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REVISTA DE SEGUROS O consumidor do futuro As oportunidades e desafios que as mudanças no perfil da sociedade brasileira representam para o mercado segurador ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DO MERCADO SEGURADOR ANO 88 Nº877 ABRIL/ MAIO/ JUNHO DE 2011 EDIÇÃO ESPECIAL

Revista de Seguros - Especial 5ª Conseguro

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Ano 88 - Edição Nº 877 - Especial 5ª Conseguro - Conferência Brasileira de Seguros Gerais, Previdência Privada e vida, Saúde Suplementar e Capitalização. Este ano com o tema: O Consumidor do Futuro.

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 1

REVISTA DE SEGUROS

O consumidor do futuro

As oportunidades e desafios que as mudanças no perfil da sociedade brasileira representampara o mercado segurador

órgão de divulgação do mercado segurador ano 88 nº877 abril/ maio/ junho de 2011

EDIçãO ESpEcIAl

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Sumário

5 Entrevista - “O desafio do seguro é qualificar a ascensão das classes sociais”

35 Solvência II - Europa consulta mercado sobre as regras de capital

8 Abertura - Meta é tornar o seguro parte da cultura nacional

36 Regulação, Concorrência e Consumidor - Modelo de regulação penaliza empresas de pequeno porte

14 Transição Demográfica - Mudanças alteram o perfil demográfico

40 Vida e Previdência Privada - O Brasil ainda engatinha no seguro individual

20 Consumidor do Futuro - Sociedade deve adotar novos hábitos de consumo

48 Seguros de Saúde - O conhecimento é essencial para a cura de doenças

26 Meio Ambiente - Catástrofes atingem países em desenvolvimento

52 Títulos de Capitalização - Novas estratégias para atender o consumidor do futuro

30 Microsseguros e Seguros Populares - Popularização dos produtos depende da distribuição

54 Seguro Garantia - Mercado tem como aportar os megaprojetos

34 Freakonomics - Grandes problemas têm soluções simples e objetivas

56 Encerramento - “Transição demográfica é oportunidade de crescimento”

pRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa Vieira1º VIcE-pRESIDENTEPatrick Antônio Claude de Larragoiti LucasVIcE-pRESIDENTES NATOSJayme Brasil Garfinkel,Marcio Serôa de Araujo Coriolano,Marco Antonio RossiPaulo Rogerio CaffarelliVIcE-pRESIDENTENilton MolinaWilson TonetoDIRETORESAlexandre Malucelli,Antonio Eduardo Marquez de Figueiredo Trindade,Luis Emilio Maurette,Mário José Gonzaga Petrelli,Paulo Miguel Marraccini,Pedro Cláudio de Medeiros B. Bulcão ePedro Pereira de Freitas

cONVIDADOSLuiz Tavares Pereira Filho eRenato Campos Martins Filho

cONSElHO FIScAlEfetivosHaydewaldo Roberto Chamberlain da CostaLaênio Pereira dos SantosLúcio Antonio MarquesSuplentesJosé Maria Souza Teixeira Costa e Luiz Sadao ShibutanicONSElHO SUpERIORpRESIDENTEJorge Hilário Gouvêa VieiracONSElHEIROSAcacio Rosa de Queiroz Filho, Carlos dos Santos, Federico Baroglio, Francisco Caiuby Vidigal, Jayme Brasil Garfinkel, Jorge Estácio da Silva, José Castro Araújo Rudge, José Roberto Marmo Loureiro, Luis Emilio Maurette, Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Marco Antonio Rossi, Mário José Gonzaga Petrelli, Nilton Molina,Patrick Antônio Claude de Larragoiti Lucas, Pedro Pereira de Freitas, Pedro Rogerio Caffarelli, Thierry Marc Claude Claudon e Wilson Toneto

cONSElHEIROS NOTÁVEISAlberto Oswaldo Continentino de AraújoEduardo Baptista Vianna, João Elisio Ferraz de Campos e José Américo Peón de SácONSElHEIROS – SINDIcATOSJoão Gilberto Possiede e Júlio César Rosa REVISTA DE SEGUROSÓrgão de divulgaçãodo mercado seguradorPUBLICAÇÃO INTEGRANTEDO CONVÊNIO DE IMPRENSADO MERCOSUL – COPREME.Em conjunto com SIDEMA (Serviço Informativo do Mercado Segurador da República Argentina),EL PRODUCTOR (Publicação da Associação de Agentes e Produtores de Seguro da República Oriental do Uruguai) e Jornal dos Seguros (Publicaçãodo Sindicato dos Corretores deSeguros e de Capitalização do Estadode São Paulo).

cONSElHO EDITORIAlÂngela Cunha, Luiz Peregrino Fernandes Vieira da Cunha, José Cechin, José Ismar Alves Tôrres, Neival Rodrigues Freitas,Solange Beatriz Palheiro MendesEditora-chefe:Ângela Cunha (MTb/RJ12.555)coordenação Editorial:VIA TEXTO AG. DE COMUNICAÇÃ[email protected] - 2262.5215 Jornalista Responsável:Vania Mezzonato – MTB 14.850Assistente de produção:Fabíola Françacolaboradores:Denise Bueno, Jorge Clapp, Karin Fuchs, Lenir Camimura, Marcia Alves, Vagner Ricardo e Vania MezzonatoFotografia:Cláudia Mara, Júlio Fernandes/Ag. Full Time, Gabriel Heusiprojeto Gráfico: Maraca Design

REDAçãO E cORRESpONDÊNcIA:Gerência de comunicaçãoSocial – cNsegAdriana Beltrão, Claudia Mara eVagner Ricardo.Rua Senador Dantas, 74/12º andar, Centro - Rio de Janeiro, RJ – CEP 20031-201Telex: (021) 34505-DFNESFax: (21) 2510.7839Tel. (21) 2510.7777www.viverseguro.org.brE-mail: [email protected]ório cNseg/Brasília – SCN/Quadra1/Bloco C – Ed. Brasília – Trade Center – sala 1607Gráfica: WalprintDistribuição: Serviços Gerais/CNsegperiodicidade: Trimestralcirculação: 7 mil exemplaresAs matérias e artigos assinados são de responsabilidade dos autores. As matérias publicadas nesta edição podem ser reproduzidas desde que identificada a fonte.Distribuição Gratuita

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Editorial

Vislumbrar o consumidor do futuro, na tentativa de conhecer suas necessidades e desejos mais recônditos, para assim poder atender às demandas que possivelmente surgirão, é um desafio e tanto. Mas o cidadão de amanhã não terá avanços sociais e econômicos, não construirá uma escala de valores e nem conhecerá os meios que lhe darão acesso a bens de

consumo e à garantia de suas conquistas, se quem se propuser a atendê-lo em forma de produtos e serviços não der os passos na direção certa. E como saber qual o melhor caminho?

Este é, na verdade, o grande desafio do mercado segurador – desafio este que perdeu parte da sua dimensão quase abismal, nos dias 8 e 9 de junho, quando, reunidos em Brasília, lideranças do mercado e executivos de seguradoras, entre outros profissionais do setor, deram vida à quinta Conferência de Segu-ros, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização – Conseguro.

Fizeram parte da programação do evento temas estratégicos e apresentações ágeis e dinâmicas. Os participantes saíram dali certamente com uma vontade ferrenha não só de encontrar respostas para todas as indagações que povoavam suas cabeças, mas com o entendimento de que desafios sempre haverá, mas podem ser mais facilmente superados, se enfrentados em conjunto – entre os pares do próprio mercado e estes com o governo.

Cinco palavrinhas – ousadia, provocação, sinergia, otimismo e profissionalismo –, tendo como fio condutor o desafio, são capazes de definir a 5ª Conseguro. Logo se entende por quê. A começar pela ideia de levar a realização do evento para longe do eixo Rio-São Paulo, ancorando-a no centro das decisões políticas do País. Afinal, o diálogo com o governo é essencial.

Depois, a escolha de questões instigantes, visando estimular a reflexão e a imaginação, e de pa-lestrantes conceituados, que enriqueceram os debates dos 11 painéis e ampliaram os horizontes de quem mantinha o olhar atento, quase magnetizado, no desenrolar das apresentações.

Sem falar no ‘Corredor do Futuro’, passagem obrigatória para os participantes, que se deparavam com paredes transformadas em telas gigantes, onde eram projetadas imagens e informações sobre o mercado, a economia e a sociedade brasileira. Matéria-prima para insights, que somente mais tarde será possível conferir.

Os estandes das empresas/entidades patrocinadoras também contribuíram para o profissionalismo que marcou a organização do evento. Esta edição especial traz uma mostra dos dois dias de debates ocor-ridos na Capital da República. Boa leitura!

Um estímulo à reflexão e à imaginação

InformES adIcIonaIS E balanço do EvEntoAs discussões dos temas debatidos na 5ª Conseguro foram ampliadas com a opinião de

especialistas que não participaram do evento, com o objetivo de levar informações ainda mais aprofundadas aos leitores desta edição especial. Estas reportagens estão identificadas como ‘Informe Adicional’. E, na entrevista desta edição, o coordenador da 5ª Conseguro, Pe-dro Bulcão, faz um balanço do evento.

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 5

Responsável pela organização e

coordenação da quinta edição da

Conseguro, Pedro Bulcão, presidente

da Sinaf Seguros e membro do

Conselho Diretor da CNseg,

fala sobre as mudanças pelas

quais o País passa e suas

consequências para o mercado

EntrevistaPedro Bulcão

“o desafio do seguro équalificar a ascensão

das classes sociais”

As mudanças que vêm ocorrendo no perfil da sociedade brasileira têm provocado alterações também no ambiente de negócios do mercado

de seguros. Um contingente maior de po-tenciais consumidores, o envelhecimento da população e as catástrofes naturais, cada vez mais frequentes, representam grandes opor-tunidades, mas também riscos enormes que precisam ser criteriosamente analisados.

A avaliação é do coordenador da 5ª Conseguro, Pedro Bulcão, que chamou

atenção para o papel que o mercado deve desempenhar diante do fato de a ascensão de algumas classes sociais no Brasil estar muito centrada no consumo e em dívidas. “O desafio agora é qualificar essa ascensão. Precisamos criar condições para que estas famílias não retornem à pobreza no primei-ro solavanco, para que possam planejar o futuro, ter certeza que seus filhos poderão estudar e fazer uma pós-graduação. E são tarefas do seguro assegurar estas conquistas e qualificar essa ascensão.

Por VANIA MEZZONATO

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Revista de Seguros – Qual será, na sua ava-

liação, o perfil do consumidor do futuro e o que o

diferencia do consumidor de hoje?

Pedro bulcão – Está havendo uma grande mudança no perfil da sociedade brasileira. Há alguns anos, o Brasil era um País de ricos e de pobres, e agora tem uma classe média forte e em ritmo de crescimento. A diferença hoje é que há um mercado de consumo não mais de uma minoria, mas de centena de milhões de pessoas. Antes, os negócios do seguro eram concentra-dos nas classes altas, porque as classes mais baixas não tinham capacidade de con-sumo. A mudança que está em curso é que o mercado de consumo hoje é de 150 milhões – e não mais de 30 milhões de pessoas.

As palestras mostraram

que houve mudanças na

estrutura demográfica, social

e econômica do País. Qual

deverá ser o impacto dessas

mudanças no ambiente de

negócios do mercado?

São mudanças de toda ordem – algumas muito po-sitivas e outras que represen-tam riscos enormes, como o seguro saúde para os idosos, em função do envelhecimen-to da população. Em 1990, a População Econômica Ativa (PEA) era de 58 mi-lhões de pessoas e, em 2010, chegou a 100 mi-lhões. Quase dobrou em 20 anos, um crescimen-to impressionante, que explica em grande parte a pujança que temos vivido, além da migração de novas classes para mercado de consumo. O impacto destas mudanças traz consequências positivas e negativas, mas são oportunidades de negócios e o mercado tem que aproveitar.

O Brasil está se tornando um país de idosos.

Como estruturar o seguro saúde para atender a esta

população que demanda muito por serviços neste

segmento?

Não há problema sem solução – essa reali-dade nacional é muito mais uma oportunidade de negócio do que um problema de fato. Há de se criar condições para que a inovação pos-sa acontecer. É preciso pensar num ambiente de regulação, por exemplo, que incentive a ino-vação e a entrada de novas empresas, porque novas ideias surgem com empresas entrantes. Não faz sentido pensar em concentração de

mercado quando se precisa de dinâmica de novidades. Quando se tem poucos players consolidado não há incentivo econômico para inovar.

Como se deu a definição

do tema desta edição da

Conseguro. Houve outros que

disputaram e ficaram de fora

da pauta de discussões?

O tema foi concebido pelo nosso presidente, jor-ge Hilário gouvêa Vieira, e já recebi dele a missão de desenvolver o evento dentro deste tema, que eu considero absolutamente brilhante, no momento certo. Acho que surgiu naturalmente.

Quais foram os desafios e

dificuldades na organização do evento?

O mais difícil foi fazer caber em dois dias tantos temas interessantes e deixar de fora tan-tos outros que seriam também interessantes, mas infelizmente não conseguimos ampliar demais. Num momento de transformação como esse, que traz tantas oportunidades e desafios para o mercado, poderíamos continuar discutin-do por mais três dias sem esgotar o assunto. A construção é lenta, o quadro vai sendo montado aos poucos, mas o evento cumpriu seu papel de ser inspirador, visionário, provocador, para

“A construção é lenta, o quadro

vai sendo montado aos poucos, mas o evento cumpriu seu papel de ser

inspirador, visionário, provocador,

para estimular o mercado a pensar

diferente e melhorar seu ambiente de

negócios

Entrevista

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estimular o mercado a pensar diferente e melho-rar seu ambiente de negócios. Em apenas dois dias, com painéis de uma hora, não é possível fazer muito mais do que trazer para discussão alguns assuntos. Não se consegue aprofundar os temas. Mas a proposta é trazer, para a agenda de discussões, assuntos relevantes que possam ser aprofundados depois.

Como o Brasil deve encarar a falta de cultura

do consumo dos produtos de seguros? A solução

deve ser pensada regional-

mente?

A solução está na dinâ-mica do mercado: mais em-presas, mais ideias, mais pro-jetos e mais negócios. É pre-ciso fazer com que o seguro seja um bom negócio – as-sim vamos ter novos colegas seguradores com propostas inovadoras, eventualmente atuando em nichos ou regi-ões específicas. Dessa forma, o seguro será compreendido da melhor forma e fará parte do dia a dia das pessoas. A dinâmica do mercado é que fará isso acontecer.

Os microsseguros podem

ser um caminho para se che-

gar aos rincões mais distantes?

No Brasil, em função de o país ser cada vez mais de classe média, não faz muito sentido achar que o microsseguro será a solução ideal para este mercado. É muito mais importante tornar o seguro cada vez mais popu-lar, cumprindo um papel social na vida das pes-soas. O microsseguro é importante, mas é uma discussão menor diante desta situação.

O País passa por um momento econômico

muito favorável, com grandes eventos no calen-

dário dos próximos anos. Além do seguro garantia

para as grandes obras de infraestrutura, quais ou-

tros nichos podem ser explorados pelo mercado?

A questão do seguro garantia é a possibi-lidade de desempenhar um papel muito mais relevante na gestão dos investimentos públicos. E estou falando agora como cidadão, não como segurador. Eu quero sim a excelência na gestão destes recursos. Acho que o governo seria mais eficiente e faria uma gestão melhor se usasse de forma adequada o sistema do seguro garantia.

Como o setor de seguros vai influenciar no

futuro da sociedade brasileira?

A ascensão de algumas classes sociais no Brasil está muito centrada no consumo e em dívidas. O desafio agora é qualificar esta ascensão e esse papel vai ser desempe-nhado em muito pelo mer-cado de seguros. Precisamos criar condições para que estas famílias não retornem à pobreza no primeiro solavan-co (e solavancos acontecem), para que possam planejar o futuro, ter certeza que seus filhos poderão estudar, fazer uma pós-graduação. Essas tarefas são do seguro: assegurar estas conquistas e qualificar essa ascensão.

Em sua palestra, o repre-

sentante da Swiss Re, Rolf Stei-

ner, informou que os governos do México e do Haiti

contrataram seguros para cobrir eventos climáticos.

Este modelo é apropriado ao Brasil?

