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REPENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA E AVALIATIVA NO
CONTEXTO ESCOLAR
FENATO, Maria Aparecida
Betiatti1
SANTOS, Silvia Alves dos2
RESUMO
Este artigo analisa e discute as práticas pedagógicas e avaliativas diante das políticas educacionais pontuadas, a partir da década de 90 frente às profundas mudanças no processo produtivo, buscando um entendimento social e histórico aos quais a educação foi sendo moldada e adaptada. Embalados por esse contexto veremos a LBDEN (9394/96) e as características desta no que se refere à avaliação situada dentro de um contraste de idéias, superação e classificação, sob o olhar do professor e da sociedade. Enfocar-se-á a prática pedagógica como ação efetiva dentro da escola que busca a melhoria do aprendizado dos educandos construindo uma análise crítica dos instrumentos e resultados das políticas avaliativas do governo, permitindo novas ações através da pesquisa, que nortearão o processo ensino aprendizagem. Palavras-chaves: Políticas Educacionais, Avaliação, Prática Pedagógica.
ABSTRACT
This article analyses and discuss the pedagogical practices and evaluation in the educational politics punctuated, since the 90´s decade facing the deep changes in the productive process, searching a social understanding and historic to which the education was being mold and adapted. Based in this context we will see the LBDEN (9394/96) and the characteristics from this concerning to a evaluation situated inside a contrast of teacher’s view and society. The focus will be the pedagogical practice as an real action inside the School that searches a better students´ learning, building a criticism analysis from the instruments and results from the government evaluation politics allowing new actions through research, that will guide the teaching-learning process.Key-Words: Educational politics, Evaluation, Pedagogical Practice.
INTRODUÇÃO
Quando se fala em avaliação e prática pedagógicas
1 Pós Graduada em Administração, Supervisão e Orientação pela Universidade Norte do Paraná e em Biologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul. Diretora do Colégio Estadual Heitor Cavalcanti de Alencar Furtado.2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina.
1
colocando-as para análise implica em conhecer e interpretar o contexto
histórico social ao qual estão inseridas, enfocando as reformas a partir dos
anos 90, será necessário pensar nas alterações, nas exigências frente à
organização da sociedade, questionando a complexidade do sistema para
poder entender a influência que o mesmo exerce sobre a educação.
Colocando a legislação vigente, LDBEN (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) para uma análise das mudanças que
ocorreram na educação principalmente quanto à avaliação, proporcionando
um resgate da discussão e interpretação de suas reais intenções e
possibilidades, diante de nossas práticas educativas.
Em seguida analisar-se-á as políticas avaliativas (ENEM,
SAEB, IDEB) utilizadas para aferir a aprendizagem objetivando, conhecer a
realidade das escolas e dos educandos para reforçarem a criticidade do
processo educativo, diante das exigências de uma sociedade capitalista,
frente aos avanços tecnológicos.
Em um segundo momento discutirá a consolidação de uma
prática pedagógica que realmente transforme o processo de ensino
aprendizagem, seria um desafio para os profissionais da educação. Resgatar
a discussão sobre essa prática principalmente sobre a ação avaliativa que é
aplicada aos alunos, norteará um repensar e uma análise crítico-reflexiva,
pois sem planejar e compreender o processo educativo é correr o risco da
reprodução e cumprimento de normas, ao qual o sistema de ensino está
posto.
Dentro dessa prática, analisar os métodos avaliativos
utilizados para aferir a aprendizagem, reforçando a criticidade do processo,
se estes realmente possibilitam aos alunos a oportunidade de verificar suas
lacunas de aprendizagem, favorecendo a aquisição do crescimento
cognitivo necessário para o mundo do trabalho, para sua vida em
sociedade, promovendo o desenvolvendo de suas capacidades individuais.
Refletindo sempre, no que impede a concretude dos
instrumentos avaliativos e didáticos de contribuir significativamente com a
aprendizagem de todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem,
rumo principal de nossas discussões e reflexões com a intenção de conduzir
2
e iniciar uma organização das ações de maneira crítica e com conhecimento
científico, buscando uma aprendizagem satisfatória não deixando de
analisar e respeitar as individualidades.
Frente a esta indagação compete aos profissionais da
educação refletir sobre a prática educativa do educador a luz do
conhecimento teórico articulando-o com a prática, entendendo e
interpretando a sua atuação como profissional agente formador,
transformador e aprendente, cheio de certezas e duvidas frente à
diversidade cultural, social e cognitiva de seus alunos.
1. REFORMAS EDUCATIVAS E AVALIATIVAS A PARTIR DA DÉCADA DE
90.
Nessa década o Brasil passou por algumas mudanças significativas,
eleições diretas, troca de moeda e políticas educacionais de caráter
neoliberal, novo modelo de produção frente a uma reestruturação produtiva
e uma economia globalizada. A busca incessante pelo lucro nos leva a
analisar e pensar no regime neoliberal.
