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Revista da aRquidiocese de vitóRia - es
vitóriavitóriaDeus é a fonteda bênção
Ano XII • Nº 138 • Fevereiro de 2017
O triunfO da “pós-verdade”ASPAS
IdeIAS Pág. 12
CAmInhoS dA BíBlIA Pág. 18
entrevIStA Pág. 29
arquivix
@arquivix
Li por estes dias, no perfil de Osnilda Lima, uma frase que tem tudo a ver com esta edição: “É muito forte entre os humanos a sedução pelo divino, mas Deus se fez car-
ne”. Talvez fosse um resquício do Tempo de Natal, mas não é apenas coincidência que a editoria Ideias venha com o título “O humano precisa de outro humano” e que, pe. Andherson Franklin na editoria Caminhos da Bíblia, nos apresente a força transformadora da bênção divina. Também podemos ver na entrevista e na reportagem como a bênção de Deus se multiplica através daqueles que são abençoados. Enfim, é uma edição que traz muitos elementos, histórias e reflexões capazes de dar cor e rosto às relações humano-divinas pos-síveis apenas com a bênção de Deus. Muitas bênçãos de Deus e dos humanos abençoados em 2017. Boa leitura! n
Com as bênçãos de deus
edItorIAl
fAle Com A gente
Envie suas opiniões e sugestões de pauta para [email protected]
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mitraaves
www.aves.org.br
maria da luz fernandeseditora
vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es
Ano XII – Edição 138 – Fevereiro/2017Publicação da Arquidiocese de Vitória
Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispo auxiliar: Dom Rubens Sevilha • Editora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Andressa Mian / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Pe. Andherson Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Diovani Favoreto, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi e Vitor Nunes Rosa • Revisão: de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 Ilustrador: Richelmy Lorencini • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica e Editora GSA - (27) 3232-1266
03
32
3940
4246
10
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1724
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editorialCom as bênçãos de Deus
Fazer BemCidade brasileira planta 2 árvores para cada habitante
economia políticaTransição prolongada
pensar
diálogosNum mundo de extremos, o Amor extremo vence
ecologiaReciclagem: um modo de cultivar e guardar a criação
33
12 21
ideias2017: o humanoprecisa de outro
humano
OpiniãOAno Nacional
Mariano
atuaLidadeProjeto
Voando Livres
CaminhOs da BíBLia
A força transformadora da bênção divina
05 18
viver BemVolta às aulas... e agora?
22
16 espiritualidade
20 sugestões
27 aspas
29 entrevista
38 mundo litúrgico
45 patrimônio histórico
cultural da igreja
comunicaçãoCidadania, democraciae informação
arquivo e memória
pergunte a quem saBeO que significa pecar em pensamentos, palavras, atos e omissões?
ensinamentosO desprendimento como opção
aconteceFórum para avaliar trabalhos pastorais
repOrtagemVida no Projeto
Social Vida
AtuAlIdAde
O Coletivo Voando Livres é uma associação de orga-nizações e pessoas, que
através de suas experiências com a natureza, contribuem com seus conhecimentos e ideias para a realização de processos de ensi-no e aprendizagem de assuntos relacionados à ecologia. Nossa dinâmica segue parâ-metros científicos, mas também resgata conhecimentos ances-trais e populares, colaborando para que todos desenvolvam uma consciência ecológica de maneira livre e divertida. Com essa abordagem, pro-movemos o conhecimento das aves e de suas formas de preser-
vação. Fazendo uso da Ornitolo-gia (ciência que estuda as aves), impulsionamos nas pessoas os processos de sensibilização e va-lorização da natureza. Então, dizemos que o mé-todo pedagógico proposto em nosso projeto, tem como coluna vertebral a sensibilização am-biental, através de oficinas que combinam a ciência com a arte. Assim, fundamentamos a base do conhecimento com experiências vivenciais, com criações indivi-duais ou coletivas, com a valora-ção do meio e com o intercâmbio de conhecimentos, que constroem a consciência ecológica, favore-cendo de maneira comunitária
a solução de problemáticas so-cioambientais. O Coletivo Voando Livres nasceu em um pequeno povoa-do no centro das montanhas da Colômbia, próximo a bacia do rio Combeima, cuja nascente fica no Vulcão Nevado do Tolima, uns dos lugares com maior biodiversidade de aves no mundo. Foi nesse local que começamos e que, juntamente com um grupo de crianças e jo-vens, saíamos caminhando entre as montanhas, observando e foto-grafando as aves, ao mesmo tempo em que brincávamos e falávamos sobre a ecologia das espécies que encontrávamos no caminho. Também realizávamos mui-
revista vitória I Fevereiro/20175
AtuAlIdAde
tas experiências baseadas em pesquisas cientificas tradicionais, cujos resultados iam sendo arqui-vados. No entanto, nosso método não representava impacto nos territórios, e por isso resolve-mos adotar o que chamamos de Ornitologia Social. Aliamos às nossas formas de pesquisas, as atividades de desenho dos pássaros migratórios, o que nos proporcionou um contato ainda maior com as comunidades, que nos acompanhavam nas excur-sões ao encontro dos pássaros. Após essa etapa, iniciamos nossa viagem pela América do Sul. A família Voando Livres, for-mada por Ivonne Buenaventura (mãe) Juan Camilo Perez (Pai), Kiwa Perez (filha) e Bunkua Pe-rez (filho) partiu do centro dos Andes, região das montanhas, em direção ao Caribe Colombiano, no norte do país, mais especi-ficamente no Parque Nacional Natural Tayrona, uns dos lugares mais lindos do mundo. Nesse parque, em dezem-bro do ano 2013, realizamos atividades com a comunidade local, usando fantoches que se tomaram nossos instrumentos para promover a educação am-biental, gerando uma nova etapa em nosso projeto. Nossa viagem continuou em direção a Venezuela, fazen-do paradas em Caracas, Ilha de
Margarita e cidade Guayana, onde conhecemos o trabalho comunitário desenvolvido com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, realizado pela senhora Amália de Jesus. Com eles nos reunimos no Parque la
Llovizna, um lugar lindíssimo com floresta e imponentes ca-choeiras, onde fizemos obser-vações de pássaros, brincamos e trocamos conhecimentos. Foi uma experiência muito linda para nós e para eles. Como estávamos perto da fronteira do Brasil, cruzamos o estado de Roraima, em direção a cidade de Boa Vista, onde conhe-cemos um trabalho comunitário que vem sendo desenvolvido durante vários anos pelo setor de antropologia da Universida-de Federal de Roraima (UFRR). Apresentamos nosso projeto e
com algumas adequações surgiu um novo projeto: “Representa-ções Ornito- simbólicas no Norte e Nordeste do Brasil”. Assim, iniciamos uma nova etapa, desta vez muito mais pla-nejada, com muitas oficinas rea-
Aliamos às nossas
formas de pesquisas,
as atividades de
desenho dos pássaros
migratórios, o que
nos proporcionou
um contato ainda
maior com as
comunidades, que nos
acompanhavam nas
excursões ao encontro
dos pássaros.
revista vitória I Fevereiro/20176
lizadas com as comunidades das imediações, especialmente no interior do estado. As experiên-cias desses locais fizeram com que o projeto se estruturasse mais e ganhasse solidez, nos proporcionando o presente de conhecer alguns grupos indíge-nas da região, que nos enrique-ceram com conhecimentos sobre os pássaros daquele local. Com essa dinâmica avançamos pelo estado de Amazonas e Pará. No Pará, as atividades se alongaram por um ano e nos proporcionou experiências vi-venciais em agroecologia, bio-
construção e permacultura. De-pois deste período, continuamos nossa viagem e seguimos para o Nordeste do Brasil, percor-rendo o litoral dos estados de Maranhão, Piauí, e Ceará. Vale ressaltar a experiência na Eco
Aldeia Flecha da Mata, em Canoa Quebrada, um espaço que mos-tra através da vivência, como as comunidades contemporâneas podem viver de uma forma sus-tentável, sem agredir o planeta. Com eles continuamos nosso ensino e aprendizado em agroe-cologia, bioconstrução, música, gastronomia saudável, energias alternativas e permacultura. Nes-te maravilhoso lugar da Caatinga, o Coletivo Voando livres fez “A Guia Preliminar das Aves da Eco Aldeia Flecha da Mata”. Depois de um mês, continuamos pelos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espirito Santo. No Espírito Santo conhece-mos parte da bacia do Rio Jucu, valorizando sua biodiversidade e
presenciando as problemáticas, especialmente as causadas pelo desmatamento e pela poluição das águas por esgotos e resíduos indústrias, assim como a diminui-ção das águas pela captura para o consumo. Escrevemos uma pro-posta para dar inicio a um pro-cesso de sensibilização, a partir do estudo e valoração das aves da bacia. Essa proposta foi apre-sentada a todas as prefeituras dos municípios que fazem parte da bacia do rio Jucu, mas apenas a Secretaria de Meio Ambiente de Marechal Floriano manifestou interesse em desenvolver nossa proposta. Infelizmente o projeto não foi executado por falta de recursos da prefeitura. Ainda no Espírito Santo, o veículo que nos transporta apre-
revista vitória I Fevereiro/20177
AtuAlIdAde
ivonne BuenaventuraIntegrante do Coletivo voando livres
Contato: [email protected]
Facebook: Proyect Volando Libres
sentou problemas mecânicos e decidimos ficar alguns meses na cidade de Vila Velha. Lá, nos cha-mou atenção o morro do Convento da Penha e o Morro do Moreno, que dão uma mostra do que foi a Mata Atlântica no estado. Um dia, caminhando pela Gruta do Frei, percebemos a grande variedade de pássaros, alguns novos para nós. Assim apresentamos uma proposta que foi recebida com muito entusiasmo e dela nasceu a exposição “Pássaros do céu... bendizei o Senhor” que aconteceu no Convento da Penha. Também foi desenvolvido a “Guia das Aves do Morro do Convento da Penha”, que já se encontra em digital e será lançada em breve. Nesta pesquisa apresenta-mos fotografias de 72 espécies de aves registradas durante um mês de monitoramento. Entre elas, encontramos o Gavião Pombo Pequeno, Amadonastur lacernu-latus também conhecido como Leucopternis lacernulatus, que é endêmico do Brasil, catalogado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como vulnerável a um processo de extinção e considerado uma espécie rara com pouquíssimos registros, todos eles ocorridos na Mata Atlântica, desde Rio Grande do Norte até Santa Catarina. Também podemos ressaltar as espécies migratórias austrais
realizada neste santuário, cons-truímos novos conhecimentos assim como grandes amigos que vão se juntando ao Coletivo Voan-do Livres. Agora a família toda apronta viagem subindo pelas montanhas de Mina Gerais, sem-pre levando no coração a força do Espirito Santo e de sua gente. Sobre nossa rotina diária, nosso casal de filhos desenvolveu os estudos normalmente em uma escola do município de Vila Velha, enquanto estivemos no estado do Espírito Santo. Eles concluíram o ano letivo, a menina o segundo ano e o menino o primeiro ano. A rotina de estudo deles segue em cada lugar que permanecemos por mais tempo. Para nós é uma honra tra-balhar com a natureza, mas nós notamos que as empresas e a sociedade de consumo deixam de lado as fontes de água e cola-boram para a poluição dos ríos. É triste ver a realidade do Brasil, da Colômbia e de todos os países que já percorremos, mas vimos que além de nós, existem muitas pessoas fazendo coisas boas pela natureza. Nós nos uni-mos a elas. n
como são o Irré ou Myiarchus swainsoni e a Tesourinha ou Tyrannus savana, assim como o Falcão Peregrino ou Falco pere-grinus, migratório boreal e a Juru-viara ou Vireo chivi, que também é um pássaro migratório. De esta última experiência
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fAzer Bem
U m a p ub l i c a ç ã o a m e r i c a n a elegeu os métodos mais eficazes para purificação de água e o filtro de barro aparece entre os melhores meios de filtragem do mundo, ao lado da fervura da água. O tradicional filtro barro brasileiro, com câmara de filtragem de cerâmica é bastante eficiente na retenção de cloro. De acordo com a pesquisa, o sistema lento de filtragem, gota a gota, é um ponto muito positivo, já que os sistemas mais eficientes são os baseados em filtragens por gravidade. Isso faz com que micro-organismos sejam literalmente sufocados pela pressão e não alcancem a água a ser tomada.
