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Os impactos antrópicos ainda representam uma grande ameaça ao peixe-boi marinho Robert Bonde fala sobre a conservação do manatee nos EUA Projeto forma rede de colaboradores em prol da conservação da espécie EDIÇÃO 4 Fundação Mamíferos Aquáticos | Patrocínio: Petrobras FOTO ACERVO FMA 20 ANOS DE ECO OFICINA PEIXE-BOI & CIA SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 4ª Edição

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Periódico de comunicação e pesquisa sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, uma estratégia da Fundação Mamíferos Aquáticos em prol da conservação da espécie no Nordeste do Brasil. O projeto é patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.

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Os impactos antrópicos ainda representam uma grande ameaça ao peixe-boi marinho

Robert Bonde fala sobre a conservação do manatee nos EUA

Projeto forma rede de colaboradores em prol da conservação da espécie

E D I Ç Ã O 4Fundação Mamíferos Aquáticos | Patrocínio: Petrobras

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20 anos de eco oficina PeiXe-Boi& cia

SuStentabilidade Socioambiental

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Há 17 anos investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho.

FOTO LUCIANO CANDISANI

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E D I Ç Ã O 4

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eQuiPe PRoJeto ViVa oPeiXe-boi maRinHoJoão Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do Projeto/ Diretor-presidente da FMA)Maria Elisa Pitanga (Coordenadora técnica do Projeto)Jociery Vergara-Parente (Coordenadora científica eDiretora vice-presidente da FMA)Daniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)Maíra Braga (Assessora técnica de Inclusão Social)Gisela Sertório (Educadora ambiental)Jaqueline Said Said (Oceanógrafa)Larissa Molinari Jung (Médica veterinária do Projeto)Karlilian Magalhães (Jornalista)Giovanna Monteiro (Estagiária - Design Gráfico)Patrícia Menezes (Gerente Administrativa e Financeira)Genilson Geraldo (Agente de campo)Sebastião Silva (Colaborador - Ecólogo Universitário)

ReViSta a boRdoJornalista responsável Karlilian Magalhãesdesign gráfico Giovanna MonteiroRevisão técnica João Carlos Gomes Borges e Maria Elisa Pitanga

TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel Passoscoluna científica Robert Bondediário de bordo Gisela SertórioResumo científico Maíra BragaGPS Maria Elisa Pitanga e Larissa Molinari Jung

eSPecialOs impactos antrópicos aindarepresentam uma grande ameaça ao peixe-boi marinho

educaÇÃo ambientalPVPBM forma rede de colaboradores em prol da conservação da espécie

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16 coluna cientÍFicaA conservação dos manatees nos EUA

PeSQuiSaDesenvolvimento local na Área de Pro-teção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape - Rio Tinto/Paraíba

diÁRio de boRdoGisela Sertório

FmaMonitoramento da biota marinha é realiza-do pela Fundação

GPS

iluStRaÇÃo

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29 Foto ReFleXÃo

caPa20 anos de Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia.

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João Carlos Borges Gomes, Diretor-presidente da Fundação Mamíferos AquáticosKarlilian Magalhães, Assessora de Comunicação da Fundação Mamíferos Aquáticos

Caros leitores, chegamos à quarta edição da Revista A Bordo, um periódico criado cuidadosamente pelo Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho com o objetivo de levar informações e de sensibilizar o público sobre a importância da conservação do peixe-boi marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Aqui, você pode acompanhar notícias sobre o meio ambiente, sobre a espécie em questão e sobre os esforços desenvolvidos em prol da sua conservação no Nordeste do país.

Nesta edição, você vai conhecer um pouco da história da Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia - uma ação de cunho socioambiental desenvolvida, desde 1994, pela FMA junto à comunidade da Barra de Maman-guape, com o objetivo de promover a geração de renda sustentável para mulheres da região a partir da produção de bonecos de pelúcia alusivos ao peixe-boi e outros mamíferos aquáticos. Você vai saber também como funciona a Rede de Colaboradores criada na Paraíba em prol da conservação da espécie.

A Revista traz ainda uma matéria especial sobre a ameaça que os impactos antrópicos representam à saúde e à vida do peixe-boi marinho e um estudo interessante sobre desenvolvimento comunitário na Barra de Mamanguape. Traz, também, convidados especiais, como o pesquisador Robert Bonde, um dos maiores nomes quando se fala em conservação de Sirênios no mundo, que vai nos deixar infor-mados sobre como anda a conservação dos manatees na Flórida (EUA). E na nossa seção ilustração, estamos recebendo o artista plástico ambiental Alexandre Huber.

Esperamos que vocês gostem e que continuem refletindo sobre as questões ambientais e sobre a pos-sibilidade de termos um mundo melhor, onde a natureza seja respeitada e onde os homens e os animais possam conviver harmonicamente.

Boa leitura e até breve!

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EDITORIAL

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Linhas, olhos com travas, tecidos, fibras antialérgi-cas... Pelas mãos das costureiras e artesãs da Barra de Mamanguape (PB), os materiais vão se entre-laçando, ganhando corpo e se transformando em bonecos de pelúcia, de alta qualidade, alusivos ao peixe-boi marinho, peixe-boi amazônico e baleia-franca. Depois de prontos, eles viajam quilômetros para serem vendidos em pousadas, hotéis, lojas e instituições que de alguma forma se relacionam com as espécies. A iniciativa gera renda para a comunida-de local e ajuda na sensibilização sobre a importância da conservação dos mamíferos aquáticos e do meio ambiente. A equipe de Inclusão Social do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - conduzido pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) e patrocinado pela PE-TROBRAS, através do Programa Petrobras Socio-ambiental - tem como um dos objetivos promover o desenvolvimento das mulheres da região, apoiando - com oficinas de capacitação, intercâmbios de vivên-cias, acompanhamento técnico e logístico - a asso-ciação de mulheres responsáveis pela produção das pelúcias da marca Eco-Oficina Peixe- Boi & Cia, que agora está completando duas décadas de existência. “Acreditamos que este produto representa um es-forço coletivo em prol da conservação das espécies e que cada pessoa que adquire um boneco é mais uma esperança nossa de ter um colaborador sensi-bilizado nessa luta para que o peixe-boi saia da lis-ta de espécies ameaçadas de extinção”, diz Daniela Araújo, técnica de Inclusão Social do Projeto Viva o

Peixe-Boi Marinho. Os produtos são feitos diaria-mente e também por encomenda, o que faz com que a produção varie de acordo com a demanda. “Já teve vez que a gente produziu 1500 bonecos de pei-xe-boi chaveirinho em um mês”, diz Maria José Brito, costureira. “É uma felicidade imensa quando vemos tudo prontinho para ser entregue, sabendo que as pelúcias vão para longe, fazer as pessoas felizes e fi-carem sabendo dos produtos que a gente faz aqui”, complementa Ednalva Silva dos Santos, artesã local.

