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1ª Edição // Dezembro 2014 | Associação CAIS Distribuição Gratuita Maratona Fotográfica Aeroporto de Lisboa 2014 (p. 6) Entrevista a José Macieira (p. 5) Exposição CAIS a Cores (p. 4)

Repórteres de Rua Dez14

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Os Repórteres de Rua são uma actividade ocupacional da CAIS que teve inicio em 2011. Trata-se de um grupo de trabalho constituído por utentes que aceitam o desafio de aprender a registar no papel as suas ideias, inspirações e motivações do dia-a-dia, ganhando competências de escrita e de análise crítica. Até 2014 tiveram o seu espaço na Revista, agora apresentam-se num novo formato mensal e independente. O Jornal Repórteres de Rua.

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Page 1: Repórteres de Rua Dez14

1ª Edição // Dezembro 2014 | Associação CAISDistribuição Gratuita

Maratona Fotográfica Aeroporto de Lisboa 2014 (p. 6)

Entrevista a José Macieira (p. 5)

Exposição CAIS a Cores (p. 4)

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1ª Edição // Dezembro 2014

Editorial

A Primeira Vez

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Por: João Martins e Maria João Gomes

A actividade ocupacional “Repórteres de Rua” da As-sociação CAIS, remonta a Janeiro de 2011. Um grupo de utentes aceitou o desafio de constituir uma equi-pa de trabalho com o objectivo de registar, no papel, aquilo que consideravam verdadeiramente importan-te. Desde essa altura, e até ao final do primeiro se-mestre de 2014, os Repórteres de Rua publicaram os seus textos na Revista CAIS, sob a coordenação de Cristina Reis.

Agora, e sob a nossa coordenação, os Repórteres arriscam um novo desafio: criar o seu próprio jornal. Cada edição revela aquilo que se passou em cada mês, numa representação de ideias, pensamentos e preocupações dos nossos repórteres.

Num formato aberto, versátil e de fácil leitura, o jornal

Repórteres de Rua é lançado mensalmente e preten-de ser um registo pessoal mas transmissível e acima de tudo informativo e rigoroso. Jorge Ferreira, Marcelo Fernandes, Elísio Manteigas, José Carapinha, Tuma-ne Turé e Mário Oliveira são os Repórteres de Rua desta edição.

Desde notícias sobre a CAIS, passando pela Fotogra-fia e por uma Entrevista, o Repórteres de Rua é um jornal que se constrói em equipa, passo a passo, a cada edição.

Esta é a nossa primeira edição. A primeira vez que partilhamos o nosso trabalho.

Sejam bem-vindos, leitores.

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As Nossas Notícias

Este ano, a iniciativa “Pão de To-dos Para Todos” não irá acontecer.

O evento, patrocinado ao longo de 10 anos pelo Santander Totta, chega agora ao fim. As cidades de Lisboa e do Porto não vão poder contar com a presença da tenda CAIS, que durante cerca de qua-tro dias, no mês de Dezembro,

produzia e distribuía pão aos tran-seuntes.

“Estamos a pensar na possibili-dade de criar outros eventos que possam assinalar a época nata-lícia”, afirmou Sara Morais Pinto, coordenadora do Centro CAIS Lis-boa.

Mudar o paradigma das diferenças sociais. Foi com este incentivo que os Repórteres participaram no Jantar Comu-nitário organizado pelo Projecto Serve The City Lisboa.

O mesmo teve lugar no dia 15 de Outubro nas antigas insta-lações da Câmara Municipal de Lisboa, em Alcântara.

A iniciativa recebe quinzenalmente cerca de 200 pessoas e o nosso grupo de repórteres fez parte desse número.

A ideia dos Jantares Comunitários nasceu em 2011, preten-dendo proporcionar, por momentos, um espaço onde pes-soas carenciadas se sintam em casa, em família.

Juntam-se à mesa voluntários e convidados, partilham-se histórias e as diferenças ficam lá fora.

Num ambiente festivo e de partilha, o nosso grupo de re-pórteres trocou impressões com Ruben – um dos muitos voluntários que, individualmente, se senta em cada mesa e conversa com aqueles que aqui procuraram o conforto de uma refeição completa. Os Repórteres de Rua também encontraram caras conhecidas e amigos que já passaram pela CAIS.