Cidade brasileira planta 2 árvores para cada habitante
Filtro brasileiro de barro é eleito o melhor do mundo
Uma startup russa está criando um ar condicionado portátil que funciona
a base de água. O Evapolar, nome dado ao produto, custa US$ 250, mas pode ser adquirido por US$ 179 até o final
da campanha de financiamento. A manutenção é simples e feita apenas cerca
de uma vez por ano (a cada oito meses) e, para isso é preciso substituir o cartucho
de evaporação. A duração do componente varia de acordo com o uso do aparelho e a
qualidade da água inserida.
Ar condicionado portátil a base de água
A cidade Campina Grande, na Paraíba, tem uma população de 400 mil habitantes e cerca de 100 mil árvores dentro da cidade, o que
totaliza aproximadamente uma árvore para cada quatro pessoas. Para elevar essa proporção, estão sendo feitas diversas ações para
distribuir e plantar novas mudas e também orientar a população sobre a importância que as árvores têm na melhora da qualidade de vida de
todos. Alguns dos projetos são “Adote uma Árvore“, “Minha Árvore” e “Habite-se Ecológico”. Todas as iniciativas são geridas por secretarias
municipais.
revista vitória I Fevereiro/201710
O Samuvet, nome dado ao carro que recolhe os animais acidentados, surgiu pela necessidade de padronização dos atendimentos da Polícia Militar em situações de animais que sofrem
ou provocam acidentes. O diretor do Bem-Estar Animal (Dibea), Eduardo Cavallazzi, pagou a reforma de um carro da prefeitura resgatado de um ferro-velho com todos os equipamentos
necessários para o socorro. O projeto custou aos cofres públicos R$ 853,00 e todos os demais gastos foram conseguidos por doação.
Florianópolis cria ‘Samu’ para socorrer
animais acidentados
Engenheiro cria sistema natural para tratar esgoto
O engenheiro Jonas Rodrigo dos Santos criou um sistema natural para tratar esgoto que tem a capacidade de retirar quase todas as impurezas da água e assim evitar a contaminação de mananciais e a proliferação de doenças. São cinco as fases principais da limpeza dentro do sistema natural para tratar esgoto, começando pela fossa séptica e tanque de zona de raízes, este último dividido em quatro fases de filtragem: filtro de pedras grossas, de pedra brita, de pedrisco e filtro de carvão ativado. Para deixar o tratamento de esgoto ainda mais completo, o sistema natural do engenheiro Jonas conta com taiobas e bananeiras para aumentar a purificação.
revista vitória I Fevereiro/201711
IdeIAS
2017: o humano precisa de outro
V ieram de longe, de tempos antigos, eles, os humanos que seguem estrelas e que são sem-
pre novos nos desejos, pois que os retomam todos os dias, a cada desvio e a cada pequeno acerto de rumo na longa estrada. Vieram de longe, de uma distância que me foge, mas que alcanço, ou posso alcançar por tentativas de fabulação, essas que agora escrevo nesse janeiro que me assusta com dezenas de presidiários mortos, muitos degolados ainda vivos, e outros vários cujos olhos e corações foram arrancados. Ai. As realidades nos escapam. Vão para além de nossas
capacidades de entendê-las e... supor-tá-las. Mas é preciso seguir, mesmo e apesar dessa temerosa noite que cai sobre todos. Ô Janeiro de Santos Reis! Eles vieram de longe, cada um de um canto, e apesar de seguirem por caminhos certos, peregrinaram por altos e baixos, ameaçados por precipícios e desertos, atrasados por inesperadas voltas e curvas, e por um rei mal-intencionado. Decerto se an-gustiaram com essa efusão de sangue que difamam nossas terras. Onde foi exatamente que nos encontramos, não sei, mas num ponto qualquer de nossas vias de onde miramos novos dias. Eles vieram... e, suponho, trazem outras inspirações e jeitos para se lidar com as realidades. Foi por bem que os encontrei. Meu Deus! Obrigado. Foi assim, de re-
humano
revista vitória I Fevereiro/201712
dauri Batisti
pente, nos deparamos em estranhezas mútuas, cara a cara, e nos reconhece-mos logo nas ânsias e esperanças: “o amanhã será melhor, é o que nos ga-rante essa estrela que segue adiante”. Apontavam para ela. “A noite é longa e desalumiada, mas um Sol Nascente nos virá visitar”. Apesar do imponde-rável cruzamento de nossas estradas, certo foi que me vi impulsionado a ir também para onde iam. Em contato com eles fui tomado de um sentimento que me surpreendeu com um ânimo novo, uma espécie de certeza, e uma renascente alegria de viver. E quando na alta madrugada de uma noite me disseram com urgências, “levanta-te, acenda tua luz, vamos!” percebi que se anunciava um desfecho pra nossa caminhada. Então fui pronto e ligeiro no cumprimento de seus apelos. A fogueira tinha se apagado, a escuridão ainda resistiria por um tempo, mas já uma luz ia me acendendo a alma e os olhos. Sim, nesse tempo ganhei opor-tunidades e oportunidades de obser-vá-los cuidadosamente, sem intro-metimentos desnecessários, todavia. Mais importava admirar. Seguiam cheios de dignidade e honradez. De-cididos não apressados, pois que isso é possível, dizia a mim mesmo pra
vencer meus estresses. Miravam o céu, consideravam o que o univer-so riscava aleatoriamente em luzes moventes. Liam. Não as estrelas. Se bem que liam ao olhar para elas. Mas liam o que na luz distinguiam no chão, nos acontecimentos, na vida, e no o que a vida haveria de mostrar. Eram atenciosos para com os sofridos que se colocavam na beira das estradas. Devotavam especial atenção aos pobres e às crianças. Às mulheres grávidas, mesmo que em discretos acenos, se portavam como se diante de honradas princesas. Diziam-me que por antecipação sabiam que aquele a quem buscavam lhes proporcionaria aperfeiçoamentos no que eles já se esforçavam por viver. Não me alongarei no que pude vivenciar com eles. Outros podem somar essas pequenas impressões às suas a respeito deles. E digo, en-cerrando estas fabulações de janei-ro, que a conSIDEração das estrelas (SIDER) era apenas uma etapa para se conSIDERar as pessoas. Ao seguir o sinal no espaço SIDEral demo-nos com o céu que se tinha feito chão. E encontramos um menino envolto em panos. n
revista vitória I Fevereiro/201713
eConomIA PolítICA
arlindo VillaschiProfessor de economia e Coordenador do grupo de Pesquisa em Inovação e desenvolvimento Capixaba da ufeS
Transição prolongada
A economia política brasi-leira continua em tran-sição. As eleições presi-
denciais de 2014 tiveram mais do que dois turnos; superadas as contestações regulamentares, os perdedores colocaram em prática o ‘sangramento’ do go-verno eleito conforme proposto pelo Sen. Aloisio Nunes. Essa estratégia foi executada através de artimanhas do Presidente da Câmara Eduardo Cunha que bloqueou no legislativo toda e qualquer iniciativa do governo reeleito. 2015 foi também de conti-nuidade da crise econômica em nível mundial. Acrescente-se a esse quadro de instabilidade, a inércia do governo em operacio-nalizar política de crescimento via financiamento do investi-mento de pequenas e médias empresas. Em 2016 o ‘sangramento’ via bloqueio parlamentar aca-bou por culminar com o pro-cesso de impedimento de quem foi eleita democraticamente. A forma e o conteúdo do impe-dimento acabaram por legar ao Brasil um executivo e um legislativo ilegítimos em função das continuadas denúncias de corrupção contra as principais
figuras de ambos os poderes. A ilegitimidade em momen-to algum inibiu os detentores do poder – com apoio da mídia oligopolizada – de colocarem em prática uma agenda, por um lado, reacionária no cam-po social – com destaque para a emenda constitucional que congela por vinte anos em ter-mos reais os gastos com saúde, educação, dentre outros. Por outro, entreguista do patrimô-nio nacional – como é o caso de ativos da Petrobras, inclusive os de conhecimentos construídos ao longo de décadas. Independentemente de quem vai conduzir o executivo em 2017, o quadro institucional
