso Brasileiro de Folclore, realizado na cidade de Goiânia, a Comissão 

Fluminense de Folclore pediu que se votasse uma moção de repúdio ao governo do estado do Rio de 

Janeiro  pela  repressão  às manifestações  escolares  juninas.  A  repressão  contaminava  a  noção  de 

folclore no interior de políticas públicas, atuando diretamente no setor educação. 

Do ponto de vista da Comissão Mineira entende‐se como  interpretação preconceituosa da palavra 

folclore o emprego de expressões que  circulam nos meios de  comunicação do  tipo:  “O    folclórico 

deputado”;  “isto já está virando é folclore”; “essas são coisas para fazerem parte do folclore”. 

De  outra  parte,  veem‐se  grupos  se  apropriarem  do  termo  como  se  folclore  fosse  uma  realidade 

promotora  de  seu  saber  fazer.  A  denúncia  de  Carlos  Rodrigues  Brandão merece  registro:  “Uma 

figurante  carregava  um  estandarte  onde  todos  liam  “Este  Fouclore  agradece  e  pede  passage”. 

Algumas pessoas veem nisso a extraordinária capacidade de o folclore se adaptar a tempos novos. Eu 

pensava que um modo popular de buscar símbolos entre os homens começava a morrer” Sacerdotes 

de Viola (1981, p.14). 

De um  lado, o emprego da palavra folclore como  indicação de  identidade deteriorada – fulano  já é 

folclore  ‐;  e  o  enobrecimento  das manifestações  populares  como  “fouclore  que  agradece  pede 

passage”, de outro lado. 

Esta última ponderação de Carlos Rodrigues Brandão merece atenção. A noção erudita de Folclore 

designa o que  é  folclore. Os objetos preferidos dos  folcloristas e  as  contestações  a  esses objetos 

preferidos. 

Na  compreensão  do  “como”  junta‐se,  o  quando  e  o  por  que.  O  dia  22  de  agosto  é  o  “Dia 

Internacional do Folclore”. Disso resulta que, por expansão, agosto é o mês do Folclore. Ora um dia 

ou um mês decidido como voltado para o  folclore enseja práticas   panorâmicas. Há que acontecer 

tudo ao mesmo tempo, no mesmo lugar.  

Page 39: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

39 

 

A pergunta  formulada não é para ser respondida, mas compreendida. Compreender exige atenção 

constante  para  o  sentido  e  a  situação  de  que  surge  a  pergunta.  A  expressão  popular  “matar  a 

charada” explicita o esforço de responder sem preocupação com o contexto gerador da charada. A 

compreensão deixa viva a charada para favorecer o exame da situações que lhe dá sentido. 

No caso deste Relatório, sua compreensão é apenas inicial e não passará do início. Em primeiro lugar, 

porque a proposta  interpretada pela Superintendência de Modalidades e Temáticas, embora tenha 

sido  encaminhada  para milhares  de  escolas  da  rede  pública,  não  trouxe  de  volta  o  “como”  esse 

universo  examinou  a  proposta.  Em  segundo,  porque  as  que  atenderam  à  proposta  não 

encaminharam – isto não foi proposto – relato dos procedimentos realizados.  

Estimando‐se um universo de três mil escolas, vê‐se que 83 responderam. Isto equivale a   2,8% das 

escolas do suposto universo. O quadro exibido em seguida permite compreender alguns aspectos do 

como.  A  atenção  para  os  endereços  dos  remetentes  informa:  1.  Que  o  diretor  encaminhou  a 

mensagem recebida ao supervisor ou diretamente a algum professor e solicitou ou obteve o retorno 

dos trabalhos para encaminhá‐los ao endereço da Comissão Mineira. Nessas escolas, a coordenação 

cuidou  diretamente  de  encaminhar  e  tomar  conhecimento  do  retorno.  2.  Como  variante  dessa 

primeira  opção,  alguns  diretores  ou  pessoas  da  secretaria  optaram  pelo  uso  de  endereço  de 

remetente diferentemente do padronizado pelo sistema do estado. O que quer dizer que a direção 

escolheu outro endereço de e‐mail   o qual  identificaria a escola no sistema estadual de ensino. 3. 

Ainda nessa mesma opção, houve escolas nas quais a direção tomou conhecimento da proposta sem 

a  escola  pertencer  ao  sistema  estadual  de  ensino.  É  o  caso  de  algumas  escolas municipais.  Essa 

informação  favorece a compreensão de que a proposta poderia abranger um universo mais amplo 

além das escolas da rede estadual. 4. Houve outro percurso; a direção encaminhou a proposta aos 

professores que julgou antecipadamente responsáveis pela interpretação da proposta e eles mesmos 

se responsabilizaram pelo processo a partir disso. Cuidaram das atividades, tomaram conhecimento 

do  endereço  do  destinatário  e  encaminharam.  5.  Como  variante  dessa  última  opção  (4),  houve 

professores  que  realizaram  atividades,  mas  não  encaminharam  ao  destinatário  e  deram 

conhecimento do “cumprimento da tarefa” apenas à superintendência regional. 

Nota‐se  que  uma  parte  da  compreensão  do  “como”  tem  a  ver  com  estilo  de  gestão. 

Page 40: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

40 

 

Quadro  I. Escolas que atenderam à proposta da Superintendência de Modalidades e Temáticas da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais por município endereço do remetente Município  Escola  E mail 

(Macuco? )  E.E. Herbert José de Souza   <[email protected]>  (Não identificada)  

  <[email protected]>   

(Não identificada)  

Escola Gomes Weber Alves   <[email protected]>  

(Não identificada)  

Escola Municipal"Prof. Doriol Beato 

<[email protected]>  

(Santa Maria?)  

Escola Estadual José Joaquim Cabral  

<glezia‐[email protected]>  

????????????    [email protected] Aimores    EE Manoel Victorino de 

Oliveira   [email protected] 

Alpercata   Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia  

[email protected] 

Andrelândia   E.E. Gustavo Ernesto Alves   [email protected] Araxá    EE Delfim Moreira  [email protected] Barroso    Estadual Sant’  Ana   [email protected] Belo Horizonte 

E.E.Bolivar Tinoco Mineiro    <[email protected]>  

Berilo   Escola Estadual Professor Jason De Morais  

[email protected] 

Bonfinopolis De Minas.  

Creche municipal Arco Iris    <[email protected]>  

BURITIS   Escola Municipal Antao Alves Da Silva  

[email protected] 

BURITIS   ESCOLA ESTADUAL SÃO DOMINGOS  

[email protected] 

Cachoeira da Prata 

E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira”  

[email protected] 

Cambuquira    <[email protected] Campanha   Escola Estadual Zoroastro de 

Oliveira  [email protected] 

Campanha   Escola Estadual Dom Inocêncio 

[email protected] 

Campanha   Escola: Estadual Dom Inocêncio   

[email protected] 

Caraí  E.E.Professor Abgar Renault   [email protected]>  Caraí MG     <[email protected]>  Carandaí   ESCOLA ESTADUAL 

“DEPUTADO PATRÚS DE SOUSA 

[email protected] 

Caratinga  E. E. Menino Jesus De Praga   [email protected] Cel Fabriciano   E. E. DR. JOAQUIM GOMES 

DA SILVEIRA NETO <[email protected]>   

CONSELHEIRO  E. E. Marechal Humberto de  [email protected] 

Page 41: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

41 

 

Município  Escola  E mail 

LAFAIETE  Alencar Castello Branco CONSELHEIRO LAFAIETE 

E.M."PROFESSOR DORIOL BEATO"  

[email protected] 

CONSELHEIRO LAFAIETE 

Escola: Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira”  

[email protected] 

Conselheiro Lafaiete  

Escola Estadual Lopes Franco  [email protected] 

Conselheiro Pena  

E.E. de Conselheiro Pena   <[email protected]>  

Contagem  CESEC Clemente Faria   [email protected] Espinosa   E. E. Professora Joana Porto   [email protected] Formiga   Escola Estadual Aureliano 

Rodrigues Nunes [email protected] 

Francisco Dumont 

E.E Francisco Dumont  [email protected] 

Frutal  Escola Estadual Geralda Carvalho de Souza 

[email protected] 

Governador Valadares 

E.E. Do Bairro Jardim Do Ipê  <[email protected]>  

Guaxupé   E. E. Major Luiz Zerbini    <silvanadesouza‐[email protected]>  Ipatinga  Escola Estadual Haydée 

Maria Imaculada Schittini  [email protected] 

Itajubá     [email protected] Itamarandiba   Escola Estadual Mestre João 

Silvério: <[email protected]>  

Ituiutaba   Escola Álvaro Brandão de Andrade  

[email protected] 

Juiz de Fora  E.E.Maria Elba Braga  [email protected] Leopoldina    <[email protected]> Leopoldina  Analista Educacional da SRE 

Leopoldin [email protected] 

Manhumirim   Escola  Estadual Alfredo Lima  [email protected] Mar de Espanha  

Escola Estadual Mannarino Luigi 

<[email protected]>  

Nova Era  E.E.Geralda Carvalho de Souza  

<[email protected] 

Oliveira   Ee Desembargador Continentino  

<[email protected]>  

Ouro Fino  Escola Estadual Prof. Guerino Casasanta  

[email protected] 

Ouro Fino   Escola Professor Guerino Casasanta  

[email protected] 

Paraguaçu   E.E. Padre Piccinini    [email protected] Passa Quatro   Escola Estadual Professora 

Lourdes Castilho de Frêitas  [email protected] 

Passa Quatro – MG  

Escola Municipal Padre Apetche 

[email protected] ‐  

Page 42: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

42 

 

Município  Escola  E mail 

Patos de Minas  

E.E.Dr. Sebastião Silvério de Faria  

[email protected] 

Patrocínio  E. E. Joaquim Dias   , [email protected] Pedra Azul   Escola Estadual Dr. Carlos 

Américo   [email protected] 

Pedrinópolis  Escola Estadual Professor Leão Coelho de Almeida  

<[email protected]>  

Pedro Lessa – Serro‐ 

Escola Estadual Mestra Rosa Madureira Fagundes  

[email protected] 

Pouso Alegre.   Conservatório Estadual De Música De Pouso Alegre.  

<[email protected]

Raul Soares   Escola Estadual "João Felisberto da Costa"  

<[email protected]>  

Rio Espera   E.E. "Mons. Francisco Miguel Fernandes"  

[email protected] 

Santa Luzia  Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro”   10693  

[email protected] 

Santo Antônio do Cruzeiro  

Escola Estadual de Santo Antônio do Cruzeiro  

[email protected] 

São Francisco  Estadual José Francisco Guimarães    

[email protected] 

São Gotardo  E. E. Cons. Afonso Pena   <[email protected]>  São João del‐Rei 

SRE ‐ São João del‐Rei, MG   

São João Nepomuceno  

Escola Estadual Dona Judite de Mendonça   

<[email protected]>  

São Sebastiao Do Maranhao  

E. E. Antonio Soares Pimenta  [email protected] 

São Sebastião do Paraíso  

Escola São José   <[email protected]>  

SEM PEIXE   ESCOLA ESTADUAL "SÃO SEBASTIÃO"  

[email protected] 

Ubá  Escola Estadual São José   [email protected]>  Uberaba   Escola Estadual Dom 

Eduardo  <[email protected]

Uberaba   Escola Estadual Lauro Fontoura 

[email protected] 

Uberaba   Escola Estadual Nossa Senhora da Abadia  

[email protected] 

Uberlândia  E. E. Padre Mario Forestan.   <[email protected]>  Uberlândia   Escola Estadual Coronel José 

Teófilo Carneiro   [email protected] 

Unai  E.E Tancredo de Almeida Neves   

[email protected] 

Unaí   Escola Estadual Virgílio de Melo Franco  

[email protected] 

Uruana de Minas 

Escola Municipal Gustavo Capanema  

[email protected] 

Page 43: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

43 

 

Município  Escola  E mail 

Varzelândia  CESEC‐ Luís Elesbão Lopes dos Reis 

[email protected] 

Visconde do Rio Branco  

E.E. DR. “João Batista de Almeida 

<[email protected]>  

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

a) Mapa regiões representação, número de escolas, obras encaminhadas. Seleção e censura. 

Dos 853 municípios existentes em Minas Gerais, 66 encaminharam informações relativas à proposta. 

Isto corresponde a  7,8% dos municípios. Nesse meio, seis não são identificáveis. O nome é de algum 

distrito ou povoado. Há, portanto, 60 municípios que podem ser distribuídos no território de Minas 

Gerais. Em 55 comparece uma escola que  respondeu à proposta. Dez contaram com mais de uma 

escola. Há também quatro em que não se identifica o município. 

Na  interpretação  da  Comissão  Mineira  de  Folclore,  o  atendimento  à  proposta  é  mais  do  que 

auspicioso. Em primeiro  lugar, porque manifesta a disposição da direção de se comunicar conosco; 

em segundo, porque, nós não temos nada a oferecer senão conversa. Não temos qualquer poder que 

garanta  coação. Há, portanto, o  exercício  da  “Prática  da  Liberdade”. Mais  do que  saber  como  as 

escolas atuam aprenderemos como conversar sobre o saber do outro. 

Não se trata, exatamente, por isso, de quantos; não é o caso de medir, de contar, mas de conversar 

com quem  se  apresenta.  É óbvio para nós que,  se  cada  escola que  recebeu  a proposta  a  tivesse 

examinado,  em  seguida,  buscado  prosseguir  a  conversa,  haveria  quantidade  diferente  para  ser 

exibida. 

Há alguns aspectos adicionais. O município mais populoso no qual mais de uma escola compareceu 

foi  o  de  Uberlândia.  Nesse,  duas  escolas  examinaram,  atenderam  e  encaminharam  atividades 

realizadas.    Em  seguida,  comparece  o  vizinho, Uberaba,  no  qual  três  escolas  foram  até  o  fim  da 

proposta.  Conselheiro  Lafaiete  foi  aquele  em  que  houve maior  atendimento.  Veja‐se  não  haver 

qualquer correlação entre tamanho da população e atendimento à proposta. Sem Peixe,  localizado 

na microrregião de Ponte Nova comparece com duas escolas e sua população registrada pelo Censo 

de 2010 era de 2847 residentes. Caraí, com 22.343 habitantes comparece com dois estabelecimentos 

escolares, do mesmo modo que Uberlândia com 604.013. Buritis, com 22.737 habitantes se iguala a 

Caraí e a Uberlândia . 

Page 44: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

44 

 

Tabela 1. Municípios em que mais de uma escola que atendeu à proposta  Município  Quantidade 

Ouro Fino  2Unaí  2Uberlândia  2SEM PEIXE   2Leopoldina  2Caraí  2BURITIS   2Uberaba   3Campanha   3Conselheiro Lafaiete   4Não informa  4Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

A figura exibida em seguida permite visualizar a distribuição das escolas nos municípios do estado de 

Minas Gerais que atenderam à proposta. 

A exposição por microrregiões mostrada na tabela 2 favorece análise da figura. Vê‐se que as escolas  

que atenderam à proposta estão dispersas em todo o estado. Contempla‐se também concentração e 

dispersão.  Triângulo,  Sul,  Mata  e  Rio  Doce  sobressaem  sobre  a  dispersão  rarefeita  das  demais 

regiões. Uma  análise  apressada  afirmaria  que  os municípios  em  regiões  de  fronteira  com  outros 

estados estão mais atentos ao estudo do saber popular. 