“Políticos, empresários, intelectuais e sindicalistas conservadores não hesitam em transformar qualquer debate sobre educação em um problema de”custos”.(...) A esta altura dos acontecimentos, ninguém duvida que temos de educar para a cultura do mercado Os termos eficiência, produtividade, produto, educativo, rentabilidade, custo da educação, competição afetiva excelência, soberania do consumidor, cliente-aluno, etc. não são um produto alucinado de nossa exagerada crítica ao mundo dos negócios. Trata-se simplesmente do vocabulário que compartilham aqueles que professam sua fé nesta nova retórica. “ (GENTILI,1996,p.158)
Esses conjuntos de idéias econômicas e políticas propõem a
mínima participação do Estado na economia e a constituição do livre
mercado, baseado na iniciativa privada como sendo a condição para o
desenvolvimento social e econômico, demandando a formação intelectual
para o acesso no mercado de trabalho.
O neoliberalismo representa um retrocesso no aspecto social,
preocupando-se com os direitos do sujeito como consumidor e não tratando
3
dos valores públicos e democráticos. A noção de educação como direito é
reduzida à condição de mercadoria, sob uma lógica produtivista, sobrando
aos profissionais da educação um espaço limitado para a democratização e
os interesses coletivos, pautados em uma educação de qualidade para
todos (GENTILI, 1996).
Inicia-se um mercado mais competitivo e uma política de
privatizações de instituições públicas. Representando um modo de produção
capitalista, mantendo o controle social e ideológico, multiplicando o poder
aquisitivo das elites. Todas essas medidas refletem na vida social, pois está
interligada a economia e a política. Os valores de uma sociedade e de como
se organiza está relacionada à cultura e a educação.
O ensino público, por ser afetado direta e indiretamente em
todas as suas etapas, acompanha as modificações que as políticas
neoliberais vão promovendo. Portanto, podemos caracterizar alguns
conceitos e medidas que representam essas políticas no campo
educacional, como: produtividade, qualidade total, abertura do ensino
superior para a classe privada, ampliação de uma abordagem utilitária de
pesquisa científica, entre outros. Com essas abordagens, a educação,
gradativamente, deixa de fazer parte de um espaço publico como um
direito e ingressa na esfera do mercado e serviços. Diante das exigências
reproduzidas pela economia, novas tecnologias, flexibilidade profissional,
com espírito empreendedor para atender às necessidades econômicas,
levaram a avaliação a servir de instrumento para aferir competências e
qualidade na condição de competitividade entre organizações, educandos e
professores.
A escola reflete as diversas necessidades de seu tempo, as
necessidades básicas para a atuação em situações adversas, não dizem
respeito apenas ao aspecto técnico, mas também uma visão humana. Os
problemas educacionais, a situação econômica e social que o país estava
enfrentando diante do: endividamento, decadência econômica, aumento
populacional e degradação do meio ambiente, sob o patrocínio do Banco
Mundial, vem caracterizar as políticas educacionais de alguns estados do
Brasil.
4
De forma geral ocorreram mudanças significativas no
sistema público de ensino, entre elas conferências internacionais de
educação, com o objetivo de discussão das políticas educacionais com
propostas e sugestões para a educação, podendo destacar a Conferência
Mundial de Educação para Todos (1990), desencadeadora das discussões
sobre a importância da educação básica para os cidadãos. O Plano decenal
de Educação assumido pelo Brasil e idealizado pela UNESCO e o Banco
Mundial, com o papel de orientador das políticas de educação, resultando
nas discussões da nova LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) promulgada no dia 20 de dezembro de 1996 que estabelece os
princípios e os parâmetros da educação brasileira.
A LDBEN nos oferece diversas possibilidades de organização
curricular, permitindo certa autonomia diante das necessidades
educacionais.
A educação básica poderá organizar-se por séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade na competência e em outros critérios, ou por forma diversas de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar (BRASIL, 1996).
A flexibilidade da lei a este respeito é muito importante para
que o professor possa se organizar de acordo com as condições de
aprendizagem de seus alunos.
Quanto à avaliação observa-se à preocupação e a ênfase nos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Indicando que a mesma deve
ser contínua e cumulativa e que é obrigatório os estudos de recuperação,
devendo acontecer paralelamente aos estudos.
As avaliações contínuas, aquelas realizadas dentro das
práticas educativas, com uma perspectiva dialética do processo educativo,
com a intenção de conhecer o aprendizado do aluno sem a necessidade de
provas finais, favorecendo informações no decorrer da prática, esse tipo de
avaliação se faz presente principalmente para que se conclua e de novos
rumos ao processo ensino aprendizagem. Com o sentido diagnóstico,
percebe a lacuna entre o saber que o educando recebe na escola com
aquele que utiliza na vida, conhecimento esse que por muitas vezes parece
5
não ir de encontro com as expectativas dos educandos, provocando um
distanciamento entre a teoria e a prática, permite adequar as metodologias,
define os procedimentos avaliativos.
O controle apenas de resultados, sem controle de processos
simplifica e reduz a natureza da atividade acadêmica. O
controle, sem o apoio ou complementaridade de uma
avaliação mais ampla, não produz consciência compromissada
com a descoberta de caminhos que conduzam à melhoria da
qualidade da educação (SOUZA, 1996, p.53).