Quem imaginaria que estas pelúcias seriam criadas há 20 anos, em um local isolado dos grandes cen-tros urbanos, num cenário paradisíaco de praia, coqueiros, dunas, restingas e manguezal? A história começou em 1994, na comunidade da Barra de Ma-manguape, litoral norte da Paraíba, onde a Funda-ção Mamíferos Aquáticos já atuava com atividades de pesquisa em prol da conservação do peixe-boi marinho. Apesar de muito bonito, o local oferecia poucas possibilidades de renda. O povoado era mui-to simples, a maioria dos homens trabalhava com pesca artesanal e as mulheres cuidavam dos filhos e ajudavam na renda familiar catando e vendendo ma-risco e trabalhando em casas de veraneio, realidade que dura até os dias atuais. Na época, notava-se que muitos jovens abandonavam a região para buscar emprego e melhorar de vida nas cidades grandes, sobretudo o Rio de Janeiro.

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FOTO HENRIQUE PONTUAL

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Foi então que a FMA percebeu que poderia contri-buir com a comunidade promovendo uma atividade que ocupasse as jovens mulheres e que gerasse uma alternativa de renda para que elas não tivessem que abandonar o local de origem. O primeiro passo foi promover um curso de corte, costura e bordado. A partir deste curso, pôde-se perceber que as jovens tinham potencial para executar algo maior. Na épo-ca, a FMA tinha contato com uma fornecedora de bonecos de pelúcia que havia desenvolvido uma mo-delagem especial alusiva ao peixe-boi marinho. As jovens então começaram a confeccionar os bonecos a partir dessa modelagem. Todo o trabalho era feito dentro da estrutura do Projeto Peixe-Boi, onde a FMA atuava. Ao produto foi sendo então agregado um valor socioambiental - além de estar contribuin-do com geração de renda local, de forma sustentá-vel, ainda colaboraria na sensibilização para a conser-vação da espécie e do meio ambiente. Com o passar do tempo, os bonecos, de tão carismáticos, foram

conquistando o público e gerando uma demanda crescente. Para poder ganhar um mercado, os pro-dutos foram se qualificando cada vez mais, por meio de busca de parcerias com entidades como a Mille-nium e o SEBRAE e de conquistas como o selo de segurança, aprovação e qualificação do INMETRO.

A iniciativa, chamada de Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia, foi ganhando força e personalidade. Saiu das instala-ções do Projeto Peixe-Boi e passou a ter um espaço próprio. A FMA adquiriu um terreno e, com a ajuda da Fundação O Boticário, um espaço foi construí-do e equipado com máquinas de costura e material para a confecção dos bonecos. E é neste espaço que até hoje são produzidas as pelúcias, que ganharam as versões de peixe-boi marinho, peixe-boi amazônico e baleia-franca. Os bonecos variam em tamanhos grandes, médios e pequenos e em chaveiros, porta-moedas e estojos de lápis.

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SERVIÇOPara adquirir as pelúcias Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia, visite o site da Fundação Mamíferos Aquá-ticos (www.mamiferosaquaticos.org.br) ou entre em contato por telefone e por e-mail:Tel.: 081 3304.1443 e-mail: [email protected]

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FOTO KARLILIAN MAGALHÃES

Com o amadurecimento da iniciativa, as jovens des-te grupo produtivo, hoje mulheres adultas, criaram a Associação Eco-Oficina Mamíferos Aquáticos da Barra de Mamanguape, que atualmente, com a par-ceria e o apoio da FMA, é responsável pela produ-ção das pelúcias da Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia. A Associação tem um papel importante, na medida em que é um espaço para exercitar o empoderamento e a valorização da mulher no contexto local, e a au-togestão de um negócio social. Por meio do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, a FMA está investindo es-forços no desenvolvimento deste grupo, sobretudo na formulação participativa de um plano de gestão e de negócios que propicie a sustentabilidade dessa ação, além do apoio no acompanhamento técnico e logístico, incluindo compra de material, transporte e escoamento do produto.

A equipe de Inclusão Social do Projeto percebeu que para promover o desenvolvimento sustentável da região (incluindo comunidades vizinhas da Barra), além de voltar a atenção para a Associação, teria também que haver uma articulação com outros mo-radores locais que realizam atividades produtivas e que também necessitavam de uma orientação para a construção de um plano de negócios. As oficinas de capacitação previstas para as mulheres da Asso-ciação foram ampliadas para que todos pudessem participar. A primeira capacitação reuniu as mulhe-res das comunidades na ‘Oficina Mulher Empre-endedora – Fortalecendo a Identidade Feminina para os Negócios’, numa parceria com o SEBRAE

da Paraíba. A segunda, intitulada ‘Oficina Desenvol-vimento Comunitário’, foi mais longa e dividida em três módulos, e teve como facilitador o consultor Alexandre Botelho. A partir dessas oficinas, foi cons-truído um plano de ação para o desenvolvimento comunitário da região. Atualmente, os moradores estão participando de rodas de conversa e orienta-ção para colocar o plano em prática.

Moradoras da Barra deMamanguape na OficinaMulher Empreendedora.

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educaÇÃo ambiental

Rede de colaboRadoReS é cRiada na PaRaÍba em PRol da conSeRVaÇÃo do PeiXe-boi maRinHoFormada durante as ações de campanha de sensibilização e informação do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, a rede de colaboradores já conta com 55 voluntários interessados em ajudar na conservação do mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. São estudantes, pescadores, líderes comu-nitários, presidentes de colônia, polícia ambiental, secretários de Turismo e Meio Ambiente, donos de pousadas e restaurantes de nove municípios do litoral paraibano. A ideia é que eles fiquem atentos a qualquer ocorrência que envolva encalhes de mamíferos aquáticos ou situações que coloquem em risco a vida do peixe-boi marinho naquela região.

