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a hora veterinária REVISTA DE ENSINO PÓS-UNIVERSITÁRIO E FORMAÇÃO PERMANENTE • ANO 30, Nº 179, Janeiro/Fevereiro/2011 • ISSN 0101-9163 • Indexação: CAB INTERNATIONAL 179 Emprego da somatotropina bovina (bST) de 500 mg em vacas mestiças Bos taurus x Bos indicus a intervalos de 12 ou 14 dias B. G. Campos et al., Belo Horizonte, MG, BRASIL Indução de ciclicidade e taxa de prenhez em primíparas Brangus com uso de hormonioterapia R. L. Gonçalves et al., Curitiba, PR, Ribeirão Preto, SP, Uruguaiana, RS, BRASIL Impacto da castração cirúrgica no ganho de peso e estado clínico de bovinos de corte F. R. S. Carvalho, C. R. Silva, F. Hoe, Uberlândia, MG, São Paulo, SP, BRASIL. Avaliação de parâmetros seminais e fertilidade em garanhões da Raça Crioula F. Hartwig et al., Pelotas, RS, BRASIL. Influência da lactação e do dia de inseminação nos resultados da IATF em vacas cruzadas R. T. Beltrame et al., Colatina, ES, Campos dos Goytacazes, RJ, BRASIL. Acidente ofídico em suíno – relato de caso L. M. Pascoal et al., Murcia, ESPANHA, Goiânia, GO, BRASIL. Clínica de Pequenos Animais / Small Animals Clinic: Otite externa ceruminosa e purulenta em cães E. N. Mueller et al., Pelotas, RS, BRASIL. Emprego de cetoanálogos para o controle da uremia em felino com doença renal crônica M. F. Silveira et al., Pelotas, RS, Curitiba, PR, BRASIL. Animais Selvagens / Wild and exotic animals: Avaliação da ação dos antiparasitários ivermectina e moxidectina sobre helmintoses de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris, L. 1766) - Estudo preliminar R. M. Cardozo, M. J. B. Barbosa, V. L. F. Souza, Umuarama, Maringá, PR, BRASIL. Diagnóstico por imagens / Diagnosis through images: Controle da função luteal bovina J. C. A. Moura et al., Salvador, BA, BRASIL, Hannover, ALEMANHA Qual o seu diagnóstico? / What is your diagnosis? C. E. Larsson et al., São Paulo, SP, BRASIL.

Revista A Hora Veterinária

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A HORA VETERINÁRIA – ANO 30, Nº179, JANEIRO/FEVEREIRO/2011

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a hora veterináriaREVISTA DE ENSINO PÓS-UNIVERSITÁRIO E FORMAÇÃO PERMANENTE • ANO 30, Nº 179, Janeiro/Fevereiro/2011 • ISSN 0101-9163 • Indexação: CAB INTERNATIONAL

179

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• Emprego da somatotropina bovina (bST) de500 mg em vacas mestiças Bos taurus x Bosindicus a intervalos de 12 ou 14 diasB. G. Campos et al., Belo Horizonte, MG, BRASIL

• Indução de ciclicidade e taxa de prenhez emprimíparas Brangus com uso de hormonioterapiaR. L. Gonçalves et al., Curitiba, PR, Ribeirão Preto,SP, Uruguaiana, RS, BRASIL

• Impacto da castração cirúrgica no ganho de peso e estadoclínico de bovinos de corteF. R. S. Carvalho, C. R. Silva, F. Hoe, Uberlândia, MG,São Paulo, SP, BRASIL.

• Avaliação de parâmetros seminais e fertilidade em garanhões daRaça CrioulaF. Hartwig et al., Pelotas, RS, BRASIL.

• Influência da lactação e do dia de inseminação nos resultados daIATF em vacas cruzadasR. T. Beltrame et al., Colatina, ES, Campos dos Goytacazes, RJ,BRASIL.

• Acidente ofídico em suíno – relato de casoL. M. Pascoal et al., Murcia, ESPANHA, Goiânia, GO, BRASIL.

• Clínica de Pequenos Animais / Small Animals Clinic:Otite externa ceruminosa e purulenta em cãesE. N. Mueller et al., Pelotas, RS, BRASIL.

• Emprego de cetoanálogos para o controle da uremia em felino comdoença renal crônicaM. F. Silveira et al., Pelotas, RS, Curitiba, PR, BRASIL.

• Animais Selvagens / Wild and exotic animals:Avaliação da ação dos antiparasitários ivermectina e moxidectinasobre helmintoses de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris, L. 1766)- Estudo preliminarR. M. Cardozo, M. J. B. Barbosa, V. L. F. Souza, Umuarama, Maringá,PR, BRASIL.

• Diagnóstico por imagens / Diagnosis through images:Controle da função luteal bovinaJ. C. A. Moura et al., Salvador, BA, BRASIL, Hannover, ALEMANHA

• Qual o seu diagnóstico? / What is your diagnosis?C. E. Larsson et al., São Paulo, SP, BRASIL.

1A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Percy Infante Hatschbach (CRMV-GO nº 0403), membro da Academia Brasileira de MedicinaVeterinária, da Associação Mundial de História da Medicina Veterinária, da Associação Inglesade História da Veterinária e do Instituto Paranaense de História da Medicina e Ciências Afins,Diretor Científico de A Hora Veterinária.

História da Medicina Veterinária

Em 2010, a Medicina Veterinária brasileira comemorou ocentenário da criação de sua primeira instituição de ensinocivil, a antiga “Escola Superior de Agricultura e Medicina Ve-terinária”, através do Decreto nº 8.319, de 20 de outubro de1910, iniciando suas atividades didáticas em 10 de julho de1913, na cidade do Rio de Janeiro, à época Capital da Repúbli-ca. Neste ano de 2011 é a Medicina Veterinária mundial quecelebrará seu 250º aniversário. A primeira instituição de ensi-no veterinário do mundo foi criada na cidade de Lyon, regiãoSul da França, no ano de 1761, por iniciativa de ClaudeBOURGELAT. Consequentemente, no ano 2011 serão come-morados os 250 anos do ensino veterinário no mundo.

Ao instituir este primeiro estabelecimentos de ensino daZooiatria, BOURGELAT implantava, pioneiramente, a profis-são de veterinário. Portanto, no ano de 2011 serão festejados,também, os 250 anos da profissão veterinária no mundo. Aintuição científica e a genialidade de BOURGELAT fizeramcom que se aliasse a alguns médicos lioneses, com a convic-ção de que estudando a biologia e a patologia animal, se po-deria melhor compreender as do homem! Assim, também em2011, será comemorado o 250º aniversario do conceito de“biopatologia comparada”. Por tais fatos, o ano de 2011será considerado como o ANO MUNDIAL DA MEDICINAVETERINÁRIA.

Para maior brilhantismo destas efemérides, foi criado,em 2008, na França, um Comitê Vet 2011, com sede na cidadede Lyon e constituído pelos seguintes membros fundadores:OIE - Organização Mundial de Saúde Animal, Ministério daAgricultura da França, Federação de Sindicatos Veterináriosda França, Academia Francesa de Medicina Veterinária, Con-selho Superior do Colégio de Veterinários Franceses e as Es-colas de Veterinária de Lyon, Nantes, Toulouse e Paris. Tevepor objetivo a organização das relações entre os membros doComitê no tocante às comemorações do Ano Mundial daMedicina Veterinária em 2011, visando precipuamente motivaras instituições veterinárias do mundo para a realização de atoscomemorativos do 250º aniversário da profissão e que pos-sam contribuir para a promoção da Medicina Veterinária nos

quatro quadrantes do planeta. Comitês Nacionais Vet 2011podem ser formados em cada país, tendo por finalidade motivaro conjunto de suas instituições veterinárias para a realização deeventos comemorativos dos 250 anos da profissão, contribuin-do, assim, para a promoção e divulgação da sua imagem; coor-denar as iniciativas de todas as entidades nacionais, favore-cendo a comunicação midiática do conjunto dos eventos orga-nizados objetivando a comemoração do “Ano Mundial da Me-dicina Veterinária”. Como sugestão, o Comitê Vet 2011 elabo-rou a seguinte lista de possíveis eventos comemorativos:

• Organização de simpósios sobre a Ciência Veterináriae as Pesquisas em Medicina Animal;

• Organização de congressos sobre a evolução da pro-fissão veterinária;

• Organização de colóquios sobre um tema relacionadocom os animais (selvagens, de companhia, etc.);

• Realização de conferências em exposições caninas,concursos hípicos ou exposições e feiras agropecuárias;

• Promoção de reportagens através do rádio e televisãoabordando fatos da história da medicina veterinária, as dife-rentes modalidades do exercício da profissão e o papel dosveterinários na luta contra a fome no mundo, contra aszoonoses, etc.;

• Promoção de atos comemorativos dos 250 anos donascimento da profissão veterinária.

No transcorrer do ano 2011, três grandes eventos come-morativos do ANO MUNDIAL DA MEDICINA VETERINÁ-RIA serão realizados. No dia 24 de janeiro de 2011, a CerimôniaSolene de Abertura do Ano Mundial da Medicina Veteriná-ria, no palácio de Versailles, França, onde o rei Luis XV assinouo Decreto Real de 4 de agosto de 1761, autorizando ClaudeBourgelat a criar uma “escola para o tratamento dos animais” nacidade de Lyon. De 13 a 15 de maio a Conferência Mundialsobre o Ensino Veterinário, no Campus da Escola Nacional deVeterinária de Lyon, França. De 10 a 14 de outubro de 2011 aCerimônia internacional de Encerramento do Ano Mundialda Medicina Veterinária, durante a realização do 30º Congres-so Mundial de Veterinária na Cidade do Cabo, África do Sul.

No Brasil serão realizados vários eventos, culminandocom a outorga, pela Sociedade Brasileira de Medicina Veteri-nária, durante a realização do 38º CONBRAVET - CongressoBrasileiro de Medicina Veterinária, em Florianópolis, SC, dedois prêmios relativos ao “Ano Mundial da Medicina Veteri-nária”, sendo o primeiro denominado “Prêmio Antonio TeixeiraVianna”, na área de Produção Animal, Bem Estar Animal eMeio Ambiente e o segundo “Prêmio Virginie Buff D´Ápice”na área de Patologia Animal, Clínica e Cirurgia.

Ano mundial da Medicina Veterinária“250 anos da Medicina Veterinária a serviço da saúde animal e humana”

2 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

3A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Editorial

ALCY CHEUICHE – CRMV-RS Nº 0500MARIA BERENICE GERVASIO CHEUICHE – OAB-RS Nº 6146

EDITORES

Napoleão Bonaparte tinha oito anos de idade e, ainda de calças curtas, brincava pelas ruaspoeirentas de Ajaccio, na Ilha da Córsega, que, aliás, ainda nem era francesa. O Rei de Françaera Luís XV, dito o Bem-Amado, que, naquele ano de 1761 não o foi tanto pelo povo francês:acabava de perder as possessões do Canadá e da Índia e estava gastando uma fortuna com aGuerra dos Sete Anos, para impedir maiores pretensões da Prússia e da Inglaterra. E foi nesseclima complicado que recebeu o pedido de Claude Bourgelat para que permitisse a instalaçãoem Lyon da primeira Escola de Medicina Veterinária da França e do mundo. O Rei amava osanimais, em especial os cavalos, e admirava aquele advogado de quarenta e nove anos, ummestre da hipologia, cuja ciência na arte de curar animais já era famosa. Foi assim que assinou oDecreto Real de 4 de agosto de 1761, e tornou-se o mecenas da profissão, poucos anos antes darevolução que viria a guilhotinar seu neto Luís XVI.

Agora, duzentos e cinquenta anos depois, a medicina veterinária mundial prepara-se paracomemorar esta data magna. E A Hora Veterinária abre a primeira edição de 2011 com umapágina de História, com assinatura de um dos nossos mais capacitados experts no assunto, PercyInfante Hatschbach.

Também comemoramos neste Novo Ano o centenário do Laboratório Leivas Leite,possuidor da mais antiga licença do Ministério da Agricultura para a fabricação e comercializaçãode produtos veterinários. Uma empresa pioneira em nossa indústria veterinária, hoje a terceiramaior do mundo, tendo inclusive fabricado uma das primeiras vacinas contra a febre aftosa. Eninguém melhor para contar mais sobre esse laboratório, seu passado, presente e futuro, do queseu Diretor-Presidente Pedro Antônio Leivas Leite, entrevistado exclusivo de Daniel Mirandaàs páginas 64 e 65.

Aliás, o Laboratório Leivas Leite foi a primeira empresa a contratar um anúncio conosco,em 1981. E esta edição abre as comemorações de nossos trinta anos editoriais, marco queiremos destacar em especial no dia 12 de maio de 2011. E dividir com assinantes, anunciantese colaboradores, tudo de bom que conseguimos conquistar para a profissão durante essas trêsdécadas de trabalho.

Queremos também chamar atenção do leitor para as matérias das páginas 61 e 62, ondedamos destaque à cerimônia de entrega do 12º Prêmio Pesquisa Clínica Intervet/Schering-Plough e publicamos, por ordem alfabética, o primeiro dos cinco artigos premiados. Nossoscumprimentos ao colega Vilson Antonio Simon e sua equipe, principalmente pela confiança emnós depositada como seus parceiros nessa iniciativa que valoriza a Medicina Veterinária brasilei-ra. Saber que o 13º PPC já está garantido para 2011, e com especial atenção da empresa, é umaótima notícia de Ano Novo.

Quando esta edição estiver circulando, o Brasil estará sendo governado pela primeira vezpor uma mulher. Já bastaria isso para mostrar a evolução da democracia, uma vez que, até 1934,as mulheres brasileiras (e a maioria das mulheres do mundo) não tinham nem o direito de votar.Assim, auguramos à Presidenta Dilma Rousseff os mais sinceros votos de sucesso em seutrabalho. Sucesso para o qual a produção e saúde de nossos rebanhos serão indispensáveis paraalimentação do povo e equilíbrio de nossa balança comercial.

Desejamos a todos os nossos leitores, anunciantes e colaboradores (em especial aos quenos acompanham nesta edição HV 179) um ano de 2011 na medida de seus mais acariciadossonhos.

Porto Alegre, 5 de janeiro de 2011

4 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Sumário / Summary

Editorial / EditorialA. Cheuiche, M. B. G. Cheuiche

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1 51 51 51 51 5

1 81 81 81 81 8História da Medicina Veterinária / History of Veterinary MedicinePercy Hatschbach.

Trabalho vencedor do 12º Prêmio Pesquisa ClínicaIntervet/Schering-Plough Animal HealthEmprego da somatotropina bovina (bST) de 500 mg emvacas mestiças Bos taurus x Bos indicus a intervalos de12 ou 14 diasB. G. Campos, S. G. Coelho, A. M. L. Quintão, E. Rabelo, T.S. Machado, B. F. Silper, Belo Horizonte, MG, BRASIL.A utilização de bST em vacas mestiças ¾ e 7/8 girolandas foi capazde promover ganhos na produção leite. A utilização de bST 500mgaplicado a intervalos de 12 dias não promoveu aumento de produ-ção de leite se comparado a intervalos de 14 dias. A utilização debST 500 mg a intervalos de 12 ou 14 dias não alterou a composi-ção do leite, os valores de CCS e não elevou a ocorrência demastite quando comparada ao grupo controle.Use of bovine somatotropine (BST) 500 mg in crossbred Bostaurus x Bos indicus cows every 12 or 14 daysThe study reached the conclusion that the use of bST among ¾ crossbredand 7/8 girolandas cows was capable of promoting increase int he milkproduction. The use of bST 500mg given at intervals of 12 days did notpromote any milk production increase when compared to 14-day intervals.Besides, the use of bST 500 mg at intervals of 12 or 14 days did notchange the milk make-up nor the SCA figures. And when compared tothe control group, it did not increase the incidence of mastitis.

Impacto da castração cirúrgica no ganho de peso eestado clínico de bovinos de corteF. R. S. Carvalho, C. R. Silva, F. Hoe, Uberlândia, MG, SãoPaulo, SP, BRASIL.No período de março a maio de 2010 foram castrados 500 bovi-nos em quatro propriedades, sendo três localizadas no estado deMinas Gerais e uma em Goiás. Os bovinos foram castrados deacordo com o procedimento de rotina realizado em cada propri-edade. Nos dias D0 (castração) e D+28 efetuou-se a pesagemdos animais e nos dias D+7 e D+28 avaliaram-se as complica-ções após a castração. Após as avaliações nas quatro proprieda-des, os dados foram agrupados e constatou-se: 14,8% de miíase,1,8% de hemorragia, 3,8% de funiculite, 5,4% de abscesso, 1,6%de granuloma e 0,4% de óbito. Em todas as propriedades houveimpacto no ganho de peso nos primeiros 28 dias após a castra-ção, a Fazenda II foi a que teve maior impacto, 34,57% dosanimais perderam peso nesse período.Impact of surgical castration on weight gain and clinical statusof beef cattleIn the period from March to May 2010, 500 bovines were castrated atfour farms, three farms located in the state of Minas Gerais and onefarm in Goiás. Animals were castrated according to the standard procedureof each farm. At Day 0 (castration) and Day +28 body weight measureswere taken and at days D+7 and D +28 post-castration complicationswere evaluated. The evaluations from the four farms were grouped andresulted in: 14.8% of myiasis, 1.8% of bleeding, 3.8% of funiculitis,5.4% of abscess, 1.6% of granuloma and 0,4% of death. In all farms itwas observed an impact on weight gain in the first 28 days post-castration, Farm II showed the greatest impact, 34,57% of the animalslost weight in this period.

Indução de ciclicidade e taxa de prenhez em primíparasBrangus com uso de hormonioterapiaR. L. Gonçalves, T. S. Antonio, A. Pereira, Curitiba, PR,Ribeirão Preto, SP, Uruguaiana, RS, BRASIL.Segundo os resultados obtidos no presente trabalho, concluiu-se que o DIV contendo 0,558g de P4, resultou em taxa de pre-nhez superior ao DIV contendo 1,9g de P4 utilizado previamen-te por 9 dias. Os resultados obtidos com o uso do DIV de 0,558gde P4 não diminuíram a pulsatilidade de LH e, consequentemente,o crescimento folicular das primíparas Brangus lactantes após asincronização hormonal, resultando em maior taxa de prenhez.Cyclicity induction and pregnancy rate in Brangus primiparacows through the use of hormonotherapyAccording to the results obtained in this study, one can reach the conclusionthat the IVD containing 0,558g of P4 resulted in a higher pregnancy rate incomparison to the IVD containing 1,9g of P4 which had been used for 9days. The results that were obtained through the use of 0,558g of P4 IVDdid not reduce LH pulsatility nor - consequently - the folicular growth ofBrangus primipara cows during lactation after hormonal synchronization,resulting in a higher pregnancy rate.

Cursos e Eventos / Couses and Events38º Combravet - Florianópolis

2 22 22 22 22 2

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HV Internacional / HV InternationalZilah Cheuiche

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Avaliação de parâmetros seminais e fertilidade emgaranhões da Raça CrioulaF. Hartwig, L. Antunez, I. Bianchi, B. Curcio, C. E. W.Nogueira, Pelotas, RS, BRASIL.Os resultados do presente estudo reafirmam a subjetividade daanálise isolada da motilidade e destacam a importância da utili-zação de técnicas objetivas e de alta sensibilidade para determi-nar viabilidade espermática e potencial de fertilização.Seminal parameters and fertility evaluation in crioulos breedstallionsThe results of the study showed the subjectivity of motility analysis aloneand give emphasis to the application of sensibility and objective techniquesin order to determinate cellular viability and potential of fertilization.

3 03 03 03 03 0 Influência da lactação e do dia de inseminação nosresultados da IATF em vacas cruzadasR. T. Beltrame, A. F. Côvre, H. A. Plaster, L. A. Moscon, C. R.Quirino, Colatina, ES, Campos dos Goytacazes, RJ, BRASIL.Comparou-se a taxa de prenhez em relação ao dia deinseminação e ao estado fisiológico dos animais. Não houvediferenças entre a taxa de prenhez nos grupos de dia deinseminação após sincronização (G1 – 66%; G2 – 73%; G3 –40%; G4 – 44%). Considerando apenas o estado fisiológico delactação, não houve diferenças da taxa de prenhez entre vacassecas, 24% (13/54) e vacas em lactação 76% (41/54).Lactating and day of insemination influence in the results ofFTAI in crossbreed cowsWe compared the pregnancy rate in relation to day of insemination and thephysiological state of the animals. There were no differences between thepregnancy rate in the groups of days (G1 - 66%, G2 - 73%, G3 - 40%,G4 - 44%). Considering only the physiological state of lactation, therewere no differences in pregnancy rate between dry cows, 24% (13/54)and lactating cows 76% (41/54).

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Clínica de Pequenos Animais / Small Animals Clinic:Otite externa ceruminosa e purulenta em cãesE. N. Mueller, E. G. Guiot, G. Wilhelm, C. P. M. Fernandes, L.F. D. Schuch, M. O. Nobre, UFPel, Pelotas, RS, BRASIL.Cães Poodle foram mais acometidos por otite ceruminosa eFila Brasileiro por purulenta. Casos agudos foram comuns nasotites ceruminosas e crônicos nas purulentas. Em ambas asotites as orelhas pendulares predominaram. Otites externascanina ceruminosa e purulenta diferiram em relação à idade eraça do cão acometido e quanto à evolução clínica, além disto,orelhas pendulares predominaram em ambos tipos de otite.External otitis ceruminous and suppurative in dogsDogs poodle were most affected by ceruminous otitis and fila brasileiroby purulent. Acute cases were common in ceruminous otitis and chronicin purulent. In both of otitis the pendulous ears predominated. Ceruminousend purulent canine external otitis differed in dog’s age and breedaffected and about the clinical evolution, addition, pendulous earspredominated in both type of otitis.

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Acidente ofídico em suíno – relato de casoL. M. Pascoal, M. R. Lucena, M. P. C. Matos, J.Sobestiansky, V. M. B. D. Moura, Murcia, ESPANHA,Goiânia, GO, BRASIL.As serpentes do gênero Bothrops são responsáveis por 90%dos acidentes ofídicos nos animais domésticos no Brasil. Emuma granja localizada em Paraúna-GO, por ocasião de visitatécnica constatou-se que uma matriz com 45 dias de gestação,em bom estado de nutrição, ausência de alterações neurológi-cas, apresentava extensa necrose tecidual na face e na regiãocervical dorsal a qual se limitava ao tecido subcutâneo e eracompatível com o efeito proteolítico do veneno das serpentesdo gênero Bothrops. Por ocasião da transferência para materni-dade a pele na região cervical dorsal estava totalmentereconstituída. A gestação foi normal e a fêmea pariu normal-mente 13 leitões que foram desmamados com 24 dias de idade.Ophidic accident in swine - case reportBothrops snakes are responsible for 90% of snakebites in domesticanimals in Brazil. On a farm located in Paraúna-GO, during a technicalvisit it was noticed that a sow with 45 days of gestation, in good nutritionalstate and without neurological problems, had an extensive tissue necrosisin the face and in the dorsal cervical region that was limited to subcutaneoustissue and was compatible with the proteolytic effect of the poison ofBothrops snakes. At the time of transfer to the maternity the skin in dorsalcervical region was perfectly rebuilted. The pregnancy was normal and thesow gave birth normally to 13 piglets that were weaned at 24 days old.

3 43 43 43 43 4

Literatura / Literature3 63 63 63 63 6

Emprego de cetoanálogos para o controle da uremia emfelino com doença renal crônicaM. F. Silveira, M. F. Ricciardi, G. L. R. Tuleski, Pelotas,RS, Curitiba, PR, BRASIL.O uso de cetoanálogos tem sido proposto nos protocolos detratamento das insuficiências renais baseado na terapianutricional, isto é, emprego de α-cetoácidos de aminoácidos,servindo de complemento nutricional ao fornecerem aminoácidosde alto valor biológico, permitindo que as dietas possam contermenor teor de proteínas, além de diminuírem os teores de uréiasérica. Este trabalho relata o tratamento de um felino com doen-ça renal crônica utilizando este fármaco no controle da uremia.Ketoanalogue employment for uremia control in a feline withchronic renal diseaseThe ketoanalogue pharmacological use has been proposed in chronicrenal disease therapeutic protocols as a nutritional complement with highbiological value aminoacides, allowing fewer protein content in diets andlower urea seric levels. This case report notifies the treatment of a chronicrenal failure feline patient with ketoanalogues to control uremia.

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Cursos e Eventos / Courses and EventsI Congresso Internacional Transdisciplinarde Proteção à Fauna - J. Sobestiansky

4 64 64 64 64 6

Animais Selvagens / Wild and exotic animals:Avaliação da ação dos antiparasitários ivermectina emoxidectina sobre helmintoses de capivaras(Hydrochaeris hydrochaeris, L. 1766) - Estudo preliminarR. M. Cardozo, M. J. B. Barbosa, V. L. F. Souza,Umuarama, Maringá, PR, BRASIL.

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Ecologia / EcologyAngela Escosteguy

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Diagnóstico por imagens / Diagnosis through images:Controle da função luteal bovinaJ. C. A. Moura, H. Bollwein, A. L. Gusmão, A. Sá Bouzas,M. V. Resende, Hannover, ALEMANHA, Salvador, BA,BRASIL.O objetivo deste trabalho foi estudar os métodos de avaliaçãoda função luteal em bovinos, visto que a mesma fornece infor-mações importantes sobre o estado reprodutivo da fêmea bo-vina, e possibilita a adequação de procedimentos de manipula-ção do ciclo estral ou da gestação.Control of the luteal function in cattleThis piece of work aimed at studying the luteal function assessmentmethods in bovine, as it offers important information about the cow´sbreeding state. It also makes it possible that more adequate proceduresare adopted when handling the oestral cycle or the pregancy.

Qual o seu diagnóstico? / What is your diagnosis?C. E. Larsson, C. N. Rossi, S. Maruyama, L. E. B. Lucarts,São Paulo, SP, BRASIL.

5 95 95 95 95 9

Entrevista / InterviewPedro Antonio Leivas Leite

6 46 46 46 46 4

6 86 86 86 86 8 Informe CRMV-RS / CRMV-RS Report

6 76 76 76 76 7 Informe da SOVERGS / SOVERGS Report

Informe do SIMVET-RS / SIMVET-RS Report6 66 66 66 66 6

5 45 45 45 45 4

HV Informa / HV ReportSolenidade de Entrega do 12º Prêmio Pesquisa ClínicaIntervet Schering-Plough Animal Health

6 16 16 16 16 1

Os animais foram divididos em três grupos. Os grupos A e Breceberam, respectivamente, 0,01g de ivermectina 1% e demoxidectina 1%, quinzenalmente, por um período de 54 dias; ogrupo C foi mantido como controle. O antiparasitário ivermectina(1%) mostrou-se mais eficaz sobre a infecção de helmintos nes-tes animais, embora a moxidectina (1%) também tenha apresen-tado diferenças significantes em relação ao grupo controle.Evaluation of the effect of ivermetin and moxidectin in theantihelmintic control of capybaras (Hydrochaeris hydrochoeris,L. 1766) – a preliminary study)The animals were divided in groups A, B and C. During 54 days and everyfifteen days the groups A and B received 0.01 g of ivermectin 1 % andmoxidectin 1%, respectively, and the group C was used as control. In thisstudy, Ivermectin 1% was the must efficient of the two products. However,moxidectin 1% showed significant effects in relation to the control group.

6 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

DIREÇÃO EXECUTIVA:Diretor de publicação e redação: Alcy José de Vargas Cheuiche

[email protected] administrativa: Maria Berenice Gervasio Cheuiche [email protected] científico: Percy Infante Hatschbach – [email protected] responsável: Daniel Miranda – MTB 13.424 – [email protected] técnico-científicos:

Angela Escosteguy – [email protected] Cheuiche - [email protected] José Zanella – [email protected]

Representante em São Paulo: Paulo Brandão, [email protected] Consulting Comunicação e Marketing, Rua Dr. Joaquim Araújo de Almeida, 1537, Bair-ro das Posses, Serra Negra, SP, CEP. 13930-000, (19) 3842-1746 - (11) 3749-1399.Assessor de informática: Daniel MirandaDepartamento de assinaturas: Maria Jeni Gervasio Freitas

[email protected]ção eletrônica: DMiranda Editoração EletrônicaImpressão: Gráfica Editora Pallotti - [email protected]

CONSELHO EDITORIAL:Ruy Cheuiche Ferreira, Antônio João Sá de Siqueira, Norma Centeno Rodrigues.

CONSULTORIA:Consultora jurídica: Maria Berenice Gervasio CheuicheConsultor farmacêutico: Paulo Chaves Garcia LeiteConsultores internacionais:

Jean-Marc Bichet, Paris, FRANÇA; Patrick Joint-Lambert, Paris, FRANÇA;Philippe Devisme, Paris, FRANÇA; Jacques Chonchol, Santiago, CHILE.

Consultor de Língua Inglesa: Ricardo Heinen, Caxias do Sul, BRASIL.

