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Relatório sobre a ocorrência de casos de
Enterobactérias com Resistência a Carbapenêmicos no
Estado do Rio de Janeiro
Ano de referência: 2014
Fonte dos dados: Formsus 12620
1- Introdução: Contexto da Multirresistência Antibiótica no Bras il
e no mundo
Embora o controle do fenômeno da resistência microbiana tenha aspectos que
envolvam ações intersetoriais que não se restringem ao âmbito do sistema de saúde, as
medidas de prevenção são dirigidas à prevenção e contenção de microrganismos
multirresistentes no âmbito dos Serviços de Saúde.
Microrganismos multirresistentes (MR) são microrganismos resistentes a diferentes
classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos. Alguns pesquisadores
também definem microrganismos pan-resistentes (pan-R), como aqueles com resistência
comprovada in vitro a todos os antimicrobianos testados em exame microbiológico.
São considerados, pela comunidade científica internacional, patógenos
multirresistentes causadores de infecções/colonizações relacionadas à assistência em saúde:
Enterococcus spp. resistente a vancomicina, S. aureos resistente a oxacilina, Staphylococcus
spp. resistente ou com sensibilidade intermediária a vancomicina, Pseudomonas aeruginosa
resistente a carbapenêmicos e/ou polimixina , Acinetobacter baumannii resistente a
carbapenêmicos e/ou polimixina, e Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos e/ou
polimixina (ertapenem, meropenem ou imipenem).
Entre os problemas relacionados a resistência antimicrobiana, os patógenos gram
negativos são particularmente preocupantes, pois tem apresentado resistência a
praticamente todas as drogas existentes para tratamento. Isto é verdade também, mas não
com a mesma importância, para algumas das infecções por gram positivos( p.ex
staphylococcus e enterococcus). As infecções por gram negativos de maior importância são
aquelas associadas à assistência à saúde, e os patógenos mais comuns são enterobactérias,
pseudômonas aeruginosa e Acinetobacter. O tratamento das infecções por microrganismos
MR ou Pan-R é um desafio cada vez mais comum nos hospitais.
2-Metodologia
Até o ano de 2013, as notificações de microrganismos multirresistentes eram
realizadas através de formulário de papel e enviadas via fax à CECIH.
Em 2013, viu-se a necessidade de um novo instrumento de coleta de dados, que
permitisse uma maior celeridade no recebimento e compilação dos dados pela CECIH. Em
agosto de 2013, foi implementada uma nova ferramenta eletrônica, em parceria com a CMCIH-
RJ, para o recebimento destas notificações. Esta ferramenta foi desenvolvida na plataforma
Formsus/datasus e é de livre acesso pela internet (Formsus 12620).
Através desta nova ferramenta devem ser notificados quinzenalmente os casos de
infecção e colonização causados pelas bactérias MR listadas na tabela abaixo. Destaca-se que o
formulário permite apenas notificação de ocorrência de casos, não havendo notificação
negativa.
Esta notificação foi tornada compulsória no Estado do RJ com a publicação da
Resolução SES nº 902, de 31/03/2014 (figura 1).
Figura 1- Micro organismos de notificação compulsória no estado do Rio de Janeiro
3-Resultados Gerais
No ano de 2014 foram recebidas mais de 17000 notificações através do Formsus
12620.
Após avaliação de completude das notificações e duplicatas, 16962 (97%) foram
consideradas válidas e incluídas na análise.
Dos 92 municípios existentes no Estado do Rio de Janeiro, 37 municípios
encaminharam notificações em pelo menos um mês de 2014. Uma média de 19
municípios/mês fizeram notificações.
No que tange ao número de serviços de saúde notificantes, no ano de 2014, 183
unidades de saúde notificaram através deste Formsus. Destas 46% unidades públicas e 54%
unidades privadas. Este número representa 71% das unidades de saúde (256) cadastradas em
todo o estado.
Para todas as faixas etárias Para Neonatos e Pediatria (< 12 anos),
além dos microrganismos da tabela ao
lado, acrescenta-se:
Acinetobacter resistente a carbapenêmico (ARC)
e/ou polimixina.