Seria melhor para todos nós que o governo brasileiro também contasse com esta proteção. A tarefa do seguro não é pagar sinistro, mas sim oferecer soluções de transferência de risco, num processo de mutualismo. O seguro contribui muito ao orientar empresas, governos e pessoas sobre como mitigar seus riscos. De um modo geral, iria ajudar muito se a ferramenta do seguro fosse mais utilizada para isto. •

“A tarefa do seguro não é

pagar sinistro, mas simoferecer soluções de transferência de risco, num processo de mutualismo. O seguro contribui

muito ao orientar empresas, governos

e pessoas sobre como mitigar seus

riscos

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abertura

meta é tornar o seguro parte da cultura nacional

Mercado deve ampliar diálogo para falar diretamente com o público

O principal desafio que se impõe ao Brasil, neste cenário de mudanças e transformações no ambiente socio-econômico – em que as classes C e

D despontam como novo público consumidor –, é o da mudança de comportamento para que a mitigação de riscos passe a fazer parte da cultura do brasileiro.

E o mercado deve fazer seu dever de casa, mostrando a importância dos produtos do se-guro para garantir a manutenção do patrimônio conquistado e a melhoria da qualidade de vidas das famílias. A avaliação foi feita pelo presiden-te da CNseg, jorge Hilário gouvêa Vieira, na solenidade de abertura da 5ª Conseguro, que aconteceu em Brasília, nos dias 08 e 09 de junho, reunindo mais de 500 participantes.

Uma das grandes preocupações do mercado, na avaliação de jorge Hilário, é ampliar o diálogo e falar diretamente com esse público, para informá-lo cada vez mais sobre os produtos do seguro. Para ele, além de desafios, o novo momento traz

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também oportunidades traduzidas no aperfeiço-amento da prestação de serviços e na criação de produtos específicos para os novos consumidores.

Política pública

A estratégia para se atingir essa meta passa, se-gundo o presidente da CNseg, pela regulamenta-ção do projeto de lei do Microsseguro, que tramita no Congresso Nacional e vai permitir o desenvolvi-mento desse tipo de seguro no País. “A regulamen-tação do microsseguro é uma questão de política

“As seguradoras brasileiras precisam superar entraves regulatórios para ganhar competitividade no mercado mundial. Ainda podemos avançar na condição de pilar de sustentação do desenvolvimento” Jorge Hilário

Público e autoridades: mais de 500 pessoas participaram da abertura do evento, que contou com a presença de autoridades do governo, do parlamento e do mercado segurador

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“Esta é uma oportunidade valiosa para aproximar as empresas da sociedade civil, fortalecer o diálogo e intensificar as práticas que tornam o setor estratégico para o desenvolvimento do Brasil” Senador Dornelles

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abertura

pública, uma vez que pode ser um importante instrumento para garantir sustentabilidade às po-líticas sociais para a ascensão socioeconômica das camadas mais pobres da população”, afirmou.

Ao citar alguns dos temas que estarão em discussão em Brasília, como as oportunidades que virão com os investimentos de grandes obras de infraestrutura, o papel da indústria de seguro diante dos impactos das catástrofes naturais, jorge Hilário foi categórico: “As seguradoras brasileiras precisam superar entraves regulatórios para ganhar competitividade no mercado mundial. Hoje, somos o maior mercado da América Latina, mas podemos avançar ainda mais, especialmente na condição de pilar de sustentação do desenvolvimento do Brasil”.

Na pauta do evento, uma variedade de assun-tos para a reflexão coletiva, como as novas regras de solvência; microsseguros; seguros populares; acesso da nova classe média ao seguro; os im-pactos das mudanças do perfil demográfico da população brasileira; a correlação entre as obras de infraestrutura e o seguro garantia; o meio ambiente e o seguro de catástrofes; além das perspectivas para os seguros de saúde, vida e previdência.

Setor estratégico

O senador Francisco Dornelles (PP/Rj), que participou da abertura do evento, representando o Senado Federal, elogiou a iniciativa da CNseg de promover um encontro que visa aprimorar o relacionamento das seguradoras com o consu-midor brasileiro. “Esta é uma oportunidade valio-sa para aproximar as empresas seguradoras da sociedade civil, fortalecer o diálogo e intensificar a troca de boas ideias e práticas que fazem do mercado segurador brasileiro um setor estratégi-co para o desenvolvimento do Brasil”, destacou.

Representando o ministro da Previdência Social, garibaldi Alves Filho, o secretário de Políti-cas de Previdência Complementar do Ministério, jaime Mariz de Faria junior, afirmou que, para sustentar o crescimento econômico do Brasil, é preciso aumentar a poupança interna, cuja formação é de responsabilidade do mercado de seguros. “Temos a necessidade de lastrear o

crescimento do País e o Ministério da Previdên-cia Social trabalha para aprovar o projeto de lei 19.992/07, que institui a previdência complemen-tar para o futuro servidor público”, informou.

O presidente da ANS, Maurício Ceschin, que representou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a população acima de 60 anos já repre-senta 10% dos 62 milhões de usuários de seguros e planos de saúde e 25% dos custos do segmento. “A vida produtiva dos nossos netos, que viverão 100 anos, será o dobro da dos nossos pais. O grande desafio será lidar com esse novo ser humano, que terá necessidades e desejos totalmente novos”.

Ainda participaram da mesa de abertura o deputado Saraiva Felipe (PMDB/Mg); o superin-tendente da Susep, Paulo dos Santos; os presiden-tes das quatro Federações, jayme Brasil garfinkel (FenSeg), Marco Antonio Rossi (FenaPrevi), Marcio Serôa de Araújo Coriolano (FenaSaúde) e Ricardo josé da Costa Flores (FenaCap); o vice-presidente da Fenacor, Robert Bittar, representando o pre-sidente Armando Vergílio dos Santos junior; e o coordenador da 5ª Conseguro, Pedro Bulcão.

mais autoridades

Estiveram também presentes à solenidade de abertura da quinta edição da Conferência Brasileira de Seguros gerais, Previdência Privada, Saúde Suplementar e Capitalização, que acon-teceu no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, os deputados federais Hugo Napoleão (DEM/PI), Osmar Serragllio (PMDB/PR), Eduardo Sciarra (DEM/PR), André Zacharow (PMDB/PR) e Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP); o embaixador Paulo Tarso Flexa de Lima; o presidente do INSS, Mauro Luciano Raushild; a procuradora-chefe da Susep, Luciana Portal; e a secretária geral e executiva da ANS, Luciana Silveira.

A 5ª Conseguro foi promovida pela CNseg, com o apoio das suas associados: FenSeg (Fe-deração Nacional de Seguros gerais), FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) e FenaCap (Federação Nacional de Capitalização). •

“Para sustentar o crescimento econômico do Brasil, é preciso aumentar a poupança interna, cuja formação é de responsabilidade do mercado de seguros” Jaime Mariz

“A vida produtiva dos nossos netos será o dobro da dos nossos pais. O grande desafio será lidar com esse novo ser humano, que terá necessidades e desejos totalmente novos” Maurício Ceschin

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Transição demográfica“O perfil demográfico da futura sociedade brasileira”

Palestrante: josé Eustáquio Diniz Alves da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (ENCE/IBgE)Coordenador: Paulo Marracini, presidente do Conselho de Administração da Allianz Seguros e diretor da CNsegDebatedor: Cássio Turra, do Centro de Desen-volvimento e Planejamento Regional, da Uni-versidade Federal de Minas gerais (UFMg)

O Consumidor do Futuro“Desafios e oportunidades para a sociedade brasileira”

Palestrante: Prof. Eduardo giannetti da FonsecaCoordenador: Antonio Cássio dos Santos, CEO de Seguros gerais para a América Latina do grupo Zurich e vice-presidente da CNsegDebatedor: Samuel Pessoa, economista da Fundação getúlio Vargas

Meio Ambiente e Seguro Catástrofe “ Uma visão geral sobre os acontecimentos catastróficos em 2010 no mundo e relação das experiências com os últimos anos”

Palestrante: Rolf Steiner, vice-presidente sênior da Swiss Re BrasilCoordenador: jayme Brasil garfinkel, presi-dente da Porto Seguro e da FenSeg e vice-presidente da CNsegDebatedores: Washington Novaes, represen-tante da Mapfre, e Bosco Francoy, presidente da Mapfre Re

Ao longo de dois dias inteiros, integraram a pauta de discussões da 5ª Conseguro 11 painéis de debates, que reuniram palestrantes e debatedores em torno de temas relevantes para o futuro do mercado segurador (veja a relação a seguir). As conclusões e propostas dos debates estão detalhadas ao longo desta edição especial da Revista de Seguros.

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Rolf Steiner, Jayme Garfinkel, Washington Novaes e Bosco Francoy

Eduardo Gianetti, Antonio Cássio dos Santos e Samuel Pessoa

José Eustáquio, Paulo Miguel Marracini e Cássio Turra

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Microsseguros e Seguros Populares “Como ampliar as fronteiras da proteção securitária no Brasil”

Palestrante: Hennie Bester, da Centre for Financial Regulation and Inclusion Coordenador: Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros e da FenaPrevi e vice-presiden-te da CNsegDebatedores: Murilo Chaim, coordenador geral de Seguros e Previdência Complementar (SPE, Ministé-rio da Fazenda) e Pedro Bulcão, presidente da Sinaf Seguros e membro do Conselho Diretor da CNseg

Freakonomics “O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”

Palestrante: Steven Levitt, coautor do livro FreakonomicsCoordenador: Patrick Larragoiti, presidente do Conselho de Administração da Sul América e 1º vice-presidente da CNseg

Solvência II“Experiência e tendências na Europa”

Palestrantes: Michaela Koller, diretora executiva do European Insurance and Reinsurance Federa-tion – CEACoordenador: Renato Russo, vice-presidente da SulAmérica e da FenaPreviDebatedores: Prof. Aloisio Araújo (FgV e IMPA), Samuel Monteiro dos Santos junior, vice-presidente do grupo Bradesco Seguros, e Bruno Pereira, da Leblon Euquities.

Regulação, Concorrência e Consumidor “A regulação pela perspectiva do consumidor”

Palestrante: Daniel goldberg, presidente do banco Morgan Stanley Brasil e ex-secretário de Direito Eco-nômico do Ministério da justiçaCoordenador: Pedro Bulcão, presidente da Sinaf Seguros e membro do Conselho Diretor da CNsegDebatedores: joão gilberto Piquet Carneiro, da Veirano Advogados, e Lucia Helena Salgado, ex-Ipea, autora do livro Marcos Regulatórios no Brasil: judicialização e Independência.

abertura

Lucia Helena, Daniel Goldberg, Piquet Carneiro e Pedro Bulcão

Murilo Chaim, Marco Antonio Rossi, Hennie Bester e Pedro Bulcão

Patrick Larragoiti e Steven Levitt

Bruno Pereira, Renato Russo, Michaela Koller, Samuel Monteiro e Aloisio de Araújo

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Vida e Previdência Privada “Seguros de vida individuais e previdência privada”

Palestrante: Robert Kerzner, CEO e presidente da Li-mra, Loma e LL global, Inc.Coordenador: Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon Seguros e Pre-vidência e vice-presidente da CNsegDebatedores: Fábio Lins de Castro, presidente da Prudential do Brasil Seguros de Vida, e Eugenio Velas-quez, diretor da Bradesco Vida e Previdência

Títulos de Capitalização“Sorteios e realizações: dos tempos dos mil réis à era digital”

Palestrante: Prof. Roberto Macedo, economista, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fa-zenda e ex-coordenador das atividades do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSPCoordenador: Natanael A. de Castro, diretor comercial da BrasilCap CapitalizaçãoDebatedor: Carlos Infante de Castro, presidente da SulAmérica Capitalização

Seguros de Saúde para o Consumidor do Futuro “O desafio do acesso à saúde”

Palestrante: Patrick Kennedy, ex-deputado do Con-gresso dos EUACoordenador: Marcio Coriolano, presidente da Fena-SaúdeDebatedores: Darcisio Perondi, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Saúde, e josé Cechin, diretor da FenaSaúde

Seguro garantia “O sistema de garantias competitivas como processo de controle da eficácia econômica”

Palestrante: Alexandre Malucelli, vice-presidente do grupo j. Malucelli, membro do Conselho Diretor da CNseg e presidente da Panamerican Surety Associa-tion – PASAcoordenador: josé Américo Peón de Sá, assessor de Desenvolvimento Relacional da CNsegdebatedor: Luis Claudio Barreto, vice-presidente Sure-ty Bonds, Trade Credit e Risco Político da Odebrecht Administradora e Corretora de Seguros

Fabio Lins, Nilton Molina, Robert Kerzner e Eugênio Velasquez

Carlos Infante, Natanael de Castro e Roberto Macedo

José Cechin, Dep. Darcisio Perondi, Patrick Kennedy e Marcio Coriolano

Luis Claudio Barreto, José Américo Peón de Sá, Alexandre Malucelli e José Frias de Sousa

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transição demográfica

mudanças alteram o perfil demográfico

O país que era eminentemente rural até a década de 1960 está cada vez mais urbano e essa tendência é irreversível

O Brasil vive o melhor momento demográfico de sua história – e a estrutura etária do País vai continu-ar favorável até 2025. A afirmação

foi feita pelo demógrafo josé Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísti-cas, do IBgE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística), em sua palestra sobre “Transição demográfica – o perfil demográfico da futura sociedade brasileira”, no primeiro dia de deba-tes da 5ª Conseguro.

O debate foi mediado por Paulo Miguel Marracini, diretor da CNseg e presidente do Conselho de Administração da Allianz Seguros, e contou com a participação do demógrafo Cássio Turra, do Centro de Desenvolvimento e Plane-jamento Regional, da Universidade Federal de Minas gerais (UFMg).

As mudanças pelas quais o Brasil vem pas-sando nas últimas décadas têm alterado subs-tancialmente seu perfil demográfico. O País que era eminentemente rural até a década de 1960

está cada vez mais urbano e essa tendência é ir-reversível. Além disso, há cada vez mais mulheres que homens brasileiros, ao contrário do obser-vado no mundo. As pessoas do sexo feminino vivem em média 7 anos mais no Brasil que as do sexo masculino.

População reduzida

Outro dado relevante é a inversão da taxa de mortalidade e de natalidade, que levou à redução da população. A taxa de fecundidade que era de 6 filhos por mulher até a década de 60, hoje é de 2,1. E a longevidade da popu-lação está em ritmo avançado – em 2040, as pessoas com mais de 65 anos serão em núme-ro superior às de zero a 14 anos. “O auge será

Por VANIA MEZZONATO

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em 2025. Então, o País tem uns 15 anos para aproveitar a chamada ‘janela de oportunida-de’ e o bônus demográfico é enriquecer antes de ficar velho”, alertou.

Um dos aspectos mais flagrantes de todas estas mudanças é a redução da pobreza, que alcançava cerca de 40% da população brasileira antes do Plano Real. Depois, caiu para 35% e nesta década alcançará os índices mais baixos da história. “A desigualdade continua alta, mas vem caindo de forma acentuada. Esta alteração é resultado do aumento de renda, que vem sendo constante desde o Plano Real”, disse o demógrafo.

Em 2004, cerca de 50% da população brasi-leira eram da classe D e E. Em 2011, são 65% dos brasileiros compondo as classes A, AB e C e, em 2025, serão 90%. “O Brasil será predominante-mente um País de classe média”, afirmou josé Eustáquio.

desempenho da economia

A segunda metade do século 20 foi o perío-do da história em que a economia, a população e a renda mundial mais cresceram. De 2000 a 2050, o crescimento da economia e da renda será superior ao da população – a renda deve

Para se ter uma ideia das mudanças que estão por vir, a economia dos Estados Unidos, que em 2009 era considerada a mais avançada do mundo, será ultrapassada pela da China, até 2050. O Brasil ocupará o quarto lugar no ranking mundial. O aspecto demográfico é fundamental neste processo, afirmou o representante do IBgE: as economias avançadas estão envelhecendo e a demografia impulsiona o crescimento das economias emergentes. “Os países emergentes são os que mais crescem e isso vai fazer com que o mundo fique menos desigual nas próxi-mas décadas”.

Os aparelhos celulares – equipamentos que sintetizam todas as revoluções industriais do século 20 – podem ser um bom exemplo a mu-dança econômica mundial em curso: em poucos anos, eles serão em número maior que a po-pulação. Esta realidade já é observada no Brasil, onde os telefones móveis somam 210 milhões de unidades, contra 190 milhões de pessoas.

Pegada ecológica

Mas nem tudo são flores para as economias emergentes. A pegada ecológica e o aqueci-mento global devem merecer atenção especial dos governos nos próximos anos: a população

“A desigualdade continua alta, mas vem caindo de forma acentuada. Esta alteração é resultado do aumento de renda, que vem sendo constante desde o Plano Real”

José Eustáquio

“ No Brasil, a transferência

pública de recursos é a principal fonte de financiamento

de consumodos idosos

– o que deixa pouca margem

para o mercado privado atender

aos mais velhos ”Cássio Turra

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dobrar em 25 anos. Esta é uma tendência nova, observada a partir do século 21, a partir do desempe-nho das economias emergentes.