Figura 1. Municípios de Minas Gerais em que pelo menos uma escola atendeu à  proposta 

PrataCampina Verde

Lassance

Patos de Minas

Três Marias

Conselheiro Lafaiete

Belo Horizonte

Formiga

Santa LuziaContagem

Cachoeira da PrataSão Gotardo

Araxá

PedrinópolisPatrocínio

Rio EsperaOliveira

CarandaíBarroso

São Sebastião do Paraíso

Uberaba

Ituiutaba

Frutal

Guaxupé

Uberlândia

São Sebastião do Maranhão

Sem-Peixe

Serro

Coronel Fabriciano

UbáVisconde do Rio Branco

Manhumirim

Raul Soares

AlpercataGovernador Valadares

Ipatinga

Caratinga

Conselheiro Pena

São João NepomucenoLeopoldinaJuiz de ForaAndrelândia

Paraguaçu

Mar de EspanhaCampanha

Passa-QuatroItajubáSanta Rita do SapucaíPouso AlegreOuro Fino

João PinheiroFrancisco Dumont

BuritizeiroParacatu

Bonfinópolis de MinasUnaí

São Francisco

Berilo

Caraí

Carlos Chagas

Jequitinhonha

Pedra AzulVarzelândia

Buritis

Espinosa

 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. O  Quadro  II  mostra  as  microrregiões  nas  quais  nenhuma  escola  ou  examinou  a  proposta 

encaminhada,  julgou  relevante  ou  irrelevante, mas  não  prosseguiu  a  conversa,  ou  nem mesmo 

tomou conhecimento da mesma.  

Page 45: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

45 

 

Quadro 2. Microrregiões por Mesorregiões nas quais nenhuma escola encaminhou resultados Nome_da_meso  Nome_da_micro  Resultados 

Campo das Vertentes  Lavras  ‐00Central Mineira  Bom Despacho  ‐00Central Mineira  Curvelo  ‐00Central Mineira  Três Marias  ‐00Jequitinhonha  Almenara  ‐00Jequitinhonha  Diamantina  ‐00Metropolitana de Belo Horizonte  Itaguara  ‐00Metropolitana de Belo Horizonte  Ouro Preto  ‐00Metropolitana de Belo Horizonte  Pará de Minas  ‐00Noroeste de Minas  Paracatu  ‐00Norte de Minas  Grão Mogol  ‐00Norte de Minas  Pirapora  ‐00Norte de Minas  Salinas  ‐00Oeste de Minas  Campo Belo  ‐00Oeste de Minas  Divinópolis  ‐00Oeste de Minas  Piuí  ‐00Sul/Sudoeste de Minas  Passos  ‐00Sul/Sudoeste de Minas  Santa Rita do Sapucaí  ‐00Vale do Mucuri  Nanuque  ‐00Vale do Mucuri  Teófilo Otoni  ‐00Vale do Rio Doce  Guanhães  ‐00Vale do Rio Doce  Mantena  ‐00Zona da Mata  Muriaé  ‐00Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

A tabela 2 resulta da análise das escolas agrupadas por mesorregiões. Vê‐se que Sul e Triângulo são 

as  que marcaram maior  presença,  diferentemente  do Oeste,  Campo  das  Vertentes    e Norte  que 

registram os menores atendimentos às propostas. A zona da Mata se  iguala ao que é chamado de 

Metropolitana de Belo Horizonte.  Sob esse ponto de  vista, escolas de  todas  as  regiões do estado 

atenderam  à proposta,  tornando possível o desenvolvimento de  conversas  regionalizadas  sobre o 

assunto proposto. 

Tabela 2: Escolas que atenderam à proposta por mesorregiões do estado de Minas Gerais Mesorregiões  Escolas 

Campo das Vertentes   3Jequitinhonha   4Metropolitana de Belo Horizonte   10Noroeste de Minas   6Norte de Minas   4

Oeste de Minas   2

Sul/Sudoeste de Minas   12Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba   12Vale do Rio Doce   8

Page 46: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

46 

 

Mesorregiões  Escolas 

Zona da Mata   10Total geral  71

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

 

b)Análise por regiões, escolas, cidades... 

Tabela 3: Microrregiões  ‐ número de municípios componentes, domicílios e população da microrregião por municípios  e escolas que atenderam à proposta com os respectivos domicílios e população residente. Microrregiã

o Total de municípi

Domicílios  População  Municípios  participante

Escolas 

Domicílios 

População 

Aimorés              13  62.529  149.404      2  2   20.097   47.201 Alfenas   

12   

88.381   

225.356          1     

1     

7.930    

20.245 Almenara   

16   

63.915   

179.658       

‐   

Andrelândia 

 13 

  32.667 

  73.870 

1     1  

   5.385  

  12.173 

Araçuaí   8 

  53.084 

  156.418 

  2 

   1  

   15.232  

  44.686 

Araxá  10  74.614  204.412  2  2   33.720   97.162 

Barbacena   12 

  80.820 

  221.989 

  2 

   2  

   15.045  

  42.945 

Belo Horizonte 

 24 

  1.652.441 

  4.772.562 

  3 

   3  

   1.112.043  

  3.181.535 

Bocaiúva   5 

  25.155 

  68.624 

  1 

   1  

   2.064  

  4.863 

Bom Despacho 

 12 

  65.185 

  165.172 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Campo Belo   7 

  45.177 

  111.762 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Capelinha   14 

  69.535 

  197.507 

  2 

   2  

   15.648  

  44.475 

Caratinga   20 

  95.492 

  253.421 

  1 

   1  

   31.692  

  85.239 

Cataguases   14 

  85.429 

  216.590 

  2 

   1  

   40.270  

  102.260 

Page 47: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

47 

 

Microrregião 

Total de municípi

Domicílios  População  Municípios  participante

Escolas 

Domicílios 

População 

Conceição do Mato Dentro 

 13 

  32.409 

  84.605 

  1 

   1  

   7.349  

  20.835 

Conselheiro Lafaiete 

 12 

  89.109 

  247.251 

  4 

   4  

   165.040  

  466.048 

Curvelo   11 

  57.329 

  150.701 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Diamantina   8 

  30.316 

  82.707 

       

Divinópolis   11 

  175.601 

  483.473 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Formiga   8 

  60.734 

  152.171 

  1 

   1  

   25.731  

  65.128 

Frutal   12 

  70.518 

  179.512 

  1 

   1  

   20.368  

  53.468 

Governador Valadares 

 25 

  154.087 

  415.696 

  2 

   2  

   98.758  

  270.861 

Grão Mogol   6 

  15.336 

  42.669 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Guanhães   15 

  45.324 

  130.963 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Ipatinga   13 

  178.087 

  526.781 

  2 

   2  

   114.488  

  343.162 

Itabira   18 

  133.480 

  379.237 

  1 

   1  

   6.126  

  17.528 

Itaguara   9 

  28.878 

  61.411 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Itajubá   13 

  71.132 

  189.193 

  1 

   ‐   

   31.883  

  90.658 

Ituiutaba   6 

  56.000 

  143.348 

  1 

   1  

   36.722  

  97.171 

Janaúba   13 

  86.989 

  247.487 

  1 

   1  

   10.668  

  31.113 

Januária   16 

  85.658 

  274.092 

  1 

   1  

   16.266  

  53.828 

Juiz de Fora   33 

  289.810 

  728.602 

  3 

   3  

   215.778  

  553.053 

Lavras   9 

  57.336 

  149.669 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Page 48: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

48 

 

Microrregião 

Total de municípi

Domicílios  População  Municípios  participante

Escolas 

Domicílios 

População 

Manhuaçu   20 

  98.469 

  273.814 

  1 

   1  

   

Mantena   7 

  25.647 

  63.208 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Montes Claros 

 22 

  206.061 

  601.867 

  1 

   1  

   6.577  

  19.116 

Muriaé   20 

  107.247 

  275.986 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Nanuque   10 

  43.150 

  118.762 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Oliveira   9 

  48.505 

  125.981 

  1 

   1  

   14.296  

  39.466 

Ouro Preto   4 

  63.461 

  173.797 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Pará de Minas 

 5 

  44.969 

  123.379 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Paracatu   10 

  81.115 

  217.618 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Passos   14 

  88.730 

  226.412 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Patos de Minas 

 10 

  97.066 

  253.241 

  2 

   2  

   63.119  

   170.529 

Patrocínio   11 

  74.890 

  197.700 

  1 

   1  

   28.697  

  82.471 

Peçanha   9 

  28.571 

  81.520 

  1 

   1  

   3.632  

  10.647 

Pedra Azul   5 

  28.898 

  83.123 

  1 

   1  

   7.922  

  23.839 

Pirapora   10 

  55.966 

  164.903 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Piuí  9    35.084 

  81.643 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Poços de Caldas 

 13 

  135.288 

  342.055 

  2 

   2  

   25.900  

  63.136 

Ponte Nova   18 

  69.346 

  187.147 

  3 

   3  

   11.700  

  29.512 

Pouso Alegre 

 20 

  126.837 

  326.425 

  1 

   1  

   45.254  

  130.615 

Salinas   17 

  74.754 

  210.771 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Santa Rita do Sapucaí 

 15 

  53.751 

  140.170 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Page 49: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

49 

 

Microrregião 

Total de municípi

Domicílios  População  Municípios  participante

Escolas 

Domicílios 

População 

São João del Rei 

 15 

  73.659 

  182.696 

  1 

   1  

   33.255  

  84.469 

São Lourenço 

 16 

  84.960 

  208.293 

  3 

   2  

   17.101  

  43.766 

São Sebastião do Paraíso 

 14 

  102.240 

  265.777 

  2 

   2  

   41.915  

  114.410 

Sete Lagoas   20 

  144.052 

  393.875 

  1 

   1  

   1.356  

  3.654 

Teófilo Otoni 

 13 

  93.452 

  266.651 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Três Marias   7 

  37.938 

  96.839 

  ‐   

   ‐   

   ‐   

  ‐   

Ubá   17 

  100.457 

  269.650 

  2 

   2  

   49.499  

  139.461 

Uberaba   7 

  125.369 

  346.024 

  3 

   3  

   320.331  

  887.964 

Uberlândia   10 

  300.304 

  820.245 

  2 

   2  

   436.874  

  1.208.026 

Unaí   9 

  57.119 

  148.800 

  6 

   6  

   79.229  

  209.704 

Varginha   16 

  158.672 

  441.060 

  3 

   3  

   17.742  

  46.299 

Viçosa   20 

  86.873 

  221.585 

  1 

   1  

   2.707  

  6.070 

Total    853 

                   7.165.457  

         19.597.330  

                         76  

              72  

         3.255.409  

         9.058.791  

Fonte: IBGE: Censo Demográfico 2010.Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

Page 50: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

50 

 

Figura 2: Concentração / dispersão dos municípios que atenderam à proposta . 

 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

Atividades nas Escolas 

Algumas escolas encaminharam relatos de como as propostas foram examinadas e realizadas como 

se pode verificar por algumas correspondências exibidas em seguida. Outras encaminharam também 

registros realizados, incluindo fotos e vídeos. 

• E. E. Dr. Joaquim Gomes da Silveira Neto. Cel Fabriciano ‐ MG 

     Assunto: Texto sobre folclore local e cultura popular. 

Em atendimento ao ofício circular nº 162/2012 estamos postando para conhecimento público alguns textos coletados por entrevista após o projeto folclore realizada na escola. 

 O trabalho se realizou da seguinte forma: 

Desde o dia 06/08/2012 foram agendados momentos do projeto com um CDROM motivacional, da turma do Sítio do Pica‐pau Amarelo, baseado na obra de Monteiro Lobato. O episódio assistido foi: O SACI, nele Narizinho e Pedrinho descobrem que o saci é o diabinho responsável por todas as traquinagens que deixam a cozinha da Tia Nastácia uma confusão. Com ajuda do Tio Barnabé, resolveram prende‐lo em uma garrafa. Quando Pedrinho foge 

Page 51: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

51 

 

para a floresta com a garrafa, o Saci propõe proteger o menino dos perigos da mata caso ele seja libertado. 

Os dois, então, se envolvem em uma deliciosa aventura cheia de fantasias onde aparecem todos os personagens folclóricos do Brasil. 

Em um segundo momento todas as turmas receberam um encarte com algumas lendas para conhecimento, estudo e elaboração de trabalhos artísticos (Murais). Para concluirmos o trabalho foi elaborada uma entrevista com os familiares e/ou conhecidos para averiguar os contos e lendas locais e divulgarmos esta cultura popular da nossa cidade, Coronel Fabriciano. Em destaque a história do bairro onde se localiza a “ E.E. Dr.Joaquim Gomes da Silveira Neto”, o bairro Caladinho de Cima. 

• Após ouvir o texto “UM ENCONTRO FANTÁSTICO”, lido pela professora  crie um conto fantástico. Nele, você deverá incluir um dos personagens citados no texto. Use sua imaginação. 

Trabalho realizado com turma de 6° ano do Ensino Fundamental. ‐ Leitura do texto (em anexo) pela professora. ‐ Discussão oral com os alunos. ‐ Proposta de produção de texto (em anexo)  

• ESCOLA: Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia  MUNÍCIPIO: Alpercata 

  1º PASSO: Discutimos o que é folclore. Quais as lendas, quem são os personagens, o que cada um representa de acordo com a lenda. 2º PASSO: Alunos coloriram a gravura 3º PASSO: Alunos produziram um texto envolvendo os personagens da lenda.  

• A escola de São Sebastião do Paraíso enviou o projeto completo: 

PROJETO “FOLCLORE” ESCOLA ESTADUAL SÃO JOSÉ        

Diretora: Josiane Almeida Segheto 

Supervisora: Flávia Cristina Carneiro Chírico 

Bibliotecária: Maria Cristina Eulálio 

Professora Eventual: Mônica Regina Pires da Costa 

Público Alvo: Alunos do 1° ao 6° ano do Ensino fundamental e corpo docente 

Período: de 13 à 31 de Agosto 

Ano: 2012 

1 – JUSTIFICATIVA: 

        Sabendo que o folclore é um dos principais fatores de identificação de um povo e de sua nacionalidade, torna – se de fundamental importância o seu trabalho como prática pedagógica nas unidades escolares. 

Page 52: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

52 

 

         O folclore brasileiro é muito rico e possui diferentes manifestações: lendas, fábulas,cantigas, parlendas, adivinhas, brinquedos e brincadeiras, provérbios e ditos populares, artesanato, frases de parachoque de caminhão, trava‐línguas, comidas e remédios caseiros, crendices e supertições, literatura, poesias e outros, que precisam ser conhecidos. 

        Acreditamos ser esta uma forma de possibilitar o crescimento das nossas crianças, além de colocá‐las em contato com as diversidades culturais do nosso país e aprenderem um pouco mais sobre alguns gêneros textuais. 

 

2 – OBJETIVOS GERAIS: 

 

–  Colocar os alunos em contato com diferentes gêneros textuais; 

–  Colocar os alunos em contato com diferentes manifestações da cultura popular; 

–  Levar ao reconhecimento da importância do folclore na história de um país; 

–  Estimular e desenvolver a imaginação e a criatividade; 

–  Incentivar o gosto pela leitura, canto, dança.... 