Encontramos aí o papel do professor, que busca promover a
articulação do conhecimento científico em um conjunto de relações sociais
e produtivas, chegando a construção de ações transformadoras
significativas para á prática social e profissional do educando. Por outro lado
ainda encontramos avaliações que continuam tendo um caráter
classificatório e não de diagnóstico, prevalecendo à quantidade medida em
números, sobre a qualidade que deveria ser medida conforme os avanços
de aprendizagem do educando.
O conhecimento cumulativo, bem como, a avaliação
cumulativa acontece no decorrer do período letivo sem a necessidade de
esperar o final do processo. Parece fácil classificar através dos resultados
finais, por outro lado utilizar métodos avaliativos que coleta dados de
aprendizagem com intuito de investigar e intervir no processo para que o
aluno adquira o ápice da aprendizagem, utilizando a avaliação como
parâmetros na organização das ações metodológicas utilizadas em sua
prática educativa tornam o caminho mais longo e mais difícil, porém cheio
de significados, pois ser professor não é ser mero transmissor de
informações é garantir adequadas condições de aprendizagem
(VASCONCELLOS, 2005).
Em relação á organização do currículo, proposta pela nova
LDBEN, incidiu sobre a organização do ensino em séries, facultando outros
tipos de ordenamentos, tais como ciclos e grupos não-seriados, a
reclassificação dos alunos e a adequação dos calendários às peculiaridades
locais.
6
A flexibilidade da lei a este respeito é notável, especialmente
considerando as modificações que apontam para a ordenação do ensino em
séries e as transformações na avaliação seletiva. Nesse sentido, esta
política estaria adequada às necessidades do mercado de trabalho e as
próprias recomendações do BID Banco Internacional de Desenvolvimento e
da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), quanto à formação
de um cidadão flexível, com condições de adaptar-se ao mundo produtivo,
indicado pela CEPAL como sendo a maneira de garantir o crescimento
econômico do país.
Nesse contexto vem o currículo que diz respeito às decisões
educativas para a escola, acha-se mediado pela circunstância histórica e
social sob o qual foi pensado, onde os sistemas estaduais e municipais ou a
própria escola poderia defini-lo. As escolas não apenas preparam pessoas,
mas também preparam conhecimentos, ampliam e dão legitimidade a
formas econômicas desiguais. Isso leva-nos a pensar que tipo de
conhecimento a escola considera mais importante para o educando,
demandando um debate político tomando decisões sobre a formação
cultural comum para todos os cidadãos.
A reforma educacional decorrente desta flexibilização e
democratização coloca a autonomia da gestão escolar em evidência,
descentralizando os processos decisórios quanto às ações educativas, nesse
momento democrático, surgem mudanças, as inovações não têm hipóteses
de sucesso se os atores não são chamados a aceitar essas inovações e não
se envolvem na sua própria construção (BENAVENTES, 1992).
Aproximando a escola desse momento democrático introduz-
se a construção do Projeto Pedagógico, contemplando toda a dinâmica da
escola favorecendo o diálogo, trabalho em equipe, frente às necessidades
educacionais de maneira coletiva investindo na qualidade da educação.
Nesse momento cabe destacar o papel do Pedagogo, livrando de certos
mitos, como o de fiscalizador, passa a exercer um trabalho pedagógico com
um olhar na organização escolar e outro nas relações com a sociedade,
levando em consideração os aspectos sócio-culturais no contexto onde
ocorre o processo, bem como, as relações que nele se estabelecem. No
7
início dos anos 90 esse profissional ganha um papel de pesquisador dentro
da escola e da comunidade, devendo compreender o movimento que
envolve as relações entre professor e aluno.
2. POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO PARA A ESCOLA PÚBLICA PÓS DÉCADA
DE 1990.
No contexto da década de 1990 o governo cria políticas de
avaliação com o intuito de conhecer a realidade, produzir informações sobre
o rendimento escolar para serem analisadas num processo de melhoria e
controle da qualidade do ensino público, exigências estas das políticas
educacionais da época.
O ENEM, (Exame Nacional do Ensino Médio) instrumento de
verificação do desempenho dos educandos ao final da educação básica. Em
1998 foi realizada a sua primeira edição e a partir de 2004 o resultado está
sendo utilizado para a seleção dos alunos que desejam ingressar em cursos
de graduação através das bolsas do ProUni (Programa Universidade para
Todos) do Governo Federal, que estabelece que as instituições beneficiadas
por isenções fiscais passem a conceder bolas de estudos na proporção de
alunos pagantes por curso e turno. Existem dois tipos de bolsas uma
integral e a outra de 50%, além do resultado do ENEM, foi definido o perfil
socioeconômico onde é observado se são egressos da escola pública e com
renda familiar de até um salário mínimo e meio a bolsa é integral e de até
três salários para bolsa parcial de 50% (BRASIL, 2008).
A aprendizagem do educando segundo a concepção do ENEM
é avaliada conforme as competências descritas nas operações formais da
teoria de Piaget, tais como a capacidade de considerar todas as
possibilidades para resolver um problema; a capacidade de formular
hipóteses; de combinar todas as possibilidades e superar variáveis para
testar influência de diferentes fatores; o uso do raciocínio hipotético-
dedutivo, da interpretação, análise comparação e argumentação, e a
generalização dessas operações a diversos conteúdos.