Enterobactérias produtoras de ESBL e
SENSÍVEIS a carbapenêmicos.
Pseudomonas aeruginosa resistente a
carbapenêmicos e/ou polimixina
Enterobactérias RESISTENTES a
cefalosporinas de 3ª geração (ceftriaxona
e/ou cefotaxima e/ou ceftazidima) e/ou
de 4ª. geração (cefepima) e SENSÍVEIS a
carbapenêmicos.
Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos
(ERC) e/ou polimixinas.
Enterococcus resistente à vancomicina
Staphylococcus resistente à oxacilina
S.aureus ou S. coagulase neg. com
susceptibilidade reduzida a vancomicina
No início da implementação deste Formsus, em setembro de 2013, havia apenas sete
unidades enviando informações e o ano de 2014 se encerrou com 183. Isto mostra um
aumento expressivo no número de unidades notificadoras através deste formulário.
Figura 2- Evolução do Número de Notificações de multi resistentes no Formsus 12620, 2014.
Em relação a distribuição da amostra por sexo, nota-se que 50% de sexo feminino e
50% sexo masculino. A maior parte (55%) dos pacientes eram maiores de 60 anos, seguido por
indivíduos de 30 a 59 anos (21%).
A maioria (36%) dos casos de multirresistente foi identificada em pacientes
provenientes de outro setor dentro do próprio hospital, 35% vieram do domicílio e 19% de
outro hospital. Porém, no momento da notificação, 55% dos doentes estavam internados em
Unidades de Terapia Intensiva adulto, 26% em enfermaria de especialidades clínicas e 10% na
emergência.
Foi analisado intervalo entre a internação e a identificação do microrganismo
multirresistente notificado. A figura 3 revela que 22% dos MR foram identificados nas
primeiras 72 horas de admissão hospitalar.
0
500
1000
1500
2000
2500
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Núm
ero
de N
oti
ficações
Figura 3- Intervalo entre a internação e identificação do microrganismo multirresistente notificado no Formsus 12620 no Rio de Janeiro em 2014. A topografia das infecções mais prevalente na amostra foi a IPCS, representando 32%
do total, seguida pela Infecção do trato respiratório relacionada à ventilação mecânica (ITR
vmec) com 26%.
O microrganismo mais notificado nas infecções excluídos os microrganismos
notificados como outros e não especificados , 16% (n=642) desta amostra, foi o Acinetobacter
com resistência à carbapenêmico, representando 27 % da amostra, seguido pelos MRSA com
16% e as ERC com 15%.
4- Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ERC)
apresentação do problema
Infecções difíceis ou impossíveis de tratar causadas por enterobactérias resistentes a
carbapenêmicos (ERC) estão em ascensão nas unidades de saúde. As ERC se tornaram
resistentes a praticamente todos os antibióticos existentes atualmente. Nos EUA, quase a
metade dos pacientes que tem infecção de corrente sanguínea causada por ERC, morrem
devido à infecção. Mais de 9000 IRAS são causadas por ERC nos EUA a cada ano.
O surgimento e disseminação de mecanismos de resistência aos carbapenêmicos entre
as enterobactérias (ERC) representa uma séria ameaça à saúde pública mundial. Estes
microrganismos estão associados a altas taxas de mortalidade, reduzido número de opções
terapêuticas e amplo potencial de disseminação. Diminuir o impacto dos microrganismos
portadores dessa resistência requer ações coordenadas envolvendo gestores de várias esferas,
desde serviços de saúde públicos e particulares até autoridades de saúde pública (CDC 2012).
Dentre os mecanismos de resistência aos carbapenêmicos (doripenem, ertapenem,
imipenem e meropenem) a produção de carbapenemases tem o impacto mais significativo na
0
5
10
15
20
25
0 a 3 dias 4 a 7 dias 8 a 15 dias 16 a 29 dias 30 a 60 dias 61 a 90 dias > 90 dias
22%
11%
19% 19% 17%
6% 6%
saúde humana (ANVISA, 2013), seja por sua eficiência hidrolítica, pela sua codificação a partir
de genes localizados em elementos genéticos móveis como plasmídios e transposons, ou pela
sua rápida disseminação em âmbito mundial.