FOTO MARIA ELISA PITANGA

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A rede funciona desta forma: caso haja alguma eventualidade, os voluntários entram em contato com a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – conduzido pela Fundação Mamíferos Aquáticos e patrocinado pela PETROBRAS, através do Progra-ma Petrobras Socioambiental – que se desloca até o local o mais rápido possível. Os voluntários tam-bém podem auxiliar com informações a respeito do animal, bem como no resgate e em atividades de sensibilização. As comunidades litorâneas envolvidas na rede vêm sendo abordadas pelo Projeto desde fevereiro deste ano, quando realizou campanhas, vi-sitas técnicas e informativas, além de palestras eco educativas sobre aspectos biológicos, ameaças e sta-tus de conservação do peixe-boi marinho.

“A rede é de suma importância na luta pela conser-vação da espécie. Em casos de encalhe, por exem-plo, quanto mais breve a nossa equipe souber do ocorrido, mais rápido ela chega ao local e mais chan-ce de vida o animal tem. A rede também aproxima as comunidades do Projeto e, com isso, o nosso ob-jetivo – de evitar a extinção do peixe-boi marinho no Nordeste do Brasil – ganha mais força e aliados”,

diz Gisela Sertório, educadora ambiental do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

Na Paraíba, a orientação para caso alguém encontre um peixe-boi marinho ou qualquer mamífero aquá-tico encalhado (vivo ou morto), é comunicar pri-meiramente ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a própria FMA, pelos telefones: (83) 9961-1338/ (83) 9961-1352/ (81) 3304-1443. Se o animal estiver vivo, siga as seguin-tes recomendações: 1- Se estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2- Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água; 3- Evite aglomeração a sua volta.

FOTO ACERVO FMA

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eSPecial

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oS imPactoS antRóPicoS ainda RePReSentam uma GRande ameaÇa ao PeiXe-boi maRinHo

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Barra de Mamanguape, litoral norte da Paraíba, 14h do dia 16 de agosto de 2014: a equipe da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) recebe a informação de que um peixe-boi marinho foi encontrado no rio da Guia, município de Lucena, com cortes origina-dos por hélice de embarcação. Tratava-se de Puã, um animal reintroduzido, que hoje vive em ambien-te natural e circula pelo estuário, braços de rios e por zonas litorâneas de toda a Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (PB). As-sim que acionada pelos monitores da APA/ ICMBio, Larissa Molinari Jung, médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – que é conduzido pela FMA e patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental – foi em busca de Puã para examiná-lo. O animal recebeu o atendi-

mento adequado, mas carregará cicatrizes na região dorsal pelo resto da vida.

Infelizmente, casos como o de Puã estão aumentan-do no Brasil. Há registros de acidentes como este nos estados de Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte. As hélices de embarcações são de fato gran-des causadoras de ferimentos e mutilações em sirê-nios. O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho alerta que em áreas de ocorrência da espécie – como estuá-rio e mar, principalmente nas zonas de alimentação (onde há presença de macroalgas e capim agulha, por exemplo) –, é necessário que o condutor diminua a velocidade das embarcações e fique atento à presen-ça dos animais.

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Da esquerda para direita, alguns dos impactos ambientais que ameaçam a vida dos peixes-bois marinhos: lixo jogado nas praias, mares e rios; construções desordenadas nas margens dos estuários. Abaixo, ima-gens dos ferimentos na região dorsal de Puã causadas por hélice de embarcação.

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES

FOTOS LARISSA MOLINARI JUNG

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Atitudes simples podem ajudar a reverter esta situação, como:- Não jogar lixo nas praias, pois o mesmo ocasiona a poluição do mar e estuá-rio, acarretando danos diretos aos peixes-bois marinhos, que acabam confun-dido o lixo com comida, podendo ficar doentes e até morrer; - Não construir casas e estabelecimentos em áreas de manguezais, pois é lá que se concentram diversos nutrientes necessários para a alimentação do peixe-boi marinho, sendo ainda o local de reprodução e descanso da espécie; - Proteger as matas e os mangues. Ao conservar estas áreas, você evita o assoreamento dos estuários. Esse assoreamento impende a entrada das fê-meas que buscam o estuário e áreas protegidas para parir. Com o compro-metimento destas áreas costeiras, muitas vezes as fêmeas se reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes;- Ao utilizar embarcações motorizadas, ter especial atenção nas áreas de ocorrência da espécie, pois a hélice das embarcações podem ferir os animais;- Evitar ancorar embarcações nas áreas com bancos de corais, fanerógamas marinhas (capim-agulha) e algas-marinhas.

“Com certeza ele escapou de algo que poderia ter sido muito maior. Os seus cortes não foram tão pro-fundos, o que facilitou a sua cicatrização, além de estarem localizados em seu dorso, não comprome-tendo seu deslocamento, visão ou respiração. Ob-servamos, no local, tanto pequenas canoas quanto embarcações motorizadas de maior porte e todas bem próximas a ele, porém não podemos afirmar em que localização exata do litoral este animal esta-va quando foi atingido. Infelizmente, mesmo em áre-as protegidas, sem constantes fiscalizações, os riscos acabam existindo. O PVPBM continua com sua cam-panha de sensibilização efetiva no litoral paraibano, pois quanto mais a população conhecer o animal e os perigos que ele corre mais parceiros somos nes-ta proteção. Torcemos para que Puã não seja vitima novamente de nenhuma situação antrópica, afinal a casa é dele”, diz Larissa Molinari Jung.

Outros fatores ocasionados por seres humanos também colocam em risco o ambiente, a saúde e a vida da espécie e contribuem para que o peixe-boi marinho ocupe o status de criticamente ameaçado de extinção no Brasil. Lixo, esgoto e substâncias tó-xicas lançadas nos mares e nos rios, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, perda de ha-bitat (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca.