Segundo josé Eustáquio, até então, as economias mais avan-çadas do mundo puxavam a eco-nomia mundial. O quadro mudou quando as economias emergentes dispararam – puxadas principal-mente pela China e Índia. “Em 2007, os países do g-7 representa-vam 50% da economia mundial. Em 2014, a economia do g-20 (que reúne 12 países emergentes) irá ultrapassar as mais avançadas e o grupo vai indicar o próximo presi-dente do FMI.

mundial já consome mais do que o planeta consegue repor e o au-mento do aquecimento cresce a um ritmo assustador.

“Um estudo da ONU prevê que, se houver investimentos de US$ 1,3 trilhão na economia ver-de mundial, será possível reduzir drasticamente a pegada ecológica e o aquecimento global”, afirmou o demógrafo, ressaltando que as energias renováveis também são fundamentais para reduzir a emissão de CO² na atmosfera. Neste aspecto, o Brasil pode tirar vantagens de sua natureza, abun-dante em água, sol, vento, ondas e biomassa. •

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transição demográfica

ALGUMAS CONCLUSÕES

➜ se o crescimento econômico do País se mantiver entre 4% e 5% ao ano, será possível manter o pleno emprego da população, reduzir a pobreza e avançar no crescimento da classe média.➜ o aumento do bem-estar e do consumo e o novo lugar da mulher na sociedade vão abrir grandes oportuni-dades de negócios.➜ o brasil deve aproveitar os pró-ximos 15 anos para enriquecer antes de começar a enfren-tar o processo de envelhecimento e se preparar para os desafios que virão, de modo a se tornar um País mais justo, democrático e com mais inclusão social.

O ponto fundamental das mudanças que vêm ocorrendo no Brasil é a simultaneidade das transições – demográfica, epidemiológi-ca (saúde), educação, mercado de trabalho e familiar – e como elas afetam a família, o mercado e o estado brasileiro. Segundo o debatedor Cássio Turra, demógrafo do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, da Universidade Federal de Minas gerais (UFMg), estas transições geram novas oportunidades para o mercado de seguros e dois tipos de mudança: de composição e de comportamento.

Do ponto demográfico, se a natalidade cai, o envelhecimento sobe e há impacto na composição da população. “Os padrões que norteiam estas transições se repetem em

Impactos ainda são uma incógnita para o brasil

alguns países do mundo, mas as mudanças que provocam ainda são pouco conhecidas no Brasil, porque temos deficiência de dados e de medidores”, afirmou ele, sugerindo que o mercado de seguros ajude a compor estes dados através da análise de seus subgrupos. “O desconhecimento gera riscos novos”, acrescentou.

As consequências do aumento da expec-tativa de vida – principalmente das mulheres, que é a maior desde 1840 e “ultrapassa todas as apostas” – ainda é uma incógnita no Brasil, apesar de pontuada pela linearidade: aumenta uma média de três meses a cada ano. “Sabe-se muito pouco sobre o comportamento da lon-gevidade no País, que oscila de geração para geração. Quando se fumava muito se morria

mais. A mortalidade por nível de escolari-dade, por exemplo, é desconhecida”, infor-mou Cássio Turra.

Segundo ele, um desafio para o mercado segurador é entender como as pessoas transferem recursos para manter o nível de consumo ao longo do ciclo de vida. “No Brasil, a transferência pú-blica de recursos é a principal fonte de financiamento de consumo dos idosos – o que deixa pouca margem para o mer-cado privado atender aos mais velhos”.

o crescimento da classe média no brasil13

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4923 2003 2011 2025

os últimos e os próximos 40 anosIndicadores educação e trabalho 1970 2010 2050Taxa de alfabetização (%) 60,0 92,7 99

Anos médios de estudo ambos os sexos (anos) 2,4 7,5 13,0

Anos médios de estudo mulheres (anos) 2,3 7,7 14,0

População em Idade Ativa (milhões) 52,0 131,0 140,0

População Economicamente Ativa (milhões) 29,6 100,4 114,0

PEA masculina (milhões) 23,4 56,0 60,0

PEA feminina (milhões) 6,2 44,4 54,0

Razão de dependência demográfica (%) 85 48 59

Fonte: UN/ESA, IBgE, ENCE

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InformE adIcIonal

longevidade coloca em risco a aposentadoria pública

O aumento da expectativa de vida dos brasileiros seria uma conquista social digna de co-memoração não fosse o ritmo

acelerado dessa mudança demográfica. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBgE), a população idosa irá mais do que triplicar nas próximas quatro décadas: passará de menos de 20 milhões, em 2010, para 65 milhões, em 2050, passando a representar quase 50% dos habi-tantes. Em contrapartida, o ritmo da taxa de fecundidade está em desaceleração.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea ) revela que a po-pulação deverá decrescer depois de 2030. Até lá, a tendência é de redução do contin-gente de jovens menores de 20 anos e de aumento da população superenvelhecida, fenômeno semelhante ao que ocorre em países desenvolvidos.

A pesquisadora do IPEA, Ana Amélia Camarano, uma autoridades no estudo de

questões populacionais, o Brasil também terá pela frente o grande desafio de prover recursos para financiar o sistema de seguri-dade social, que hoje cobre 80% da popula-ção idosa. Entre os países da América Latina, o Brasil é o que oferece a maior cobertura previdenciária para a população com mais de 65 anos. Conforme dados do Ministério da Previdência Social, mensalmente são pa-gos 28 milhões de benefícios.

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Por MÁRCIA ALVES

O aumento da expectativa de vida pode comprometer a sustentação do sistema de seguridade social

demanda por benefícios

Para Ana Amélia, não se pode ignorar que a demanda por benefícios da seguridade social tende a crescer no médio prazo e, na ausência de mudanças, a acentuar o desequilí-brio financeiro da Previdência Social. Hoje, 6,45 indivíduos em atividade geram recursos para cada beneficiário, em 2050 essa proporção será de apenas 1,9. “O modelo tradicional de

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concessão de aposentadoria não pode ser aplicado no futuro”, diz.

O diretor da Nunes & grossi, Keyton Pe-dreira, especialista em previdência, diz que a adoção do fator previdenciário, na década de 90, serviu para impedir a explosão das contas da Previdência. Hoje, porém, ele entende que novas mudanças são necessárias. “A questão é qual direção o governo seguirá: a de uma reforma válida para todos, aplicada de forma progressiva, ou se optará pela mudança so-mente para aqueles que ingressarem no mer-cado de trabalho depois”, questiona.

Idoso na ativaMas a pesquisadora do IPEA adverte que

as mudanças não podem ser bruscas, sob o risco de aumentar a taxa de pobreza entre os idosos. “O envelhecimento populacional é uma grande conquista e não deve trazer embutida a sua falência”, diz. Entre as alternati-vas para garantir a sustentação do sistema no futuro, ela aponta a adoção da idade mínima para a aposentadoria para aqueles que estão

entrando no mercado de trabalho.Na avaliação da pesquisadora, para ameni-

zar o desequilíbrio no futuro é preciso incenti-var a permanência na ativa, pelo maior tempo possível, em conjunto com medidas, como a adoção de políticas de saúde ocupacional para reduzir a aposentadoria por invalidez e a capa-citação dos idosos, para inseri-los no contexto das mudanças tecnológicas – além de reduzir o preconceito contra o idoso. “A aposentadoria compulsória aos 70 anos é um absurdo que precisa ser revisto, pois esses têm grande capa-cidade de envolvimento, grau de comprometi-mento e cumprimento de metas”, diz.

A mais recente edição do estudo “O Futu-ro da Aposentadoria”, realizado pelo HSBC em 17 países e divulgado no início de junho, revela que 50% dos brasileiros entrevistados não se sentem financeiramente preparados para a aposentadoria – 25% não sabem qual será sua fonte de renda no futuro e 10% esperam con-tinuar trabalhando. Mas o estudo mostra que 51% têm o hábito de fazer planejamento finan-ceiro, dado acima da média global (50%). •

“A aposentadoria compulsória aos 70 anos é um absurdo que precisa ser revisto pela sociedade e pelos empregadores. Os idosos têm grande capacidade de envolvimento, grau de comprometimento e cumprimento de metas” Ana AméliaCamarano

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consumidor do futuro

Sociedade deve adotar novos hábitos de consumo

Para ajudar o Brasil a ser uma grande nação, o consumidor precisa mudar o hábito de desfrutar hoje sem pensar no amanhã

O consumidor do futuro tem um enorme poder nas mãos: garantir que o Brasil seja uma grande na-ção. É ele quem determinará mu-

danças no pacto social com o governo e no comportamento das empresas com a sociedade. Para que ele exerça esse poder com sucesso, é preciso começar a mudar um hábito arraigado, e muito estimulado pelo período inflacionário, de desfrutar hoje sem pensar no amanhã.

Estamos falando de um grupo de consu-midores formado praticamente pelos mais de 190 milhões de habitantes do Brasil, dominado pelo sexo feminino: 97,3 milhões de mulheres e 93,9 milhões de homens. Mais de 80% vivem na área urbana, com forte tendência de con-sumo. Mais de 32 milhões de pessoas ingres-saram na classe C na última década e outras 30 milhões deverão seguir o mesmo caminho nos próximos anos.

Projetando dados do crescimento popula-

cional com base geográfica para os próximos 40 anos, estima-se que boa parte do contin-gente de consumidores será nordestino ou nortista, mulher e/ou negro. Os dados foram apresentados durante a palestra “O Consu-midor do Futuro – desafios e oportunidades para a sociedade brasileira”, proferida pelo professor Eduardo giannetti da Fonseca, sob a coordenação de Antonio Cássio dos Santos, CEO da Zurich para a América Latina e vice-presidente da CNseg.

consumidor exigente

Incluindo dados do avanço da tecnologia – o número de celulares já ultrapassa o da po-pulação –, os estudos remetem para um con-sumidor exigente, bem informado e que sabe o que quer. Ele compra menos por impulso e mais economia, para realizar desejos como a casa própria, lazer e educação. E vai pesquisar na internet antes de comprar. Se tiver dúvidas na escolha, vai priorizar as companhias que mais investem em responsabilidade social.

Mas para chegar a esse consumidor, o Brasil tem que transformar desafios em opor-tunidades. “A grande pergunta que os brasilei-ros devem fazer é se desta vez será diferente”, sugeriu o professor Eduardo giannetti da Fon-seca. Afinal, o Brasil tem algumas premissas que ajudam no resultado macroeconômico de sucesso obtido nos últimos tempos. Uma delas é que o mundo está em crise, o preço

Por DENISE BUENO

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“O Brasil tem que se preparar para ser uma nação que irá transferir riqueza para as próximas gerações. Essa mudança vai garantir que o País seja uma grande nação”Eduardo Gianetti

das commodities está em alta e a China, maior parceiro comercial do Brasil, cresce a um ritmo acelerado.

Por outro lado, temos gargalos que po-dem comprometer o crescimento da última década, se não forem superados. “Não vemos a poupança interna aumentar, os investimen-tos em relação ao PIB ainda são muito infe-riores aos de outros países, a carga tributária representa 35% de toda a produção e a taxa de juros é elevada para segurar o dólar no país”, citou Samuel Pessoa, da Fundação getú-lio Vargas (FgV), que participou do debate. “O projeto de crescimento numa sociedade de-mocrática é construído todo dia no Congresso Nacional e a nova classe emergente tem um grande poder nas mãos”, acrescentou.

tempo perdido

Uma unanimidade é que se o Brasil quiser ser uma nação rica terá de recuperar o tempo perdido e investir em infraestrutura e em ca-pital humano. Se não o fizer vai lamentar por não tirar proveito da grande oportunidade que se apresenta neste virtuoso ciclo econô-mico. “O Brasil tem que se preparar para ser uma nação que irá transferir riqueza para as próximas gerações. Essa mudança vai garantir que o país seja uma grande nação”, aposta giannetti.

Enquanto a China investe 40% do PIB, o Peru 27% e os EUA mais de 30%, o Brasil apre-senta índice inferior a 20%. “Temos uma carga tributária de 35% e um déficit nominal de 2%, com uma capacidade de investimento irrisória. Isso terá de mudar para que possamos transfe-rir riquezas do presente para o futuro”, afirmou ele, acrescentando que há também um déficit enorme de moradia e que mais de 40% da população brasileira ainda não dispõem de acesso à rede de esgoto.

giannetti citou, por exemplo, que o Brasil ficou em 54º lugar no ranking de 65 países do Programa de Avaliação Internacional de Estu-dantes (Pisa), que testa os conhecimentos de

alunos de 15 anos. “O Estado gasta mais com o pagamento de 3 milhões de inativos e pensio-nistas dos estados e municípios do que inves-te em 37 milhões de crianças que frequentam o ensino público”, enfatizou.

Pela ótica de giannetti, há duas grandes tendências no futuro. A primeira é manter o crescimento de 4% a 4,5% ao ano e o controle da inflação, para não ser obrigado a apertar a política monetária, postergando o tão sonha-do equilíbrio econômico e social. A segunda é a inclusão de uma enorme parcela da popu-lação no mercado de consumo. Há a combi-nação da nova classe média com o dividendo demográfico. E nos próximos 20 anos haverá uma proporção crescente de pessoas produti-vas, que poderão se dividir entre consumido-ras e poupadoras, uma vez que três quartos da renda são acumulados entre 30 e 50 anos. •

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mídias sociais democratizam a comunicação

Uma marca não “fala” mais sozi-nha. Se antes o domínio da in-formação significava ter poder, hoje compartilhá-la é que faz

toda a diferença. Quanto mais pessoas e organizações dividem o conhecimento, mais interagem com o mundo e mais re-levantes são as informações para a socie-dade. Nasce a era da comunicação demo-crática, em que os consumidores passam a ter voz e contribuem para o aprimoramen-to de produtos, serviços e, principalmente, o atendimento das organizações.

As pessoas passaram a dividir tudo o que julgam relevante em suas vidas. Escre-vem sobre os lugares que gostam mais, quando são bem atendidas em um estabe-lecimento, indicam leituras e sites interes-santes. Ao mesmo tempo em que comparti-lham com seus seguidores ou amigos quais-quer experiências do seu dia a dia, também reforçam deslizes de empresas. Quando não gostam de um determinado produto, aler-tam seus colegas do mundo online sobre o que julgam bom ou ruim.

Essa democratização da comunicação

foi possível, em parte, graças às redes sociais. A cada dia cresce o número de empresas que usam o canal para conectar e interagir com os seus clientes. Pesquisa global da Regus (empresa líder mundial em soluções de trabalho flexível) mostra que 52% das corporações no mundo e 68% no Brasil utilizam canais sociais, como o Twitter e Face-book, para se relacionar com o seu público-alvo. Em 2010, 49% das empresas brasileiras obtiveram bastante êxito por meio da sua atuação em redes sociais, um ano depois, este índice cresceu 10%, atingindo a marca de 59%.

olhar diferente

Apesar de especialistas defenderem que o meio não é apropriado para venda e publicidade, um bom conteúdo compar-tilhado pode fazer com que o consumidor tenha um olhar diferente sobre o produto. Boa parte das companhias entrevistadas na pesquisa da Regus, no Brasil (87%) e no mundo (74%), concorda que estratégias de marketing sem a inclusão das redes sociais têm muito menos chances de sucesso.

Afinal, ouvir um consumidor é a melhor maneira de saber se um produto é bom. Esta foi uma estratégia adotada por Steve jobs, que criou o Iphone exatamente como as pessoas pediram – o que tornou o smar-tphone um objeto de desejo do mundo pela facilidade de interação com o mundo.

As redes sociais evoluíram tanto que deixaram de ser vistas como mais um recur-

Por DENISE BUENO

Os consumidores passam a ter voz e contribuem para o aprimoramento de produtos

Pesquisa global da Regus mostra

que 52% das corporações no

mundo e 68% no Brasil utilizam canais sociais,

como o Twitter e Facebook, para

se relacionar com o seu

público alvo.

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so interessante para tornarem-se imprescin-díveis. Não é para menos. O mundo “social” já conta com mais de 2 bilhões de pessoas – quase um em cada três habitantes do Pla-neta. O circuito tecnológico da informação atrai, a cada minuto, milhares de novas pes-soas plugadas nas redes.

mapeamento do Ipea

No Brasil, já são cerca de 75 milhões de internautas – em 2009, segundo o Ipea, eram 63 milhões – e estima-se que um em cada cinco acesse o Twitter. Tanto que o País já ocupa o segundo lugar no ranking de usuários no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, que respondem por metade dos membros ativos do microblog. A adesão é tanta que o Twitter desenvolveu um site totalmente traduzido.