As carbapenemases são usualmente capazes de hidrolisar não só carbapenêmicos, mas
também os demais beta-lactâmicos, tais como cefalosporinas, penicilinas e monobactâmicos.
Três grandes classes de carbapenemases são encontradas atualmente no mundo: as
metalobetalactamases, sendo os tipos IMP, VIM e NDM as mais frequentemente detectadas
em enterobactérias; as OXA-carbapenemases, a mais frequentemente detectada é a OXA-48;
e as carbapenemases do tipo KPC. Indiscutivelmente, do ponto de vista epidemiológico e de
disseminação, são de extrema relevância as carbapenemases do tipo KPC e as do tipo NDM,
pois ambas apresentaram rápida e ampla disseminação mundial após suas descrições iniciais
(ANVISA, 2013).
Desde a descrição inicial de KPC no Brasil, várias publicações têm demonstrado a sua
disseminação em todo o território nacional, e sua presença em diversos gêneros e espécies
bacterianas, inclusive bacilos Gram-negativos não fermentadores. A disseminação de
enterobactérias produtoras de KPC é um grave problema clínico e epidemiológico atual em
diversas instituições de saúde brasileiras (ANVISA, 2013).
Casos esporádicos de K. pneumoniae produtoras da metalobetalactamase IMP- 1
também foram reportados. A NDM foi identificada pela primeira vez no mundo em 2008 e
desde então tem sido amplamente descrita em enterobactérias causando infecções
esporádicas e surtos principalmente no subcontinente Indiano. Poucos casos de
enterobactérias produtoras de NDM foram descritos na América Latina.
De acordo o Formsus 12620 pode-se notar que ao longo do ano de 2014, o número de
notificações destes microrganismos apresentou uma tendência de aumento. Neste período
139 unidades de saúde do estado do RJ notificaram ao menos 1 caso de ERC (figura 4). Estas
notificações são baseadas em sua grande maioria em testes fenotípicos.
Taxa = nº de casos de ERC identificados no mês / nº total de MR identificados no mês
Figura 4- Distribuição dos casos de ERC notificados no Rio de Janeiro, 2014.
As ERC foram responsáveis por cerca de 24,1% dos casos de Infecção do trato urinário
associado a cateter vesical de demora, 20,5% dos casos de IPCS e 8% dos casos reportados de
Infecção de Trato Respiratório Associada à Ventilação Mecânica (ITR vmec).
5-
do Estado do Rio de Janeiro (PLACON ERC-RJ)
Em 2014, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro em conjunto com
representantes do município do Rio de Janeiro e do Ministério da Saúde elaborou um
-RJ),
que estabelecia os procedimentos a serem adotados pelos serviços de sa
adversos infecciosos.
De um universo de 59 hospitais que haviam notificado pelo menos um caso de ERC
desde a criação do formulário 12620, foram convidados para a apresentação do PLACON,
foram convidados representantes das CCIH dos hospitais públicos e privados que notificaram
através do Formsus 12620 cinco ou mais casos de ERC/mês, consideradas cenário de risco 3 no
referido documento.
16 16 16 18
19
16
12 14
18 20
0
5
10
15
20
25T
axa
taxa
Linear (taxa)
Figura 5- Imagens da reunião de ativação do PLACON ERC na Secretaria Estadual de Saúde,
fevereiro 2014.
Compareceram representantes de 8 de 10 hospitais convidados. Nesta reunião todos os
aspectos envolvendo os procedimentos necessários para a ativação do Plano incluindo a
necessidade de treinamento, mobilização dos gestores da unidade de saúde e o fluxo de envio
de amostras suspeitas para o Lacen para confirmação fenotípica e genotípica.
A- Perfil dos Hospitais que participaram da ativação do PLACON
Os três hospitais privados que participaram da discussão do PLACON e da ativação do
mesmo estão localizados na região metropolitana do Rio de Janeiro e são considerados pelo
CNES hospitais gerais de médio e grande porte, a saber: Hospital Copa Dor, Hospital Niterói
Dor e Hospital Israelita Albert Einstein. Apresentavam, em fevereiro de 2014, 92 casos de ERC
sendo apenas três casos (3,2%) de infecção.
