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livro sanchez
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Capítulo 6. Determinação do Escopo do Estudo e
Formulação de Alternativas
Determinação da Abrangência e Escopo de um EIA
A etapa de planejamento dos estudos ambientais é a chave da eficácia da
avaliação de impacto ambiental. Essa etapa tem como funções:
dirigir os estudos para temas que realmente importa;
estabelecer os limites e o alcance dos estudos;
planejar os levantamentos para fins de diagnóstico ambiental
(estudos de base), definindo as necessidades de pesquisa e de
levantamento de dados;
definir as alternativas a serem analisadas.
O escopo (o alcance dos estudos) pode ser definido como “a
identificação, dentre um vasto conjunto de potenciais problemas, de certo
número de questões prioritárias a serem tratadas no EIA”. Muitas vezes as
deficiências do EIA se dá pela falta de foco e excessiva generalidade dos
estudos.
Recomenda-se que a determinação do alcance seja feita pela autoridade
responsável tendo como base:
as leis e diretrizes aplicáveis a cada jurisdição;
buscando haver consistência com as características da atividade proposta
e a condição do ambiente receptor;
levando em conta as preocupações daqueles afetados pelo projeto.
Participação Pública nessa Etapa do Processo
A realização de um EIA é tarefa eminentemente técnica, e seu conteúdo não
pode ser determinado unicamente em função das preocupações do público. Há
questões que somente os técnicos ou cientistas conseguem identificar e
valorizar adequadamente, pois sua apreciação depende de conhecimento
especializado.
Beanlands e Duinker (1983) propõem dois critérios complementares:
Escopo social: visa identificar e compreender os valores de diferentes
grupos sociais e do público em geral, sendo variada a forma de consulta,
podendo incluir audiências públicas, reuniões abertas, pesquisas de
opinião, encontros com pequenos grupos ou lideranças comunitárias e a
criação de comissões multipartites, devendo todas essas formas
resultarem numa maior compreensão dos efeitos ambientais potenciais e
esclarecer quais são os problemas percebidos pela comunidade;
Escopo ecológico-científico: estabelece os termos e as condições sob as
quais os estudos podem efetivamente serem conduzidos.
Termos de Referência
Termo de referência (ou instruções técnicas) é um documento que
sintetiza as diretrizes de preparação dos estudos ambientais. Alguns são mais
detalhados (delimitando inclusive as metodologias) enquanto outros definem
apenas os pontos principais, deixando a metodologia a cargos do
empreendedor e dos consultores.
A Comissão Europeia recomenda que as diretrizes para a elaboração de
um EIA incluam:
alternativas a serem consideradas;
estudos e investigações de base que devem ser realizadas;
métodos e critérios a serem usados para previsão e avaliação dos
efeitos;
medidas mitigadoras que devam ser consideradas;
organizações que devam ser consultadas durante a realização dos
estudos;
a estrutura, o conteúdo e o tamanho do EIA.
A Resolução SMA 42/94 define um documento análogo chamado Plano
de Trabalho.
Diretrizes para Identificação das Questões Relevantes
Em termos práticos pelo menos três tipos de critérios tem se mostrado
úteis para definir as questões relevantes em um EIA:
a experiência profissional dos analistas;
a opinião do público;
requisitos legais.
É importante identificar os elementos relevantes do ambiente onde o
empreendimento pretende se instalar, sendo que, esses elementos podem não
estar protegidos legalmente, porém, tendo em vista a opinião do público, deve-
se tomar esse elemento como uma questão relevante, já que irá contra a
comunidade a sua alteração.
O planejamento e a organização de um EIA deve levar em conta as
questões relevantes, mas há muitas maneiras de inseri-las. Alguns temas podem
ser tratados em estudos especializados anexados ao estudo principal, desde que
suas conclusões e principais considerações sejam efetivamente usadas para a
análise do projeto.
A boa prática internacional da AIA recomenda que a seleção das
questões relevantes seja uma etapa formal do processo de avaliação, e que os
estudos ambientais sejam dirigidos para impactos ambientais potencialmente
significativos. Os termos de referência, preparados antes dos estudos
ambientais, devem orientar os estudos de base para que estes coletem os dados
necessários para a análise dos impactos relevantes e ajudem a definir as
medidas de gestão que assegurem efetiva proteção ambiental caso o projeto
venha a ser aprovado.