–  Apresentar diversas manifestações do folclore brasileiro; 

–  Respeitar a individualidade cultural. 

 

3 – DESENVOLVIMENTO: 

 

      1‐ Ler o texto informativo, resolver as dificuldades de vocabulário, interpretar, discutir e comentar; 

      2‐ Trabalhar a pluralidade cultural, apresentando os seguintes assuntos relacionados ao folclore; 

      ‐ Superstições, lendas e mitos; 

      ‐ Frases de para – choque de caminhão; 

      ‐ Ditados populares; 

      ‐ Medicina popular ( fazer uma pesquisa sobre as plantas medicinais da região ); 

      ‐ Brincadeiras populares; 

      ‐ Comidas e bebidas típicas, trajes típicos; 

      ‐ Literatura de cordel; 

      ‐ Trava – línguas, parlendas, quadrinhas; 

      ‐ Artesanato popular, músicas e danças folclóricas; 

      ‐ Provérbios populares, brinquedos populares; 

      ‐ Adivinhações e crendices; 

    3‐ Apresentação do material pesquisado e exposição; 

Page 53: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

53 

 

    4‐ Fazer dramatizações das lendas, fábulas, contos ou “causos ”, através de fantoches, dramatizações, teatro.... 

    5‐ Criação do Dia da Brincadeira ( Educação Física ); 

    6‐ Escolher provérbio e explicar o que ele quer dizer; 

    7‐  Correção da poesia “ O Passador de Gado que está no Dialeto Caipira”; 

    8‐ Pedir aos alunos para trazerem revistas do “Chico Bento ” para analisar a sua linguagem e transcrever alguns diálogos para a linguagem padrão; 

    9‐ Mostrar às crianças como é pitoresco o Dialeto Caipira, sem muitos cuidados gramaticais, mas cheio de comparações e expressões sutis; 

   10‐ Montagem de um álbum folclórico de acordo com o assunto apresentado ( cada turma confeccionará o seu ); 

   11‐ Escolher um provérbio, fazer a ilustração e escrever um texto sobre o mesmo; 

 

4‐ CULMINÂNCIA: 

 

     1‐ Exposição dos trabalhos realizados através de cartazes ou álbum; 

     2‐ Exposição dos trabalhos manuais criados pelos alunos ( brinquedos, dobraduras, etc...) 

     3‐ Dramatizações de lendas, contos, danças, cantigas , brincadeiras, etc... 

     4‐ Recitar quadrinhas, parlendas, trava‐língua etc... 

 

Em  seguida  apresentam‐se  quadros  demonstrativos  das  atividades  por  escolas,  séries  ou  anos 

escolares. 

O primeiro grupo é  formado pelas escolas que não  informaram nos  textos dos alunos o ano ou a 

série que cursavam. Mesmo assim, pelo exame dos títulos de alguns textos é possível avaliar se se 

trata das primeiras séries do fundamental ou de séries mais avançadas como a sétima ou a oitava. O 

exame dos  temas  será examinado em outra  seção, mas, desde  já adianta‐se a possibilidade dessa 

interpretação. 

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Quadro 3: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Série/ano não informados – Título/tema. 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município O menino e seu amigo corajoso 

     

Carta ao Saci‐ De: Iara, a Sereia 

    Águas Claras 

Folclore  Desembargador Continentino    Oliveira   E.E. Tancredo de Almeida Neves – Unaí /MG    Unaí Lenda mula‐sem‐cabeça  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro     s/n  Escola Estadual de Santo Antônio do Cruzeiro    s/n A bruxa do armário (Conto da Entrevista da: Izabelle 6º06) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

História do Caladinho (História sobre o bairro Caladinho de Cima) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

A mulher do bule (Conto da Entrevista da: Isadora Santos Alves M.) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

Texto sobre folclore local e cultura popular (carta de encaminhamento) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

O carro Preto (Conto da Entrevista do: João Pedro Silva Cotta Rinco) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

A noiva de branco (Conto da Entrevista da: Cleisla) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

A curva da morte  Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

Folclore Brasileiro  Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

O bicho da Noite (Conto da Entrevista do: Matheus Gonçalves) 

Escola Estadual Doutor. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano  

A História do Caladinho  Escola Estadual Dr. Joaquim Gomes da Silveira Neto 

  Coronel Fabriciano 

A moita de bambu assombrada 

Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes  

  Rio Espera 

A história da Iara  Escola Estadual Sant’ Ana    Barroso O Canto do Sabiá  Escola Estadual Sant’ Ana    Barroso Paródia sobre Folclore (Música Asa Branca) 

Escola Estadual São Domingos    Buritis ‐ Distrito de São Pedro do Passa Três 

Folclore  Escola Municipal Gustavo Capanema    Uruana de Minas  

O Folclore Brasileiro  Escola Municipal Gustavo Capanema    Uruana de 

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Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Minas  

Folclore brasileiro  Escola Municipal Gustavo Capanema    Uruana de Minas  

Folclore, que seja eterno enquanto dure (conceito) 

s/n    s/n 

Mitos e lendas do nosso Brasil 

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx    Berilo 

O tangalomango  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx    Caratinga Receita para pegar Saci  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx    Caratinga Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  

As  atividades  desenvolvidas  no  primeiro  e  segundo  ano  do  fundamental    são menos  frequentes. 

Chama a atenção para conversa a presença de assuntos como “Mula sem Cabeça” e “Saci Pererê” 

para criancinhas com até oito anos de idade. Não há censura, mas assunto para conversa. 

 Quadro 4: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 1º ano  e 2º– Título/tema. 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Folclore (conteúdo estudado nas aulas) 

Escola Desembargador Continentino  1º ano fund 

Oliveira 

Folclore (conteúdo estudado nas aulas) 

Escola Desembargador Continentino  1º ano fund 

Oliveira 

O folclore de Sem Peixe  s/n  2º  Sem Peixe Relatos  Escola Estadual "São Sebastião"   2º 

fund Sem peixe 

Lenda da Mula‐sem‐cabeça 

Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves  2º fund 

Andrelândia

Advinhas  Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves  2º fund 

Andrelândia

Dobradura do Saci  Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves  2º fund 

Andrelândia

Ditos e provérbios  Escola Estadual Gustavo Ernesto Alves  2º fund 

Andrelândia

Mula‐sem‐cabeça  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

2º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Saci Pererê  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

2º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  

Para comodidade deste Relatório, agruparam‐se as classes de 3º até o 5º, tendo em vista esperar‐se 

que a maioria das crianças  já  ter um  início de alfabetização e poderem  ler e escrever, mesmo que 

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56 

 

sofrivelmente.  O  exame  dos  títulos  faz‐nos  deparar  com  propostas  dissertativas  já  no  3º  ano 

fundamental  “Conceito de  Folclore”,  abordagem que  também  é  lembrada  em  salas de  anos mais 

avançados, “A importância do folclore”. 

Isto é, também, uma excelente oportunidade para conversa. Perguntamos, não para os professores, 

mas para nós mesmos, se é oportuno apresentar qualquer conceito de folclore nos anos  iniciais do 

fundamental.  

Outro  ponto  que  nos  trouxe  para  conversa  é  a  frequência  com  que  livros  de  leitura  serviram  de 

suporte para as atividades dos alunos.  Iara, Curupira, Saci e “Irapuru” comparecem em  textos dos 

alunos provenientes de leituras de obras destinadas a crianças. 

 

Quadro 5: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 3º ao 5º  ano – Título/tema. 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Folclore (lendas)  Escola Desembargador Continentino  3º 

ano fund 

Oliveira 

Folclore (conteúdo estudado nas aulas) 

Escola Desembargador Continentino  3º ano fund 

Oliveira 

Folclore (conteúdo estudado nas aulas) 

Escola Desembargador Continentino  3º ano fund 

Oliveira 

Folclore (conceito)  Escola Desembargador Continentino  3º ano fund 

Oliveira 

Folclore (conceito)  Escola Desembargador Continentino  3º ano fund 

Oliveira 

Folclore (conceito)  Escola Desembargador Continentino  3º ano fund 

Oliveira 

Uma casa assombrada 

Estadual José Francisco Guimarães  3º ano fund 

São Francisco 

Por pouco não virou comida de lobisomem 

Estadual José Francisco Guimarães  3º ano fund 

São Francisco 

Folclore (história local) 

Estadual José Francisco Guimarães  3º ano fund 

São Francisco 

Mulher fantasma da meia‐noite 

Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Era uma vez a casa do monstro 

Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

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Temas/Títulos  Escola  Ano  Município O aparecimento de uma luz 

Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Lobisomen  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

O jogo de cartas  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Lenda da vovó Gegê  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

3º fund 

Conselheiro Lafaiete 

Folclore  s/n  3º fund 

s/n 

A casa abandonada  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

4º  Conselheiro Lafaiete 

O tatu branco  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

4º  Conselheiro Lafaiete 

A importância do folclore 

Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

4º  Conselheiro Lafaiete 

Tungo‐tungo  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

4º  Conselheiro Lafaiete 

A lenda do Lobislama 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  4º  Caraí de Minas 

Lenda da Rebeca  Escola Estadual Professor Abgar Renault  4º  Caraí de Minas Lenda do homem fogo 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  4º  Caraí de Minas 

As assombrações do Sítio de Rondomelia 

Escola Estadual Sant’ Ana   4º   Barroso 

O Folclore  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira  4º  Campanha Folclore  s/n  4º  s/n O folclore  s/n  4º  s/n Folclore  s/n  4º  s/n Iara e o milagre dos peixes 

E.E. Dr. “João Batista De Almeida”  4º ano  

Visconde do Rio Branco  

O Curupira E O Caçador 

Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza  4º ano 

 Frutal 

Curupira, O Protetor Das Florestas. 

Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza  4º ano 

 Frutal 

Nós e o folclore  Escola Estadual Haydée Maria Imaculada Schittini   4º Ano  

Ipatinga 

Historinhas da vovó  Escola Maria Elba Braga  4º   Belo Horizonte Folclore ‐ Defensor Das Águas 

E. E. Conselheiro Afonso Pena  5º   São Gotardo 

A lenda do acidente misterioso 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

O castelinho do Barreiro 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

O túmulo da Filomena 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

O cavaleiro  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá O sumiço de Suelen  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

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Temas/Títulos  Escola  Ano  Município A escrava Luzia  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá A casa mal assombrada 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

São Domingos  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá A dama de Branco  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá Lenda do Pau de Binga 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

O mito da árvore dos enforcados 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

A loira do banheiro  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá A mula sem cabeça  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá A lenda do Lamartine 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

Mistérios  Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá A árvore dos enforcados 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

A menina do cemitério 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

Hotel Assombrado (Contos folclóricos de Araxá) 

Escola Estadual Delfim Moreira  5º  Araxá 

Folclore da nossa região 

Escola Estadual José Joaquim Cabral  5º  s/n 

Artesanato  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

5º  Conselheiro Lafaiete 

A floresta amaldiçoada 

Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

5º  Conselheiro Lafaiete 

Tatu diabo  Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castello Branco 

5º  Conselheiro Lafaiete 

Iara, a sereia dos mares 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas 

O saci pererê  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas A mulher de duas cores 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas 

A mulher e o algodão 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas 

A loira do banheiro  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas A boneca assassina  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas A assassina  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas Acume  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas O Chorocuçu  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas Os velhos  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas A lenda da cabra  Escola Estadual Professor Abgar Renault  5º  Caraí de Minas Lenda do Válter  Escola Estadual Sant’ Ana   5º  Barroso O buraco do lobisomem ‐ Acredite se quiser 

Escola Estadual Sant’ Ana   5º  Barroso 

Folclore  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira  5º  Campanha 

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59 

 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município O Folclore  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira  5º  Campanha O saci pererê  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira  5º  Campanha Não se deve dar pérolas aos porcos 

Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira”  5º  Conselheiro Lafaiete 

A Iara (2)  Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira”  5º  Conselheiro Lafaiete 

A Iara  Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira”  5º  Conselheiro Lafaiete 

A mula sem cabeça  Escola Municipal “Arnaldo Rodrigues Pereira”  5º  Conselheiro Lafaiete 

A mula sem cabeça  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

Não se deve dar pérolas aos porcos 

Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

A Iara  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

O Irapuru  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

A Iara  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

O barato sai caro  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

Não se deve dar pérolas aos porcos 

Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

Não se deve dar pérolas aos porcos 

Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

O barato sai caro  Escola Municipal Arnaldo Rodrigues Pereira  5º  Conselheiro Lafaiete 

Folclore: mundo da imaginação e da fantasia 

s/n  5º  s/n 

Folclore  s/n  5º  s/n Folclore  s/n  5º  s/n O folclore da minha região 

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx  5º   

A noiva do trevo .  Escola Estadual São José  5º ano 

São Sebastião do Paraíso  

Lenda do Bodesomem 

Escola Estadual São José  5º ano 

São Sebastião do Paraíso  

Lendas e “ Causos” ‐ Os dois Amigos 

Escola Estadual São José  5º ano 

São Sebastião do Paraíso  

A Lenda da Cebola  Escola Estadual São José  5º ano 

São Sebastião do Paraíso  

A lenda do Curupira  E.E. Dr. “João Batista De Almeida”  5º ano  

Visconde do Rio Branco  

A lenda do Lobisomem 

E.E. Dr. “João Batista De Almeida”  5º ano  

Visconde do Rio Branco  

A lenda da Iara  E.E. Dr. “João Batista De Almeida”  5º  Visconde do 

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60 

 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município ano   Rio Branco  

Maria Engomada  Escola Estadual São José  5º ano 

São Sebastião do Paraíso  

O Lobisomem mal e as indefesas amigas 

Escola Estadual Antônio Soares Pimenta  5º ano  

São Sebastiao do Maranhao  

O Que É Folclore  Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza  5º ano 

Frutal 

O Folclore Brasileiro  Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza  5º ano 

Frutal 

O Folclore No Brasil  Escola Estadual Geralda Carvalho De Souza  5º ano 

Frutal 

Uma História De Assombração 

Escola Municipal Padre Apetche  5º ano  

s/n 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  

Nas séries que compreendiam o antigo ginasial, há que destacar propostas vinculadas a comentários 

de leitura. Parece que os professores, com mais frequência indicaram obras e pequenos textos para 

os  alunos  desenvolverem  livremente  suas  interpretações.  Comparecem  textos  dissertativos, mas 

principalmente,    contos,  lendas  e  criações  com  base  em  personagens  apresentadas  em  obras  de 

Folclore, como “Lenda folclórica da  Iara reescrita em versão moderna.”, “Versão moderna da  lenda 

folclórica do Saci Pererê.”; “Carta da Iara, sereia para o Lobisomem”, “O aniversário do Saci Pererê”. 

 Quadro 6: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – 6º ao 9º ano – Título/tema. 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município A Cara do Povo Brasileiro  Escola Estadual Mestre João 

Silvério 6  Itamarandiba 

O folclore na nossa região  Escola Estadual Mestre João Silvério 

6  Itamarandiba 

Versão moderna da lenda folclórica do Saci Pererê. 

E. E. Major Luiz Zerbini  6º   Guaxupé 

Lenda folclórica da Iara reescrita em versão moderna. 