8
A forma contemplada para avaliar o educando assume o
pressuposto de que os conhecimentos adquiridos ao longo da escolarização
deveriam possibilitar ao jovem domínio de linguagens, compreensão de
fenômenos, enfrentamento de situações-problema, construção de
argumentação e elaboração de propostas. Dessa forma acredita-se que o
aluno esteja sendo avaliado em todos os aspectos necessários para poder
melhor enfrentar as situações problemas.
Observa-se na escola e no Brasil através dos índices de
resultados do ENEM que o numero de alunos aumentou, na participação
desse processo.
Outro mecanismo utilizado para avaliar os alunos e a escola
da educação básica é o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e
a Prova Brasil, são exames complementares que compõe o sistema de
avaliação da educação básica.
Cumpre destacar as diferenças entre as duas avaliações.
Tanto a Prova Brasil como o SAEB foi aplicado em 2005 e
2007, avaliam as habilidades em língua portuguesa e matemática, tendo
por foco a leitura e a resolução de problemas. A Prova Brasil avalia somente
estudantes das escolas públicas da área urbana de 4ª e 8ª séries é quase
universal, pois todos os estudantes dessas séries devem fazer a avaliação.
Enquanto no SAEB além de avaliar alunos de 4ª e 8ª séries, avalia também
educandos do 3º ano do ensino médio, atingindo os alunos da rede pública
e privada das áreas urbana e rural e é realizada por amostragem (BRASIL,
2008).
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)
criado em 2007 é um indicador que avalia a qualidade da educação,
utilizando dados de 2005 e 2007 onde foram constatados efetivos
resultados sobre os avanços educacionais. Em 2005 a média nacional do
IDEB foi de 3,8 nos primeiros anos do ensino fundamental, em 2007 foi 4,2
com esse ritmo constatou-se que até 2022 a média será superior a 6,0,
média dos países mais bem colocado no mundo (BRASIL,2008).
O MEC (Ministério da Educação e Cultura) através do FUNDEB
(Fundo Nacional da Educação Básica) promoverá ações efetivas de
9
melhorias do IDEB, através das diretrizes propondo metas de superação.
A preocupação é que a avaliação as quais a escola e os
alunos são submetidos pelo MEC não avalia o educando e a escola como um
todo, deixando de ver as condições de produção as quais o processo está
inserido, não promove a participação direta dos professores, para tanto,
existem lacunas que impedem uma análise eficaz ocorrendo assim, uma
superficialidade do processo, permitindo um caráter seletivo e competitivo,
entre alunos e escolas, manipulando a opinião publica.
A sociedade capitalista e o ensino acabam ingerindo todo
esse processo de organização diante das mudanças profundas das ciências,
da educação e da sociedade, cumprindo os princípios de qualidade total,
estimulando a competição e o individualismo, exigindo serviços rápidos e
eficientes, moldando a educação. Nesse sentido o ensino passou a dar
ênfase na: formação de individuo flexível e dinâmico, pronto a adaptar-se à
sociedade moderna que está em constante transformação, com
competência e habilidades necessárias para atuar competitivamente num
mercado de trabalho altamente seletivo e cada vez mais restrito (GENTILI,
1996).
A escola deve ter um foco que transcede a economia o modo
de produção não ficando a mercê das demandas do mercado de trabalho,
contribuindo com ações excludentes. Deve definir políticas que tenha por
meta a educação como direito, assegurando um rendimento escolar eficaz
chegando à formação integral do aluno (cognitiva, afetiva, física, moral e
estética).
Pode-se afirmar que as novas tecnologias aceleram as
necessidades de novas propostas de educação com perspectivas inovadoras
construindo o saber através da relação teoria e prática dentro de um
contexto histórico social. Aos professores cabe refletir e escolher as práticas
pedagógicas que venham de encontro com as necessidades dos educandos,
partindo das práticas sociais inicial, passando pelos conhecimentos
científico-tecnológicos, históricos, filosóficos e sociais chegando à formação
do sujeito como um todo, ativo consciente e capaz de transformar e agir
como cidadão em uma sociedade tão excludente.
10
O que impede a concretude da aprendizagem, o sucesso da
transmissão-assimilação no espaço escolar? Seria a falta de tecnologia nos
espaços escolares ou seu mau uso, ou as múltiplas alienações que a
sociedade e o sistema nos colocam frente a grande diversidade social,
principalmente de valores, ou ainda a falta de responsabilidade de alguns
profissionais diante do trabalho. Temos que ter consciência de que é
necessário oferecer conhecimentos buscando a superação das contradições
e das praticas muitas vezes estanques, limitada a simples transmissão e a
memorização dos conteúdos.