ilegítimo que hoje conduz o País dificilmente vai abrir mão de dar continuidade a sua agenda de retrocessos sociais. As já anun-ciadas reforma da previdência e trabalhista são prometidas sem o necessário debate com a sociedade. Na esfera econômica, as promessas de ajuste fiscal via corte de gastos em serviços sociais e a crença no mercado como único articulador do cres-cimento, devem prolongar por mais tempo os anos de baixa dinamismo, desemprego e con-centração de renda. Ganham os especuladores; avança a desnacionalização de ativos do País; quebra-se o cír-culo virtuoso da inclusão social que dá sustentação ao cresci-mento parcial da economia com base no mercado interno. Apequena-se o Brasil no plano internacional com a volta do alinhamento acrítico aos inte-resses estadudinenses. Triste transição em que no passado o futuro parecia me-lhor. Se há esperança, ela está na mobilização social. n
A ilegitimidade
em momento
algum inibiu os
detentores do poder
– com apoio da mídia
oligopolizada – de
colocarem em prática
uma agenda, por um
lado, reacionária no
campo social
revista vitória I Fevereiro/201715
eSPIrItuAlIdAde
Dom Rubens Sevilha, ocdBispo Auxiliar da Arquidiocese de vitória
Não desenterrar defuntos
O Papa Francisco falou que temos de parar com o feio costu-
me de desenterrar defuntos. “Claro que somos todos pe-cadores. [Também os meios de comunicação] podem ser tentados a caluniar (usados então para caluniar e sujar as pessoas), sobretudo no mundo da política, podem ser usados como difamação (toda pessoa tem direito à boa fama, mas, às
vezes, na sua vida anterior, ou na sua vida passada, ou há dez anos teve um problema com a justiça, ou um problema em sua vida familiar... e daí revelar hoje tudo isso, é grave, faz um estrago, se anula uma pessoa). Na calúnia se diz uma mentira sobre uma pessoa. Na difama-ção se puxa um dossiê e revela algo que é verdade, mas que já passou. E talvez até já pagou esse erro na prisão, ou com
sinando a deixar o passado no passado e não dar a ele o peso maior do que ele tem. Claro que a fofoca e suas irmãs gêmeas (calúnia e difa-mação) vão continuar existin-do. Mas elas vão se alimentar preferencialmente de fatos do presente. Afinal, a fofoca se alimenta de carne podre e não de ossos secos. Exorta-nos ainda o Papa Francisco: “Como servidores da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar apa-
rência, nem procurar glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos. Não se-
jamos profetas da desgraça, que se comprazem em lobri-gar perigos ou desvios; não sejamos pessoas que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna a quem vive familiarizado com a Palavra de Deus”. (Aos Cate-quistas – 25/9/2016). n
“nãO sejamOs pessOas que vivem entrinCheiradas
nOs seus amBientes, prOferindO juízOs amargOs
sOBre a sOCiedade, sOBre a igreja, sOBre tudO e tOdOs”
multa, ou seja lá com o que for. Ninguém tem direito de fazer isso. Isso é pecado e faz mal”. (Semanal belga “Tertio” - 07/12/2016). Creio que a internet vai nos obrigar a olhar o passado de uma maneira nova. Na in-ternet tudo fica rapidamente para trás. O que foi postado um mês atrás, já virou passado e cai no esquecimento. Antiga-mente o passado demorava a passar. Hoje o passado passa rápido! A internet está nos en-
revista vitória I Fevereiro/201716
CAmInhoS dA BíBlIA
A força transformadora da bênção divina O primeiro aspecto a ser ressaltado sobre a bênção é a verdade de que é Deus a sua fonte. Todas as pessoas na Sagrada Escritura, mesmo Abraão, que foi por Deus abençoado e chamado a se tornar uma bên-ção, também dependia da bênção divina. Foi somente a partir da bênção recebida que ele foi capaz de comunicá-la, tornado-se portador de uma graça para todos os povos e nações. Nas poucas linhas do texto dos Números o nome santo do Senhor vem pronunciado três vezes e, em todas elas, é Ele o sujeito da bênção. Sendo assim, não é o homem a fonte da bênção, pois também não é fonte da vida; somente o Senhor pode garantir a bênção e a graça sobre todos os que a ele se dirigem. O segundo aspecto diz respeito ao homem como portador da bênção, já que abençoado é chamado a construir e edificar, convidado a ser protagonista de sua histó-
No capítulo seis do livro dos Núme-ros, ouve-se a bênção de Aarão, fórmula utilizada várias vezes para
abençoar os filhos de Israel. A fórmula da bênção é relativamente curta, mas profun-damente rica e nela encontram-se alguns aspectos biblico-teológicos muito impor-tantes. Entre tantos possíveis, destacam-se dois: O primeiro é o fato de ser Deus a fonte da bênção, é Dele que ela provém, já o segundo indica que a bênção de Deus transforma a vida do homem, tocando, por meio Dele, também a história e garantindo-lhe um sentido maior.
revista vitória I Fevereiro/201718
Pe. andherson FranklinProfessor de Sagrada escritura no IftAv e doutor em Sagrada escritura
A força transformadora da bênção divinaria e, por diversos modos, ser capaz de ser sinal do Reino de vida para todos. Por isso, o mesmo homem é sempre dependente da bênção de Deus. Mergulhado no mistério da presença divina, ele é chamado a confiar naquele que lhe doou a vida e lhe garante sempre a sua graça e a sua bênção. Esta, uma vez doada, não retorna ao Senhor sem antes ter feito o seu percurso na história dos homens. De fato, mesmo as passagens mais difíceis e duras da vida ganham um sentido, quando vistas sob o olhar daquele que se confia nas mãos do Senhor. Neste caso, a fragilidade, a transitoriedade e as incongruências da vida não são capazes de fazer o homem perder a bênção recebida; ao contrário, são lugares da manifestação daquele que é a fonte de toda a bênção. Mais do que nunca, a sociedade pre-cisa de homens e mulheres portadores da palavra e da graça de Deus, anunciado-res corajosos de um tempo novo e novos
horizontes. Existem muitas conquistas e avanços, mas tantos retrocessos e perda do sentido da vida e da partilha. Muitas são as situações contrárias aos desejos de Deus e o Seu projeto de amor e vida plena para todos. Muitos espaços da so-ciedade são ainda tomados pelas forças destruidoras da morte, da exclusão e da violência. Por isso, o cristão, chamado a ser discípulo de Cristo, é convidado a colocar-se debaixo e sob a força da bênção divina, na certeza de que ela o acompanhará em todos os momentos de sua vida. De modo que a história seja tocada pelas mãos de homens e mulheres, comunicadores do dom da bênção divina e, por meio deles, o tempo e vida humana tornam-se tempo e lugar visitados por Deus. Que ao longo desse ano novo todos sejam tocados pela bênção de Deus, capaz de ascender em todos os corações as maiores esperanças, de forma que fortalecidos por tão grande graça e comprometidos em ser portadores da mesma se tornem sinais do Reino de justiça e solidariedade, fraternidade e paz, vida plena e bênção. n
revista vitória I Fevereiro/201719
SugeStõeS
Um dos maiores fotógrafos do mundo na atual história da arte, Sebastião Salgado, tem sua
trajetória contada no documentário “O Sal da Terra”. O filme nos banha com belíssimas imagens
captadas pelo artista ao longo de sua jornada pelo mundo. O mais encantador é a forma como
nos mostra uma das maiores características de Salgado: o respeito à natureza e a simplicidade
na alma para enxergá-la com os olhos do coração. Somos levados a mergulhar no olhar profundo do
fotógrafo-artista nos depoimentos carregados de emo ção que nos
instigam a refletir sobre a natureza e a vida. É mais que uma biografia:
é um testemunho de vida!
Ainda existe uma natureza pura, intocada pela mão humana? Sim, existe! E Sebastião S a l g a d o t ra z n o l i v ro G Ê N E S I S u m a “homenagem fotográfica ao nosso planeta em seu estado natural”. Sebastião viajou por
8 anos para redescobrir paisagens, animais e povos que vivem, ainda hoje, intrínsecos à natureza sem serem “colonizados”
pela sociedade humana. O livro traz inúmeras fotografias em preto e branco ao longo de suas 520 páginas. Uma viagem ao
encontro de grandes maravilhas do mundo através de verdadeiras pinturas de nosso planeta Terra.