Atualmente, a rede social mais usada no Brasil ainda é o Orkut, com mais de 32 milhões de usuários, mas sofre ameaça fre-quente do Facebook, que conta com mais de 680 milhões de usuários globais. Em maio de 2011, 19 milhões de brasileiros tinham perfis neste canal. Esses números não param de crescer.

banda larga

O número de acessos em banda larga no Brasil chegou a 42,1 milhões em maio deste ano, expansão de 53,5% em relação ao mesmo mês de 2010, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Os usuários do mundo digital são homens (22%), com ensino superior (41%), das classes A (59%) e B (33%), conforme mapeamento do Ipea.

O crescimento das classes C e D tem sido importante, mas é preciso levar a inter-net até a casa das pessoas. Nos últimos 12 meses, 14,6 milhões de novos clientes pas-saram a ter acesso à internet rápida no Brasil – em média um novo cliente a cada dois

segundos. As redes de 3g estão instaladas em 1.523 municípios, que concentram 75,4% da população brasileira, com 143,7 milhões de habitantes.

As redes sem fio (Wi-Fi) devem superar as cabeadas, em 2015, segundo estudo da Cisco (empresa que oferece soluções para redes e comunicações), quando os aparelhos utilizarão 37,2 exabytes de dados ao mês, contra 37 exabytes das conexões com fio. Atualmente, a rede Wi-Fi responde por 36% de todo o tráfego e, em 2015, deve chegar a 46,2%. já as conexões cabeadas, que cor-respondem a 63% do total, recuarão para 46,1%, naquele ano.

O Brasil já ocupa o segundo lugar no ranking de usuários do Twitter no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que respondem por metade dos membros ativos do microblog.

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Palestra fenacor

A autorregulação trará para os corretores de seguros a opor-tunidade de ganhar em credi-bilidade, seriedade e confiança.

A afirmação foi feita pelo presidente da Fenacor, Armando Vergílio dos Santos ju-nior, em discurso realizado na Conseguro. “Com as entidades autorreguladoras, ha-verá condições de punir e afastar aqueles profissionais cuja atuação deixa as pessoas sem proteção”, argumentou ele, que é deputado federal licenciado e secretário de Estado de Cidades em goiás.

Armando afirmou que a categoria está entre aquelas com maior grau de capilarida-de: são cerca de 70 mil corretores em todo o País, que respondem por 85% da receita de prêmios do mercado brasileiro. “A Susep não tem condições estruturais para regular, fisca-lizar e agir de maneira preventiva. E a falta de supervisão e de punição adequada afeta o mercado como um todo”, alertou.

A criação das entidades autorregula-doras foi aprovada na lei que regulamen-tou o fundo para riscos catastróficos do seguro rural, sancionada pelo ex-presiden-te Lula, no ano passado. Em abril deste ano, o Conselho Nacional de Seguros Pri-vados (CNSP) aprovou a Resolução 233/11, que dispõe sobre a forma de constituição das entidades autorreguladoras. “Essa foi a maior conquista da categoria desde a aprovação da Lei 4.594, que regulamentou a profissão do corretor”, comparou.

A resolução do CNSP prevê que as entidades funcionem como órgão auxiliar da Susep, com a incumbência de fiscali-zar, processar, julgar e aplicar sanções por infrações a normas de conduta praticadas por intermediários dos contratos de segu-ro, resseguro, capitalização e previdência complementar aberta, com exceção do seguro especializado em saúde; e de todos os corretores, pessoas naturais e jurídicas, e seus prepostos. A Susep poderá anular as decisões proferidas na autorregulação se entender que houve violação de direitos. •

PorjORgE CLAPP

“A Susep não tem condições

estruturais para regular, fiscalizar

e agir de maneira preventiva. E a falta de

supervisão e de punição

adequada afeta o mercado como

um todo”Armando Vergílio

Resolução do CNSP prevê que as entidades funcionem como órgão auxiliar da Susep

Em pauta, a autorregulação dos corretores

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corredor do futuro

“A guerra de preços será uma característica desta década. Você está pronto?” Mesclan-do informações e frases pro-

vocativas, como esta, além de dados sobre o desempenho do mercado de seguros nos últimos anos, um espaço roubou a atenção dos participantes da quinta edi-ção da Conseguro.

Um espaço para provocar a inspiração

Um mosaico com informações e dados sobre o mercado instigava os participantes a refletir

PorVANIA MEZZONATO

Para chegar à área dos estandes e ao plenário do evento, as pessoas passavam, obrigatoriamente, por um túnel completa-mente escuro, com paredes, teto e piso de plástico preto, decorado com espelhos e slides exibidos alternadamente, chamado pelos organizadores de “Espaço perspecti-va do seguro”.

O objetivo? “Provocar a inspiração”, responde o coordenador Pedro Bulcão, acrescentando que o “Corredor do Futuro”, como o espaço foi apelidado, contribuía para a proposta de tornar o evento um momento inovador, visionário e provoca-dor da inspiração.

O vídeo mostrava como deverá ser o consumidor do futuro e como o mercado segurador deve se estruturar para atendê-lo. Um mosaico contendo informações e dados sobre os mais variados aspectos dessas duas vertentes instigava os partici-pantes a refletir sobre seu papel de partíci-pe da construção do mercado de 2036.

“Neste espaço disponibilizamos uma coletânea de dados sobre a evolução do mercado e de conceito de todos os setores – muitos desconhecidos até en-tão – que pudessem cumprir esta tarefa de estimular o mercado a inovar e se inspirar para enfrentar os novos desafios. Foi uma forma de contribuir para a inspi-

ração”, explicou.Além das informações, o espaço

exibia também de modo alternado as logomarcas das quase cem em-presas do mercado de seguros, que deve crescer 12% este ano, quando atingirá a cifra de R$ 201 bilhões em receita, segundo a CNseg, que prevê o aumento da expansão do acesso ao setor pelas classes C e D e aposta ainda, entre outros nichos, no bom desempenho do seguro garantia, com a realização das obras do PAC, da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. •

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meio ambiente

catástrofes atingem países em desenvolvimento

As dez piores catástrofes naturais re-gistradas ao longo do ano passado ocorreram nos países em desenvolvi-mento. Haiti, Rússia, China, Paquistão,

Chile, Indonésia, Peru, Argentina e Uganda lide-raram o ranking das tragédias, que deixaram um rastro de quase 300 mil mortos ou desapareci-dos. A conta foi feita pelo representante da Swiss Re Brasil, Rolf Steiner, autor da palestra “Meio Ambiente e Seguros de Catástrofes”. Segundo ele, o ano de 2010 foi o terceiro maior em termos de vítimas desde 1970, quando as consequências deste tipo de tragédia começaram a ser estuda-das. Em 2009, foram menos de 15 mil vítimas.

Apenas 2% das catástrofes contabilizadas no pe-ríodo ocorreram por conta das ações do homem – os 98% restantes foram motivadas pela natureza. “Quan-to mais ocorrem sinistros provocados por catástrofes, mais altos ficam os valores segurados”, comparou. Segundo ele, os estudos não apontam aumento da probabilidade de terremotos futuros, mas preveem o aumento de eventos provocados por mudanças climáticas, enchentes, inundações etc..

Por VANIA MEZZONATO

“Faltam sistemas e

estatísticas do passado (no

Brasil). Esta é uma grande

falha e temos que nos unir

para criar um modelo de

cálculos destes novos riscos”

Rolf Steiner

o ano mais quente da históriaO ano de 2010 também foi marcado

como o mais quente da história. O motivo são as ações humanas e a emissão de gases de efeito estufa. Em todo o mundo, foram emitidas ao longo do ano passado 30,6 bi-lhões de toneladas de dióxido de carbono. Os dados foram apresentados pelo jornalis-ta Washington Novaes, que participou do debate mediado pelo presidente da FenSeg e da Porto Seguro, jayme Brasil garfinkel.

O ano de 2010 foi o terceiro maior em vítimas desde 1970, quando os estudos foram iniciados

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Economias industrializadas

As maiores perdas seguradas concentraram-se nas economias industrializadas e respon-deram por mais de US$ 25 bilhões. Em todo o mundo, as perdas seguradas atingiram a cifra de 43 bilhões. “E não aconteceram os esperados fu-racões na área do Caribe, o que deixou o resulta-do abaixo das expectativas. Mas as perspectivas para 2011 não são tão animadoras”, adiantou.

De todos os sinistros provocados pela natu-reza no mundo, em 2011, apenas 20% estavam segurados, representando os US$ 43 bilhões

pagos pelas seguradoras e resseguradoras. A maior parte (80%) foi absorvida por indivíduos, corporações e governos – pois não contavam com a proteção do seguro – e custou US$ 175 milhões. No total, as perdas econômicas soma-ram US$ 218 bilhões. “Este é um forte indicativo de que temos que nos esforçar para atingir mais pessoas, principalmente da classe C, e aumentar a penetração do seguro, além de desenvolver soluções para os governos”, sugeriu.

Rolf Steiner exemplificou com o caso do México, que tem um contrato firmado com a Swiss Re para cobertura de 5 anos contra alguns eventos climáticos previamente estipulados. O valor também é pré-definido e depositado para garantir a liberação imediata em caso de sinistro. “O dinheiro é imediatamente liberado e o gover-no pode começar o trabalho de reconstrução”. O governo do Haiti, depois do terremoto que de-vastou o país em janeiro de 2010, também con-tratou cobertura especial para estas ocorrências e para os fenômenos meteorológicos.

No Brasil, onde não há incidência de terre-motos e furacões, os riscos se concentram ape-nas nas inundações e geram um feito positivo, segundo Steiner, que são os preços atrativos. Mas como não há cultura de gerenciamento de riscos no País, os parâmetros são desconhecidos. Estima-se que 10% da população brasileira (cer-ca de 19 milhões de pessoas) estejam expostos a riscos de inundações no País. •

o ano mais quente da história

“As mudanças climáticas estão na 20ª posição no ranking de preocupação das seguradoras. É preciso o momento socioeconômico brasileiro para criar a cultura do seguro no consumidor”Bosco Francoy

Segundo o jornalista, este volume de emissão de poluentes está próximo do limite tolerado pelo planeta e, se for ultrapassado, pode tornar irreversível o aumento da tem-peratura, provocando derretimento de ge-leiras e chuvas torrenciais. A ONU já alertou também sobre o processo de desertificação do planeta, que atinge 2 hectares por mi-nuto e representa ameaças à produção de alimentos, além de riscos de doenças.

Na opinião do debatedor Bosco Francoy, presidente da Mapfre Re, as seguradoras não estarão preparadas para enfrentar os riscos pro-vocados pelas catástrofes naturais se não colocar o assunto na sua pauta de prioridades. “A mudan-ças climáticas estão na 20ª posição no ranking de preocupações das seguradoras”, informou. Segundo ele, os riscos catastróficos só serão mi-tigados quando a cobertura do seguro for com-partilhada por governos e iniciativa privada.

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Planeta não sobreviverá ao consumo desenfreado

Não é preciso retroceder muito no tempo para constatar que as catástrofes naturais estão au-mentando. Os terríveis terremo-

tos que assolaram o Haiti e, em seguida, o Chile foram superados pelo terremoto seguido de tsunami que devastou parte do japão neste ano. É fato que os desas-tres naturais estão aumentando, mas a percepção das pessoas sobre a frequência e intensidade é influenciada pela mídia, que também está mais ágil em registrar e transmitir esses eventos.

A avaliação é do jornalista especializado em meio ambiente, André Trigueiro, defensor ferrenho da preservação da natureza e autor de livros sobre meio ambiente, que faz ques-tão de separar o joio do trigo em relação à ação humana na ocorrência de algumas catástrofes naturais. “A Terra tem 4,5 bilhões de anos e não estamos aqui há tanto tempo. Por isso, não acredito que esses fenômenos

estariam ocorrendo de forma consistente-mente fora da série histórica”, analisa.

Por outro lado, ele concorda com a corrente majoritária dos cientistas que atribui à humanidade parte da culpa pelos desastres naturais associados à mudança do clima. As chuvas intensas que provo-cam enchentes e deslizamentos de terra em vários pontos do País teriam relação com a queima progressiva de petróleo, carvão e gás, a destruição das florestas, a quantidade de lixo – especialmente de matéria orgânica que se decompõe ao ar livre e gera o gás estufa – e também com a ineficiência de alguns setores da indús-tria, que demandam muita energia. “Tudo isso está dentro de um pacote civilizatório. Fazemos parte do problema e agora preci-samos fazer parte da solução”, diz.

Praga de gafanhotos

A solução é frear o consumo, cujo efeito para o planeta é comparável ao da praga de gafanhotos. “Em bom português: não dá para todo cidadão ter um automóvel, comer carne duas vezes ao dia, consumir um celular a cada seis meses, um iPad a cada oito me-ses e ter um closet abarrotado de roupa. Es-tamos falando de um estilo de vida que, para não representar risco à nossa existência, de-termina novos hábitos de consumo”, opina Trigueiro. Considerando que o planeta é um só e que os recursos são finitos, o jornalista diz que o primeiro alvo dessa mudança de

Por MÁRCIA ALVES

Especialista em meio ambiente relaciona mudanças climáticas ao consumismo e defende novos hábitos para salvar o planeta

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“Se as classes C, D e E ascendem socialmente com o mesmo apetite insaciável de consumo dos 20% que estão no topo, então esquece civilização e sustentabilidade, porque não haverá solução”André Trigueiro

hábito devem ser as elites, que representam 20% da população mundial.

“Temos de desarmar as elites, fazendo com que se sintam constrangidas em con-sumir”, sugere Trigueiro, destacando que o consumo consciente depende da evolu-ção da sociedade, que tem dado exemplos com a substituição das sacolas plásticas, uma iniciativa que vem gerando debates e campanhas pela eliminação deste tipo de embalagem. “Há dez anos consumíamos como se não houvesse amanhã. Hoje, te-mos mais consciência de que não se con-some impunemente”.

bens de consumo

O jornalista também chama a aten-ção para os hábitos de consumo da grande parcela da população que ascen-deu socialmente. “Todos têm o direito

de viver com dignidade e de consumir o que bem entender. Mas não podemos negar que isso representa um aumento brutal na demanda por roupa, eletrodo-mésticos, eletroeletrônicos e outros bens de consumo”, diz.

Para evitar que esta tendência se acentue, ele destaca a necessidade de uma mudança cultural e sugere que as classes emergentes também sejam edu-cadas para o consumo, acrescenta o jor-nalista. “Se as classes C, D e E ascendem socialmente com o mesmo software que rege o apetite insaciável de consumo daqueles 20% que estão no topo, então esquece civilização e sustentabilidade, porque não haverá solução”, diz. Para Tri-gueiro, o custo dessa mudança é menor do que o custo da inércia. “Não podemos perder essa janela de oportunidade. A semente está lançada”, conclui. •

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microsseguros e Seguros Populares

Popularização dos produtos depende da distribuição

Por KARIN FUCHS O

Brasil caminha para a regulação do microsseguro, mas alguns desafios ainda são entraves à sua popularização. O primeiro deles

é a inclusão social sustentável. “O Brasil tem programas que são modelos para o mundo, como o ‘Bolsa Família’ e o ‘Brasil Sem Miséria’. Porém, pela baixa capacidade de poupança da população de menor renda, esses programas correm o risco de gerar dependência”, alertou Hennie Bester, do Centro de Regulação Finan-ceira e Inclusão (Cenfri), uma instituição sul-africana que colabora para a formulação de modelos de regulação financeira para a inclu-são social, em sua palestra “Microsseguros e Seguros Populares”.

Além da poupança, são primordiais a edu-cação e a disseminação do seguro para garantir a inclusão sustentável. “Na China, por exemplo, um projeto-piloto de microsseguros abrangeu 120 milhões de pessoas. A visão do governo

chinês é a de que o seguro faça o máximo pos-sível pela população, para que o governo faça o mínimo possível”, comentou Bester.

Para que os microsseguros e os seguros populares de fato atinjam a população de baixa renda, o primeiro passo é a distribuição e o baixo custo. “Entre as alternativas, uma possibilidade é o canal bancário, cuja comer-cialização pode ser regulamentada pela Su-perintendência de Seguros Privados (Susep)”, disse Bester, sugerindo também a venda em funerárias.

Em comentário à exposição de Bester, Murilo Chaim, coordenador-geral de Seguros e Previdência Complementar da Secretaria de Política e Econômica do Ministério da Fazenda – que participou do debate ao lado de Pedro Bulcão, presidente da Sinaf Seguros, membro do Conselho Diretor da CNseg e coordena-dor da 5ª Conseguro –, afirmou que os altos custos de distribuição limitam o alcance dos produtos e o seu valor para os clientes. “A sinistralidade é reduzida, o que é um excelen-te indicador para a solvência, mas mostra que os valores pagos aos segurados são baixos e que a maior parte está sendo consumida pela distribuição”, afirmou.