Com relação aos cinco hospitais públicos todos são da região metropolitana do Rio de
Janeiro sendo um hospital federal (Hospital Federal de Bonsucesso), um municipal (Hospital
Municipal Salgado Filho) e três estaduais (Hemorio, Hospital Estadual Albert Schweitzer e
Hospital Estadual Azevedo Lima). Quatro estabelecimentos possuem emergência com grande
volume de atendimentos e um hospital atende exclusivamente casos hematológicos. Em
fevereiro de 2014 os quatro hospitais gerais apresentavam 123 casos de ERC sendo 34,7%
infecções (37 casos). Já a unidade hematológica apresentava 73 casos de ERC sendo 23
infecções (31,5%). Esta diferença importante dos casos de ERC entre os hospitais gerais e o de
especialidade pode ter várias explicações: o perfil do doente atendido é de doentes
submetidos a diversos esquemas antimicrobianos devido à doença de base e a terapêutica
específica necessária bem como a unidade especializada tem como rotina o rastreamento de
vigilância de todos os pacientes que apresentem fatores de risco quando da admissão no
hospital e não somente no CTI.
B- Avaliação dos dados do GAL-LACEN
Observamos que 42 unidades de saúde (67% públicos) enviaram amostras suspeitas de
ERC no teste fenotípico com confirmação do mecanismo de resistência em cepas de 35
estabelecimentos de saúde. Quatro dos 8 hospitais envolvidos na efetivação do referido plano
enviaram amostras para o Lacen, considerada uma das etapas fundamentais para a
comprovação da circulação do ERC no hospital.
Tabela 1- Unidades de saúde que enviaram ao LACEN amostras suspeitas de ERC pelo teste fenotípico, 2014. Unidades ERC positivo Gestão
Barra Mansa CMS BARRA MANSA Sim Público
Campos dos Goytacazes
PSF ADÃO PEREIRA NUNES Sim Público
HOSPITAL FERREIRA MACHADO Sim Público
Duque de Caxias
HEAPN Sim Público
HOSPITAL DANIEL LIPP LTDA Sim Privado
SERGIO FRANCO MEDICINA DIAGNOSTICA CAXIAS I Sim Privado
HOSPITAL MUNICIPAL MOACYR RODRIGUES DO CARMO Não Público
Itaboraí HOSPITAL MUNICIPAL DESEMBARGADOR LEAL JUNIOR Não Público
SES RJ HOSPITAL ESTADUAL PREF JOAO BAPTISTA CAFFARO Não Público
Itaperuna CENTRO DE SAUDE DR RAUL TRAVASSOS Sim Público
Niterói
HUAP Sim Publico
HEAL Sim Público
HCN Sim Privado
Rio Bonito AMBULATORIO MUNICIPAL MANOEL LOYOLA SILVA JUNIOR Sim Publico
Rio
de
Jan
eir
o
HOSP ARISTARCHO PESSOA HOSP DO CORPO DE BOMBEIROS Sim Militar
REDE SARAH Sim Público
CMS BELIZARIO PENNA AP 5.2 Sim Público
HOSPITAL DA ORDEM 3 DA PENITÊNCIA Sim Misto
HOSPITAL BALBINO Sim Privado
HOSPITAL ESTADAUL ALBERT SCHWEITZER Sim Público
HEMORIO Sim Público
HOSPITAL FEDERAL CARDOSO FONTES Sim Público
HOSPITAL CEMERU Sim Privado
HOSPITAL CENTRAL DA AERONÁUTICA Sim Militar
HOSPITAL MUNICIPAL JESUS Sim Público
HOSPITAL NAVAL MARCILIO DIAS Sim Militar
HOSPITAL RIO MAR Sim Privado
HOSPITAL UNIVERSITARIO GAFFREE E GUINLE Sim Público
INSITUTO ESTADUAL DO CÉREBRO PAULO NIEMAYER Sim Público
HOSPITAL SANTA TEREZINHA Sim Privado
HOSPITAL GERAL DE BONSUCESSO Sim Público
INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMATO ORTOPEDIA Sim Público
HOSPITAL ESTADUAL ANCHIETA Sim Público
INST EST SAO SEBASTIAO Sim Público
CMS ADAO PEREIRA NUNES AP 52 Sim Público
HOSPITAL MUN LOURENCO JORGE Sim Público
HOSPITAL CENTRAL DA POLICIA MILITAR HCPM Não Militar
HOSPITAL DE IPANEMA Não Público
HOSPITAL ESTADUAL ROCHA FARIA Não Público
HOSPITAL SAMARITANO Não Privado
MATERN ALEXANDER FLEMING Sim Público
Volta Redonda H UNIMED Sim Privado
Em relação à confirmação dos casos por biologia molecular, segundo dados do LACEN
e do LAPIH/Fiocruz ocorreram em 2014 410 casos de ERC distribuídos em 7 municípios do
estado do Rio de Janeiro. Os casos estão apresentados na tabela abaixo (tabela 2).