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coluna cientÍFica

manatee ReSeaRcH on tHe FloRida manatee: FouR decadeS and continuinGPOR ROBERT BONDEPhD, pesquisador do Sirenia Project do U.S. Geological SurveyEstuda manatees (peixes-bois) há mais de 36 anos.FOTOS U.S. GEOLOGICAL SURVEY - SIRENIA PROJECTTRADUÇÃO: FMA

O mistério dos manatees (peixes-bois, em portu-guês) sempre intrigou as pessoas. Eles vivem literal-mente em nossos quintais. Pelas regiões costeiras da Flórida, nós frequentemente podemos vê-los em ca-nais e vias navegáveis, mas a população de manateesnem sempre foi tão abundante. A população do peixe-boi da Flórida foi provavelmente reduzida na virada do século, devido à caça ocasional. Quando as usinas foram inicialmente construídas em 1950 e 60, para atender às demandas de energia de uma população humana crescente, os manatees usavam a água quente gerada como refúgio do inverno e dos“stepping stones” para poderem migrar em direção ao norte. Os peixes-bois são fisiologicamente inca-pazes de sobreviver durante longos períodos, quan-do sujeitos a temperaturas frias de água abaixo de 20 ° C, e no inverno, o manatee deve procurar água quente para sobreviver. Eles encontram o calor em nascentes naturais artesianas, sistemas de bacias tér-micas passivas e fontes artificiais, como as descargas industriais e usinas de energia. O fechamento inevi-tável de fontes artificiais de água quente no futuro (como as usinas) vai reduzir o número de refúgios de água quente disponível para os peixes-bois du-rante o inverno. Portanto, esforços foram direcio-nados na identificação de fontes naturais de água morna para os peixes-bois utilizarem. Atualmente, a população mínima de manatee é estimada em mais de 5.000 indivíduos.

O número de mortes de peixe-boi tem continuado a aumentar anualmente desde que os registros co-meçaram, há aproximadamente 50 anos. Embora o número registrado de mortes tenha aumentado a cada ano, o número de nascimentos é desconhecido. Como tem sido observado um aumento na popu-lação global dos peixes-bois da Flórida nas últimas décadas, o número de nascimentos, evidentemente, ultrapassou o número de mortes. Se esta tendência continuará ou não, vai depender de fatores ambien-tais e antrópicos. O USGS e parceiros vão continuar a acompanhar esta tendência.

Os manatees são uma espécie protegida e toda a pesquisa só é possível com licenças adequadas. Essas licenças, quando concedidas, são necessárias para garantir que a pesquisa seja adequada e humanizada, e para evitar esforço duplicado. Licenças geralmente orientam projetos para tratar de questões específi-cas descritas no Manatee Recovery Plans (Plano de Recuperação de Manatee), que delineia as priori-dades para a recuperação de peixes-boi das Índias Ocidentais na Flórida e Porto Rico. Os peixes-bois foram protegidos na Flórida por leis estaduais desde o início de 1900, e estão protegidos por leis fede-rais sob a Lei das Espécies Ameaçadas de 1973 e da Lei de Proteção de Mamíferos Marinhos de 1972. A Lei Florida Manatee Sanctuary de 1978 também estabelece como necessário o habitat para ajudar a garantir a sua sobrevivência.

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Antes de 1970, poucos estudos detalhados sobre peixes-bois foram realizados, enquanto que o maior impulso da pesquisa foi seguido ao de pesquisa fe-deral em manatees iniciada em 1974, a qual foi re-alizada pelo U.S. Geological Survey’s Sirenia Project e anteriormente com U.S. Fish and Wildlife Service. A pesquisa do Sirenia Project tem crescido conside-ravelmente desde 1974, com contribuições signifi-cativas por parte da Florida Fish and Wildlife Con-servation Commission, agências federais, estaduais e locais, instituições acadêmicas, oceanários e orga-nizações sem fins lucrativos. Avanços foram feitos no desenvolvimento e aplicação de rádio marcação com posterior monitoramento, fornecendo exten-sos estudos de longo prazo por meio de foto-do-cumentação dos indivíduos para estimar as taxas de reprodução e sobrevivência, observação direta do comportamento e de acontecimentos na história de vida, avaliação de habitat e mapeamento GIS (Siste-ma Geográfico de informação), nutrição e ecologia alimentar, fisiologia, genética e paleontologia. Gran-de parte dos dados recolhidos pelos pesquisadores é usada no desenvolvimento de modelos predefini-dos para informar gestores sobre a tomada de de-cisões de recuperação. A pesquisa resultou em inú-meras publicações que têm sido valiosas para outros pesquisadores de todo o mundo. Este espírito de partilha de dados e informações tem sido parte inte-grante para o estabelecimento de uma estrutura de

linha de base para o desenvolvimento de planos de estudos regionais e locais em outros países. Muitos estudos sobre sirênios têm sido possíveis através da colaboração com parceiros internacionais na Austrá-lia, Belize, Brasil, Colômbia, Cuba, México, Panamá, e diversos países na África.

O público abraçou a conservação dos manatees, e essa ética elevou a consciência de que muitos fato-res influenciam o nosso planeta hoje. As perspec-tivas a curto-prazo para o peixe-boi da Flórida são boas. No entanto, como o nosso planeta continua a mudar e a responder a essas mudanças, habitats e ecossistemas são continuamente desafiados. É difícil prever como essas mudanças vão afetar as popula-ções Sirênias. Esperamos o melhor, e com proteções adequadas, estamos confiantes de que os manatees estão resistentes o suficiente para sobreviver bem até o futuro distante.

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O peixe-boi marinho faz parte da minha história de vida há um bom tempo, desde quando era estudante de Oce-anografia, há cerca de 10 anos. Foi devido ao encanta-mento por esta espécie, sua causa e problemática, que acabei tendo experiências de vida enriquecedoras, ao ir, por exemplo, fazer um estágio com os peixes-bois mari-nhos na Colômbia. Esta experiência foi um marco signifi-cativo, pois foi a primeira vez que encontrei o peixe-boi marinho na natureza, depois de anos me esforçando para a realização deste sonho. E a emoção de encontrá-lo e reintroduzi-lo na sua casa, o mar, contribuiu para meu envolvimento íntimo com a conservação e preservação da espécie. Para mim, é um animal de extrema impor-tância para a natureza, tanto pelo seu valor intrínseco de vida, como pelo seu papel ecológico no habitat de auxiliar o equilíbrio da vida marinha. E quando olho para este mamífero aquático e penso na atual condição que ele se encontra hoje, criticamente ameaçado de extinção, vejo a oportunidade e responsabilidade que nós seres humanos temos de reverter esta situação e realmente transformar a maneira de nos relacionarmos com o meio ambiente.

POR GISELA SERTÓRIOEducadora Ambiental do PVPBMOceanógrafa

DiárioDe BorDo

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Cheguei ao Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho por meio do edital lançado pela Fundação Mamíferos Aquáticos, porém fui chamada para substituir a an-tiga educadora ambiental. Lembro da minha che-gada à Barra de Mamanguape, quando, no carro, conversando com as pessoas da equipe, uma delas me chamou a atenção para perceber como as ca-sas das comunidades que integram a APA da Barra do Rio Mamanguape são coloridas e tem flores no quintal. Isso me deu uma sensação alegre de boas-vindas. Aqui na Barra é muito fácil se sentir bem com o cenário natural, que mistura coqueiros com um estuário lindo cheio de barcos artesanais, em um ritmo de vida simples. Para mim, estar aqui é real-mente concretizar um sonho de vida e profissional, pois sempre lia sobre a história da conservação do peixe-boi marinho que está tão ligada com a história deste local e das pessoas que aqui vivem.

