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RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL E PREVENÇÃO DA PULUIÇÃO (P2): UMA REFLEXÃO DA CONTRIBUIÇÃO NOS PROCESSO PRODUTIVOS DAS EMPRESAS
Marcos Daniel Gomes de Castro, Fernanda Serotine Gordono
(Faculdade Orígenes Lessa – Facol; Faculdade de Agudos – FAAG)
Resumo: Em face aos acontecimentos globais e necessidade de novas estratégias para preservação do meio ambiente, as organizações tem direcionados seus esforços para adequar seus processos e produtos que poluam menos, diminuindo a geração de resíduos. O artigo apresenta os principais conceitos relacionados à utilização da Produção Limpa como estratégia organizacional e como fonte de obtenção de vantagem competitiva. A seguir discute outros instrumentos de melhorias no processo, além dos exemplos de aplicação em empresas. A partir da análise, conclui-se que, o papel do empresário é manter as estratégias e direcionar as atividades, que mantenham os objetivos sociais, ambientais e humanos, da corporação, manter os interesses econômicos, garantindo, portanto a sustentabilidade ambiental.
Palavras-chaves: Produção Limpa; Responsabilidade Empresarial, Gestão de Resíduos
ISSN 1984-9354
X CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 08 e 09 de agosto de 2014
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1 INTRODUÇÃO
Considera-se responsabilidade social, sempre que uma empresa desenvolve a sua ação
numa perspectiva de criação de valor no domínio econômico, social e ambiental. A empresa
responsável é aquela que se preocupa com as consequências de todos os processos que
desenvolve, limitando os respectivos impactos negativos e reforçando os aspectos positivos ao
nível econômico, ambiental e da comunidade.
A comissão Europeia define Responsabilidade Social Empresarial como “a integração
voluntária das preocupações sociais e ambientais, por parte das empresas nas suas operações e na
sua interação com outras partes interessadas. Este posicionamento sempre teve presente em muitas
empresas já existindo, nomeadamente na Europa, uma larga tradição neste sentido. O que sugere
como mais inovador é a alteração do papel atribuído à empresa, dos valores e responsabilidades
que envolvem a atividade empresarial e as implicações em termos das suas práticas de gestão. Na
procura do benefício da Responsabilidade Empresarial, deve-se tomar considerações as pessoas
que constituem o tecido humano da estrutura empresarial (dimensão interna) mas também a
comunidade e o ambiente em que a empresa exerce a sua atividade e com a qual se interage
(dimensão externa). O fator ambiental vem mostrando a necessidade de adaptação das empresas e
consequentemente direciona novos caminhos na sua expansão. As empresas devem mudar seus
paradigmas, mudando sua visão empresarial, objetivos, estratégias de investimentos e de
marketing, tudo voltado para o aprimoramento de seu produto, adaptando à nova realidade do
mercado global e corretamente ecológico.
Atualmente, a preocupação ambiental atinge todas as atividades humanas. Os governos
estão adotando legislações ambientais mais rigorosas. Os cidadãos, por outro lado, estão exigindo
produtos e processos com menor impacto ambiental. Estas novas atitudes constituem um conjunto
de pressões que têm levado as empresas a melhorarem ambientalmente seus processos e produtos,
apresentando o diferencial ambiental como mais um elemento de competitividade
(BITENCOURT et al., 2001).
As questões sociais e ambientais são reunidas e passam a ser ainda mais exigidas no
conceito de sustentabilidade. A sustentabilidade para Gray (2003) é um conceito difícil de aplicar
em qualquer corporação individual. Ele é basicamente um conceito global.
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Prevenção à Poluição (P2) ou redução na fonte, é o uso de práticas, processos, técnicas ou
tecnologias que evitem ou minimizem a geração de resíduos e poluentes na fonte geradora,
reduzindo os riscos globais à saúde humana e ao meio ambiente.