RECONHECIDA COMO ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA:World Veterinary Association / Sociedade Mundial de Veterinária:

Presidente: Tjeerd JornaSydwende 52, 9204 KG Drachten, The NetherlandsTel./fax: 31 (0) 512 520605E-mail: [email protected] – http://www.worldvet.org

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7A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

8 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Emprego dasomatotropina bovina(bST) de 500 mg em vacasmestiças Bos taurus x Bosindicus a intervalos de 12ou 14 dias*

Com o objetivo de avaliar a resposta em produção ecomposição do leite, contagem de células somáticas (CCS) eocorrência de mastite clínica, 39 vacas multíparas mestiças ¾e 1/8 Holandês/Gir, foram distribuídas em três tratamentos:Tratamento 1 - 13 vacas recebendo 500 mg de bST-r inician-do aos 63 dias de lactação a intervalos de 14 dias; Tratamen-to 2 - 14 vacas recebendo 500 mg de bST-r iniciando aos 63dias de lactação a intervalos de 12 dias; Tratamento 3 - 12vacas controle, não receberam aplicação de bST ou placebo.Os animais foram submetidos ao mesmo manejo alimentar,confinamento no inverno e pastejo rotacionado no verão, e aduas ordenhas diárias, sendo a produção de leite mensuradaduas vezes por semana. A utilização de bST em vacas mestiças¾ e 7/8 girolandas foi capaz de promover ganhos na produçãoleite. A utilização de bST 500mg aplicado a intervalos de 12dias não promoveu aumento de produção de leite se compa-rado a intervalos de 14 dias. A utilização de bST 500 mg aintervalos de 12 ou 14 dias não alterou a composição do leite,os valores de CCS e não elevou a ocorrência de mastite quan-do comparada ao grupo controle.

B. G. CAMPOS1, S. G. COELHO2, A. M. L. QUINTÃO2,E. RABELO3, T. S. MACHADO4, B. F. SILPER5

1Betânia Glória Campos, Dou-toranda do Programa de Pós-gra-duação em Zootecnia, Escola deVeterinária –Universidade Fede-ral de Minas Gerais, Belo Hori-zonte, MG, BRASIL.

e-mail: [email protected] Gesteira Coelho,Ângela Maria Lana Quintão,Departamento de Zootecnia, Es-cola de Veterinária –Universida-de Federal de Minas Gerais, BeloHorizonte, MG, BRASIL.

3Euler Rabelo, Ph.D em Nutri-ção – ReHagro.

4Tiatrizi Siqueira Machado,Médica Veterinária – ReHagro.

5 Bruna Figueiredo Silper,Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia,z Esco-la de Veterinária –UniversidadeFederal Minas Gerais, Belo Ho-rizonte, MG, BRASIL.

*Trabalho vencedor do 12o Prê-mio Pesquisa Clínica Intervet/Schering-Plough Animal Health,categoria profissional.

INTRODUÇÃOMATERIAL E MÉTODOSRESULTADOS E DISCUSSÃOCONCLUSÕES

INTRODUÇÃO

O aumento da produção de leite podeser resultado de melhorias no manejo, melho-ramento genético e ou, por adoção de tecno-logias como a somatotropina recombinantebovina ou bST. O bST é uma das principaisbiotecnologias difundidas e utilizadas em todoo mundo, devido à sua comprovada capacida-de em promover aumentos na produção de lei-te, por meio principalmente da modificação napartição de nutrientes entre os tecidos. Seuuso aumenta a eficiência produtiva de vacasleiteiras promovendo maior retorno econômi-co, sem efeitos adversos à saúde animal ouhumana (Bauman et al., 1985; Bauman, 1992).Respostas em aumento na produção de leiteda ordem de 10 a 20% são mais comumente

encontradas, embora respostas de até 40% emcondições experimentais já tenham sido cita-das (Etherton e Bauman, 1998, Bauman,1992,Chilliard,1989).

Existem inúmeras pesquisas sobre a res-posta ao bST em animais de origem taurina,principalmente da raça Holandesa. Entretantonão há conhecimento satisfatório sobre o pa-drão de resposta à utilização de bST em reba-nhos mestiços (Bos taurus x Bos indicus) eem condições de clima tropical. É importanteressaltar que há diferenças evidentes quanto àfisiologia da lactação entre animais de origemeuropéia e animais mestiços (europeus x zebu).Dentre elas podemos citar variação hormonal,momento do pico de produção de leite, persis-tência e comprimento de lactação, mobilizaçãode reservas corporais, entre outras.

A literatura vigente, bem como a orien-tação dos laboratórios que comercializam oproduto é que a aplicação de bST seja iniciadaa partir da 9ª semana da lactação, na dosagemde 500 mg de somatotropina, a intervalos de14 dias entre aplicações. Porém é cada vez maiscomum em fazendas leiteiras no Brasil, a prática

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da utilização do intervalo de 12 dias entre as aplicações debST. Segundo observações de campo, com a utilização dointervalo de 12 dias entre aplicações ocorreria maior produçãode leite, em razão da menor flutuação na produção. Porém, nãohá comprovação científica sobre resposta positiva à utiliza-ção de intervalos menores que 14 dias entre aplicações.

De acordo com Bauman (1992) a composição bruta doleite não é substancialmente alterada com a utilização de bST.Segundo o autor, os resultados de várias pesquisas aponta-ram apenas pequenas mudanças no teor de gordura do leitedurante as primeiras semanas de aplicação, onde foi observa-do aumento no teor de gordura em razão da mobilização dereservas corporais, com retorno aos teores normais após oajuste do metabolismo e do consumo voluntário de alimentos.No entanto, há poucas pesquisas avaliando o efeito do bSTsobre a composição do leite em rebanhos manejados mestiços(Bos indicus x Bos taurus).

Desde a aprovação da utilização de bST, em 1994, esten-dem-se numerosas discussões quanto os seus efeitos na saú-de da glândula mamária, como aumento da contagem de célu-las somáticas (CCS) e da ocorrência de mastite. A mastite éconsiderada a doença de maior custo no gado leiteiro, porreduzir a produção de leite pelos danos causados ao tecidosecretor, levando à diminuição da produção. Existe correlaçãopositiva entre aumento da produção de leite e a ocorrência demastite clínica e subclínica (White et al., 1994; Judge et al.,1997). Assim, tecnologias que promovem aumento na produ-ção de leite poderiam contribuir para a maior ocorrência decasos de mastite. No Brasil é escassa a literatura avaliando aassociação entre utilização de bST e ocorrência de mastiteclínica e subclínica.

Tendo em vista o grande potencial de produção de leiteno Brasil e que 90% do rebanho leiteiro é composto por ani-mais de origem zebuína, estudos visando melhor conhecimentoda resposta à utilização de bST em animais mestiços (Bos taurusx Bos indicus) estabeleceriam diretrizes específicas quanto àutilização do produto para este grupamento genético, possibili-tando, assim, maior difusão desta tecnologia no país e, destaforma, auxiliando o produtor em sua busca por eficiência e redu-ção de custos com manutenção da saúde animal.

O objetivo deste estudo foi o de avaliar a resposta emprodução de leite com a utilização de 500 mg de bST de libera-ção lenta, iniciados aos 63 dias de lactação a intervalos de 12ou 14 dias, em vacas mestiças ¾ e 7/8 Holandês/Gir (Bos taurusx Bos indicus), bem como seu impacto na composição do leite,nos valores de CCS e na ocorrência de mastite durante o perí-odo de uma lactação, ou 280 dias.

MATERIAL E MÉTODOS

1. Local do experimento e animaisTodos os procedimentos utilizados neste experimento

foram aprovados pelo comitê de ética em experimentação ani-mal da Universidade Federal de Minas Gerais, CETEA (230/2008). O trabalho foi realizado em fazenda comercial localizadano município de Itaúna, região centro-oeste de Minas. Os re-sultados apresentados são parte de um estudo onde foramutilizadas 180 vacas mestiças ¾ e 7/8 Holandês/Zebu (Bos

taurus x Bos indicus). Para os dados apresentados foramselecionadas 39 vacas multíparas mestiças ¾ e 7/8 Holandês/Zebu, selecionadas de acordo com os seguintes critérios: com-posição genética, ¾ e 7/8 Holandês/Gir; saúde, animais quenão apresentavam nenhuma alteração clínica no início da faseexperimental (metrite, mastite, problemas de casco) e que, pre-viamente, apresentaram resultado negativo para Staphilo-coccus aureus; condição corporal ao inicio do tratamento,escore entre 2,5 a 3,5 de acordo com a escala de Wildman et al.(1982); dias em lactação (DEL) 63±3,5 e produção da lactaçãoanterior.

2. Tratamento e avaliaçõesApós a seleção, os animais foram distribuídos aleatoria-

mente aos seguintes tratamentos:1- bST 500 mg1 a intervalo de 14 dias (n=13);2- bST 500 mg1 a intervalo de 12 dias (n=14);3- Controle: animais que não receberam aplicação de

bST ou placebo (n=12).Para a formação destes grupos procurou-se manter a

uniformidade quanto à composição genética, produção nalactação anterior e ordem de parto.

As aplicações de bST foram realizadas na fossa caudal, viasubcutânea, alternando-se os lados direito e esquerdo após aordenha da manhã, no período de 280 dias quando foi considera-da encerrada a lactação, totalizando em média 18 aplicações.

Os animais foram submetidos a duas ordenhas diárias,com intervalo de 12 horas entre ordenhas, as 4:00 e as 16:00 hs.

A produção de leite foi mensurada duas vezes por sema-na (quarta e sábado), em duas ordenhas diárias durante toda alactação.

Amostras de leite para avaliação da composição e paraanálise de CCS foram obtidas a cada 15 dias, até 280 dias dalactação. No entanto, em razão do reduzido número de dadosdisponíveis no DEL 250 e 280 foi decidido pela não incorpora-ção dessas informações ao trabalho. A amostragem de leite foirealizada com a utilização de copos coletores acoplados a or-denha2. Após o término da ordenha de cada animal, o copocoletor foi desacoplado e homogeneizado lentamente por trêsvezes, sendo colhidas amostras de 50mL de leite. As amostrasforam acondicionadas em frascos contendo bromopol (2-bromo 2-nitropropano 1,3-diol), na proporção de 10mg do prin-cipio ativo para 50mL de leite, sendo então enviadas imediata-mente para análise ao Laboratório Clínica do Leite, Esalq-USP.

Os casos de mastite clínica foram identificados pelosordenhadores, previamente treinados para considerar positi-vos animais que apresentavam leite com grumos e /ou úberecom sinais de inflamação (inchaço, rubor, calor e dor). Os ca-sos de mastite foram anotados em ficha, imediatamente apóssua detecção.

No inverno, os animais foram confinados e receberamdieta completa balanceada de acordo com a produção. Os ani-mais foram alimentados duas vezes por dia, com livre acesso aococho durante todo o dia, utilizando a cana de açúcar como volu-moso, milho e soja como ingredientes concentrados principais,

1BOOSTIN ® 500 mg – Intervet/Schering-Plough2 DeLaval

10 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

bem como outros subprodutos como polpa cítrica e cevada. Noverão os animais receberam suplementação concentrada duasvezes por dia, após a ordenha da manhã e antes da ordenha datarde. Os animais foram submetidos a pastejo em sistemarotacionado irrigado, em piquetes formados por Tifton 85(Cynodon dactylon), com período de ocupação de um dia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Produção de leiteNão foi observada diferença na média de produção de

leite entre os tratamentos que receberam aplicações de bST,tratamentos 1 (22,6 kg/dia) e 2 (23,0 kg/dia)(P<0,05), contrari-ando as observações de campo que indicam aumento de pro-dução com a aplicação a intervalos de 12 dias. Embora otratamento 2 tenha sido ligeiramente superior ao tratamento 1no terço inicial e final da lactação é possível observar umpadrão de resposta mais regular na aplicação de bST a inter-valos de 14 dias (Tabela 1 e Figura 3). Estes resultados são degrande importância uma vez que aplicações a intervalos me-nores que 14 dias elevariam o custo (dose/dia) da utilização debST e diminuiriam o retorno financeiro, uma vez que não foiobservado incremento na produção com aplicações a interva-los de 12 dias.

Figura 2. Vacas em pastejo (Tifton 85).

Figura 1. Vacas recebendo suplementação com cana deaçúcar.

3. Análise EstatísticaO estudo foi conduzido em delineamento inteiramente

casualizado. Para avaliar a produção, composição e CCS oteste estatístico utilizado foi Student-Newman-Keuls (SNK) a5 %. A média da produção de leite individual nos 20 dias ante-riores ao início do tratamento foi utilizada como covariável naanálise de produção de leite. A produção de leite foi avaliadaaté 280 dias da lactação. A homocedasticidade e a normalida-de dos dados foram testadas pelas metodologias de Bartlett eLilliefors, sendo necessária a transformação dos dados de CCSpara logarítimo na base dez, por não atenderam às condiçõescitadas. Para análise da ocorrência de mastite foi utilizado oTeste Exato de Fisher a 5%.

As análises foram realizadas utilizando-se os procedi-mentos do software SAEG-Sistema para Análises Estatísticas,versão 9.1, 2007 (SAEG, 2007).

Tabela 1. Média da produção de leite, em kg/dia,de vacas multíparas tratadas ou não com bST

A média de produção de leite dos tratamentos que rece-beram bST foi superior ao controle em até 2,3 kg de leite porvaca/dia, correspondendo a 11,1% de incremento na produção(Tabela 1). Embora o ganho percentual seja inferior ao citadopela literatura, que aponta ganhos de 10 a 20% em vacas holan-desas (Bauman, 1992; Bauman, 1999), e até 22% em vacas mes-tiças (Fontes et al., 1997; Oliveira Neto et al., 2001), quando seanalisa o incremento de produção em kg de leite por vaca/dia,os resultados deste estudo foram semelhantes ao relatado porFontes et al. (1997) e Oliveira Neto et al. (2001), que observaramaumento de aproximadamente 2,5 kg de leite/vaca/dia.

Uma vez que a decisão econômica de utilização de qual-quer tecnologia visando aumento da produção de leite deve serbaseada na relação custo x receita, e sendo a receita calculada apartir do aumento de produção em kg de leite, maior ênfasedeve ser dispensada na resposta à utilização de bST em kg deleite que em relação ao aumento percentual de produção.

Embora a eficiência do bST em promover ganhos signi-ficativos em produção de leite seja fato consolidada por diver-sas pesquisas em animais de origem européia (Bauman, 1992;Dohoo et al., 2003), estudos avaliando o padrão de respostaao bST em animais mestiços e em condições de clima tropicalsão escassos, o que reforça a importância deste estudo. Osresultados deste trabalho bem como os de Fontes et al. (1997) eOliveira Neto et al. (2001), comprovam a eficiência do bST em

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promover aumento na produção de leite em também em animaismestiços (Bos taurus x Bos indicus) em condições tropicais.

2. Composição do leiteNão foram observadas diferenças nos teores de gordura,

proteína, lactose, sólidos totais e extrato seco desengorduradoentre os tratamentos (P>0,05) Tabela 2 e Figura 4.

Estes resultados estão de acordo com Hartnell et al.(1990); Bauman (1992); Bauman (1999) que também relataramausência de efeito do bST sobre a composição do leite emanimais de origem européia, e Phipps et al. (1991) que relaramausência de efeito na composição de leite em animais mesti-ços (Bos taurus x Bos indicus).

3. Ocorrência de mastite clínica e CCSNão foram observadas diferenças no número de vacas

que apresentaram mastite clínica entre os tratamentos 1, 2 e 3(P>0,05) Tabela 4, bem como nos valores de CCS (P>0,05)Tabela 5.

Figura 3. Produção de leite (kg) de vacas multíparas tratadas ou não com BST 500 mg; início aplicação 63 dias de DEL;intervalos de 12 ou 14 dias.

Tabela 2. Composição do leite (%) ao longo da lactação de vacas multíparas tratadas ou não com bST 500 mg

Os resultados na literatura são contraditórios quanto àinfluência da utilização de bST na ocorrência de mastite clíni-ca e CCS. Pell et al. (1992) observaram maior número de casosde mastite no grupo tratado com bST, porém não foi possívelconcluir que o aumento foi unicamente associado à utilizaçãode bST. Fontes et al. (1997) observaram tendência numéricaem aumento na incidência de mastite em vacas mestiças quereceberam bST, no entanto o autor ressalta que a respostapode ter sido influenciada por outros fatores. No entanto,White et al. (1991) em 15 experimentos avaliando a produção

Tabela 4. Número de vacas que apresentarammastite por tratamento

Médias não seguidas por letras distintas na mesma coluna não diferementre si pelo teste Exato de Fisher a P>0,05.

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Hoeben e Burvenich (1999) observaram efeito protetorda somatotropina bovina (bST) em estudo com mastite porStreptococcus uberis induzida experimentalmente, sugerindoefeito benéfico do bST no restabelecimento da integridade dabarreira sangue-leite, uma vez que a produção de leite de ani-mais tratados foi restabelecida após 3 semanas da observaçãodo caso clínico, ao passo que nos animais não tratados combST a produção não retornou aos parâmetros pré-infecção.

A ausência de diferença observada nos valores de CCSem escore linear entre os grupo tratados e não tratados combST, estão em acordo com os resultados observados porCollier et al.(2001); Thomas et al. (1991); Hartnell et al. (1991),que não encontraram diferença nos valores de CCS entre ani-mais tratados com bST e não tratados. De acordo com Hoeben

et al. (1998), em vacas tratadas combST ocorreu menor migração de célu-las de defesa (polimorfonucleares) dosangue para o leite, o que se traduziuem valores mais de CCS nos animaistratados. No entanto, Bauman et al.(1999b) encontraram ligeiro aumentona contagem de células somáticas emrebanhos submetidos a aplicação debST.

CONCLUSÕES

A utilização de bST 500 mg emvacas mestiças ¾ e 7/8 girolandas (Bostaurus x Bos indicus) foi eficiente empromover aumentos em produção deleite, sendo observado aumento de

médio de até 2,3 kg de leite por vaca/dia/ na lactação. Nãohouve diferença na produção de leite de vacas recebendo aaplicação de bST 500 mg a intervalos de 12 ou 14 dias. Nãoforam observadas diferenças entre animais tratados com bSTe não tratados quanto a composição do leite, valores de CCSe ocorrência de mastite clínica.

AgradecimentosÀ Fazenda Santa Maria do Brejo Alegre, em especial ao

Dr. Pedro Nunes por ceder sua estru-tura e pela cooperação e amizade deseus funcionários, em especial aoCarlinhos.

À Intervet/Schering-Ploughpelo apoio à pesquisa, em especial, naspessoas de Rui Nóbrega, EmersonAlvarenga e Sebastião Faria.

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de leite durante toda a lactação e 70 experimentos de curtaduração nos Estados Unidos e Europa observaram que a inci-dência de casos de mastite entre animais recebendo bST eanimais não tratados, com mesma produção de leite, foi seme-lhante, ressaltando que foi observada correlação linear positi-va entre o pico de produção e incidência de mastite, e que estarelação foi semelhante em vacas que aumentaram a produçãode leite em resposta ao bST ou por ganhos genéticos. Osautores não observaram também diferença nos valores de CCSentre animais tratados ou não com bST.

Tabela 5. CCS em escore linear de vacas multíparas tratadas ou não com bST 500 mg

Médias não seguidas por letras distintas na mesma coluna não diferem entre si pelo teste SNK P>0,05.CV% = coeficiente de variação:15,99.

Figura 4. Valores médios da lactação encontrados para gordura, proteína, lactose, ST(sólidos totais) e ESD (extrato seco desengordurado) por tratamento.

13A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

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Résumé

L'emploi de la somatropine bovine (bST) de 500 mgchez des vaches métisses Bos taurus x Bos indicusdans des délais de 12 ou de 14 jours

B. G. Campos et al.

Avec le but d‘évaluer la reponse sur la production et lacomposition du lait, le comptage des cellules somatiques (CCS)et l‘occurrence de mammites cliniques, 39 vaches multipares,¾ e 7/8 Frisonne Pie Noir/Gir, ont été agroupées et soumises àtrois différents traitements. Groupe 1 : 13 vaches ont reçu 500mg de bST-r à partir du 63ème jour de lactation, dans des délaisde 14 jours. Groupe 2 : 14 vaches ont reçu le même traitement,mais dans des délais de 12 jours. Groupe 3 : 12 vaches témoinssans traitement. Tous les animaux ont été soumis aux mêmesconditions d‘alimentation (en étable en hiver et en rotation depâturages en été) et à deux traites par jour (la production delait étai calculée deux fois par semaine). L‘emploi de la bSTchez les vaches des groupes 1 et 2 a été capable d‘augmenterla production de lait, surtout dans le Groupe 1 (delais de 14jours). L‘emploi du produit dans les deux groupes n‘a pasaltéré la composition du lait, les taxes de CCS et n‘a pasaugmenté les cas de mammites en comparaison avec le groupetémoin.

Summary

Use of bovine somatotropine (BST) 500 mg incrossbred Bos taurus x Bos indicus cows every 12 or14 days

B. G. Campos et al.

With the purpose of assessing the response in terms of milkmake-up and production, somatic cells account (SCA) andclinical mastitis occurrence, 39 cows (¾ crossbred and 7/8

Frisian cows/Gir) were distributed into three groups: Treatment1 - 13 cows which were given 500 mg bST-r, starting on 63rdday of lactation, with 14 days of interval; Treatment 2 - 14cows were given the same 500 mg bST-r, from the 63rd day oflactation, at intervals of 12 days; Treatment 3 - 12 cows in thecontrol group, which were either given no bST or placebo.The animals were submitted to the same dietary handling.Also, they were confined in winter, and during the summergrazing would take place in a sequence of fields. Besides,milking was carried out twice a day whereas the milkproduction would be measured twice a week. The studyreached the conclusion that the use of bST among ¾ crossbredand 7/8 girolandas cows was capable of promoting increase inthe milk production. The use of bST 500mg given at intervalsof 12 days did not promote any milk production increase whencompared to 14-day intervals. Besides, the use of bST 500 mgat intervals of 12 or 14 days did not change the milk make-upnor the SCA figures. And when compared to the control group,it did not increase the incidence of mastitis.

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Indução de ciclicidadee taxa de prenhez emprimíparas Branguscom uso dehormonioterapia

Este trabalho teve como objetivo avaliar a utilização dodispositivo intravaginal de progesterona (DP4) contendo 0,558gversus dispositivo intravaginal de progesterona contendo 1,9gpreviamente utilizado por 9 dias, sobre taxas de prenhez emvacas primíparas (Brangus) lactantes submetidas àinseminação em tempo fixo (IATF). Foram utilizadas primíparasBrangus lactantes (50 a 70 dias pós parto), mantidas a pastoem Uruguaiana – RS. O diagnostico de gestação foi realizadopor toque retal. Segundo os resultados obtidos no presentetrabalho, concluiu-se que o DIV contendo 0,558g de P4, resul-tou em taxa de prenhez superior ao DIV contendo 1,9g de P4utilizado previamente por 9 dias. Os resultados obtidos com ouso do DIV de 0,558g de P4 não diminuíram a pulsatilidade deLH e, consequentemente, o crescimento folicular das primíparasBrangus lactantes após a sincronização hormonal, resultandoem maior taxa de prenhez.

R. L. GONÇALVES1, T. S. ANTONIO², A. PEREIRA3

1Reuel Luiz Gonçalves, Médi-co-Veterinário, Gerente ServiçoTécnico – Biogénesis Bagó,Curitiba, PR, BRASIL.

2Thiago Silva Antonio, Médico-Veterinário, Coordenador Técni-co de Linha Hormonal –Biogénesis Bagó, Ribeirão Preto,SP, BRASIL.

3Antônio Pereira, Médico-Vete-rinário, Gerente Fazenda SãoPedro – GAP, Uruguaiana, RS,BRASIL.

INTRODUÇÃOOBJETIVOMATERIAIS E MÉTODOSRESULTADOSCONCLUSÕES

INTRODUÇÃO

O objetivo de uma propriedade de cria éproduzir um bezerro/vaca/ano. Para conseguiristo, é necessário que as fêmeas comecem aciclar o mais rápido possível depois do parto.

Entre as fêmeas de um rebanho de cria,as que apresentam um maior desafio para ocriador, devido à dificuldade de ciclar no pós-parto recente, são as primíparas, e isso sedeve ao fato de a mesma ainda ser uma fêmea(novilha) em desenvolvimento e se apresen-tar lactante.

Deve-se ter em conta que uma gesta-ção bovina tem em media 280 a 285 dias. Des-

te modo, restam somente 85 dias na EM àsfêmeas para ficarem prenhes e obterem umbezerro/ano.

Por outro lado, não é importante somen-te ter um bezerro por vaca e por ano, mas simque o bezerro conseguido seja o mais pesadopossível até a data da desmama, produzindodesta maneira um produto, macho ou fêmea,mais forte, saudável e uma maior quantidadede kg de carne/ha. Em consequência, é neces-sário que a prenhez se estabeleça o mais rápi-do possível, de maneira a lograr a maior por-centagem de fêmeas prenhes ao começo daestação de monta.

Em função disto foi escolhida uma pro-priedade para demonstrar o efeito do tratamen-to hormonal com Cronipres® Monodose emprotocolos de IATF em primíparas. A proprie-dade escolhida, após consulta ao Dr. AntônioPereira – médico veterinário foi à fazenda SãoPedro em Uruguaiana/RS, pertencente ao Gru-po GAP, empresa esta com um século de tradi-ção e pioneirismo, sendo no cenário da pecu-ária nacional um modelo em seleção ecomercialização de reprodutores de raça.

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OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar, na distintapropriedade, a influência da concentração de progesterona deum dispositivo contendo 0,558g de progesterona (P4) na taxade concepção de fêmeas Brangus primíparas submetidas aprotocolo hormonal para Inseminação Artificial em Tempo Fixo(IATF).

Os tratamentos hormonais com progesterona têm sidoutilizados para conseguir prenhez em vacas em anestro nopós-parto recente. Sendo que alguns estudos indicam quealtos níveis de P4 plasmática diminuem a pulsatilidade de LHe, consequentemente, o crescimento folicular. Isto diminuiriaa eficiência dos protocolos para IATF que se baseiam na utili-zação de dispositivos intravaginais contendo P4. Principal-mente em fêmeas com porcentagem de sangue zebuíno.

MATERIAIS E MÉTODOS

No ensaio realizado utilizaram-se 112 fêmeas primíparasBrangus lactantes (50 – 70 dias pós parto) mantidas a pasto emUruguaiana-RS, com uma condição corporal entre 2,5 a 4,5 (es-cala 1 a 5), randomizadas conforme a condição corporal (CC).

Após a separação dos lotes com base na CC, optou-sepor utilizar no lote 1 o dispositivo de P4 de 1,9g de progesteronapreviamente utilizado por 9 dias (DIV 1,9g de 2º Uso), e no lote

2 o produto da Biogénesis-Bagó contendo 0,558g deprogesterona. O protocolo de sincronização adotado foi o jáutilizado na propriedade, sendo a única variável nos protoco-los o tipo de dispositivo utilizado. Sendo que no Dia 0, todosreceberam 2mg de Benzoato de Estradiol (BE) IM e um DIV P4de acordo com o grupo que pertenciam (lote 1 ou lote 2). NoDia 7, receberam meia dose de prostaglandina (PG) IM. No Dia9, o DIV P4 foi removido e aplicou-se 0,5 mL de Cipionato deEstradiol (CE) IM e foi feito desmame interrompido até a IATF.A IATF foi realizada 54 horas após a remoção do DP4.

Para uniformizar os resultados, nas fêmeas que apresen-tavam CC igual a 2,5 foi administrada uma dose de 300 UI deeCG (PMSG), em ambos os grupos do estudo no momento daretirada dos dispositivos.

Após a sincronização e IATF das fêmeas, o diagnósticode gestação foi realizado por toque retal em data previamenteestipulada.

RESULTADOS

O diagnóstico de gestação foi realizado por toque retalem 30/11/2009, sendo os resultados apresentados no quadroabaixo:

Outro dado observado no presente trabalho foi a influ-encia da CC das fêmeas no momento da sincronização emelação à prenhez:

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CONCLUSÕES

Conclui-se que o dispositivo contendo 0,558g de P4avaliado, resultou em taxa de prenhez superior ao do disposi-tivo em uso na propriedade. Os resultados obtidos com o usodo dispositivo de 0,558g de P4, não diminuíram a pulsatilidadede LH e, consequentemente, o crescimento folicular dasprimíparas Brangus após a sincronização hormonal, resultan-do em maior taxa de prenhez (Tabela1). O efeito benéfico daimplementação de um programa deste tipo depende, em gran-de parte, de um bom manejo nutricional e sanitário dos ani-mais, como ficou demonstrado na Tabela 2. Sendo a CondiçãoCorporal (CC) um dos fatores determinantes parar aumentar ataxa de prenhez, deve ser ela maior que 2,5 (em uma escala 1 a5) no momento de se iniciar um tratamento de sincronizaçãopara obterem-se bons resultados.

AgradecimentosAo Dr. Antônio Pereira, Fazenda São Pedro, Uruguaiana,

RS; GAP Genética; e a todos os funcionários da propriedade eoutros profissionais e técnicos que colaboraram na execuçãodeste trabalho.

ApoioBiogénesis-Bagó Saúde Animal Ltda.

Tabela 1. Taxas de prenhez em primíparas Brangustratadas com distintos dispositivos de P4.