Produto atrativoSegundo Bester, para chegar a este pú-

blico, o produto deve ser genérico, como as coberturas de seguro desemprego, despesas funerárias, entre outras. “A minha sugestão é escolher duas coberturas e ressaltá-las quan-

Especialista também defende a criação de produtos com coberturas atrativas que atendam a população de baixa renda

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do forem feitas campanhas de conscientiza-ção a esse público sobre a importância em ter uma proteção.”

Simplificar as transações também é neces-sário, em função do alto custo do papel. Entre as propostas estão a documentação digital e a venda de seguros pelo celular, a maneira mais barata de se trabalhar os seguros populares, que ainda levará um tempo para se tornar ha-bitual no Brasil. “O governo brasileiro não gos-ta muito de abrir concessões, mas a redução de impostos é uma maneira de todos saírem ganhando”, expôs Bester.

rede varejistaApesar do bem-sucedido modelo de dis-

tribuição por meio das redes varejistas, Chaim alertou que nem sempre os seguros vendidos por estes canais condizem com as necessidades dos consumidores. “Muitas dessas vendas não são tão importantes para o segurado, mas aca-bam tendo grande valor para os distribuidores, pois mitiga os riscos que eles mesmos têm.”

Por fim, ressaltou que é preciso buscar canais alternativos de distribuição e atingir a população que não tem conta em banco. Sobre a questão tributária, ele entende que a melhor forma é a subvenção ao prêmio, como

“ Na China, um projeto-piloto abrangeu 120 milhões de pessoas. A visão do governo é a de que o seguro faça o máximo possível pela população, para que ele faça o mínimo possível”

Hennie Bester

dPvat: um modelo de sucesso

O diretor-presidente da Bradesco Segu-ros e Previdência e também presidente da FenaPrevi, Marco Antonio Rossi, mediador do debate, destacou o DPVAT como um mo-delo de sucesso de seguro popular, pouco lembrado no Brasil. “Todos os anos, o DPVAT paga cerca de R$ 2,6 bilhões em indenizações. Para muitos, o valor pode ser considerado baixo. Porém, para as pessoas que recebem R$ 13.500 de indenização podem significar uma

sobrevida e uma tranquilidade em termos de estabilidade familiar por algum tempo”.

Rossi lembrou que a Seguradora Líder, administradora do DPVAT, foi criada com a união de 70 seguradoras do mercado para melhorar as condições de atendimento nessa área. “Sem dúvida, é um case muito positivo que muitas vezes não tem o devido valor quanto se observa o mercado de se-guros como um todo”, finalizou.

ocorre com o seguro rural, mas em relação à exigência de solvência das seguradoras, ele acha que não deve ser alterada. “O que está sendo vendido nestes casos é uma promessa e as empresas precisam ser sólidas e ter regras de solvência bem seguras”, concluiu. •

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nova classe média: maior símbolo é a carteira de trabalho

A nova classe média brasileira não só veio para ficar como já é a dominan-te do ponto de vista econômico. Um estudo feito pelo economista-chefe

do Centro de Políticas Sociais da Fundação getúlio Vargas (FgV), Marcelo Neri, intitulado “A Nova Classe Média Veio para Ficar?”, a classe emergente, batizada de classe C, concentrou 46,24% do poder de compra dos brasileiros, em 2009, superando as classes A e B, que res-ponderam por 44,12% no mesmo período.

Baseado em dados das economias brasilei-ra e internacional, nos resultados de pesquisas domiciliares e de estudos específicos sobre a situação do brasileiro ao longo das últimas décadas, o economista da FgV disse que, entre 2001 e 2009, a taxa de crescimento dos mais pobres no Brasil foi muito maior do que a dos mais ricos, o que aumentou o padrão de vida de mais da metade da população.

Padrão atípico

“A renda dos pobres cresceu 540% a mais do que a dos ricos. O crescimento

brasileiro tem sido inclusivo, o que é prepon-derante para a nova classe média. A taxa de crescimento na Região Nordeste, por exem-plo, está muito maior do que no restante do país, inclusive em São Paulo, o estado mais rico”, comparou Neri.

O economista chamou a atenção para o que considera um ‘padrão atípico’ no de-sempenho socioeconômico do Brasil nos últimos anos. “Os grupos que mais cresce-ram são os tradicionalmente excluídos, é um ponto fora da curva nos padrões de desen-volvimento dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)”, afirmou.

No período entre 2003 e 2011, de acor-do com a pesquisa da FgV divulgado no final de junho, 39,6 milhões de brasileiros entraram na classe C, enquanto 9,2 milhões ingressaram nas classes A e B. já a classe D perdeu 7,9 milhões de pessoas (redução de 24,03%) e a classe E perdeu 24,6 milhões (menos 54,18%). Com isso, segundo o estu-do, a “nova classe média” brasileira passou, nos últimos dois anos, de 50,45% da popula-ção para 55,05%, contabilizando mais de 100 milhões de integrantes.

Emprego formal

Na avaliação de Marcelo Neri, o cresci-mento robusto do emprego formal, duplica-do desde 2004, caracteriza a ascensão desta nova classe média, cujo principal símbolo é a carteira de trabalho. Em 2010 foram ge-rados 2.136.947 novos empregos formais,

Por VANIA MEZZONATO

Entre 2003 e 2011, 39,6 milhões de brasileiros entraram na classe C e 9,2 milhões, na A e B

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Hierarquia social

De 2003 a 2008, 19,5 milhões de brasi-leiros conseguiram sair da pobreza. Com mais 1 milhão registrados em 2009, são mais de 20 milhões de pessoas que, nos últimos sete anos, ascenderam na hierar-quia social do Brasil. Entre 2008 e 2009, em pleno ano de crise, a taxa de pobreza caiu de 16,02% para 15,32% – uma queda de 4,32%. “O Brasil está crescendo, as pessoas estão sendo empurradas para cima”, avaliou.

Apesar de as taxas de crescimento do Brasil ainda permanecerem em níveis inferiores aos dos outros BRICS (Brasil, Rús-sia, Índia, China e África do Sul) – como a China, em particular – a qualidade do crescimento brasileiro é indiscutivelmente melhor do que a do país asiático em vários aspectos, segundo Marcelo Neri. “O Brasil é uma democracia, mas ainda enfrenta mui-tos obstáculos, incluindo um sistema de en-sino fraco, baixas taxas de poupança e um emaranhado de obstáculos regulatórios. Mas, para as perspectivas de crescimento futuro, o que importa não é o nível absolu-to desses fatores, mas como eles evoluem no tempo”, concluiu. •

“ Os grupos que mais cresceram no Brasil são os tradicionalmente excluídos, é um ponto fora da curva nos padrões de desenvolvimento dos países do BRIC”Marcelo Neri

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contra 657.596 em 2000. “E isso foi feito sem reforma trabalhista, o que é surpreendente”.

Desde o final da recessão de 2003 que o Brasil cresce de forma praticamente con-tínua. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 6,5%. Na média, no perío-do entre 2003 e 2009, a taxa de crescimento do PIB per capita foi de 2,88%. Mas a renda PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, da Fundação Instituto Brasileiro de geografia e Estatística, o IBgE) superou esse desempenho e alcançou, no mesmo intervalo de tempo, 4,71% ao ano. Ultrapas-sou o PIB em 1,83 pontos percentuais.

“O crescimento brasileiro tem sido alta-mente inclusivo, o que é fator preponderante para o surgimento de uma nova classe média. É diferente do que ocorre na Ásia”, explicou o economista Marcelo Neri. De 2001 a 2009, segundo dados apresentados por ele, a renda dos brasileiros mais pobres cresceu a uma taxa de 6,79%. No período, a renda per ca-pita dos mais ricos aumentou 1,52% ao ano. Um dos principais reflexos desse quadro é a tendência decrescente da pobreza nacional aferida a partir de 2003. Naquele ano, estudo da FgV apontou a existência de 49 milhões de pessoas vinculadas à classe E, a mais baixa do estrato social brasileiro.

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freakonomics

Pense em uma ideia mirabolante ca-paz de mudar o mundo. Em segui-da, reflita sobre outra mais básica. Se precisar escolher em qual investir,

aposte as fichas naquela ideia mais linear. “A solução para todos os nossos grandes pro-blemas tem uma resposta simples e objetiva”, assegurou o economista Steven Levitt, autor da palestra “Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta”.

Segundo o expositor, no mundo corpora-tivo é preciso desrespeitar as regras para pro-mover mudanças e conclamou todos os parti-cipantes a pensar em um ou duas boas ideias

por ano, dedicando-se a sua execução. Como exemplo, ele citou uma experiência própria: durante 10 anos concentrou-se em uma ou duas boas ideias, que resultaram na criação de seus best-sellers ‘Freakonomics’ e ‘SuperFre-akonomics’. Para ele, os incentivos são funda-mentais para se criar um ambiente propício às ideias promissoras no plano econômico.

Steven Levitt, que se notabilizou por de-safiar a “sabedoria convencional”, conquistou a medalha Clark, prêmio dado a contribuições econômicas relevantes a economistas ameri-canos com menos de 40 anos. Uma de suas conclusões mais provocantes foi relacionar o aborto à queda da criminalidade nos Estados Unidos nos anos 90.

Na quinta edição da Conseguro ele vol-tou ao tema. “Crianças indesejadas têm mais propensão a virar criminosos quando adultos”, disse ele, cuja tese causou comoção nos EUA, já que os cerca um milhão e meio de abortos feitos nos Estados Unidos são praticados por mulheres pobres, adolescentes e solteiras.

Coordenador da palestra, o 1º vice-pre-sidente da CNseg Patrick Larragoiti (também presidente do Conselho de Administração da SulAmérica), lembrou que tanto os indi-cadores de fecundidade no Brasil e o núme-ro de mortes em confrontos, no caso do Rio, estão em declínio graças às ações combina-das dos governos federal, estadual e a pre-feitura. Ao mesmo tempo, o crescimento do consumo pela classe D é outro motivo de alento para todas as atividades econômicas, inclusive o seguro. •

Grandes problemas têm soluções simples e objetivas

Por VAgNER RICARDO

Os incentivos são fundamentais para criar um ambiente propício às ideias promissoras

Steven Levitt

Uma das conclusões mais

provocantes do economista

e escritor foi relacionar o

aborto à queda da criminalidade

nos Estados Unidos nos

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Solvência II

Europa consulta mercado sobre as regras de capital

Por jORgE CLAPP

O grande desafio é ter um modelo ajustado para evitar excessos na exigência de capital

Na Europa, a implementação da “Sol-vência II” (regras de capital baseado em risco para as seguradoras) está sendo feita com base em ampla

consulta ao mercado e a partir de troca de infor-mações entre órgãos reguladores e supervisores. A informação foi dada pela diretora geral do Comitê Europeu de Seguros (CEA), Michaela Koller, na palestra “Experiência e Tendências na Europa”. “Há consultas formais e informais, um diálogo intenso e estudos de impactos, custos e benefícios”, disse ela, que também é executiva da Federação Europeia de Seguros e Resseguros.

Para Michaela, o grande desafio é ter calibragem adequada e um modelo mais ajustado para evitar excessos na exigência de capital. “Se não acertamos a mão, corremos o risco de ver o capital migrar para os regimes menos exigentes”, afirmou, acrescentando que houve experiências negativas de regulação do capital, no passado, implementadas sem consultas e troca de informações. O resultado final foi o aumento dos preços pagos pelos consumidores.

Para o vice-presidente do grupo Bradesco

Seguros, Samuel Monteiro dos Santos junior, que participou do debate, há muitas diferen-ças entre o modelo brasileiro e aqueles aplica-dos na Europa e nos EUA. “Somente aqui há o vínculo das reservas técnicas. E é bom lembrar que, em 25 anos, apenas cinco seguradoras brasileiras quebraram – e, na maioria dos ca-sos, por causa dos donos das companhias”.

Samuel Monteiro afirmou ainda que o mercado brasileiro não é contra as regras da Solvência II, mas quer discutir o assunto com as autoridades. “Cada país tem suas caracte-rísticas e precisamos discutir as regras entre nós”, destacou.

Outro debatedor, o professor Aloisio de Araújo, da Fundação getúlio Vargas, alertou que é preciso não agir com “mão pesada”. “O mais adequado é ter uma dosagem correta, até porque uma fragilidade residual sempre vai existir”. No mesmo painel, Bruno Pereira, da Leblon Equities, disse que é preciso buscar novas fontes de capital e garantir retorno para os investimentos feitos. •

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regulação, concorrência e consumidor

O regulador não pode obrigar todo mundo a usar um casaco gg. O alerta foi feito pelo presi-dente do Banco Morgan Stanley

Brasil, Daniel goldberg, ao apresentar a palestra “A Regulação pela Perspectiva do Consumidor”. No caso específico do mer-cado de seguros, esse casaco ficou grande demais e desconfortável para as pequenas seguradoras, que estão retendo até 50% a mais de capital, em média.

Segundo goldberg, diante desse cená-rio, é possível até que haja uma progressiva migração de fatias do mercado dessas pequenas companhias para as segurado-ras maiores, que costumam trabalhar com os chamados multiprodutos e são menos penalizadas pelo modelo vigente no País. “Exigir demais não é regular bem, pois pode provocar a anomalia da concentra-ção de negócios, o que levaria à falta de concorrência”, acrescentou o palestrante, que foi secretário de Direito Econômico do Ministério da justiça.

Fazendo uma analogia com as corridas de Fórmula-1, Daniel goldberg disse que uma equipe não pode ser punida pelos fis-cais da prova por trocar os pneus dos seus carros mais rapidamente que os demais competidores. “No caso do seguro, o mais importante é precificar os riscos corretamen-te”, observou, acrescentando que uma pos-tura equivocada pode até mesmo induzir o mercado à ineficiência, prejudicando os con-sumidores finais de produtos de seguros.

O presidente do Banco Morgan Stanley entende que a avaliação regulatória do mercado deveria ser feita não com base no acompanhamento anual, mas embasa-da em “séries de tempos” e salientou tam-bém que um “bom remédio” é a regulação prudencial, pois, no seguro, o custo do fracasso pode ser desproporcionalmente grande em comparação a outras ativida-des. “É preciso haver uma margem de se-gurança regulatória para proteger os con-sumidores dessas possíveis consequên cias desproporcionais”, assegurou.

Provisão de informações

No mesmo painel, a coordenadora de Estudos de Mercado de Regulação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Lu-cia Helena Salgado, afirmou que há um novo espaço para a regulação no mercado brasileiro. “Os órgãos reguladores devem ajudar o indiví-duo a tomar as suas decisões”, argumentou.

modelo de regulação penaliza empresas de pequeno porte

Por jORgE CLAPP

Companhias de grande porte tendem a ser menos prejudicadas pelo modelo vigente

“Diz um antigo ditado: o que engorda o boi é o olho do dono. Contudo, no caso do mercado de seguros, os donos não estão presentes para verem o boi engordar” Lucia Helena Salgado

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 37

A debatedora citou o caso do merca-do de seguros em que, muitas vezes, uma pessoa tem o poder de tomar, sozinha, as decisões que dizem respeito aos interesses de várias outras, como os investimentos em fundos. “Diz um antigo ditado: o que engorda o boi é o olho do dono. No caso do mercado de seguros, os donos não estão presentes para verem o boi engordar”, com-parou, justificando sua defesa pela presença de um agente externo. E acrescentou: “A informação é, de fato, um bem público, mas o custo é muito elevado”.

agências reguladoras

O outro debatedor do painel, o coorde-nador Regional de Antitruste do escritório Veirano Advogados, joão geraldo Piquet Carneiro, observou que o setor de seguros é o mais antigo mercado regulado por me-canismos estatais. E lembrou que prevalece no Brasil uma tendência de se adotar novas formas de regulação, consequência do “en-cantamento” com as agências reguladoras,

surgido nos anos 1990. “Atualmente, vários setores querem ter agências reguladoras próprias”, acrescentou.

Para Carneiro, há momentos apropria-dos para se fazer reformas e consolidar as normas e outras em que não é preciso fazer nada. Ele citou o exemplo do Poder judiciá-rio, que experimentou uma fase muito bem-sucedida com a implantação dos juizados de pequenas causas. “Por vezes, é prudente tentar mexer no sistema de regulação, pois há espaço para aperfeiçoamentos a partir da interação entre órgãos reguladores e agen-tes do mercado”.