Atualmente, temos enfrentado um dos maiores problemas em muitas
regiões de nosso país: a seca e a morte de vários de noss os rios. Finalizando a trilogia Sebastião Salgado, c onvido-os a visitar o projeto ecológico “Instituto Terra”. O lo cal faz parte das terras da família Salgado e havia sofrido c om a degradação ambiental . S e b a s t i ã o , p o r é m , j u n t o c o m
s u a e s p o s a , Lé l i a S a l g a d o , e u m a e qu i p e d e e n g e n h e i ro s a mb i e n t a i s e c o l ab o ra d o re s , com um “sonho de plantar uma floresta” deu origem ao Instituto Terra. O projeto, em pouco mais de uma dé cada, já re cup erou nas c entes , gerou mais de 4 milhões de mudas de espécies
da Mata Atlântica e trouxe v i d a n o v a m e n t e a o e c ossistema da região. Iss o nos mostra c om é p ossível s im, re cup erar noss o meio ambiente, com boa vontade e união.
prOjetO
O Instituto Terra fica em Aimorés - MG, na divisa com Baixo Guandu – ESwww.institutoterra.org(33)3267-2025(33) 3267-1831
fiLme
LivrO
por CrIS SImourAArtísta Plática e fotógrafa
revista vitória I Fevereiro/201720
Padre ermindo Rapozo de assis Pároco de Itaquari – Cariacica eS
oPInIão
Ano Nacional Mariano
Um ano de ação de gra-ças a Deus pelos três séculos de devoção a
Nossa Senhora Aparecida. Des-de 17/10/1717, quando Do-mingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves pescaram a imagem no Rio Paraíba, nós ganhamos uma padroeira muito amada e respeitada pelos brasileiros. Na mensagem de abertura, a pre-sidência da CNBB afirma: “Ten-do acolhido o sinal que Deus lhes tinha dado, os pescadores tornam-se missionários, parti-lhando com os vizinhos a graça recebida”. Assim somos motiva-dos para celebração deste ano mariano em nossas catedrais, igrejas paroquiais e pequenas comunidades eclesiais de base, movimentos, associações e pas-torais. Em 2017 coincidem os trezentos anos de Aparecida e o Centenário das Aparições de Fátima em Portugal, dois gran-des acontecimentos do amor misericordioso de Deus. Em todas as aparições da Virgem Maria, a grande mensagem é da misericórdia de Deus que vem ao encontro do ser humano. Na imagem negra de Aparecida, encontramos uma mensagem direta para os tempos de es-
cravidão dos afrodescendentes aqui no Brasil. Nas aparições de Fátima, a mensagem é de conversão e busca pela paz mundial. Nossa devoção deve sem-pre nos conduzir para Cristo. Em Caná, Maria e Jesus eram convidados dos noivos, no en-tanto, quem percebeu a falta de vinho foi Maria. Confiante, ela falou para os serventes: “façam tudo o que Ele vos dis-ser” (João 2, 1-11). Nossas comunidades devem valorizar a devoção mariana, buscando conhecer os textos bíblicos que falam da Virgem Maria, como discípula e missionária. “Maria é a grande missionaria, continua-dora da missão de seu Filho e formadora de missionários. Ela, da mesma forma como deu à luz ao Salvador do Mundo, trouxe o Evangelho à nossa América. No acontecimento em Gua-dalupe, presidiu, junto com o humilde João Diego, o Pente-costes, que nos abriu os dons do Espírito. São incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração mais próxima para aprenderem como ser dis-cípulos e missionários de Jesus.” (DA 269). Os estudos dos documen-
tos do Magistério Eclesiástico que tratam especialmente da Mariologia, como Marialis Cul-tus de Paulo VI, o Redemptoris Mater de João Paulo II, e o VIII capitulo da Lumen Gentium, ajudam muito o nosso conheci-mento sobre a Mãe de Jesus. As tradicionais rezas do terço, do Oficio de Nossa Senhora e das novenas ajudam muito nossa vivencia cristã. Tenho notícias de várias romarias ao Santuário de Apa-recida, em São Paulo, e para outros santuários marianos na Europa. Sempre é um momento de passeio, de oração e busca de Deus. Como padre eu tenho in-centivado esta prática para unir os paroquianos num final de semana rico de convivência fra-terna. Estar na companhia dos irmãos e irmãs na fé em Jesus Cristo e na devoção mariana é uma benção insubstituível para o meu ministério presbiteral. Cantando com Padre Zezinho eu digo: “Ensina o teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus, que um dia o teu povo desperta e na certa vai ver a luz; que um dia o teu povo se anima e caminha com teu Jesus.” n
revista vitória I Fevereiro/201721
Volta às aulas...
Quando eu era novo, em idade escolar, nesta época do ano sofria com o final das férias. Não é que eu não gostava da
escola, até gostava, tinha colegas ótimos e era muito bom revê-los, mas colocar o uniforme e ir para a escola era me privar de toda a liberdade que as férias me proporcionavam. Se hoje para as crianças as férias representam horas intermináveis em frente ao computador, na minha época representavam pescaria, praia, fute-bol, rodinha de violão e o não ter hora de acordar ou de dormir. Quase dois meses de pura felicidade que, aos poucos, era ameaçada quando observava meus pais tratando da lista de materiais. A última semana de férias era aquela em que queria esticar o tempo ao máximo e o cruel era que ao mesmo tempo meus pais pareciam querer encurtar os dias. Eles diziam que eu tinha que me acostumar com o horário da escola e por isto era bom começar a dormir cedo. Já disse que gostava da escola, mas como não deixar de entender a recomendação como ameaça?
e agora?
Tudo mudava na véspera da aula. Já imagi-nava o dia seguinte com os colegas e tinha aquela curiosidade de o que cada um tinha feito, quem estaria em minha sala e qual professora me daria aula. Seria aquela boazinha ou aquela que todo mundo tinha medo? O mais importante era saber em quais dias da semana teria educação física e o fundamental: quando começariam as férias do meio do ano? Brincadeiras a parte, é uma fase muito gostosa de nossa vida. É quando vivenciamos as alegrias e as inseguranças da infância e não estamos mais debaixo das asas dos nossos pais. Na escola somos desafiados e estimulados. Sabe como os pais podem ajudar os filhos a passarem por tudo isto? Relembrando com eles as histórias que viven-ciaram na época de escola. Os casos engraçados e até os sufocos. E não deixe de perguntar para eles como está cada dia na escola, quem são os amigos, como são as disciplinas, e os professores. Fazer parte da vida escolar de seu filho é buscar garantir a eles uma educação que servirá por toda a vida deles, que os abrirá portas e um mundo de possibilidades. Curta esta fase dos seus filhos. Ela é uma nova fase para você também. n
revista vitória I Fevereiro/201722
vIver Bemvander Silva
dIálogoS Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES
ODocumento de Apa-recida chamou-nos a atenção para o ao de
que estamos em mudança de época. Tenho a impressão de que esta afirmação provém de uma constatação de que nos deparamos com muita insegu-rança na sociedade. Os diversos problemas são desafiadores, seja no campo econômico, seja na política, seja nas múltiplas experiências religiosas. Esta-mos em plena crise econômi-ca política e social. Buscam-se saídas, respostas, mas não está fácil. Com facilidade apela-se para atitudes extremas numa sociedade insegura. Ora vive-se sob o signo do medo e apela-se para segurança, ora descobre-se a fragilidade dos poderes Legislativo, Judiciário e Exe-cutivo e há quem começa a ter saudade do tempo da ditadura. Apela-se, então, para a volta ao poder de exceção, a interven-ção institucional como solu-ção da insegurança nacional. Busca-se reformar a Educação e rejeitam-se as propostas, re-voltam-se e ocupam as esco-las provocando as autoridades constituídas, exigindo delas o direito ao diálogo. Pais e filhos
Num mundo de extremos, o Amor extremo vence
empenhem-se neste direito ao diálogo, pais e filhos inconfor-mados sentem-se prejudicados pelos que ocupam Escolas. Os extremos se encontram numa sociedade insegura. Num país que envelhece depressa, jovens são executados, vítimas da vio-lência do tráfico e da falta de proposta e perspectivas que entusiasmem a juventude em
vista de um ideal a ser alcança-do. As mulheres buscam o seu lugar de igualdade aos homens, mas paradoxalmente são assas-sinadas como se fossem coisa de menos valor. A agressivida-de salta aos olhos de todos. A sociedade quer paz, mas está em guerra consigo mesma. As religiões experimen-tam as mesmas inseguranças. Surgem expressões religiosas que contradizem os valores tradicionais de simplicidade e ternura. Há quem apela para a ostentação, o lucro como ato religioso, cultua-se o dinhei-ro, grupos econômicos como teólogos da prosperidade. A fragilidade moral atormenta e envergonha. Matam-se ino-centes indefesos em defesa de quem tem como se defender. Há quem se torna senhor da vida e dispõe dela, criando leis para justificar este domínio e apoderamento, como querer disputar e vencer o Senhor da vida que é Deus. Vivemos num tempo de posições extre-mas. São sinais desta mudan-ça de época que nós cristãos não podemos abdicar-nos em dar a nossa colaboração e in-fluenciarmos nesta mudança,
Nós cristãos não
podemos abdicar-
nos em dar a nossa
colaboração e
influenciarmos
nesta mudança
pois apesar da
aparência da
força do mal o
Bem é forte e está
presente
revista vitória I Fevereiro/201724
Num mundo de extremos, o Amor extremo vence
pois apesar da aparência da força do mal, o Bem é forte e está presente. Nós cremos no Mistério da Encarnação do Verbo de Deus e da Redenção do Universo pela mesma Pa-lavra Criadora e Redentora: Jesus Cristo! A Humanidade está grávida de Cristo e não haverá aborto, para tristeza de quem pensa que tem poder para vencer a vida! A fé cristã tem uma res-posta segura para toda essa balbúrdia, insegurança moral que está espalhada entre nós. A fé cristã tem um remédio extre-mo contra os extremos: a radi-calidade do evangelho! “ O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” “A caridade é pa-ciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho... tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1Cor. 13, 1-13). As bem-aventuranças descritas por São Lucas e São Mateus. (MT. 25,31 a 46), são pro-postas eternas para quem dese-ja segurança e paz. Precisamos buscar o equilíbrio da fé cristã e termos uma sociedade nova e renovada. Num mundo de extre-mos, o Amor extremo vence! n
revista vitória I Fevereiro/201725
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ASPAS