Lote 1* Dispositivo de progesterona contendo 1,9g previamenteutilizados por 9 dias. Lote 2** Dispositivo Cronipres® Monodosecontendo 0,558g de progesterona.

Tabela 2: Taxa de prenhez conforme condição corpo-ral ao protocolo.

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Summary

Cyclicity induction and pregnancy rate in Brangusprimipara cows through the use of hormonotherapy

R. L. Gonçalves et al.

This piece of work aimed at assessing the use of a progesteroneintravaginal device (DP4) which contained 0,558g incomparison with the use of another progesterone intravaginaldevice that contained 1,9g and which had been previously usedalong 9 days. It studied how it affected pregnancy rates inBrangus primipara cows, which had been submitted to fixedtime insemination. The research used Brangus primipara cowswhich were kept in fields during lactation (from 50 to 70 daysafter birth). The pregnancy diagnosis was carried out throughrectal touch. According to the results obtained in this study,one can reach the conclusion that the IVD containing 0,558g ofP4 resulted in a higher pregnancy rate in comparison to the IVDcontaining 1,9g of P4 which had been used for 9 days. Theresults that were obtained through the use of 0,558g of P4 IVDdid not reduce LH pulsatility nor - consequently - the foliculargrowth of Brangus primipara cows during lactation afterhormonal synchronization, resulting in a higher pregnancy rate.

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F. S. R.CARVALHO1, C. R. SILVA2 , F. HOE3

INTRODUÇÃOMATERIAL E MÉTODOSRESULTADOS E DISCUSSÃOCONCLUSÃO

Impacto da castraçãocirúrgica no ganho depeso e estado clínico debovinos de corte

No período de março a maio de 2010 foram cas-trados 500 bovinos em quatro propriedades, sendo trêslocalizadas no estado de Minas Gerais e uma em Goiás.Os bovinos foram castrados de acordo com o procedi-mento de rotina realizado em cada propriedade. Nosdias D0 (castração) e D+28 efetuou-se a pesagem dosanimais e nos dias D+7 e D+28 avaliaram-se as com-plicações após a castração. Após as avaliações nasquatro propriedades, os dados foram agrupados e cons-tatou-se: 14,8% de miíase, 1,8% de hemorragia, 3,8%de funiculite, 5,4% de abscesso, 1,6% de granuloma e0,4% de óbito. Em todas as propriedades houve impac-to no ganho de peso nos primeiros 28 dias após a cas-tração, a Fazenda II foi a que teve maior impacto,34,57% dos animais perderam peso nesse período.

1Francisco de Sales ResendeCarvalho, Prof. Dr. PhD., Pro-fessor de Clínica de Equinos eRuminantes da Faculdade deMedicina Veterinária-FAMEV,Universidade Federal deUberlândia - UFU, Uberlândia,MG, BRASIL.

2Carlos Roberto da Silva, Msc.,M.V. Pesquisador da Gaia Pes-quisa e Desenvolvimento emSaúde Animal Ltda, Uberlândia,MG, BRASIL.

[email protected] Hoe, Msc., M.V. Ge-rente de Produto, Pfizer SaúdeAnimal, Unidade Bovinos, SãoPaulo, SP, BRASIL.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história, os animais deprodução vêm sendo submetidos à castraçãopor uma série de motivos. O procedimento re-duz os problemas de manejo relacionados àagressividade e ao comportamento sexual,além de reduzir a incidência dos cortes de car-ne escurecidos e sem acabamento de gorduraadequado. Bovinos machos inteiros tendem aproduzir carne de pior qualidade com menorespessura de gordura e maior incidência deDFD (carne seca, dura e escura). De acordocom a região do país e a época do ano, carca-ças de bovinos inteiros podem ter remunera-ção menor e menor aceitação pelos consumi-dores quando comparadas as de bovinos cas-trados.

A decisão de castrar bovinos está rela-cionada com a exigência da indústriafrigorífica, a qual associa sua demanda à ne-cessidade do mercado (Feijó, 1998). A idadepreconizada para castração varia desde o nas-cimento do bezerro até poucos meses antesdo abate (Pereira et al., 1977; Moraes, 1982;Restle et al., 1994). Hoje, a maior restrição aoabate de animais inteiros vem dos frigoríficosque consideram as carcaças desses animaisinferiores as dos castrados apesar de algunstrabalhos de Restle et al. (1994b), Feijó &Euclides Filho (1998) e Feijó et al. (1998) teremdemonstrado que é possível abater animaisinteiros com carcaças de qualidade.

As técnicas mais utilizadas na pecuá-ria brasileira têm sido: castração com duas in-cisões laterais na bolsa escrotal, castração coma remoção do ápice do escroto e castraçãocom o burdizzo (Dietz et al., 1985). Há poucosestudos na literatura que tenham quantificadoas complicações decorrentes da castração. Deacordo com Silva et al., 2001, dentre as diver-sas complicações que podem ocorrer após acastração, como edema, miíases, retenção de

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coágulos, hemorragia e granuloma, as duas últimas são as demenor ocorrência (Silva et al., 2001).

Diante da relevância da temática e suas implicações nasaúde animal, o objetivo do presente trabalho foi o de avaliaro impacto da castração cirúrgica no ganho de peso nos pri-meiros 28 dias após o procedimento e o impacto no estadoclínico do animal, quantificando as principais complicaçõesque ocorrem após a castração em bovinos.

MATERIAL E MÉTODOS

Para realização do estudo foram selecionadas 4 proprie-dades, Fazenda da Serra - I, Uberaba, Minas Gerais, FazendaPontal - II, Uberlândia, Minas Gerais, Fazenda Cruzeiro do Sul-III, Uberaba, Minas Gerais e Fazenda Bom Sucesso - IV,Pontalina, Góias. Os bovinos foram selecionados de acordocom o cronograma de castração de cada propriedade. O estu-do foi realizado no período de Março a Maio de 2010. Nasquatro propriedades foram castrados no total 500 bovinos,utilizando técnicas de castração por ablação (Figura 1) ouincisão lateral da bolsa escrotal (Figura 2) conforme Tabela 1.

Os bovinos participantes foram submetidos à avaliaçãodo estado geral, pesagem e castração no D0 (início do estu-do). Posteriormente no D+7 (sete dias após a castração) osanimais foram avaliados quanto ao processo de cicatrizaçãodas feridas cirúrgicas e, nesta data, foi verificada a presençade miíases, hemorragias, edemas, funiculites, abscessos emortalidade. No D+28 (vinte oito dias após a castração) asferidas foram avaliadas novamente de acordo com os critériossupracitados, e os animais foram pesados novamente paraavaliar o ganho e/ou a perda de peso após a castração.

Os dados obtidos após avaliação das complicações pós-castração foram transformados em percentagem, e a avaliaçãode peso foi medida pela diferença de peso entre o dia da cas-tração (D0) e 28 dias após (D+28).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A ocorrência de complicações após a castração está apre-sentada individualmente por fazenda nos Gráficos de 1 a 4.Nestes gráficos pode-se verificar que as complicações encon-tradas variaram entre as propriedades e foram influenciadaspelo tipo de manejo utilizado no momento da castração e du-rante o acompanhamento do processo cicatricial.

Tabela 1 – Fazenda, número de animais castrados, raça, idade e tipode técnica de castração utilizada em cada propriedade.

Figura 1 – Método de ablação Figura 2 - Incisão lateral dabolsa escrotal

Gráfico 1 – Ocorrência de complicações no D+7 e D+28 pós-castração na Fazenda I, no período de Março a Abril de 2010,correspondendo a um total de 186 animais castrados.

Na fazenda I a principal complicação observada foi oóbito de um animal devido à hemorragia severa constatada na

necropsia (Gráfico 1). No momento da castra-ção foi aplicado larvicida em pó para prevençãode bicheiras. Dentre as 4 fazendas, a incidênciade miíase apresentou a maior ocorrência na Fa-zenda II, 50,6%, onde não foi utilizado nenhumproduto sistêmico ou local para prevenção debicheiras no momento da castração (Gráfico 2).Foi efetuada a aplicação do produto Dectomax®

(Pfizer Saúde Animal) três dias após a castraçãoem todos os animais, e larvicida em pó nos ani-mais que apresentaram miíase nos dias de avali-ação. Esta aplicação pode ser considerada tar-dia, uma vez que no terceiro dia pós-castraçãoas bicheiras já estavam instaladas e já havia ocor-rido contaminação da ferida cirúrgica, sendo queeste quadro foi responsável também pelas de-mais complicações visualizadas nesta proprie-dade, tais como abscesso e funiculite. Além doalto índice de miíase, um animal veio a óbito nes-ta propriedade devido ao tétano.

Na fazenda III poucas complicações foramobservadas, sendo a miíase a mais comum(7,43%) (Gráfico 3). No momento da castração

Gráfico 2 – Ocorrência de complicações no D+7 e D+28 pós-castração na Fazenda II, no período de Março a Abril de 2010,correspondendo a um total de 81 animais castrados.

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foi aplicado localmente larvicida em pó para prevenção debicheiras e os animais que apresentaram miíase nas avalia-ções subseqüentes também receberam tratamento local com omesmo produto.

No Gráfico 5 estão apresentados os dados agrupadosdas quatro propriedades e mais uma vez fica evidente que acomplicação mais frequente foi a miíase 14,8% (n=74) e a demaior prejuízo o óbito 0,4% (n = 2).

Gráfico 3 – Ocorrência de complicações no D+7 e D+28 pós-castração na Fazenda III, no período de Março a Abril de 2010,correspondendo a um total de 148 animais castrados.

A Fazenda IV difere das demais, uma vez que a complica-ção mais frequente foi a funiculite 20,0% (Gráfico 4). A altaincidência de funiculite nesta fazenda pode ser explicada pelomanejo adotado na castração. Nesta propriedade um equipa-mento caseiro semelhante a uma bomba utilizada para colocarveneno em formigueiros foi utilizada para introduzir o produtolarvicida diretamente na bolsa escrotal dos animais. O equipa-mento provavelmente se contaminou pelo contato com o chãoe pela ausência de desinfecção entre um animal e outro, levan-do à contaminação da ferida cirúrgica e ao desenvolvimentoda funiculite.

Gráfico 4 – Ocorrência de complicações no D+7 e D+28 pós-castração dos bovinos na Fazenda IV, no período de Abril a Maiode 2010, correspondendo a um total de 85 animais castrados.

Ao relatarmos a ocorrência de abscesso, verifica-se queos índices mais altos foram encontrados na Fazenda II 13,58%(n=11), e na Fazenda IV 15,20% (n=13). É interessante pontu-armos que houve maior incidência de miíase na Fazenda II, euma das maiores incidências de abscesso que está diretamen-te relacionado à contaminação causada pelas miíases. Na Fa-zenda IV ocorreu a maior incidência de abscessos, devidoprovavelmente ao uso do equipamento para colocação delarvicida em pó, que inicialmente causou funiculite e posteri-ormente abscessos. Ou seja, os dois tipos de manejo utiliza-dos nas Fazendas II e IV propiciaram aumento de infecçõesnas feridas cirúrgicas que levaram a maior incidência de abs-cesso e funiculite.

Gráfico 5 - Ocorrência de complicações no D+7 e D+28 pós-castração de 500 bovinos em quatro propriedades no períodode Março a Maio de 2010.

Pádua et al. (2003) avaliaram 63 bovinos submetidos àcastração por incisão lateral (n = 21), incisão por ablação (n =21) e burdizzo (n = 21). Após avaliação os autores constataramque as complicações mais frequentes foram edema e miíase emtodos os métodos de castração adotados. Silva et al. (2003)após castrarem 240 bovinos, observaram 0,75% de óbitos, oque corrobora com o índice encontrado no presente estudo.Em outro estudo, Silva et al. (2009) após castrarem 168 ani-mais utilizando técnicas de castração com incisão lateral eablação (incisão transversal), e efetuando hemostasia combraçadeira de nylon observaram: 14,28% de miíases, 8,92% deabscessos, 8,13% de funiculite, 2,97% de granuloma e 1,19%de hemorragia. Estes achados corroboram com os dados dopresente estudo.

Na Tabela 2 é apresentado o ganho de peso médio nosprimeiros 28 dias após a castração em cada propriedade. Ob-serva-se que não houve ganho de peso nesse período nasfazendas I e II, e houve um ganho de peso muito pequeno nasfazendas III e IV. Na Fazenda I verificou-se que 52 animais(27,96%) perderam peso durante os 28 dias de avaliação, sen-do que destes apenas 9 tiveram complicações após a castra-ção. Na Fazenda II, 28 animais (34,57%) perderam peso, sendoque, destes, 21 apresentaram algum tipo de complicação. NaFazenda III constatou-se que 30 animais (20,27%) perderampeso, sendo que, destes, 6 tiveram complicações durante operíodo observacional. A Fazenda IV foi a que apresentoumenor impacto no ganho de peso, apenas 11,76% (n = 10) dosanimais perderam peso, e, destes, apenas 3 tiveram algum tipode complicação pós-castração.

Com base nesses dados pode-se constatar que muitosanimais que não apresentaram complicação após a castraçãoapresentaram perda de peso, ou seja, o impacto da castração nãose restringiu apenas às ocorrências clínicas (míiases, abscessos,hemorragias, etc), mas também afetou o ganho de peso dos ani-mais. É importante ressaltar que, na época da realização do estu-do, a qualidade das pastagens em todas as propriedades estavaboa, portanto a perda de peso está diretamente relacionada àcastração e às complicações e estresse ocasionados por ela.

21A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

CONCLUSÃO

De acordo com os dados do presente estudo, a miíasefoi a complicação mais frequentemente observada após a cas-tração, e o óbito certamente a ocorrência de maior prejuízo. Aocorrência de complicações foi relacionada ao manejo de cadafazenda, à assepsia e ao uso de produtos veterinários paraprevenção de miíases e outras complicações. O manejo, a higi-ene e o acompanhamento dos animais pós-castração podemter influenciado na ocorrência de mortalidade.

Apesar dos prejuízos associados com a castração comoo gasto de tempo da mão de obra para realizar a castração ecurar possíveis complicações após a castração, perda de pesodos animais devido ao estresse e às complicações que surgemapós este procedimento, gastos com medicamentos, risco deóbito, etc., a castração de bovinos traz uma série de benefíci-os, principalmente relacionados ao comportamento mais cal-mo dos animais e melhoria de qualidade de carcaça em relaçãoa bovinos inteiros criados nas mesmas condições. Portanto, aadoção de um manejo adequado na castração é essencial paraminimizar os prejuízos associados com esta prática.

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Summary

Impact of surgical castration on weight gain andclinical status of beef cattle

F. S. R. Carvalho et al.

In the period from March to May 2010, 500 bovines werecastrated at four farms, three farms located in the state ofMinas Gerais and one farm in Goiás. Animals were castratedaccording to the standard procedure of each farm. At Day 0(castration) and Day +28 body weight measures were takenand at days D+7 and D +28 post-castration complications wereevaluated. The evaluations from the four farms were groupedand resulted in: 14.8% of myiasis, 1.8% of bleeding, 3.8% offuniculitis, 5.4% of abscess, 1.6% of granuloma and 0,4% ofdeath. In all farms it was observed an impact on weight gain inthe first 28 days post-castration, Farm II showed the greatestimpact, 34,57% of the animals lost weight in this period.

Tabela 2 – Médias de peso no D0 (castração) e no D+28, ganho de peso médio nos primeiros28 dias após a castração, e percentagem de animais do lote que perderam peso em cada propriedadedurante o período experimental.

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HV InternacionalZilah Cheuiche – Médica Veterinária, Redatora de A Hora Veterinária, Porto Alegre, RS, BRASIL.e-mail: [email protected]

Extensão Rural a distância aproximaEstados Unidos e Iraque

Serviço de Vigilância Veterinária da Rússia identificaproblemas em amostras de carne suína brasileira

A quase 7.000 quilômetros de distância, um grupo deveterinários da Universidade de Michigan (EUA) orienta ve-terinários e agricultores iraquianos para a reconstrução daindústria alimentar do país. Fomentar a pecuária, adotar novastecnologias e educar os seus agricultores e produtores são osobjetivos do projeto.

Para um país devastado por décadas de guerra, opres-são política e gestões mal sucedidas, o processo de recons-trução pode ser assustador, especialmente se as necessida-des básicas não serão atendidas. Esta é a maior preocupaçãodo líder do projeto, Robert Malinowski, diretor do Centro deInformação Tecnológica da Faculdade de Medicina Veteriná-ria de Michigan. Segundo ele, o Iraque ainda está em desor-dem, e o povo tem necessidade urgente de reconstruir suainfra-estrutura. A maioria das pessoas pensa em estradas, es-gotos e comunicações, quando se trata de infra-estrutura,porém o alimento para o gado e a indústria de ciência animaltêm igual importância neste processo. Ann Rashmir, professo-ra associada com a Faculdade de Medicina Veterinária traba-lhando ao lado de Malinowski sobre o projeto, acrescentou:“Um país que busca a estabilidade tem de ser capaz de sealimentar.”

O projeto está sendo financiado pelo Departamento deAgricultura dos EUA e a MSU está trabalhando com duasassociações iraquianas, uma delas é a Red Meet Iraque Asso-ciation, uma organização não governamental que pretendedesenvolver, organizar e preservar as atividades em relação àprodução de carne vermelha. Também auxilia na organizaçãodo Sindicato dos Médicos Veterinários do Iraque. O contatoentre os especialistas é feito através de teleconferência via

O Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitáriada Federação Russa (Rosselkhoznadzor) decidiu suspendertemporariamente as importações da carne suína de uma dasunidades da Sadia, em Uberlândia, Minas Gerais. A decisão éválida para lotes enviados a partir da primeira semana de dezem-bro. A medida foi tomada no dia 23 de novembro e está disponí-vel no site do órgão (www.fsvps.ru). As compras de carne deempresas da Alemanha e da França também foram suspensas.

Segundo o documento, exames de rotina identificaramsubstâncias proibidas e nocivas em produtos de origem ani-mal enviados à Rússia. Foi encontrada salmonela em amostrasde carne suína proveniente de uma unidade da Sadia, emUberlândia. A decisão de liberar os lotes dependerá do con-trole laboratorial obrigatório, segundo afirmou, em nota, o ser-

Robert Malinowski Ann Rashmir

internet e acontece em dois sábados do mês. Os temas vão degestão agrícola, nutrição animal, doenças, biossegurança etécnicas modernas de criação. Tradutores de Bagdá interme-diam as palestras que têm duração média de 2 horas.

Desde 1980, houve diminuição no número de ovinos nopaís em 44%, 11% de perda no rebanho bovino e 20% debubalinos, de acordo com a Nações Unidas. A pecuária doIraque tem necessidade de revitalização e melhoria, a fim derecuperar os níveis anteriores de produtividade.

O projeto está previsto para durar 12 meses, com umaextensão potencial de seis meses. Malinowski disse que seuscolegas iraquianos estão ansiosos para aprender.

Sente que podem fazê-los acelerar muito rapidamente.Não se trata de falta de vontade ou habilidade, é preciso aces-so as ferramentas para ter sucesso.

viço federal veterinário russo.A Sadia informou que não foi comunicada oficialmente

sobre a suspensão e que todas as medidas necessárias paraque as autoridades russas reavaliem a decisão serão tomadaspela companhia. Além de Uberlândia, a Sadia possui outrasduas fábricas habilitadas a exportar para o mercado russo,motivo pela qual não haverá qualquer tipo de impacto em suasvendas externas para aquele mercado. A empresa afirma quepossui rígidos controles internos de qualidade, com produtosinspecionados pelo Ministério da Agricultura. A Sadia hoje éuma subsidiária da BRF - Brasil Foods, porém ainda atua sepa-rada da BRF enquanto aguarda a aprovação do ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica (Cade) da fusão das duascompanhias.

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F. P. HARTWIG1, L. ANTUNEZ1, I. BIANCHI2,B. R. CURCIO2 , C. E. W. NOGUEIRA2

Avaliação deparâmetros seminaise fertilidade emgaranhões daRaça Crioula

O potencial de fertilidade do garanhão variaindividualmente de acordo com a qualidade do sê-men, cuja avaliação envolve diversas técnicas. Oobjetivo deste estudo foi analisar parâmetros semi-nais de garanhões da raça crioula relacionandoscom índices de fertilidade in vivo. Foram avaliadosmotilidade, integridade de membrana e acrossomados espermatozóides e índice de prenhez por ciclo.Os valores de motilidade diferiram entre os garanhões(P<0,05), enquanto a integridade de membrana,acrossoma e prenhez por ciclo não foram diferentes(P>0,05). Os resultados do presente estudo reafir-mam a subjetividade da análise isolada da motilidadee destacam a importância da utilização de técnicasobjetivas e de alta sensibilidade para determinar vi-abilidade espermática e potencial de fertilização.

1Felipe Hartwig, Acadêmico emMedicina Veterinária da Univer-sidade Federal de Pelotas (UFPel)Pelotas, RS, BRASIL.

1Lucas Antunez, Acadêmico emMedicina Veterinária da UFPel,Pelotas, RS, BRASIL.

2Ivan Bianchi, Professor adjuntoda Faculdade de Medicina Vete-rinária da UFPel, Pelotas, RS,BRASIL.

2Bruna Curcio, Professora adjun-ta da Faculdade de Medicina Ve-terinária da UFPel, Pelotas, RS,BRASIL.

2Carlos Eduardo Wayne No-gueira, Professor adjunto da Fa-culdade de Medicina Veterináriada UFPel, Pelotas, RS, BRASIL.

INTRODUÇÃOMETODOLOGIARESULTADOS E DISCUSSÃOCONSIDERAÇÕES FINAIS

INTRODUÇÃO

A espécie equina, sob condições natu-rais, apresenta menores taxas de fertilidade emrelação às demais espécies de animais domésti-cos. Portanto, é evidente a necessidade do avan-ço em biotecnologias reprodutivas, com maiorenfoque na avaliação de potencial reprodutivo,diagnóstico de distúrbios reprodutivos, bemcomo no avanço de novas terapias.

O garanhão deve apresentar potencial defertilidade in vivo e in vitro o que varia indivi-dualmente de acordo com a qualidade do sê-men1. A avaliação da fertilidade em garanhões,com base na morfologia espermática emotilidade, utilizando microscopia de luz, é rea-lizada há muitos anos. Este tipo de exame de-sempenha um papel importante no estabeleci-

mento dos padrões normais de fertilidade nestaespécie4,5. No entanto, a correlação da fertili-dade de um garanhão com o resultado de umúnico teste laboratorial não é alta quando com-parada à utilização de múltiplos testes6.

A avaliação do sêmen inicia logo após acoleta: volume, coloração, viscosidade e as-pecto do ejaculado são parâmetros macroscó-picos avaliados. Ainda, imediatamente após acoleta, são analisados a motilidade e o vigorespermático. Posteriormente, após coloraçõesespecíficas e/ou diluições são avaliadasmorfologia celular e concentração espermática.Ainda podem ser avaliadas características fun-cionais como: integridade de membranaplasmática, integridade de acrossoma, integri-dade de DNA.

A avaliação dessas características en-volve técnicas de microscopia óptica, micros-copia de contraste de fase, microscopia defluorescência, entre outras. Os corantes fluo-rescentes proporcionam avaliações mais ob-jetivas das células espermáticas em relação aosmétodos de coloração para microscopiaóptica3. As células espermáticas coradas com

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fluorescência podem ser avaliadas tanto nos aspectosmorfológicos como funcionais sem a interferência do meioextracelular2.

A membrana plasmática e o acrossoma do esperma-tozóide, em especial, estão diretamente envolvidos no proces-so de fertilização do oócito. Portanto, alterações tanto na mem-brana plasmática quanto no acrossoma do espermatozóide sãorelevantes no que diz respeito ao poder fecundante destas célu-las e com consequente influência na fertilidade do garanhão8.

O objetivo do presente estudo foi o de analisar osparâmetros morfofuncionais espermáticos, através de técni-cas de microscopia óptica e microscopia de fluorescência, e afertilidade in vivo de garanhões da Raça Crioula através dastaxas de prenhez por ciclo.

METODOLOGIA

Foram avaliados oito ejaculados de cada garanhão du-rante a estação de monta da temporada reprodutiva 2009/2010.Foram utilizados dois garanhões que se apresentaram clinica-mente saudáveis e em bom estado corporal, durante toda es-tação de monta.

As amostras utilizadas foram diluídas com diluente co-mercial Botu-Sêmen® na fração 3:1 (três partes de diluente parauma parte de sêmen) e acondicionadas em um recipiente co-mercial Botu-Box® para refrigeração e manutenção a 15°C.O sêmen era mantido por, no mínimo, 4 horas antes do iníciodas análises, para que fosse completada a curva de resfria-mento. Os parâmetros seminais analisados foram: volume doejaculado, motilidade espermática, vigor, concentração esper-mática, número total de células por ejaculado, morfologia, in-tegridade de membrana plasmática e integridade de acrossoma.

As avaliações de motilidade e vigor foram realizados pormicroscopia óptica (400 x). A concentração espermática foimensurada através de contagem em câmara de Neubauer. Amorfologia espermática foi analisada em microscopia óptica

através de lâmina corada com a coloração de Ceróvscky. Foiutilizada microscopia de fluorescência para avaliação da inte-gridade de membrana (Carboxifluoresceína e Iodeto dePropídio- CFDA e IP - Figura 1) e integridade de acrossoma(FITC – IP - Figura 2).

Os índices de fertilidade foram avaliados através da taxade prenhez por ciclo. Foram monitoradas 44 éguas em sistemade monta natural dirigida. A média de idade das éguas foi deoito anos. Não houve diferença significativa entre a idade daséguas destinadas a cada garanhão (P > 0,05).

Para avaliação estatística foi utilizada análise de variância,com comparação entre médias através do teste LSD, atravésdo software STATISTIX®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise morfológica, o garanhão A obteve média de75% de células normais, o garanhão B apresentou a média de73% de células normais (P > 0,05). Quando se avalia amorfologia espermática, garanhões sadios apresentam médiade 54% de espermatozóides normais, enquanto indivíduossubférteis apresentam média de 37% de células normais7. Osgaranhões do presente estudo demonstraram índice deespermatozóides morfologicamente normais superiores à mé-dia descrita para indivíduos férteis.

A concentração espermática média do garanhão A foi de220 x 106/ml e de 113 x 106/ml para o garanhão B (P < 0,05) e onúmero total médio de células por ejaculado foi de 4,5 x 109

para o garanhão A e 3,5 x 109 para o garanhão B. Em um estudoem garanhões da Raça Crioula a concentração espermáticamédia foi de 101 x 106/ml e o número total de células foi de 6,1x 109 por ejaculado9. Os dados encontrados no presente estu-do estão abaixo do descrito anteriormente para a raça, porémvalores de concentração espermática variam drasticamente porvários fatores, desde a idade dos animais, como o intervaloentre as ejaculações.

Figura 1. Análise de integridade de membrana por sondaCFDA eIP.

Figura 2. Análise de integridade de acrossoma por sondaFITC -IP.

28 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

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Summary

Seminal parameters and fertility evaluation incrioulos breed stallions

F. P. Hartwig et al.

The stallion fertility potential modified individually accordingto the quality of semen, whose evaluation involves severaltechniques. The objective of the present study was evaluatedseminal parameters of crioulo breed stallions in relationshipwith in vivo fertility rates. Motility, membrane and acrossomeintegrity was analyzed. The motility values were different(P<0,05) between the stallions, however membrane andacrossome integrity and the pregnancy rates were not different(P>0,05). The results of the study showed the subjectivity ofmotility analysis alone and give emphasis to the applicationof sensibility and objective techniques in order to determinatecellular viability and potential of fertilization.

Tabela 1. Integridade de acrossoma, integridade de membrana, motilidade espermática e taxas de prenhez por ciclo dos garanhões.

As médias correspondentes à integridade de membrana(CFDA e IP), motilidade espermática, integridade de acrossoma(FITC – PSA) e as taxas de prenhez por ciclo dos garanhõesestão descritos na Tabela 1.

De acordo com os resultados do presente estudo, asmédias de motilidade diferiram entre os garanhões (P < 0,05).Em contrapartida, as taxas de prenhez por ciclo, bem como aporcentagem de integridade de membrana celular e deacrossoma, por microscopia de fluorescência não apresenta-ram diferença estatística (P > 0,05). Esses resultados reforçama sensibilidade e objetividade das técnicas de microscopia defluorescência na análise da viabilidade espermática.

A membrana plasmática e o acrossoma do esperma-tozóide estão intimamente envolvidos no processo de fertili-zação do oócito. Portanto, integridade de membrana plasmáticae de acrossoma, são características morfofuncionais relacio-nadas com o poder fecundante do espermatozóide. No pre-sente estudo tal fato foi evidenciado através das altas taxasde integridade de membrana e de acrossoma acompanhadaspelos altos índices de prenhez por ciclo dos garanhões.

De posse de informações a respeito das característicasreprodutivas de cada garanhão, viabiliza-se a otimização dopotencial reprodutivo do animal visando à obtenção de me-lhores resultados. Além da obtenção de diagnósticos preco-ces e precisos em eventuais distúrbios reprodutivos, favore-cendo diretamente o prognóstico para casos de sub-fertilida-de ou infertilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existe a necessidade da avaliação andrológica, conside-rando o fato de haver vários fatores que influenciam na fertili-dade do garanhão e consequentemente em um programareprodutivo.