E. E. Major Luiz Zerbini  6º   Guaxupé 

A Vitória Régia e o Boto  Escola Estadual Lopes Franco  6º  Conselheiro Lafaiete 

Um encontro fantástico  Escola Estadual Lopes Franco  6º  Conselheiro Lafaiete 

O Folclore  Escola Estadual Padre Mario Forestan 

6º  Uberlândia 

Folclore brasileiro  Escola Estadual Padre Mario Forestan 

6º  Uberlândia 

A importância do Folclore.  Escola Estadual Padre Mario Forestan 

6º  Uberlândia 

Parece que esta lenda foi fato...  Escola Estadual Mannarino Luigi  6º ano   Mar de Espanha 

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61 

 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Saci Pererê  Escola Estadual De Francisco 

Dumont 6º ano III 

s/n 

Iara  Escola Estadual De Francisco Dumont 

6º ano III 

s/n 

Folclore (sobre o dia)  Escola Estadual De Francisco Dumont 

6º ano III 

s/n 

Carta do vampiro para o Lobisomem  

Professor Guerino Casasanta   7ª  Ouro Fino  

Carta da Iara, sereia para o Lobisomem 

Professor Guerino Casasanta   7ª  Ouro Fino  

Carta da Iara, sereia para o Saci  Professor Guerino Casasanta   7ª  Ouro Fino  Carta do Lobisomem para o vampiro 

Professor Guerino Casasanta   7ª  Ouro Fino  

Carta da Cuca para Saci_Pererê  Professor Guerino Casasanta   7ª  Ouro Fino  Iara  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé Interpretação de Provérbios  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé Poema sobre folclore  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé Mula sem cabeça  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé O folclore  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé As lendas do folclore  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé Lendas folclóricas  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé Dia vinte e dois de agosto  E. E. Major Luiz Zerbini  7º  Guaxupé O aniversário do Saci Pererê  Escola Estadual Zoroastro de 

Oliveira 7º  Campanha 

Pesquisa Folclore  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 

7º  Campanha 

A lenda do caboclo d'água  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 

7º  Campanha 

A loira do banheiro  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 

7º  Campanha 

Cultura, folclore e lendas  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 

7º  Campanha 

Lendas do folclore/ provérbios  Escola Estadual Zoroastro de Oliveira 

7º  Campanha 

Folclore (conceito)  E. E. Conselheiro Afonso Pena  7º Ano   São Gotardo A Loira Das Correntes  E. E. Professor Álvaro Brandão de 

Andrade 7º ano   Ituiutaba  

A Importância Do Folclore  Escola Estadual Alfredo Lima   7º ano   Manhumirim Jack Sem Cabeça  Escola Estadual Alfredo Lima   7º ano   Manhumirim A Loira Dos Olhos Zuis  Escola Estadual Alfredo Lima   7º ano   Manhumirim O garoto do buraco  Escola Estadual Alfredo Lima   7º ano   Manhumirim O Folclore  Escola Estadual Alfredo Lima   7º ano   Manhumirim Fato Real  Escola Estadual Monsenhor 

Francisco Miguel Fernandes  7º ano   Rio Espera 

Vampiro (Carta)  Escola Professor Guerino Casasanta  

7º Ano   Ouro Fino  

A história que os idosos contavam (relatório) 

Escola Estadual "São Sebastião"   8º  Sem peixe 

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62 

 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Quaresma  Escola Estadual Zoroastro de 

Oliveira 8º  Campanha 

O folclore no Brasil  Escola Municipal Antão Alves da Silva 

8º   Buritis 

Cuca (Carta)  Escola Professor Guerino Casasanta  

8º  Ouro Fino  

Lobisomem (Carta)  Escola Professor Guerino Casasanta  

8º  Ouro Fino  

Saci (Carta)  Escola Professor Guerino Casasanta  

8º  Ouro Fino  

Mula‐sem‐cabeça (Carta)  Escola Professor Guerino Casasanta  

8º  Ouro Fino  

Folclore  s/n  8º  s/n Fazenda mais assustadora  Escola Estadual Monsenhor 

Francisco Miguel Fernandes  8º ano   Rio Espera 

A nossa riqueza folclórica  Escola Municipal Gustavo Capanema 

8º ano   Uruana de Minas  

A cultura popular no meu município 

Escola Municipal Antão Alves da Silva 

8º e 9º  Buritis 

Vivenciando a cultura folclórica  Escola Estadual Mestre João Silvério 

9  Itamarandiba 

O lobisomem  Escola Estadual Professora Joana Porto  

9° ano  Espinosa 

O viajante e o mineiro  Escola Estadual Professora Joana Porto  

9° ano  Espinosa 

O menino e as almas  Escola Estadual Professora Joana Porto  

9° ano  Espinosa 

A mineirinha  Escola Estadual Professora Joana Porto  

9° ano  Espinosa 

O mineirim respondão e a granfina 

Escola Estadual Professora Joana Porto  

9° ano  Espinosa 

O Menino Espinho  E. E. Conselheiro Afonso Pena  9º Ano   São Gotardo Pé Grande  Escola Estadual “Senador Bernardo 

Monteiro”  9º ano   Santa Luzia 

O folclore em minha região  Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro”  

9º ano   Santa Luzia 

A mulher de minissaia  Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro”  

9º ano   Santa Luzia 

O Terror  Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro”  

9º ano   Santa Luzia 

O homem da cabeça cortada  Escola Estadual “Senador Bernardo Monteiro”  

9º ano   Santa Luzia 

O sítio abandonado  Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes  

9º ano   Rio Espera 

Papa‐figo  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

O espírito da loira que pede carona 

CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

Page 63: Relatório Folclore e Educação . CMFL

 

63 

 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município A velhinha  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos 

Reis  CESEC  Varzelândia 

O homem rezador  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

A história do lobisomem  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

Homem leva surra e não sabe de quem 

CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

A igreja e o túmulo  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

A noiva  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

Estória da minha vó  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

Estória da fazenda pé de morro  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

A noiva do campo redondo  CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis  

CESEC  Varzelândia 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  

Os três últimos quadros compreendem um só grupo. Salas do Nível Médio. Nota‐se maior liberdade 

no tratamento dos temas. 

Alguns  destaques  para  conversa.  Em  primeiro  lugar  as  “releituras”.  Espera‐se  com  uma  conversa 

dessas que o aluno seja capaz de expor seu saber local  como ponto de partida para dialogar com o 

saber estranho captado por  leituras de obras. É o caso do Negrinho do Pastoreio que é uma  lenda 

com versões da tradição gaucha e que exige do aluno conversar com a trajetória do próprio saber. Do 

mesmo modo, a releitura do Saci, no contexto urbano de Belo Horizonte não tem nenhum sentido se 

o aluno não conseguir traduzi‐la readequando‐a aos dias atuais. Em segundo, a forma de brincar com 

o  imaginário arcaico apresentado pela  literatura e que encontra abrigo exclusivamente no espaço 

literário e não mais na convivência real. Assim,  Iara, Curupira, Lobisomem  , Mula Sem Cabeça, e as 

inúmeras criações míticas ou lendárias, não têm qualquer sentido sem o esforço da imaginação.  

Até mesmo a noção de folclore tal como é repassada pelos professores merece releitura. Com efeito, 

muitas  dessas  noções  aparecem  reificadas.  Folclore  é  isto.  Folclore  é  assim.  Folclore  é  aquilo. 

Respondam: o que é Folclore? Tudo  isto  chega ao aluno  como obrigação de dar a  resposta  certa. 

Reler essas noções torna o estudo lúdico e agradável, como se dá no texto: “Meu Querido folclore”. 

Aqui,  folclore  assume  o  lugar  de  um  personagem  para  diálogo  e  abandona  o  espaço  rígido  dos 

conceitos definíveis. 

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Quadro 7: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 

Temas/Títulos  Escola  Ano  Município Minha cidade tem folclore  xxxxx  1º e 2º (turma unificada)  Santa Maria Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  Quadro 8: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. 

Temas por série Temas/Títulos  Escola  Ano  Município 

Uma noite misteriosa  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro 

Ensino Médio 

 

O escravo do canavial (Releitura de O negrinho do Pastoreio) 

Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro 

Ensino Médio 

 

O estranho José (releitura de Saci Pererê)  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro 

Ensino Médio 

Belo Horizonte 

Filomena, mito de Araxá  Escola Estadual Delfim Moreira 

Ensino Médio 

Araxá 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos.  Quadro 9: Relação dos Textos e documentos recebidos pela Comissão Mineira de Folclore como resposta à proposta – Médio – Título/tema. Temas/Títulos  Escola  Ano  Municípi

o A importância de se preservar o Folclore Brasileiro 

Estadual José Francisco Guimarães  1º ano   São Francisco 

Meu Querido folclore 

s/n  1º ano  Uberaba Minas Gerais 

A viagem  Escola Maria Elba Braga  1º ano‐ Médio 

Belo Horizonte

O velho do saco  Escola Maria Elba Braga  1º ano‐ Médio 

Belo Horizonte

A importância de se preservar o Folclore Brasileiro 

Estadual José Francisco Guimarães  1º ano   São Francisco 

Meu Querido folclore 

s/n  1º ano  Uberaba Minas Gerais 

sem título  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  1º ano‐ Médio 

Belo Horizonte

Minha cidade tem folclore 

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 

1º e 2º (turma unficada) 

Santa Maria 

Nonsense ‐ “Custar o olho da cara” 

s/n  2°   

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Temas/Títulos  Escola  Ano  Município 

Lendas e superstições 

Escola Estadual Professor Abgar Renault  2º  Caraí de Minas 

Folclore (conteúdo estudado nas aulas) 

s/n  2º  s/n 

O folclore de Sem Peixe 

s/n  2º  Sem Peixe 

Jogral Folclórico  Escola Estadual Monsenhor Francisco Miguel Fernandes   2º ano do Ensino Médio 

Rio Espera 

O pior cego é aquele que não quer enxergar 

Escola Maria Elba Braga  2º ano‐ Médio 

Belo Horizonte

Folclore  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  2º Ensino Médio 

Belo Horizonte

O folclore  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  2º Ensino Médio 

Belo Horizonte

Saci à vista  E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira”  2º Médio 

Cachoeira da Prata 

Cultura brasileira  E.E.”Maria Anália Mendes Ferreira”  2º Médio 

Cachoeira da Prata 

O curioso caso de Alexandre Magno 

Escola Estadual de Conselheiro Pena  2º médio 

Conselheiro Pena 

Chico Bento e seus amigos 

Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia   3ª médio 

Alpercata 

Personagens Folclóricos 

Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia   3ª médio 

Alpercata 

Namoro da Mula  Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia   3ª médio 

Alpercata 

Chico Bento em outra história 

Escola Estadual Terezinha Pinto Fernandes Maia   3ª médio 

Alpercata 

O folclore brasileiro (Folclore... Resgate de Cultura) 

Escola Estadual Joaquim Dias  3º ano   Patrocínio 

O Folclore Brasileiro 

E.E. Tancredo de Almeida Neves   3º ano do Ensino Médio 

Unaí 

O protetor  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  3º Ensino 

Bel  Hte 

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Temas/Títulos  Escola  Ano  Município 

Médio Os mitos e os monstros no universo folclórico 

Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  3º Ensino Médio 

Bel  Hte 

A bruxa  Escola Estadual Bolívar Tinoco Mineiro  3º Ensino Médio 

Belo Horizonte

Forbidden Love (roteiro de filme sobre lobisomens e vampiro) 

Escola Estadual José Gomes Pimentel  3º Médio 

Buritis 

Uma noite no celeiro 

Escola Maria Elba Braga  3º médio 

Bel  Hte 

Espíritos famintos  Escola Maria Elba Braga  3º médio 

Bel  Hte 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

 

Apresentação e comentários de alguns textos 

Em seguida são apresentados alguns exemplares de textos e alunos de escolas. Cumpre registrar que 

não se obedeceu a critérios de qualidade. Os  textos não estão classificados em melhores e piores. 

Não  foram avaliados de acordo  com  critérios de  superior ou  inferior, mas apenas de acordo  com 

algum grupo temático: dissertativos, narrativos, de conceituação, valorativos ou dialógicos. Eis alguns 

exemplos: 

Dissertação: 

Folclore brasileiro  O  folclore é uma  tradição do povo brasileiro, é muito  famoso e reúne muitas coisas, como  lendas, mitos, festas, etc. A capoeira é uma prática muito praticada, parte da nossa cultura. Algumas pessoas sentem medo e calafrios  quando  alguém  conta  uma  dessas  lendas. O  folclore  também  junta muitos  personagens como: o Saci pererê, a mula‐sem‐cabeça, o curupira, etc. A  importância do folclore é poder nos divertir e também  lembrar antigamente, ver e compreender nossas raízes, a cultura do nosso povo. Algumas receitas folclóricas fazem parte da alimentação hoje como o pé de moleque, bolo de batata doce, bolo de fubá, quindim, mungunzá, canjica, pamonha, pão de queijo, entre outros. E também não podemos nos  esquecer das brincadeiras:  soltar pipa,  estilingue, pega‐pega,  esconde‐esconde, bola de gude, boneca de pano e pião.   O  folclore é o sinônimo de cultura popular e representa a  identidade. O  folclore é uma mistura de elementos da cultura de vários povos que formam o Brasil, como da cultura dos negros da África.  

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67 

 

As  festas  folclóricas  são muito  típicas no Brasil, podemos encontrá‐las em várias  regiões. E o mais importante na festa folclórica, que eu acho, é a religiosidade, a fé. O folclore brasileiro é rico e deve ser preservado sempre.  Aluno: Bruno Naves Oliveira.   Uruana de Minas 26/09/2012  

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Conto da história local 

Contos folclóricos de Araxá 

O hotel assombrado 

             Em 1919 foi construído em cima de um cemitério o Hotel Colombo. Desde a época de sua construção operária juravam que ouviam barulhos e sombras no hotel, e a fama de hotel assombrado começou a se espalhar. 

            Não publicaram nada sobre o acontecimento. Ao passar dos anos várias mortes estranhas de hóspedes e funcionários como suicídio, afogamentos e queda de janela sem explicação. 

            Eles tentaram investigar, mas conseguiram. Outros funcionários disseram que achavam que eram os fantasmas que matavam as pessoas. 

            Eles procuraram a história desses terrenos em livros antigos e descobriram que bem ali era um cemitério de negros do século passado. Quando os funcionários souberam se arrepiaram e largaram o emprego e fugiram da cidade. 

             Sem hóspedes o dono resolveu fechar as portas e vender o hotel. 

Aluno: Isabele Mesquita Valle Macedo  Professora: Adriana Maria Santos Ribeiro 5º ano 

Filme produzido pelos alunos do 3° Ano C da  

Escola Estadual José Gomes Pimentel 

Os alunos produziram um curta metragem para contar a história de duas lendas muito conhecidas no folclore brasileiro e mundial; “vampiros e lobisomens”, com um tom de comedia. Os alunos contaram a historia de um romance proibido, com o nome de “Forbidden Love”, entre uma jovem vampira e um jovem lobisomem. 

Ambas as famílias travavam uma guerra de séculos; e segundo a lenda, a mordida de um lobo em um vampiro (ou o contrario), seria letal para o que foi mordido. E para dar um fim a essa guerra o casal de apaixonados se morderam e morreram ambos. Assim as famílias perceberam que com essa morte, devem acabar com a guerra. Terminando assim a historia, ensinando que mesmo com divergências o amor pode nascer. 

