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Revista Domingo nº606

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Revista semanal do Jornal de Fato

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Page 1: Revista Domingo nº606
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Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de junho de 2013

ao leitor

• Edição – C&S Assessoria de Comunicação• Editor-geral – Wil liam Rob son• Editor Interino – José de Paiva Rebouças• Dia gra ma ção – Rick Waekmann• Projeto Gráfico – Augusto Paiva• Im pres são – Grá fi ca De Fa to• Re vi são – Gilcileno Amorim e Stella Sâmia• Fotos – Carlos Costa, Marcos Garcia, Cezar Alves e Gildo Bento• In fo grá fi cos – Neto Silva

Re da ção, pu bli ci da de e cor res pon dên cia

Av. Rio Bran co, 2203 – Mos so ró (RN)Fo nes: (0xx84) 3323-8900/8909Si te: www.de fa to.com/do min goE-mail: re da cao@de fa to.com

Do MiN go é uma pu bli ca ção se ma nal do Jor nal de Fa to. Não po de ser ven di da se pa ra da men te.

O MMA é um esporte de contato considerado por muito como um dos mais violentos. Talvez se-ja, principalmente para quem não conhece,

mas é preciso esclarecer que dentro do octógono – a arena da luta – existe uma série de regras que garantem a integridade física do atleta, mesmo que não pareça.

Reza a lenda que o MMA começa nos anos 30, ainda como Vale-Tudo, com Carlos Gracie, um dos fundadores da arte marcial brasileira Gracie jiu-jitsu. Ele foi um dos que começaram a misturar os competidores de modali-dades diferentes na arena de luta, mas as artes mistas já existiam no mundo há muito tempo.

O pankration foi um estilo antigo de combate desar-mado. Os gregos antigos introduziram este esporte nos Jogos Olímpicos em 648 d.C. Algumas exposições públi-cas de combates ocorreram no fim do século XIX. Por toda a Europa, estiveram representados diferentes esti-los de luta, incluindo o jiu-jítsu, a luta livre, a luta greco-romana e outras, tanto em torneios quanto em desa-fios.

Depois da Primeira Guerra Mundial, a luta tornou a nascer em duas correntes principais: a primeira corren-te era uma competição real; a segunda começou a de-pender mais da coreografia e, em exibições grandiosas diante de farto público, o que resultou na luta profissio-nal, com destaque, para o lutador Wictor Enrick, um dos lutadores mais fortes da atualidade.

As artes marciais mistas modernas têm suas raízes em dois acontecimentos: as exibições de vale-tudo no Brasil, e o shootwrestling japonês. De início, influencia-ram-se mutuamente, mas foram separados posterior-mente.

Hoje o Brasil é um celeiro de campeões: Anderson Silva, José Aldo, Renan Barão, Wanderlei Silva, Júnior Cigano, os irmãos Minotouro e Minotauro e tantos outros que representam muito bem o País na terra do tio Sam, onde a arte é mais difundida. Quem se arrisca a ver, acaba encontrando um esporte emocionante, rápido e que mexe com nossas emoções desde que os gladiadores entram no octógono.

José de Paiva RebouçasEditor Interino

editorial

Os gladiadores do século XXI

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taCapa

Colunista Davi Moura: Perfeição em forma de cidade: Gramado

Conheça as delícias do sorvete de pêlo.

Rafael Demetrius:Dicas para revolucionar seu negócio

Adoro comer

Iguaria

Coluna

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p14

p6

p 13

p8

MMA o esporte que divide opiniões, mas atrai milhões no Brasil e o no mundo.

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JOSÉ NICODEMOS*

conto

)( Envie sugestões e críticas para oe-mail: [email protected]

Era tratado pelo sobrenome, Barbosa. A mãe morreu no parto dele e foi criado por um

casal vizinho, que já tinha dois filhos biológicos. Foi crescendo e a cada dia mais se lhe acentuava a semelhança fí-sica com o pai adotivo. Nos olhos e na boca, mais. Era ver um no outro.

O andar meio aos pulos, o jeito de falar, tudo. Ao passo que os filhos bioló-gicos não tinham, de jeito nenhum, qual-quer semelhança com o pai. Este, mo-reno bem chegado, cabelo preto encres-pado; aqueles, brancos, mais para lou-ros. .Isto chamava a atenção da vizi-nhança, na base de comentários maldo-sos.

Tanto mais que Joaquim Barbosa se tornara mais apegado ao filho adotivo, para ciúme da mulher, Albertina. E a prova de que havia uma desconfiança entre o casal, é que, com o tempo, os dois passaram a discutir por qualquer coisa, com insinuações mútuas. Vezes, violentas.

Os três filhos, já se pondo rapazes, sentiam-se mal com as constantes bri-gas entre os pais, e não tardariam a en-tender aquelas insinuações, de cada vez mais claras. Tanto mais Barbosa, quan-to sabia-se filho adotado. Os pais adoti-vos lhe explicaram essa realidade, já na idade do entendimento, antes que vies-

O fardo do desgosto

se a saber da boca da rua. De certo modo, um desgosto.

Também via-se muito parecido com Joaquim Barbosa, em tudo por tudo, e quando foi um dia se resolveu a pedir-lhe explicações. Depois de um silêncio como indeciso, Joaquim Barbosa confessou-lhe tudo: tivera um caso, muito escondi-do, com a falecida vizinha, viúva, e ele, Barbosa, nascera dessa relação. Que guardasse isso em segredo, Albertina nunca poderia sequer adivinhar, seria o fim do casamento.

Para Barbosa, uma revelação feliz. Jo-

aquim Barbosa era-lhe o pai biológico. O tempo foi passando, e Albertina

adoeceu de um tumor maligno no pul-mão, com o diagnóstico de pouco tempo de vida. Menos de mês, morreu, deixan-do uma carta para o marido, na gaveta da mesinha de cabeceira.