Os resultados do presente estudo reafirmam a subjetivi-dade da análise isolada de motilidade em relação à viabilidadeespermática. Tal fato foi comprovado pelos resultados do ex-perimento, destacando o importante papel das técnicas deanálise em microscopia de fluorescência na determinação daintegridade e viabilidade do espermatozóide.

É de suma importância a utilização de técnicas objetivase de alta sensibilidade na análise seminal de reprodutores.Consideramos com base nos dados do presente estudo queas técnicas aplicadas foram eficientes na análise da viabilida-de espermática e potencial fecundante.

Referências Bibliográficas1. BARTH, A.D.; OKO, R.J. Abnormal morphology of bovine

spermatozoa. Ames: Iowa State University Press, p.285, 1989.

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30 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

R. T. BELTRAME*1, A. F. CÔVRE2,H. A. PLASTER2, L. A. MOSCON2, C. R. QUIRINO3

Influência dalactação e do dia deinseminação nosresultados da IATF emvacas cruzadas

Desenvolveu-se um estudo na fazenda experimen-tal da UNESC (Colatina – ES) no mês de Junho de2009. Partindo da utilização de um mesmo protocolode sincronização, 54 animais divididos aleatoriamen-te em quatro grupos de dia de inseminação (G1 – 1ºdia – 15 animais; G2 - 2º dia – 15 animais; G3 – 3º dia– 15 animais; G4 – 4º dia – 9 animais). Comparou-se ataxa de prenhez em relação ao dia de inseminação eao estado fisiológico dos animais. Não houve diferen-ças entre a taxa de prenhez nos grupos de dia deinseminação após sincronização (G1 – 66%; G2 –73%; G3 – 40%; G4 – 44%). Considerando apenas oestado fisiológico de lactação, não houve diferençasda taxa de prenhez entre vacas secas, 24% (13/54) evacas em lactação 76% (41/54).

1Renato Travassos Beltrame,Doutor em Ciência Animal –UENF – Professor do Curso deMedicina Veterinária - UNESC,Colatina, ES, BRASIL. e-mail:[email protected]

2Álisson Faé Côvre, Herika deAlmeida Plaster, Luiz Alexan-dre Moscon, Alunos do 3º perí-odo do Curso de Medicina Vete-rinária – UNESC, Colatina, ES,BRASIL.

3Celia Raquel Quirino, Centrode Ciências e TecnologiasAgropecuárias - CCTA - UENF,CEP 28.013-600, Av. AlbertoLamego, 2000 - Campos dosGoytacazes, RJ, BRASIL.

INTRODUÇÃOMATERIAIS E MÉTODOSRESULTADOS E DISCUSSÃO

INTRODUÇÃO

Na pecuária bovina, a reprodução éidentificada como o mais importante fator as-sociado com a rentabilidade, afetando direta-mente o nível de produtividade de um reba-nho, sendo dependente direto de fatoresnutricionais, sanitários, genéticos e de ummanejo adequado.

As influências do ambiente sobre ofenótipo de vacas leiteiras propiciam osurgimento de problemas sérios em relação àeficiência reprodutiva, constituindo-se em umdos fatores que mais influenciam o sucessoeconômico do negócio. Para eficácia do de-sempenho produtivo e reprodutivo, os animaisdevem estar gestantes no menor intervalo apóso período voluntário de espera. Desta formavalores inferiores para intervalo entre partos(IEP) serão obtidos.

Uma série de problemas cada vez maisfrequentes de detecção de estro e queda nastaxas de prenhez (TP) tem ocorrido. Tem-senotado ao longo dos anos que vacas, especi-almente as de elevada produção leiteira, têmapresentado um aumento gradativo em pro-blemas reprodutivos, aparentemente devido acausas multifatoriais (Lucy, 2001).

Com o intuito de solucionar o problemada baixa taxa de serviço devido à ineficiênciada detecção de estro, diversos protocoloshormonais estão disponibilizados no merca-do. Destacam-se os protocolos que associamestrógenos e progestágenos que são utiliza-dos para sincronizar a emergência de uma novaonda de crescimento folicular em vacas (Bó etal., 1995) possibilitando IA sem observaçãode estro (Rodrigues et al., 2004).

A eficácia de protocolos de sincroniza-ção é variável. Os autores relatam que fatorescomo manejo, nutrição, temperatura, lactação,raça, ECC, dentre outros, podem influenciaros resultados (Looney et al., 2006).

Neste sentido, este trabalho teve comointuito relatar o uso de um protocolo para IATF

31A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

em vacas cruzadas com aptidão leiteira. Apresenta como obje-tivo avaliar se existiram diferenças entre taxas de prenhez e diade inseminação e taxa de prenhez e estado fisiológico dasvacas em uma fazenda no município de Colatina no ES.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido na fazenda experimental daUNESC – (Colatina – ES) no mês de Junho de 2009. Foramutilizadas vacas cruzadas com diferentes graus de sangue (Holx Gir x Guz) apresentando escore de condição corporal médiode 3 (escala de 1 a 5) destinadas a produção de leite em regimede pastejo (Brachiaria brizanta) complementado com silagemde milho. Partindo da utilização de um mesmo protocolo desincronização, 54 animais foram divididos aleatoriamente emquatro grupos de dia de inseminação (G1– 1º dia – 15 animais;G2- 2 º dia – 15 animais; G3 – 3º dia – 15 animais; G4 – 4º dia– 9 animais). Destes, 41 animais apresentavam-se em lactação.As vacas receberam um dispositivo intravaginal de pro-gesterona (Primer®, Tecnopec, Brasil), associado a uma inje-ção de 2 mg de benzoato de estradiol (Estro-gin, Farmavet,Brasil), intramuscular. Oito dias depois, o dispositivo foi re-movido e injetaram-se 2 ml de D-cloprostenol (Prolise®, ARSAS.R.L., Argentina), intramuscular. Vinte quatro horas depois,foi injetado 1 mg de benzoato de estradiol, intramuscular. Re-alizou-se a IATF aproximadamente 48 horas após a retirada dodispositivo. A detecção do estro não foi realizada durante oexperimento. A inseminação foi realizada sem observação deestro por um mesmo técnico em dias alternados. O diagnósti-co de gestação foi realizado por palpação retal aproximada-mente 60 dias após a data da inseminação (Pimentel, 2002). Ataxa de prenhez final foi determinada pelo total de animaisprenhes diagnosticados após palpação retal. Através do pro-grama estatístico SAS for Windows (1999), foi realizado o tes-te do qui-quadrado (χ2) Fisher entre a taxa de prenhez emrelação ao dia de inseminação e ao estado fisiológico dosanimais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado obtido do estudo, verificou-se que 57%das fêmeas apresentaram diagnóstico de gestação positivoapós 60 dias de inseminadas, considerando-se vacas secas eem lactação (31/54) submetidas à IATF. Esta taxa foi próxima aencontrada por Pfeifer et al. (2005) que utilizou BE e PGF

2alfa

para sincronização e obteve 60% de taxa de gestação. Estevalor é superior à taxa encontrada por Vasconcelos et al. (2006)que obteve 40% de taxa de gestação ao avaliar o efeito dainclusão de eCG em protocolos de IATF na concepção devacas leiteiras mestiças.

Não houve diferenças entre a taxa de prenhez nos gru-pos de dia de inseminação após sincronização (G1 – 66%; G2– 73%; G3 – 40%; G4 – 44%). Considerando a utilização de ummesmo protocolo de sincronização e a proximidade em que osmesmos foram executados, os autores acreditam que os resul-tados encontrados foram adequados. Taxas de gestação pró-ximas a 50% são consideradas satisfatórias por um grandenúmero de trabalhos (Molina, 2007). Taxas inferiores a 30%

são observadas em vacas de alta produção (Rodrigues et al.,2005) decorrentes principalmente de estresse calórico.

Embora não tenham ocorrido grandes modificações emdecorrência da taxa de prenhez neste trabalho, a sincroniza-ção para IATF possibilita a redução do IEP (Intervalo EntrePartos), visto minimizar as ineficiências do processoreprodutivo. Segundo Sartori (2007), vacas com aptidão leiteiradevem apresentar um IEP próximo a 13,5 meses. Entretanto,decorrente da baixa eficiência reprodutiva, tais índices são difí-ceis de serem atingidos diante de monta natural. Intervalos en-tre partos curtos aumentam a produção de leite por dia de vidaútil da vaca e resultam em maior número de bezerros nascidos.

Principalmente em vacas mestiças, que apresentam umapersistência de lactação mais curta (275 dias; Oliveira et al.,2004) quando comparadas a vacas taurinas (305 dias) a dimi-nuição do IEP é uma necessidade fundamental para asustentabilidade da empresa. Dentre as principais razões paraIEP prolongados encontram-se baixa taxa de detecção de cioe, consequentemente, baixa taxa de serviço e de prenhez.

Considerando apenas o estado fisiológico de lactação,não houve diferença (p>0,05) da taxa de prenhez entre vacassecas, 24% (13/54) e vacas em lactação 76% (41/54).

Embora valores conflitantes ao trabalho de Sartori et al.(2002) tenham ocorrido, supõe-se que efeitos de restriçõesnutricionais e, consequentemente, um menor escore de condi-ção corporal foram impostos às vacas secas no momento daIATF. Sartori et al. (2002) relatam que vacas leiteiras em lactaçãoapresentam pobre desenvolvimento embrionário inicial se com-paradas às não lactantes, assim como uma maior porcentagemde embriões degenerados (42%) comparados às vacas secas(18%) durante o verão. Outro fator que afeta negativamente aeficiência reprodutiva de vacas de leite é o estresse térmico,contribuindo para a baixa fertilidade desses animais.

A ingestão adequada de nutrientes é indispensável paraum bom desempenho reprodutivo em bovinos. Em uma escalade necessidades, parâmetros reprodutivos parecem ser os pri-meiros afetados diante de alterações nutricionais (Jones &Lamb, 2008).

Normalmente, em animais de corte, o efeito do balançoenergético negativo é pouco evidente visto a baixa produçãode leite. Entretanto, tanto para produção de carne ou leite, osanimais precisam estar com ECC ideal ao parto para demons-trar ciclo estral pós-parição e evitar um impacto negativo nareprodução.

Protocolos de IATF que utilizam implantes de P4 ouprogestágenos são recomendados em vacas mestiças vistoque uma proporção considerável destes animais apresentaatraso no retorno à ciclicidade. Um aumento da taxa de sincro-nização, prevenindo a ocorrência de ciclos curtos após a IATF,na medida em que induz ciclicidade nas vacas anéstricas, podeser obtido. Outro aspecto importante na sincronização de va-cas mestiças é a antecipação em um dia da aplicação de PGF

2alfa

nos protocolos que associam a utilização de implante deprogesterona e GnRH (Cidrsynch) (GnRH e implante de P4 – 6dias – PGF

2alfa e retira implante – 2 dias GnRH – 0 a 24 horas –

IA). Utilizando-se esse protocolo, a taxa de gestação observa-da em vacas mestiças tem sido entre 40 e 50%. Aplicação de200 UI de eCG no momento da retirada do implante do proto-

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colo Cidrsynch parece melhorar ainda mais a fertilidade dasvacas mestiças (Vasconcelos et al., 2006).

A utilização de protocolos de IATF pode minimizar aociosidade de animais e a necessidade de observação de estro.Variáveis como tipo de protocolo utilizado, estado nutricional,disponibilidade alimentar, idade, ECC podem influenciar o re-sultado da sincronização.

Agradecimentos

À Jessica Pianna Cardozo, Juliana Rossim Cardoso, alu-nas da UNESC e ao Médico Veterinário José Carlos.

Referências Bibliográficas

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SARTORI, R. Manejo reprodutivo da fêmea leiteira. Reprod Anim,Belo Horizonte, v.31, n.2, p.153-159. 2007.

Summary

Lactating and day of insemination influence in theresults of FTAI in crossbreed cows

R. T. Beltrame et al.

In June 2009 a study on the experimental farm of UNESC -(Colatina - ES) was developed. Based on the use of a singlesynchronization protocol, 54 animals were randomly dividedinto four groups for days of insemination (G1- Day 1 - 15animals; G2-Day 2 - 15 animals; G3 - Day 3 - 15 animals; G4 –Day 4 - 9 animals). We compared the pregnancy rate in relationto day of insemination and the physiological state of theanimals. There were no differences between the pregnancyrate in the groups of days (G1 - 66%, G2 - 73%, G3 - 40%, G4 -44%). Considering only the physiological state of lactation,there were no differences in pregnancy rate between dry cows,24% (13/54) and lactating cows 76% (41/54).

HV Informa

O médico veterinário gaúcho José Luis de FreitasLeão, recebeu da Assembléia Legislativa do Estado deGoiás uma homenagem referente a comemoração aoDia do Médico Veterinário (9 de setembro). Pela pri-meira vez a entidade ofereceu a comenda Legislativa“Pedro Ludovico Teixeira”, que é a maior honraria dacasa. Foram homenageados veterinários de todo o Es-tado de Goiás.

A indicação foi feita pelo Conselho de MedicinaVeterinária de Goiás, e foram indicados veterinários emdestaque em todas as áreas, desde fiscais agropecuários,especialistas em bovinos de corte e leite, em animais deestimação, donos de clínicas e lojas agropecuárias, au-tônomos, de todas as áreas de atuação.

Médicos Veterinários sãohomenageados pela Assembleia

Legislativa de Goiás

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Acidente ofídico emsuíno – relato de caso

As serpentes do gênero Bothrops são responsá-veis por 90% dos acidentes ofídicos nos animais do-mésticos no Brasil. Em uma granja localizada emParaúna-GO, por ocasião de visita técnica consta-tou-se que uma matriz com 45 dias de gestação, embom estado de nutrição, ausência de alterações neu-rológicas, apresentava extensa necrose tecidual naface e na região cervical dorsal a qual se limitava aotecido subcutâneo e era compatível com o efeitoproteolítico do veneno das serpentes do gêneroBothrops. Por ocasião da transferência para mater-nidade a pele na região cervical dorsal estava total-mente reconstituída. A gestação foi normal e a fêmeapariu normalmente 13 leitões que foram desmama-dos com 24 dias de idade.

L. M. PASCOAL1, M. R. LUCENA2, M. P. C. MATOS3, J.SOBESTIANSKY3, V. M. B. D. MOURA3

1Lívia Mendonça Pascoal, Mé-dica Veterinária, Aluna de Pós-Graduação da Escola de Veteri-nária e Zootecnia da Universida-de Federal de Goiás (EVZ/UFG),atualmente na Facultat de Veteri-naria, Murcia, ESPANHA.

2Marcos Rezende Lucena, Mé-dico Veterinário Autônomo,Goiânia, GO, BRASIL.

3Moema Pacheco Chediak Ma-tos, Jurij Sobestiansky (Mem-bro do Comitê Científico Inter-nacional de A Hora Veterinária),Veridiana Maria BianeziDignani de Moura, MédicosVeterinários, Professores da Es-cola de Veterinária e Zootecnia,Departamento de Medicina Ve-terinária da Universidade Fede-ral de Goiás, Goiânia, GO, BRA-SIL. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃOMATERIAL E MÉTODOSRESULTADOS E DISCUSSÃO

INTRODUÇÃO

No Brasil, a frequência de acidentesofídicos nos animais domésticos é imprecisa,apesar da grande significância econômica. Ogênero Bothrops (B) está distribuído por todoterritório nacional, sendo responsável por 90%dos acidentes, e habita principalmente zonasrurais, preferindo ambientes úmidos e locaisonde haja facilidade para proliferação de roe-dores. Têm hábitos predominantemente no-turnos (4). A peçonha das serpentes destegênero possui ação proteolítica, coagulante,hemorrágica e nefrotóxica, sendo os distúr-bios hemostáticos os sinais clínicos mais im-portantes (7) e (6). A nefrotoxicidade deve-sea ação direta do veneno sobre os rins, pro-vocando lesão celular e, indiretamente, é cau-sada pelo choque hipovolêmico ou por meio

de microcoágulos que provocam obstruçãoda microcirculação renal, levando à isquemia(2). Diferentes toxinas presentes na peçonhapodem atuar sinergicamente para induzir umefeito, e uma dada toxina pode ter várias ati-vidades (5).

O presente trabalho tem o objetivo derelatar um caso de acidente ofídico, por ser-pente do gênero Bothrops, envolvendo umafêmea suína em gestação de uma granja deciclo completo.

MATERIAL E MÉTODOS

A granja, localizada no município deParaúna, Estado de Goiás, região produtorade grãos, possui 150 matrizes e quatrocachaços em produção. Por ocasião de visitatécnica observou-se que uma fêmea em gesta-ção apresentava extensa lesão na face e naregião cervical dorsal (Figura 1). Segundo oprodutor, no passado já haviam sidoregistrados casos de acidentes ofídicos en-volvendo serpentes do gênero Bothrops nagranja, sendo normal a frequência de um caso

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a cada um ano e meio. Neste contexto, observou-se numabaia, do setor de gestação, uma fêmea com peso de 210 kg,que apresentava alterações cutâneas na face e na região ven-tral do pescoço. A fêmea foi examinada clinicamente, individu-almente, conforme metodologia descrita por (9).

Ao exame clínico, a fêmea demonstrou bom estadonutricional, a sequência de movimentos de deslocamento eranormal, ausência de alterações neurológicas e os cascos nãoapresentavam lesões. A extensa necrose tecidual, que usual-mente limita-se ao tecido subcutâneo, mas que pode tambémcomprometer estruturas mais profundas como tendões, mús-culos e ossos (5), observada neste caso, é compatível com oefeito proteolítico do veneno das serpentes deste gênero. Opeso do animal provavelmente garantiu sua sobrevivência aoacidente (3), citam os trabalhos de (8) e (1), que demonstraramque a média da quantidade total de veneno fornecida por 75%das serpentes da espécie B. jararaca na primeira extração é65mg. Segundo estes autores, para bovinos, a dose letal, tan-to por via intramuscular como subcutânea, é 1,0 mg/kg; dessemodo e extrapolando-se este mesmo valor para a espécie suína,essa quantidade seria suficiente para causar a morte de umanimal de 65 kg. O peso do animal, 210kg, provavelmentegarantiu sua sobrevivência ao acidente. Por ocasião da trans-ferência para maternidade, a pele na região cervical dorsal es-tava totalmente reconstituída (Figura 2). A gestação foi nor-mal e a fêmea pariu normalmente 13 leitões (Figura 3) queforam desmamados com 24 dias de idade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(7) MÉNDEZ, M.C. Envenenamento Botrópico. In: RIET-CORREA, F, MENDEZ, M.C., SHILD, A.L. Doenças dos ru-minantes e eqüinos da região sul do Brasil. Editora e Gráficada Universidade de Pelotas, Pelotas, p. 451-458, 1998.

(8) ROSENFELD G.; BELLUOMINI H.E. Quantidades de venenoencontrado em serpentes venenosas do Brasil. Dados comparati-vos para avaliação da mortalidade humana (Resumo). I Con-gresso Brasileiro de Zoologia, Museu Nacional, Rio de Janei-ro, 1960.

(9) SCHULZE, W. Klinische untersuchungen. IN: SCHULZE, W.;BICHHARDT, K.; BOLLWAHN, W.; MICHWITZ, G. V.;PLONAIT, H. Klinik der Schweinekrankheiten. Hannover:M & H Schaper, 1980. p. 3-32.

Figura 1. Extensa necrose tecidual resultante de picada deserpente do gênero Bothrops na região ventral do pescoçoem fêmea suína em gestação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 2. Reconstituição da pele na região afetada (verFigura 1)

Figura 3. A gestação da fêmea que sofreu acidente ofídicofoi normal e a fêmea pariu 13 leitões que foram desmamadoscom 24 dias de idade.

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HV Literatura

Patologia geralveterinária aplicada

De autoria de Pedro R. Werner, é um livro que foge do academicismo para se aproximar darotina prática da Medicina Veterinária, enfocando morfologia e patogênese das lesões básicas dosorganismos animais.

Rico em exemplos e ilustrações, Patologia Geral Veterinária Aplicada aborda tambémtécnicas e procedimentos necroscópicos e avaliação macroscópica de lesões, procurando estimu-lar a realização de necropsias como meio inestimável de estudo, revisão de conhecimentosmédicos, confirmação de diagnósticos e avaliação da eficiência da terapêutica empregada emdeterminado paciente.

Para o profissional da área, este livro é uma fonte confiável de consulta rápida e dereciclagem; para o estudante, uma base segura de aprendizado apresentada de forma simples –mas não simplória – e interessante (cada figura traz na legenda informações adicionais sobre otema abordado).

Com 384 páginas, A obra é uma grande contribuição para a literatura nacional sobreMedicina Veterinária.

Mais informações Editora Roca, www.editoraroca.com.br

A obra trata de colaborações que o Suplemento Rural do Correio doPovo (jornal de Porto Alegre que completou 110 anos) publicava sob o título“Consultório Veterinário”. O idealizador dessa secção foi o ilustre agrôno-mo, jornalista e criador Paulo Annes Gonçalves, o PAG, consagrado por suascrônicas especialmente voltadas à economia rural.

O Suplemento Rural tinha ampla circulação no Estado e também emSanta Catarina, havendo leitores que faziam assinaturas do Correio do Povo,limitadas aos dias de sua publicação.

O Consultório Veterinário se manteve como secção do Suplemento poralguns anos, aos poucos esvaziou-se como tal, por falta de consulentes,resultado, talvez, das respostas à maioria das consultas serem genéricas –como não poderia deixar de ser, e, por isso, não satisfazerem.

Assim desapareceu o “Consultório”, e as colaborações tomaram outrafeição, embora mantivessem seus propósitos fundamentais de divulgar o nívelprofissional do veterinário, enquanto ainda mal conhecido pelo grande público.

A distribuição das matérias nesta edição pretendeu ser a mais adequada,embora, tecnicamente, deva merecer crítica. Mas a complexidade dos assuntosabordados tornou difícil fazê-lo com mais propriedade. Por isso sua divisão em:

DOENÇAS: Orgânicas - Infecciosas - Parasitárias e Tóxicas.TERAPÊUTICAS E MÉTODOS TERAPÊUTICOSSOBRE REPRODUÇÃOPECULIARIDADES FISIOLÓGICASASSUNTOS PROFISSIONAISASSUNTOS DIVERSOSALGUMAS CONSULTASDurante os 20 anos de atuação, de 1964 a 1984, o número de colabora-

ções foi elevado, mas muitas delas se perderam: outras foram descartadaspor tratarem do mesmo assunto. A linguagem popular predominante se expli-ca por visar um público leigo. Embora algumas vezes se empregassem termostécnicos, ainda que seguidos dos necessários esclarecimentos. Um dos quais,“A Galáxia da Porca”, motivou certa vez, a crítica de um mestre do jornalismoque sugeriu o uso de “palavras de vintém”, para as comunicações popula-res. Em resposta surgiu a crônica com esse título, que figura em Diversos etentava explicar o porquê das preferências eventuais pelos termos técnicos.

Não fosse a extinção da Empresa CaldasJúnior, no início de 1984, com certeza o Correio doPovo Rural ainda existiria com ele as colabora-ções do mesmo gênero, considerando o empenhodos seus proprietários em promover o progressoagrário do Rio Grande do Sul.

O valor desta publicação deve ser mais his-tórico do que técnico-científico, ainda que algodo seu conteúdo nesse campo permaneça atual,pelo menos o que tenha como base conceitos ine-gavelmente perenes.

Huldo Cabral Cony, Médico Veterinário, Mem-bro do Comitê Científico Internacional de A HoraVeterinária.

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HV Informa

Huldo Cabral Cony recebe a Medalhado Mérito da Medicina Veterinária

A Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária reuniu,em sessão solene na sexta-feira (10/12), acadêmicos, médicos-ve-terinários e familiares de Huldo Cabral Cony para o lançamento dolivro Consultório Veterinário. A publicação é resultado de colabora-ções publicadas no suplemento Rural do Correio do Povo (Seção deliteratura, página 36). Na ocasião a Sociedade Brasileira de Medici-na Veterinária fez a entrega da Grã-Cruz da Ordem do Mérito Ve-terinário ao Acadêmico Huldo Cabral Cony, como reconhecimentoa sua significativa contribuição à Medicina Veterinária. Recebereste prêmio é o máximo que posso aspirar. Agora não desejomais nada. O que é material para mim não tem valor. Valorizo osentido real das coisas. Espero que esta honraria sirva de estí-mulo para muitas pessoas, declarou o homenageado.

38 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Otite externa ceruminosa e purulenta em cães

Clínica de Pequenos AnimaisSeção dedicada ao intercâmbio entre os clínicos de pequenos animais do Brasil e do exterior. Os artigos francesessão traduzidos de seção análoga da revista associada Le Point Vétérinaire, de Paris. Os articulistas devemenviar seus trabalhos buscando o interesse prático do assunto, a síntese e a riqueza de ilustrações.

E. N. MUELLER1, E. G. GUIOT2, G. WILHELM3, C. P. M. FERNANDES4, L. F. D. SCHUCH5, M. O. NOBRE6

Foram avaliados 72 cães apresentando otite externa bilateral. Por otoscopia e videotoscopia do canal auditivo externo, asotites foram classificadas em ceruminosas e purulentas. O tipo de otite foi relacionado com a idade e a raça do cão, evoluçãoclínica aguda ou crônica e conformação das conchas acústicas. Nas otites ceruminosas os cães tinham em média 3,3 anos enas purulentas 4,4 anos. Cães Poodle foram mais acometidos por otite ceruminosa e fila brasileiro por purulenta. Casosagudos foram comuns nas otites ceruminosas e crônicos nas purulentas. Em ambas as otites as orelhas pendularespredominaram. Otites externas canina ceruminosa e purulenta diferiram em relação à idade e raça do cão acometido equanto à evolução clínica, além disto, orelhas pendulares predominaram em ambos tipos de otite.

Summary Seventy-two dogs were evaluated

presenting bilateral external otitis. Byotoscopy and videoscopy of externalauditory conduit, the otitis wereclassified in ceruminous and purulent.The type of otitis was related withdog’s age and breed, acute or chronicclinical evolution and conformation ofacoustic shells. In the ceruminousotitis the dogs had on average 3,3years and in the purulent 4,4 years.Dogs poodle were most affected byceruminous otitis and fila brasileiro bypurulent. Acute cases were commonin ceruminous otitis and chronic inpurulent. In both of otitis the pendulousears predominated. Ceruminous endpurulent canine external otitis differedin dog’s age and breed affected andabout the clinical evolution, addition,pendulous ears predominated in bothtype of otitis.

1Eduardo Negri Mueller, Mes-tre, Doutorando, Programa dePós-Graduação em Veterinária(PPGV), Faculdade de Veteriná-ria (FV), Universidade Federal dePelotas (UFPel), Pelotas, RS,BRASIL.

2Êmille Gedoz Guiot, BolsistaPIBIC-CNPq, FV, UFPel,Pelotas, RS, BRASIL.

3Graziela Wilhelm, Mestre,PPGV, FV, UFPel, Pelotas, RS,BRASIL.

4Ciciane Pereira MartenFernandes, Médica VeterináriaResidente, Hospital de ClínicasVeterinária, UFPel, Pelotas, RS,BRASIL.

5Luiz Filipe Damé Schuch,Doutor. Departamento de Vete-rinária Preventiva, FV, UFPel,Pelotas, RS, BRASIL.

6Márcia de Oliveira Nobre,Doutor Departamento de Clíni-cas Veterinária, FV, UFPel,Pelotas, RS, BRASIL.

INTRODUÇÃO

A otite externa é uma afecção comum emcães que se caracteriza pela inflamação da ore-lha externa. Esta enfermidade tem etiologiamultifatorial, podendo estar envolvidos fato-res predisponentes, primários e perpetuantes(Murphy, 2001; Nascente et al., 2006;Mactaggart, 2008).

Casos de otite externa ocorrem em cãesde ambos os sexos e de idade e raças varia-das, podendo acometer uma ou ambas as ore-lhas (Nobre et al., 2001; Oliveira et al., 2005;Fernández et al., 2006; Saridomichelakis et al.,2007). A afecção pode ser caracterizada quan-to à evolução clínica em aguda ou crônica equanto ao tipo de exsudato em ceruminosa oupurulenta (Kiss et al., 1997; Rougier et al. 2005;Rème et al., 2006).

Nos casos de otite externa é necessáriauma avaliação sistêmica do paciente atravésda história clínica, anamnese e exame clínicogeral, além da avaliação por otoscopia,citologia auditiva, cultura e antibiograma(White, 1999; Nascente et al., 2006).

Os protocolos terapêuticos para otiteexterna em cães incluem a limpeza do canalauditivo externo, seguida de terapia tópica comantibacterianos, antifúngicos eantiinflamatórios e ainda, algumas vezes as-sociação de terapia sistêmica (Gortel, 2004;Macctagart, 2008). Naqueles casos de otiteexterna crônico-recorrente e naqueles associ-ados a alterações patológicas permanentes nãoresponsivas a terapêutica clínica, a cirurgia épreconizada (Wilhelm, 2010).