Tabela 2- Distribuição dos mecanismos de resistência a carbapenemases identificado pelo LAPIH-Fiocruz de acordo com o município de origem da unidade de saúde, Rio de Janeiro, 2014.
Município Total Patógeno bla KPC bla NDM bla OXA-23 bla OXA-
48 Total Geral
Barra Mansa 6 Klebsiella pneumoniae
Campos dos Goytacazes
55
Providencia stuartii 1 1
Klebsiella oxytoca 1 1
Escherichia coli 1
1
Enterobacter aerogenes 2 2
Enterobacter cloacae 2 1 1 4
Klebsiella pneumoniae 36 4 6 46
Duque de Caxias 10 Enterobacter cloacae 1 1
2
Klebsiella pneumoniae 8
8
Itaperuna 2 Klebsiella pneumoniae 2
2
Niterói 28
Enterobacter aerogenes 1
1
Providencia sp. 1 1
Serratia marcescens 1 1
Enterobacter cloacae 3 3
Klebsiella pneumoniae 19 2 1 22
Rio Bonito 1 Klebsiella pneumoniae 1
1
Rio de Janeiro 308
Citrobacter braakii 1
1
Citrobacter farmeri 1
1
Citrobacter freundii 1
1
Proteus mirabilis 1 1
Serratia marcescens 1 1
Citrobacter sp. 2 2
Enterobacter sp. 1 1 2
Providencia rettgeri 3 3
Klebsiella oxytoca 6 6
Escherichia coli 7 1 8
Enterobacter aerogenes 12 12
Enterobacter cloacae 17 3 1 21
Klebsiella pneumoniae 227 6 1 15 249
Destaca-se especialmente a identificação no estado do Rio de Janeiro de TODAS as
classes de carbapenemases a saber: classe A representado pelo KPC (88,5% dos isolados),
classe D pelos OXA (6,5% dos isolados) e classe B com NDM (5% dos isolados).
Dois hospitais privados (Copa Dor e Quinta Dor) e um de gestão compartilhada
(Instituto Estadual da Criança) enviaram amostras suspeitas de ERC nos anos de 2013 e 2014
para São Paulo para análise de biologia molecular. Desta análise, 5 casos foram positivos para
NDM em 2014. Assim sendo, somando-se as amostras analisadas na UNIFESP e no LAPIH, o Rio
de Janeiro apresentou 415 casos de ERC no estado.
C- Indicadores globais
O cálculo da densidade anual de incidência levou em conta para o
numerador o número total de casos notificados de ERC (colonização ou
infecção) e para o denominador o número de leitos críticos, segundo o CNES,
multiplicado por 30 (cálculo de paciente-dia) estimando-se que os leitos
críticos estão permanentemente ocupados, multiplicado por 12. Única
exceção deste cálculo foi o Hemorio uma vez que rastreia todas as internações
independentemente de ter indicação de internação em unidade fechada, neste
caso então, usamos a capacidade total do hospital para o cálculo do paciente-
dia.