3° Ano C‐noturno 

(Weber, Lara, Natalya, Vinicius, Silvano, Luis, Elias, Aline, Cristiane, Elizangela, Tiago, Edmilson).  

Escola Estadual Jose Gomes Pimentel 

Buritis MG 

 

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69 

 

Diálogo com o Folclore aprendido: 

E.E.”Maria Anália   Mendes Ferreira” Professora:Patrícia Resende de Freitas Barbosa 

Aluna:Andreza Bárbara Turma:2º ano Amizade Cidade:Cachoeira da Prata‐MG 

 

                      Saci a vista 

 

         Saci.Iara.Boto. Estes três,dentre dezenas de personagens  lendários fazem parte 

do  nosso  rico  folclore.  Personagens  que  talvez  são  inspiração  ou  o  terror  das 

crianças. 

         Quando  era  pequena,sempre  tive  uma  certa  admiração  pelo  saci,poxa!!!  O 

garoto tem só uma perna e consegue dar a volta por cima,mesmo que seja um pouco 

travesso,mas ele teve muita força de vontade. Era o meu pensamento!!! 

        Lembro da primeira vez que ouvi  falar sobre o saci.Minha mãe disse que havia 

um certo homem que  já estava cheio de tantas travessuras de um certo garotinho. 

Entre promessas e mais promessas  ,uma delas é que o  jogaria em uma cisterna.Em 

uma  das  travessuras,o  homem  decide  cumprir  com  a  promessa  e  o  joga  na 

cisterna,resolvendo deixá‐lo de um dia para o outro.Mas, no outro dia  ,quando  foi 

tirá‐lo,qual foi a sua surpresa ele não estava mais lá.Pensando que ,finalmente havia 

se livrado dele,foi embora. Quando chega em casa,avista‐o ,com uma perna só. 

         Depois  desse  dia,tornei‐me  fã  desse  “negrinho”.Mas,isto  duraria  por  pouco tempo.          Um  dia,  lendo  Monteiro  Lobato,vi  que  Pedrinho  era  o  maior  rival  do  tal saci.Pedrinho  sabia  de  tudo  sobre  ele,como  aparecia,onde  aparecia  ,enfim  ,um “expert”  no  assunto  saci‐pererê.Eu  para  imitar  o  Pedrinho  ,fazia  também minhas armadilhas,que achava serem melhores. Decidi então,ser uma caçadora de sacis.         O tempo foi passando, eu fui crescendo e a rivalidade pelo saci foi acabando. A criança  que  existia  também  .Logo  após,descobri  que  não  passava  de  uma  lenda mas,foi bom enquanto durou.Foi bom viver esta época de fantasias!!!  

Brincando com Folclore 

Escola Professor Guerino Casasanta       ‐      Ouro Fino – MG Professora: Nilda Rosana Vaz de Lima Milhorini Aluno: José Sobreiro Júnior – 7º Ano Verde    Gênero Textual:  Carta       San Veneno, 15 de agosto de 2012. 

Vampiro Eu preciso muito de sua ajuda. Estou com uma gripe muito forte! Preciso de sangue humano. Meu médico só me receitou isso. Você pode me mandar algumas amostras de sangue, do bom? 

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Se você conseguir , me envie pelo correio e depois me aceita ser seu amigo no facebook. Tchau Lobisomem P.S.:  Aqui vai a minha senha do facebook:     @lobo.eu quero tchu eu quero tcha. 

 Larissa, Ariane Gomes e Thainara   ‐8º Ano Amarelo 

  A Floresta, 15 de agosto de 2012.       Maldosa Cuca! 

 

 Cuca,  estou  muito  irritado  com  a  minha  vida.  Estou  cansado  de  tanta bagunça. Não quero mais...  Você fez eu ficar assim, agora quero que você tire isso de mim, por  isso, estou mandando essa carta para você   me ajudar com isso.  Não quero mais atormentar as criancinhas, porque quando eu atormento ,os pais delas vem atrás de mim e destrói   a minha casa.   E pra piorar, a Mula‐ sem‐cabeça colocou fogo na casa dos meus irmãos.    Quando você receber esta carta e tiver uma resposta, me manda por e‐mail, é mais rápido.      Abraços      Saci‐Pererê P.S.: Esqueci de lhe deixar o meu e‐mail.  Aqui vai:  [email protected] 

 

Saber vivido e contado diretamente 

Os  dois  contos,  “casos  acontecidos” mostram  como  o  saber  popular  tradicional  opera  o 

cotidiano  e  não  a  imaginação  apenas.  Os  personagens  dos  mitos  são  identificados, 

designados, conhecidos. 

Estória da minha vó    Segundo minha avó, há vinte anos atrás, existia uma galinha que sempre gritava na Semana  Santa,    e  os  porcos  sempre  roncavam.  Isso,  na  Sexta‐feira  da  Paixão.  No  dia seguinte, quando minha avó ia olhar o poleiro e o chiqueiro, não via nenhuma galinha e nem porco.  Então ela saia correndo para contar ao marido, e este falava que o Lobisomem havia comido a galinha e os porcos. A minha avó então, fazia uma oração com muita fé em Deus, e a galinha e os porcos reapareciam, para sua alegria. CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis – Varzelândia Aluno: Deuzeri Gonçalves de Queiroz Professora: Jandira Lopes dos Santos Dias  

CESEC – Luiz Elesbão Lopes dos Reis – Varzelândia 

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Aluna: Valdeson Rodrigues Chaves Professora: Leonardo Rodrigues Cardoso  A história do lobisomem    Meu avô conta que, quando ele morava na roça acontecia sempre festas de folia.   Uma certa vez, em uma festa de folião, por volta de meia noite, em uma sexta‐feira, quando estava  indo  embora  para  a  sua  casa,  no  caminho  ele  escutou  uns  porcos  gritando  no  chiqueiro. Quando  ele  se  aproximou  e  olhou,  dentro  do  chiqueiro  estava  o  lobisomem  correndo  atrás  dos porcos, foi então ele puxou um facão da sela do cavalo e desceu. Na hora de encarar o lobisomem, pensou que  fosse o capeta, pois  tinha chifres, olhos grandes e avermelhados, que nem brasa; era todo cabeludo, de orelhas em pé e enormes. Aí, quando meu avô tentou cortá‐lo com facão, acertou‐lhe, tirando sangue. Foi então que o lobisomem se transformou em uma pessoa conhecida, que ele jamais imaginaria que fosse se transformar em lobisomem.  

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b) Destaques: fontes saber local e indústria cultural – livrinhos de folclore para crianças. 

Não  foi por acaso que  tenha  sido um arqueólogo o  criador da palavra  Folclore. Ele achava que o 

saber popular mantido pela  aprendizagem  verbal, ou  seja,  transmitido oralmente de uma pessoa 

para outra, num meio em que predominassem  instituições zeladoras de um saber erudito, escolar, 

ou mantido  pelos meios modernos  de  comunicação,  logo  desapareceria,  restando  deles  apenas 

restos, fósseis, esqueletos. Havia, portanto, que recolher esses restos antes de desaparecerem sem 

deixar  vestígios.  Ele  entendia mais:  esses  restos  tinham que  ser  recolhidos  com  as pessoas  vivas, 

posto que eram práticas sociais  ‐ literatura, costumes, crenças – diferentemente dos esqueletos de 

animais pré‐históricos.  

A preocupação  legítima desse arqueólogo  inglês  trouxe  também  sequelas para os que aderiram a 

essa proposta. O recolhimento de fósseis é diferente do recolhimento de fragmentos de linguagem e 

de discursos. 

A  partir  da  invenção  da  escrita,  a  humanidade  ganhou muito  com  os  registros  é  certo. A  escrita 

garante  a  fossilização  do  passado.  Desse modo,  devemos  aos  escritos  sagrados  dos  Vedas,  dos 

Hebreus, dos Gregos, dos Egípcios, a memória de muitos de seus costumes. Devemos a Homero a 

memória da  Ilíada e da Odisseia, garantida por  séculos pela  tradição oral. Devemos a Heródoto a 

História como gênero que se mantém pelos séculos. Na transição para a modernidade ocidental – ou 

seja,  europeia  – devemos  a  autores  anônimos o Cantar de Mio Cid,  recitado  em 3.700  versos  ao 

longo  de  três  noites  para  entretenimento  do  público.  Enfim,  os  registros  em  papel  fotografam 

instantes da memória transmitida pela conversa e a crença na verdade dos relatos. 

Porém, a maior riqueza da transmissão oral é a adequação ao momento histórico. Assim, a lenda do 

lobisomem receberá tantas versões quantas forem as oportunidades de sua atualização em  locais e 

momentos  diferentes. Uma  vez  registrada,  ou mumificada,  ela  perde  o  poder  desse  emprego. O 

lobisomem é um para um pai em cuja casa nasce o sétimo filho, é outro para o vizinho que viu nascer 

o sétimo filho, outro ainda para quem nunca viu essa ocorrência, e mais outro, para quem sabe que 

alguém sai por aí em noites de lua cheia sem saber sua procedência. Há uma crença na existência de 

lobisomem, mas a  interpretação e o  relato de  sua  realização diferem. Ao  se  tornar um  registro, o 

lobisomem converte‐se em literatura, descola‐se do real. Ingressa no imaginário. 

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Ao  longo da elaboração deste Relatório, conversamos com  inúmeros professores, diretores, alunos, 

pais e crianças.   

Crianças de quatro ou cinco anos, já sabiam que Iara, boto, lobisomem, saci, negrinho do pastoreio, 

curupira,  mula  sem  cabeça  eram  folclore.  As  professoras  na  Semana  do  Folclore  lhes  haviam 

ensinado. Por outro  lado, em casa nunca se havia falado nisso. As crianças sabiam a história desses 

entes lendários, mas não os inseriam em nada da vida.  

Ao mesmo tempo, essas crianças brincavam com dinossauros, jacarés, leões, adquiridos em lojas de 

brinquedos e se divertiam no zootycoon e no youtube sabendo tudo de animais pré‐históricos e de 

museus temáticos. 

Há  uma  corrente  que  elogia  irrestritamente  esses  acessos  ao  “folclore”  disseminado  pelas  novas 

tecnologias.  Não  há  mesmo  que  censurá‐las.  Ao  mesmo  tempo,  ao  longo  da  elaboração  deste 

mesmo Relatório, deparamos com crianças brincando de  roda, na esquina de uma  rua,  sem outro 

espaço  senão  um  passeio  estreito  e  duas  outras  crianças  que  aparentavam  8  anos  de  idade 

brincando de luta corporal – chutar, derrubar o outro, espancar. Foram vistas crianças brincando de 

aulinhas, onde a professora impunha disciplina aos gritos, castigos, ameaças e expulsões.  

Como  nada  disso  foi  sistematizado  para  elaboração  deste  Relatório,  fica  apenas  o  registro 

passageiro. Contudo, a coordenação teve acesso ao acervo de uma professora, o qual é apresentado 

em seguida no Quadro 10. Foram listadas 118 obras, todas destinadas a crianças em preparação para 

alfabetização ou no  início da alfabetização. Regra geral, essas obras  foram adquiridas em  feiras de 

livros  realizadas  anualmente, nas quais os professores  têm  facilidade de  aquisição por doação ou 

compra em baixo preço.  

Pelo  que  se  nota,  o  “folclore”  não  chega  mais  à  criança  pela  vivência  no  meio  familiar  ou  de 

vizinhança, mas, especialmente é ensinado pela escola. A oportunidade de saber o que é curupira, 

ou mula sem cabeça, não é buscada em situações  reais, mas como recurso de supor a vivência da 

criança no mundo dos “seres imaginários”. 

Nada a  reclamar, mas para nossa  conversa  fica a pergunta que  fazemos a nós  redatores: em que 

momento a escola aprende com o saber que a criança desenvolve fora da escola? 

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Quadro 10. Obras do acervo de uma professora do fundamental interpretadas como Folclore. 

Ordem 

Título  Coleção  Editora 

1  Curupira  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

2  Festa no céu  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

3  Canto do sabiá  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

4  Negrinho do pastoreio  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

5  Mula sem cabeça  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

6  Cavalo encantado  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

7  Boto cor de rosa  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

8  Bumba meu boi  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

9  Saci pererê  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

10  Lobisomem  Folclore divertido  Kids Editora e ilustrações 

11  A bela adormecida  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

12  Branda de neve  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

13  A bela e a fera  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

14  A pequena sereia  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

15  Polegarzinha  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

16  A princesa e o sapo  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

17  Cherazade  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

18  Os cisnes selvagens e a princesa 

O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

19  Rapuzel  O mundo encantado das princesas  Kids Editora e ilustrações 

20  Lobisomem  Itaú de livros infantis  Companhia das letrinhas 

21  O jogo da parlenda  Itaú de livros infantis  Companhia das letrinhas 

22  Bemtevi  Itaú de livros infantis  Companhia das letrinhas 

23  Os três porquinhos  Itaú de livros infantis  Companhia das letrinhas 

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Ordem 

Título  Coleção  Editora 

24  De Duendes e fantasmas  Encantamento  Editora Lê 25  O lobisomem e a lua 

cheia Festa na Floresta  Leitura 

26  Saci, amigo da floresta  Festa na Floresta  Leitura 27  Mula sem cabeça e as 

noites sem luar Festa na Floresta  Leitura 

28  O boto que roubava rosas 

Festa na Floresta  Leitura 

29  Iara, a bela do lago  Festa na Floresta  Leitura 30  Negrinho do pastoreio, o 

Doutor da Floresta Festa na Floresta  Leitura 

31  Boitatá, a cobra que apaga incêndios 

Festa na Floresta  Leitura 

32  Curupira e a árvore dos desejos 

Festa na Floresta  Leitura 

33  Quel lê com pressa tropeça:ABC do trava‐lingua 

Elias José  Editora Lê 

34  Caçadas de Pedrinho  Monteiro Lobatp  Brasiliense 35  A cigarra e a formiga  Fábulas de La La Fontaine  Melhoramentos 36  O cachorro burro  Fábulas de La La Fontaine  Melhoramentos 37  O mapa do tesouro  Piratas em busca do tesouro 

perdido Vale das Letras 

38  Papagaio pirata  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

39  Petrônio afunda o barco  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

40  Capitão mão de gancho  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

41  Navio Pirata  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

42  Amor de pirata  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

43  o polvo gigante  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

44  A selva pirata  Piratas em busca do tesouro perdido 

Vale das Letras 

45  A rãzinha malandra  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

46  O pastor e o bode  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

47  O homem o menino e a mula 

Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

48  O sonhador  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

49  A lebre e a tartaruga  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

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Ordem 

Título  Coleção  Editora 

50  O leão e o rato  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

51  O Ratinho do campo e o ratinho da cidade 

Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

52  A cotovia e o fazendeiro  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

53  o Carvalho e o caniço  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

54  Júpiter e o macaco  Fábulas Clássicas/Esopo/Lafontaine  Difusão cultural do livro 

55  O leão e o rato  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 56  O corvo e o jarro  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 57  O Rato do campo e o rato 

da cidade Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 

58  A assembleia dos ratos  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 59  A cigarra e a formiga  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 60  A raposa e a cegonha  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 61  A raposa e o corvo  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 62  A raposa e as uvas  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 63  O cão e o osso  Fábulas de Esopo  Kids editora ilustraçoes 64  A bela adormecida ‐ A 

bela e a fera Histórias encantadas  Brasileitura 

65  Apequena sereia ‐ A princesa e o sapo 

Histórias encantadas  Brasileitura 

66  As viagens de Gulliver ‐ Bambi 

Histórias encantadas  Brasileitura 

67  Branda de neve ‐ Cachinhos dourados e os três ursos 

Histórias encantadas  Brasileitura 

68  Chapeuzinho Vermelho ‐ Cinderela 

Histórias encantadas  Brasileitura 

69  O mágico de Oz ‐ o Patiinho Feio 

Histórias encantadas  Brasileitura 

70  Os músicos de Bremen ‐ Os três porquinhos 

Histórias encantadas  Brasileitura 

71  Peter Pan ‐ Pinóquio  Histórias encantadas  Brasileitura 72  A princesa e o sapo  Clássicos de sempre  Brasileitura 73  Aladim  Clássicos de sempre  Brasileitura 74  Ali babá e os 40 ladrões  Clássicos de sempre  Brasileitura 75  Cachinhos dourados e os 

três ursos Clássicos de sempre  Brasileitura 

76  O flautista Hamelin  Clássicos de sempre  Brasileitura 77  O patinho feio  Clássicos de sempre  Brasileitura 78  O soldadinho de chumbo  Clássicos de sempre  Brasileitura 79  Simbad o marujo  Clássicos de sempre  Brasileitura 