Devido à importância da otite externa nacasuística clínica de cães, bem como devidoas diversas formas de apresentação clínicadesta enfermidade e variabilidade de terapias,

objetivou-se relacionar casos de otite externacanina ceruminosa e purulenta com idade eraça do cão, evolução clínica e conformaçãodas conchas acústicas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliados 72 cães (37 machos e35 fêmeas) atendidos na rotina do Hospital deClínicas Veterinária da Universidade Federalde Pelotas todos apresentando otite externabilateral (n=144 orelhas). Os cães foram iden-tificados em relação à raça e idade.

O diagnóstico clínico de otite externa foirealizado por inspeção das conchas acústicas,otoscopia e videotoscopia dos canais auditi-vos externos de cães que apresentavam si-nais de prurido na orelha externa como balan-çar da cabeça e ou movimento oto-podal vo-luntário. A inspeção foi realizada através davisualização das faces côncava e convexa dasconchas acústicas. Foi utilizado otoscópio deuso veterinárioa introduzido no canal auditivoexterno porções vertical e horizontal à medidaque a concha acústica era deslocada dorsolateralmente ao crânio. Em seguida foi utiliza-do videotoscópiob para avaliação dos canaisauditivos externos conforme descrito paraotoscopia.

Pela avaliação otoscópica e video-toscópica as otites foram classificadas emceruminosas pela presença de eritema ecerúmen em quantidade moderada a intensade cor marrom e, em purulentas pela presençade exsudato amarelado cremoso. O cerúmenfoi quantificado em leve quando não haviaobstrução do cone do otoscópio, moderadoquando havia até 50% de obstrução do cone eintenso quando mais de 50% do cone estavaobstruído (Figura 1).

39A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

O tipo de otite foi relacionado com a idade e a raça doscães acometidos. A evolução clínica da otite considerou operíodo do início dos sinais clínicos até o momento do exame,para a classificação das otites em aguda (tempo inferior ouigual há um mês) e crônica (tempo superior a um mês). Asorelhas foram classificadas de acordo com a conformação daconcha acústica em pendular, semi-ereta e ereta.

A análise estatística foi extraída do pacote estatístico“Statistix 8.0” e “Epi-Info 7.0”, sendo utilizada análise devariância para idade e para as demais variáveis categóricasqui-quadrado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os cães acometidos por otite ceruminosa tinham emmédia 3,3 anos (7 meses a 13 anos) e por otite purulenta 4,4anos (1 a 15 anos), sugerindo uma relação entre o aumento deidade e a ocorrência de otite purulenta (p=0,0024), que possi-velmente resulta das alterações patológicas progressivas naorelha externa, especialmente nos casos crônicos, que dificul-tam a eliminação de exsudatos e crostas permitindo a infecçãooportunista (Murphy, 2001; Mactaggart, 2008). Os cães doestudo de Borges et al. (2005) que apresentavam otite comexsudato purulento tinham em média de 3,2 anos, valor estepróximo ao encontrado em nosso estudo para otite ceruminosa(média 3,3 anos). Já foi documentada a maior ocorrência deotite externa em cães com até cinco anos de idade, embora nãotenha sido relacionada com otite ceruminosa e purulenta (Oli-veira et al., 2005; Fernández et al., 2006).

Cães da raça poodle (n=12-16,7%), seguido da raçaCocker Spaniel inglês (n=6-8,3%), foram mais acometidos porotite ceruminosa, enquanto os das raças Fila Brasileiro (n=4-5,6%) e Labrador (n=3-4,2%) foram mais acometidos por otitepurulenta (Tabela 1). Destaca-se que todos os cães da raçaFila Brasileiro foram acometidos por otite purulenta (p=0,015).Dos cães sem raça definida 17 (23,6%) apresentaram otiteceruminosa e oito (11,1%) otite purulenta. Embora a otite sejacomum em diversas raças caninas, têm sido descritos casoscom maior frequência em cães das raças Poodle (8,3-33,3%),Pastor Alemão (7,0-28,5%) e Cocker Spaniel inglês (14,7-19,0%)(Kiss et al., 1997; Oliveira et al., 2005; Fernández et al., 2006;

Saridomichelakis et al., 2007). Os cães das raças Poodle eCocker Spaniel apresentam excesso de pêlos no canal auditi-vo e orelhas pendulares, o que predispõe a otite e comprome-te a migração epitelial do conduto auditivo externo. Os cãesdas raças Cocker Spaniel e Pastor Alemão são predispostos ahiperatividade e a hiperplasia das glândulas ceruminosas le-vando à otite crônica obstrutiva (August, 1988; Murphy, 2001).Também são importantes as causas iatrogênicas, que levam amaceração do epitélio, independente da raça do cão (Nuttall &Cole, 2004; Nascente et al., 2006; Mactaggart, 2008).

Quanto à evolução nas otites ceruminosas 26 (53,1%)eram casos agudos e 23 (46,9%) crônicos, enquanto que nasotites purulentas sete (30,4%) eram agudos e 16 (69,6%) crôni-cos, demonstrando diferença estatística significativa (p=0,0043)para as otites crônicas. A frequência de casos agudos é seme-lhante nas otites ceruminosas e inferior nas otites purulentasaos de Kiss et al. (1997), que encontraram respectivamente 58,0%e 86,0%. A inflamação crônica está relacionada a mudanças pa-tológicas progressivas no canal auditivo (Murphy, 2001; Nas-cente et al., 2006; Mactaggart, 2008), que associadas à falha demigração epitelial levam ao acúmulo de cerúmen, pêlos e outrosfragmentos que podem servir de substrato para a microbiota epara agentes oportunistas, perpetuando a otite (Nuttall & Cole,2004; Lyskova et al., 2007). Acredita-se que este ciclo constantede inflamação e infecção, comum nos casos crônicos recorren-tes, pode tornar possível a evolução de um quadro clínico deotite externa ceruminosa para purulenta pelo ambiente favorá-vel à infecção bacteriana oportunista.

Em relação à conformação das conchas acústicas nasotites ceruminosas houve diferença estatística (p=0,019) paraas orelhas pendulares (74-75,5%) em relação as semi-eretas(16-16,3%) e eretas (8-8,2%), enquanto que nos casos de otitepurulenta 24 (52,2%) orelhas eram pendulares, 14 (30,4%) semi-eretas e oito eretas (17,4%). Tem sido observado que cãescom orelhas pendulares são predispostos ao desenvolvimen-to de otite externa (Nobre et al., 2001; Saridomichelakis et al.,2007), pois esta característica pode alterar o microclima local etornar o ambiente favorável a multiplicação de microrganis-mos (Murphy, 2001; Mactaggart, 2008), embora o estudo deYoshida et al. (2002) sugira que não há relação entre tipo deorelha e retenção de calor e umidade no canal auditivo.

Figura 1. Quantificação do cerúmen de acordo com a obstrução do cone do otoscópio, leve quando não havia obstrução (A),moderado quando havia obstrução de até 50% (B) e intenso quando mais de 50% do cone estava obstruído (C).

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A caracterização dos casos de otite externa pelo tipo desecreção dá suporte ao desenvolvimento de pesquisas, comatenção especial para possíveis grupos de risco, buscandonovas alternativas para amenizar as alterações no microclimaauditivo, com o desenvolvimento de medidas profiláticas e deprotocolos terapêuticos visando reduzir a cronicidade doscasos e a resistência dos microrganismos perpetuantes.

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Tabela 1. Apresentação de 72 cães com otite externa relacionando raçacom o tipo de secreção auricular ceruminosa ou purulenta

CONCLUSÃO

Otites externas canina ceruminosa e purulenta diferiramem relação à idade e raça do cão acometido e quanto à evolu-ção clínica, além disto, orelhas pendulares predominaram emambos tipos de otite.

FONTES DE AQUISIÇÃOa- Gowllands® Limitedb- PetVídeo® Imagin Equipamentos de Tecnologia LTDA

AGRADECIMENTOSAo CNPq pela concessão de bolsas de pós-graduação e

de iniciação científica, a CAPES pelo aporte financeiro pararealização deste estudo e pelas bolsas de pós-graduação.

REFERÊNCIASAUGUST, J.R. Otitis externa: a disease of multifactorial etiology.

Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.18, p.731-742, 1988.

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Emprego decetoanálogos para ocontrole da uremia emfelino com doençarenal crônica

INTRODUÇÃODESCRIÇÃO DO CASODISCUSSÃOCONCLUSÃO

A doença renal crônica é uma enfermidade deintensa casualidade na clínica de pequenos animais.Um dos alicerces terapêuticos dessa afecção baseia-sena modificação dietética para atenuar os sinais clíni-cos de uremia, minimizar o distúrbio mineral eeletrolítico e otimizar a nutrição, limitando assim alesão renal progressiva. O uso de cetoanálogos temsido proposto nos protocolos de tratamento das insufi-ciências renais baseado na terapia nutricional, isto é,emprego de α-cetoácidos de aminoácidos, servindo decomplemento nutricional ao fornecerem aminoácidosde alto valor biológico, permitindo que as dietas pos-sam conter menor teor de proteínas, além de diminuí-rem os teores de uréia sérica. Este trabalho relata otratamento de um felino com doença renal crônica uti-lizando este fármaco no controle da uremia.

M. F. SILVEIRA1, M. F. RICCIARDI2, G. L. R. TULESKI3

1Matheus Folgearini Silveira,Médico Veterinário, Mestre emPatologia Animal, UniversidadeFederal de Pelotas, RS, BRASIL

2Mariana Filippi Ricciardi,Médica Veterinária, Mestre emCiências Veterinárias, Universi-dade Federal do Paraná, Curitba,PR, BRASIL.

3Giovana Lais Ruviaro Tuleski,Médica Veterinária, Mestre emCiências Veterinárias, Universi-dade Federal do Paraná, MédicaVeterinária do Hospital Veteriná-rio da Universidade Federal doParaná, Curitiba, PR, BRASIL.

INTRODUÇÃO

A doença renal crônica consiste nadisfunção generalizada de néfrons, alterando acapacidade de depuração plasmática destesórgãos. Com a progressão da enfermidade, osníveis de eletrólitos e catabólitos do organis-mo oscilam, prejudicando a homeostasia. A uréia,um destes compostos, eleva-se devido à defici-ência na sua excreção pela via urinária. Comouma substância de caráter tóxico, seu acúmulopossui função deletéria ao metabolismo.

A maioria da uréia plasmática é sinteti-zada no ciclo hepático da uréia em amônia de-rivada do catabolismo protéico, não sendoencontrada nas fezes, pois é absorvida ou con-vertida em amônia pela urease de origembacteriana. Uma vez que a uréia entra no siste-

ma vascular, se difunde passivamente pelocompartimento de água total, sendo necessá-rios aproximadamente 90 minutos para o equi-líbrio. A quantidade de absorção é inversa-mente relacionada com a taxa de fluxo urináriopelos túbulos. Em pico de fluxo urinário, apro-ximadamente 40% da uréia é reabsorvida; já comfluxo reduzido, até 70% pode ser reabsorvido(Duncan et al. 1994).

A azotemia renal ocorre quando aproxi-madamente três quartos dos néfrons não estãofuncionais. Uma vez que a massa funcional re-nal foi reduzida ao ponto da azotemia, o valorda uréia sangüínea aproximadamente dobracada vez que a massa renal remanescente é di-vidida. Elevações modestas neste estágio sãoaltamente significativas (Duncan et al. 1994).

O tratamento do paciente renal crônicodeve ter como objetivo primário corrigir as alte-rações da homeostasia do animal, favorecendoa recuperação da lesão e aprimorando assim afunção renal (Chew e Gieg, 2006). Os cetoaná-logos são α-cetoácidos de aminoácidos comcadeias carbônicas simples isentas do grupoamina. Este fármaco capta o nitrogênio

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da circulação, transformando-o em aminoácidos corresponden-tes, em geral essenciais (Veado et al., 2002). O emprego desteprincípio na terapêutica de crise urêmica em um felino com qua-dro de doença renal crônica é descrito neste artigo. Com o intui-to de estabilizar os níveis séricos de uréia, realizou-se um acom-panhamento através de exames de uréia e creatinina, dois indi-cadores da função renal (Duncan et al., 1994).

DESCRIÇÃO DO CASO

Um felino da raça siamesa, fêmea, castrada de 15 anosfoi encaminhado para atendimento no Hospital Veterinário daUFPR. Durante a anamnese o proprietário relatou que há trêsmeses o animal apresenta emagrecimento progressivo,hiporexia, poliúria e polidipsia. Nunca recebera vacinação eapenas fora desverminada quando filhote. O proprietário rela-tou, ainda, que um irmão da paciente faleceu devido à doençarenal crônica. A gata não tinha contato com outros animaisdomésticos em seu habitat usual.

Ao exame físico notou-se apenas grau de desidrataçãoleve, sem demais alterações sistêmicas, estando as frequênciascardíaca e respiratória normais e a temperatura retal de 38,7ºC.Coletou-se sangue por venopunção para realização de exa-mes bioquímicos e hemograma (Tabela 1, Exame 1).

No hemograma observou-se anisocitose e presença decorpúsculos de Howell-Jolly, monocitose discreta, e ainda,leucocitose com desvio à esquerda, regenerativo. Prescreveu-se ácido ursodesoxicólicoa 10mg/kg por via oral uma vez aodia até novas recomendações. Administrou-se a quantidadede 200mL de solução de cloreto de sódio 0,9% por via subcu-tânea por seis dias e ração para nefropatab. A paciente retornoupara reavaliação e novos exames bioquímicos (Tabela 1, Exa-me 2) e exame ultra-sonográfico abdominal. Estava mais dis-posta e apresentava melhora no apetite.

Na urinálise observou-se densidade baixa, aspecto le-vemente turvo e, no exame do sedimento encontrou-se célu-las epiteliais renais e caudais da pelve, além de cilindros hialinose granulosos. No ultra-som abdominal, o rim esquerdo apre-sentava-se em topografia habitual, de dimensão discretamen-te aumentada (3,6cm), com relação córtico-medular e ecotexturapreservada. O rim direito estava em topografia habitual, di-mensão diminuída (2,5cm), contorno irregular, sem definiçãocórtico-medular e ecotextura aumentada, indicativo de doen-ça renal crônica. Nos demais órgãos abdominais não se obser-varam alterações durante o exame

Prescreveu-se 500mL de solução de cloreto de sódio 0,9%por via subcutânea uma vez ao dia até novas recomendações eα-cetoácidosc por via oral, na dose de um tablete para cada 5 kgde peso vivo uma vez ao dia. Após cinco dias, o animal retornoupara reavaliação apresentando-se em melhor estado, comnormoúria, normodipsia e apetite caprichoso. Foram realizadosnovos exames bioquímicos (Tabela 1, Exame 3).

Foi mantida a prescrição anterior e adicionado 0,5mEq/kg de cloreto de potássio na fluidoterapia de rotina e realizou-se o acompanhamento do paciente ao longo de seis meses(Tabela 1, Exame 4) até o óbito da paciente. A proprietária nãorelatou quaisquer alterações comportamentais e apresentavaboa qualidade de vida. A necropsia não foi realizada para aavaliação post mortem por opção da proprietária, impossibili-tando determinar a etiologia da disfunção renal do felino.

DISCUSSÃO

A doença renal crônica (DRC) é um estado catabólicoonde a quebra de proteína corporal potencializa os aumentosna uréia sérica, fósforo, potássio e concentrações de hidrogê-nio iônico (Chew & Gieg, 2006), sendo uma doença renal pri-mária a qual persistiu por um período prolongado, em geral demeses a anos. Embora frequentemente seja considerada do-ença de animais velhos, a IRC ocorre com frequência variadaem cães e gatos (Di Bartola & Rutgers, 1994; Senior, 2001;Polzin et al, 2005).

A incapacidade de identificar a causa desencadeante daDRC tem origem em três fenômenos relacionados à evoluçãodas doenças renais progressivas: (1) os vários componentesdos néfrons (glomérulos, túbulos, capilares peritubulares e te-cido intersticial) são funcionalmente independentes; (2) as anor-malidades morfológicas e funcionais dos rins podem manifes-tar-se clinicamente apenas sob um número limitado de formas,independente da causa determinante e (3) após a maturação,novos néfrons não podem ser formados para substituir outrosirreversivelmente destruídos pela doença (Polzin et al., 2005).

Os achados de anamnese mais comuns em gatos comdoença renal em estágio final são perda de peso, anorexia eletargia. Poliúria, polidipsia e vômito são menos reconhecidosem gatos com DRC do que em cães (Di Bartola & Rutgers, 1994;Polzin et al., 2005). Ao exame físico pode apresentar pelagempobre, emaciação, palidez das membranas mucosas e desidrata-ção. Ulceração oral pode ocorrer, particularmente envolvendoas margens laterais da língua. Os rins apresentam-se pequenos,firmes e irregulares na palpação abdominal. A presença de umagrande quantidade de urina na bexiga de um gato desidratado

com rins pequenos e irregula-res leva a uma forte suspeitade IRC (Di Bartola & Rutgers,1994). Presença de hipertensão(Polzin et al., 2000; Henik et al.2005) e hipotermia são comuns,assim como a halitose. Em pa-cientes crônicos pode-se estarpresente, em alguns casos,flexibilidade extrema da man-díbula (Polzin et al., 2000).

a Ursacol® – Zambon São Paulo, SPb Renal RF 23 Royal Canin® – Royal Canin, São Paulo, SPc Ketosteril ®– Fresenius Kabi Campinas, SP

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Figura 1: Gráficos representando as taxas de creatinina (A)e uréia (B) do paciente. As análises 1 a 4 são referentes aosdias 1, 7, 16 e 137, respectivamente. Valores de Referência: a:0,8-1,8mg/dL; b: 10-30mg/dL

A morte ocorre como evidente resultado patológico ape-nas quando existem múltiplas falências adaptativas sistêmicas,conduzidas por fatores extra-néfron, extra-renal ou metabóli-co, geralmente associadas à deleção avançada de néfrons(Lawler et al., 2006).

Achados laboratoriais esperados para a DRC incluemanemia (Di Bartola & Rutgers, 1994) normocítica e normo-crômica (Brown, 1997) não-regenerativa, hiperfosfatemia, levehiperglicemia, acidose metabólica e densidade urinária abaixodo normal (Di Bartola & Rutgers, 1994), mas alguns gatosconseguem manter a capacidade de concentrar a urina (Brown,1997). A azotemia ocorre quando 75% ou mais da capacidadefuncional de ambos os rins é perdida (Taylor, 1993; Duncan etal., 1994). As concentrações de cálcio podem estar normais oulevemente elevadas (Di Bartola & Rutgers, 1994). O potássiosérico é comumente anormal, apresentando-se baixo em ani-mais com poliúria (Brown, 1997).

Acidose metabólica é uma complicação comum em ga-tos acometidos por IRC, afetando em média 60 a 80% dosanimais, sendo este distúrbio clinicamente importante devidoao fato de promover uma variedade de efeitos adversos, inclu-indo anorexia, náusea, vômito, letargia, fraqueza, degradaçãomuscular e perda de peso (Polzin et al., 2000).

O objetivo primário da terapia durante a uremia severa écorrigir as alterações da homeostasia do paciente. A idealizaçãodo tratamento permitiria ao paciente uma vida longa para possi-bilitar o reparo do dano renal na lesão aguda e favorecer ahipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes na lesão crônica,resultando na melhora da função renal e na habilidade para sus-tentar a vida sem o suporte médico intensivo. O volume adequa-do do líquido extracelular deve ser mantido para maximizar aperfusão renal e facilitar a função excretória (Chew & Gieg, 2006).

A fluidoterapia parenteral é a parcela do tratamento maisimportante para pacientes em crise urêmica, objetivando a ex-pansão do líquido extracelular, correção dos distúrbioseletrolíticos e ácido-basicos, além de redução da magnitudeda azotemia (Chew & Gieg, 2006). Com a depleção de volume,tem-se o aumento de renina nos rins de pacientes com IRC, aqual pode ocasionar hipertrofia dos vasos renais, levando ahipóxia do órgão e aumento da resistência pré-glomerular, com-prometendo a síntese de renina (Taugner, 1996).

O suporte nutricional durante a estabilização precoce depacientes urêmicos não tem recebido muita ênfase da literatu-ra veterinária (Chew & Gieg, 2006), todavia deve ser uma op-ção terapêutica importante para esta enfermidade. O gato épredisposto a maior risco de má-nutrição devido à baixa capa-cidade de regular a atividade enzimática hepática associadaao catabolismo protéico, mesmo que a ingesta de proteínaseja baixa (Markwell, 1998).

Existem relatos de que a proteína decresce espontanea-mente em pacientes com uremia progressiva, mas isto nãodeve ser considerado um argumento contra o uso da dietaterapêutica. Pelo contrário, este é um argumento persuasivopara restringir a ingesta protéica com o intuito de minimizar ascomplicações da IRC enquanto preserva o status nutricional(Mitch, 2000). O tratamento dietético é fundamental na terapiaconservadora da IRC, apesar do mecanismo de ação permane-cer inexplicável (Markwell, 1998).

Finco et al., (1998) compararam os efeitos da proteína ecalorias na progressão da IRC em gatas. Ao final do estudo, obser-varam-se lesões glomerulares moderadas, as quais não foram afe-tadas pelas calorias, proteínas ou a interação destas. Todavia, le-sões não-glomerulares, apesar de brandas, foram influenciadassignificativamente pela ingesta de caloria, não protéica.

Compostos livres de nitrogênio ou aminoácidos essen-ciais análogos, os quais podem ser transformados emaminoácidos essenciais no corpo foram utilizados com o obje-tivo de reduzir o acúmulo de produtos da degradação de nitro-gênio através do decréscimo de suplementação de nitrogênioexógeno e aprimoramento da reutilização de nitrogênio arma-zenado (Maniar et al., 1992).

Em casos de uremia intensa, o uso de cetoanálogos temsido proposto nos protocolos de tratamento das insuficiênci-as renais baseado na terapia nutricional, isto é, emprego de a-cetoácidos de aminoácidos, cadeias carbônicas simples isen-tas do grupo amina. Esses compostos, ao mesmo tempo emque captam o nitrogênio da circulação, são transformados emaminoácidos correspondentes, em geral essenciais. Assim, oscetoanálogos servem de complemento nutricional ao fornece-rem aminoácidos de alto valor biológico, permitindo que asdietas possam conter menor teor de proteínas, e diminuem osteores de uréia sérica (Veado et al., 2002). Dietas em longoprazo contendo reduzido teor protéico suplementada comaminoácidos e cetoanálogos mantém o peso corporal e valo-res séricos normais de proteínas, enquanto que reduzem o

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acúmulo de ácidos, fosfato e uréia (Mitch, 2005). O uso deinibidores da enzima conversora de angiotensina poderia difi-cultar a detecção do benefício de uma dieta com baixo teorprotéico (Mitch, 2000).

O paciente obteve redução em curto prazo das taxas deuréia e creatinina, as quais se mantiveram estáveis por umperíodo prolongado durante o tratamento (Figura 1).

A dieta com cetoácidos melhorou a sensibilidade do fí-gado e tecidos periféricos, tornando o influxo de glicose maiseficiente (Baillet et al, 2001) os pacientes puderam ser manti-dos por longo prazo sob uma dieta de muito baixa proteínasuplementada com cetoácidos e aminoácidos essenciais, apre-sentando peso corporal e outros parâmetros nutricionais es-táveis. Houve redução da uremia e a função renal foi mantidaestável (Chaveau et al., 1999).

A diminuição da eliminação renal de uréia ocorreu logoapós o início do estudo, mas manteve-se estável até o finalnos dois grupos. Notou-se elevação da calcemia, diminuiçãoda fosfatemia, redução da fosfatase alcalina e paratormônio(Malvy et al., 1999).

Em adição às modificações do metabolismo protéico atri-buídos aos cetoácidos, incluindo reduções em oxidação deaminoácidos, proteólise e proteinúria, outros processos como ocatabolismo de aminoácidos essenciais, estimulação da degra-dação dos aminoácidos de cadeia ramificada, ativação da viaproteolítica da ubiquitina proteosomal podem explicar a redu-ção da quantidade de tecido magro (Baillet et al., 2001). O equi-líbrio do nitrogênio é alcançado com dietas de baixo teorprotéico, pois pacientes com IRC ativam respostas metabólicasadaptativas: diminuem a oxidação de aminoácidos essenciaispara garantir um depósito suficiente destes e reduzem a degra-dação protéica pós-prandial, desde que não exista nenhum es-tímulo catabólico, como uma acidose metabólica (Mitch, 2000).

A mistura de dietas semi-sintéticas com suplementaçãode cetoanálogos e aminoácidos de cadeira ramificada demons-tra maior eficiência nutricional em ratos urêmicos. A elevação dealguns aminoácidos essenciais depende mais da fonte protéicado que da quantidade da dieta. Nutrição adequada pode serobtida através de dietas com baixo teor protéico, suplementadascom aminoácidos essênciais e cetoanálogos, assim como emdietas com teor protéico normal (Maniar et al., 1992).

CONCLUSÃO

A terapêutica de pacientes com DRC necessita do uso deadjuvantes além dos usualmente empregados em Medicina Ve-terinária. O uso de cetoanálogos para o controle de crise urêmicaé uma ferramenta farmacológica capaz de atenuar os fatoresprejudiciais desta enfermidade e auxiliar na regularização dahomeostase do organismo afetado. Todavia, em felinos e cani-nos com IRC, os cetoanálogos ainda são empregados a partirda extrapolação de dados de pesquisas em seres humanos.

A dieta de restrição protéica deve ser mantida ad eternumcom avaliações regulares de peso e massa corpórea. O acom-panhamento dos distúrbios metabólicos através de exameslaboratoriais frequentes visa reconhecer a eficácia do trata-mento e ajustá-lo conforme a resposta individual, resultandoem uma sobrevida com qualidade.

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46 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Cursos e Eventos

I Congresso InternacionalTransdisciplinar de Proteção à Fauna

Jurij Sobestiansky, Professor Titular - Departamento Medicina Veterinária Preventiva. Escola de Veterinária - Universidade Federal de Goiás, Brasil.Ekaterina A. Botovchenco Rivera, Presidente da Comissão Bem-Estar Animal do CRMV-GO, Biotério Central da UFG, Goiás, Brasil.Tamara A. Botovchenco Rivera, Promotora de Justiça do Estado de Goiás, integrante das comissões organizadora e científica do I CongressoInternacional Transdisciplinar de Proteção à Fauna.

As condições impostas aos suínos, a exemplo das outrasespécies, evoluíram rapidamente nos últimos anos, provocan-do uma grande transformação zootécnica que consistiu em pas-sar de uma produção familiar a uma produção industrial. Nestecontexto, a produção de suínos não está isenta da repercussãoda opinião pública, e esta, por sua vez, com o tempo, vai semodificando de acordo com as mudanças da sociedade.

O bem-estar animal está dentro das preocupações atu-ais da sociedade já que está cientificamente comprovado queos animais podem sofrer. O bem-estar animal tornou-se, então,uma questão importante, não só por razões éticas, mas tam-bém econômicas, devido ao fato de que os cidadãos de mui-tos países exigem que os animais sejam criados e abatidos deforma humanitária.

Estas transformações nas relações do homem com osanimais têm vindo em um crescendo e, com a evolução daciência, os animais se transformaram em auxiliares do homemem busca de novos conhecimentos para melhoria da saúde edo bem-estar tanto do homem como dos animais. A comunida-de científica e a sociedade em geral constataram que, de fato,a experimentação animal tinha se tornado parte fundamentaldos processos científicos de estudos sobre os seres vivos,abolindo, assim, a necessidade de usar o homem como objetode pesquisas. A Inglaterra foi o berço dos movimentos deproteção animal, e sua sociedade já demonstrava inquietaçãoquanto às crueldades praticadas pelo homem para com osanimais. Surgiram então as sociedades protetoras de animaise, com o passar dos anos, algumas se tornaram mais, outrasmenos ativas. Estas sociedades protetoras desempenham im-portante papel em defesa dos animais, procurando sempreevitar seu sofrimento e apoiando os cientistas na sua inces-sante busca pelo bem-estar animal. Hoje já não há espaço paraaquele tipo de organização que adote posição extremamenteradical, que utilize métodos agressivos, que apresente visõesdistorcidas à sociedade sobre o uso de animais em pesquisaem sua luta pela abolição da experimentação animal. Usando obom senso e o diálogo poderemos chegar ao ponto comumque todos almejam, que é o bem-estar dos animais.

No desenvolvimento do bem-estar animal deve ser ressal-tada a preocupação e a participação ativa de Médicos Veterinári-os, Zootecnista e Biólogos. Somem-se a estes profissionais asOrganizações Não Governamentais e outras instituições que tam-bém se ocupam e se preocupam com a proteção à fauna, como oMinistério Público, o IBAMA, as Delegacias de Polícia de Prote-ção Ambiental, as Secretarias de Meio Ambiente, etc.

Apesar de termos tantas pessoas envolvidas na prote-ção da fauna com atuação nas mais diversas áreas, não é co-mum o intercâmbio de informações entre essas pessoas e ins-tituições. Assim, quando surgem problemas concernentes aobem estar animal, cada um desenvolve um trabalho e apresen-ta-o como verdade absoluta.