O ano de 2016 ficará mar-cado na história como o tempo em que a verdade
e a honestidade foram suplanta-das pelo movimento de circulação de notícias falsas, difamações, preconceitos, manipulando assim a opinião pública conforme inte-resses bem definidos em termos políticos e também em termos religiosos. Sim, também a religião não escapou deste movimento. Ela que sempre prezou pelo culto à verdade, também serviu como campo para disseminar inver-dades e mentiras, preconceitos e difamações. O avanço que se tinha conse-guido no movimento de respeito e tolerância religiosa regrediu, fazendo surgir o movimento de ódio e linchamentos decorrentes quase sempre de notícia falsa e preconceituosa. Até o jornalismo foi contaminado com esta prática, alimentando ainda mais o volume de informações falsas benefician-do grupos e pessoas. Na política não se disputa com o adversário no campo dos fatos, mas com calúnias e difa-
O triunfo da “pós-verdade”
mações. Está cada dia mais di-fícil acreditar no que circula na internet e nas redes sociais. Foi assim que o Dicionário de Oxford escolheu o verbete “pós-verdade” (post truth) como expressão da nova época. Os fatos são menos importantes do que aquilo em que as pessoas escolhem acre-ditar. Manipulação da sociedade de maneira calculada. Os resultados muitas vezes são inesperados como a elei-ção norteamericana de Donald Trumpt e o resultado do Brexit no Reino Unido. Trumpt mentiu diversas vezes para vencer Hilary Clinton. No Brasil, muitos prefei-tos foram eleitos com declarações inverídicas. Tudo é válido para vencer um concorrente, destruir um adversário, mesmo sendo um golpe baixo e sujo. Um dos chefes nazistas, Joseph Goebels, dizia que “uma mentira repetida mil vezes vira verdade”. A filósofa Hannah Arendt di-zia que o poder tende a distorcer os fatos. Os regimes totalitários e antidemocráticos tendem a aba-ter a tiros as verdades dos fatos
que os ameaçam. O compromisso democrático é de outra ordem. O mais triste é que temos a impres-são que a verdade não importa mais. Crenças absurdas contam mais que a verdade. A consequência mais gra-ve deste movimento é que es-taríamos cavando o túmulo da democracia, onde as escolhas se dariam a partir de opiniões, de sentimentos, de crenças, de ideologias e com forte apoio dos meios de comunicação reprodu-zindo as inverdades. A palavra deve servir à verdade e não à pós-verdade. A democracia serve ao bem comum e não aos interes-ses obscuros permeados de men-tiras ou inverdades. O campo político com a pós-verdade fica disponível para regimes totalitá-rios. É bom não esquecer que até mesmo a ciência foi utilizada no Regime Nazista para alimentar a crença da superioridade da raça alemã. n
edebrande cavalieridoutor em Ciência da religião
revista vitória I Fevereiro/201727
eCologIA
Michell Pedruzzi Mendes araújodoutorando em Biologia vegetal-ufeS, mestre em educação-ufeS, Pesquisador do gemut-ufeS, Biólogo-ufeS
“reciclagem, pra mim, é uma forma de ajudar a salvar o meio ambiente. eu vivo disso, sabe! Catando uma coisa daqui e dali... umas latinhas, ferro, papelão, vidro...aí vendo e ajudo a minha família que mora na rua”. (fala de romildo1, um catador que trabalha pelas ruas de Cariacica).
Apartir da fala supracitada, registrada a partir de uma conversa que tive com um
catador de lixo, que tira dele o seu sustento, é possível entender que a reciclagem é uma forma de guardar a criação (Gn 2.15) e de ajudar a salvar o ambiente, como o próprio Romildo disse. A partir do exemplo desse catador, é impor-tante destacar que os processos de reutilização e de reciclagem podem gerar renda para inúme-ras famílias do Espírito Santo, do nosso país e do mundo. A conversa com o referido catador também potencializa uma discussão sobre conceitos distintos que a maioria da po-pulação trata como sinônimos: Reciclagem e reutilização. Sobre reciclagem, cabe dizer que é um processo que possibilita a gera-ção de materiais em seu estado original, ou seja, os materiais re-ciclados apresentam as mesmas características físico-químicas que os originais correspondentes. Já a reutilização é um processo que envolve mudanças físico-quí-micas dos materiais, assim, não pode ser feito indefinidamente.
Reciclagem: um modo de cultivar e guardar a criação
1 Nome fictício, a fim de preservar a identidade do sujeito entrevistado.
Isso porque, a cada processo, os materiais perdem as suas carac-terísticas. A fim de exemplificar, cabe dizer que é possível reciclar o alumínio e outros metais, já para o papel o processo se denomina reutilização porque envolve mu-danças significativas nas fibras de celulose. Mesmo que reciclagem e reu-tilização sejam conceitos distin-tos, elas convergem para o mesmo ponto: São processos importantes para o meio ambiente e para as pessoas. Para o meio ambien-te como um todo os benefícios são múltiplos: Evita o acúmulo de materiais em ecossistemas, o que impede a morte de muitos animais, como por exemplo as tartarugas marinhas que podem morrer asfixiadas com sacolas, latas de alumínio e outros mate-riais. Além do exposto, a reutili-zação do papel é muito benéfica porque impede o desmatamento de muitas áreas que são utiliza-das para o plantio de eucalipto, planta que, por alelopatia, impede o crescimento de outras espéci-mes vegetais nas proximidades do local em que são plantadas.
Com relação às pessoas, os processos de reutilização e de reciclagem não trazem muitos be-nefícios. Como já foi supracitado, muitos catadores têm o lixo como forma de sustento e dependem diretamente dele. No entanto, ou-tros benefícios desses processos são indiretos e a maioria da popu-lação não os percebe, como por exemplo podem-se destacar os que são trazidos para os biomas: a preservação das plantas e dos animais que possibilita a manu-tenção do equilíbrio ecológico e que também são importantes para o ser humano, que é integrante dos ecossistemas. Muitos seres humanos não se veem como tal, mas são componentes bióticos dos ecossistemas e são beneficia-dos por medidas de reciclagem e de reutilização que defendem as diversas formas de vida latentes nos biomas brasileiros. n
revista vitória I Fevereiro/201728
sair do conforto do lar e viajar milhares de quilômetros para ajudar alguém que nunca se viu parece algo improvável para a maioria das pessoas. a assistente social maria de fatima de aquino retornou de uma missão humanitária em aldeias de moçambique no final de outubro. na bagagem, crescimento espiritual nunca antes vivido.
entrevIStA Andressa mian
Missão, espiritualidade, vida nova
vitória - O que a motivou ir para a África?maria de fatima - Sou assis-tente social e sempre me interes-sei pelo tema. Há três anos me aposentei e minha vida tomou um rumo diferente do planejado.
Isso me frustrou bastante. Acompanho pelo Facebook o trabalho voluntário que um amigo realiza na África. No início deste ano, após o retorno dele de lá, decidi participar da ONG Fraternidade sem Fronteiras,
criada no Brasil em 2009. Eles atuam nas regiões mais pobres do mundo, iniciando seus traba-lhos em aldeias de Moçambique com crianças e adolescentes ór-fãos e vulneráveis, e também com idosos em situação de abandono.
revista vitória I Fevereiro/201729
entrevIStA
vitória - Quanto tempo ficou lá e como foi deixar tudo aqui?maria de fatima - O período da caravana foi de 15 a 26 de outu-bro. Deixar tudo não foi problema para mim. Sou solteira, sem filhos, já me aposentei e costumo viajar com frequência. Gosto de trabalhos assistenciais.
vitória - Qual realidade espera-va encontrar lá e o que realmente encontrou?maria de fatima - Nada do que encontrei nas aldeias moçambica-nas se aproxima da pior situação de miséria que já vi no Brasil. A maioria dos moçambicanos vivem distante da capital em total situação de miséria. Há um milhão de órfãos no país, a grande maioria teve seus pais vitimados pela AIDS e muitas destas crianças e adoles-centes são HIV positivo. Cerca de
24 mil órfãos vivem sozinhos. As moradias são surpreenden-temente precárias, todos dormem em esteiras no chão, não há água potável e nem energia elétrica. Não há comida e a grande maioria da população se alimenta somente três vezes por semana com uma pasta de farinha de milho tritura-do e misturado com água. Vimos uma família faminta dessecando ratazanas para se alimentar.
vitória - No que consistia o trabalho desenvolvido? E como era sua rotina?maria de fatima - Não tínhamos uma atividade específica, todos nos inserimos espontaneamente em diversas atividades propostas: ca-dastro de novas crianças que serão inseridas no projeto, auxilio na co-zinha, separação de roupas, calça-dos e outras doações recebidas,
organização dos novos Centros de Acolhimentos que foram inaugu-rados, distribuição de alimentos, brincadeiras com as crianças e a identificação de casos mais graves de saúde, desnutrição e vulnerabi-lidade social. Ficamos em dois alojamentos comunitários e nos deslocávamos para as aldeias, algumas bem dis-tantes. Em todos os locais que visi-tamos o trabalho era basicamente o mesmo. Normalmente retorná-vamos em torno das 18 horas.
vitória - No seu ponto de vista, qual a maior necessidade da área ou áreas onde atuou? Material, emocional ou espiritual?maria de fatima - Sem dúvida material. Naquele cenário caótico, evidentemente que o lado emocio-nal também merece ser cuidado, porém, a fé e dignidade daquele povo são tão inimagináveis quanto a miséria a que estão entregues. É um povo totalmente resigna-do. Não encontrei uma única pessoa que maldissesse qualquer dificul-dade que estivesse passando, muito pelo contrário, a ajuda que chega até eles é recebida com alegria e louvor a Deus, bendizendo Quem os ajudou. Louvam e agradecem através da música e da dança, numa energia contagiante. São cordiais, respeitosos e solidários. Nos dão uma lição de vida.
revista vitória I Fevereiro/201730
vitória - Alguém pode ques-tionar: Por que a África e não o Brasil?maria de fatima - Antes de ir para a África dizia que a realida-de do Brasil eu já conhecia e que queria viver o desafio de conhecer uma nova realidade, trabalhando numa causa humanitária. Hoje respondo que apesar de todas as dificuldades que há em nosso país, pessoas, órgãos governamentais e não governamentais olham por nossa população mais carente. Na África, a impressão que tenho é que aquelas pessoas estão “esquecidas” por lá.