D- Indicadores dos hospitais prioritários do PLACON 1
A fim de avaliar a efetividade do PLACON nas unidades consideradas prioritárias no
momento da ativação foi calculada a mediana mensal de notificação de casos suspeitos de ERC
estratificando as unidades de acordo com a sua gestão (figuras 6 e 7) .
Figura 6- evolução ao longo do ano da mediana da taxa global de casos suspeitos de ERC nos hospitais prioritários à época da ativação do PLACON, 2014.
A análise dos cinco hospitais públicos onde o PLACON foi ativado apresentaram taxa
global, taxa de infeção e de colonização representados nos gráficos a seguir.
6,8 7,9
4,0 3,7
5,4 5,3
8,2
5,1 4,9 4,1
5,3 4,3
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
Figura 7- evolução ao longo do ano da mediana da taxa global de casos suspeitos de ERC nos hospitais públicos prioritários à época da ativação do PLACON, 2014.
Devido à inconstância das notificações de um dos três hospitais privados não foi possível
agrupar os dados para a confecção de uma taxa global das unidades sob esta gestão.
D- Avaliação do PLACON pelas unidades que participaram da ativação
Encaminhamos aos 8 hospitais envolvidos na ativação do PLACON checklist de avaliação,
com resposta de seis unidades.
1. HEAL- está em processo de estruturação de CCIH buscando criar rotinas, protocolos,
fluxo de informações e amostras.
2. H Copa Dor- devido à estrutura do hospital não faz coorte geográfica (boxes
individualizados nas UTI) nem tem profissionais exclusivos, no entanto, alega ter
muitos casos de colonização por ERC identificados na admissão no hospital. Não envia
amostras para o Lacen, pois, segundo eles, o Laboratório Fleury tem condições de
confirmar o genótipo.
3. Hospital Fluminense- está aprimorando a comunicação dos casos, não tem condições de
fazer coorte geográfica e de profissionais, também não envia amostras suspeitas para
o Lacen devido à capacidade do laboratório prestador.
4. Hospital Federal de Bonsucesso- confirma que vem cumprindo os preceitos do PLACON,
no entanto, a unidade sofre com a rotatividade de profissionais e oscilações de
fornecimento de insumos comprovada em visita da CECIH.
6,5
4,6 4,5
3,4
5,7 5,1
7,1
5,1 4,6
4,0 3,9 3,9
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
5. Hospital Israelita- sofre com má adesão dos médicos aos treinamentos, necessidade de
aprimorar a comunicação dos casos nos setores e enfatiza a adesão às medidas de
precaução na suspeição.
6. Hemorio- o PLACON se encontra plenamente ativado, faltam recursos humanos para
efetiva coorte geográfica, o laboratório não tem condições de realizar teste fenotípico
do ERC no EDTA, ácido fenilburônico e cloxacilina. Apenas realiza o teste
automatizado.A unidade não calcula o indicador de uso racional de antimicrobiano.
E- Novo chamamento- PLACON 2
De acordo com o Formsus 12620, quatorze hospitais notificaram mais de 5 casos/mês
no ano de 2014, cinco já haviam sido avaliados na ativação do PLACON 1, dois hospitais haviam
sido convocados mas não comparecerem (Hospital Estadual Rocha Faria e Hospital Municipal
Ferreira Machado), assim, 7 novos hospitais preencheram o critério de cenário 3 segundo o
PLACON (tabelas 3 e 4).
Tabela 3- Unidades de saúde que participaram da ativação do PLACON 1 e que ainda preenchem critérios de cenário 3, 2014.