- o ponto de partida é sincrético, nebuloso, pouco elaborado, senso comum; o ponto de chegada é uma totalidade concreta, onde o pensamento re-capta e compreende o conteúdo inicialmente separado e isolado do todo, posto que sempre sínteses provisórias, sendo esta totalidade parcial novo ponto de prática para apreensão de outros conhecimentos.- os significados vão sendo construídos através do deslocamento incessante do pensamento das primeiras e precárias abstrações que constituem o senso como para o conhecimento elaborado, através de práxis, que resulta não só da articulação entre teoria e pratica, entre os sujeito e objeto, mas também entre o sujeito e a sociedade num dado momento histórico.- o percurso vai do ponto de partida, a ponto de chegada, possuindo uma dupla determinação, finita ou infinita; pode-se buscar o caminho mais curto ou se perder; marchar em linha reta, seguir uma espiral ou manter-se no labirinto; ou seja, construir o caminho metodológico é parte fundamental do processo de elaboração do conhecimento; não há um único caminho para se chegar a uma resposta. Como a várias respostas possíveis para o mesmo problema (SAVIANI, 2003).
Para atingir o êxito da aprendizagem necessita-se de um
planejamento onde a metodologia a ser utilizada aguce a curiosidade dos
educandos levando-os a querer e a buscar o saber. O profissional da
educação que não possua uma prática educativa que promova a interação,
a participação, o envolvimento de todos ativamente acaba encontrando
dificuldades em atingir seus objetivos e em manter uma organização de
idéias e atitudes por parte de seus alunos.
A avaliação é um dos pilares para a ordenação dessa
aprendizagem. Quando atrelada ao currículo, como procedimento para
alavancar o progresso do aluno, um sistema de informação para alunos e
11
professores sobre o andamento do processo ensino-aprendizagem, sobre as
dificuldades, falhas e necessidades de revisão. Dessa maneira, ela adquire
um sentido comparativo do antes e do depois da ação do professor, da
valorização dos avanços, perdendo o caráter de mero instrumento de
seletividade.
3. AVALIAÇÃO: UMA PERSPECTIVA DIAGNÓSTICA DENTRO DA
ESCOLA
Quando Luckesi (2002, p. 125) coloca que todos nós, inclusive
a sociedade temos que “estar interessados em que os educandos aprendam
e se desenvolvam, individual e coletivamente” e que quanto menor for este
interesse menor será a possibilidade de que os educandos venham a ser
cidadãos dignos do amanhã, com a capacidade de compreensão critica do
mundo, condição de participação e capacidade de reivindicações dos bens
materiais, culturais e espirituais, aos quais tem direito inalienável.
Nessa perspectiva Vasconcellos (2005) coloca que não
podemos cair no erro de considerar que a escola é a única responsável pela
organização social, na verdade a escola apenas reforça a realidade
existente, ela ajuda no processo de discriminação social. A avaliação nesse
sentido passou a ser um processo de seleção principalmente com a
reprovação. O papel de transformar e diminuir esta postura autoritária e
excludente é de todos enquanto sociedade e escola.
Diante deste panorama, cabe enfatizar que se todos os
profissionais da educação não estiverem unidos no processo pedagógico,
cada um exercendo sua função, fazendo da educação uma afirmação da
aprendizagem construindo e reconstruindo o saber, completando e
repensando o desenvolvimento do educando, com o compromisso ético de
profissionais da educação preparando os indivíduos para a vida adulta,
legitimando assim o papel de educadores. Completando essa idéia o autor
nos diz:
O diálogo e a participação entre as pessoas ocorrem a partir e em função dos problemas que enfrentam em conjunto. Os
12
problemas que emergem da vida e da prática social tornam-se, portanto, o objeto principal de conhecimento, o conteúdo próprio da prática educacional libertadora. Na busca de compreender e resolver os problemas que surgem da própria prática, as pessoas discutem trocam opiniões e experiências buscam informações e elaboram novos conhecimentos. O diálogo sobre os problemas vividos torna-se, pois, a base principal de aprendizagem e da elaboração teórica, que se faz de maneira estritamente ligada à prática. A teoria, com efeito, surge a partir da prática, é elaborada em função da prática e sua verdade é verificada pela própria prática. (FLEURI, 1994, p.59).
Enfim, é importante manter uma relação dialética entre teoria
e prática, pela qual o educador, analisa os diversos aspectos que envolvem
suas práticas educativas. Essa postura não deve ser somente do educador,
mas de todos os agentes envolvidos no processo, com o intuito de
desenvolver uma educação mais ampla e democrática, é preciso considerar
que o trabalho participativo proporciona a soma de idéias e
conseqüentemente será refletido em resultados positivos.
Frente as necessidade que encontramos não podemos
simplesmente seguir modelos.
“Pelo fato de que diferentes atividades, conteúdos, alunos, etc exigem vários tipos de preparação diferente, é impossível identificar um modelo de planejamento eficaz. Parece que as habilidades para planejar referem-se não tanto ao domínio de uma técnica em particular, mas sim ao conhecimento de quais técnicas a situação requerer” (CALDERHEAD, 1984, p.78).
Para tanto não podemos deixar de trabalhar com o coletivo
com a necessidade da maioria e ao mesmo tempo, não deixando de olhar
para as particularidades de cada um, mesmo que isso demande esforços
demasiados de todos os envolvimentos no processo educativo da escola,
somente através de ações planejadas poderemos chegar aos objetivos
esperados.
A dinâmica nos mostra que os educadores e escola devem
tomar decisões coletivas de superação das necessidades reais garantindo
efetivamente uma educação que atenda a diversidade, cumprindo um papel
organizacional, com ações qualitativas reduzindo a complexidade do
processo.