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Ordem 

Título  Coleção  Editora 

80  Branca de Neve  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 81  A bela adormecida  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 82  A bela e a fera  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 83  A pequena sereia  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 84  A princesa e a ervilha  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 85  A princesa e o sapo  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 86  Cinderela  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 87  Princesa Sawana  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 88  Rapunzel  Coleção Princesinhas  Ciranda Cultural 89  Peter Pan: Lealdade  Virtudes e atitudes a Arte de 

conviver Edições Chocolate 

90  Bambi: Amor  Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

91  Branca de Neve: Bondade  Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

92  Alice no país das maravilhas: Coragem 

Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

93  Mogli: Fraternidade  Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

94  Galinha dos ovos de ouro: Humildade 

Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

95  Pocahontas: Justiça  Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

96  Rapunzel: Persistência  Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

97  O pequeno polegar: Responsabilidade 

Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

98  O mágico de Oz: Solidariedade 

Virtudes e atitudes a Arte de conviver 

Edições Chocolate 

99  A bela adormecida  Clássicos adoráveis  Brasileitura 100  A bela e a fera  Clássicos adoráveis  Brasileitura 101  Aladim  Clássicos adoráveis  Brasileitura 102  Branca de Neve  Clássicos adoráveis  Brasileitura 103  Cinderela  Clássicos adoráveis  Brasileitura 104  João e o pé de feijão  Clássicos adoráveis  Brasileitura 105  O mágico de Oz  Clássicos adoráveis  Brasileitura 106  O patinho feio  Clássicos adoráveis  Brasileitura 107  Peter Pan  Clássicos adoráveis  Brasileitura 108  Pinóquio  Clássicos adoráveis  Brasileitura 109  Branca de Neve  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 110  Chapeuzinho Vermelho  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 111  Cinderela  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 112  João e Maria  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 113  O patinho feio  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 

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Ordem 

Título  Coleção  Editora 

114  O príncipe sapo  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 115  Os três porquinhos  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 116  Peter pan  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 117  Pinóquio  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 118  Rapunzel  Os mais belos Clássicos  Vale das Letras 

Fonte: Comissão Mineira de Folclore, Coordenação de Projetos. 

 

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4. Dificuldades e valores hegemônicos 

 

Ao  longo da redação do presente relatório – repetimos  ‐, conversamos com professores, diretores, 

crianças e pais. Chamou nossa atenção também que, entre as centenas de escolas da rede estadual 

presentes  em  Belo  Horizonte,  apenas  uma  atendeu  à  proposta.  Cuidamos  de  examinar  as 

dificuldades vividas nessas escolas. Esses e outros serão aspectos abordados nesta seção. 

Nosso companheiro Tião Rocha insiste neste refrão: “escola somente chama os pais para reclamar do 

comportamento  dos  filhos”.  Um  dos  redatores  deste  Relatório  publicou  nos  primeiros  anos  da 

década de  setenta no  Suplemento Pedagógico   do  “Minas Gerais um  artigo  com o  título  “Ensino, 

aprendizagem, escola”, no qual ele se concentrava noutro refrão, a lamentação de professores: “Eu 

ensino, mas os alunos não aprendem”.  São desafios permanentes. 

As escolas públicas vivem o desafio das “políticas de inclusão”, de sua inserção em “áreas de risco”  e 

no conflito entre educar para a dominação ou educar para a liberdade e a cidadania. 

O cerne da proposta da Comissão Mineira de Folclore não é o de  resolver essas questões, mas de 

compreender o contexto em que surgem e como elas se mantêm. A proposta se resume em apenas 

uma  coisa:  conversar  sobre  o  saber  que  a  criança  leva  ao  ambiente  escolar  a  partir  do  que  se 

entende por saber codificado ou não pelas instituições burocráticas, mas interpretado pelas redes de 

relações comunitárias. A proposta não tem objetivo externo a ela mesma. Ou seja, não traz solução 

para nada; apenas enfatiza conversar o que traz  junto ouvir e dizer. “Dar e tomar a palavra” como 

afirma Godbout em O espírito da dádiva. 

Nossa conversa, pode ser resumida na pauta exposta em seguida: 

1. O que está disponível para o professor e o que é Folclore. 

O  que  é  chamado  de  “indústria  cultural”  oferece  aos  professores  um  repertório  de  obras  para 

favorecer  a  atividade  docente.    Nessas  obras  está  também  embutida  a  concepção  de  folclore 

defendida por essa indústria. 

Este assunto merece uma longa conversa.  

2. Educação e Novas Tecnologias 

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No dia 3 de março  recente – 2013  ‐ o “Fantástico” da Rede Globo mostrou   o exemplo de escola 

pública  informatizada. Destacou o empenho no  interior de políticas públicas de suprir as escolas de 

novas  tecnologias.  Ao  mesmo  tempo,  exibiu  a  origem  dos  softwares  disponíveis.  Em  outros 

programas, porém, foi dado destaque para as coações sofridas pelas escolas em relação ao seu meio 

e  um  termo  até  então  desconhecido  assumiu  a  pauta  das  discussões  com  respostas  prontas: 

“bulling”. A questão da segurança foi colocada como primeiro valor. 

Às vezes, comparece na pauta de alguns meios de comunicação a questão do sofrimento psíquico 

dos professores de escolas públicas, o qual recebe também um nome técnico para assumir seriedade 

da importância: “síndrome de burnout”.  

Surge, portanto, na agenda, duas questões, a vantagem das novas tecnologias e as desvantagens das 

relações sociais. 

Em  escolas,  tanto  da  Capital,  de municípios  da  RMBH,  quanto  do  interior  do  estado,  obtivemos 

relatos  sobre: os equipamentos de  informática chegam às escolas, mas não  são  instalados;  faltam 

monitores  com  experiência  em  informática;  CDs  e  DVDs  são  encaminhados  pelo  Ministério  da 

Educação, mas não são utilizados pelos professores; o software Linux é de difícil emprego, posto que 

todo  mundo  já  se  acostumou  com  o  Windows;  computadores  são  mais  utilizados  para  rotinas 

burocráticas;  não  se  tem  promovido  relação  entre  biblioteca  e  as  novas  tecnologias,  o  mais 

frequente é o uso de  vídeos no espaço da biblioteca, mas não de documentários que  ajudem na 

conexão leitura e filmes. Há pequena frequência dos professores aos acervos das bibliotecas. 

Parece que isto merece muita conversa e remete para novos componentes na pauta. 

3. Os desafios da escola e a educação popular: 

a) A cultura de massas coage? A escola deve valorizar os valores hegemônicos?  

Certa  vez,  um  dos  redatores  deste  relatório  teve  oportunidade  de  acompanhar monografias  de 

cursos  de  especialização  em  Administração  Municipal  ‐  PEAM  –  Numa  escola  de  Periferia  no 

Município de Belo Horizonte a direção e os professores  se preocuparam  com o baixo  rendimento 

escolar e o desinteresse ativo dos alunos adolescentes. Após muita conversa entre eles, decidiram 

criar  um  programa  denominado  “Sexta  Livre”.  Entendiam  que  os  jovens  tinham  que  levar  para  a 

escola seu saber. Entenderam mais ainda que eles gostavam das músicas e das danças atuais e que, 

se a escola lhes oferecesse a oportunidade de mostrar tudo isso, o interesse pelo estudo aumentaria 

e poria fim ao desinteresse.  

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82 

 

O resultado foi  inesperado. Nas sextas feiras, os alunos deixaram de frequentar a escola. O projeto 

era muito bom. Faltou apenas conversar com a parte  interessada.  Incluídos na conversa, os alunos 

responderam. “Escola não é lugar para isso”.  

b) Políticas públicas e obrigação – aprender como opção e aprender como obrigação. 

Outro desafio para o desenvolvimento da  conversa  tem a  ver  com a obrigação da matrícula e da 

frequência. O  imperativo “Lugar de Criança é na escola” parece não merecer contestação. Alguém 

merece punição se não obedecer.  

Vale, portanto, começar a conversa a partir de dois casos. O primeiro resulta do Relatório  “Cadastro 

de famílias Moradoras do OPH”. Há inúmeras políticas de distribuição de renda  que condicionam a 

recepção de recursos à matrícula de crianças nas escolas. O relatório referido se surpreendeu com o 

abandono à escola das crianças a partir de 11 a 12 anos de idade, ou seja, após a conclusão do antigo 

“Grupo Escolar”. Os adolescentes não viam mais  interesse na escola e partiam para expedientes de 

garantir um mínimo de subsistência para a família, contrariando tudo que determinava o Estatuto da 

Criança e do Adolescente. Alguns resultados chamaram a atenção dos analistas. Em primeiro  lugar 

elevada taxa de acidentes devidos a quedas e atropelamentos. Ora, nenhuma das áreas estudadas se 

localizava nas proximidades das  rodovias ou de  vias  arteriais. Tais  acidentes  tinham  a  ver  com  as 

“condições de trabalho” desses adolescentes que exigiam correrias de alguma ameaça.   Quando se 

examinou o que esses adolescentes queriam aprender e como, a resposta era sempre aprender algo 

que garantisse algum rendimento e aprendendo com quem sabe. Esse “aprender com quem sabe” 

ajuda a compreender a rejeição à escola a partir do atual sexto ano. Vale lembrar que a renda média 

de todas as famílias moradoras nos referidos conjuntos habitacionais era 1,8 salários mínimos.  

O segundo caso é também de um relatório de pesquisa denominado “O caso do Poupança Jovem”  

As  informações  foram  coletadas no município de Ribeirão das Neves para atender a demanda de 

uma  Secretaria  de  Estado  interessada  em  diminuir  a  delinquência  juvenil.  Entendia‐se,  como  se 

constatou no Cadastro de Famílias moradoras do OPH,  que os jovens abandonavam as escolas para 

obter alguma renda. Se, se garantir algum rendimento com o obrigação de estudo, então, o  jovem 

permaneceria na escola, raciocinava‐se. Porém, algumas condições eram necessárias. O jovem teria 

comportamento exemplar para  ter direito à bolsa e o valor somente seria creditado em sua conta 

após concluir os estudos sem repetência nem infração que implicasse ação policial.  

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O relatório constatou que a bolsa seria ao final destinada aos alunos que já não ofereciam qualquer 

obstáculo  e  não  converteria  nenhum  delinquente  aos  bons  costumes  desejados.  Posto  que  algo 

como um terço dos alunos já eram bem comportados. 

Esses depoimentos valem longas conversas. 

c) Um depoimento: Querer como valor último e poder como valor último da racionalidade. 

Após  o  encaminhamento  da  proposta  da  Comissão  Mineira  às  escolas,  a  equipe  se  interessou 

também pelos relatos das crianças em escolas de periferia para compreender um pouco melhor a sua 

lógica.  Algumas  crianças  mostravam  dificuldades  de  aprendizagem  segundo  as  avaliações  de 

professores.  

Relata‐se  apenas  um  caso. Uma  criança  conhecia muito  bem  jogos  em  seu  grupo  de  vizinhança, 

conhecia melhor  ainda  a  diferença  do  estampido  de  armas  de  fogo,  com  a mesma  competência 

discriminava o calibre dessas armas. Porém, essa criança não aprendia o valor das moedas nem das 

notas. Somava mal e multiplicava pior ainda.  

Em  oportunidade  de  encontro  com  um  dos  redatores  essa  dificuldade  foi  posta  em  questão. 

Favoreceu‐se  à  criança  acesso  a  um  computador.  Logo  a  criança  procurou  jogos  que  se  podem 

interpretar  como  violentos  e  se  desempenhou  maravilhosamente  no  manejo  das  operações  de 

ataque  e  fuga.  Em  seguida,  sem  nenhuma  programação  prévia,  surgiu  um  assunto  que  exigia 

comparar quantidade e tinha a ver com pagamentos, dinheiro e troco. A criança imediatamente deu 

a  resposta  errada  ao  problema,  embora manifestasse  a  compreensão  dos  termos  do  problema. 

Nenhuma demonstração  empírica a demoveu da “resposta errada”. Ela estava certa e pronto. 

A mãe que estava presente foi inquirida sobre o valor “querer”. A situação convenceu o relator que a 

criança operava com uma  lógica diferente entre acerto e erro, mas com querer e poder. Querer é 

operador da racionalidade. O que tem a ver com todos os acenos da mídia. 

Esta prática é mais do que  comum na negociação de notas nas escolas. Talvez mais  frequente na 

chamada classe médias. Querer é poder. Eu quero e pronto. A verdade mentirosa 

Há que confrontar afirmações como estas: Tudo tem seu preço – ou seja nada escapa ao mercado.  

Quem quer faz, quem não quer, manda. Defesa da autonomia submissa. A pessoa só é livre sozinha. 

Manda quem pode, obedece quem tem juízo. O pleno elogio à submissão conformada. 

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O caso da criança deste relato, contudo, merece um acréscimo. A mãe, jovem de 28 anos, acabara de 

se separar do marido de 42 anos. O  irmão mais velho ficou com o pai. O filho mais novo mudou‐se 

com a mãe. O  irmão mais velho acompanhava o pai nos botecos da vida. Querer com operador da 

razão fazia todo sentido. 

 

d) A Comunidade escolar e burocracia – relações sociais e normas técnicas. 

Antes  da  apresentação  da  proposta  à  Secretaria  de  Estado  da  Educação  e  ao  longo  do 

acompanhamento,  desenvolveram‐se  inúmeras  conversas.  Esperava‐se  que  escolas  da  Região 

Metropolitana de Belo Horizonte  se dispusessem a participar,  tanto pela proximidade quanto pela 

necessidade  de  compreenderem melhor  o  saber  que  as  crianças  e  jovens  levam  à  escola  como 

aceitação ou rejeição. 