Inclui modificações nos equipamentos, nos processos ou procedimentos, reformulação ou
replanejamento de produtos, substituição de matéria-prima e melhorias nos gerenciamentos
administrativos e técnicos da entidade/empresa, resultante em um aumento de eficiência no uso
dos insumos (matérias-primas, energia, água etc.).
As práticas de reciclagem fora do processo, tratamento e disposição dos resíduos gerados,
não são consideradas atividades de Prevenção à Poluição, uma vez que não implicam na redução
da quantidade de resíduo e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre os
efeitos e as consequências oriundas dos resíduos geradas (UESPA, 1990).
É interessante ressaltar que as técnicas de Prevenção á Poluição (P2) fazem parte das de
Produção mais Limpa (P+L), mas não são únicas. Existem, além destas, estratégias de P+L para
quando não se consegue evitar ou minimizar a geração do resíduo, e consideram basicamente em
buscar outros usos para estes, exemplo (reuso, reciclagem).
É importante o empresário conscientizar de sua parcela, e o papel da instituição, em
relação a seus colaboradores, e a sociedade, norteando estrategicamente os interesses econômicos
de forma a preservar o meio ambiente. Novas técnicas surgem para desenvolver estratégias de
como relacionar os interesses econômicos, de forma que satisfaça os objetivos e a necessidade
social e ambiental.
2 O PAPEL DO EMPRESÁRIO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Diante das novas mudanças no contexto global em relação ao meio ambiente, o papel do
empresário será imprescindível à adoção de novas formas de gestão que visem ao uso racional dos
insumos, a diminuição do desperdício e à utilização de práticas responsáveis em relação aos seus
empregados e parceiros. Dentre essas práticas pode-se citar a Ecoeficiência, que segundo Barbieri.
“baseia-se na ideia de que a redução de materiais e energia por unidade de produto ou serviço
aumenta a competitividade das empresas, ao mesmo tempo, que reduz as pressões sobre o meio
ambiente seja como fonte de recurso, seja como depósito de resíduos” (2004,p.123).
Outra prática empresarial relacionada ao uso racional de recursos é o Ecodesign. Barbieri
afirma que “ a ideia básica desse modelo é atacar os problemas ambientais na fase de projeto, pois
as dificuldades e, consequentemente, os custos para efetuar modificações crescem à medida que as
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etapas do processo de inovação se consolidam” (BARBIERI,2004, p.123). O Ecodesign se destaca
por buscar analisar os efeitos do produto na saúde e segurança dos trabalhadores e consumidores e
os impactos na natureza ao longo do seu ciclo de vida.
Em relação às ações empresariais, não se pode deixar de citar a Responsabilidade
Ambiental e Social Corporativa que visa unir os objetivos econômicos da empresa com as novas
demandas sociais e ambientais da sociedade.
Por último, faz necessário explicitar o papel da sociedade civil no projeto de
Desenvolvimento Sustentável. A população pode, utilizando o seu poder de compras,
pressionarem as empresas para que as mesmas adotem práticas sócio-ambientais sustentáveis.
Podem, também, contribuir e participar do movimento do Desenvolvimento Sustentável com a
criação de organizações não governamentais (ONGs). Desta forma, estarão ampliando seu poder
de pressão junto ao governo e às empresas.
2.1 Benefícios da Administração com Consciência Ecológica
Para Winter apud Callenbach (1993), seis são as razões pelas as quais todo administrador
ou empresário responsável deve implementar os princípios da administração com consciência
ecológica em sua companhia:
Sobrevivência humana – sem empresas com consciência ecológica, não
poderemos ter uma economia com consciência; sem uma economia com a consciência ecológica, a
sobrevivência humana estará ameaçada.
Consenso público – sem empresas com consciência ecológica, não haverá
consenso entre o povo e a comunidade de negócios; sem esse consenso, a economia de mercado
estará politicamente ameaçada.
Oportunidades de Mercado – sem administração com consciência ecológica,
haverá perda de oportunidades e mercados em rápido crescimento.