Nesse sentido, o especialista entende que é possível ter alguns representantes do mercado no Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), ainda que não tenham direito a voto, para que possam ter oportunidade de conhecer a realidade como expectadores. Para ele, não haveria problema se também os consumidores fossem representados no Conselho. “Isso, sem dúvida alguma, traria alguns benefí-cios importantes”, assinalou. •

“Exigir demais não é regular bem, pois pode provocar a anomalia da concentração de negócios, o que levaria à falta de concorrência” Daniel Goldberg

“Por vezes, é prudente mexer no sistema de regulação, pois há espaço para aperfeiçoamentos a partir da interação entre órgãos reguladores e agentes do mercado” Piquet Carneiro

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InformE adIcIonal

Seguro é seguro e seguradora não é banco – e ponto! Esse é o mantra dos principais executivos da indús-tria de seguros do mundo que se

reúnem, por meio da geneva Association, com os órgãos reguladores internacionais. A missão da entidade, que reúne mais de 80 CEOs do mundo, é informar que as seguradoras não podem ser penalizadas com uma regulamentação mais rígida, pois as perdas financeiras geradas pelas crises mundiais foram concentradas nos bancos.

O esforço neste ano está mais intenso porque há projetos para todos os lados. Há os regionais (Solvência II, na Europa), os globais (International Financial Reporting Standards – IFRS) e uma infinidade de refor-mas da Associação Internacional de Super-visores de Seguros (IAIS).

Segundo Nikolaus von Bomhard, presi-dente do Conselho da geneva Association e da Munich Re, maior resseguradora do mundo, a maior discussão é se as segura-doras e resseguradoras poderão represen-

tar um risco sistêmico – que são abordados nesta discussão de uma forma que nem sempre reflete as diferenças específicas dos modelos de negócios de seguro e outros prestadores de serviços financeiros, como os bancos.

Perdas pontuais

Estudo da geneva afirma que as perdas atreladas ao mercado de seguros foram pontuais em companhias que atuavam

Seguradoras não podem pagar por erros de bancos

Por DENISE BUENO

As perdas financeiras geradas pelas crises mundiais foram concentradas nos bancos

“Estamos alertando os reguladores sobre os distintos papéis que seguradoras e bancos desempenham na economia, para preservar os interesses sociais que elas garantem” Patrick Liedtke

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com seguros financeiros ligados às garan-tias de hipotecas de alto risco, conhecidos como subprime. E o socorro dos governos aos bancos, entre setembro de 2008 e feve-reiro de 2010, totalizou US$ 1,5 trilhão.

Mas também houve casos de segura-doras cujo volume quase chegou a US$ 200 bilhões, praticamente para a AIg. A respos-ta dada pelos executivos é de que o pro-blema da AIg, que até setembro de 2008 era considerada a maior do mundo, foi ge-rado por uma divisão pequena do grupo, que faturava apenas US$ 2 bilhões por ano, diante dos mais de US$ 100 bilhões de todo o conglomerado.

A experiência acendeu o farol amare-lo dos governos, que correram para criar regras com a esperança de evitar que uma instituição gigantesca seja um risco sistêmico para a economia mundial. Desde então, os órgãos reguladores têm sinaliza-do uma forte tendência de adotar normas únicas para o sistema financeiro, englo-bando todas as operações do conglome-rado internacional.

fluxo de caixa

Bomhard explicou que o modelo de negócios securitários apresenta detalhes específicos que diferem significativamente dos bancos. O seguro, disse, é financiado por prêmios iniciais, propiciando às segura-doras um ótimo fluxo de caixa operacional, sem exigir financiamento no atacado. “As apólices de seguro geralmente são de lon-go prazo, com saídas de fluxos controlados. Portanto, as seguradoras mantêm investi-mentos de longo prazo e não representam um risco sistêmico”, defende o presidente da geneva.

A regulamentação poderá gerar um engessamento do setor e aumento dos custos para os segurados. já os indicadores macroeconômicos voláteis inibem os in-vestimentos e retardam o crescimento do

setor, afirmam os executivos que participa-ram da pesquisa que irá balizar os estudos da associação para os próximos anos.

Um forte argumento da indústria de seguros é que o setor tem regras rígidas, que serão ainda mais severas com a im-plementação das normas de Solvência II previstas para 2012. Outra defesa é de que o mercado funciona como um amortece-dor para crises ao gerenciar riscos e pagar indenizações.

riscos sistêmicos

Para Patrick Liedtke, secretário-geral da geneva Association, entidade que repre-senta praticamente 80% do PIB mundial de seguros, uma das formas de ajudar a ter uma regulamentação adequada é forne-cer aos reguladores informações sobre o funcionamento do setor, de forma a deixar claro como opera e quais são os riscos sis-têmicos da indústria de seguros.

A geneva Association tem buscado esclarecer aos reguladores o quanto os riscos sistêmicos de seguradoras diferem dos riscos dos bancos. ”Estamos alertando os reguladores sobre os distintos papéis que seguradoras e bancos desempenham na economia. A chave é assegurar o bom funcionamento da indústria e preservar os interesses sociais que ela garante”, diz.

Patrick Larragoiti, presidente do Conse-lho da SulAmérica e único brasileiro a fazer parte do conselho da geneva Association, explica que uma das lutas da associação é mostrar aos órgãos reguladores que man-ter a atividade de seguro regulada por um órgão especializado traz mais segurança ao sistema do que ter a indústria controlada por uma autoridade monetária preocupada com bancos, fundos e mercado acionário. “No Brasil temos a Susep com grande influência do Banco Central. E não sofremos qualquer perda com a crise. Pelo contrário. Continua-mos nosso ritmo de crescimento”. •

Fachada da AIG:governo americano socorreu financeiramente a seguradora na crise mundial deflagrada em setembro de 2008

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o brasil ainda engatinha no seguro individual

Por KARIN FUCHS P

rodutos, preços, coberturas, distribuição e impostos são alguns dos empecilhos para que o mercado de seguros de vida individuais cresça no País. De acordo

com Nilton Molina, presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon Seguros e Pre-vidência e vice-presidente da CNseg, o resultado é uma baixa penetração do produto. “A participa-ção dos seguros de vida individuais na Argentina é de 8,6% do mercado; no Chile, é de 20,5%; e, no Brasil, de apenas 1,9%. Na comparação, mais signi-ficativo ainda é o número de prêmios em relação ao PIB: 0,05% na Argentina e de 0,03% no Brasil”.

Esses números demonstram uma enorme oportunidade para o mercado brasileiro, segun-do Nilton Molina, que coordenou a palestra “Se-guros de Vida Individuais e Previdência Privada” – ao lado dos debatedores Fábio Lins de Castro, presidente executivo da Prudential do Brasil Seguros de Vida, e Eugenio Velasquez, diretor da Bradesco Vida e Previdência – proferida por Robert Kerzner, CEO e presidente da Limra, Loma e LL global, Inc.

Robert Kerzner abriu o painel destacando que o Brasil é uma das economias que mais cres-cem no mundo e surpreende pela ascensão de classes sociais e o número de pessoas que saíram da linha de pobreza. “São 128 milhões de pessoas nas classes C e D. No entanto, apenas 30 milhões têm algum seguro de vida. No mundo, muitas se-guradoras estão utilizando alternativas inovadoras para acessar o público popular”, afirmou.

autônomos associados

Kerzner comentou que no japão as pessoas compram seguros pelo celular e que nos EUA aumentou consideravelmente a participação de autônomos associados às seguradoras na comer-cialização de seguros de vida. “No Brasil, 75% da distribuição são pelo canal bancário, enquanto nos Estados Unidos são 38%. À medida que um país amadurece, é preciso mudar os produtos e a distribuição. O mercado brasileiro deveria ser mais agressivo ou buscar alternativas”, sugeriu.

Segundo ele, a indústria de seguros precisa rapidamente desenvolver alternativas de distri-buição, como, por exemplo, o telemarketing ou canais virtuais. “No Brasil, o número de linhas celulares em operação ultrapassou a população – em abril, totalizavam 212,6 milhões de linhas – e as gerações X e Y compram produtos pela internet. Nos Estados Unidos, por exemplo, em 2006, 38% da população utilizavam a internet para obter informações sobre seguros. Percentu-al que cresceu para 52%, em 2009”.

A indústria de seguros terá de se reinventar com novos produtos e alternativas de distribuição

Seguros de vida e Previdência Privada

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Poupança sistemática

No ano de 2030, pela primeira vez no Brasil, o número de adultos dependentes da Previdência será superior ao de crianças Isso significa que o governo e as empresas terão que pensar em como esse grupo irá poupar de forma sistemática. “Talvez seja necessário oferecer diferentes produtos para atingir esse público. Cada vez mais, seguros de vida terão uma participação importante para o acúmulo de capital”, expôs Kerzner.

Considerando que até a metade deste século 40% da população mundial terão 50 anos ou mais e uma expectativa de vida de 77,5 anos, o problema tende a se agravar. “As pessoas não estão se planejando para tanta longevidade. A expectativa de vida nos últi-mos 50 anos aumentou mais do que em 5 mil anos”, comparou.

O desafio, concluiu Kerzner, é exatamente a inclusão de novos consumidores no seguro de vida, com produtos amplos, que ofereçam mais benefícios, sejam mais elaborados e que despertem nas pessoas a importância de se pensar em suas aposentadorias. “É preciso incentivar a população a poupar.” •

“À medida que um país amadurece, é preciso mudar os produtos e a distribuição. O mercado brasileiro deveria ser mais agressivo ou buscar alternativas”Robert Kerzner

Para Fábio Lins de Castro, execu-tivo da Prudencial, o mercado precisa avaliar se os produtos vendidos estão adequados, se eles protegem 100% dos segurados e se os corretores estão preparados para fazer esta análise – pois o papel deles não é apenas o de

da inclusão financeira à proteção

analisar o risco, mas também acompa-nhar o cliente, em todos os ciclos, para que o seguro de vida possa sempre corresponder às suas necessidades. “Nós podemos trabalhar com precifi-cações diferenciadas para diferentes riscos”, validou.

Eugênio Velasques, da Bradesco Vida e Previdência, afirmou que é pre-ciso educar o consumidor e conscien-tizá-lo sobre a importância da proteção. “A educação passou a fazer parte do nosso planejamento estratégico. Os ciclos de inclusão no Brasil são o social, o de moradia, o financeiro e o da proteção através do seguro”, ressaltou.

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InformE adIcIonal

como tornar o futuro economicamente mais saudável

Pesquisas realizadas em vários países da América Latina dão conta de que boa parte da população tem pouca habili-dade para tomar decisões relacionadas

ao seu dinheiro. Há muitas pessoas saindo da pobreza e procurando oportunidades. São mi-lhões de indivíduos que ascenderam na classe social e estão ávidas por consumir produtos e serviços que até então não tinham acesso.

Todos querem o consumo imediato, sem pensar muito no futuro – e com a melhor dis-tribuição de renda, os desejos podem ser con-quistados com uma linha de crédito, paga em muitas parcelas e sem entrada. O avanço do crédito deve alcançar 41% do Produto Interno Bruto (PIB) na América Latina, em 2015, confor-me expectativas do Santander. No Brasil, o cré-dito representou 46% do PIB no ano passado.

be-a-bá da economia

O fácil acesso ao financiamento facilita a realização de sonhos, mas estimula o forte consumo embalado pelo marketing publicitá-rio. E o crescente endividamento da população acende uma luz amarela nas instituições finan-

ceiras. Por isso, a saída é ensinar o be-a-bá da economia para que a população possa tomar decisões melhores.

A educação financeira é a solução para possibilitar um futuro economicamente mais saudável para todos. O tema, que já era discu-tido no mundo inteiro antes da crise financeira global de 2008, ganha força na medida em que governos têm perdas significativas e famí-lias entram para o ciclo de endividamento.

Trata-se de um esforço conjunto que envolve governo, escolas, famílias, empresas e instituições financeiras. As parcerias público-privadas são consideradas essenciais para que este objetivo seja conquistado. Embora seja visto com um investimento caro, o retorno é imensurável no longo prazo.

ascensão social

“O Brasil está mudando rapidamente e a ascensão social é uma fantástica prova

Por DENISE BUENO

O acesso ao financiamento facilita a realização de sonhos, mas estimula o consumismo

Santa Marta:

O projeto ‘Estou Seguro’ mostrou

como algumas comunidades

do Rio de Janeiro lidam

com situações inesperadas que, em sua maioria, trazem prejuízos

financeiros

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disso. Mas será preciso qualificar essa ascen-são, gerando poupança, segurança, saúde e bem-estar para essas famílias. Esse papel é da indústria de seguros”, analisou Pedro Bul-cão, membro do Conselho Diretor da CNseg e presidente da Sinaf seguros.

A mulher, que geralmente cuida do controle dos gastos, monitorando os filhos e o marido, e as redes sociais são vistas como

grandes aliadas na disseminação da educa-ção financeira. Afinal, compartilhar experiên-cias otimizam tempo e recursos. No Brasil, é ainda mais difícil quebrar as barreiras: além do analfabetismo financeiro, há o elevado custo do acesso à internet.

No mercado de seguros, a preocupa-ção quanto à educação financeira dos con-sumidores cresce. Em uma iniciativa pionei-ra, a CNseg e o IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) desenvolveram, a partir de um convite da Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT), o projeto Estou Seguro. A ação mostrou como as comu-nidades Santa Marta, Chapéu Mangueira e Babilônia, no Rio de janeiro, lidam com situações inesperadas.

O projeto contou com o apoio da Escola Nacional de Seguros (Funenseg) e da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor). Participaram da iniciativa 17 seguradoras. •

“ O Brasil está mudando rapidamente e a ascensão social, vivida por milhões de brasileiros, é uma fantástica prova disso. Mas será preciso qualificar essa ascensão e esse papel é da indústria de seguros”

Pedro Bulcão

Programa ensina a lidar com dinheiro

Outra iniciativa inovadora do mercado é a criação da Estratégia Nacional de Educação Fi-nanceira (ENEF), um programa que visa incluir temas relacionados à economia no cotidiano e na formação dos brasileiros. A ENEF também servirá como um termômetro com ações es-tratégicas para medir o nível de conhecimento da população brasileira quando o assunto é finanças pessoais e investimentos.

O trabalho é executado por um grupo especializado do Coremec (Comitê de Regu-lação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros e de Previdência e Capitalização), coordenado pela CVM (Comis-são de Valores Mobiliários) e composto por representantes do Banco Central, da Susep (Su-

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perintendência de Seguros Privados) e da SPC (Secretaria de Previdência Complementar).

De acordo com a autarquia, todos são beneficiados com a implantação da educa-ção financeira no País. As empresas ligadas aos setores econômicos ganham na facili-dade de se comunicar com os clientes que, por sua vez, passam a entender melhor do assunto, trazendo dinamismo para as rela-ções financeiras. Os trabalhos desenvolvidos em meio à ENEF são divulgados num por-tal criado exclusivamente para a iniciativa (www.vidaedinheiro.gov.br). O site funciona como um inventário dessas ações, reunindo as experiências de educação financeira exis-tentes no Brasil.

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nova marca, Prêmio, Informe e balanço Social

nova marca comemora os 60 anos da cnseg

O palco das discussões da 5ª Conse-guro, em Brasília, foi também ce-nário para o lançamento da nova identidade visual da CNseg, apre-

sentada ao mercado pela diretora executiva da Confederação, Solange Beatriz Palheiro Mendes. A nova marca pontua a comemo-ração dos 60 anos da CNseg – sucessora da Fenaseg – e visa transmitir os conceitos de in-tegração, dinamismo e evolução do mercado.

“A forma básica dos símbolos das quatro Federações que compõem a CNseg foi de-senvolvida a partir de um diagrama geomé-

trico e estável que dá estrutura ao símbolo. As cores foram mantidas, com alteração apenas nas tonalidades para facilitar a sua reprodução em processos gráficos”, afirmou Solange Beatriz. A separação dos caracteres CN do ‘seg’ no logotipo, explicou a diretora, teve o objetivo de proporcionar mais ritmo à leitura, que ficava quebrada com o agrupa-

Por VANIA MEZZONATO

O Prêmio Inovação, o Informe Anual e o Balanço Social de 2010 também foram lançados no evento

balanço Social: prestando contas à sociedadeA edição unificada 2010 do Informe

Anual e do Balanço Social do Mercado Segurador está disponível para o merca-do desde junho. O Informe Anual apre-senta os principais dados econômicos do mercado segurador, que teve receita de R$ 183,89 bilhões em 2010, 14,24% a mais que o totalizado em 2009. No ano passa-

do, havia 1.785 empresas em atuação no mercado.