Mas a grande surpresa foi a presença de Adelaide Sousa, um rosto conhecido da praça pública. Entre risos e sorrisos, a apresentadora conversou com muitos dos presentes in-clusive o grupo dos repórteres.

Um jantar diferente, uma experiência de enriquecimento pessoal no seio de uma iniciativa solidária e de integração.

Jantar comunitário da Serve The City

Fim do Pão de Todos para Todos

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Opinião

1ª Edição // Dezembro 2014

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Por: Jorge Ferreira

A arte pode ser considerada um poderoso meio de de-senvolvimento pessoal. Numa exposição, 10 criativos exibiram o que de melhor fizeram no Atelier de Artes Plásticas da Associação CAIS. De 30 de Outubro a 16 de Novembro, diversas peças estiveram expostas na Galeria Arte Graça, em Lisboa, juntamente com uma homenagem a Isabel Gomes, voluntária e coordena-dora do atelier até ao Verão passado.

A CAIS a Cores – 2ª Exposição de Artes Plásticas foi uma mostra de trabalho que, ao longo deste ano, os utentes desenvolveram no Atelier de Artes Plásticas da Associação CAIS. Estes elaboraram, um conjunto de trabalhos onde revelaram as suas habilidades, fru-to de vontades e aspirações pessoais.

Esta actividade ocupacional é actualmente coordena-da pelas voluntárias Ana Ferreira e Fátima Lavra, que dão continuidade ao trabalho desenvolvido por Isabel Gomes.

É com saudade que lembramos esta voluntária, auto-ra responsável pela criação desta iniciativa em 2013. Com a sua ausência, os participantes do atelier con-tinuam a esforçar-se para honrar o trabalho que de-senvolveu com tanta dedicação e entusiasmo. Em sua homenagem, muitos membros da Associação CAIS criaram um mural no qual cada um pintou uma pa-lavra que descrevesse Isabel da melhor forma. Esta obra conjunta foi gentilmente oferecida à família da voluntária.

Artistas que estiveram em exposição:BagvrDário GomesElísio ManteigasFlávio QuaresmaJorge FerreiraJosé VazMarcelo FernandesMário OliveiraPaulo CalazansTumane Turé

O CAHO - Capacitar Hoje é um projecto de capacita-ção e empregabilidade da Associação CAIS que tem como objectivo central diminuir o número de pessoas em situação de risco e exclusão. Para mim foi muito importante participar pois abriu-me várias portas para poder arranjar emprego.

Formar e sensibilizar técnicos voluntários que fazem o apoio a pessoas em situação de exclusão e apoiar e acompanhar estas pessoas a arranjarem emprego

ou criarem o seu próprio negócio, são as fases deste projecto.

É um projecto útil. Temos módulos de vendas, de cidadania activa, e também de relacionamento pessoal - que nos ajuda na procura de nós mesmos. Fazemos ainda simulações de entrevistas de emprego.No meu caso aprendi bastante. Acho que é um pro-jecto que vale a pena fazer porque o saber não ocupa lugar.

CAIS a Cores na Arte Graça

Abrir portas

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Entrevista a:José Macieira

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Director Executivo da Associação CAIS

O que o levou a aceitar o cargo de Director-Executivo da CAIS?Foi um desafio pessoal. Reconheci que havia a necessi-dade de melhorar alguns aspetos da Associação e isso le-vou-me a pensar que se não desse este passo, a CAIS iria ser prejudicada. Como já estive envolvido em instituições de carácter social – nomeadamente o Banco Alimentar, do qual fui fundador – e como tenho experiência empresarial e na administração pública central, onde fui consultor, achei que podia fazer a diferença e ajudar a CAIS a prosseguir na sua missão.