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Geoffrey, Denscombe (1985) cita:
“Como a urgência e a complexidade não podem ser eliminadas por completo, a vida para o professor pode ser mais fácil por meio da estruturação cuidadosa do trabalho de classe, proporcionando continuidade aos acontecimentos, o plácido transcorrer seqüencializado e a apropriada dosificação do trabalho” (DENSCOMDE, 1985, p.123).
Colocar saberes objetivamente concretos, proporcionando ao
educando clareza levando-o à compreensão dos fatos historicamente
produzidos, para que possa utilizá-los na sua vida social e profissional de
maneira significativa e transformadora, são propostas educativas que
devem ser oferecidas aos educandos e organizada pelo professor. Outro
recurso é a recuperação como forma de sanar as lacunas de aprendizagem.
Existem vários tipos utilizados pelos professores, mas é preciso abordar o
assunto de forma diferenciada, à qual favoreça a assimilação, respeitando
as particularidades de cada aluno, tem que ocorrer intrinsecamente ao
processo de construção do conhecimento alterando a dinâmica da sala de
aula. Atender o aluno, trabalhar com o monitoramento, colocar o aluno
como sujeito do processo, organização de turma para que haja
interatividade, trabalho de grupo, estudos orientados pelo professor,
atendimento individualizado, laboratório de trabalho entre outras, são ações
que com certeza promoverão à aprendizagem.
Vasconcellos (2005, p.65) contribui quando sugere algumas
práticas como:
- Resgate da significação dos conteúdos;
- Partir do que o aluno já sabe;
- Resgate da história do conceito;
- Relacionamento da prática social com coisas do dia-a-dia;
- Relacionamento com outras coisas aprendidas;
- Criticidade: ir além senso comum;
- Preparação de material de pesquisa para o aluno refletir,
pesquisar;
- Diante do programa, distinguir o que é fundamental do
que é acessório;
- Preparação adequada das aulas, isto da segurança,
14
firmeza e possibilita o melhor aproveitamento do tempo;
- Preocupação em deixar claro para os alunos os objetivos
de trabalho;
- Desenvolvimento de uma metodologia participativa:
problematizar, desafiar alunos, utilizar jogos e buscar a
interação com os educandos.
Nada é pronto e acabado as necessidades individuais e
coletivas são diversas, portanto a prática de ensinar e aprender têm que
estar no centro das reflexões por parte dos educadores.
È imprescindível que a prática pedagógica trabalhe os
conteúdos a favor dos conhecimentos científicos e culturais com uma
dimensão humana.
A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indissociável das realidades sociais. A valorização da escola como com instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é a parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionamentos histórico-sociais, a função da ‘pedagogia dos conteúdos’ é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições existentes.Assim, a condição para que a escola sirva os interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos, que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é ‘uma atividade mediadora no seio da pratica social global’, ou seja, umas das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais organizada (LIBÂNEO, 1994. p. 69)
O educador comprometido com uma educação de qualidade
faz uma análise crítica de como desenvolver suas atividades educativas,
selecionando conteúdos significativos levando o educando ativamente pelos
caminhos do crescimento social, profissional e pessoal. Os conteúdos não
podem ser segmentados e desarticulados, tendo que atender com
sensibilidade os casos particulares, não perdendo o foco da totalidade no
processo de construção do conhecimento.
15
A avaliação é uma ação essencial para a tomada de decisões
e efetivação dos conteúdos, pois oferece informações que delinearão novos
caminhos, busca compreender a distância que existe entre as práticas
pedagógicas, metodológicas e a aprendizagem significativa dos educandos.
Quando se avalia a serviço de uma sociedade liberal
capitalista, valoriza a ação individual e competitiva, concepção
classificatória e diretiva do professor, intenção de reprodução das classes
sociais, privilégio à memorização e a exigência burocrática periódica.
Enquanto a avaliação numa visão libertadora enfatiza a ação coletiva
consensual, concepção investigativa e reflexiva, proposição de
conscientização das desigualdades sociais e culturais, postura cooperativa
entre os elementos da ação educativa, privilégio a compreensão,
consciência crítica e responsável de todos sobre o cotidiano. A avaliação
deve partir da realidade e através da análise retornar a realidade para
poder acompanhar os avanços da aprendizagem num sentido libertador, se
não for dessa maneira o ato de avaliar pode ofuscar os resultados de
aprendizagem, bem como, seus avanços.
Muitas vezes a dificuldade de superação por parte do
educando é porque lhes faltam maior autonomia e independência, portanto
o diálogo permanente entre educador e educando para a liberdade de
organização de seus pensamentos, construindo assim seu conhecimento, de
maneira simples, organizada sem rupturas, se faz necessário no decorrer do
processo ensino aprendizagem.
A superação dessa lacuna está na reflexão, coletiva e
individual acrescida, de uma formação continuada que ofereça subsídios
para uma análise crítica da prática docente, utilizando-a democraticamente,
e consciente não permitindo ser moldado pela falta de conhecimento e pelo
comodismo. “Não se engajar nesse contínuo questionamento é esquivar-se
da própria responsabilidade com as vidas atuais e futuras de milhares de
alunos que passam tantos anos na escola” (APPLE, 2002, p.46-47).