Como se sabe, não foi o que aconteceu. Em Belo Horizonte, uma escola localizada no bairro Ribeiro 

de Abreu; em Santa Luzia, uma escola da sede urbana do município;  e, em Contagem, um escola de 

jovens e adultos totalizaram a atenção à proposta.  

Não há como compreender satisfatoriamente a acolhida à proposta. Entretanto, algumas conversas 

destacaram os seguintes pontos: É melhor fazer do que registrar. Nesse caso, por exemplo, prefere‐

se trabalhar com técnicas de confecção artesanal, trabalhos manuais, pinturas, sem necessidade de 

elaborar textos. Destina‐se um dia para as crianças levarem chás, prepararem e saborearem na hora 

da merenda.  Nesse  caso,  o  cuidado  de  se  a  erva  foi  colhida  na  horta  caseira,  ou  comprada  em 

supermercado não é  levado em consideração. Registrou‐se também o acúmulo de demandas sobre 

as  atividades  do  diretor  e  a  ordem  de  prioridade  diante  das  exigências  de  respostas  às 

Superintendências  Regionais  de  Ensino,  ou  a  falta  de  tempo  dos  supervisores  escolares  para  se 

dedicarem a repassar a proposta aos professores. Lembrou‐se ainda a necessidade de visita de um 

membro  da  Comissão  para  se  reunir  com  os  professores  e  esclarecer  o  conteúdo  da  proposta 

recebida. Houve justificativas de desinteresse da parte de professores, por entenderem que folclore 

tem  a  ver  com  “macumba”,  “crendices”,  “superstições”, ou  catolicismo popular. As  razões dessas 

recusas,  segundo  alegações  tinham  a  ver  com  denúncias  de  familiares  de  que  a  escola  estaria 

contrariando  os  preceitos  religiosos  do  pastor.  Transpareceu,  em  algumas  conversas,  que  os 

professores  não  tinham  tempo  para  se  dedicarem  a  demandas  emergentes,  tendo  em  vista 

sobrecarga de trabalho – cumprirem jornadas diferentes em diversas escolas. 

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Além  disso,  houve  depoimentos  que  alegavam  que  as  escolas  são  coagidas  por  regulamentos, 

resoluções,  planos,  rotinas  que  cerceiam  sua  autonomia  atropelando  a  condição  de  desenvolver 

atividades  criativas.  A  prioridade  de  zelar  pela  disciplina  dispersa  a  concentração  em  outros 

objetivos.  Esta  alegação  de  algumas  escolas  de  periferia  foi  comprovada  pela  análise  de  alguns 

registros em diários de classe. Infrequência, avaliações insuficientes, conflitos nas salas de aula e nos 

corredores, faltas justificadas ou injustificadas de professores. Casos de disciplinas sem professores, 

professores afastados por motivos de saúde, mas sem o prazo previsto para convocação de suplente. 

Enfim,  desafios  à  gestão  pedagógica.  Sem  dúvida,  todas  essas  dificuldades  intervêm  sobre 

atendimentos  que  possam  alterar  rotinas,  mesmo  que  as  diretrizes  curriculares  contemplem 

atividades contidas na proposta.  

Houve casos em que escolas desenvolveram atividades, mas  justificaram não poderem encaminhar 

por falta de equipamentos adequados para reproduzir os textos elaborados pelos alunos – digitá‐los 

ou escaneá‐los. O expediente de enviar pelo correio foi também descartado. 

Obstáculos a uma conversa 

Após  esta  agradável  experiência  de  acolhimento  de  nossa  proposta  pela  Secretaria  de  Estado  da 

Educação através da Superintendência de Modalidades Especiais, a atenção das Superintendências 

Regionais, diretores, supervisores e professores,  todas as constatações acima  tornam‐se de menor 

importância.  Com  efeito,  as  escolas  que  encaminharam  respostas  são  da  rede  estadual,  estão 

submetidas  às mesmas  coações  alegadas,  e  subestimaram  essas  dificuldades.  Do  ponto  de  vista 

dessa  coordenação de Relatório, não  importa  a quantidade, mas  a disposição para manter  viva  a 

conversação. Portanto, todas as escolas que nos atenderam declararam publicamente sua  intenção 

de prosseguir na  conversa. Contudo, a Comissão Mineira, neste momento, examina  situações que 

sejam  favoráveis  ou  desfavoráveis  ao  diálogo,  não  apenas  no  âmbito  dos  educadores  e  das 

instituições de ensino, mas considerando o repertório de assuntos dessa área de estudo.  

Ao  longo de  sessenta e  cinco anos podemos enumerar a possibilidade de  conversas  férteis ou de 

recursa com as seguintes áreas de atividades: 

I. Com os especialistas em seus territórios eruditos: 

• Há  que  reconhecer  os  plenamente  convencidos  apoiados  em  seus  paradigmas 

ideológicos. Uma proposta de conversa poderia  ter como resposta “Aqui não há o que 

conversar”.   Quando aparentemente se desenvolve algo que pareça conversa constata‐

se que o que  cada parte  afirma não merece  exame da outra parte.  Estabelece‐se um 

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diálogo de  surdos. As  conversas  caracterizam monólogos. No  caso  específico do  tema 

Educação,  se as verdades dos  folcloristas  continuarem gerando  conversas apenas  com 

folcloristas  ou  simpatizantes,  consolida‐se  o  monólogo.  O  encontro  com  outras 

especialidades  pode  gerar  altercações  e  nada  mais.  Basta  apenas  um  exemplo.  Na 

introdução a este Relatório foram enumeradas obras de alguns autores. De outro  lado, 

pode‐se ouvir, “Vocês não sabem é nada. Nem se lembraram de Bourdieu, de Vygotsky, 

ou de Perrenoud nem de Jacques Delors, como querem conversar sobre educação?” 

• Existem os que acreditam que problemas são postos para serem examinados e que todas 

respostas  a  problemas  pedem  novamente  atenção  à  situação  geradora  do  problema. 

Essa  segunda  possibilidade  de  conversa  com  especialista  é  a  mais  desejável  pelos 

folcloristas, mas  a menos  frequente  e  a mais  difícil.  Começa‐se  pelo  que  cada  parte 

entende  por  Folclore  e  termina  pela  guarda  da  “caixa  preta”.  O  próprio  criador  da 

palavra folclore é responsável por essa dificuldade de diálogo ao  identificar o estudo às 

“antiguidades populares”. No anseio de modernidade dos outros, “antiguidade” arrepia. 

A divisão do trabalho intelectual, por sua parte, zela pelo diálogo restrito aos seus pares. 

A Comissão Mineira de Folclore passou a vivenciar isto ao longo do tempo. Até 1972 não 

havia  critério  para  acolher  os membros  efetivos  baseado  em  titulação  acadêmica.  A 

partir daí passou‐se a exigir titulação e obras publicadas. Curiosamente, havia membros 

sem  titulação  e  os  titulados  se  originavam  das mais  diversas  áreas; médicos,  físicos, 

matemáticos,  poetas,  músicos,  historiadores,  filósofos,  profissionais  de  educação, 

antropólogos, sociólogos, advogados. Nenhuma especialidade se estranhava. Tivemos no 

Ciclo de Debates sobre Medicina Popular um grande exercício de disposição ao diálogo. 

Professores  da  Faculdade  de Medicina,  juntamente  com  os  de  Farmácia,  ao  lado  dos 

raizeiros. No primeiro encontro, a afirmação das verdades irredutíveis. Na assembleia de 

encerramento, a disposição ao prosseguimento da conversa. Pode tornar‐se assunto de 

conversa a progressiva especialização dos estudos de Folclore. Nesse caso, reproduz‐se 

exatamente o mesmo estranhamento entre as especialidades e a dificuldade de diálogo 

como oportunidade de aprender. 

II. Com os gestores de Políticas Públicas 

No  ano  de  1954,  o  Governo  do  Estado  de Minas  Gerais  assinou  um  Convênio  com  Instituto 

Brasileiro de Educação Ciência e Cultura – órgão da UNESCO ‐  entidade maior à qual pertencia a 

Comissão Mineira de Folclore.  

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O item IV do convênio declarava: “O Governo do Estado de Minas Gerais reconhece a Comissão 

Mineira  de  Folclore  como  órgão  integrante  da  Comissão  Nacional  de  Folclore,  destinado  à 

pesquisa  e  estudo    do  Folclore  regional,  e  desta  forma,  atribui‐lhe  a  autoridade  necessária  a 

pronunciar‐se oficialmente no que disser respeito às suas atribuições...” Entre várias atribuições 

poderosas,  constava:  “A  Comissão  Mineira  de  Folclore,  no  âmbito  de  suas  atribuições, 

promoverá  (...)  medidas  que  visem  especialmente:d)  fomentar  a  organização  em 

estabelecimentos  de  ensino  de  centros  de  pesquisa  folclórica,  destinados  à  formação  nas 

crianças e adolescentes de gosto e interesse pelos assuntos de folclore”. 

1954 foi o ano do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Realizou‐se naquela cidade o Congresso 

Internacional de Folclore. A Comissão precisava de mostrar Minas Gerais para o Mundo; e  isto 

interessava ao Governo.. 

Os anos se passaram e em ata lavrada no dia 19 de fevereiro de 1972 lembrou‐se a importância 

do  cumprimento  dos  termos  do  Convênio,  de  decretos  e  leis  originadas  de  propostas  da 

Comissão Mineira. O interesse perdeu o momento. 

Os  tempos mudaram, a Comissão conviveu com  inúmeros governos de diferentes regimes. Há, 

portanto  uma  aprendizagem  do  que  justifica  ou  dificulta  o  diálogo.  A  primeira  possibilidade 

sustenta‐se nas razões do poder que determina “Quero e Posso” estou legitimado.  

• Exclusão ‐Não queremos conversar com vocês.  

 O  governo  sustenta‐se  em  argumentos  tecnocráticos  para  esconder  decisões  autoritárias Afirmações desse tipo sintetizam o silêncio: 

“Temos critérios já estabelecidos do que importa e o que não importa. Vocês não cabem nos nossos critérios entendam isso.” 

• A inclusão pela conversão.  

Sustenta‐se e esconde‐se no discurso da cooptação. 

“Para atenderem o que querem é preciso obedecer e seguir esses caminhos e observar tal percurso. Vocês estão equivocados, mas são “gente boa”  

• Inclusão participativa.  

Aposta na participação sem reservas, eis a utopia. Quem estuda e se dedica à compreensão do saber popular pode  iluminar os discursos defendidos como verdadeiros  impostos como fim de conversa.  

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“Podemos examinar juntos a situação do problema”. 

 

III. Com os professores 

Conversar  com professores, enquanto  submetidos  a uma ordem  institucional  comporta  variações. 

Enumeram‐se alguns discursos conclusivos ou de abertura à conversação: 

• Onde cabe no currículo? Vocês sabem o que preceituam o PCNs e o CBC? 

Se o interlocutor abrir a boca, a conversa já está encerrada. 

• Isto não  interessa à minha disciplina nem à prática pedagógica. É  tudo bobagem.  Folclore valoriza tudo que é atrasado.  Nós queremos o que é moderno. 

Denuncia a noção que o professor  tem de  folclore e as  ideologias que o convencem da verdade e praticidade. 

• Podemos conversar, mas não vemos como enfrentar as dificuldades aqui. 

A limitação institucional é posta como obstáculo sem impedir uma conversa já classificada como sem proveito. 

• Estamos abertos para qualquer conversa. 

Até  alcançar  essa  possibilidade  é  possível  que  a  conversa  tenha  percorrido  todos  ou  alguns  dos passos anteriores. 

“Tudo de que necessitamos é de compreender o que não compreendemos. Sabemos por que não compreendemos. Os livros mostram isto muito bem. Mas não temos coragem de nos aventurar para compreender o que não compreendemos.” 

IV. Com os alunos e suas famílias. 

A conversa com alunos e suas famílias é determinada pela sua exposição as correntes formadoras de opinião. Entendemos possíveis as seguintes alternativas e, seguramente muitas outras; 

• Nem vem. Isto é puro atraso. 

• Não quero saber disso. 

• Para que serve? 

• Não adianta. Ninguém quer ouvir o que nós temos a dizer. 

• Não posso. Se disser o que penso, o que os outros vão dizer? 

• A escola é que sabe o que deve fazer. 

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• Deixa a gente em paz, conversa não vale de nada. 

• Assunto de escola, eles é que mandam. 

• Se a gente fala alguma coisa, vão é rir.  

• Posso mesmo dizer  tudo,  tudo mesmo?  [Não queira me ouvir, vocês não serão capazes de entender nunca.] 

• Estava esperando a oportunidade para falar tudo. Tudo. 

• Posso confiar? 

• Não venham me ensinar mais nada. 

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5. Para concluir 

 

Conversa como foi defendido, supõe condição, domínio de linguagem como valor e não apenas como 

conhecimento de termos. 

É  possível  que  a  conversa  seja  facilitada  ou  dificultada  tanto  pelas  alternativas  examinadas 

anteriormente, quanto por muitas outras insuspeitas. O mais interessante é que haja muitas cabíveis 

nessa  última  categoria.  Contudo,  pelo  que  vem  acontecendo  com  frequência  e  pelo  que  já  foi 

insinuado em algumas partes deste Relatório, a universalização da escola tem se constituído num dos 

maiores  desafios  para  quem  atua  em  instituições  educacionais  em  todos  os  níveis  e  graus.  Essa 

universalização  pede muita  conversa  em  todas  as  instâncias,  com  especialistas,  os  que  dominam 

territórios eruditos, os que dominam  reservas de poder, os que enfrentam, no dia  a dia, práticas 

educativas em instituições, e os que demandam o exercício dessas práticas.  

Contudo reservamos considerações especiais para questões que se acumulam em páginas do meios 

de comunicação e em comentários na  imprensa em geral. A escola para população de baixa renda.  

Essa população vive orientada por dilemas. De um  lado, há que buscar a própria subsistência sem 

possibilidade  de  se  qualificar melhor  para  obtê‐la.  Isto  já  foi  comentado  a  respeito  do  Relatório 

Cadastro de Famílias Moradoras do OPH. O Censo de 2010 acusou a existência de famílias residentes 

na  Região Metropolitana  cuja  renda  familiar  per  capita  era  de  R$180,00.  Seriam  necessárias  três 

pessoas moradoras trabalhando para obter um salário mínimo de renda domiciliar. O comando deste 

lado do dilema é: “Salve‐se quem puder”.  

O  lado  oposto  do  dilema  convoca  as  pessoas  para  estarem  unidas.  “Todos  juntos,  somos  fortes” 

resumiria o imperativo declarado no indicativo. Vemos manifestações desse lado extremo em alguns 

momentos, nas épocas de enchentes, nos remanejamentos  de famílias de suas áreas devido a obras.  

Entre um polo e outro,  todas as contradições. A mulher é a maior vítima; o que  já é  reconhecido 

pelas políticas de habitação para a população de baixa renda.  

Contemplemos  alguns  casos  recolhidos  para  o  presente  relatório  à  guisa  de  conclusão.  São 

frequentes situações em que mulheres assumem o ônus da maternidade a partir da  idade fértil. Ao 

chegarem aos 30 anos, algumas já são avós. Para garantirem um mínimo de subsistência valem‐se da 

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economia  da  procriação. Nascido  o  primeiro  filho,  chegam  os  conflitos  e  o  “marido”  se  ausenta. 