vitória - Quais transformações aconteceram com você?maria de fatima - Toda a an-gustia que vinha sentindo nos úl-timos anos desapareceram. Lá eu tive um verdadeiro encontro com Deus. Venho de uma família tradi-cionalmente católica, sou ex-aluna Salesiana e sempre participei de encontros religiosos. Deus sempre esteve comigo, mas em nenhum momento eu me senti tão perto Dele como nas Aldeias. Eu vi Deus naquele lugar. Na última noite cho-veu torrencialmente (a necessidade de chuva lá é tão grande que a água que caiu nem umedeceu o solo) mas naquele momento eu entendi o significado da palavra milagre; nós caravaneiros só conseguíamos
nos abraçar e chorar e os demais dançavam e louvavam a Deus. Foi o momento mais lindo da minha vida!
vitória - Como pode avaliar sua vida antes e depois desta experiência?maria de fatima - Ninguém sai daquele lugar como entrou. Conviver com eles, conhecer seus hábitos e costumes foi uma lição de vida para todos nós. O mundo está muito desumanizado, falta gente do bem. Lá a humildade e a generosidade transbordam. Eles não têm o mínimo para viverem
dignamente, mas são ricos em va-lores morais, éticos, fé, esperança, generosidade, alegria. Tornei-me um ser humano melhor; uma pessoa mais tolerante, compreensiva com o outro.
vitória - Valeu a pena fazer o bem?maria de fatima - Sempre vale a pena fazer o bem. Quando pen-samos em ajudar alguém, pode ter certeza que estamos fazendo mais por nós mesmo do que para o outro. Não somos santos e nem loucos, apenas irmãos na Fraternidade. n
ComunICAção
Paulo SoldatelliJornalista e professor, Coordenador dos cursos de Comunicação Social da fAeSA
Vivemos na chamada “sociedade da informa-ção”. Nunca foi tão fácil
acessar informações das mais variadas fontes, do mundo inteiro. Mas essa facilidade camufla uma grande contra-dição. Estamos envoltos em informações, mas sabemos o que elas significam? Sabemos o que fazer com elas? No mundo da política, a in-formação é fundamental para o exercício da democracia. Todo cidadão, para poder participar desde a forma mais simples, como votar em uma eleição, até um comprometimento mais decisivo, como influenciar nos processos de decisões políti-cas, precisa de informações, e mais do que isso, de informa-ções confiáveis. O Brasil vive um momento de instabilidade política, prin-cipalmente na esfera federal, após uma eleição em que as informações apresentadas pe-los candidatos à presidência da República eram constan-temente contestadas como enganosas. Envolto em manipulações de números e estatísticas, o cidadão toma decisões muito mais emocionais do que por convicções e argumentos que possam ser comprovados.
Cidadania, democracia e informação
Para piorar, no Brasil, sempre predominou entre os detentores do poder de Estado a cultura do sigilo, de esconder do cidadão informações ne-cessárias para uma avaliação sensata, apesar do acesso a informações de interesse pú-blico seja um direito estabele-cido pela Constituição Federal desde 1988. Após 23 anos, em 2011, foi finalmente regulamenta-do esse direito constitucional, com a promulgação da Lei 12.527, conhecida como Lei de Acesso à Informação, que atin-ge os três poderes nos âmbitos federal, estadual e municipal. Sobre as informações sob a guarda do Poder Judiciário, a legislação é mais recente, do final de 2015. A lei amplia a iniciativa do governo federal que, em 2004, criou o Portal da Transparência, apresentando para a sociedade uma varie-dade de informações de inte-resse público. Assim, o direito à informação tanto exige uma postura do poder público em apresentar espontaneamen-
te informações de interesse público, quanto de fornecer informações quando solicitado. Em geral, uma série de exigências burocráticas inibe a solicitação de informações. O cidadão geralmente só utiliza esse direito quando necessita resolver uma situação pessoal, e pouco para refletir sobre po-líticas públicas ou para ques-tionar autoridades quanto à aplicação de recursos para a promoção do bem comum. Em uma sociedade, no qual o direito da educação, tão necessária para o entendimen-to das informações, tem sido mais alvo de promessas elei-torais do que de práticas reais, no qual os meios de comunica-ção apresentam manipulações de informações para atender interesses de determinados públicos, o acesso à informação ainda é um direito mal aprovei-tado pelo cidadão para exercer sua cidadania, para aprimorar a democracia. n
O acesso à informação ainda é um direito mal aproveitado
pelo cidadão para exercer sua cidadania, para aprimorar
a democracia
revista vitória I Fevereiro/201732
rePortAgemAndressa Mian Maria da Luz Fernandes
Vida no ProjetoSocial Vida
Atentar contra a vida é um crime que a Cons-tituição Brasileira de-
clara no seu artigo 5. Mas isso não tem sido suficiente para impedir tentativas de legali-zação do aborto por parte de alguns grupos e até do Poder Judiciário. No final de 2016 o Supre-mo Tribunal Federal (STF), re-vogou a prisão preventiva de pessoas presas por realizarem abortos em uma clínica clan-destina. Entre os argumentos o que mais gerou polêmica foi a defesa de cinco ministros ao afirmarem que abortar nos pri-meiros três meses de gravidez não é crime. As tentativas de legaliza-ção do aborto, quase sempre, vêm disfarçadas com roupa-gens de “liberdade” da mulher e “defesa de direitos huma-nos”, mas algumas instituições e, principalmente, as Igrejas continuamente têm se posicio-nado contra todo e qualquer gesto de morte e empenham-se para entender e ajudar as vítimas desses movimentos: as mulheres-mães e as vidas
rePortAgem
que geram e carregam em seus úteros-berços. Esta é a missão do Projeto Social Vida, da Paró-quia São Francisco de Assis, no bairro Itapoã, em Vila Velha, um grupo formado por 15 membros entre leigos da área da saúde e religiosos. O grupo trabalha oferecen-do apoio e ajuda às mulheres que querem abortar, mostrando a elas alternativas e soluções para que os abortos não aconte-
çam e surgiu após uma conversa entre o Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, e o padre Hiller Stefanon Sezini, pá-roco em Itapõa. Na ocasião Dom Luiz manifestou o desejo de criar na Arquidiocese um trabalho efetivo em favor da vida que se contrapusesse ao aborto. Coincidência ou não, algum tempo depois, as irmãs da Con-gregação do Verbo Encarnado chegaram à Paróquia de Itapoã
e conheciam o Centro de Aju-da à Mulher (CAM), um projeto realizado no México e que tra-balha identificando mulheres com intenção de abortar, ofe-recendo-lhes alternativas para que desistam do ato. O projeto mexicano foi a ins-piração para que o padre Hiller, com o apoio das irmãs, convi-dasse os outros integrantes do grupo para estruturar o Projeto Social Vida. As ações começaram
revista vitória I Fevereiro/201734
há cinco anos e já conseguiram evitar a morte de dezenas de crianças. O atendimento acon-tece após as mulheres serem identificadas por mecanismos de uma rede nacional pró vida,
que as direcionam para um dos profissionais do projeto. A psicóloga Suy Ferreira Nunes, membro do projeto, já atendeu dezenas de mulheres que chegaram ao consultório querendo abortar. A abordagem inicial, segundo Suy, é mostrar a essas mulheres o que realmente é um aborto. A psicóloga contou que a maioria delas são movidas por um sentimento de desespe-ro, desamparo emocional e não têm ideia de como é realizado o procedimento. A dona de casa Raquel*, que realizou um aborto aos 19 anos de idade, confirmou a colocação da psicóloga. Ela engravidou do noivo e cedeu às pressões feitas por ele na época. O rapaz não queria o filho e pressionou Ra-quel, alertando que a mãe dela não aceitaria a gravidez e a ex-pulsaria de casa. “Eu acabei cedendo por me sentir totalmente desamparada, mas não tinha nenhuma ideia do que era um aborto. Achei que iria tomar um comprimido e iria menstruar por alguns dias, sentiria algumas dores e só. Mas o procedimento é algo que não gosto de lembrar. Me arrependi, o relacionamento acabou e eu
carreguei uma culpa enorme por 20 anos. Só consegui me perdoar quando tive outro filho, fruto do meu casamento”, contou. Ela afirmou que se tivesse tido algum tipo de apoio e ajuda emocional, não teria optado por tirar a criança. O processo de cul-pa de Raquel foi tão doloroso que ela achava que Deus a puniria e não lhe daria a oportunidade de ser mãe novamente. “Esquecemos que Deus não é vingativo, é misericordioso. Ele me deu a graça de ter meu filho e atualmente surgiu em mim e em meu marido o desejo de adotar uma criança. Acredito que Deus tenha me perdoado”, finalizou. Também foi o desespero que levou uma adolescente atendida por Suy a ingerir diversos chás na tentativa de abortar. A moça foi expulsa de casa pela família, perdeu o trabalho e teve que abandonar os estudos. Ela che-gou ao consultório direcionada pelo programa e contou o drama que estava vivendo. “Felizmente ela não conse-
Fiz o atendimento e durante vários encontros fui mostrando
a ela que gerar uma vida significa ter alguém por quem ela
sentirá um amor nunca antes experimentado. Graças a Deus
ela desistiu do aborto e teve o bebê
“
“
revista vitória I Fevereiro/201735
rePortAgem
guiu abortar o bebê com a inges-tão de chás. Fiz o atendimento e durante vários encontros fui mostrando a ela que gerar uma vida significa ter alguém por quem ela sentirá um amor nunca antes experimentado. Graças a Deus ela desistiu do aborto e teve o bebê”, relatou Suy. Segundo a psicóloga, as mulheres que querem abortar chegam ao consultório apresen-tando motivos semelhantes: uma gravidez fora do casamento, ou uma gestação na adolescência, questões financeiras, um bebê com problemas ou um estupro. Entretanto, para Suy, a grande maioria das mulheres que pensam em tirar o bebê não querem ter o filho para não ver a criança sofrer, sem poder dar ao filho condições dignas de viver. O que falta mesmo para essas mulheres é apoio, suporte social, suporte econômico para se verem fortalecidas e poder