Ser educadora ambiental do PVPBM, neste momen-to de minha vida, é o maior aprendizado que tenho, pois me faz perceber, por exemplo, como muitas ve-zes pequenas ações de mobilização social fazem uma diferença imensa na vida das pessoas, e isso contri-bui muitas vezes pra qualidade de vida da comuni-dade. Percebo também a forte relação que existe na problemática das questões socioambientais com as habilidades que necessitamos desenvolver para trabalhar coletivamente no mesmo caminho. As atividades de educação ambiental são sempre um pouco desafiadoras, já que é uma ferramenta de intervenção socioambiental e tem uma perspectiva interdependente sempre vale a pena refletir sobre os passos que estamos dando para conseguir enxer-gar com clareza onde realmente queremos chegar.

Dentre as atividades que excuto, tem as campanhas de sensibilização e informação do peixe-boi mari-nho nas praias da Paraíba, nas quais sempre é ne-cessário um esforço de toda a equipe. Saímos bem cedo aqui da Barra para uma praia, que, na maioria das vezes, não conhecemos. Vamos aos locais com uma visão das prioridades que temos que fazer, mas cada comunidade tem sua peculiaridade, as pessoas que se interagem conosco fazem toda a diferença para a dinâmica de sensibilização de cada município. Também faz parte da minha rotina de trabalho estar incentivando as atividades dos agentes ambientais formados pelo PVPBM, e isso abre a possibilidade

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de trabalhar de uma maneira mais engajada com os jovens da comunidade. Nestas ações, eles são sem-pre estimulados a estarem ativos em todas as partes do processo. Acompanho também as atividades de-senvolvidas pela linha do desenvolvimento comuni-tário, pois são duas linhas de ações que caminham bem juntas no sentido de estar aproximando cada vez mais a comunidade com as atividades do projeto.

Trabalhar num projeto de conservação do peixe-boi marinho é primeiramente a concretização de um so-nho antigo. Isso me dá um contentamento interno e energia para ir adiante com as minhas atividades, ou mesmo com desafios que tenho que enfrentar, pois sei que o propósito que o projeto traz é de grande valor. Os desafios do trabalho variam conforme o momento. Algumas vezes, a condição de se morar bastante afastado da cidade se torna um desafio, a condição de trabalhar em um grupo pequeno faz com que a convivência muitas vezes também se tor-ne um desafio, pois cada pessoa tem seu jeito de lidar com a vida. Morar longe de casa é sempre um crescimento pessoal, uma maneira de sair da zona de conforto e ir realmente atrás do que se deseja. Sempre que me mudo para um novo local é uma nova oportunidade de refazer a vida. Novos laços são feitos, novos costumes são integrados à rotina e assim as experiências de vida vão ficando mais ricas, com novas histórias pra contar.

Neste período de atuação do projeto, vários mo-mentos foram marcantes... Um, em especial, me dei-xou muito emocionada... Foi no Forró do Peixe-Boi, evento promovido no mês de janeiro, aqui na Barra de Mamanguape. A atividade demandou muito es-forço da equipe toda e estávamos bastante ansiosos para que todos os detalhes desse certo. Dentro das atividades do evento, uma das mais esperadas foi a Regata do Peixe-Boi. Lembro quando estava ajudan-do na organização, via fotos das edições antigas e me recordava que antes de trabalhar no projeto já tinha muito desejo em presenciar esse evento. E quando vi as jangadas todas no estuário saindo, com a cor da água que estava linda, um esverdeado bem claro, fiquei muito emocionada e todo esforço que tinha realizado até aquele momento fez todo sentido.

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PeSQuiSa

A cada edição, a Revista A Bordo trará artigos e resumos científicos relacionados à conservação do peixe-boi marinho e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado por Maíra Batista Braga, mestranda do Programa de Desenvolvimento de Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisadora associada da Fundação Mamíferos Aquáticos, e coautores.

deSenVolVimento local na ÁRea de PRoteÇÃo ambiental (aPa) da baRRa do Rio mamanGuaPe -Rio tinto / PaRaÍba

Área temática: Desenvolvimento Local e Identidade.Autores: Maíra Batista Braga ([email protected], FMA e PRODEMA/UFPE); Vanice Santiago Fragoso Selva ([email protected], PRODEMA/UFPE); Alexandre Botelho ([email protected], FMA); Daniela Araújo ([email protected], FMA).Palavras-chaves: Desenvolvimento local; economia solidária; APA de Mamanguape.

INTRODUÇÃO O trabalho ora apresentado relata a experiência de desenvolvimento local que está sendo desenvolvida na região da APA da Barra do Rio Mamanguape, no município de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba, por meio das ações do Projeto Viva do Peixe-Boi Mari-nho, no âmbito da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA).

A APA, Unidade de Conservação Federal criada em 1993, situa-se numa região das mais importantes e conservadas áreas naturais do Nordeste brasileiro, com presença de Mata Atlântica, manguezais, restin-ga, dunas, falésias e arrecifes, além da ocorrência de peixes-bois marinhos, mamífero aquático mais ame-açado de extinção do Brasil. (Paludo, D; Klonowski, V. S, 1999).

A 70 Km de João Pessoa, as comunidades envolvidas neste processo de desenvolvimento comunitário situam-se numa região relativamente isolada, com acesso apenas por estrada de barro em área cana-vieira, a uma distância média de 32 Km, tanto da BR

101, quanto da sede de Rio Tinto. Ali as possibili-dades de renda são escassas. Como atividade eco-nômica, predomina a pesca artesanal, com alguma representatividade do corte da cana e pequenos serviços. Desta forma, a falta de oportunidade de trabalho e renda é uma problemática local.

O trabalho objetiva relatar a experiência do proces-so de capacitação em desenvolvimento local realiza-do junto às comunidades da Barra de Mamanguape, Lagoa de Praia, Praia de Campina e Saco, que viven-ciam realidades semelhantes, em perfil social, eco-nômico, cultural e territorial.