A intenção é apontar um horizonte onde possamos superar os
limites rumo à integração seqüenciada da prática social, da vida e para
vida, temos essa possibilidade através da mudança na prática avaliativa, é
16
necessário o querer, o desejar, o compromisso efetivo, bem como, a
vontade política através do compromisso de todos. (VASCONCELOS, 2005,
p. 23).
Muitas atribuições rondam a avaliação, principalmente
quando utilizada como punição, cabe-se não distorcer os processos
avaliativos e reverter essa situação, o educando não deve ser o único
avaliado pelos resultados, onde fica o papel do professor, dos materiais
didáticos, da escola, da família, em fim, da comunidade escolar e das
condições materiais necessárias oferecidas pelo sistema, todos esses
fatores são importantes para o desenvolvimento das atividades
educacionais.
O papel de educador é o de ensinar, fazer tudo para que o
aluno aprenda, mudando a forma de trabalho e a avaliação utilizada, como
ajuda e acompanhamento, no sentido de superação das dificuldades,
revendo sua aula, dando mais atenção aos alunos com déficit de
aprendizagem, analisando resultados coletivamente.
Outro aspecto é a maneira que é conduzida e direcionada a
metodologia na transmissão dos conteúdos. O professor deve desenvolver a
sua aula de maneira mais efetiva utilizando uma prática pedagógica mais
participativa, onde o aluno compreendesse o mundo que vive o patrimônio
historicamente acumulado pela humanidade e colocasse este conhecimento
a serviço da construção e transformação de um mundo, mais justo e
solidário.
Dessa forma acredita-se que aprendizagem e a avaliação se
da no espaço da sala de aula, continuamente de forma democratizada com
reflexões, registros e socialização de informações para que ocorra a
mediação entre a verificação e a aprendizagem.
A aprendizagem é uma ação que envolve uma seleção de
significados, construídos nas relações que se estabelecem entres os
envolvidos no processo. Isso acontecerá quando todos trabalharem
conscientemente de forma que garanta as condições de aprendizagem, o
professor deve rever sua proposta de trabalho, adequando-as às
necessidades dos alunos, na recuperação instantânea, no desenvolver da
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aprendizagem, nas atividades diversificadas, na orientação de estudos e no
trabalho especifico de complementação de experiências pedagógicas. Um
professor que não avalia constantemente a ação educativa, no sentido
investigativo do termo, instala sua docência em verdades absolutas, pré-
moldadas e terminais. (HOFFMANN, 2005, p. 15).
Pode-se dizer que a finalidade principal da avaliação é
fornecer informações sobre o processo pedagógico, permitindo ações de
intervenções e ajustes necessários, em face, ao processo educativo
comprometido com a aprendizagem do aluno. Novas concepções dão conta
de como a construção do saber é promovida pela reflexão no espaço da
escola, se bem aproveitado, possibilita a criação e a superação das lacunas
de aprendizagem.
Segundo Vasconcellos (2005, p.65) “Novas idéias abrem
possibilidades de mudança, mas não mudam. O que muda a realidade é a
prática”. Muitas justificativas são colocadas como empecilho para que não
ocorra uma mudança de postura diante da exposição dos conteúdos e dos
instrumentos de avaliação, bem como a análise crítica dos resultados,
enquanto alguns profissionais continuam ainda pensando dessa maneira,
outros partem em busca de conhecimentos por sentirem a necessidade de
mudanças.
De acordo com Derna (2005 p. 12) “Pesquisa é um conjunto
de atividades, tais como buscar informações, explorar, inquirir, investigar,
indagar, argumentar, e contra-argumentar”. É pela curiosidade (ordem
intelectual) ou pela procura de novos conhecimentos (ordem prática), que
nos leva a pesquisa, objetivando as respostas aos problemas propostos. As
pesquisas desenvolvem-se através de processos, envolvendo inúmeras
fases, desde a adequada formulação do problema, passando pela escolha
metodológica até chegar a uma construção satisfatória do conhecimento
para resolução da situação problema inicial.
Levantar dificuldades, analisando de forma criteriosa
promove o enriquecimento do processo educativo, facilita a escolha de uma
metodologia que realmente faça a diferença para os educandos. A carência
de cultura, sobre a importância da pesquisa, deixa vulnerável à escolha dos
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caminhos a percorrer para realizar uma pesquisa, caminhos que
possibilitarão um conhecimento amplo no campo científico e no campo da
história, portanto a metodologia utilizada traça e valida ações com
resultados satisfatórios.
Com uma perspectiva metodológica dialética poderemos
repensar nossas ações deixando o formalismo pedagógico nos
concentrando no ato coletivo colocando o que temos de melhor,
transformando nossas atitudes e colocando a avaliação como papel de
acompanhamento da aprendizagem.
Encontrar métodos e técnicas que estreitem as lacunas entre
a transmissão e assimilação de conteúdos, por vezes se torna exaustiva e
às vezes se tornam gratificantes, mas quando o professor tem
conhecimento teórico e prático acaba proporcionando aos educandos uma
compreensão dos fatos de maneira a ajudá-los na construção do saber,
podendo assim, construir sua própria história social e profissional de forma
crítica e participativa. É esse desafio que impulsiona a pesquisa à
experimentação e a mudança.