Redução de Riscos – Sem administração com consciência ecológica as empresas,
correm o risco de responsabilização por danos ambientais, que potencialmente envolvem imensas
somas de dinheiro, e de responsabilização pessoal de diretores, executivos e outros integrantes de
seus quadros.
Redução de custos – sem administração com consciência ecológica, serão perdidas
numerosas oportunidades de reduzir custos.
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Integridade Pessoal – sem administração com consciência ecológica, tanto os
administradores como os empregados terão a sensação de falta de integridade pessoal, sendo,
assim, incapazes se identificar-se totalmente com seu trabalho.
2.2 Preservações a Poluição (P2), Minimização de Resíduos e Reciclagem
Segundo a United Nations Environmental Program (UNEP), o termo Produção Mais
Limpa e Prevenção de Poluição, são às vezes, usados, trocados entre si. A distinção entre os dois é
geográfica. O termo prevenção de poluição tende a ser usado na América do Norte, enquanto
produção mais limpa usado em outras partes do mundo. Ambos, Produção mais Limpa (P+L) e
Prevenção de Poluição (P2), têm o foco na redução contínua da poluição e do impacto ambiental
através da redução de recursos.
Segundo Mahmoud (1997), para efetuar a prevenção da poluição, minimização ou
reciclagem podem ser usados experimentos em laboratórios ou planta piloto. O processo de
otimização envolve melhor solução entre várias. Para isto deve-se usar uma metodologia
integrada. O grau de excelência da solução é medindo usando uma função objetivo (por exemplo,
custo, geração de resíduos), os quais podem ser minimizados ou maximizados. As restrições são
as variáveis importantes, resultante da igualdade e desigualdade de expressões como balanço de
energia, equação do modelo de processo, requisitos termodinâmicos, quantidades de certos
poluentes, que devem ficar abaixo dos limites especificados. Existem programa simuladores que
podem ser adaptados a cada caso. O ideal é integrar custo, balanço de massa, de energia e
beneficio ao meio ambiente para escolha do melhor processo.
O órgão de proteção ambiental do Canadá define Prevenção de Poluição como uso de
processos, práticas, materiais, produtos ou energia que evite ou minimize a criação de poluentes
ou resíduos que reduza o risco à saúde humana e ao meio ambiente. Já na Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos (EPA), define Prevenção de Poluição como redução da fonte,
prevenindo ou reduzindo resíduos onde são originados.
Na prevenção, segundo EPA, pode se incluir:
Atitudes que reduzam volume de toxidade de poluentes e geração de resíduos
durante o processo de manufatura e que podem diminuir a toxidade do produto antes da
reciclagem, tratamento e disposição;
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Mudança de disign de produto, na composição da matéria prima e no produto final
para diminuir os poluentes gerados durante a produção e para reduzir o impacto ambiental durante
pós ou ciclo de vida do produto (ex: replanejar uma pintura, usando tinta a base d água, sem
solventes e compostos contendo metais pesados);
Mudança de tecnologia/mudança de processo como, por exemplo, a melhoria de
vedação de um equipamento ou ajuste da temperatura para reduzir emissões ou a substituição do
processo de limpeza com solvente por sistema seco abrasivo;
Mudança de material na alimentação, assim como a substituição de produtos
químicos perigosos por outros menos nocivos, Ex.: substituição do cloro por Ozônio no
branqueamento;
Reciclagem reutilização no próprio processo como um sistema fechado. Um
material secundário que pode ser usado, reutilizado ou recuperado (ex: metais, solventes, tintas,
águas);
Medidas de melhorias na operação e manutenção preventiva, controle de estoque e
gerenciamento empresarial.
De acordo com GTZ – 3PU BONN & FUNDAÇÃO EMPRENDER BRAZIL, boas
práticas gerenciamento empresarial incluem medidas simples como, por exemplo, a redução do
consumo de energia pela exploração da luz natural do dia em uma garagem. Ações como a
colocação de telhas transparentes no teto e tijolos de vidro transparentes no teto e tijolos de vidro
transparente nas paredes, pintura branca para paredes de cimento, para melhor refletir a luz
natural, ocasionam uma grande economia de energia elétrica, já que antes destas mudanças as
lâmpadas permaneciam acesas durante 12 horas por dia e, após a mudança, as lâmpadas
permanecem acesas por apenas 3 horas por dia.
