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RESUMO “CINCO NOTAS A PROPÓSITO DA QUESTÃO SOCIAL” Autor: José Paulo Netto- p. 41 até p.49 *Na agenda contemporânea do Serviço Social brasileiro, a “questão social” é o ponto saliente. * Assim, a atualidade da “questão social” se põe tanto para os assistentes sociais de campo quanto para aqueles que se ocupam, especialmente na academia, com a formação das novas gerações profissionais e com a investigação da realidade social. A expressão “questão social” surge para dar conta do fenômeno mais evidente da historia da Europa Ocidental que experimentava os impactos da primeira onda industrializante, iniciada na Inglaterra no último quartel do século XVIII: tratava-se do fenômeno do pauperismo. Com efeito, a pauperização (nesse caso, absoluta) massiva da população trabalhadora constituiu o aspecto mais imediato da instauração do capitalismo em seu estágio industrial concorrencial e não por acaso engendrou uma copiosa documentação. A designação desse pauperismo pela expressão “questão social” relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos sócio políticos. Foi a partir da perspectiva efetiva de uma eversão da ordem burguesa que o pauperismo designou-se como “questão social”. A partir da segunda metade do século XIX, a expressão “questão social” deixa de ser usada indistintamente por críticos sociais de diferenciados lugares do espectro ideo-politico ela desliza lenta, mas nitidamente, para o vocabulário próprio do pensamento conservador. Entre os pensadores laicos, as manifestações imediatas da “questão social” (forte desigualdade, desemprego, fome, doenças, penúria, desamparo frente a conjunturas econômicas adversas etc.) são vistas como o desdobramento, na sociedade moderna (leia-se burguesa), de características inelimináveis de toda e qualquer ordem social, que podem, no máximo, ser objeto de uma intervenção politica limitada (preferencialmente com suporte “científico”), capaz de amenizá-las e reduzi-las através de um ideário reformista (aqui, exemplo mais típico é oferecido por Durkheim e sua escola sociológica). As expressões ideais do campo burguês são: *culturais teóricas e ideológicas O conhecimento rigoroso do “processo de produção do capital” Marx pode esclarecer com precisão a dinâmica da “questão social”, consistente em um complexo problemático muito amplo, irredutível à sua manifestação imediata do pauperismo. A análise marxiana fundada no caráter explorador do regime do capital permite, muito especialmente, situar com radicalidade histórica a “questão social”, isto é, distingui-la das expressões sociais derivadas da escassez nas sociedades que precederam a ordem burguesa. A “questão social”, nesta perspectiva teórica analítica, não tem a ver com o desdobramento de problemas sociais que a ordem burguesa herdou ou com traços invariáveis da sociedade humana; tem a ver exclusivamente, com a sociabilidade erguida sob comando do capital.

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RESUMO CINCO NOTAS A PROPSITO DA QUESTO SOCIALAutor: Jos Paulo Netto- p. 41 at p.49 *Na agenda contempornea do Servio Social brasileiro, a questo social o ponto saliente. * Assim, a atualidade da questo social se pe tanto para os assistentes sociais de campo quanto para aqueles que se ocupam, especialmente na academia, com a formao das novas geraes profissionais e com a investigao da realidade social.A expresso questo social surge para dar conta do fenmeno mais evidente da historia da Europa Ocidental que experimentava os impactos da primeira onda industrializante, iniciada na Inglaterra no ltimo quartel do sculo XVIII: tratava-se do fenmeno do pauperismo. Com efeito, a pauperizao (nesse caso, absoluta) massiva da populao trabalhadora constituiu o aspecto mais imediato da instaurao do capitalismo em seu estgio industrial concorrencial e no por acaso engendrou uma copiosa documentao.A designao desse pauperismo pela expresso questo social relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos scio polticos. Foi a partir da perspectiva efetiva de uma everso da ordem burguesa que o pauperismo designou-se como questo social.A partir da segunda metade do sculo XIX, a expresso questo social deixa de ser usada indistintamente por crticos sociais de diferenciados lugares do espectro ideo-politico ela desliza lenta, mas nitidamente, para o vocabulrio prprio do pensamento conservador.Entre os pensadores laicos, as manifestaes imediatas da questo social (forte desigualdade, desemprego, fome, doenas, penria, desamparo frente a conjunturas econmicas adversas etc.) so vistas como o desdobramento, na sociedade moderna (leia-se burguesa), de caractersticas ineliminveis de toda e qualquer ordem social, que podem, no mximo, ser objeto de uma interveno politica limitada (preferencialmente com suporte cientfico), capaz de ameniz-las e reduzi-las atravs de um iderio reformista (aqui, exemplo mais tpico oferecido por Durkheim e sua escola sociolgica). As expresses ideais do campo burgus so: *culturais tericas e ideolgicasO conhecimento rigoroso do processo de produo do capital Marx pode esclarecer com preciso a dinmica da questo social, consistente em um complexo problemtico muito amplo, irredutvel sua manifestao imediata do pauperismo. A anlise marxiana fundada no carter explorador do regime do capital permite, muito especialmente, situar com radicalidade histrica a questo social, isto , distingui-la das expresses sociais derivadas da escassez nas sociedades que precederam a ordem burguesa.A questo social, nesta perspectiva terica analtica, no tem a ver com o desdobramento de problemas sociais que a ordem burguesa herdou ou com traos invariveis da sociedade humana; tem a ver exclusivamente, com a sociabilidade erguida sob comando do capital.Na sequncia da Segunda Guerra Mundial, e no processo de reconstruo econmica e social que ento teve curso, especialmente na Europa Ocidental, o capitalismo experimentou o que alguns economistas franceses denominaram de as trs dcadas gloriosas da reconstruo transio dos anos sessenta aos setenta, mesmo sem erradicar as suas crises peridicas, o regime do capital viveu uma larga conjuntura de crescimento econmico.A conjuno globalizao mais neoliberalismo veio para demonstrar aos ingnuos que o capital no tem nenhum compromisso social o seu esforo para romper com qualquer regulao poltica, extra- mercado, tem sido coroado de xito.