METODOLOGIAA capacitação visou articular a comunidade para o desenvolvimento local e ampliação das perspectivas de trabalho e renda, reunindo moradores num re-conhecimento e resgate da identidade e valorização das potencialidades da região. Foram realizadas três oficinas de Desenvolvimento Comunitário, nos períodos de 25 e 26 de fevereiro,

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19 e 20 de março e 15 e 16 de abril de 2014, no Centro Comunitário de Lagoa de Praia, totalizando 36 horas de trabalho presencial com o mesmo gru-po, formado por 22 pessoas das quatro comunida-des citadas. Os participantes eram lideranças comu-nitárias, artesãos, pescadores, educadores, agentes de saúde, agentes ambientais e donas de casa.

Todo o processo de capacitação foi desenvolvido de forma participativa. Atividades lúdicas, dinâmicas, desenhos, mapas-falados, vídeos, contações de his-tórias, cantos e danças circulares foram bastante uti-lizadas para provocar reflexões, debates e constru-ções de conhecimentos, que partiam da realidade local e das falas dos participantes para formulações coletivas compartilhadas.

Na primeira oficina os principais temas trabalhados foram o reconhecimento das identidades individuais, grupais e territoriais; e economia solidária. O resgate das identidades individuais foi feito a partir de dese-nhos e socialização sobre as atividades desenvolvi-das por cada um; a identidade do grupo foi obtida a partir das motivações de cada um em estar parti-cipando da oficina, as quais foram agrupadas, sendo possível observar objetivos comuns; e a identidade territorial foi percebida a partir de mapas-falados, que evidenciaram, por meio de desenhos e expo-sições orais, as características de cada comunidade.

Na sequência, o grupo foi provocado a explicitar as relações que se estabelecem entre as quatro comu-nidades: relações de trocas, compras, serviços, usu-fruto de espaços, estruturas, recursos naturais, en-tre outros. Daí foi possível observar que as relações de troca são muito presentes, sendo possível traba-lhar o tema economia solidária, construindo-se co-letivamente o entendimento sobre o conceito e as práticas possíveis. Uma pergunta que ajudou neste entendimento, quando do cruzamento dos mapas, foi: quais são as coisas que se tem na sua comunida-de que necessitam de dinheiro e as que não neces-sitam de dinheiro para se ter? Além dos desenhos e debates, foi também exibido um vídeo mostrando uma experiência de economia solidária.

A segunda oficina teve como principais temas: ges-tão de organizações comunitárias; produção e co-mercialização. Para o primeiro tema foi feito um levantamento das organizações comunitárias das quatro comunidades, incluindo as diversas formas de organizações sociais, como grupos de lazer, religio-sos, produtivos e de representação do lugar. A partir daí foi discutido sobre as características de gestão de cada grupo, como necessidade ou não de formaliza-ção e os perfis de atividades e formas de cuidar das organizações.

Para trabalhar o tema produção e comercialização, artesãos descreveram quanto tempo demoraram para produzir uma de suas peças, os materiais utiliza-dos e suas procedências, custos de produção. Com isso foi possível discutir referências para a formata-ção de preços de produtos e serviços. Um outro exercício para esse tema e complementar ao tema economia solidária, foi a realização de uma feira de trocas. Todos os participantes levaram objetos e dis-puseram de serviços para trocar e neste momento exercitaram as estratégias de divulgação, definição de preço justo (neste caso, troca justa) e, ao mesmo tempo, exercitaram a relação de solidariedade numa dinâmica de obtenção de bens e serviços numa ló-gica não capitalista, onde o dinheiro não precisou existir.

Na terceira oficina foi trabalhado um planejamento participativo para a organização do grupo para as ações futuras. Para o entendimento da necessidade de se traçar planos para alcançar objetivos e visando a sensibilização para que os participantes se vejam e se coloquem dentro do plano a ser traçado coleti-vamente, foi feita uma dinâmica que iniciou com o resgate individual de sonhos realizados e das estra-tégias traçadas por cada um para a realização desses sonhos. Depois, pensando nas atividades produtivas realizadas pelas pessoas do grupo, provocou-se a reflexão sobre o que é necessário para desenvol-ver melhor aquilo que fazem, o que é preciso fazer para conseguir isso e em que o grupo pode ajudar a alcançar estes objetivos. A partir destas perguntas eles foram provocados a dizer se querem se cons-tituir como um grupo e se querem fazer um plano para definir ações e estratégias deste grupo.

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Com base nas respostas dadas à questão “para que este grupo deve existir”, foi elaborada a missão do grupo; e com referência nas necessidades aponta-das por eles, foram tiradas algumas palavras-chaves para a formulação de objetivos e macro estratégias, como: capacitação, matérias-primas, espaço, recur-sos, trabalho conjunto, divulgação, comercialização. Por fim, discutiu-se ainda o entendimento sobre de-senvolvimento local sustentável e a diferença entre desenvolvimento e crescimento.

Vale aqui destacar a consonância da estratégia meto-dológica do trabalho realizado com a base conceitual do desenvolvimento local, que diz que “os três eixos do desenvolvimento local - formação do capital hu-mano e social, o desenvolvimento produtivo do ter-ritório e a concertação para a gestão participativa, nas suas interdependências e complementariedades – devem favorecer a visão de futuro dos atores lo-cais.” (BNDES, p. 43).

RESULTADOS E DISCUSSÕESO resgate das atividades desenvolvidas nas comu-

nidades aponta para: (1) Produtos de artesanatos: cipó, bambu, sisal, pelúcia, fuxico, quenga de coco, pinturas, mosaico, tecidos, bordados, conchas de marisco, bijuterias, sandálias, fibra de coco; (2) Ali-mentos: dindim, mousse, beiju, tapioca, bolo, cocada e refeições; (3) Serviços de turismo e lazer: condu-tor local de trilhas, aluguel de bicicletas e caiaque, passeio de barco, bares e restaurantes; (4) Outros serviços: reparos elétricos e eletrônicos, faxina, cui-dador de cachorros, jardinagem e pintura. A partir da identificação das atividades produtivas, características da localidade e desejos da comuni-dade é que foi elaborado, de forma participativa, o Plano de Desenvolvimento Local, buscando ampliar as oportunidades de trabalho e renda de forma sus-tentável, promovendo assim o fortalecimento da comunidade.

Além do Plano, apontam-se como principais resul-tados qualitativos desse processo: conhecimento e união entre as comunidades, valorização e fortaleci-mento de identidades e laços, entusiasmo e abertu-ra de novos horizontes.