Tendo em mente todas estas questões um grupo de pro-fissionais que trabalha com animais e outros da área do direito

idealizaram a realização de um fórum cujo principal objetivoseria o de abordar e discutir diferenças e controvérsias, a fimde harmonizar procedimentos com os quais nos deparamosno nosso dia a dia profissional, foi realizado em outubro desteano o I Congresso Internacional Transdisciplinar de Prote-ção a Fauna, evento este promovido pelo CRMV-GO e Minis-tério Público do Estado de Goiás. O evento realizado no Cen-tro de Convenções de Goiânia reuniu médicos veterinários,zootecnistas, biólogos, advogados ambientalistas e váriosoutros profissionais interessados no assunto. Participaramativamente do congresso, aproximadamente 327 pessoas.

O público alvo incluiu membros do ministério públicoestadual e federal, da magistratura estadual e federal, mem-bros do legislativo, advogados e delegados de polícia comatuação na área do meio ambiente, técnicos e gestores dosórgãos públicos ambientais, comunidade científica. Enfim, to-dos os participantes do congresso estavam de uma forma ououtra envolvidos com a proteção de animais não humanos eno final do evento ficou evidenciada a importância e a neces-sidade de um maior intercâmbio entre os profissionais dasdiferentes áreas. O intercâmbio de informações entre os pro-fissionais das diversas áreas, nos temas controversos relacio-nados à proteção da fauna, conferiu o caráter transdisciplinarao congresso. Cabe ressaltar o ambiente de respeito à opiniãodo outro que permeou o Congresso.

Na abertura do I Congresso Internacional Transdis-ciplinar de Proteção à Fauna, o Procurador-Geral da Justiça doEstado de Goiás, Dr. Eduardo Abdon Moura e o Presidente doCRMV-GO, Dr. Wanderson Portugal ressaltaram a importânciadeste evento transdisciplinar.

Na programação foram incluídas palestras sobre bem-estar na produção animal, legislação para proteção da fauna,uso de animais em experimentação e ensino, ONGs como par-ceiras ao invés de agentes da ética da sabotagem, ritos religi-osos e expressões culturais envolvendo animais, humanizaçãode animais, dor e sofrimento em animais, maus tratos e estresseanimal, e o posicionamentos dos estudantes diante do uso deanimais em ensino e pesquisa

A área de suínos foi contemplada com apresentações dosDoutores Jurij Sobestiansky (EV- UFG) e Osmar Dalla Costa(Embrapa – Concórdia SC). Os temas abordados foram: sistema

Procurador Geral de Justiça do Estado de Goiás, Eduardo Abdonna conferência de abertura

47A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

de produção de suínos, bem-estar e mal-estar em produção desuínos, manejo e transporte de suínos destinados ao abate.

Pelo exposto nota-se que a preocupação com o bem-estarem suinocultura não é diferente da dos demais setores. A passa-gem de uma sociedade agrícola para outra industrializada eurbanizada tem feito com que sistemas de produção aceitos nopassado não sejam bem vistos em nossos dias e a consequênciadisto é o surgimento de leis que regulamentam a produção. Algu-mas destas leis trazem benefício direto para a produtividade, noentanto algumas delas podem complicar a produção fazendoreviver alguns problemas já superados. Este “reviver” de proble-mas já superados geram , por vezes, mal-estar no setor. Muitosdos pontos legislados são necessários, como é o caso de terdensidades mínimas ou suprimir sistemas de contenção das ma-trizes durante a gestação com colares ou cintos. Em alguns ca-

sos, inclusive tem sido proposto voltar a implantar técnicas jáabandonadas.

Este Congresso demonstrou que a preocupação com obem-estar dos animais não está restrita à Europa ou outrospaíses como Canadá, Estados Unidos, Austrália e NovaZelândia, por exemplo, e que, em nosso meio já assumiu prio-ridade e está ganhando um reconhecimento cada vez maiortambém como elemento de operações comerciais. Na Europa,em 2006 a Comunidade Européia adotou um plano de açãosobre produção e bem-estar de animais o qual estabelece ocaminho a ser seguido para assegurar uma melhoria contínuano bem-estar animal nos próximos anos.

Ao final do evento foi elaborada e aprovada a “Carta deGoiânia” a qual sintetiza os principais pontos e propostasdiscutidas durante o evento.

CARTA DE GOIÂNIAOs representantes do Ministério Público (Federal e Estadu-

ais), Conselho Federal de Medicina Veterinária, Conselho Regionalde Medicina Veterinária de Goiás, Ministério de Agricultura eBiossegurança da Nova Zelândia, Federação das Universidades parao Bem-Estar Animal (UFAW), Universidade Federal de Goiás – UFG,Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO, UniversidadeFederal do Paraná – UFPR, Universidade Federal do Rio Grande doSul – UFRS, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul– PUC/RS, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Univer-sidade Estadual Paulista – UNESP, Universidade Autônoma do Mé-xico – UNAM, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –EMBRAPA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis – IBAMA, Associação Brasileira do Ministé-rio Público de Meio Ambiente (ABRAMPA), Secretaria Estadual doMeio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), Delegacia Estadu-al do Meio Ambiente do Estado de Goiás (DEMA), Delegacia dePolícia Federal de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente ePatrimônio Histórico – DELEMAPH da Superintendência do Esta-do de Goiás, presentes ao I CONGRESSO INTERNACIONALTRANSDISCIPLINAR DE PROTEÇÃO À FAUNA, realizado nosdias 14 e 15 de outubro de 2010, na cidade de Goiânia-GO,

Considerando que a Constituição Federal, em seu art. 225,estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidadede vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever dedefendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Considerando que a Constituição Federal, em seu art. 225,parágrafo primeiro, VII, garante a proteção à “fauna e a flora, veda-das, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua funçãoecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os ani-mais a crueldade”.

Considerando a necessidade de integração entre as entidades eórgãos envolvidos na garantia do Bem-Estar Animal.

Os Representantes referidos, votam e aprovam as seguintesConclusões e Recomendações:

Que o Bem-Estar Animal é um tema complexo, com dimensõescientíficas, éticas, econômicas, culturais e políticas e que, sendo osanimais seres sencientes , sugerem:

Tornar obrigatória a disciplina de Direito Ambiental nas Facul-dades de Direito e incluir aulas de Ética e Bem-Estar Animal nestadisciplina, as quais deverão ser ministradas preferencialmente pormédicos veterinários especializados no tema;

Tornar obrigatória a disciplina de Ética e Bem-Estar Animalnas Faculdades de Medicina, Medicina Veterinária, Biologia,Zootecnia e Agronomia;

Constituir um grupo transdisciplinar para elaborar uma propos-ta de ementa acadêmica descrevendo, de maneira sucinta, os temas quedeverão ser abordados nas disciplinas referidas nos itens 1 e 2;

Incentivar as Universidades a reavaliar seus métodos de ensinoe de pesquisa, visando a redução de animais, priorizando métodosalternativos fidedignos, quando apropriados;

A capacitação prévia e obrigatória para toda e qualquer pessoa

que utilizar animais em ensino e pesquisa;Promover uma integração permanente e contínua entre os pro-

fissionais do Direito e aqueles que trabalham com a finalidade degarantir o Bem-Estar Animal;

A formação de um grupo de trabalho transdisciplinar a serconstituído, no prazo de 60 (sessenta) dias, para elaboração de pro-jeto de lei regulamentadora do Bem-Estar Animal no Brasil, a serencaminhado ao Congresso Nacional;

A adoção de medidas que possibilitem um maior envolvimentodos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na proteção da fauna;

A implementação urgente de políticas públicas de proteçãoda fauna;

A conscientização dos órgãos públicos acerca da distinção en-tre o departamento de controle de zoonoses, que está diretamenterelacionado à saúde pública, e a questão de maus-tratos a animais queestá afeta às atribuições dos órgãos ambientais;

A reflexão por parte das associações, redes ou organizaçõesprotetoras dos animais sobre o abandono do radicalismo, passandopara o aprofundamento das questões polêmicas, buscando a media-ção, o ponto de equilíbrio e o conhecimento, especialmente em as-suntos envolvendo animais;

Lembrar que as associações, incluindo as Organizações NãoGovernamentais, possuem a mesma legitimidade do Ministério Pú-blico para a propositura de Ação Civil Pública visando a proteção dafauna, conforme Lei Federal n. 7.347/85;

Conscientizar as crianças e jovens da necessidade de proteçãoà fauna, por intermédio de palestras, exibição de vídeos nas escolas edistribuição de material educativo;

O estabelecimento de parceria com o SICA (Sistema deIntegração Centro-Americano), por meio de Termo de Cooperaçãoou documento afim, com a finalidade de intercambiar experiênciassobre os temas tratados neste Congresso e o desenvolvimento deatividades futuras conjuntas na área de proteção ambiental;

O estabelecimento de parceria com a OIE/OMSA ( Organiza-ção Mundial de Sanidade Animal), por meio de Termo de Cooperaçãoou documento afim, com a finalidade de intercambiar experiênciassobre os temas tratados neste Congresso e o desenvolvimento deatividades futuras conjuntas na área de bem-estar animal;

A continuidade da parceria entre o Ministério Público dos Esta-dos Brasileiros e os respectivos Conselhos Regionais de Medicina Vete-rinária para a realização de eventos estaduais sobre a proteção da fauna,mantendo o objetivo de integração entre os profissionais da área, privile-giando palestrantes de destacada atuação e saber no tema abordado;

A análise do convite para realizar o II Congresso InternacionalTransdisciplinar de Proteção à Fauna, na cidade de Curitiba-PR, emjunho de 2012, pela Universidade Federal do Paraná, sob a coordena-ção da Dra. Carla Forte Maiolino Molento;

A análise da proposta do Ministério Público do Estado deGoiás e do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado deGoiás para manter a realização do II Congresso InternacionalTransdisciplinar de Proteção à Fauna, na cidade de Goiânia-GO, emsetembro de 2012.

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Animais Selvagens e ExóticosEsta seção destina-se aos profissionais que atuam permanente ou esporadicamente na clínica, cirurgia, criaçãoe proteção dos animais selvagens e exóticos. Trata-se de um campo de imensas possibilidades, onde o médico-veterinário deve aumentar sua presença. A temática é sempre internacional, dentro da visão universalista denossa publicação. Solicitamos aos articulistas brasileiros e estrangeiros, que enviem seus trabalhos buscandoassuntos de uso prático e com abundância de ilustrações.

R. M. CARDOZO1, M. J. B. BARBOSA2 , V. L. F. SOUZA34

A ação das drogas antiparasitárias Ivermectina 1% e Moxidectina 1%, sobre as helmintoses de capivaras, foi estudada em18 (dezoito) animais, após a evidenciação da presença de endoparasitos pelo método de Gordon e Whitlock (1939)modificado para a contagem de ovos de helmintos gastrintestinais. Os animais foram divididos em três grupos. Os gruposA e B receberam, respectivamente, 0,01g de ivermectina 1% e de moxidectina 1%, quinzenalmente, por um período de 54dias; o grupo C foi mantido como controle. O antiparasitário ivermectina (1%) mostrou-se mais eficaz sobre a infecção dehelmintos nestes animais, embora a moxidectina (1%) também tenha apresentado diferenças significantes em relação aogrupo controle.

Avaliação da ação dos antiparasitários ivermectina emoxidectina sobre helmintoses de capivaras(Hydrochaeris hydrochaeris, L. 1766) - Estudo preliminar

Summary The antihelmintic effect of ivermectin

1 % and moxidetin 1 % on capybaraswas studied in 18 animals. The pre-sence of endoparasites was evidencedby Gordon and Whitlock (1939)modified method to count gastroentericparasite worm eggs. The animals weredivided in groups A, B and C. During54 days and every fifteen days thegroups A and B received 0.01 g ofivermectin 1 % and moxidectin 1%,respectively, and the group C was usedas control. In this study, Ivermectin 1%was the must efficient of the twoproducts. However, moxidectin 1%showed significant effects in relation tothe control group.

1Rejane Machado Cardozo,professora adjunta do departa-mento de Medicina Veterinária,Universidade Estadual deMaringá, Campus de Umuarama,PR, BRASIL.

2Maria José Baptista Barbosa,professora associada do departa-mento de Medicina Veterinária,UEM, Campus de Umuarama, PR,BRASIL.

3Vera Lúcia Ferreira de Souza,professora associada do depar-tamento de Zootecnia, UEM, Av.Colombo 5790, CEP 87020-900,Maringá, PR, BRASIL.

INTRODUÇÃO

A capivara é o maior roedor do mundo,possuindo pelagem uniforme, que varia docastanho ao cinza. São roedores estreitamen-te ligados à água, para onde correm quandoem perigo; alimentam-se de capim, pastagense vegetação aquática. Em seu habitat natural,a capivara é vista como animal de caça, sendoprocurada devido a sua carne, couro e óleo(Ibama, 2006). Entre as espécies nativas, acapivara se destaca por ser uma das maisproliferativas e vem sendo criada em cativei-ros devido à grande procura de sua carne eóleo (Pinheiro et al., 2005).

A criação de espécies silvestres em cati-veiro é uma estratégia que tem sido imple-mentada com o objetivo de diminuir o impactoda caça, oferecer uma alternativa de exploraçãosustentada dos recursos da fauna e, consequen-temente, a conservação da biodiversidade con-tida nos ecossistemas naturais (Coutinho, 2000).

Esta espécie apresenta vantagenszootécnicas importantes como a grande rusti-cidade, a alta eficiência reprodutiva e o fácilmanejo nutricional, o que determina seu gran-de potencial para criação racional, produzin-do carne, couro, cerdas e óleo (Lanna, 1997).

Os animais exigem poucos cuidados,contudo um dos grandes problemas sanitári-os nos criadouros é a verminose (De Cicco,2001). Recomenda-se que animais recém-ad-quiridos permaneçam em quarentena, em baiasfechadas com cimento, por 50, 60 ou mais dias.Após este período devem passar por avalia-

ção parasitológica criteriosa; preconiza-se arealização de três exames coprológicos con-secutivos, com intervalo de 10 a 15 dias, antesda introdução dos animais no criadouro.

A capivara é parasitada por mais de duasdezenas de helmintos, que determinam lesõesnos intestinos delgado e grosso, nos vasossanguíneos renais, nos pulmões e no coração(Sinkoc, 1997; Bonuti, 1999). As endopara-sitoses podem levar a uma série de manifesta-ções clínicas, que variam desde a interrupçãoda alimentação até a morte súbita (De Cicco,2001).

Segundo Araújo (2005), o maior risco nacriação de capivaras é o fato de saber-se mui-to pouco sobre as enfermidades que atingemessa espécie animal, podendo dessa formaocorrer doenças pouco estudadas ou desco-nhecidas, o que ocasionaria a morte de muitosanimais.

A capivara (Hydrochaeris hydrochaeris,Linnaeus, 1766) é o maior roedor herbívorodo mundo. É encontrada em certas áreas dasAméricas do Sul e Central, próximo a rios elagos, alimentando-se de gramíneas e plantasaquáticas comuns nas várzeas e alagados(Emmons, 1990). Pode chegar a pesar até 100kg, porém seu peso médio é de 50 kg para asfêmeas e 60 kg para os machos (Deutsdh &Puglia, 1988).

Esta espécie destaca-se pelo seu poten-cial cinegético, possui requisitos zootécnicosimportantes para a criação sustentável, comoa alta capacidade reprodutiva, os hábitos ali-mentares generalistas e a baixa exigência quan-

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to às condições do habitat, rusticidade e prolixidade (Alho etal., 1986; Pinheiro; Silva; Rodrigues, 2005; Cubas et al., 2007).Os sistemas de produção de capivaras tornam-se viáveis quan-do os animais expressam todo o seu potencial e quando oprodutor considera a utilização dos produtos e subprodutospara a comercialização (Noqueira, 2004). A sanidade é fatorque requer atenção na criação já que o estresse pode ocorrerno ambiente de cativeiro, interferindo significativamente narentabilidade da criação. Segundo Cubas et al. (2007), os pro-blemas clínicos mais comuns em cativeiro são asectoparasitoses, traumatismos e distúrbios nutricionais.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas fezes de 18 capivaras, com idade entre4 e 9 meses, provenientes da Região Oeste do Estado doParaná. Os animais foram mantidos em quarentena (40 dias) naCompanhia de Produção Agropecuária do Paraná (CODAPAR),Distrito de Floriano, Município de Maringá, Estado do Paraná(Registro no IBAMA n° 1/41/2001/000092-2). Durante esteperíodo os animais receberam alimentação forrageira ecomplementação com ração comercial para coelhos, uma vezao dia, contando com apoio estrutural adequado para seushábitos de vida.

As amostras de fezes foram colhidas em sacos plásticoscom etiquetas de identificação diretamente do reto dos ani-mais. A primeira coleta ocorreu imediatamente após o períododa quarentena, a segunda foi feita 15 dias após e as demaissemanalmente, permanecendo sob refrigeração até a hora doprocessamento, não ultrapassando o período de 12 horas.

O material foi processado no Laboratório de Profilaxia,Parasitologia e Reprodução Animal da Universidade Estadualde Maringá. Utilizou-se o método de Gordon & Whitlock (1939)modificado para a contagem de ovos de helmintos gastrin-testinais (técnica de OPG) (Whitlock, 1948). Objetivando umamelhor evidenciação dos ovos, em substituição ao NaCl, preco-nizado por estes autores, optou-se pela solução de Sheather.

Os animais foram divididos, aleatoriamente, em três gru-pos de 6 (seis) animais cada: grupos A, B e C. Os grupos A e Breceberam quinzenalmente 1mL (0,01g), via subcutânea, dosprodutos 1 e 2, respectivamente, o grupo C permaneceu comogrupo-controle. A primeira aplicação se deu logo após a pri-meira coleta de fezes e a última ocorreu 32 dias antes do abate.Os produtos 1 e 2 corresponderam, respectivamente, aosantihelminticos: ivermectina 1% e moxidectina 1%.

Para a análise dos dados foi feita a seguinte transformação: 2Y = log (OPG + 100)As Análises Estatísticas foram realizadas empregando-

se o seguinte modelo estatístico: Y

yk = + T

i + C

j + TC

ij + b(X

ik – X) + C

ijk

Onde:

Para a realização da análise estatística utilizou-se o Tes-te de Tukey. Fixamos em 0,05 ou 5% (a £ 0,05) o nível derejeição da hipótese de nulidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os exames coprológicos revelaram alta infecção parasi-tária nos três grupos de animais. Os resultados obtidos dasanálises de OPG para os grupos A, B e C são apresentados,respectivamente, nas Tabelas 1, 2 e 3.

50 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

O número de ovos obtidos após a aplicação do produto1 (Ivermectina 1%) (grupo A) foi significativamente menor doque o observado após a aplicação do produto 2 (moxidectina1%) (grupo B) ou do observado no grupo controle (grupo C).

A morfologia dos ovos encontrados foi indicativa deinfecção por nematódeos, tendo correspondido ao descritopara tricostrongilos, estrongilos, estrongiloides e oxiurius deruminantes.

Silva et al. (2007) relatam a ocorrência de coccídeos e dehelmintos intestinais em capivaras criadas em cativeiro. Asinfestações parasitárias são observadas principalmente noperíodo chuvoso e podem comprometer a criação de filhotes(Ribeiro & Zamora, 2008). Assim, a gastrenterite observadanos animais estudados pode estar associada ao parasitismointestinal, além da baixa resistência dos animais jovens e sobcondições de estresse.

Os resultados evidenciaram infecção parasitária nosanimais após o período de quarentena. Estes animais, segun-

do informações do criador, não receberam nenhum tratamentoantiparasitário durante o período de crescimento. Portanto,podemos supor que os resultados obtidos na primeira coletacorrespondam àqueles que, eventualmente, seriam observa-dos na criação. Assim, confirmamos a afirmativa de que averminose é intensa nas criações de capivaras (De Cicco,2001).

Apesar das drogas antiparasitárias utilizadas no pre-sente trabalho não terem recomendação específica para estaespécie, estas drogas foram selecionadas em função de seuuso difuso e rotineiro na pecuária nacional. Após ponderar arelação peso-idade, optamos pela dosagem recomendada paraporcos em crescimento com peso equivalente (em torno de 25-35 kg).

Nossos resultados indicaram uma maior eficiência doproduto 1 (ivermectina 1%) sobre o produto 2 (moxidectina1%) nas helmintoses desses animais. Em nossa amostragem,o produto ivermectina 1%, na dosagem de 0,01g/animal, com

51A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

aplicação quinzenal, mostrou-se eficaz para a quase completaerradicação de ovos nas fezes após a quarta aplicação. O pro-duto moxidectina 1% não teve a mesma eficiência, apesar deapresentar diferença significante sobre a contagem observa-da nos animais-controle. Os resultados preliminares desen-volvidos no presente trabalho são indicativos que este pro-duto seja, também, eficiente para capivaras. Entretanto, deve-mos destacar que trabalhamos com doses, relativamente,“empíricas” e com uma amostragem pequena. Estudos comum número maior de animais deverão ser desenvolvidos nosentido de estabelecer a dose ideal para estes animais e, pos-sivelmente, ainda, com outras drogas. Na verdade, a conta-gem de ovos inicialmente obtida foi bastante variável em to-dos os grupos.

Os hábitos sociais e hierárquicos destes animais podemresultar na exclusão de animais dos bandos, os quais se tor-nam “animais satélites” que, vivendo sob tensão, estão maisexpostos a predadores e a doenças parasitárias, gerando as-sim dificuldades na criação em áreas semi naturais (Alho etal., 1987). Entretanto, a criação destes animais exige pessoalhabilitado para o manejo e com o conhecimento das doençasque podem acometer a criação, e, principalmente, sobre aszoonoses que esta espécie pode transmitir.

A parasitose do trato gastrointestinal de capivaras é umproblema evidente nas criações em cativeiro (Lanna, 1997;Sinkoc, 1997; Bonuti, 1999; De Cicco, 2001). Da mesma forma,parasitoses intestinais de espécies domésticas, especialmen-te, de suínos, são focos importantes de zoonoses em nossopaís. O crescente aumento na produção destes animais leva aum aumento no número de trabalhadores em contato com es-tes animais. Essa realidade exige medidas urgentes por partedos órgãos governamentais no sentido de estimular estudosenvolvendo as zoonoses que podem acometer as capivaras,com enfoque particular sobre as parasitoses

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Na edição anterior de A Hora Veterinária, nº 178,publicamos a reportagem fotográfica da Expointer 2010,e na foto do Laboratório Bravet, a legenda não saiu,publicamos novamente com os créditos:

Virgilio dos Santos Filho, Diretor do LaboratórioBravet com sua equipe na Expointer 2010

HV Informa

Erramos

52 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

EcologiaAngela Escosteguy, Médica Veterinária, Fiscal Federal Agropecuário, D.E.A. Ciências Alimenta-res, França, Membro do Comitê Científico Internacional de A Hora Veterinária, Coordenadora doGT Produção Animal Orgânica/MAPA, Coordenadora da Comissão sobre Pecuária Orgânica daSociedade Brasileira de Medicina Veterinária, Presidente do Instituto do Bem-Estar,[email protected], Porto Alegre, Brasil.

Salmão transgênico no nosso prato

O anúncio da solicitação de liberação para consumohumano do primeiro animal transgênico (salmão), encaminha-do à FDA – Food Drug Administration, nos EUA, causourepercussão mundial. A empresa criadora, AquaBonty, afirmaque o novo peixe é seguro para o consumo e não representaameça ao ambiente. Nos últimos 10 anos a companhia gastouUS$ 50 milhões em estudos para mostrar que não há diferençaentre seu peixe e os outros. Por outro lado, muitos chamam deFrankenfood (comida Frankestein) os alimentos provenien-tes de animais transgênicos, pois os animais são criados apartir da junção de gens de espécies diferentes. Não é deadmirar, portanto, que o anúncio provocou uma série de dis-cussões sobre os possíveis riscos e benefícios desta novatecnologia e mostrou que está longe de haver um consensosobre o tema. De um lado geneticistas e industriais e de outroconsumidores, ambientalistas e advogados apresentam seusargumentos.

O QUE DIZ A EMPRESA

Chama-se AquaAdvantage o salmão criado pela empre-sa AquaBounty Technologies, que é o resultado da adição deun gene de hormônio de crescimento do DNA de salmão doPacífico (Oncorhynchus tshawytscha) e de um peixe (Zoarcesamericanus) ao salmão do Atlântico (Salmo salar). O salmãoresultante, geneticamente modificado (salmão GE) produz maishormônio do crescimento e por isso cresce duas vezes maisrápido que o salmão normal.

A empresa afirma que: a criação do salmão GE de cresci-mento mais rápido é o método mais seguro, econômico deatender a demanda mundial insaciável de salmão, tido como

alimento saudável para o coração pela presença de omega 3,reduzindo assim a pressão nos cardumes naturais; a produ-ção é mais sustentável, mais proteína, menos custos; atendeua todas as solicitações e tomou todas as medidas para preve-nir que os peixes se misturem com os da natureza; não há riscoporque são criados em tanques, sem risco de escaparem econtaminarem a cadeia alimentar.

Os ovos seriam produzidos no Canadá e enviados parao Panamá onde os filhotes, todas fêmeas estéreis, cresceriamem tanques com fortes medidas de segurança para impedir aliberação acidental dos animais no ambiente. A empresa afirmaque os ovos são 99% estéreis e o risco de escapar e contami-nar a cadeia alimentar natural é praticamente inexistente. Quan-do atingirem o tamanho adequado, serão abatidos e a carneserá enviado aos EUA e vendida com o nome de “Salmão doAtlântico”. A empresa só se envolverá com a venda dos ovos.

Apesar dos argumentos, várias perguntas seguem semresposta.

QUAIS OS RISCOS

Para os consumidores desse novo animalQual o risco potencial do hormônio do crescimento es-

tar associado com aumento da incidência de câncer? Qual orisco potencial de reações alérgica aos consumidores? Porque não será obrigatória a rotulagem e identificação do sal-mão GE para, ao menos, os consumidores poderem saber oque estarão comprando e poderem escolher? Por que liberarum produto sem estudos conclusivos de todos os riscos, fei-tos por organizações independentes?

53A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Sobre o ecossistemaSe salmão GE escapar, qual será o efeito nas populações

de salmão nativo e no ecossistema? No Alaska e Canadá jáocorreram inúmeros casos de peixes que escaparam de fazen-das comerciais, foram encontrados na natureza e são conside-rados espécies invasoras. Como já aconteceu inúmeras vezes,a introdução de novas espécies pode ter efeito devastadornas populações de peixes selvagens.

Para a saúde e o bem-estar dos animaisVários estudos evidenciaram que o excesso de hormônio

de crescimento pode resultar em mudanças em várias caracte-rísticas dos animais, como o comportamento, a capacidade denadar, a estrutura corporal, incluindo aumento da incidênciade malformações. As primeiras gerações de salmãoAquAdvantage apresentaram maior incidência de malformaçõesque nos controles do tipo selvagem, mas as gerações posteri-ores tiveram taxas semelhantes ao controle de salmão. Ani-mais transgênios tendem a ter taxas muito mais altas de defor-midades que a média da natureza.

PERIGOSO PRECEDENTESe aprovado, o peixe GM chegará aos consumidores

dentro de 2-3 anos e provavelmente abrirá as portas para ou-tras criaturas transgências. O próximo da fila é o EnviroPig,primeiro animal teoricamente criado com o objetivo de amenisarum problema ambiental que é a contaminação por fósforo cau-sada pelas fezes dos suínos. Entretanto, muitos argumentamque o problema não está no porco, pois a poluição ambiental

não ocorre por problemas nos animais e sim pela grande con-centração de animais nos sistemas confinados.

Consumidores e grupos ambientais americanos estãosolicitando que, caso aprovado, o salmão transgênico sejaao menos identificado pelo rótulo, para que o consumidorsaiba o que está comprando e não confunda com o salmãonatural. Mas a FDA, afirma que talvez não exista um rótuloespecífico em virtude de seus regulamentos. Os grupos tam-bém dizem que, num tempo no qual as pessoas prestammais atenção às fontes de sua alimentação, têm o direito desaber quando um produto foi geneticamente modificado.“O mínimo que se pode fazer ao colocar esses produtos nomercado é deixar o consumidor decidir por si mesmo, e vocêprecisa de uma etiqueta para fazer isso”, disse PatriciaLovera, da Food and Water Watch, um grupo de defesa doconsumidor. “As tendências na indústria de alimentos mos-tram que os consumidores querem mais informações, nãomenos.” A AquaBounty Technologies, sugeriu que um “ge-neticamente modificado” no embalagem seria parecido comuma caveira e ossos cruzados, destruindo as vendas. ElliotEntis, um dos fundadores da AquaBounty, disse que oscríticos estavam tentando “deslegitimar o produto por meioda embalagem”.

EnviroPigMarca comercial de um porco Yorkshire genetica-

mente modificado produzido na Universidade de Guelph,no Canadá, pela adição do gen de bactéria (E. Coli) e derato no cromossoma do porco. Segundo os criadores,desta maneira o porco transgênico digere melhor o fós-foro, produzindo fezes e urina com cerca de 65% menosfósforo, elemento que contamina o solo e as águas. Alémdisso, os produtores não precisariam mais adicionalsuplementação de fósforo ou fitase na ração dos ani-mais. Estes animais estão aguardando na fila a autoriza-ção da FDA para serem criados para produção de carnepara consumo humano.