Formulação de Alternativas
O processo de AIA não se trata simplesmente da aprovação ou não de
um projeto, há também seu lado proativo: a formulação de alternativas
(mitigadoras) que tornem o projeto adequado para licenciamento.
Incluir nos termos de referência uma relação de alternativas a serem
tratados no EIA é, na maior parte dos casos, uma estratégia melhor que deixar
que alternativas “apareçam” durante o EIA, assim, a formulação de
alternativas deve estar inserida na etapa de determinação do escopo.
Capítulo 7. Etapas do planejamento e da elaboração
de um estudo de impacto ambiental
Duas perspectivas contraditórias na realização de um estudo de impacto
ambiental:
Um estudo de impacto ambiental é feito para uma determinada proposta
de empreendimento ou projeto de interesse econômico ou social que requerem
a realização de intervenções físicas no ambiente. Uma das finalidades da
avaliação de impacto ambiental é auxiliar na seleção da alternativa mais viável
em termos ambientais.
Há duas perspectivas bem diferentes para a elaboração de um estudo de
impacto ambiental:
1. Abordagem exaustiva: busca um conhecimento quase enciclopédico do
meio e supõe que quanto mais se disponha de informação, melhor
será a avaliação. Resultam longos e detalhados estudos de impacto
ambiental no qual o diagnóstico ambiental ocupa quase totalidade
do espaço. Nesse tipo de abordagem muitas vezes se peca em realizar
enormes listagens de dados sem qualquer estudo das relações que
esses dados estabelecem entre eles; por exemplo, pode-se fazer um
minucioso estudo sobre a geologia do local porém não se estuda qual
a real relevância desses dados com o projeto do empreendimento.
2. Abordagem dirigida: pressupõe que só faz sentido levantar dados que
serão efetivamente utilizados na análise dos impactos, ou seja, serão
úteis para a tomada de decisões. O objetivo é o entendimento das
relações entre o empreendimento e o meio e não a mera compilação
de informações, nem mesmo o entendimento da dinâmica ambiental
em si.
Como se começa um estudo de impacto ambiental?
Dentro da abordagem exaustiva o estudo começa pela compilação de
dados (sem um devido direcionamento prévio), já dentro da abordagem
dirigida a primeira atividade é a identificação preliminar dos prováveis
impactos ambientais (obviamente, deve-se ter um conhecimento básico a
respeito do local e do empreendimento), essa etapa é seguida da hierarquização
dos impactos com o objetivo de selecionar aqueles mais importantes. Também é
necessário o reconhecimento, que é feito por meio de uma visita de campo, de
mapas ou fotografias aéreas/satélites.
O entendimento do projeto cujos impactos serão analisados e suas
alternativas também possuem uma função bem importante, sendo que estes
dados geralmente já estão disponíveis pelo empreendedor.
Principais atividades na elaboração de um estudo de impacto
ambiental
São sete as atividades básicas na preparação de um estudo de impacto
ambiental (além das citadas acima), destas quais podem ser acrescentadas
algumas atividades preparatórias ou complementares como o estudo da
legislação e dos planos e programas governamentais incidentes sobre a área.
O plano de trabalho descreve a estratégia de execução do estudo e os
métodos que nele serão empregados. É composto por:
I. Breve descrição do empreendimento
II. Descrição das alternativas que serão avaliadas
III. Localização
IV. Delimitação da área de estudo
V. Características ambientais básicas da área
VI. Principais impactos prováveis devidos ao empreendimento
VII. Considerações sobre os prováveis impactos
VIII. Estrutura da proposta para o EIA e conteúdo de cada capítulo
IX. Metodologia de levantamento e tratamento de dados
X. Procedimentos de análise de impactos
XI. Formas de apresentação dos resultados
XII. Compromissos de consulta pública
Atividades preparatórias: Reconhecimento ambiental preliminar,
caracterização do projeto proposto e suas alternativas (permita disseminar
informação consistente e homogênea para todos os membros da equipe), análise
da compatibilidade do projeto proposto com a legislação ambiental (importante
pois um impedimento legal priva o resto do estudo), identificação da equipe
necessário e orçamento.