Laing (1994), a minimização de resíduos para evitar “o tratamento fim de tubo” usando
quatro níveis hierárquicos: reduzir a poluição na fonte, maximizar a reciclagem e reutilização de
resíduo, efetuar tratamentos, quando não possível, reutilizar ou reciclar por método que cause
menor impacto ambiental possível, e realizar disposição final segura. Considera que as técnicas
mais importantes são a redução na fonte, a reciclagem e reutilização.
Mananhan (1997) faz uma colocação importante quando diz que minimizar as quantidades
de resíduos é um bom negócio. Significa economizar. Quando, mesmo assim, ainda houver
resíduos, deve-se lembrar que resíduos são materiais, materiais têm valor e todo material deve ser
usado para um beneficiamento e não para descarga como resíduo, normalmente com alto custo de
disposição.
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Conforme quadro 1, mostra um comparativo entre atitudes de controle da poluição e
produção mais limpa:
Quadro 1 - Comparação entre atitudes de controle da poluição e produção mais
limpa
COMPARAÇÃO ENTRE ATITUDES DE CONTROLE DA POLUIÇÃO E PRODUÇÃO MAIS LIMPA
O enfoque do controle de poluição O enfoque da produção mais limpa
Poluentes são controlados por filtros e métodos de tratamento do lixo
Poluentes são evitados na origem, através de medidas integradas
O controle de poluição é avaliado depois do desenvolvimento de processos e produtos e quando os problemas aparecem
A prevenção da poluição é parte integrante do desenvolvimento de produtos e processos
Controles de poluição e avanços ambientais são sempre considerados fatores de custo pelas empresas
Poluição e rejeitos são considerados recursos potenciais e podem ser transformados em produtos úteis e sub-produtos desde que não tóxicos
Desafios para avanços ambientais devem ser administrados por peritos ambientais tais como especialistas em rejeitos
Desafios para avanços ambientais deveriam ser de responsabilidade geral na empresa, inclusive de trabalhadores, designers e engenheiros de produto e de processo
Avanços ambientais serão obtidos com técnicas e tecnologia
Avanços ambientais incluem abordagens técnicas e não técnicas
Medidas de avanços ambientais deveriam obedecer aos padrões definidos pelas autoridades
Medidas de desenvolvimento ambiental deveriam ser um processo de trabalho contínuo visando a padrões elevados
Qualidade é definida como ‘atender as necessidades dos usuários’
Qualidade total significa a produção de bens que atendam às necessidades dos usuários e que tenham impactos mínimos sobre a saúde e o ambiente
3 PRODUÇÃO LIMPA
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Os sistemas de produção industrial exigem recursos: materiais, a partir dos quais os
produtos são feitos; energia, usada para transportar e processar materiais; bem como água e ar. Os
sistemas de produção atuais são lineares ou cradle-to-grave e com frequência usam substâncias
nocivas e recursos finitos em vastas quantidades e ritmo acelerado.
Recursos
não-
renováveis
ou
renováveis
de forma
não
sustentável
Matérias-
primas
Resíduos
perigosos
Fabricação
Resíduos
perigosos
Produtos
tóxicos
de vida
curta
Montanhas
de resíduos
tóxicos
Resíduos
perigosos
Figura 3: Estrutura linear da economia industrial
O objetivo da Produção Limpa é atender nossa necessidade de produtos de forma
sustentável, isto é, usando com eficiência materiais e energia renováveis, não-nocivos,
conservando ao mesmo tempo a biodiversidade. Os sistemas de Produção Limpa são circulares e
usam menor número de materiais, menos água e energia. Os recursos fluem pelo ciclo de
produção e consumo em ritmo mais lento. Em primeiro lugar, os princípios da Produção Limpa
questionam a necessidade real do produto ou procuram outras formas pelas quais essa necessidade
poderia ser satisfeita ou reduzida.