Rotulagem eidentificação doproduto

FUTURO

Trinta e oito deputados e senadores dos EUA pediram àFDA a suspensão do processo de aprovação do salmão GE. AFDA pediu mais pesquisas e estudos para se posicionar. Agrande questão neste assunto, como em vários outros casossemelhantes, é que as empresas que querem vender seus pro-dutos de engenharia genética são as responsáveis por provara sua segurança. Em outras palavras, a raposa está encarrega-da de provar que o galinheiro está bem protegido.

Como sempre, a apresentação dos resultados teóricosda biotecnologia são fantásticos. Resta saber se, na prática, atransgenia nos animais trará benefícios para todos, ou ocorre-rá o mesmo que nos alimentos de origem vegetal, pois, passa-dos mais de 10 anos de sua liberação e uso, a grande vanta-gem segue sendo dos fabricantes.

Além disso, como dizia Lutzenberger, mesmo que fiqueprovado que os alimentos transgênicos são inócuos para osconsumidores e para o ambiente, ainda assim, a possibilidadedas sementes ou ovos, como no caso dos peixes, ficarem nasmãos de algumas empresas, é uma situação que a humanidadenão deve aceitar. Até porque, está matematicamente compro-vado que a produção mundial de alimentos hoje é mais quesuficiente para alimentar toda a humanidade, ou seja, a fomenão ocorre por falta de produção de alimentos em si, comoinicialmente se pensava, e sim, por falta de poder econômicopara adquirir os alimentos.

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Diagnóstico por ImagensEsta seção destina-se à educação continuada em radiologia, endoscopia, ecografia, tomografia, buscando incen-tivar o uso do diagnóstico por imagens. Recebe trabalhos nacionais e internacionais de natureza prática eenriquecidos com ilustrações de caráter didático.

Controle da função luteal bovina

J. C. ANDRADE MOURA1, H. BOLLWEIN2, A. L. GUSMÃO3, A. S. BOUZAS4, M. V. RESENDE5

Summary

1José Carlos de Andrade Moura,Professor Titular, Escola de Me-dicina Veterinária da UFBA,Membro do Comitê Científi-co Internacional de A HoraVeterinária, Salvador, BA,BRASIL. [email protected]

2Heinrich Bollwein, ProfessorTitular, Diretor da Clínica deBovinos da Fundação Escola deVeterinária de Hannover, ALE-MANHA.

3Alberto Lopes Gusmão, Profes-sor, Escola de Medicina Veteri-nária da UFBA, Salvador, BA,BRASIL.

4Adriano de Sá Bouzas, Especi-alista em Reprodução Animal.

5Max Vitória Resende, Doutorem Reprodução Animal.

INTRODUÇÃO

O Brasil vem se firmando como potênciapecuária no cenário mundial em virtude do sig-nificativo desenvolvimento deste setor noagronegócio, sobretudo a bovinocultura decorte onde se destaca como detentor do maiorrebanho comercial do mundo e maior exporta-dor de carne. Atrelado a esta situação, verifi-ca-se crescente uso das biotecnologias da re-produção com o intuito de aumentar a eficiên-cia reprodutiva e produtiva do rebanho. Entreas biotécnicas destacam-se a sincronização doestro, inseminação artificial, transferência deembriões por múltiplas ovulações e produçãoin vitro de embriões (Fernandes; Oba, 2007).Como exemplo, a Sociedade Brasileira deTecnologia de Embriões – SBTE (2009) repor-ta que o programa de inseminação artificial emtempo fixo – IATF, encerrou o ano de 2009 comcerca de três milhões de vacas inseminadas.

Segundo Fonseca, (2001); Mann (2002);Pereira (2009), os resultados do uso dessasbiotécnicas, referentes aos índices de prenhezem fêmeas receptoras de embriões, têm sidoabaixo do ideal, em virtude, principalmente porfalhas no processo do reconhecimento mater-no da gestação. As causas são multifatoriais,como, por exemplo: nutricional, diferentesagentes estressantes, anormalidades nosgametas, protocolos hormonais para doado-ras/receptoras e, em particular, baixas concen-trações plasmáticas de progesterona nas fê-meas receptoras em virtude do funcionamen-to inadequado do corpo lúteo.

Considerando que a avaliação do corpolúteo: (1) fornece informações importantessobre o estado reprodutivo da fêmea bovina;(2) possibilita viabilizar procedimentos de ma-nipulação do ciclo estral ou da gestação; (3)permite selecionar receptoras de embriões,este trabalho teve como objetivo estudar os

principais métodos utilizados na avaliação dafunção luteal bovina, com ênfase ao uso daultrassonografia com Doppler.

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO LUTEAL

A avaliação da função luteal é de funda-mental importância para determinação da via-bilidade do corpo lúteo. Como exemplo, a aná-lise da concentração de P4 no leite de vacasno pós-parto é considerada um método obje-tivo para identificação precisa de indivíduosaptos à reprodução (Lamming, Darwash, 1998).Segundo Mann (2001), é possível identificarproblemas reprodutivos como a falha no iní-cio da função luteal e a manifestação prolon-gada do estro causada por cistos ovarianos.McNeill et al. (2006) verificaram através da P4no leite, no quarto dia após a IA, situações dedisfunção luteal em virtude da constatação debaixas concentrações de progesterona.

Thatcher et al. (1997) avaliaram a P4 nosoro sanguíneo em vacas e concluíram queconcentrações altas e baixas de progesteronaplasmática estimulavam padrões diferentes deliberação da PGF2α e que concentrações peri-féricas baixas de P4 durante a fase luteal sãoindicativos de forte sinal luteolítico. Kerbleret al. (1997) observaram que o aumento da P4plasmática teve correlação positiva com a sín-tese de IFN-tau pelo concepto quando da apli-cação de gonadotrofina coriônica humana paraformação de corpo lúteo acessório.

Para Chagas e Silva, Lopes da Costa(2005), a determinação da P4 no plasma san-guíneo, com objetivo de avaliar a função luteal,é imprecisa. Do mesmo modo, Howard et al.(2006) demonstraram que o aumento das con-centrações plasmáticas de P4 não resultou emmelhoras das taxas de gestação. Esses resul-tados também são corroborados por Leal etal. (2009).

O objetivo deste trabalho foi estudar os métodos de avaliação da função luteal em bovinos, visto que a mesma forneceinformações importantes sobre o estado reprodutivo da fêmea bovina, e possibilita a adequação de procedimentos demanipulação do ciclo estral ou da gestação.

This piece of work aimed atstudying the luteal functionassessment methods in bovine, asit offers important information aboutthe cow´s breeding state. It alsomakes it possible that more adequateprocedures are adopted whenhandling the oestral cycle or thepregancy.

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Os ovários são órgãos pares do sistema reprodutivo fe-minino que, anatomicamente, permitem ser examinados direta-mente por palpação retal. Entretanto, a análise dos achadospode ser dificultada pelo fato da variação na forma, tamanho epela dinâmica folicular e/ou luteal (Grunert; Berchtold, 1982).Quanto à avaliação do corpo lúteo por palpação retal, apesar dapraticidade e facilidade do método, apresenta limitação dada asua baixa sensibilidade e especificidade (Sprecher et al., 1989).

Segundo Kähn (1991), a morfologia do CL à palpaçãoretal nem sempre está associada ao tamanho do mesmo, ouseja, fêmeas bovinas que têm CL com pouca projeção podemapresentar a maior parte do mesmo, dentro do estroma ovaria-no (Figura 1). Essa situação é refletida no trabalho de Ferreiraet al. (1992), que avaliaram a eficiência reprodutiva de diferen-tes rebanhos bovinos utilizando a palpação retal na avaliaçãoda função luteal. Em virtude das dúvidas que surgiram sobre aatividade ovariana luteal, esses autores tiveram que dosar aP4 tanto no leite como no plasma sanguíneo.

grande incidência de CL incluso (Figura 2), devem ser considera-dos fatores importantes quando da utilização da palpação retalno exame ginecológico; corroborando assim com os autores an-teriormente citados, que consideraram o exame por palpação retalimpreciso para avaliar a atividade luteal em vacas.

Considerando programa de transferência de embriõesbovinos, receptoras sincronizadas com as doadoras, asreceptoras avaliadas no momento da inovulação (dia sete pós-ovulação) no sentido de constatar presença ou ausência doCL, sendo este o indicativo da utilização do animal, Viana (1996)demonstrou que essa seleção por palpação da projeção do CLnão é segura em virtude da ocorrência de CL parcialmente outotalmente incluso. Por outro lado, Fernandes e Velásquez(1997) propuseram uma metodologia para exame da atividadeovariana por palpação retal em receptoras de embriões, queconsistia em identificar o CL, localizá-lo e de forma subjetivaclassificá-lo (quanto à assimetria ovariana que resulta peloaumento de volume que o CL proporciona no ovário no qualestá presente) em grande (CL1), médio (CL2) e pequeno (CL3).Os autores chegaram à conclusão de que existiu relação posi-tiva entre o método indireto de avaliação do CL e índice deprenhez em receptoras de embriões bovinos. Em discordância,Demczuk et al. (1998), Spell et al. (2001) e Vieira et al. (2002)observaram que não existe relação entre a morfologia ovaria-na e do CL, avaliada por palpação retal, e taxa de prenhez emreceptoras bovinas.

Baseado em estudos desenvolvidos em ovários de va-cas obtidos em matadouro, Ramos et al. (2008) concluíramque a relação comprimento e largura do ovário, assim como a

Leal et al. (2009) estudaram a atividade luteal através dapalpação retal e da ultrassonografia por imagem em tempo real econcluíram que a palpação transretal foi satisfatória para distin-guir CL grande, porém perdeu a sensibilidade ao avaliar o queera CL pequeno e médio, e, considerando a análise estatísticanão houve diferença numérica entre o CL pequeno e o grande.

Segundo Pierson e Ginther (1987), Kähn, (1991), Ribaduet al. (1994), Lamming e Darwash (1998), Viana et al., (1999),Leal et al. (2009), a ultrassonografia (US) modo “B”, por ima-gem em tempo real, é uma importante técnica não invasivaque permite a completa visualização do tecido luteal, possibi-litando maior precisão na identificação e mensuração do CL.Na imagem ultrassonográfica, a ecotextura do CL é hipoecoica,homogênea, circunscrita e contrasta com a ecotextura maisecogênica do estroma ovariano (Figura 3 e 4).

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Viana et al. (1999) estudaram, através da imagemultrassonográfica em tempo real e da determinação da P4plasmática, o desenvolvimento, a função e a regressão lutealem vacas da raça Gir. O CL foi inicialmente visualizado aos 3,28± 0,19 dias após a ovulação. A taxa de crescimento do CL entrea primeira detecção e o dia 7 foi de 0,42 ± 0,05 cm2/dia e aconcentração P4 aumentou 0,49 ± 0,02 ng/ml/dia até o dia 11,atingindo o valor máximo entre os dias 11 e 15 do ciclo (5,28 ±0,19 ng/ml), o que coincidiu com a estabilização do tamanhodo CL, ou seja, o dia em que a P4 atingiu seu valor máximo foiposterior ao dia em que o CL atingiu sua maior área. Essesresultados indicam que entre os dias nove e 14 do ciclo, avariação observada na concentração de P4 foi decorrente damaturação funcional do CL, e não do aumento na massa detecido luteal. Segundo os autores citados, a taxa de regressãoluteal foi entre os dias 16 e 21 de –0,36 ± 0,04 cm2/dia e aredução na concentração de P4 foi entre os dias 15 e 21 de 0,93± 0,01 ng/ml/dia. Eles especularam que o tamanho do CL podenão ser um bom indicador da produção de P4 em um determi-nado momento do ciclo, visto que a concentração de P4circulante depende diretamente de sua produção, disponibili-dade de precursores para a sua biossíntese, do fluxo sanguí-neo luteal e da presença de fatores luteotróficos ou luteolíticos.Outra observação importante foi que a regressão funcionalprecede a regressão morfológica, visto que duração davisualização do CL foi de 17,7 ± 0,30 dias e da atividade luteal(caracterizada por níveis de P4 superiores a hum ng/ml), de13,6 ± 0,36 dias. Diferença esta devida à visualização do CL,mesmo após a perda da capacidade funcional da glândula luteal.

Montovani et al. (2005) trabalharam com novilhas sin-cronizadas através de protocolos longos, utilizando dispositi-vos intravaginais de P4, monitorados pela ultrassonografia eregistraram relação direta entre CL maiores (2,4 cm2) e altaconcentração de P4 no plasma (3,8 ng/ml).

Coutinho et al. (2007) estudaram, através da imagemultrassonográfica e da concentração de P4 no plasma, a fun-ção luteal em vacas não lactantes. Eles observaram duraçãomédia da fase lútea de 10 dias. O CL foi visualizado por 15 dias,porém, sua funcionalidade foi de 13 dias considerando valorde P4 mínimo de dois ng/ml de plasma.

Herzog et al. (2008) estudaram, através de imagensultrassonográficas, a relação entre o desenvolvimentomorfológico do CL e a produção de P4 durante o ciclo estral eestabeleceram três fases distintas, ou seja, do primeiro ao diacinco do ciclo: crescimento; do dia sete ao 16: equilíbrio; e dia17/18: regressão. Nessa mesma pesquisa, os autoresdesconsiderarão o estudo quantitativo da ecotextura do CLem virtude das variações individuais e impraticabilidade doexame, haja vista, a necessidade de múltiplos exames e análi-ses em programas computacionais específicos.

Segundo Leal et al. (2009), na avaliação ultrassonográficade CL de receptoras bovinas de embriões no dia da inovulação,foi registrado 51% de CL cavitário e 49% compacto; diâmetromédio de CL de 17 ± 6,3 mm e da cavidade de 6,8 ± 4,2 mm. Aconcentração de P4 foi de 4,9 ± 3,0 ng/ml. Esses resultadosquando comparados às porcentagens de prenhez, não foramestatisticamente significativos.

Considerando que: (I) a funcionalidade do CL está estri-

bada em uma densa rede de capilares que possibilita as célu-las luteais obterem oxigênio, nutrientes e hormônios necessá-rios para síntese e liberação de P4, requerida para a fisiologiado ciclo estral e ou manutenção da gestação e (II) ocorrênciade rápida e intensa vascularização do CL (Niswender et al.,2000), a opção mais precisa para avaliar a função luteal é justa-mente determinar a quantidade de sangue que chega à glân-dula luteal através da ultrassonografia em tempo real comDoppler. Essa técnica associa a morfologia do CL gerada pelaultrassonografia tradicional (modo “B”) à perfusão sanguíneana glândula analisada pelo modo “Color (número de pixelscolorido) ou Power (topografia vascular) Doppler” (Figura 5e 6) (Acosta et al., 2002; Acosta et al., 2003; Shirasuma et al.(2004); Miyamoto et al., 2005; Miyamoto et al., 2006; Ginther,2007; Herzog; Bollwein, 2007; Herzog; Bollwein, 2008).

Acosta et al. (2002) utilizaram o Doppler para estudar aperfusão sanguínea no CL em resposta à aplicação de PGF2-alfa no início (dia quatro) e no meio da fase luteal (dia 11). Elesobservaram que na primeira aplicação não houve alteração nadinâmica sanguínea e associaram esse fato ao período em queo CL bovino é refratário à PGF2-alfa. Entretanto, 30 minutosapós a segunda aplicação foi verificado repentino aumento,por duas horas, da perfusão sanguínea que após este períodoreduziu-se progressivamente, caracterizando assim a luteólisee início de um novo ciclo.

Acosta et al. (2003) demonstraram a dicotomia do au-mento da perfusão sanguínea relacionada ao folículo pré-ovulatório e em seguida, no desenvolvimento inicial do CL;respectivamente, com aumento do estrógeno/hormônioluteinizante e aumento da progesterona.

Pesquisas realizadas em vacas com luteólise nãoinduzida, Shirasuna et al. (2004); Miyamoto et al. (2005) eMiyamoto et al. (2006) comprovaram um aumento abrupto daperfusão sanguínea no CL no dia 17 do ciclo, estabelecendoassim, uma relação direta do aumento abrupto da perfusãosanguínea com o início do processo da luteólise, conforme foi

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descrito anteriormente, em vacas com luteólise induzidas, porAcosta et al. (2002).

Herzog e Bollwein (2007) utilizaram o Color Doppler paraestudar a perfusão sanguínea no CL durante o ciclo estralbovino e concluíram que o aumento da perfusão sanguínea eraconcomitante ao aumento da concentração de P4 no plasmasanguíneo. Entretanto, o volume da massa luteal não acompa-nhava essa relação de forma significativa a partir do dia 17/18do ciclo. Como pode ser observado na Figura 7, a atividadeluteal um CL com área média de 200 mm2 no exameultrassonográfico em determinado momento de um ciclo estraldesconhecido, não pode ser relacionada a uma função lutealpositiva, pois o mesmo pode encontrar-se na fase de regressão.

(6) A perfusão sanguínea no corpo lúteo estar direta-mente relacionada com a produção de progesterona.

(7) A utilização da ultrassonografia com Color ou PowerDoppler permite um fiel estudo, in vivo, da perfusão sanguí-nea no corpo lúteo e consequentemente uma avaliação segu-ra da função luteal.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as referências apresentadas, pode-seconsiderar que:

(1) É condição básica para a avaliação luteal o prévioconhecimento sobre o momento em que o indivíduo se encon-tra dentro da fase luteal, ou seja: fase de desenvolvimento,equilíbrio ou regressão.

(2) Teoricamente a determinação de progesterona no lei-te ou no plasma sanguíneo é ser um método confiável paraavaliar a função luteal. Entretanto, fatores como: diferençaentre indivíduos, estresse, temperatura elevada e nutrição,contribuem para a imprecisão dos resultados.

(3) A avaliação do corpo lúteo por palpação retal apre-senta séria limitação em virtude da sua baixa sensibilidade eespecificidade.

(4) A ultrassonografia (modo “B”) por imagem em temporeal, é uma importante técnica não invasiva que permite a com-pleta visualização do tecido luteal, possibilitando maior preci-são na identificação e mensuração do corpo lúteo. Quanto àavaliação da função luteal na fase de regressão, a mesma tor-na-se imprecisa, em virtude do tamanho do corpo lúteo nãocorresponder à quantidade de progesterona sintetizada pelaglândula.

(5) O estudo quantitativo da ecogenicidade do corpolúteo relacionado à produção de progesterona mostrou-seimpreciso, em virtude das variações individuais eimpraticabilidade do exame, haja vista, a necessidade de múl-tiplos exames e análises em programas computacionais espe-cíficos.

58 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

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59A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Qual o seu diagnóstico? / Perguntas

Caso clínico: Cão Bulldog Inglês com quadro dermatopático*

C. E. LARSSON1, C. N. ROSSI1, S. MARUYAMA1, L. E. B. LUCARTS1

1Autores: Claudio Nazaretian Rossi, Simoni Maruyama, Luiz Eduardo Bagini Lucarts (Pós-graduandos do Departamento de ClínicaMédica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo - FMZV/USP); Carlos Eduardo Larsson Junior(Médico-veterinário do Serviço de Dermatologia do Hospital Veterinário- HOVET/USP); Carlos Eduardo Larsson (Professor Titular doDepartamento de Clínica Médica da FMVZ/USP, Membro do Comitê Científico Internacional de A Hora Veterinária). Avenida ProfessorOrlando Marques de Paiva, 87; CEP 05508-270; Cidade Universitária; São Paulo, SP, Brasil.

*Caso Clínico do Serviço de Dermatologia – HOVET / USP. Fotos do acervo do Serviço de Dermatologia do HOVET/FMVZ/USP.

Resenha: Cão, Bulldog Inglês, macho, 24 meses.No atendimento junto ao Serviço de Dermatologia

do HOVET/FMVZ/USP, realizado em fevereiro de 2010,do cão retro identificado, relatava-se quadrodermatopático evoluindo há seis meses, com pruridobastante discreto. O diagnóstico estabelecido,preteritamente, em clínicas privadas, embasado emhistopatologia de lesões biopsiadas era de “dermatitealérgica cutânea” (sic), levando os colegas a prescreve-rem antibióticos, antifúngicos, antiparasitários e, final-mente, corticosteróides sistêmicos, em dosagemantiinflamatória. Esta última medicação resultou em me-lhora, embora discreta. Pelos dados coligidos naanamnese, afora o tegumentar, não havia quadro sinto-mático relacionado aos outros sistemas orgânicos. Oanimal apresentava-se, segundo os proprietários, alerta,com apetite e sede preservados. Inexistiam relatos delesões tegumentares em contactantes humanos e ani-mais.

Ao exame físico geral, e dermatológico, em particu-lar, não se verificavam alterações dos parâmetros fisioló-gicos, bem como da hidratação, mostrando-se o animalalerta. A linfonodomegalia generalizada era bastante evi-dente à inspeção e à palpação. Os achados derma-topáticos caracterizavam-se por eritema de base, “em len-çol”, edema tegumentar, formações papulares encimadaspor crostas hemo-melicéricas; dorsalmente, afora as le-sões retro descritas, evidenciava-se hiperqueratose etendência à melanose. Não se observava lesões vésico-bolhosas preservadas, mas somente lesões caducas, em“colarinho epidérmico”, mascaradas pela deposiçãocrostosa (Fotos 1 e 2). O forte odor exalado, segundo odono, lembrava o “cheiro de ninho de ratos” (sic).

Em função do relatado, pergunta-se:

1. Quais os diagnósticos de suspeição que se poderiaaventar?2. Quais os exames complementares indicados?

Foto 1.

Foto 2.

60 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Qual o seu diagnóstico? / Respostas

Caso clínico: Cão Bulldog Inglês com diagnóstico etiológico de “pênfigo foliáceo”

1. Quais os diagnósticos de suspeição que se pode-ria aventar?

Aventou-se como diagnósticos prováveis:piodermite generalizada, secundária à demodicidose;pênfigo superficial.

2. Quais os exames complementares indicados?A equipe do Serviço uspiano solicitou o exame

parasitológico de raspado, citobacterioscópico e bacte-riológico de pele, bem como histopatológico de lesõesbiopsiadas. Como resultado obtido verificou-se:negatividade do parasitológico de raspado; presença deraros cocos Gram positivos, neutrófilos íntegros e dege-nerados, no citobacterioscópico tegumentar; no bacteri-ológico de pele houve crescimento de Staphylococcusepidermidis, sensível à totalidade dos antibióticos tes-tados; e, finalmente, no histopatológico (HE, PAS), detodos os fragmentos, detectou-se a presença de pústulasinfundibulares e subcórneas, assépticas, com conteúdoneutrofílico, eosinofílico, tendo de permeio várias célu-las acantolíticas (“células de Tzanck”).

Estabelecido o diagnóstico etiológico de “pênfigofoliáceo”, interpôs-se terapia imunossupressora comprednisolona associada à azatioprina, em dosagem de2,0 mg/kg de peso, a cada 24 horas, associando-se tera-pia tópica com xampus a base de clorexidine a 3,0%. Cer-ca de três meses após verificou-se flagrante melhora, comremissão da maioria das lesões, ganho de peso de 30%associado a sintomas típicos de glicocorticoideterapia(Foto 3).

Foto 3.

Foto 2.

Foto 1.

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HV Informa

Vencedores do 12º Prêmio PesquisaClínica Intervet/Schering-Plough Animal Health

No dia 8 de dezembro de 2010, em cerimônia realizada naCidade de São Roque, SP, no Hotel Villa Rossa, foram homena-geados os cinco vencedores da décima segunda edição do Prê-mio Pesquisa Clínica Intervet/Schering-Plough Animal Health,um dos mais importantes em sua categoria realizados no Brasil.

A noite foi aberta com um coquetel. Logo após foi feita aentrega dos prêmios, onde o Diretor Científico de A Hora Vete-rinária, Percy Infante Hatsbach fez um pronunciamento rela-tando aos colegas que em 2011 serão comemorados os 250anos da fundação da Escola de Lyon, na França, data que seráfestejada mundialmente por assinalar os dois séculos e meio deexistência da Medicina Veterinária como profissão reconhecidae organizada. Lembrou também que, em 1999, estava no Con-gresso Mundial de Medicinaria em Lyon, onde encontrou osvencedores do Primeiro Prêmio Pesquisa Clínica, e hoje, dozeanos depois, estava ali comemorando o sucesso de tão impor-tante iniciativa.

Logo após, o Presidente da Sociedade Brasileira deMedicina Veterinária, Josélio Andrade Moura, destacou osaspectos mais importantes do Prêmio para os profissionais eestudantes de todo o Brasil e destacou também que, em 2011,serão intensas as comemoração dos 250 anos da medicinaveterinária em nível mundial.

A cerimônia de premiação foi coordenada pelo Diretorde Assuntos Regulatórios, Pesquisa e Desenvolvimento, Leo-nardo Costa, e os prêmios foram entregues pelo Diretor deMarketing Gubio Almeida e pelos Gerentes de Produtos RuiVincenzi e Sebastião Faria.

O evento foi finalizado com o pronunciamento do Dire-tor-Presidente da Intervet Schering-Plough, Vilson AntonioSimon, que parabenizou os vencedores do 12º Prêmio Pesqui-sa Clínica Intervet/Schering-Plough, sua equipe de trabalho,Leonardo Costa, Sandra Moreira, Maira Helena Tomaz, Débo-ra Poplawsky que, juntamente com a equipe de A Hora Veteri-nária, organizaram a parte burocrática do prêmio. Citou tam-bém a importância do “expresso 2011” com a fusão da empre-sa, conforme entrevista que fizemos na edição anterior. Desta-cou que Merial/Intervet é o nome definitivo e que Raul Kohanserá o seu Presidente. Salientou que o Prêmio Pesquisa Clíni-ca Intervet/Schering-Plough é um patrimônio desta empresa eda medicina veterinária, e aproveitou a presença de toda suaequipe de gerentes para afirmar que, em 2011, o 13º PrêmioPesquisa Clínica terá toda atenção da sua equipe.

A Hora Veterinária, cujos membros do Comitê Científi-co Internacional são responsáveis pelo julgamento dos traba-lhos inscritos, entrevistou os premiados e colheu algumasopiniões sobre a importância da conquista alcançada. O jor-nalista Daniel Miranda foi o responsável por essa reportagem.

Betânia Glória Campos - Emprego da somatotropinabovina de 500 mg (bST) em vacas mestiças Bos taurus x Bosindicus a intervalos de 12 ou 14 dias (TRABALHO PUBLI-CADO NA PRESENTE EDIÇÃO) - Graduada em MedicinaVeterinária pela Escola de Veterinária da UFMG, trainee/International Dairy Farm Program pela Universidade da Flórida(USA), especialização em Pecuária Leiteira pelo ReHagro/Newton Paiva, Consultoria técnica/Projeto Educampo Sebrae/MG, mestrado em Zootecnia área Produção Animal pela Esco-la de Veterinária da UFMG. Atualmente é doutoranda emZootecnia área Produção Animal pela escola de Veterinária daUFMG.

Sua opinião: Destaco a importância do PPC como umaferramenta de aproximação entre a iniciativa privada e cen-tros de pesquisa. É muito importante para o desenvolvimen-to do setor agropecuário que a nossa pesquisa sejadirecionada, focada em atender a demanda do campo. Equando digo campo, me refiro à demanda do profissional edo produtor rural. Atualmente, no Brasil, há um grande es-paço entre a produção científica e o campo.

O trabalho apresentado é parte da minha tese de Dou-torado, pela Escola de Veterinária da UFMG, sob orienta-ção da Professora Sandra Gesteira Coelho. Os estudos fo-ram desenvolvidos em fazendas comerciais, em razão da pos-sibilidade de utilização de maior número de animais e porrepresentar condições reais onde o produto está inserido.

O apoio da revista A Hora Veterinária, traduz a preo-cupação deste órgão de comunicação técnico-científica emapoiar o desenvolvimento da pesquisa aplicada, além depossibilitar a divulgação do conhecimento científico a to-

Wilson Roberto Fernandes, Betânia Glória Campos, PauloEduardo Brandão, Leonardo Costa, Vilson Simon, JulioCesar Ferraz Jacob, Marcela Gonçalves Meirelles

62 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

dos os técnicos, não restringindo o conhecimento apenas àcomunidade científica e, desta forma contribuindo para oestabelecimento da ligação entre a produção científica e ocampo.

Julio Cesar Ferraz Jacob - Uso clínico de hCG em umprograma de transferência de embriões equino: Mitos e Ver-dades - Graduado pela Universidade Federal Rural do Rio deJaneiro (UFRRJ), Mestrado em reprodução de equinos pelaUFRRJ, Doutorado pela Universidade Federal de Viçosa eUniversity of Wisconsin – Medson – WI – EUA. Atualmenteprofessor do Departamento de Reprodução e Avaliação Ani-mal da UFRRJ. Orientador dos cursos de Pós Graduação deMedicina Veterinária e Zootecnia da UFRRJ.