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Na perspectiva de promover o desenvolvimento que privilegie a comunidade, com participação co-letiva e respeito ao ambiente, as abordagens realiza-das fizeram o grupo refletir sobre uma nova forma de economia e desenvolvimento, ao trabalhar, por exemplo, a compreensão sobre a economia solidá-ria. De acordo com o Ministério do Trabalho e Em-prego, economia solidária é “um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente, cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem”.

Alinhar o entendimento de desenvolvimento local ao modo de produção vigente é contrapor à lógica do capital, que é de acumulação de renda através da exploração. Segundo Boff, a economia hoje não condiz com seu objetivo primário, “a economia tinha por objetivo atender satisfatoriamente as carências da casa, que tanto podia ser a moradia mesmo, a cidade, o país, quanto a casa comum, a Terra”.

Na reestruturação paradigmática dos processos de desenvolvimento com sustentabilidade, devemos ter em conta os seguintes aspectos: democracia, parti-cipação, justiça social, informação, controle e gestão social, investimentos sociais e desenvolvimento so-cioterritorial. (BNDES, 2000)

CONSIDERAÇÕES FINAISOs objetivos do processo de capacitação foram al-cançados, tendo sido cumpridos todos os passos previstos, atingida a quantidade e perfil desejado dos participantes e mantido o envolvimento do grupo. Foi possível perceber que a comunidade está mo-tivada em realizar ações conjuntas e colaborativas, a partir dos objetivos comuns. Durante as oficinas foi também fortalecida a compreensão de que este é um Plano da comunidade, em que a Fundação é parceira, mas que há muitas coisas que podem ser feitas a partir de articulações e iniciativas da própria comunidade, sem necessariamente depender de re-cursos financeiros significativos.

A partir do Plano elaborado, foi estabelecida uma agenda de novos encontros entre os integrantes das comunidades – encontros estes que estão ocorren-

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBNDES – Desenvolvimento Local. Zapata, Tânia (co-ord.). Cooperação Técnica do PNUD. Gestão Participa-tiva para o Desenvolvimento Local. Recife, 2000.

BOFF, Leonardo. O pecado maior do capitalismo: o risco do ecocídio e biocídio. http://www.leonardoboff.com/site/vista/outros/o-peca-do.htm. Acesso em 28/04/14.

Ministério do Trabalho e Emprego. O que é Economia Solidária http://www2.mte.gov.br/ecosolidaria/ecosolidaria_oque.asp. Acesso em 28/04/14.

Paludo, D; Klonowski, V. S. Estudo do impacto do uso de madeira de manguezal pela população extrativista e da possibilidade de reflorestamento e manejo dos recursos madeireiros. Barra de Mamanguape-PB. Caderno Nº. 16 - Série Recuperação, RBMA, 1999.

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do ao menos uma ou duas vezes por mês, com o objetivo de detalhar as ações e estratégias apon-tadas no Plano e começar a colocá-las em prática. Neste momento posterior às oficinas a Fundação continua dando apoio ao desenvolvimento comuni-tário, inclusive agregando a parceria do SEBRAE-PB, que passou a atuar junto à comunidade no sentido de discutir junto a eles um possível modelo de negó-cios e de gestão comunitária deste grupo produtivo.Assim, entende-se que foi dado um importante pas-so para o desenvolvimento local sustentável nesta região da APA de Mamanguape e espera-se que, com as comunidades mais integradas e empodera-das, sejam possíveis novas iniciativas comunitárias também no aspecto de geração de trabalho e renda, contribuindo para a amenização desta problemática, a partir das potencialidades locais.Para a Fundação, este processo representou signi-ficativo ganho na relação com a comunidade e no amadurecimento de sua forma de trabalho. Esse ganho se expressa pela quantidade de pessoas en-volvidas, pela representatividade das comunidades e, sobretudo, pela qualidade da relação, em função do aumento do conhecimento mútuo e do fortale-cimento da relação de parceria e confiança.

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monitoRamento da biota maRinHa é Realizado Pela FmaPOR RAQUEL PASSOS

Com o propósito de melhor compreender as va-riáveis obtidas pelos monitoramentos ambientais e as relações com as atividades humanas, e assim poder estabelecer ações em prol da conservação e do desenvolvimento sustentável, a Fundação Mamí-feros Aquáticos (FMA) criou o Núcleo de Estudo dos Efeitos Antropogênicos nos Recursos Marinhos (NEARM), que atualmente está situado em Aracaju (SE). Inserido no seu escopo de atuação está o Pro-grama de Monitoramento de Biota, que inclui ativi-dades como avistagem de biota e monitoramento de praias.

No que tange às atividades de Monitoramento da Biota, desde 2013, a Fundação executa a Obser-vação de Biota Marinha em uma parceria com o

Fma

Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES) da Petrobras no âmbito dos Projetos de Caracterização Regional da Bacia do Espírito Santo e norte da Bacia de Cam-pos (PCR-ES/AMBES) e da Bacia de Sergipe-Alago-as (PCR-SEAL/MARSEAL). Em 2014, a FMA firmou convênio com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), denominado MAR, com o intuito de somar esforços em prol do desenvolvimento de ações liga-das ao monitoramento ambiental com tecnologia e alta qualidade. Assim, passa a também atuar nas ati-vidades de caracterização ambiental da Unidade de Operações de Exploração e Produção de Sergipe e Alagoas (UO-SEAL) da Petrobras, desenvolvendo as observações de biota a bordo das sondas da referida Unidade.

FOTOS ACERVO FMA

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Segundo a coordenadora técnica do Programa de Monitoramento da Biota Marinha, a bióloga Rena-ta Guedes, trata-se de uma atividade que aprimora a coleta das informações da biota marinha associa-da às atividades de exploração e produção de óleo e gás natural. Além disso, o Programa promove o conhecimento técnico-científico nas produções de pesquisas multidisciplinares.

“Essa atividade tem sua importância não só relacio-nada aos dados obtidos, os quais serão utilizados para pesquisas em prol da conservação, mas também no aperfeiçoamento de metodologias, para que possam ser replicadas e padronizadas, melhorando a qualida-de das atividades”, coloca a coordenadora.

O trabalho acontece diariamente. A bordo de sondas de perfuração em alto-mar, há uma equipe composta por profissionais do segmento ambiental, seja de Ciências Biológicas ou Oceanografia, que se tornam observadores e revezam a jornada de tra-balho entre si. Eles realizam a atividade das 6h às 17h, por um período de 14 dias consecutivos e pre-cisam ter experiência nos grupos biológicos a serem monitorados – aves, peixes, tartarugas e mamíferos marinhos. Além disso, também são registradas em-barcações de pesca que utilizam as proximidades das sondas para suas atividades.