A Produção Limpa implementa o Princípio Precautório — uma nova abordagem holística e
integrada para questões ambientais centradas no produto. Essa abordagem assume como
pressuposto que a maioria de nossos problemas ambientais — por exemplo: aquecimento global,
poluição tóxica, perda de biodiversidade — é causada pela forma e ritmo no qual produzimos e
consumimos recursos. Também considera a necessidade da participação popular na tomada de
decisões políticas e econômicas.
3.1 Os quatro Elementos da Produção Limpa
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a) O Enfoque Precautório
O Enfoque Precautório prevê que o ônus da prova fique a cargo do agente poluidor em
potencial, para que ele demonstre que uma substância ou atividade não causará danos ambientais,
em vez de ser responsabilidade das comunidades provar esse dano. Essa abordagem rejeita o uso
exclusivo da avaliação quantitativa do risco na tomada de decisões, pois reconhece as limitações
do conhecimento científico para determinar se o uso de uma substância química ou atividade
industrial é procedente. Ela não ignora a ciência, mas reconhece que, como a produção industrial
tem também impacto social, outros profissionais com poder para tomar decisões, além dos
cientistas, devem estar envolvidos.
b) O Enfoque Preventivo
É mais barato e eficiente prevenir danos ambientais do que tentar controlá-los ou "remediá-
los". A prevenção requer que se parta do início do processo de produção para evitar a fonte do
problema, em vez de tentar controlar os danos em seu final. A prevenção da poluição substitui seu
controle. Por exemplo: a prevenção requer alterações de processos e produtos para impedir a
geração de resíduos incineráveis, em vez de se desenvolver incineradores sofisticados.
Analogamente, práticas de uso eficiente de energia, na demanda e na oferta, substituem a atual
ênfase exagerada no desenvolvimento de novas fontes de energia a partir de combustíveis fósseis.
c) Controle Democrático
A Produção Limpa envolve todas as pessoas afetadas pelas atividades industriais, como
trabalhadores, consumidores e comunidades. O acesso a informações e o envolvimento desses
atores sociais na tomada de decisões assegura o controle democrático. No mínimo, as
comunidades devem ter informações sobre emissões industriais e ter acesso a registros de
poluição, planos de redução de uso de substâncias tóxicas, bem como aos dados sobre os
ingredientes de um produto.
d) Abordagem Integrada e Holística
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A sociedade deve adotar uma abordagem integrada para o uso e o consumo de recursos
ambientais. Atualmente, a administração do ambiente é fragmentada, o que permite que os
poluentes sejam transferidos entre o ar, a água e o solo. As reduções nas emissões de poluentes
centradas nos processos de produção fazem com que o risco seja transferido para o produto. Esse
risco pode ser minimizado tratando-se corretamente todos os fluxos de materiais, água e energia, o
ciclo de vida útil completo do produto e o impacto econômico da passagem para a Produção
Limpa. A ferramenta usada para uma abordagem holística é a Análise do Ciclo de Vida Útil. A
abordagem integrada é essencial para assegurar que, quando materiais nocivos forem sendo
progressivamente eliminados — caso do PVC —, não sejam substituídos por substâncias que
representem novas ameaças ao ambiente.
3.2 O Desenvolvimento da Produção Limpa
Os governos tradicionalmente abordam o gerenciamento ambiental estabelecendo padrões
de cargas de poluição admissíveis para água, ar e terra. A indústria reage instalando equipamentos
— como filtros — só nos dispositivos de final de processo para manter esses padrões de emissão.
A contínua degradação do ambiente é prova de que essa abordagem tem falhas graves. Em
primeiro lugar, ela supõe que o ambiente pode tolerar certa quantidade de poluição. Além disso,
como água, ar e terra em geral são regulamentados por autoridades diferentes, essa fragmentação
resulta na troca de substâncias tóxicas entre ar, água e solo. São exemplos disso a descarga de
filtros contaminados em aterros nos quais envenenam tanto o solo como, por fim, o lençol
freático; ou lodo de esgoto contaminado queimado em incineradores de resíduos que provocam a
poluição do ar e também a do solo e do lençol freático quando as cinzas desse incinerador são
descarregadas.