Busca‐se um novo namorado. Para garantir sua permanência, dá‐lhe um filho.  Isso não evita novos 

conflitos e desavenças. O novo marido se despede. Há casos em que mães  têm  filhos de até cinco 

homens diferentes.  

A escola recebe essas crianças sem pai e sem uma mãe que lhes garanta preencher o Nome do Pai. 

Cabe à escola suprir esse nome pela primeira vez na história de vida da criança. Mas, como? A escola 

está pronta para absorver a história dos membros da comunidade a que serve? Ocorre com a maior 

frequência,  a  escola  transferir  esse  ônus  imitando  os  expedientes  das mulheres,  as  chamadas  à 

polícia são frequentes nas escolas de periferia. Com alguma condescendência, substitui‐se a polícia 

pelo Conselho  Tutelar, menos  ágil  e menos  equipado para  suprir o  lugar do pai. Há um  clima de 

sofrimento psíquico quase endêmico no quadro de  trabalhadores de ensino nas periferias. Muitos 

professores, supervisores, diretores se arvoram em prepostos da polícia. Quando convocam os pais é 

para lembrar‐lhes o não suprimento do lugar que ocupam e eximir a escola de seus deveres. 

Outro caso recente. Uma mãe tem dois filhos ‐ dez e doze anos. Sem pai. Paga R$ 250,00 de aluguel 

em um barraco. Recebe Bolsa Família e faz faxina para garantir R$640,00 mensais. O filho mais velho 

tem  deficiência  que  dificulta  a  locomoção. A  necessidade  de manter  a  casa  exige  que  não  possa 

cuidar  dos  filhos.  Na  escola,  ambos  são  agressivos  e  ameaçam  professores.  Para  a mãe,  neste 

momento,  ela  visualiza  duas  soluções.  Para  o  filho  deficiente,  tendo  em  vista  as  reclamações  da 

escola, vê como opção, mudá‐lo de escola; para o menor que também gera queixas dos professores, 

o caminho possível é arranjar‐lhe uma escolinha de futebol. 

Fernanda Otoni de Barros registra o que queremos fique como mensagem também nossa: 

A  família  é  uma  organização  que  subsite  às  mudanças  históricas  e  políticas  da humanidade(...) 

Aos pouco (...) o Estado foi chamado   para si muitas das funções familiares. Criação de  escolas,  hospitais,  clubes  de  lazer,  associações  políticas  e  culturais  foram convocando e  levando para o espaço público muitas atividades antes exclusivas da entidade  familiar. Com a  introdução do Estado nesse campo  íntimo e ordenador, o pai  de  família  foi  perdendo  aos  poucos  sua  autoridade  suprema  e  outros  poderes retiraram a  sua  legitimidade  substituindo‐o. A própria ciência é um desses poderes substitutos do velho pai.  

De chefe de  família,  soberano em  seu poder ordenador, o pai  foi  transformado em transmissor  genético  via  espermatozoide,  única  função  ainda  indiscutível  de  sua autoridade (...) salvo no caso em que a produção independente dispensa seus últimos préstimos. 

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Os comentários de Fernanda Otoni devem balizar nossa conversa com as escolas e com os gestores 

de  políticas.  Fernanda  é  pioneira  na  articulação  entre  Psicanálise  e  Magistratura,  o  lugar  dos 

“homens  de  capa  preta”  como  ela  designa  essa  última  instância  do  lugar  do  pai  nessa  dita 

modernidade. 

Na  contemporaneidade, o  lugar do pai apresenta‐se na  sua pluralidade. Seja o pai Estado,  pai  biológico,  pai  professor,  pai  namorado  da mãe,  pai  vovô,  padre‐pater, papai do céu, pai herói, pai bandido. Todos  interferem na operação de constituição da criança (p. 110.) 

 A diferença entre as ponderações de  Fernanda e as nossas é que, na obra Do Direito ao Pai, ela 

convoca os juízes da infância e da juventude para uma conversa séria sobre o lugar que ocupam ao 

elaborarem  sua  sentença.  Aqui,  a  Comissão  Mineira  de  Folclore  convida  os  professores  e 

profissionais da educação. O texto transcrito em seguida mostra o sentido desta convite a  longas e 

intermináveis conversas. 

 

Lobisomens e Saúde Mental 

José Moreira de Souza 

Eu não posso  ir à Gouveia. Tomo um banho de cultura e retorno perfumado. Foi o que me aconteceu nesses dias. Segunda feira, dia 8 de março, dia internacional da mulher, cheguei à minha terra natal. Eu já vinha encucado com algumas coisas que queria escrever. A primeira delas tinha a ver com a importante Conferência Municipal de Saúde Mental promovida pela Prefeitura Municipal  e  noticiada  no  sítio www.afagouveia.org.br.  A  outra  era  um  assunto para entretenimento do nosso leitor. Quaresma, mula sem cabeça e lobisomem. Enfim, casos de assombração. Imaginei – e quase tenho certeza disso – que hoje em dia, as pessoas não se incomodam mais  com  assombrações.  Suspeito mesmo  que  quaresma  não  é mais  aquele tempo de oração e penitência destinado à celebração da Paixão de Cristo e à esperança de sua gloriosa Ressurreição. Mesmo assim, resolvi conversar com algumas pessoas sobre isso. 

Antes de chegar aonde quero, mas já chegando, conto uma história que tem a ver com nosso assunto. É a história do Mago Merlin. Ela pode ser encontrada na obra As mais belas lendas da Idade Média, publicada em 2001 pela editora Martins Fontes. 

Reza a lenda: 

Era uma vez, na Bretanha, uma moça que deu à luz um bebê tão peludo como nunca se  tinha  visto  igual.  Ela  pediu às pessoas  que ajudaram  seu  parto que o  levassem imediatamente à igreja para ser batizado. 

‐ Que nome quer lhe dar? 

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‐ O nome de seu avô materno – respondeu a moça.  

O bebê então recebeu o nome de Merlin.  

Ora o pai de Merlin era um diabo, mas isso a mãe não tinha coragem de contar para ninguém. Um dia, embalando o menino nos braços, ela o beijou, apesar de sua feiúra, e disse: 

‐  Já que não posso contar quem é seu pai, meu querido, vou dizer que você é uma criança sem pai. Conforme a lei, vou ser condenada à morte, mesmo sem merecer. 

Assim começa a  lenda do grande mago da Idade Média. Uma criança que é filha do diabo e que nasce  feia e peluda. Por  isso, ela  tem que ser batizada  imediatamente. Filho do diabo não  pode  dizer  o  nome  do  pai  e  condena  a mãe  à morte. Merlin,  porém,  tem  um  saber sobrenatural.  Com  nove meses  já  fala  como  adulto  e  livra  sua mãe  de  ser  condenada  à fogueira. Denuncia diante do  Juiz que “ se condenassem  todas as pessoas que não podem dizer  o  nome  do  pai  de  seus  filhos,  haveria  aqui muitas mulheres  que  seriam  queimadas vivas.” O poder mágico de Merlin  lhe garantia  se  transformar em qualquer outra  coisa ou pessoa sem se dar a conhecer. 

A  lenda encerra um mito que é um prato cheio para os psicólogos, especialmente para os que têm formação psicanalítica e melhor ainda para os que se dedicam à Psicanálise na linha de  Jacques  Lacan.  Vejam,  uma  mulher  dá  à  luz  uma  criança  concebida  do  diabo.  O psicanalista vai se  fixar na questão da paternidade e na proibição de dizer o Nome do Pai. Prezado leitor, esse assunto é mais do que familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente instituiu o Conselho Tutelar, entre outras coisas, exatamente para zelar pelas crianças que não podem dizer o Nome do Pai. Os psicanalistas chamam  isso de “foraclusão do nome‐do‐pai”. Que significa esse nome feio? Que a criança tem tudo para ser psicótica porque ignora a Lei, não tem  limites. Pessoa sem  limites determina a própria  lei e desconhece os princípios básicos  de  sociabilidade.  Não  conhecem  a  dor  nem  a  culpa,  são  inimputáveis,  ou  seja, irresponsáveis. A mãe de Merlin  livra‐o desse destino cuidando  imediatamente de batizar o filho. Isso significa que ele terá um pai herdado pelo batismo. O nome do pai real não pode ser dito, mas ele ciente de sua condição tem poder de livrar a mãe da condenação pela Lei. Merlin aponta dois  tipos de  lobisomem, aquele que nasce  filho do diabo e aquele que não sabe quem é o pai verdadeiro e vive acreditando que tem um pai falso. Nessa interpretação, o pior lobisomem é o segundo. Ele cria julgadores que agem em nome de uma lei injusta e se tornam acobertados em seus julgamentos por essa Lei.  

Como sociólogo, interpreto que essa é a característica daqueles que crêem que a ideologia é a verdade. Um exemplo o senhor  insiste para seu escravo que ele  tem  todo o direito – de vida ou de morte, de obediência cega – cabendo ao escravo todos os deveres. Se o escravo aceita essa condição, ele tem um pai falso e aceita que é verdadeiro. 

Vamos agora ao Lobisomem do nosso folclore. Em Gouveia havia a crença, de que algumas pessoas se transformavam em  lobisomem. Saíam pelas ruas, altas horas, de preferência em noites de lua cheia, tinham fisionomia de porcos, às vezes, uivavam. Ninguém ousava abrir as 

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janelas  das  casas  para  se  deparar  com  esses  estranhos  homens‐animais  ou  homens animalizados.  

De outro lado, se todo mundo evitava o lobisomem, coitado daquele que fosse  identificado e  apontado    como  tal. Contudo, os pais podiam  evitar que  algum  filho  viesse  a  se  tornar lobisomem na vida adulta. O cuidado estava em saber batizá‐los. 

Entro agora no banho de cultura que recebi em Gouveia nos dias 9 e 10 de março. Fui visitar Mariinha e Jésus de Juca de Celina, como é meu costume. Perguntei ao Jésus quantos filhos teve seu  Juca e qual a ordem que ele ocupava. A conversa não era bem essa, mas veio ao acaso.  Ele disse  ser o  sétimo  filho  e por  isso  foi batizado pelo  seu  irmão Antônio  – Cabo Gouveia  como  era  conhecido  –  por  sua  irmã  Sinhá  de  Louro  Pereira  e  representado  pelo outro  irmão  José Maria.  Sabe,  prezado  leitor,  o  que  significa  todo  esse  cuidado  do  velho sacristão?  Preservar  o  filho  mais  novo  de  se  desviar  da  Lei.  Tendo  três  padrinhos  que cuidariam de zelar pelo Nome do Pai, a criança jamais se tornaria lobisomem. Com efeito, o grande  risco  para  famílias  numerosas  é  o  de  o  pai,  ao  envelhecer,  não  exercer  mais  a autoridade paterna sobre os filhos mais novos. O padrinho tem que ser escolhido dentro da família. Ele saberá zelar pela Lei, garantir responsabilidade. É por isso que Jésus ficou livre de se  tornar  lobisomem. Hoje, aos 84 anos,  saudável, alegre, disposto e  feliz, ao  lado de  sua Mariinha, amado pelos  filhos e amigos é um pai exemplar. Por precaução, gerou apenas 5 filhos, todos solidários. 

Há mais, o  folclore nos ensina algo muito  importante e quero deixar  isso como mensagem para  os  programas  de  saúde  mental  de  Gouveia.  É  muito  pouco  confiar  nos  Conselhos Tutelares, nos Juizados da Criança e do Adolescente, nas Delegacias especializadas nisso ou naquilo. É muito pouco. O  lobisomem é aquela pessoa que não reconhece os  laços que  lhe impõem  responsabilidade.  Pessoas  nessas  condições  podem  assumir  qualquer  identidade. Pairando além do bem e do mal.  

Agora, os caçadores de  lobisomem são outro tanto  lobisomens que escondem a  identidade que desconhecem. Como não sabem dizer o Nome do Pai, correm em busca de outros e se livram da culpa original, terem nascido sem poder pronunciar o nome do pai. 

Para não confundir meu leitor, quero sublinhar que o que se chamava até recentemente de “filho natural” não  caracteriza, nem determina a  condição de  lobisomem, a não  ser numa sociedade  altamente  intolerante  e  desumana.  É  a  falta de  responsabilidade  dos pais para com  o  filho  que  gera  o  sentimento  de  desobediência  aos  princípios morais  que  regem  a convivência  saudável. Esse Pai não  recai  apenas  sobre o pai da  casa – o provedor  ‐, mas, sobre  os  professores,  sacerdotes,  diretores  de  empresa,  chefes  de  trabalho  e  colegas. Quando todos esses encarregados de zelar pelo reconhecimento do Nome do Pai falham aí aparece o pior dos pais, o repressor, a polícia. Eu tenho insistido em nossas escolas aqui em Belo Horizonte. “Por favor, senhores professores, não permitam que a polícia ocupe o lugar do  educador.  A  educação  policial  é  a  pior  de  todas.  É  a  repressão  total”.  É  a  fogueira pressentida pela mãe de Merlin e da qual o filho a livrou ao dizer que ele sabia muito bem o 

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nome de seu pai. Afinal ele havia sido batizado e não precisava de se envergonhar de suas origens, antes diabólicas. 

Para finalizar, eis mais um caso que sintetiza toda a proposta: Uma diretora de escola havia assumido 

junto  à  comunidade  escolar,  quando  de  sua  eleição,  responsabilizar‐se  com  os  pais  por  toda  e 

qualquer querela entre alunos, e ouvir, em primeiro  lugar, os responsáveis pelos adolescentes. Pois 

bem, certo dia, dois adolescentes encontraram‐se em conflito. Um jurou vingar‐se. No dia seguinte, o 

adolescente ressentido com a ofensa praticada pelo colega, levou para o recinto da escola uma faca. 

Na  hora  do  recreio,  o  que  se  sentiu  ofendido  sacou  da  faca  e  feriu  na  coxa  o  colega.  Sangue. A 

diretora estava ausente, convocada que fora pela superintendência A B ou C da Capital – não importa 

‐.  A  vice‐diretora  que  não  havia  se  comprometido  com  as  diretrizes  de  gestão  escolar, 

imediatamente,  convocou  a  polícia,  antes  de  informar  os  pais  da  dupla  contenciosa. Quando  do 

retorno da diretora, no dia seguinte, os pais foram chamados à escola. Cada um se responsabilizou 

pelos conflitos e orientou os filhos enfatizando a necessidade do diálogo. Porém como a ocorrência 

policial  foi  ter  ao  Juizado  da  Infância  e  da  Juventude,  a  ação  se  protela  até  hoje, meses  após  a 

ocorrência. 

Conversando sobre assuntos como estes, um dos redatores deste Relatório comentou com diretoras 

de escolas estaduais de cidades do  interior.   “Imaginem. A escola é a única barreira que  se  forma 

entre  a  família  e  os  aparelhos  repressivos  do  Estado.  Os  aparelhos  repressivos  querem  punir. 

Decretam falta grave. A escola forma a barreira, mas, quando o atacante corre e chuta, a barreira se 

abaixa e tudo fica a cargo do goleiro. É possível?” 

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