Sua opinião: Participando pela primeira vez, conside-ro o prêmio muito importante. Na Universidade fazemosmuitas pesquisas voltadas para pesquisa de campo, com tra-balhos práticos, e a Intervet/Schering-Plough dá esta gran-de oportunidade aos profissionais. Estou muito contente porter ganho este prêmio junto com meus colegas.

Fizemos nosso trabalho baseado no Chorulon® indu-zindo ovulação em éguas, pois existem muitos mitos em re-lação ao assunto, se funciona, se não funciona.Ttrabalhamos em transferência de embriões e tivemos bonsresultados. Em relação ao prêmio, estou estudando paraqual congresso irei, pois em 2011 teremos muitos eventosde grande valor para a profissão.

Paulo Eduardo Brandão - Trabalho: Sobre as basesmoleculares da maior proteção conferida pela vacinaNobilis® MA5 IB contra a bronquite infecciosa quando com-parado com H120. Graduado em Medicina Veterinária pelaUniversidade de São Paulo, mestrado e doutorado emEpidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses pela Uni-versidade de São Paulo e pós-doutorado pelos Centers forDisease Control and Prevention, EUA. Atualmente é Profes-sor Doutor da Universidade de São Paulo, atuando em Doen-ças Infecciosas de Animais, principalmente em doenças cau-sadas por coronavírus e raiva, sendo pesquisador associadoao Coronavirus Research Group.

Sua opinião: A ideia do projeto partiu de uma observa-ção de campo, de uma vacina que a Intervet/Schering-Ploughtem para bronquite infecciosa das galinhas, pois esta cepa émuito próxima de uma outra cepa de campo e outras vaci-nas, mas mesmo sendo próxima, ela consegue proteger muitomais. Fomos buscar a resposta porque esta vacina protegiamais e esta foi nossa inspiração para o trabalho.

Esta iniciativa da Intervet/Schering-Plough e da Re-vista A Hora Veterinária é muito nobre, pois a pesquisa cien-tífica é muito dependente de apoio financeiro e moral, comoesse do PPC.

Com o prêmio do ano passado, fui para um congresso naBélgica, e vale ressaltar que este é um grande incentivo aoscolegas veterinários, poder participar de um congresso emqualquer lugar do mundo. Para este prêmio, não decidi aindapara aonde ir, pois temos muitos congressos interessantes em2011, quem sabe o congresso Mundial de Veterinária.

Do ano passado para cá, muitos colegas da univer-

sidade se empolgaram com a minha participação e resol-veram mandar trabalhos. Os colegas de todo o Brasil de-vem aproveitar esta oportunidade para desenvolveremseus projetos e participarem de um prêmio tão importantepara a medicina veterinária.

Wilson Roberto Fernandes - Efeitos da suplementaçãonutricional com gama-orizanol (Gama Horse) em cavalosque praticam provas de 3 tambores - Professor Associado doDepartamento de Clínica Médica da FMVZ-USP, responsávelpela Disciplina de Clínica de Equinos e responsável pelo Setorde Clínica Médica de Equinos do HOVET-FMVZ-USP.

Sua opinião: É sempre um incentivo a mais, poder tra-balhar e receber um prêmio tão importante como este, pois opesquisador encontra muitas dificuldades para fazer e di-vulgar o seu trabalho, e com o PPC seu trabalho é divulga-do em forma de uma separata dos trabalhos vencedores e narevista A Hora Veterinária, é uma chance de mostrar aoscolegas o fruto de tanto esforço.. No Brasil está cada vezmais difícil a política de valorização de algumas revistas.Principalmente, as internacionais estão querendo acabarcom as revistas nacionais. Os órgãos que deveriam valorizaras publicações nacionais não o estão fazendo, e isto acabadificultando o trabalho do pesquisador brasileiro. A inicia-tiva da Intervet/Schering-Plough é muito importante paranós profissionais.

Marcela Gonçalves Meirelles - Desempenho atlético emetabolismo lático em cavalos crioulos atletassuplementados com Gama Horse - Acadêmica do último anode Medicina Veterinária da Faculdade Federal de Pelotas -UFPel. Integrante do ClinEq, grupo que trabalha com clínica epesquisa de equinos, orientado pelo professor Carlos Eduar-do Nogueira, e mais dois professores colaboradores, BrunaCurcio e Charles Martins, também composto por pósgraduandos e alunos da graduação. Desenvolve trabalhos naárea de clínica, reprodução e neonatologia.

Sua opinião: Para mim, a participação no 12º PPCfoi muito importante. Primeiramente porque valoriza estetrabalho desenvolvido durante a graduação, feito juntocom o professor Nogueira e o Grupo ClinEq. É como sefosse uma coroação pelo esforço que a equipe tem feito,somando-se com outros trabalhos para o desenvolvimen-to profissional. Este Prêmio está sendo uma oportunidademaravilhosa para mim e meus colegas. O professor No-gueira está sempre incentivando o grupo de alunos dagraduação e da pós-graduação a participar dos traba-lhos e atividades extra-curriculares, que são muito im-portantes para nossa formação. Este Prêmio é fruto demuita dedicação. Estou muito feliz em recebê-lo, pois foicom muito esforço e dedicação que conseguimos chegar aeste resultado: pelo sétimo ano, a equipe do ProfessorNogueira está entre os vencedores.

A Intervet/Schering-Plough e a Revista A Hora Veteri-nária estão de parabéns por conseguir manter por tantotempo esta iniciativa e espero que mantenham este Prêmiopor muitos anos ainda, pois é de fundamental importânciapara a veterinária brasileira.

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Entrevista

Laboratório Leivas Leite: um séculoa serviço da saúde e produção animal

Naquele ano de 1911, o Brasil era governado peloMarechal Hermes da Fonseca, que vencera Rui Barbosa naseleições presidenciais do ano anterior. O Rio de Janeiroainda se recuperava do susto da “Revolta da Chibata”, e omarinheiro João Cândido, que se recusara a destruir a cida-de com os poderosos canhões do encouraçado “Minas Ge-rais”, fora traído e encarcerado na Ilha das Cobras.

O Rio Grande do Sul era governado por Carlos Bar-bosa, um preposto de Borges de Medeiros, que realmentetomava todas as decisões. Pelotas rivalizava com Porto Ale-gre em qualidade de vida, superando a capital em váriosaspectos, inclusive o cultural. Havia uma efervescência en-tre os jovens que voltavam às margens do São Gonçalo, de-pois de buscarem seus diplomas universitários em São Pau-lo, Rio de Janeiro, Salvador. Entre esses varões cheios deplanos para o desenvolvimento industrial da região, estavao farmacêutico Antônio Leivas Leite, o fundador do famosolaboratório que herdou seu nome.

Hoje, um século depois desse feito histórico, realiza-do no ano seguinte ao da fundação das duas primeiras Esco-las de Veterinária no Brasil, foi na casa centenária ondemora, em Pelotas, que Pedro Antônio Leivas Leite, neto dopioneiro, recebeu a reportagem de A Hora Veterinária paraesta entrevista. Pessoa de educação refinada, um verdadei-ro gourmet, durante um delicioso almoço, Pedro Antonio,acompanhado da sua esposa Neiva, nos contou um poucoda trajetória de 100 anos do Laboratório Leivas Leite, doqual é o Diretor-Presidente.

Pedro Antonio Garcia Leivas Leite é Farmacêutico-Químico diplomado pela Faculdade de Farmácia da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-graduado emTecnologia Industrial Farmacêutica pela Faculdade deOdontologia e Farmácia de Belo Horizonte e em Adminis-tração de Empresas pela Universidade de Harvard, EstadosUnidos. Professor-Fundador da Faculdade de Medicina daUniversidade Católica de Pelotas, onde foi titular da cadei-ra de Bioquímica, é Vice-presidente do Sistema FIERGS-CIERGS, Conselheiro da Associação Comercial de Pelotas,entidade que já presidiu, Conselheiro do Centro das Indús-trias de Pelotas, entidade que também já presidiu, Represen-tante do Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Ani-mais junto à FIERGS, tendo já exercido cargo de vice-presi-dência no referida sindicato e Conselheiro do SENAI.

Filho de Octávio Leivas Leite e sobrinho de ArthurSousa Leite, que sucederam Antonio Leivas Leite na dire-ção da empresa, Pedro Antônio é irmão do farmacêuticoPaulo Garcia Leite, seu sócio e braço direito no laborató-rio, e pai do Médico Veterinário Fabio Pereira Leivas Leitee da empresária Rita Pereira Leivas Leite. Homem forte erijo, às vésperas de completar 80 anos, o empresário é umamante de esportes individuais. Explica que assim não de-pende de outras pessoas para praticar a modalidade quemais gosta, o esqui aquático. Pioneiro, trouxe este esportepara Pelotas e mais tarde para o Clube Jangadeiros, emPorto Alegre.

No escritório que foi de seu pai, na mesma mesa detrabalho, talhada em madeira de Lei, conversamos sobre oempreendedorismo da família Leivas Leite, sua linha de con-duta, perseverança, o idealismo e visão dos antepassados,as realizações do presente e os planos futuros.

Há 30 anos, A Hora Veterinária orgulhou-se em rece-ber, das mãos dos diretores Pedro Antonio Leivas Leite ePaulo Garcia Leite, o primeiro anúncio para circular emnossa edição de número 1, em sua quarta capa.

A Hora Veterinária - Como teve início a fabricação de pro-dutos veterinários no Laboratório Leivas Leite?

Pedro Antônio Leivas Leite – Em 1911, meu avô foi procu-rado por um grupo de importantes fazendeiros locais interes-sados em preservar seus rebanhos e livrarem-se da depen-dência dos produtos veterinários importados. Foi então queele transformou o laboratório, que era voltado apenas a pro-dutos humanos, para fabricação de produtos veterinários. Oespírito científico, uma de suas fortes características, fomen-tou o surgimento de novos produtos como o famoso

Carrapatyl. A inovação na área veterinária ganhou espaço nomercado através da veia desbravadora de seu fundador, ca-racterizando a primeira fase do laboratório que durou até adécada de 40.

HV – O Ministério da Agricultura comemorou 150 anosem 2010. É certo que o Leivas Leite tem seu registro número1 como laboratório veterinário?

Pedro Antônio – Sim, o Leivas Leite foi o primeiro Labora-tório Veterinário a ser registrado no Ministério da Agricultura.

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A partir de 1920, começou a produzir em grande escala, sendopioneiro na fabricação de carrapaticidas e sarnicidas, até en-tão, importados. Em 1943 iniciou a fabricação de vacina contraa Febre Aftosa, sendo o primeiro laboratório na América doSul a produzir a vacina tríplice. Também foi pioneiro no regis-tro da vacina contra Peste Suína Clássica, utilizando cepa chi-nesa.

HV – E sua participação, quando começou?Pedro Antônio - Eu acompanhava meu avô desde pequeno,

auxiliando-o em pequenas tarefas. Meu pai e meu tio assumirama direção técnica e comercial do Laboratório em 1940. Meu ir-mão Paulo e eu nos diplomamos na Faculdade de Farmácia, naUFGRS, em Porto Alegre, no ano de 1956 e, depois de concluir-mos a extensão universitária, voltamos a Pelotas, dando inícioao trabalho da terceira geração da família no Laboratório.

HV – E depois que a terceira geração assumiu, em meadosda década de 1970, o que mais destaca?

Pedro Antônio – Tivemos que assimilar, naquela época, anecessidade de suspender a fabricação da vacina anti-aftosa,nosso carro-chefe, uma vez que a vacina lapinizada tinha sidosuperada pelo cultivo celular. Foi quando tratamos de buscartecnologia nessa área, fazendo uma importante parceria com oCanadá, na fabricação da vacina ERA contra a raiva, a primeiraem cultivo celular, no Brasil. Fizemos também parcerias comlaboratórios argentinos, lançando doze produtosquimioterápicos em pouco mais de um ano e abrindo filiais emoutros estados onde a pecuária avançava rapidamente, comoem Goiás. Em 1980, lançamos no mercado a primeira vacinaproduzida no país contra Parvovirose Canina. Em 1986, pro-duzimos a primeira vacina com Antígeno de Fímbria contra aCeratoconjuntivite Bovina e ampliamos nossa tecnologia nosprocessos de fermentação bacteriológica.

HV – E atualmente, como está o laboratório?Pedro Antônio – Atualmente, o Leivas Leite é um laborató-

rio que trabalha com alta tecnologia na produção de vacinas,tanto víricas, como bacterianas, e graças também a uma atua-lizada linha de terapêuticos, situa-se entre as principais indús-trias do setor veterinário nacional.

HV - O Leivas Leite, conhecido pela linha de produtos degrandes animais e até por produzir medicamentos para hu-manos, como foi entrar no mercado Pet?

Pedro Antonio - O Leivas Leite historicamente têm umatradição de grandes animais, ficou muito conhecido pela sualinha de vacinas. Há alguns anos, entramos no mercado depequenos animais. Foi um novo desafio, pois é um mercadobem diferente de trabalhar, com o gado se faz conta de custode aplicação do produto, pois ele precisa dar lucro. O mercadopet tem o lado emocional muito forte, as pessoas cuidam dosseus bichinhos de estimação com todo o carinho e atenção,como se fossem um componente da família. Pensando nisso,adquirimos a linha Pet de uma empresa da Argentina e fabrica-mos uma linha completa de produtos que vai desde xampusanti-pulgas, colônias, sabonetes, talcos, uma linha estética,até vermífugos entre outros.

HV - Como foi para o Leivas Leite o ano de 2010?Pedro Antonio - A partir de 2010, o Laboratório Leivas

Leite entrou em outro patamar no mercado. Tivemos um au-mento substancial nas vendas de 2009 para 2010, quase 50%.Isso devido a uma nova política comercial, novas estratégi-as. Contratamos um novo Gerente Nacional de Vendas, Fá-bio Gehring, que tem mais de 20 anos de experiência nesteramo. Trabalhamos novos sistemas de remuneração, comis-sões e faturamento. Com a reestruturação de equipe de vendas,fizemos a contratação de novos representantes, estamos comnovos clientes.

HV - O laboratório está no extremo Sul do País, comofazem para atender a demanda em um país tão grande como oBrasil?

Pedro Antônio - Temos representantes em quase todos osestados do Brasil. Vendemos produtos para a Colômbia.Estamos na ponta do mapa. Nosso produto é distribuído hojede Pelotas para o cliente, temos uma certa lentidão nesta en-trega. Estamos trabalhando para mudar esta logística para 2011.Temos um bom relacionamento da equipe de vendas e nossosclientes, este é um fator muito importante nas vendas do labo-ratório, porque apesar do maior tempo de entrega, os clientesficam satisfeitos com nossos produtos e serviços. Em 2011,queremos montar uma operadora logística em São Paulo, paraagilizar a distribuição de nossos produtos em todo territórionacional. Isso é muito importante para a nova fase do labora-tório.

HV - O que o Laboratório Leivas Leite está preparandopara 2011, ano de seu centenário?

Pedro Antônio - Nosso planejamento é de continuar cres-cendo nos próximos anos, estamos acima dos níveis de cres-cimento do mercado veterinário. Com o centenário da empre-sa, estamos elencando novos produtos, vamos modernizarnosso portifólio. Estamos preparando cinco novos produ-tos na área de bovinos. É um trabalho de grande importância,um processo que leva tempo, de pesquisa e desenvolvimen-to desses produtos para cumprir todas as exigências do Mi-nistério da Agricultura. Mas são de extrema importância paraa empresa, que vem conquistando novos mercados, sendouma das que mais cresceu, em 2010. A partir de 2011, voltare-mos também a produzir uma gama de vacinas para grandesanimais.

HV – Uma última pergunta, talvez a mais importante. Comoo laboratório explica seu sucesso e manutenção na mesmafamília durante cem anos?

Pedro Antônio – Em verdade, nos últimos cem anos, pou-cas famílias brasileiras, como a nossa, produziram quatro ge-rações de profissionais de nível superior, inclusive pós-gra-duados, a testa de seus negócios. Além disso, mantivemossempre o foco na fabricação de produtos veterinários, semaceitar perigosos desvios. Podemos ser competentes, masnossa competência só é válida se for transferida para os pro-dutos que fabricamos. E os produtos devem ser de alta quali-dade, sem os quais não se fica no mercado por cem anos.

66 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Informe SIMVET-RS

Finalizado o ano de 2010, é tempo de fazerum balanço do que foi realizado e projetarações para o ano novo de 2011 que se inicia

Para o SIMVET RS, o ano de 2010 foi de muito trabalhoe dedicação. Realizamos ao longo de todo o ano o programaNOVOS DESAFIOS E NOVAS DEMANDAS PARA O MÉDI-CO VETERINÁRIO. Buscando sempre a atualização dos cole-gas, foram realizados quatro cursos de curta duração que con-taram com a presença de profissionais e futuros médicos vete-rinários, além de atividades de educação continuada realiza-das na Casa do Veterinário durante a EXPOINTER. Participa-mos de uma série de eventos representativos para a classemédica veterinária e divulgamos o nome do SIMVET-RS namídia, fortalecendo a imagem do Sindicato.

Uma série de convênios e parcerias foram firmadas paraos filiados, com destaque especial para os convênios com osprofissionais da área de saúde e a UNICRED-POA, este últimooferecendo uma extensa gama de produtos e serviços, quevão desde linhas de créditos aos profissionais associados atéplanos de saúde como UNIMED. Em relação a nossa campa-nha de sensibilização dos colegas para a necessidade de en-quadrarem-se na legislação vigente, evitando assim futurasdemandas judiciais, tivemos a filiação de inúmeros veterinári-os, o que aumentou em 97% o quadro de associados se com-parado com o ano anterior.

Projetando 2011, o SIMVET RS continuará na sua pro-posta de levar aos colegas médicos veterinários a atualizaçãotão necessária para o profissional buscar seu diferencial nomercado de trabalho. O programa NOVOS DESAFIOS E NO-VAS DEMANDAS PARA O MÉDICO VETERINÁRIO terá suasegunda edição, com cursos de curta duração a seremofertados ao longo do ano. Foi firmada uma parceria entre oSIMVET-RS e o Instituto Brasileiro de Veterinária (IBVET) paraa realização de quatro cursos de Especialização em Porto Ale-gre. Os cursos têm duração de 18 meses. As aulas serão emfinais de semana, uma vez ao mês. Os cursos a serem ofertadossão Pecuária de Ruminantes, Anestesiologia de Animais deCompanhia, Reprodução Equina e o Curso de Diagnóstico eCirurgia de Equinos. Os associados do SIMVET RS terão va-lores especiais e diferenciados nas inscrições e durante todoo período de realização desses cursos de pós- graduação.Informações sobre o corpo docente e as disciplinas a seremofertadas em cada um dos cursos encontram-se a disposiçãono site www.ibvet.com.br .

Durante todo o ano de 2011, o SIMVET RS manterá seusesforços para que todos os médicos veterinários do Rio Gran-de do Sul estejam em acordo com a legislação brasileira. Comoas datas para o pagamento da contribuição sindical se aproxi-

ma, lembramos que essa contribuição está prevista nos arti-gos 578 a 591 da CLT. Possui natureza tributária, logo, é umimposto, e é recolhida compulsoriamente pelos empregadoresno mês de janeiro e pelos trabalhadores no mês de abril decada ano. O art. 8º, IV, in fine, da Constituição da Repúblicaprescreve o recolhimento anual por todos aqueles que partici-pem de uma determinada categoria econômica ou profissio-nal, ou de uma profissão liberal, independentemente de seremou não associados a um sindicato. Tal contribuição deve serdistribuída, na forma da lei, aos sindicatos, federações, confe-derações e à “Conta Especial Emprego e Salário”, administra-da pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A diretoria do SIMVET-RS tem muito a comemorar, mastambém muito a agradecer. Agradecemos aos parceiros, cole-gas e futuros colegas que nos auxiliaram a chegar até aqui.Desejamos a todos um Feliz Natal e um Novo Ano repleto desaúde, paz, harmonia e prosperidade.

Curso de Atualização em Bovinos de Leite- Módulo 2

Dra. Lizzie Dietrich, palestrante sobre OdontologiaVeterinária, em demonstração prática durante a Expointer

67A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Informe da SOVERGSRua Andrade Neves, 159/123 - fone/fax: (51) 3228-1194, Porto Alegre, RS, BRASIL.

Reunião de Diretoria - Todas as quartas-feiras - março/dezembro

EQUALIS - Ensino e Qualificação Superior (convênio)Atualização, aperfeiçoamento e pós-graduação - EduardoAmatoERECHIM (2)

Jornadas Técnicas• Controle de vetores e roedores - Ricardo Soares Matias• Intoxicação por plantas tóxicas em animais de produção -Adriana Costa da Motta• VII Simpósio de Bovinocultura de Leite do Alto Uruguai (OMercado do Leite Brasileiro e Mundial) – Osler Desouzart

5º Encontro de Presidentes de Associações de MédicosVeterinários do interior do Estado - (acordo de colaboraçãomútua)

Relatório anual físico-financeiro Ministério da Justiça -Shaiana e Marilisa

Três reuniões sobre Jornada Técnica Avisulat 2010 - An-tônio e Marilisa

Reunião de Presidentes de Entidades para cronograma daExpointer 2010 - Marilisa

Reunião na AFAMA/RS – Inspeção Produtos de OrigemAnimal -Marilisa

Comissão das Mulheres Produtoras Rurais – FARSUL -Marilisa

Homenagem às Médicas Veterinárias Elinor Fortes e LiaFernandez - Marilisa e Vera Lúcia

Lançamento do Programa “Mundo em Sintonia” doCRMV/RS - Marilisa, Vera Lúcia e Antônio

Reunião para avaliação da retirada da vacina antiaftosaMarilisa e Antônio

Reunião sobre Cavalgada do Mar (3) - Marcos de AraújoLacourt, Alexandre Monteverde e Diretoria Sovergs

Reunião sobre o quadro Estadual Fiscal AgropecuárioFanfa Fagundes, Munari Ramos, Carlos Alberto, Marilisa eAntônio

Página de notícias na Revista A Hora VeterináriaPalestra aos calouros de Veterinária da UFRGS - MarilisaLançamento do Programa de Sanidade Animal – IPVDF

Deputado Jerônimo GoergenParticipação no 37º CONBRAVET - Marilisa e Vera Lúcia37º CONBRAVET - A evolução do gênero feminino na

veterinária / mulheres x profissão x evolução - Vera LúciaPosse da Comissão da Mulher Advogada – OAB - Vera

LúciaEXPOINTER 2010

Incorporação do Especialista Veterinário na Rotina daClinica de Animais de Companhia - Med. Vet. Berenice deÁvila Rodrigues

A mulher veterinária na produção rural. - Abertura: Maria Berenice Gervasio Cheuiche - (A HoraVeterinária) - Med. Vet.Vera Lúcia Machado da Silva - (Presidente daComissão da Mulher CRMV/RS) - Med. Vet. Fernanda Kuhl - Supervisora de bem-estar ani-mal, Unidade do Marfrig em Capão do Leão/RS. - Med. Vet. Rosalina Ribas Gonzales – Odontóloga e Veteri-nária de equinos/administradora rural - Itacorubi/RS. - Med. Vet. Gabriela Becker da Silveira - Coordenadora Téc-nica do Laboratório Organnact - Região Sul. - Med. Vet. Maria Luísa Gonzatti - Responsável pelo fomen-to da COSUEL - Montenegro/RS. - Med. Vet. Marlise Germer - Técnica de Registro da Caprisul- Porto Alegre/RS. - Med. Vet. Manolo Ortiz Estrázulas - Secretário da Sovergs

Noite de especialistas promoção Anclivepa - Vera Lúcia eMarilisa

Dia do Veterinário - Anúncio ZH - SOVERGS, ANCLIVEPA,SIMVET e ACADEMIA

Inauguração do Museu da Biodiversidade – FZB - MarilisaPerspectivas para a Erradicação da Febre Aftosa no extre-

mo sul da América - EXPOINTER 2010 - José FernandoDora, José Euclides Severo, Oni Lacerda, Marilisa Petry e Di-retoria Sovergs

Formatura de Medicina Veterinária da UFPEL - VETESUL- Roberto Ladeira

Formatura de Medicina Veterinária da UFRGS - ATMV/01 - 2010 Simone Passos Bianchi e Gabriel Monteiro Tavolli

56ª Feira do Livro - Porto Alegre - Sessão de autógrafosAlcy Cheuiche (O Ventríloquo) - Marilisa

Sessão de Autógrafos dos Livros dos médicos veterinári-os Onyx Lorenzoni e Silvio Menegassi

Registro do Logo e da Marca da SOVERGS no MP BRA-SIL - marcas e patentes

Palestra Gedeão na FARSUL em Esteio/RS - Luis FernandoDora e Marilisa

Jantar de confraternização ANGUS - AntônioJantar de confraternização Hereford/Braford - Vera Lúcia

METAS PARA O ANO DE 2011 – SOVERGSGaleria dos Ex-Presidentes - Homenagem aos 29 Pre-

sidentes - 32 gestões – 72 anos ininterruptos

38º CONBRAVET – Florianópolis – nov/2011

Curso da Equalis Defesa Sanitária Animal

Curso de Sinantrópicos

Sovergs faz balanço sobre suasatividades no ano de 2010

68 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 179, janeiro/fevereiro/2011

Informe CRMV-RS

Antibióticos de uso veterinário tambémdeveriam ter receita retida

Os antibióticos vendidos nas farmácias e drogarias dopaís só podem ser entregues ao consumidor mediante receitade controle especial em duas vias desde o final de novembro.A primeira via ficará retida no estabelecimento farmacêutico ea segunda deverá ser devolvida ao paciente com carimbo paracomprovar o atendimento. A medida foi tomada para reduzir orisco de surgimento de bactérias super-resistentes aos princí-pios ativos. No entanto, os médicos-veterinários defendemque a mesma precaução deveria ser tomada com os antibióti-cos de uso animal.

O CRMV-RS formou uma comissão para promover umamobilização em favor da exigência da retenção da receita tam-bém em casos médico-veterinários. O CFMV acompanhou adiscussão dessa resolução da Anvisa e alertou o órgão a res-peito dos riscos de manter a não exigência de retenção dareceita nos casos veterinários. A autarquia teme que possaocorrer uso desses medicamentos por humanos. “A comprade produtos veterinários por humanos para fins terapêuticosseria desastrosa. Os produtos apresentam diferenças devidoà farmacocinética que se devem às espécies para os quais elessão fabricados”, explica a especialista em farmacologia SilvanaLima Górniak, da Universidade de São Paulo e representantedo CFMV para o tema.

A mesma posição é defendida pelo professor de farma-cologia da Ulbra, João Sérgio Coussirat de Azevedo. “O pro-cesso deveria ocorrer da mesma forma como se faz na aborda-gem humana, com a retenção do receituário veterinário, pois

somente com o exame clínico do paciente pelo médico-veteri-nário é possível fazer a prescrição do medicamento”, reitera.Azevedo relata que no ambiente veterinário também há o apa-recimento de bactérias resistentes, com inúmeros relatos emhospitais e clínicas.

Além disso, o uso indiscriminado em animais de produ-ção gera riscos para o agronegócio. A falta de orientação podefazer com que não seja observado o período de carência paraa eliminação de resíduos, contaminando a carne ou o leite. Háalguns meses, a identificação de resíduo de medicamentos nacarne fez com que a qualidade do produto exportado peloBrasil fosse questionada por compradores.

CRMV-RS debate responsabilidade técnicana produção de aves, suínos e leite

Lideranças do agronegócio, produtores rurais, empre-sários, zootecnistas e médicos-veterinários estiveram reuni-dos de 17 a 19 de novembro no II Congresso Sul Brasileiro deAvicultura, Suinocultura e Laticínios - Avisulat 2010, em Ben-to Gonçalves, para discutir os rumos da agroindústria brasilei-ra. Painéis, seminários e palestras técnicas reuniram mais de1,5 mil congressistas nos auditórios paralelos para cada setor.

O CRMV-RS promoveu, como parte da programaçãoparalela do Avisulat, um painel sobre responsabilidade técni-ca, onde RTs das cadeias avícola, suinícola e láctea e estudan-tes de Medicina Veterinária se encontraram em um momentode discussão e atualização profissional. No encontro, foi des-tacada a importância do profissional estar atento à gestão, àvisão holística e à capacitação técnica, como mostrou o médi-co-veterinário Eurico Mussoi Junior ao apresentar o painel AResponsabilidade Técnica do Médico-Veterinário naSuinocultura. Já para o médico-veterinário Vitor Hugo MartinezPereira, ao falar sobre a bovinocultura de leite, o perfil do RTexige também muito comprometimento. “O RT precisa ser umparceiro da empresa, ter compromisso com os resultados eestar atento às normas e legislações”, completou.

Já com relação à responsabilidade técnica na avicultura,o médico-veterinário Mauro Gregory Ferreira, tesoureiro doCRMV-RS, alertou os profissionais de que é preciso estar aten-to às exigências dos mercados interno e externo e, ainda, mos-trou que existem muitas áreas para a atuação do RT no seg-mento. O Conselho também esteve presente no Avisulat 2010com um estande, onde prestou esclarecimentos aos produto-res e comunidade em geral sobre a importância do médico-veterinário e do zootecnista nas três cadeias produtivas.

CRMV-RS formou comissão para tratar do assunto

Estande ressaltou importância da Medicina Veterinária para a indústria