O Balanço Social, que compreende os segmentos de Seguros, Previdência Complementar Aberta e de Capitaliza-ção, é uma ampla prestação de contas à sociedade sobre os recursos adminis-trados pelas instituições que operam

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 45

Prêmio mercado, logomarca e balanço Social

Prêmio vai reconhecer ideias inovadoras

balanço Social: prestando contas à sociedade

Lançado pelo presidente da CNseg, jorge Hilário gouvêa Vieira, durante a ple-nária de encerramento da 5ª Conseguro, o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga “Inovação em Seguros” vai reconhecer as melhores e mais inovadoras ideias desen-volvidas pelo mercado brasileiro no relacio-namento com o consumidor. O prêmio é dirigido aos colaboradores de seguradoras e de corretoras de seguros, além de alunos da graduação da Funenseg.

A iniciativa da CNseg é também uma homenagem ao empresário Antonio Carlos de Almeida Braga, um incentivador do desen-volvimento do mercado segurador brasileiro que, na segunda metade do século 20, impul-sionou o setor ao mostrar que a inovação e o desenvolvimento econômico estão lado a lado. “Braga representa a combinação de tra-balho bem feito com qualidade de vida. Ele é um exemplo de empresário, visionário e ami-go”, disse jorge Hilário, ao lançar a premiação.

no setor. A intenção deste documento é demonstrar a importância do seguro para a sociedade e a economia do Brasil.

A publicação lista os programas sociais apoiados pelo setor, como aten-dimento a crianças carentes, capacita-ção de menores e ações de defesa do meio ambiente, entre outros. Além das

iniciativas sustentadas por 80 empresas do mercado, vale lembrar que as segu-radoras devolveram à sociedade 66,54% do total de R$ 134,16 bilhões arreca-dados em prêmios em 2020 – 7,33% a mais que no ano anterior – na forma de indenizações, pagamento de benefícios, resgates e sorteios.

“ A nova identidade visual integra um processo de mudança para todos nós. É um novo tempo para o mercado de seguros brasileiro e é fundamental que esta união permeie cada vez mais as nossas ações”Solange Beatriz

mento das três consoantes iniciais.Pautada em sua missão de reunir as lide-

ranças, coordenar ações institucionais e po-líticas, elaborar e executar o planejamento estratégico do setor, além de representá-lo perante as autoridades setoriais e governa-mentais, a Confederação se reinventa e bus-ca a modernização em todos os sentidos. “A nova identidade visual integra um processo de mudança para todos nós. É um novo tempo para o mercado de seguros brasileiro e é fundamental que esta união permeie cada vez mais as nossas ações”. •

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O mundo mudou e cada vez mais vivenciando a era do consumidor. Prova disso foi a edição do Có-digo de Defesa do Consumidor,

em 1990, e, cinco anos depois, a criação do juizado Especial Cível, um recurso que tem levado o cidadão a reivindicar seus direitos. “O juizado Especial Cível é o único integrante do judiciário em que cresce o número de novos processos. Estamos vivendo a justiça do consumidor”. A afirmação é do professor de Direito e ex-membro da Corregedoria Nacio-nal de justiça joaquim Falcão, em palestra na 5º Conseguro.

Esse novo perfil do consumidor, mais exigente e mais atento aos seus direitos, muda também a estrutura de poder do século 21, cujo principal poder será do judi-ciário. “Hoje, um em cada quatro brasileiros

tem ação na justiça. Muito em breve será um em cada três, já que renda e escolari-dade refletem diretamente no número de ações na justiça”, previu Falcão.

Segundo ele, um dos fatores que mostra a expansão do judiciário é o crescimento da regulação de todas as atividades – e quem mais contribui para isso são as agências re-guladoras. Como crescer com esta tendên-cia de regulação?”, questionou, provocando uma reflexão.

Ônus da prova

O Código de Defesa do Consumidor, di-ferentemente do passado, inverteu o ônus da prova, que hoje é do fornecedor. Por precau-ção e respeito ao consumidor, afirmou Falcão, cabe aos fornecedores serem cada vez mais claros com seus clientes. “Muitas reclamações que chegam aos Procons poderiam ser evita-das, se as empresas prestassem mais informa-ções aos seus consumidores. Consumidor que compra de forma mais consciente cumpre o seu papel”, conclui.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), para cada 1 ano a mais na escolaridade média da população de um estado, aumenta a demanda por ser-viços judiciários em 1.182 casos novos/100 mil habitantes/ano. já uma redução de 1 ponto no percentual de pobres na popula-ção de um estado, aumenta a demanda por serviços judiciários em 115 casos novos/100 mil habitantes/ano. •

Por KARIN FUCHS

Consumidor mais consciente torna-se mais exigente com seus fornecedores

regras mais claras minimizam ações na justiça

“ Hoje, um em cada quatro

brasileiros tem ação na justiça. Muito em breve

será um em cada três, já que renda

e escolaridade refletem

diretamente no número de ações

na justiça”Joaquim Falcão

Palestra Judiciário

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A realização da Conse-guro, evento bienal organizado pela CNseg, tem o objetivo

de discutir temas estratégicos para a expansão do mercado segurador e do País. Nesta quinta edição, a conferência contou com patrocínio de entidades de peso do setor – sem o qual todos os esforços dos organizadores não alcançariam o almejado êxito –, que montaram estandes na área de circulação do evento, divulgan-do informações para o público e exibindo vídeos institucionais.

Estandes

Espaços exibiram vídeos e divulgaram informações do setor

Seguradora Líder DPVAT: lançou a 1ª edição dos boletinsestatísticos trimestrais cominformações sobre indenizaçõespagas e perfil das vítimas deacidente de trânsito. A iniciativavisa contribuir para estudos deprevenção de acidentes e deeducação no trânsito.

Funenseg: a Escola Nacional de Seguros teve dois estandes no evento. O primeiro espaço informava sobre cursos e publicações da instituição, e o outro permitia aos congressistas navegar pelo portal “Tudo Sobre Seguros”.

CNseg: disponibilizou a edição 2010 do Informe Anual e do Balanço Social e exemplares do livro “Santa Marta, o morro e sua gente”. Também distribuiu folder e exibiu um vídeo institucional sobre a Central de Serviços e Proteção ao Seguro.

IRB Brasil-Re: a pausa para o cafezinho foi a aposta do estande. Os diferentes tipos de café oferecidos renderam ao IRB novos contatos para futuros negócios. Quem visitava o espaço também podia deixar depoimentos e impressões sobre o IRB e a Conseguro.

Fenacor: apresentou vídeo institucional com detalhes da organização do XVII Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, que acontece em novembro, além de distribuir pen-drive e folder com informações sobre o Código de Ética.

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o conhecimento é essencial para a cura de doenças

Por LENIR CAMIMURA E

mpenhar esforços, tecnologia, recursos e conhecimento em prol do desenvol-vimento e acesso à saúde são premissas para atingir os desejos do consumidor

do futuro. Com este raciocínio, o palestrante do painel “Seguros de Saúde para o Consumidor do Futuro – O desafio do acesso à saúde”, o ex-deputado americano Patrick Kennedy, descreveu a necessidade de se fomentar a pesquisa sobre doenças mentais, incluindo Alzheimer, autismo e câncer, entre outras.

Filho do ex-senador Ted Kennedy e sobri-nho do ex-presidente americano, john Kennedy, Patrick cresceu sob os holofotes da política e da vida pública, o que o levou a se tornar um dos parlamentares mais jovens dos Estados Unidos, há 21 anos. No entanto, contou que enfrentou problemas sérios com o alcoolismo, depressão e com um quadro de bipolaridade – e afirmou que os problemas mentais fazem parte de sua genética. O pai dele, por exemplo, morreu por

causa de um câncer no cérebro, e outros paren-tes desenvolveram doenças como Alzheimer, demência e síndrome de Down.

Patrick Kennedy também acredita que os ví-cios são resultados de um problema cerebral, mas que podem ter cura. Enquanto estava no Congres-so americano, Kennedy defendeu a Saúde como um direito civil. Agora, depois de 21 anos de carrei-ra política, ele não concorreu à eleição, alegando que sua prioridade é se tratar e buscar recursos para investir em pesquisas sobre o funcionamento do cérebro. “O ideal é que a tecnologia e a informá-tica sejam utilizadas como recursos para encontrar a cura para as doenças mentais”, disse.

Ex-deputado americano defende a necessidade de se fomentar a pesquisa sobre doenças mentais, incluindo Alzheimer, autismo e câncer

Seguros de Saúde

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 49

valor emocional

Segundo ele, com a transição epidemioló-gica – diminuição nos casos de doenças infec-tocontagiosas, em contrapartida ao aumento nas doenças crônicas – é possível recorrer a um tratamento com uso de baixa tecnologia e custo. Para isso, Kennedy defendeu o uso de um tratamento domiciliar, por exemplo, que agrega valor emocional e ainda reduz os custos. Nos EUA, menos de 20% da população recebem esta atenção no final da vida.

“É um insulto que uma doença faça alguém se preocupar em criar os filhos e em não falir

“O ideal é que a tecnologia e a informática sejam utilizadas como recursos para encontrar a cura para as doenças mentais”Patrick Kennedy

como combinar vontades infinitas e recursos finitos

O presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano - que coordenou o painel que contou com a participação do deputado federal Darcisio Perondi, presidente da Frente Parlamentar da Saúde; e do diretor da FenaSaúde, josé Cechin – ressaltou que algumas transições sociais têm ocorrido nos últimos anos, como reflexo do avanço tecnológico, que tem levado à longevida-de da população.

Estas transformações culminam na mudança da relação entre médico e paciente, não apenas pelo acesso, mas também pela consciência do consumidor sobre sua própria saúde e o poder de es-colha do melhor tratamento. Neste senti-do, descobrir qual o desejo do consumidor do futuro e combinar as vontades infinitas aos recursos finitos se torna o maior desa-fio para o setor.

O deputado Perondi apresentou dados do Sistema único de Saúde (SUS), e defendeu o fortalecimento do siste-ma de Saúde com a parceria entre os braços público e privado. Ele ressaltou que existe uma ‘crise real’ na saúde que deve se acentuar, uma vez que não há recursos suficientes para manter a aten-ção básica.

josé Cechin lembrou que a mudança demográfica precisa de soluções para serem aplicadas antes dos próximos 20 anos, quando o envelhecimento da população deve chegar a níveis ainda maiores. Para isso, é preciso reduzir a dis-sonância entre o perfil de renda e custo, uma vez que a solidariedade entre as gerações está ameaçada. Para garantir o acesso à saúde, no futuro, uma das pro-postas é ser previdente.

porque precisa pagar um tratamento de saúde. O que se precisa é de um bom diagnóstico para evitar gastos com problemas que as pessoas não têm”, afirmou.

Segundo ele, é preciso dar segurança às pessoas de que o melhor tratamento está no hospital local. Desta forma, cria-se um sistema melhor e evita que as pessoas se afundem em dívidas para se tratar. “Para se investir em uma economia, é preciso se sentir seguro; e isto só acontecerá na saúde, quando houver uma base de dados que consiga antecipar uma epidemia ou melhorar a assistência à popula-ção”, concluiu. •

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InformE adIcIonal

Envelhecimento causa aumento de doenças crônicas

Um dos resultados do aumento da longevidade da população brasi-leira é a mudança no perfil epide-miológico. O avanço tecnológico,

que fez com que as pessoas vivessem por mais tempo, também trouxe a solução para muitas doenças infecto-contagiosas, redu-zindo sua aparição. Em contrapartida, po-rém, houve um aumento das doenças crôni-cas, que estão diretamente relacionadas ao envelhecimento da população.

Segundo dados do Ministério da Saúde, doenças como isquemia do coração, cere-brovasculares, neoplasias (câncer), doenças do aparelho respiratório e diabetes figuram entre as dez primeiras causas de mortes no Brasil. O último levantamento produzido pelo Ministério, para o estudo ‘Saúde Brasil 2009’, com dados de 2008, inclui ainda a violência – tanto no trânsito como as agres-sões físicas – entre as “doenças” que mais causam óbitos.

A cada dia, novas descobertas científicas desenvolvem vacinas e descobrem maneiras de controlar doenças, antes consideradas

letais, como a Aids. Segundo o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Márcio Coriolano, a Aids hoje é uma doença absolutamente controlada e, de letal, tornou-se uma doença crônica. “A transição epidemiológica realmente é algo impressionante. Antes muitas doenças eram absolutamente letais, mas hoje as pessoas podem se tratar e controlar seus riscos”.

Para ele, estas medidas fazem parte do desenvolvimento da sociedade, que busca melhores condições de existência. “Pode-mos imaginar que, daqui para frente, outras tantas doenças que hoje são letais podem deixar de matar. É possível que se descubra a cura do câncer, mas já existem tratamentos que trazem de volta à vida mesmo as pes-

Por LENIR CAMIMURA

A cada dia, descobertas científicas criam vacinas e formas de controlar doenças, antes consideradas letais

“ O sistema privado, não é

não pode ser considerado

como concorrente do SUS. (...) não há

uma divisão de trabalho.

Há, ao contrário, uma necessária convergência”Marcio Coriolano

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soas em situação limite, ainda que por um tempo restrito. Quem sabe daqui a algum tempo não estaremos tratando e conside-rando o câncer como doença crônica?”.

Márcio Coriolano lembrou, no entanto, que estes avanços resultam em um custo que pode se tornar impagável, caso não haja a definição de um limite de inovação tecnológica. “Esta não é uma discussão sim-ples, mas também não é insolúvel”.

Prática da prevenção

Aliadas ao desenvolvimento tecnológi-co estão as medidas preventivas. A simples mudança de hábito das pessoas, adotando medidas saudáveis como boa alimentação, prática de exercícios e redução do consumo de álcool e tabaco têm contribuído para controlar e evitar o agravamento de doen-ças crônicas. Campanhas promovidas pelo Ministério da Saúde e pelo Setor de Saúde Suplementar incentivaram a promoção da saúde e a prevenção de doenças. A visita periódica ao médico e o monitoramento dos doentes crônicos foram estimulados tanto para as operadoras de planos de saú-de e prestadores de serviço de saúde quan-to o próprio usuário.

De acordo com a gerente geral de regula-ção assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Martha Oliveira, tudo que é prevenível tem incentivo. “A saúde passou de um estado epidemiológico para outro e é ne-cessário trabalhar em conjunto para combater e controlar não apenas o diagnóstico da do-ença, mas também o estigma que o paciente passa a sofrer. Por isso, é preciso conscientizar as pessoas sobre a importância de se envolver em programas preventivos, quer seja ele uma mudança de hábito, quer seja uma campanha de vacinação”.

Ioc/fiocruzA prevenção por meio da educação

da população é citada em documento

do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) como ferramenta primordial para controle das chamadas “doenças negligenciadas”, ou “doenças da pobreza”. A nota técnica do IOC/Fiocruz, enviada ao Ministério do Desenvolvimento Social para compor o programa Brasil sem Miséria, do governo Federal, inclui uma série de doenças diag-nosticadas entre pessoas de baixa renda, como tuberculose, sífilis, dengue, doença de chagas e vários tipos de verminoses.

Segundo o Instituto, apesar de o quadro geral da saúde da população brasileira ter evoluído das doenças transmissíveis para as doenças crônicas, para algumas parcelas da população, as doenças da pobreza ainda têm relevância e somam-se às doenças crônicas.

Segundo a avaliação do Instituto, para combater a miséria no País é preciso desen-volver uma política competente e eficaz de saúde. Para tanto, apenas as medidas de pre-venção não serão suficientes: é necessário que haja uma ação multisetorial de enfren-tamento global da pobreza e, consequente-mente, das enfermidades que a assolam.

No sistema de saúde, já há um esforço conjunto do setor público e privado para conscientizar a população a participar de campanhas públicas, como a vacinação, o combate a dengue e as mudanças de hábi-to, por exemplo. De acordo com a gerente da ANS, Martha Oliveira, “é preciso caminhar juntos”. Neste sentido, o Ministério da Saúde e a Agência têm desenvolvido campanhas em parceria, como o treinamento de médi-cos sobre como lidar com a dengue, além do incentivo ao parto normal.

“O sistema privado, não é não pode ser considerado como concorrente do SUS. Aliás, a Constituição Federal estabelece que ele é suplementar, mas isso não implica dizer que há divisão de trabalho entre o SUS e o sistema privado, ou pelo menos não deve existir. Há, ao contrário, uma necessária con-vergência”, afirmou o presidente da Fena-Saúde, Marcio Coriolano. •

“ É preciso conscientizar as pessoas sobre a importância de se envolver em programas preventivos, quer seja ele uma mudança de hábito, quer seja uma campanha de vacinação”

Martha Oliveira

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O mercado de capitalização deve continuar ganhando musculatura nos próximos anos, mas precisa definir estratégias para atender

ao consumidor do futuro e, em consequência, manter o tônus muscular. A mensagem é do economista Roberto Macedo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, ao apresentar palestra “Títulos de capitaliza-ção – sorteio e realizações dos tempos dos mil réis à era digital”. Ele destacou que o futuro da capitalização deve considerar a alteração no perfil do público, avanços tecnológicos e mu-danças no comportamento de compra.