Número total de notificações
Infecções Leitos críticos
Paciente-dia
Taxa global
Taxa de infecção
Taxa de colonização
Gestão
Hospital Israelita Albert Sabin
66 1 32 11520 5,7 0,09 5,6 Privado
Hospital Municipal Ferreira Machado
*
151 64 54 19440 7,8 3,29 4,5 Publico
Hospital Estadual Albert Schweitzer
156 24 88 31680 4,9 0,76 4,2 Publico
Hospital Estadual Rocha Faria
*
128 17 79 28440 4,5 0,60 3,9 Publico
Hemorio 96 17 82 29520 3,3 0,58 2,7 Publico
Hospital Copa Dor 82 8 79 28440 2,9 0,28 2,6 Privado
Hospital Geral de Bonsucesso
77 19 77 27720 2,8 0,69 2,1 Publico
* Não compareceram à ativação do PLACON e não cumpriram as suas diretrizes
Tabela 4- unidades de saúde que passaram a preencher critério de cenário 3 e que não participaram da ativação do PLACON 1
Notificações Infecções Leitos críticos
Paciente-dia
Taxa global
Taxa de infecção
Taxa de colonização
Gestão
Hospital Municipal
Evandro Freire 103 0 30 10800 9,5 0 9,5 Publico
Hospital Badim 116 8 37 13320 8,7 0,6 8,1 Privado
Hospital Silvestre 87 6 27 9720 9,0 0,6 8,3 Privado
Hospital Unimed Rio
131 23 71 25560 5,1 0,9 4,2 Privado
Hospital São Francisco
67 14 35 12600 5,3 1,1 4,2 Publico
Hospital Icaraí 91 34 53 19080 4,8 1,8 3,0 Privado
Hospital Pasteur 66 0 66 23760 2,8 0 2,8 Privado
A mediana da densidade de incidência anual de casos de ERC nos hospitais que mais
notificaram este mecanismo foi de 5 casos/1.000 pacientes-dia (figura 8).
Figura 8- Taxa global e mediana de casos suspeitos de ERC nas unidades cenário 3 no PLACON-2 , Rio de Janeiro, 2014.
Quando analisamos os indicadores de acordo com os critérios de colonização ou
infecção reportados pelas unidades de saúde podemos observar que a taxa de colonização
variou de 2,1 a 9,5 com mediana de 4,2 (figura 9), no entanto, os casos de infecção foram mais
modestos e variaram de 0 a 3,3 com mediana 0,6 (figura 10). De forma sumarizada
apresentamos os casos notificados no Formsus segregando hospitais públicos e privados nas
figuras 11 e 12.
9,5 9,0 8,7
7,8
5,7 5,3 5,1 4,9 4,8 4,5 3,3 2,9 2,8 2,8
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Figura 9- Taxa de colonização e mediana de casos suspeitos de ERC nas unidades cenário 3 no PLACON 2 , Rio de Janeiro, 2014.
Figura 10- Taxa de infecção e mediana de casos suspeitos de ERC nas unidades cenário 3 no PLACON 2 , Rio de Janeiro, 2014.
9,5 8,3 8,1
5,6 4,5 4,2 4,2 4,2 3,9
3,0 2,8 2,7 2,6 2,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
3,3
1,8
1,1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,6 0,6 0,6
0,3 0,1 0,0 0,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Figura 11- Taxa global, colonização e infecção dos casos suspeitos de ERC nas unidades
públicas cenário 3 no PLACON 2 , Rio de Janeiro, 2014.
Figura 12- Taxa global, colonização e infecção dos casos suspeitos de ERC nas unidades privadas cenário 3 no PLACON 2 , Rio de Janeiro, 2014.
5- Hospitais que não responderam ao chamamento do PLACON
Outros dois hospitais foram convidados, mas não compareceram: Hospital Municipal
Ferreira Machado, onde foi identificado o segundo caso de blaNDM-1 no estado do Rio de
Janeiro e o Hospital Estadual Rocha Faria. Este mesmo cobrado em reuniões ao longo do ano a
adequar-se ao PLACON nada fez e não se manifestou.