Que contributo vai dar ao trabalho desta associação?O que era fundamental era recentrar a CAIS num objecti-vo comum. A questão da pobreza e da exclusão social, é muito complexas. Provavelmente não há uma única forma de se resolver. O objectivo da CAIS, tal como a sua missão é capacitar as pessoas, para voltarem a ser autónomas, através do emprego. O mais importante é focarmo-nos na capacitação das pessoas, na integração social, através do emprego. E são esses os esforços que estamos a fazer. A equipa da acção social está reforçada, a equipa da comu-nicação está a trabalhar muito nesta área e eu e os meus colegas da Direcção da Associação CAIS também estamos envolvidos na procura de potenciais empresas como a BP e outras instituições que nos abram portas. Estamos a fazer um levantamento de indicadores de diagnóstico do trabalho feito para podermos tomar decisões e sermos mais eficien-tes. Não é objectivo da CAIS aumentar o assistencialismo, mas sim capacitar o maior número de pessoas.

Sente-se realizado com o seu trabalho na CAIS?É muito cedo para responder a essa pergunta mas diria que sim. A minha realização, enquanto pessoa, passa por me-sentir feliz com aquilo que estou a fazer. E para mim isso depende de duas coisas: acreditar no meu trabalho e gostar do ambiente de trabalho. Acho que quando as pessoas se sentem realizadas é porque não têm mais nada para dar. Considero mesmo que esta sensação de não estar com-pletamente realizado é importante. Ajuda-me a pensar que não estou na CAIS para o resto da vida. E isto é a minha certeza absoluta: tudo é efémero, tudo passa. Mas sei que

vou colaborar com a CAIS a 100%, até ao fim do mandato.

Quais os planos de acção da CAIS a curto e médio prazo?A curto-prazo, o plano é a reorganização da equipa, mas antes disso houve uma definição de estratégia, ou seja, recentrámos a nossa actividade na missão da CAIS. São muito importantes as questões da gestão e sustentabilida-de da Associação. A CAIS, como provavelmente a maior parte das instituições, nos últimos anos, tem vindo a en-trar em défice financeiro. Só conseguimos continuar porque ainda temos dinheiro suficiente para ir aguentando a nossa actividade.A médio-prazo queremos criar sinergias com empresas e instituições que nos ajudem, não só a trazerem know-how, mas também recursos que possam ajudar na formação dos nossos utentes e no seu caminho de capacitação para o emprego. Assim resolvemos o problema da reinserção dos nossos utentes na sociedade, através do trabalho. Existem muitas outras coisas como a Revista CAIS, uma publicação que estava a ficar muito cinzenta, bélica, muito de intervenção social. Eu prefiro ter uma revista editorial-mente diferente, que seja positiva porque o primeiro objec-tivo é que esta venda. Mas com ética e seriedade, porque são os nossos vendedores quem eu quero que ganhem dinheiro.

Pode a CAIS apoiar alguém financeiramente numa situação de urgência?Pode ajudar financeiramente pessoas que estejam no fim do nosso programa de capacitação e precisem de um im-pulso para dar o salto para o emprego. Nós temos um fundo de 7500€ – que a Direcção da Asso-ciação CAIS já alocou – para estas situações ao qual cha-mámos Fundo Diogo Vasconcelos, um dos fundadores da CAIS e defensor do empreendedorismo social. O valor pro-vém de parte do donativo feito por Durão Barroso quando este recebeu o Prémio Europeu Carlos V.O regulamento deste fundo vai definir que critérios, segun-do os quais, a CAIS atribui o dinheiro a quem precisa, quer seja a fundo perdido ou através de um empréstimo.

“O mais importante é focarmo-nos na capacitação das pessoas”

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Com o propósito de promover o convívio entre entusiastas da fotografia, o concurso, realizado no passado dia 20 de Setembro, resultou de uma parceria entre a FNAC, a Luf-thansa LGSP e a ANA Aeroportos de Portugal.

Durante 6 horas, fotógrafos, aspirantes a tal ou simplesmen-te amantes da fotografia em geral, puderam visitar as várias áreas do Aeroporto de Lisboa. A ideia foi captar imagens das várias áreas e acontecimentos que integram o dia-a-dia deste local que recebe, diariamente, uma média de 40 000

passageiros, em zonas normalmente vedadas ao público.Cada participante foi desafiado a fotografar 6 momentos segundo 6 motes temáticos: o cosmopolitismo, o espaço aeroportuário enquanto espaço de lazer, a portugalidade, ligações e cruzamentos, emoções ao quadrado e infra-es-trutura e arquitectura.