“Já a equipe em terra, além da formação acadêmica em diversas áreas, tais como Medicina Veterinária, Geoprocessamento, Gerenciamento, ainda conta com especialistas nos grupos biológicos, garantindo, assim, a qualidade dos dados gerados”, conclui Gue-des.

Ao passar por treinamentos básicos de segurança em plataforma e utilizar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) necessários (protetor so-lar, óculos de proteção, capacete, macacão, bota e protetor auricular), o observador de bordo fica apto a trabalhar embarcado. Em sua rotina, ele usa fer-ramentas como binóculo para auxiliar a detectar a espécie avistada, realiza registros de comportamen-to dos animais com máquina fotográfica e, por fim, preenche planilha de campo. É este documento que servirá para atualizar os dados a respeito da biota marinha frente à presença de sondas em atividade de perfuração para exploração de óleo e gás.

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De acordo com a diretora vice-presidente da FMA e coordenadora técnico-científica do ITP, Jociery Vergara-Parente, a precisão do trabalho impacta no desempenho de futuras produções. “Os resultados do Projeto de Avistagem da Biota Marinha geram conhecimento técnico-científico, produzindo informações para o aprimoramen-to dos processos de monitoramento, e ainda promove o controle e prevenção de possíveis impactos negativos decorrentes das atividades”, avalia Vergara-Parente. Ela completa que, por meio de publicações científicas, é possível im-plantar ações que visem a conservação não só das espécies monitoradas, mas também da fauna associada a elas.

ALGUMAS ESPÉCIES ENCONTRADASAté o momento, já foram registradas pela equipe espécies migratórias, como a ave bobo-pequeno (Puffinus puffinus) e a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae); também alguns organismos classi-ficados segundo algum grau de ameaça, como as tartarugas marinhas e o albatroz-de-nariz-ama-relo (Thalassarche chlororhynchos); espécies de rara ocorrência na região, como o tubarão baleia (Rhincodon typus); e outras cujo status de ameaça é insuficientemente conhecido, como o golfinho-rotador (Stenella longirostris). Dentre os dados obtidos, a coordenadora do Projeto, Renata Guedes, destaca o lixo como fa-tor relevante de degradação da biota marinha. “Encontramos sacola plástica na boca de uma espécie de um golfinho, conhecido como cabe-ça-de-melão (Peponocephala electra) e plásticos amarrados em patas de aves marinhas. Por isso que reforçamos a importância de ações que en-volvam a problemática do lixo marinho”, finaliza.

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GPS

Esta obra é imprescindível não apenas ao médico veterinário que se dedica a essa especialidade, mas também ao clínico de pe-quenos animais que atende pacientes exóticos, como hamsters, papagaios, periquitos e tartarugas. Reúne informações inéditas e exclusivas, compartilhadas por 88 especialistas brasileiros e qua-tro convidados estrangeiros. O livro também é útil para epide-miologistas, microbiologistas e médicos veterinários sanitaristas, no contexto da compreensão do envolvimento dos animais sel-vagens no ciclo de zoonoses e doenças emergentes. Autores: Catão-Dias, José Luiz; Cubas, Zalmir Silvino; Silva, Jean Carlos Ramos

O livro aborda as principais questões relacionadas às Ciências do Mar, fornecendo base conceitual a diversas áreas do conhecimen-to. Os capítulos tratam, de modo independente, da história das Ciências do Mar, da estrutura e da dinâmica da Terra, além de temas relacionados à circulação atmosférica, oceanografia física clássica e processos litorâneos. Analisa os problemas e os benefí-cios das formas de vida no mar, discute a produção e o consumo de alimentos de origem marinha e traz uma abordagem ecológica sobre os organismos marinhos. O último capítulo versa sobre re-cursos marinhos e preocupações com o meio ambiente. Trata-se de uma obra interdisciplinar, organizada para estabelecer ligações entre os inúmeros campos de estudo relacionados, para enfatizar os principais conceitos das Ciências do Mar e, principalmente, destacar a importância do desenvolvimento de tais ciências para a manutenção da vida na TerraAutor: Tom Garrison

TRATADO DE ANIMAIS SELVAGENS

FUNDAMENTOS DE OCEANOGRAFIA

INDICAÇÕES

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XI CONGRESO LATINOAMERICANODE BOTÁNICA /LXV CONGRESSONACIONAL DE BOTÂNICAData: 19 a 24 de outubro de 2014Local: Salvador (BA)www.65cnbot.com.brIV CONGRESSO BRASILEIRO DEOCEANOGRAFIA (CBO)Data: 25 a 29 de outubro de 2014Local: Itajaí (SC)www.cbo2014.com/site

A CONFERÊNCIA DA TERRA:FÓRUM INTERNACIONAL DOMEIO AMBIENTEData: 12 a 15 de novembro de 2014Local: João Pessoa (PB)www.conferenciadaterra.com

IV CONGRESSO COLOMBIANODE ZOOLOGIAData: 01 a 05 de dezembro de 2014Local: Colômbiawww.congresocolombianozoologia.org/

1º CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO DO MARData: 03 a 05 de dezembro de 2014Local: Faculdade de Direito da Universidadede São Paulowww.direitointernacional.org

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2014 nas áreas de Medi-cina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins:

EVENTOS

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O peixe-boi tem características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses. O período de amamentação é de cerca de dois anos. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais de-licado o trabalho de conservação da espécie. Neste processo da relação mãe-filhote, é preciso bastante atenção. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, ou seja, os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. A conservação destas áreas costeiras é muito impor-tante para a proteção da espécie.

FOTO U.S. GEOLOGICAL SURVEY - SIRENIA PROJECTImagem enviada por Robert Bonde

Foto ReFleXÃo

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iluStRaÇÃo

A cada edição, a Revista A Bordo traz ilustrações que abordem o universo do peixe-boi marinho e de seu habitat, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Aproveite!

Arte gentilmente cedida pelo artista plástico ambiental Alexandre Huber.

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FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

Av. 17 de Agosto - 2001/1º andarCasa Forte - Recife - PE

+55 (81) 3304 1443 | [email protected] | www.vivaopeixeboimarinho.org

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Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse:www.vivaopeixeboimarinho.org

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