Identificação preliminar dos impactos prováveis: consiste na
preparação de uma lista das prováveis alterações decorrentes do
empreendimento.
Normalmente parte-se de uma descrição do empreendimento proposto e
de suas alternativas do estudo dos documentos de projeto disponíveis e de um
reconhecimento do local. Neste reconhecimento é possível identificar as mais
evidentes características ambientais que poderão ser afetadas pelo projeto.
A análise dos impactos do empreendimento será sempre feita com base
no estudo das interações possíveis entre as ações ou atividades que compõem o
empreendimento e os componentes ou processos do meio (relações de causa e
efeito).
É comum a utilização de checklists e outras listagens de impactos.
Determinação do escopo: alguns impactos causados por um
determinado empreendimento deverão ser considerados como mais
importantes que outros e deverão receber mais atenção no estudo de impacto
ambiental (questões de ordem cientifica e social).
Emprega-se o termo plano de trabalho para descrever o documento que
resulta da atividade de determinação do escopo de um estudo.
Estudo de base: têm uma posição central na sequência de etapas de um
EIA. Devem ser organizados de maneira a fornecer as informações necessárias
às fases seguintes do EIA, como previsão dos impactos, avaliação de sua
importância e elaboração de um plano de gestão.
É a atividade mais cara e mais demorada da avaliação de impacto
ambiental. Depois de se definir a informação, deve-se estabelecer as escalas dos
estudos e os métodos de coleta e a eventual necessidade de análises e os
procedimentos de tratamento e interpretação de dados.
Uma questão importante é a definição prévia da área de estudo, ou seja,
a área onde serão realizados os estudos de base e que se diferencia da área de
influência, uma vez que esta não é conhecida na fase dos estudos mas somente
depois de analisados os impactos e é definida como a área cuja qualidade
ambiental sofrera modificações direta ou indiretamente.
Identificação e previsão dos impactos: a análise dos impactos descreve
uma sequência de atividades. Como a avaliação de impacto ambiental é uma
atividade que visa a antecipar as consequências futuras de decisões presentes, a
previsão dos impactos é uma etapa fundamental do EIA.
A identificação é apenas uma enumeração das prováveis consequências
futuras de uma ação, a previsão é uma hipótese fundamentada e justificada
sobre o comportamento futuro de alguns parâmetros.
Avaliação dos impactos: enquanto a previsão dos impactos informa
sobre a magnitude ou intensidade das modificações ambientais, a avaliação
discorre sobre sua importância ou significância.
Plano de gestão: alguns planos poderão ser aceitáveis se houver medidas
capazes de reduzi-los, as medidas mitigadoras (ações que visam atenuar os
efeitos negativos). No EIA existem outras medidas além destas, esse conjunto
de medidas é denominado plano de gestão ambiental.
Este plano é o conjunto de medidas necessárias, em qualquer fase do
período de vida do empreendimento, para evitar atenuar ou compensar os
impactos adversos e realçar ou acentuar os benéficos.
Além das medidas mitigadoras, também estão inclusas medidas
compensatórias e de valorização. Outro componente essencial do plano de
gestão é o plano de monitoramento e acompanhamento.
Em suma, o plano de gestão é a ligação entre os estudos prévios e os
procedimentos de gestão ambiental que a empresa adotará caso o
empreendimento seja aprovado.
Custos do estudo e do processo de avaliação de impacto ambiental: os
principais itens a se considerar são:
i. Custo de elaboração do EIA;
ii. Custo de organização da consulta pública
Também devem-se estipular os custos em ações mitigadoras e
compensatórias, dos estudos complementares e subsequentes, como aqueles
que Brasil podem ser exigidos para a obtenção das licenças de instalação e de
operação e os custos da etapa de acompanhamento.
Conclusão: Análise dos Impactos = Identificação → Previsão → Avaliação