No caso do consumidor, disse ele, o mer-cado deverá experimentar uma mudança na faixa etária de seu público, com maior presença de idosos e de mulheres. O público deverá ter maior escolaridade, tendo em vista a perspectiva de mais anos de estudo e, natu-ralmente, melhor qualificação.

Nos próximos anos, as empresas de ca-

pitalização também devem se preparar para uma demanda mais acelerada proveniente do Norte e do Centro-Oeste do País, tendo em vista a contínua melhoria dos indicadores econômicos e sociais dessas duas regiões. “As novas estratégias comerciais precisam estar em linha com os avanços tecnológicos, o que significa estabelecer estratégias específicas para internet, usuários de i-pod, i-pad, por exemplo, incluindo-se aí as redes sociais e suas influências na decisão de compra”, expli-ca Macedo.

consumir e pouparDe qualquer forma, pensando no con-

sumidor do futuro, os estrategistas das em-presas de capitalização terão de enfrentar o recorrente conflito entre consumir e poupar, oferecendo aos clientes produtos inovadores, novos canais de distribuição e um exército de agentes mais bem qualificado.

Nessa altura, ele espera que o mercado tenha solucionado alguns problemas de co-municação com os consumidores – e desta-cou que dois pontos carecem de maior trans-parência. Um é a questão do valor nominal integral ou não resgatado. O outro se refere à probabilidade de premiação, que precisa ser mais bem explicada por meio de exemplos. Por fim, ele assinalou a importância de a in-formação ser simplificada, tendo em vista que hoje há prospecto de títulos com até 12 pági-nas de texto.

O mercado de capitalização apresentou crescimento anual na casa de dois dígitos nos

novas estratégias para atender o consumidor do futuro

Por VAgNER RICARDO

Mercado deverá experimentar uma mudança na faixa etária de seu público, com maior presença de idosos e de mulheres

títulos de capitalização

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 53

últimos três anos, aproveitando-se da seg-mentação de títulos em quatro modalidades e da conjuntura econômica favorável. Roberto Macedo explicou que o mercado de capitali-zação apropria-se de dois públicos distintos. Um é formado pelo mercado que já existia an-tes de 2004, quando ocorreu um crescimento mais acentuado da economia, tornando esse público maior e mais fiel. O segundo grupo surge nos anos seguintes aos da estabilidade e tem relação direta com o aumento dos empre-gos formais, pois, indiretamente, o mercado de capitalização apropria-se da entrada de novos consumidores.

carro-chefeCom bases em dados da FenaCap, Ro-

berto Macedo afirmou que o carro-chefe das vendas ainda é o produto Tradicional, aquele que restitui o valor total dos pagamentos efe-tuados no fim da vigência do contrato. Atende ao público das classes B, C e D, tendo em vista os tíquetes cobrados para os mais variados bolsos, e responde por 80% do mercado. já o Popular, que permite a participação do con-sumidor em sorteios, sem que haja devolução integral dos valores pagos no fim do contrato, está mais concentrado entre os clientes das classes C e D e detém um market share de 6%.

Ainda há o Compra Programada, que atende a clientes das classes B e C, com di-ficuldades de obtenção de crédito ou de comprovação de renda. Este nicho busca possibilitar a aquisição de bens ou serviços ou o resgate do valor pago, com participação de 1% nas vendas. Por fim, o título de Incentivo, que é a nova vedete do mercado. Este produ-to é contratado por empresas e está vinculado a um evento promocional de incentivo ou de premiação, não havendo devolução integral do valor pago. Depois de responder por um faturamento de 7% e 9%, em 2008 e 2009, res-pectivamente, sua participação desses títulos deu forte salto no ano passado, pulando para 13% e a perspectiva é de que se consolide na faixa de dois dígitos também neste exercício.

O debatedor Carlos Infante de Castro, da Sul América Capitalização, acredita que o ga-rantia de Aluguel, novo produto do mercado de capitalização, deverá ser a quinta modali-dade regulamentada pela Susep mais à frente, dada sua forte demanda.

Propensão ao riscoPara o economista, além da segmentação

por produtos, o sorteio é um dos principais atrativos da capitalização. O especialista lembra que, na capitalização, as chances são infinitamente maiores que outras modalidades de jogos. De quebra, a capitalização atende à propensão ao risco, que é típica da natureza humana. Para ele, os planos que incluem sor-teios atendem a duas características imutáveis das pessoas: o interesse pelo jogo ou sorteio e alguma disciplina para poupar.

Neste ano, as vendas prosseguem eleva-das. De janeiro a abril, a receita total alcançou R$ 4,16 bilhões, aumento de 14,8% sobre o mesmo período no ano passado. já as pro-visões técnicas cresceram 14,5%, passando de R$ 15,64 bilhões para os atuais R$ 17,91 bilhões, segundo a FenaCap. A estimativa da federação é que o mercado feche este ano com um faturamento 15% maior do que o exercício anterior. •

“As novas estratégias comerciais precisam estar em linha com os avanços tecnológicos (...), por exemplo, incluindo-se aí as redes sociais e suas influências na decisão de compra”Roberto Macedo

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A mais importante pergunta envol-vendo o seguro garantia – e motivo de rusgas entre governo e mercado – acabou sendo respondida duran-

te a 5ª Conseguro. Afinal, as seguradoras têm ou não capacidade para assumir os riscos dos megaprojetos de infraestrutura para as obras para a Copa do Mundo, Olimpíadas, Pré-sal e PAC? A notícia é tranquilizadora: as segurado-ras estão sim capitalizadas e só utilizaram um

terço de seus limites até o momento.Em números, significa que há R$ 30 bi-

lhões comprometidos de um total de R$ 90 bilhões de seguradoras e resseguradoras. “O mercado tem capacidade para aportar a gran-de maioria dos megaprojetos em estudo no País”, afirmou o presidente da jMalucelli Re, Alexandre Malucelli, autor da palestra “O siste-ma de garantias competitivas como processo de controle da eficácia econômica”, coordena-da por josé Américo Peón de Sá, assessor da Presidência da CNseg, com a participação de Luis Claudio Barreto, da Odebrecht Adminis-tradora e Corretora de Seguros.

modalidadesO dinamismo do mercado é evidente, to-

mando como base os números apresentados por Alexandre Malucelli para comprovar que o ramo vem ganhando corpo rapidamente

mercado tem como aportar os megaprojetos

Por VAgNER RICARDO

O setor de seguro garantia do Brasil teve a maior expansão nos últimos anos na AL

Seguro Garantia

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Revista de Seguros – Edição Especial – 5a Conseguro – 55

nos últimos anos. Hoje, há cinco modalidades de garantias: financeiras, obrigações privados, obrigações públicas, concessões e judiciais à disposição dos clientes. ”O mercado de segu-ro garantia brasileiro foi o que teve a maior expansão nos últimos cinco anos na América Latina, onde a taxa média de crescimento foi de 17% – no Brasil alcançou 44%”.

A relação entre sinistralidade e prêmio ga-nho também está entre as melhores da região. A taxa brasileira foi de 15% no ano passado, contra a média de 22%. Na República Domini-cana, por exemplo, esse percentual alcançou 60%, o que, para Malucelli, deixa claro que a carteira exige qualificação dos operadores. Ele lembrou que também o Brasil experimentou uma severidade da sinistralidade em 1997 (85%), 1999 (107%) e 2005 (46%). De lá para cá, oscila entre o piso de 5% (2007) e o teto de 16% (2006). No ano passado, fechou em 11%.

“O mercado de seguro garantia brasileiro foi o que teve a maior expansão nos últimos cinco anos na América Latina, onde a taxa média de crescimento foi de 17% – no Brasil alcançou 44%”Alexandre Malucelli

novas formas de contragarantias

Por ora, seis medidas são destacadas por Alexandre Malucelli, para atender à demanda crescente que se avizinha. Uma é o estabelecimento de contratos individuais de resseguros, para ampliar a capacidade das seguradoras e o escopo das coberturas. Na política de subscrição, destaca-se a iniciativa de alguns grupos criarem empresas de gerenciamento de risco, para acompanhar todas as etapas dos projetos, mesmo após a emissão das apólices.

O aperfeiçoamento das chamadas colaterais é outra iniciativa destacada, que consiste na oferta de novas formas de contragarantias pelos empreendedores (usufruto, alienação, pledge) para que o

Na política de subscrição, alguns

grupos criaram empresas de

gerenciamento de risco, para acompanhar

todas as etapas dos projetos, mesmo após

a emissão das apólices

coberturas estratégicas

Apesar do ritmo forte de crescimento, a arrecadação totalizou somente US$ 1,7 bilhão no ano passado, ainda que este ramo ofereça coberturas estratégicas para grandes obras, projetos e investimentos. É sinal também de que o melhor em termos de arrecadação estar por vir.

Afinal, lembrou Alexandre Malucelli, o Brasil deverá aplicar US$ 1,2 trilhão em investi-mentos até 2022, incluindo aí o trem-bala (US$ 120 bilhões), ferrovias (US$ 78 bi), óleo e gás (US$573 bi), geração de energia (US$ 231 bi), portos (US$ 36 bi), aeroportos (US$ 12 bi), telecomunicações (US$ 60 bi), saneamento básico (US$124 bi), infraestrutura para a Copa de 2014 (US$ 17,7 bi) e obras para as Olimpía-das de 2016 (US$ 8 bi). •

mercado possa apoiar mais fortemente seus projetos.

A análise tipo stand alone é outra me-dida relevante, que foca toda a subscrição nos mitigadores e na blindagem do pro-jeto, deixando ‘limites de operações’ dos patrocinadores dos projetos num segundo plano, que amplia a capacidade das segu-radoras.

Por fim, o cosseguro – agora uma al-ternativa muito usada pelas seguradoras para ampliar a capacidade e garantir os projetos – e o estudo da PML (Perda Máxi-ma Provável), uma ferramenta para men-surar a real exposição de garantias de um projeto, cobrando preço sob medida para a necessidades.

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O empresário, que começou a vida vendendo seguros, ocupa hoje a 8ª posição no ranking dos homens mais ricos do Planeta, segundo

a revista Forbes, e preside o grupo EBX, que desenvolve e administra negócios nos setores de mineração, energia, logística, petróleo e gás e indústria offshore. Em sua palestra, ele apontou o bom momento econômico vivido pelo Brasil e seu potencial de exportação, tornando-o um local seguro de investimentos.

Como estímulo ao empreendedorismo, Eike Batista apresentou suas empresas, sua forma de atuação, os investimentos e o retor-no alcançado. Com uma vasta experiência no exterior, o empresário ressaltou a capacidade peculiar e espetacular do Brasil no cenário de infraestrutura e de recursos naturais. “Dos anos de 1980 a 2000, ninguém sabia se o Brasil ia dar certo ou não. Acho que mesmo depois

“transição demográfica é oportunidade de crescimento”

Por LENIR CAMIMURA

A quinta edição do Conseguro terminou em tom de otimismo e ânimo, trazidos por números apresentados por Eike Batista

Encerramento

que o presidente Lula venceu as eleições, nós ainda tivemos mais uma crise, com o câmbio a R$ 4,00. Mas depois do primeiro mandato do presidente Lula, nós – eu, pelo menos –, tive-mos certeza absoluta de que não tem melhor país no mundo para se investir, para alcançar o crescimento que vislumbramos no futuro, do que o Brasil”.

cenário positivoO empresário ressaltou ainda o cenário

positivo de empregos e um índice de ex-portação de 11% do PIB e disse que, além da estabilidade econômica, o País também está vivendo o auge de sua formação social que, com grande parte da população em idade ativa, registra um alto potencial de desenvol-vimento.

Segundo Eike Batista, há uma oportunidade de crescimento no País, que combina o bom momento econômico – um quadro bem dife-rente do observado há duas décadas. “É preciso aprender a pensar holisticamente, em 360º, para ver onde estão as necessidades e superá-las. E o momento que estamos vivendo não poderia ser mais propício. É hora de buscar excelência, tecnologia, superação e iniciativas que vão além das tendências. O brasileiro não tem cultura do risco ou das ações em longo prazo, mas é preci-so investir no futuro, buscando sempre o melhor dos resultados”, concluiu. •

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“É preciso aprender a pensar holisticamente, em 360º, para ver onde estão as necessidades e superá-las. E o momento que estamos vivendo não poderia ser mais propício”Eike Batista

Depois de dois dias de intensos de debate, os presidentes das Federações que compõem a CNseg fizeram suas observações fi-nais, destacando a qualidade do evento, a importante sinergia dos setores que formam o mercado segurador, além de ressaltarem o cenário específico de cada segmento. Eles também afirmaram a importância da participação de parlamentares e das agências regu-ladoras nas discussões realizadas durante o encontro.

O então superintendente da Superintendência de Seguros Pri-vados (Susep), Paulo dos Santos, afirmou que a Susep acredita muito no diálogo, inclusive com outros órgãos públicos e que, com o mer-cado, este relacionamento se dá com a formulação da regulamenta-ção, seja através das Câmaras Técnicas ou do processo de audiência pública. “Ás vezes o resultado dos debates não é o que o mercado gostaria, mas temos procurado ouvir, compreender e responder a todas as demandas que surgem”.

já o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Bruno Sobral, disse que é preciso aplicar os conceitos de empreendedorismo tam-bém na carreira pública, de forma a agregar valor ao País. Para ele, a ANS tem feito um trabalho muito importante, regulando o lado da oferta e disciplinando o mercado de planos e seguros de saúde. Depois dos primeiros dez anos desde a criação da Agência, o órgão entra em uma segunda fase, na qual se prestigia o consumidor. “Da-mos poder ao beneficiário para que possamos ser cada vez menos necessários como agência reguladora”.

Susep e anS avaliam o evento

“Ás vezes o resultado dos debates não é o que o mercado gostaria, mas temos procurado ouvir, compreender e responder a todas as demandas”Paulo dos Santos

“Damos poder ao beneficiário para que possamos ser cada vez menos necessários como agência reguladora; a agência não pode ser autocentrada”Bruno Sobral

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O painel de encerramento dos debates contou com a coordenação do jornalista George Vidor

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Encerramento

O aumento da longevidade, destaque no evento, foi abor-dado por um prisma empresarial positivo, com ênfase nos benefícios trazidos por uma maior parcela da população em idade ativa. Esta posição foi comentada por todos os presiden-tes das Federações que compõem a CNseg. Para eles, compar-tilhar as preocupações e vislumbrar soluções voltadas para a sinergia entre os setores, garantiu o sucesso do encontro.

a avaliação dos presidentes das federações

“Foi uma injeção de ânimo e entusiasmo, desde a apresentação

do perfil demográfico e as oportunidades que nossa geração

tem, nesse momento, para desenvolver o Brasil. O painel que eu coordenei,

foi mais sombrio, falando dos riscos catastróficos, mas acho que é importante para nós, seguradoras,

ter conhecido esta realidade. A densidade e a qualidade do evento nos levaram ao sucesso”

Jayme Brasil Garfinkel (FenSeg)

“Faço coro com os demais: este evento

superou todas as expectativas,

em termos de excelência, temas e

palestrantes. Houve uma inovação,

mostrou este setor em perspectiva:

não apenas as realizações ou

posicionamento que ele tem,

mas também os desafios que vêm

pela frente. Como bons

seguradores que somos, nada

melhor que antecipar o futuro,

para que possamos

equacionar as questões

adequadamente”Marcio Coriolano

(FenaSaúde)

“Estamos atingindo o nível da indústria, da mudança de patamar de crescimento do País. Observei também um debate intenso com os órgãos reguladores, que também estiveram presentes nos debates e isso é muito produtivo. Só poderemos crescer se fizermos este trabalho em conjunto com o governo. Canal, distribuição, regulação e as seguradoras – e isto foi conseguido aqui, com muito sucesso nestes dois dias”Marco Antonio Rossi (FenaPrevi)

“Sugiro que na próxima Conseguro possamos fazer um balanço do quanto se conseguiu caminhar em direção ao que foi posto aqui. Além disso, faço uma reflexão em relação

à logística: poderíamos agregar e capturar mais valor se houvesse uma busca de sinergia entre as empresas, em projetos comuns. Isto seria relevante, uma vez que construiríamos mais valor nos investimentos no Brasil”Ricardo José da Costa Flores (FenaCap)

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