A prática da pesquisa é fundamental para o desenvolvimento,
é um processo de produção de conhecimento que nos auxiliam na
interpretação da realidade e através dela vivemos uma nova concepção de
mundo e sociedade.
Ficou evidenciada a importância de o professor ser um
pesquisador, podendo reorganizar e identificar a realidade educacional,
assegurando a flexibilidade e a dialeticidade do processo de aprendizagem.
Vasconcelos (2005, p.13) leva-nos a reflexão quando diz “que certas
violências estão relacionadas com a avaliação”. Os insucessos da avaliação,
os resultados não esperados, são fatos que pode tornar à avaliação uma
vilã.
Segundo Hoffman (2005, p.63) se o professor assumir a
responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do
aluno, promovendo o movimento, favorecendo a iniciativa e a curiosidade.
Esse será o início de um caminho que precisa ser construído, pois permite a
participação de todos em um movimento dinâmico, permitindo organizando
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de forma efetiva a prática democrática na construção do conhecimento.
Uma prática pedagógica bem sucedida, precisa estar
inserida em um contexto de interação, não só de professor aluno, mas
também de toda a sociedade, ideal para nosso aluno em formação
intelectual e humana. Sabe-se que o educando necessita de um
acompanhamento continuo de verificação e retomada das deficiências de
aprendizagem. Concluindo esse pensamento as palavras de Shor; Freire
(1986, p. 48) vale ser lembradas:
O educador libertador tem que estar atento para o fato de que a transformação não e só uma questão de método e técnicas. Se a educação libertadora fosse somente uma questão de métodos, então o problema seria mudar algumas metodologias tradicionais por outras mais modernas. Mas esse não é o problema. A questão é o estabelecimento de uma relação diferente com o conhecimento e com a sociedade. (SHOR; FREIRE, 1986, p.48).
A relação que se faz entre o conhecimento e o mundo social
aproximam o aluno do saber sistematizado. Construindo novos princípios
educativos, assumindo a formação integral dos educandos, exigindo da
escola e dos profissionais da educação uma transformação uma nova
pedagogia contemplando uma formação científica e tecnológica, com
domínio dos conteúdos básicos da ciência contemporânea, fundamentando
os processos sociais e produtivos. Sujeito com responsabilidade e ética
diante da sociedade e do ambiente de maneira crítica e solidária.
Encaminhar uma prática educativa e avaliativa baseada em
princípios educativos que satisfaça as necessidades dos alunos formando
cidadãos, trabalhadores capazes de atuar no mundo do trabalho e social
apoiados por saberes democráticos, isso é o que se pretende diante do ato
educativo e de uma sociedade contemporânea.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizar uma análise de como avaliar e uma vez realizada o
que fazer como retomar e utilizar os resultados para aprimorar os
conhecimentos são indagações e reflexões que vem se fazendo desde a
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implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Mesmo com todos os
esforços centrados na avaliação sem desconectá-la, dos demais processos
educativos não se consegue, sanar as dificuldades que os professores
encontram dentro da sala de aula, em utilizar a avaliação para a melhoria
da qualidade de ensino.
Nesse sentido, conhecer um pouco mais sobre os processos
avaliativos dentro da prática pedagógica utilizada pelos professores,
refletindo sobre os instrumentos utilizados e ao mesmo tempo como estão
sendo utilizados estes resultados para que o aluno sane suas dificuldades
de aprendizagem continua sendo fundamental nas decisões e no
direcionamento dos objetivos e métodos propostos.
Entendendo que a avaliação, mesmo tendo sofrido uma série
de transformações e interpretações, ainda necessita de uma análise crítica
dentro de um processo educativo, essa prática pedagógica tão utilizada e
por vezes sem sentido, tratada como ponto final pelo professor e não como
ponto de partida para o retomar das práticas educativas, levaram a buscar
na pesquisa respostas e informações que pudessem subsidiar o ato de
avaliar.
Isso exige do professor muito esforço e dedicação e
encontramos profissionais que fazem da pesquisa, o alicerce do
conhecimento, moldando sua caminhada de educador. O que dificulta
muitas vezes é a indisponibilidade de tempo reservado à investigação que o
sistema oferece, pois tem que se cumprir o calendário escolar.
Assim com o intuito de auxiliar, clarear e direcionar o
processo de formação, levantando subsídios que tendem a direcionar o
caminho da transmissão e assimilação do conhecimento houve momentos
de estudos nas horas atividades e em reunião pedagógicas que levaram ao
repensar das práticas educativas, com foco na avaliação da aprendizagem,
através do conhecimento produzido pela leitura dos textos dos diversos
autores, alicerçou os profissionais da educação à análise critica das práticas
diárias com subsídios teóricos.
Toda comunidade escolar (diretores, equipe pedagógica,
professores, pais alunos, APMFs e conselhos escolares) atuando com ética e
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responsabilidades suprindo as necessidades dos educandos, buscando uma
educação que realmente faça a diferença para os cidadãos que vivem em
uma sociedade contemporânea tão excludente, esse trabalho coletivo pode
dar a escola pública um novo rumo no processo de democratização.
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