9,5 7,8
5,3 4,9 4,5 3,3 2,8
9,5
4,5
4,2 4,2 3,9 2,7 2,1
0,0
3,3
1,1 0,8 0,6
0,6 0,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
HEAS HFM HEMORIO HMEF VOT HERF HGB
Densidade de incidência Taxa colonização Taxa infecção
4,9 7,8
4,5 3,3 5,3
2,9 2,8
0,8
3,3
0,6 0,6
1,1
0,3 0,7
4,2
4,5
3,9
2,7
4,2
2,6 2,1
HOSPITALSILVESTRE
HOSPITALBADIM
HOSPITALISRAELITA
ALBERTEINSTEIN
HOSPITALICARAI
HOSPITALUNIMED RIO
HOSPITALCOPA DOR
HOSPITALPASTEUR
Densidade de incidência Taxa de infecção Taxa de colonização
á H u F h u qu “a Presidência da Fundação
Municipal de Saúde (que está acima da Direção deste hospital), nos informou que não seria
possível a realização de tal tarefa porque não há insumos nem recurso humano no laboratório
para execução. Portanto não poderemos obedecer às orientações da SES - RJ no que diz
respeito ao controle das enterobactérias multi-R, mesmo tendo conhecimento que há 8 casos
em nossa instituição”.
6- CONSIDERAÇÕES
Em 10 de junho de 2015, a CECIH realizou reunião de avaliação do PLACON com os
hospitais ativados em fevereiro de 2014 e representante da Câmara Técnica de Infectologia.
Os itens principais do PLACON foram discutidos bem como as dificuldades encontradas pelas
unidades participantes do encontro.
Pactuou-se a necessidade premente de monitorização da situação de ERC no estado do
Rio de Janeiro, bem como reforço das medidas propostas pelo PLACON ERC-RJ.
7- NOTIFICAÇÃO DOS CASOS
qu H u
multirresistentes através do formulário próprio Formsus:
http://Formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=12620
Os Serviços de Saúde com leitos de UTI devem preencher mensalmente formulário
padronizado http://Formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=19596.
Comunicar os surtos infecciosos envolven h F u á
Notificação de Caso, Agregado de Caso e Surto, disponível no seguinte endereço
eletrônico: http://Formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=8934.
8- REFERÊNCIAS
1- Janeiro – PLACON ERC-RJ 2-Carbapenemases in Enterobacteriaceae: Types and molecular epidemiology, Luis Martínez-Martínez e Juan José González-López, Enferm Infecc Microbiol Clin. 2014;32(Supl 4):4-9
3-Anvisa,2013.COMUNICAÇÃO DE RISCO NO 001/2013 - GVIMS/GGTES-ANVISA Circulação de micro-organismos com mecanismo de resistência denominado "New Delhi Metalobetalactamase" ou NDM no Brasil.
4-Anvisa, 2013. Nota Técnica Nº 01/2013 Medidas de Prevenção e Controle de Infecções por Enterobactérias Multiresistentes. 5-Anvisa, 2013.COMUNICADO DE RISCO NO 002/2013 - GVIMS/GGTES-ANVISA Atualização do Comunicado de Risco no 001/2013 - GVIMS/GGTES-Anvisa, que trata da Circulação de micro-organismos com mecanismo de resistência denominado "New Delhi Metalobetalactamase" ou NDM no Brasil. 6-Anvisa, 2013. COMUNICADO DE RISCO NO 003/2013 - GVIMS/GGTES-ANVISA Atualização do Comunicado de Risco no 002/2013 - GVIMS/GGTES-Anvisa, que trata da circulação de micro-organismos com mecanismo de resistência denominado "New Delhi Metalobetalactamase" ou NDM em diferentes regiões do Brasil. 7- Anvisa, 2010. RESOLUÇÃO-RDC Nº 42, DE 25 DE OUTUBRO DE 2010. 8- Anvisa,2010. NOTA TÉCNICA No 1/2010 Medidas para identificação, prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por microrganismos multirresistentes
Para mais informações contate a Área Técnica responsável.
Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar:
Rua México, 128 Sala 416 – Castelo – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 2334.2117 / 2333.3866 E-mail: [email protected] Contato: Dra. Sibelle Nogueira Buonora
Coordenação Central de Controle de Infecção Hospitalar do Município do Rio de Janeiro
Rua Afonso Cavalcanti, 455 - 8º andar sala 801 – Cidade Nova – Rio de Janeiro/RJ Tel: (21) 3971-1899 / FAX: (21) 2504-3341 Email: [email protected] Contato: Dra. Debora Otero B. P. Pinheiro