levar adiante a gestação. O padre Hiller afirmou que o grande sonho dos membros do Projeto Social Vida é poder ter e manter uma casa de apoio para essas mulheres. “O ideal é que tivéssemos um local para que pudéssemos amparar es-sas mães, dando a essas mu-lheres que foram expulsas de seus lares, que perderam seus empregos, que ficaram sem seus companheiros, condições para que gerem essas crianças, mes-mo que algumas optem por não ficar com o bebê. Nesses casos encaminharíamos para a adoção, assim como é feito atualmente com as mulheres que acompa-nhamos”, relatou. Entretanto, o fato de ainda não ter a casa de acolhimento não impede que os membros do projeto realizem ações dentro das possibilidades do grupo. “Fazemos o que está ao nosso alcance. Além dos atendimen-tos, conseguimos enxoval, leite, fraldas e até encaminhamos para empregos. Mas infelizmente uma ou outra, dominada pelo deses-pero opta pelo aborto”, contou o padre. Suy enfatiza que, apesar de muitas mulheres optarem pelo aborto, internamente o ser hu-mano carrega consigo o valor da vida. “ Isso é do ser humano, in-depende de cultura ou da crença. Quando o ser humano age contra a vida, ele mesmo se condena, se
O ideal é que tivéssemos um
local para que pudéssemos
amparar essas mães, dando
a essas mulheres que foram
expulsas de seus lares, que
perderam seus empregos, que
ficaram sem seus companhei-
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essas crianças
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revista vitória I Fevereiro/201736
julga e dá a sentença”, explicou A sentença, segundo Suy, é a culpa que gera somatização e que se converte em doenças físicas e psicológicas. Para a psicólo-ga, a culpa é o sentimento mais perturbador que a mulher que abortou carrega. Foi a culpa sentida após so-frer um aborto espontâneo aos três meses de gestação, que levou Martha* a uma depressão pro-funda. Ela acreditou que o fato dela, num primeiro momento, não ter ficado feliz com a gravi-dez, levou o aborto a acontecer. “Em meu coração eu achava que Deus tinha me castigado por causa da minha reação negativa ao engravidar. Mas quando eu aceitei a gestação, quando eu estava feliz por ter engravidado, o aborto aconteceu”, relatou. Segundo Martha, ela entrou em um estado de tristeza profun-da e só obteve uma melhora após
passar a ler a Bíblia diariamente. “O processo de cura começou efetivamente depois de eu ler o capítulo 42 do Livro de Jó”, afirmou. Para atravessar uma fase de recuperação emocional, Mirian* conta com o apoio do marido e da família e sofreu para to-mar a decisão por ser católica e ter conhecimento da posição da Igreja. No seu caso, o aborto foi realizado, porque a mãe e o bebê corriam risco de morte. “Talvez se eu não fosse mãe de duas crianças, que foram tiradas da margem da sociedade e que escolhemos amar e chamar de filhos, arriscaria levar a gravidez adiante, mesmo que custasse a minha vida. Havia uma sema-na que tínhamos registrado legalmente os dois como nossos filhos. Foi onde eu me perguntei: seria justo com eles eu arriscar minha
vida agora e mais uma vez dei-xá-los sem mãe? Foi pensando neles que tomei minha decisão. Tive o apoio do meu marido e de poucos amigos, mas sinto-me julgada e condenada pela comunidade”, relatou. A ajuda de um profissional da psicologia é fundamental para enfrentar e superar o problema, mas Suy defende a ideia de que a Igreja também deve cumprir o seu papel, promovendo momen-tos para falar sobre o aborto. “É um assunto a ser tratado sem julgamentos, de forma mi-sericordiosa, acolhendo a dor dessas mulheres. É necessário também orientar as famílias que se deparam com a situa-
ção de uma filha grávida, mostrando que não
são as brigas que resolvem a ques-tão”, orientou.
O r i e n t a ç ã o , esclarecimentos, a c o l h i m e n t o e
apoio fazem a di-ferença quando, por alguma razão,
a confirmação de uma gravidez inde-sejada acontece. n
*Os nomes são fictícios
As pessoas que passarm por situações
como as tratadas nesta reportagem
não conversam fácilmente sobre isso.
Contudo, estísticas confirmam que a
maioria das mulheres que realizaram
abortos carregam um sentimento de culpa
e arrependiment o por muit o t empo e ,
geralmente, precisam de ajuda para superar.
mundo lItúrgICo
Testemunhas de Cristo
fr. José moacyr Cadenassi, ofmCap
Omistério de Cristo na vida da Igreja tem uma particular comunicação
e expressão na vida batismal. Os batizados, inseridos na comuni-dade cristã e enviados ao mun-do em missão, vivem o carisma testemunhal evangélico, como extensão da obra do Divino Sal-vador e, presentes em todas as etapas da história, concretizam e dinamizam a vivência do Ano da Graça por ele iniciado (cf. Lc 4,14-21). Desde os primórdios, hou-ve testemunhos que foram re-levantes aos fiéis, sendo regis-trados afetiva e canonicamente. Em primeiro lugar, “Esses são os que vieram da grande tribula-ção. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14b). São os mártires, em sua forma magna de testemunho, desde o suplício até o extermínio. Recorda-se o costume, nos pri-meiros séculos do Cristianismo, de também celebrar a Eucaristia junto aos túmulos dos mártires, como no cárcere dos cristãos pri-sioneiros. Foi a partir do século V que outras testemunhas, não martiri-zadas, tiveram o reconhecimento oficial da Igreja, e uma das pri-meiras foi São Martinho de Tours,
bispo (317-397), de marcante zelo em seu pastoreio. Na liturgia recorda-se, em consonância com a vida de Cristo e o mistério da sua Páscoa, a vida das santas testemunhas, em dias específicos, ao longo do ano litúr-gico, mas também comemora-se todas elas em uma só solenida-de, em 1º de Novembro – Dia de Todos os Santos (no Brasil, festa transferida quando o dia não é domingo, passando para o do-mingo seguinte ao dia 1º). É no seguimento de Jesus (cf. Mt 16,24-26), e conforme as bem-aventu-ranças evangélicas proclamadas em Mt 5,1-12, que legitima-se o caminho da santidade. A Virgem Maria, em sua condição de Mãe do Senhor, está na ordem de primeira testemunha do seu Filho. No Missal Romano as come-
morações estão indicadas nos formulários contidos no “Próprio dos Santos”, dispostos segundo o calendário civil, de janeiro a dezembro; os elementos próprios são as antífonas e orações. In-clui-se as leituras do Lecionário Santoral que podem ser substituí-das pelas leituras do Lecionário Semanal, no caso das “memórias obrigatórias ou facultativas”. Em algumas comemorações há lei-turas próprias, que não devem ser substituídas. Outras come-morações estão dispostas como categorias de festa e solenidade, com seus respectivos elementos. As santas testemunhas são classificadas da seguinte forma no Missal Romano, segundo os formulários comuns: “Comum da Virgem Maria”; “Comum dos Mártires”; “Comum dos Pastores”; “Comum dos Doutores da Igreja”; “Comum das Virgens” e “Comum de Santos e Santas”. Não são todos os canonizados que estão con-templados na liturgia, mas há um calendário comum, com alguns incluídos, para a celebração de toda a Igreja, em seus respectivos dias. Outros são celebrados nas igrejas locais, ora pela sua origem nas mesmas localidades, ou ainda porque são titulares locais. n
revista vitória I Fevereiro/201738
ArquIvo e memórIAgiovanna valfréCoordenação do Cedoc
Dom João Batista da Mota e Albuquerque na Festa do Trigo em Domingos Martins/es, em 1960. O arcebispo participou da benção dos trigais, missa campal e almoço com a comunidade.
Pergunte A quem SABe
Tem dúvidas? Então pergunte para quem sabe. Envie sua pergunta para [email protected]
Pe. Ivo Ferreira AmorimVigário geral da Arquidiocese de Vitóra RELIGIÃO
O que significa pecar em pensamentos, palavras, atos e omissões? Na fórmula “Confesso a Deus...” toca-
mos em palavras significativas, que mere-
cem nossa atenção e meditação. Dizemos
que confessamos nossos “pensamentos,
palavras, atos e omissões. São palavras
proclamamos com nossos lábios, frutos de
uma consciência que, diante de Deus e de
sua assembleia, reconhecem a necessidade
de mudanças e conversão.
Pecar em pensamentos é uma expressão da
fórmula “confesso a Deus todo poderoso...”.
Com frequência somos tomados por pen-
samentos ruins, desordenados, causadores
de sofrimento para nós mesmos e para o
próximo, que precisam serem eliminados
da mente. O esforço humano para evitá-los
e esquecê-los é fundamental. Nesse empe-
nho humano, contamos com a ação divina;
Pecar em palavras é uma ação humana
causadora de muitos males. São situações ou
ocasiões que soltamos palavras grosseiras,
maldosas, carregadas de rancor e ódio... São
os pecados da língua que podem ser graves
e causadores de muitos males e morte.
Pecado em atos é outra expressão que pro-
ferimos na fórmula do “confesso a Deus...”
que diz respeito às nossas atitudes huma-
nas, que muitas vezes nos envergonha
como lembra o Apóstolo Tiago (5,16). Certas
atitudes, muitas vezes impensadas, causa-
doras de sofrimento humano, incompatível
com a vida cristã.
Pecar por omissões é deixar de fazer o
bem. Aprendemos com Jesus a fazer o
bem, sendo socorro para o próximo
(Lc 10,30-37), colocando nossos talentos a
serviço (Mt 25,24-30.41-46) do bem comum.