Alguns governos reconheceram as limitações desse abordagem e introduziram o Controle
Integrado de Poluição. É o caso da Grã-Bretanha, da União Européia e da Suécia. Contudo,
mesmo essas políticas deixam de reconhecer que a maior parte da poluição não pode ser
controlada. A ênfase deve ser dada à prevenção.
Nos últimos anos, mais de 30 estados norte-americanos transformaram em lei a prevenção
da poluição e introduziram o planejamento obrigatório para a redução de substâncias tóxicas. O
estado de Massachusetts fundou o Instituto de Redução de Uso de Substâncias Tóxicas (TURI, de
Toxics Use Reduction Institute) para ajudar as indústrias a eliminar gradualmente o uso de
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materiais tóxicos nos processos de produção. O TURI também pesquisa e divulga ativamente
informações sobre processos e materiais mais seguros.
Contudo, a estratégia mais bem-sucedida para eliminar substâncias tóxicas de processos de
produção foi a introdução de proibições e reduções progressivas em âmbito nacional e regional.
São exemplos o chumbo, PCBs (bifenilas policloradas), DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) e
mercúrio. Infelizmente, as proibições não foram globais e a poluição continua a circular no
ambiente, tanto devido a emissões passadas como oriundas da produção em andamento. Ainda
assim, os resultados são significativos.
3.3 Produção Mais Limpa
Produção mais Limpa significa a aplicação continua de uma estratégia econômica,
ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso
de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de
resíduos gerados em um processo produtivo.
Esta abordagem induz inovação nas empresas, dando um passo em direção ao
desenvolvimento econômico sustentado e competitivo, não apenas para elas, mas para toda a
região que abrangem.
Tecnologias ambientais convencionais trabalham principalmente no tratamento de resíduos
e emissões gerados em um processo produtivo. São as chamadas técnicas de fim de tubo. A
Produção mais Limpa pretende integrar os objetivos ambientais aos processos de produção, a fim
de reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e periculosidade.
São utilizadas várias estratégias visando a Produção mais Limpa e a minimização de
resíduos.
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Figura 03: Produção mais limpa
A prioridade da Produção mais Limpa está no topo (à esquerda) do fluxograma: evitar a
geração de resíduos e emissões (nível 1). Os resíduos que não podem ser evitados devem,
preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produção da empresa (nível 2). Na sua
impossibilidade, medidas de reciclagem fora da empresa podem ser utilizadas (nível 3). A prática
do uso da Produção mais Limpa leva ao desenvolvimento e implantação de Tecnologias Limpas
nos processos produtivos.
Para introduzirmos técnicas de Produção mais Limpa em um processo produtivo, podem
ser utilizadas várias estratégias, tendo em vista metas ambientais, econômicas e tecnológicas.
A priorização destas metas é definida em cada empresa, através de seus profissionais e
baseada em sua política gerencial. Assim, dependendo do caso, poderemos ter os fatores
econômicos como ponto de sensibilização para a avaliação e definição de adaptação de um
processo produtivo e a minimização de impactos ambientais passando a ser uma consequência, ou
inversamente, os fatores ambientais serão prioritários e os aspectos econômicos tornar-se-ão
consequência.
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3.3 Exemplo de Aplicação do Programa Produção Mais Limpa
Sem nenhum investimento, como se operasse um verdadeiro milagre, a Erimpress
Etiquetas Ltda., pequena indústria gráfica de São Paulo, resolveu um problema ambiental que
atormentava seus funcionários e os moradores da vizinhança: ela simplesmente trocou o silicone à
base de solventes orgânicos que usava na fabricação de etiquetas adesivas por silicone à base de
água. O produto não perdeu qualidade e a empresa eliminou os fortes odores que tanto
perturbavam funcionários e vizinhos. A divulgação de casos como esse, da Erimpress, é feita pela
Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb), órgão ambiental do governo do
Estado de São Paulo, como parte dos preparativos para a Semana da Produção mais Limpa (P +
L), que terá início amanhã nos salões da Faculdades Integradas de São Paulo (Fisp), no bairro do
Morumbi. O caso da Eripress não é único entre o universo de empresas brasileiras a descobrir que
é possível resolver problemas ambientais e ao mesmo tempo reduzir custos e ampliar receitas.