José Carapinha, um dos nossos repórteres – que conta com uma longa carreira na fotografia – foi um dos participantes desta Maratona.

Estava eu no jardimQuando passou por mimUm grande aviãoQue ia para Amesterdão.

Eu nunca andei de aviãoE gostava de ir ao PaquistãoMas os bilhetes são muitos carosE os momentos são muito raros.

Eu queria fazer a viagemNão apenas para a outra margemPorque não vão os aviõesVoar apenas nos Verões.

Fotografia

Poesia

Por: José Carapinha

Por: Mário Oliveira

Maratona Fotográfica Aeroporto Lisboa 2014

Andar de Avião

1ª Edição // Dezembro 2014

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Dicas

Cartoon

Receitas Económicas

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Por: Marcelo Fernandes

Por: Tumane Turé

Ingredientes:2 pepinos4 tomates2 cebolas75g de queijo100g de azeitonas pretas3 colheres de sopa de azeite2 colheres de sopa de vinagreSal, oregãos e pimenta q.b.

Preparação1 - Corte os pepinos às rodelas e as cebolas e os to-mates aos quartos.2 - Numa tijela, coloque as rodelas de pepino, os quar-tos de tomate e de cebolas, os cubos de queijo e as azeitonas.3 - Misture o azeite e o vinagre, num recipiente com tampa, tape e agite bem.4 - Regue a salada com molho de azeite e vinagre. Tempere com sal e pimenta.5 - Decore c/folhas de orégãos.

1 - Apresentável2 - Responsável3 - Bom comunicador 4 - Trabalhador5 - Organizado

6 - Honesto7 - Perspicaz8 - Criativo9 - Dinâmico10 - Eficiente

11 - Meticuloso12 - Sensato13 - Bem-disposto14 - Lutador15 - Gentil

Para arranjar um emprego tenho de ser/ estar:

Salada Grega Tradicional

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1ª Edição // Dezembro 2014

Anedota

Ficha Técnica

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O Baú da MariaO Manel casou-se com a Maria e, no dia do casamen-to, Maria levou para a sua casa nova um grande baú, e pediu para que Manel respeitasse a sua individua-lidade e nunca o abrisse. Respeitosamente, durante 50 anos de casamento, apesar da curiosidade, Manel nunca abriu o baú.Na comemoração dos 50 anos, Manel não aguentou e perguntou à Maria o que é que havia dentro daquele baú. A Maria resolve, então, mostrar-lhe. Ao abrir, Ma-nel viu 60 000 € e quatro batatas. Curioso, perguntou

porquê das batatas, e Maria confessou:- “Todas as vezes que te traí coloquei uma batata no baú.”Manel, no primeiro momento, ficou chocado mas de-pois de reflectir, disse a si mesmo: “Até posso per-doar… Quatro batatas em cinquenta anos, significa uma traição a cada 12,5 anos”.Então ele perguntou-lhe o que significavam os 60 mil euros. Foi quando ela disse: “Quando o baú ficava cheio de batatas, eu vendia-as”.

AgendaDezembro

Dia 4Aniversário Revista CAIS, 18h, IAPMEI (Lumiar)

Dia 7Vamos ao Teatro – “Al Pantalone”, 16h, Teatro Meridional (Xabregas)

Dia 19Festa de Natal CAIS – “O Natal dos Vizinhos do Oriente”, 14h, Centro CAIS Lisboa (Marvila)

Dias 19, 20 e 2126º Festa Natal da Comunidade Vida e Paz, Cantina da Cidade Universitária (Campo Grande)

COORDENAÇÃO: João Martins e Maria João GomesREPÓRTERES: Elísio Manteigas, José Carapinha, Jorge Ferreira, Marcelo Fernandes, Mário Oliveira, Tumane TureCOLABORADORES: Gustavo Couto, Olaia Dima, Pedro Brito,

CONTACTOS: 21 836 9000 E-MAIL: [email protected]: Rua Vale Formoso de Cima nº49-55 Mar-vilaTIRAGEM: 50 exemplares

Os conteúdos deste jornal são da exclusiva responsabilidade do grupo ‘Repórteres de Rua’.