O importante é crescermos na com-
preensão e consciência, de que em cada
fórmula do rito penitencial, a Igreja está
nos convidando a nos colocarmos diante
de Deus, do próximo e de nós mesmos,
reconhecendo quem somos, manifestando
nosso propósito de melhorar. Nesse esforço
humano, contamos com à graça de Deus
que nos reconcilia para que sejamos fontes
de reconciliação.
revista vitória I Fevereiro/201740
Raonny LourençoRaonny é diretor de
tecnologia da Informação
TECNOLOGIA
Eduardo AraújoPresidente do Conselho Regional de Economia
ECONOMIA
Como saber que um site é seguro para realizar uma compra pela internet? Alguns fatores devem ser levados em consideração quando
pensamos em efetuar uma compra online.
A primeira coisa a se observar é a qualidade visual do site.
Sites maliciosos costumam ser construídos de maneira rápida,
portanto a qualidade visual acaba ficando em segundo plano.
Outra boa prática é pesquisar sobre a loja no Google e sites
de reputação como o Reclame Aqui e o próprio site do Procon.
Antes de fornecer suas informações pessoais, é importante
verificar se os dados do site trafegam em ambiente seguro, e a
maneira de fazer isso é através do link do site que deve iniciar
com HTTPS e deve possuir um cadeado verde ao lado do link.
Por fim, é indispensável verificar os meios de contato com o
site, seus telefones, endereço, e-mail, FAQ e os dados como CNPJ
e responsável pela empresa.
qual a diferença entre crise política, crise fiscal e crise econômica? A crise política refere-se aos problemas de conduta ética, de escândalos
de corrupção e de conflitos envolvendo pessoas que exercem mandatos
eletivos nas diferentes esferas do setor público. A crise política afeta a
economia no sentido de gerar fragilidade institucional e de ampliar as
incertezas quanto ao marco regulatório e sobre a formulação de políticas
públicas. Nesse sentido, prejudica a tomada de decisão de empresas, que
acabam adiando os investimentos por conta da insegurança quanto ao
futuro.
A crise fiscal está relacionada a um desequilíbrio estrutural das
finanças públicas. Trata-se dos casos de déficits nas contas públicas. É a
incapacidade do Estado em cumprir todos os compromissos financeiros.
Trata-se de situação de crescimento do endividamento público, decorrente
dos casos em que a arrecadação de impostos e de outras contribuições
serem inferiores aos gastos e investimentos realizados pelo setor público.
A crise econômica se caracteriza pela redução no volume de
negócios das empresas, da desaceleração da atividade produtiva no país.
É configurada pelas sucessivas quedas do indicador estatístico, o Produto
Interno Bruto (PIB). O resultado da crise econômica é a queda do número
de empregos e da renda das famílias, que acabam produzindo redução
do bem-estar social para população. A superação da crise política e da
crise fiscal são condições necessárias para superação da crise econômica.
revista vitória I Fevereiro/201741
“só deus basta!nada te perturbe,
nada te amedronte.tudo passa,
a paciência tudo alcança.a quem tem deus nada falta.
só deus basta!”
Santa Tereza D’Ávila
enSInAmentoS
O desprendimento como opção
revista vitória I Fevereiro/201742
Vitor nunes RosaProfessor de filosofia na faesa
Ao começar a escrever so-bre o tema “o despren-dimento como opção”,
veio à minha mente as inúme-ras campanhas denominadas de “desapego”. Parecia uma dire-ção interessante a ser assumida no texto, principalmente se o escopo fosse apaziguar cons-ciências que se satisfazem com doses homeopáticas de caridade periódica, especialmente em al-gumas datas marcantes do ano. No contexto cristão de ver-dade – e em sua radicalidade (raiz que dá firmeza), o des-prendimento não é somente o “desapego” a algo que sobra em nossa residência, mas uma opção fundamental e radical por Jesus Cristo, como bem ilustram a vida e a obra dos Santos, Már-tires e Bem-Aventurados. O poema de Santa Tereza D’Ávila traduz singelamente a profundeza da mensagem do Evangelho segundo São Mateus (6, 24-34), cujo conteúdo foi sintetizado pelos tradutores da Bíblia de Jerusalém tão expres-
sivamente com a frase “Abando-nar-se à Providência”. E não é mera coincidência esta perícope estar em fluxo contínuo ao texto sobre as “bem-aventuranças”. Os princípios expressos no Catecismo da Igreja Católica – elencados abaixo – indicam cristalinamente o sentido cris-tão do desprendimento como opção de vida:w A Divina Providência são as
disposições pelas quais Deus conduz sua criação para a per-feição, servindo-se da ação de todos nós para o cumprimento do seu desígnio. Assim, Jesus pede uma entrega filial à pro-vidência do Pai Celeste, que cuida das mínimas necessi-dades dos seus filhos.
w A “pobreza de coração” exigi-da por Jesus Cristo pressupõe a renúncia aos bens por cau-sa Dele e do Evangelho. Por isso, o preceito do despren-dimento das riquezas é obri-gatório para entrar no Reino dos Céus; sendo que o apego
às riquezas contra o espíri-to da pobreza expressa nos Evangelhos, impede alcançar a perfeição da caridade.
w A confiança em Deus prepara as pessoas para a alegria dos pobres, pois verão a Deus, que é a felicidade plena. O desejo da felicidade verdadeira nos liberta do apego sem limites aos bens deste mundo.
Portanto, o desprendimen-to como opção cristã requer um verdadeiro e profundo combate espiritual diário – entendido na perspectiva de São Paulo – para superar a busca do poder ter-reno e investir todas as forças na busca do Reino de Deus, que pressupõe – como bem esclare-cido na Sagrada Escritura e na Doutrina Social da Igreja – a solidariedade com os empobre-cidos. n
revista vitória I Fevereiro/201743
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PAtrImônIo hIStórICo CulturAl dA IgreJA
diovani favoreto - historiadora
Os padres da Companhia de Jesus habitaram o li-toral do Espírito Santo,
entre os anos de 1551 e 1759, e contribuíram com a construção de prédios históricos de várias cidades capixabas. No município da Serra, mais precisamente na região de Nova Almeida, escolheram uma colina estratégica para fixar moradia e fundarem uma igreja, dedicada aos Reis Magos. Quem já visitou a Igreja de Nova Almeida pôde perceber que ela fica localizada em um local pri-vilegiado, com vista para o Rio Reis Magos e para a pequena baia, de águas calmas, antigamente habitada pelos índios Tupi-Guarani, catequi-zados pelos Jesuítas. A riqueza do que foi construído pode ser percebida no prédio da residência, na Igreja colonial e na imensa praça que ainda hoje recebe
as festas natalinas, a procissão do Barco Palermo e a fincada do mastro de São Benedito. São séculos preservados da me-mória da Companhia de Jesus e da riqueza cultural que contribuiu para a formação da identidade capixaba. Aliás, o interior da igreja de Nova Almeida é um prazer à parte de ser visitada e contemplada. Na parte interna encontramos o Altar-Mor, todo em madeira, e um grande quadro, do século XVI, com a Adora-ção dos Reis Magos (a pintura a óleo sobre madeira mais antiga do Brasil, segundo relato dos historiadores). A importância do conjunto histórico pode ser percebida na descrição do historiador e antigo
Superintendente do “Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Espírito Santo”, José Antonio de Carvalho: “A peça mais rica é o retábulo do altar, de madeira entalhada com certa ingenuidade, sem erudição no talhe, mas com algum conheci-mento no projeto do conjunto. Os elementos representados – caras de felinos, cobras coroadas – e certa “rusticidade” no trabalho da talha, faz supor mão de obra indígena em sua execução. Coroa o conjunto do altar o belíssimo quadro dos Reis Magos, pintado sobre madeira e colocado no centro.” n
Herança Jesuíta em Nova Almeida
revista vitória I Fevereiro/201745
AConteCe
No dia 11 de fevereiro (sábado), às 8h30, acontece na Mitra Arquidiocesana, o Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Vitória. O encontro reúne representantes das pastorais sociais que compõem a Comissão da Caridade. Este encontro terá como objetivo discutir sobre os pontos positivos e dificuldades que são encontradas para a realização dos trabalhos pastorais e também a articulação das mesmas nas suas instâncias.
A missa que marca a ab ertura da C ampanha da Fraternidade 2017 p ela Arquidiocese de Vitória, acontecerá às 15 horas do dia 05 de março, no Convento da Penha. A abertura nacional da Campanha ac onte c e na quarta-feira de Cinzas . O tema da C ampanha Fraternidade: “biomas brasileiros e defesa da vida”, será representado pelos seis biomas brasileiros; Amazônia, Mata Atlântica, C aatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal durante o p ercurs o da ladeira que dá ac ess o ao Campinho do Convento da Penha.
Fórum para avaliar trabalhos pastorais
Missa de Abertura da Campanha da Fraternidade
revista vitória I Fevereiro/201746
A Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Vitória promoverá nos dias 25 a 28 de fevereiro o Vinde e Vede, retiro de Carnaval. O evento tem como objetivo principal oferecer às pessoas uma experiência de oração e louvor, convidando todos a experimentarem a dinâmica carismática, através da
Retiro de Carnaval Vinde e Vede
cultura de Pentecostes e se engajarem nos grupos de oração existentes em todas as paróquias. É aberto a todas as pessoas que queiram participar. Haverá missas, adoração, pregações e shows católicos. Para as crianças também haverá o Vinde e Vedinho. O Evento acontece no Pavilhão de Carapina, na Serra.
PAULUS Livraria de Vitória-ESRua Duque de Caxias, 121 – CentroCEP.: 29010-120 – Tel.: (27) 3323.0116 [email protected]
Sacramentos da Iniciação Cristã,alicerces para uma caminhada de fé
BATISMO CRISMA
EUCARISTIA