Outro caso citado é o da 3M, indústria química de grande porte. Até há pouco tempo, a fábrica da
3 M de Sumaré, na região de Campinas, em São Paulo, vendia por preço irrisório toneladas de
retalhos de PVC acumulados na fabricação de tapetes para uso residencial. A fábrica investiu a
bagatela de R$ 3 mil em moldes e desenhos e passou a utilizar os retalhos para produção de
tapetes personalizados. Hoje, ela produz 14.400 tapetes por ano e fatura perto de US$ 36 mil.
4 CONCLUSÃO
Observa-se, pelo estudo realizado ultimamente cresce o interesse das empresas em integrar
em seus processos a responsabilidade social, além de dar sustentação aos pilares que norteiam essa
sustentabilidade, colocar produtos ecologicamente viáveis ao consumidor, minimizando os
impactos ambientais, e implantando tecnologias de produção, que minimiza o uso de recursos
naturais e geração de resíduos. Além de relacionar o fator econômico, é importante salientar, o
fator humano, que tem relação com os funcionários das empresas e comunidade em geral, esses
são integrantes que participam efetivamente das estratégias corporativa e sofrem o impacto do seu
desempenho. A metodologia empregada pelo programa P2 e Produção Mais Limpa, tem como
objetivo principal reduzir os impactos ambientais em suas fontes geradoras, ou seja, uma trata
implantação de tecnologias em todo ciclo de vida do produto, onde onera os impactos ambientais,
enquanto a P2, trata a Prevenção a Poluição, não com abordagem sistêmica, da fabricação dos
materiais, em intervenções pontuais que são realizadas.
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O papel do Empresário é manter as estratégias, direcionar as atividades que mantenham os
objetivos sociais, ambientais e humanos da corporação, manter os interesses econômicos,
garantindo, portanto a sustentabilidade ambiental.
5 REFERÊNCIAS
BITENCOURT, A. C. P.; et al. Sistematização do Reprojeto Conceitual de Produtos para o Meio Ambiente. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO, 3, 2001, Florianópolis. Anais eletrônicos. Florianópolis, 2001.
BARBIERE, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelo e Instrumentos, 1 ed. São Paulo: Editora Saraiva 2009.
CALLENBACH, E., et al. Gerenciamento Ecológico – Eco-Management – Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis. São Paul: Ed. Cultrix, 2009.
CETESB – SETOR DE TÉCNICAS DE PREVENÇÃO À POLUIÇÃO. Relatórios Ambientais. Metodologia para a implantação de um programa de P2. São Paulo. SP (2009) pg.
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EPA/530-R-09-015-Maio/09. disponivel em: http://www.epa.gov/epa.oswer/minimize (acesso 20/05/2009)
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GRAY, R. Responsabilidade, sustentabilidade e contabilidade social ambiental: o setor coorporativo pode se pronunciar?
http://www.gla.ac.uk/departments/accounting/csear/studentresources/index.html (acesso 15 maio de 2009)
GTZ-3PU BONN & FUNDAÇÃO EMPREENDER BRAZIL. Applyng Good house Keeping. Example nº 1. Bonn. Germany. (2009)
MANHAN, Staley. Enviromental Chemistry. 7ª ed. Bocaraton, Flórida.US.
LEWIS PUBLISHERS,2009. 898p.
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UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAME (UNEP). Diponível: http://www.uneptie.org/pc/cp (acesso em mai. 2009)
http://www.vanzolini.org.br/areas/desenvolvimento/producaolimpa