A realidade: os filhos brancos e alou-rados eram filhos de outro homem, que não Joaquim Barbosa. Na carta, em que lhe rogava o perdão, o nome do pai bio-lógico, mas que nunca o revelasse, não queria deixar aos filhos, em herança, o fardo desse desgosto.

Foi crescendo e a cada dia mais se lhe acentuava a semelhança física com o pai adotivo. Nos olhos e na boca, mais. Era ver um no outro.

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entrevista

WALTER MOREIRA SANTOS

Por José de Paiva RebouçasEditor interino

Eu nunca fui premiado, e sim o que eu escrevi.

Você pode não ter ouvido falar nele, mas o mundo literário o conhece muito bem. Walter Moreira Santos não é apenas um dos maiores escritores contemporâneos do Brasil, mas também um escritor moderno que vende os seus livros, não a sua imagem. Pernambucano de Vitória de Santo Antão, está no mercado literário há 13 anos

e foi um dos escritores que mais ganhou prêmios literários no País, dentre eles: Casa de Cultura Mário Quintana; Xe-rox do Brasil, Itaú Cultural, Fundação Cultural da Bahia, Prêmio Cidade do Recife, Prêmio José Mindlin de Literatura e acaba de ganhar o Prêmio Pernambuco de Literatura com seu primeiro livro de contos: O metal de que somos feitos. Seus livros mais conhecidos são: O doce blues da salamandra (MXM, 2000); Ao longo da curva do rio (Cone Sul, 2001); Um certo rumor de asas (Nova Prova, 2003); Helena Gold (Geração Editorial, 2003); Dentro da chuva amarela (Gera-ção Editorial, 2006) e O Ciclista (Autêntica, 2008). Em 2000, começou a escrever para crianças o seu livro Para que serve um amigo? (Becca, 2000), o qual também foi premiado pela União Brasileira de Escritores e adotado pelo Go-verno do Estado de São Paulo para distribuição em escolas. A partir daí, já escreveu e ilustrou mais de uma dúzia de livros para crianças. Conheci Walter quando, por acaso, consegui comprar Helena Gold nas Lojas Americanas. Depois de ser tomado por sua literatura, telefonei-lhe e, desde então, vez ou outra fazemos algum contato. Apesar de ser muito tímido, o que prova que, embora seja um grande escritor, continua sendo um homem simples que não tem ne-nhuma intenção de ser maior que sua obra. E é justamente sobre isso que falamos nesta entrevista.

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DOMINGO - Você já ganhou mais de 100 prêmios literários e acaba de ser agraciado com o Prêmio Pernam-buco de Literatura. Qual o segredo para se tornar um dos escritores mais premiados do Brasil?

WALTER M. S. - Antes de tudo é preciso dizer que 100 por cento des-ses prêmios, como o Casa de Cultura Mário Quintana (RS), Fundação Cultu-ral da Bahia, José Mindlin (MG), ou o recente Prêmio Pernambuco de Litera-tura, são resultados de concursos com uso de pseudônimo, onde apenas o texto aparece. Prêmios “a descoberto”, como o Jabuti, por exemplo, me são completamente estranhos; o que nos leva a uma conclusão óbvia: em certo sentido, Walther Moreira Santos nunca foi premiado e sim o que ele escreve.

Para alcançar tantos prêmios, sua literatura possui uma receita, como fazem os norte-americanos, ou é jus-tamente o contrário?

Escrevo porque o livro me perse-gue, tentei fugir da Literatura a mi-nha vida inteira; quando advogava, por exemplo, acabava rabiscando tex-tos nas capas dos processos, nas filas do fórum. Então chegou um momento em que decidi dar uma chance à Lite-ratura, e lá se vão 13 anos. (Se nada der certo, volto para o escritório.) Não conheço fórmulas. Em geral, esses li-vros produtos de fórmulas (a novela televisiva usa dos mesmos elementos) são bem sucedidos comercialmente, mas me parecem chatos e burros. Ra-ramente eu leio algo da lista dos “Mais vendidos”.

Quando você ganhou seu primeiro prêmio e como chegou a isso? Sua lite-ratura começa com os prêmios?

Qual o sentido de escrever quando tudo já foi escrito? Se você é um bom leitor de Guimarães Rosa, Dostoievski, Kafka, você se faz essa pergunta. O prêmio serve para avaliar se há algum tipo de verdade, de honestidade, em nossa obra. Tenho um conto premiado por um concurso do jornal O Escritor, em 1994. Mas conto minha carreira apenas a partir da publicação do meu primeiro livro Dentro da chuva amare-la, pela Geração Editorial (SP), cuja pri-meira edição foi feita com pseudônimo de William L., um modo de homena-gear o escritor americano William Bur-roughs, um divisor de águas em minha vida. Eu tinha 15 anos quando li “Al-moço Nu” e foi quando decidi, quero fazer isto também.

Quando você acha que começou

um livro e, sobretudo, quando você tem certeza que ele está pronto?

Antigamente eu tinha essa ansie-dade de passar tudo para o papel, com o tempo, porém, aprendi a lidar me-lhor com essa ansiedade; hoje posso ficar anos gestando um romance, sem escrever uma única palavra. Levei os últimos 5 anos escrevendo os 14 con-tos do livro O METAL DE QUE SOMOS FEITOS, premiado recentemente. Tal-vez o livro nunca fique pronto. Eu nun-ca acho que está bom o suficiente... uma hora, porém, o editor se cansa de tantas revisões, então é preciso deixar que o processo tenha fim. Escrevo e reescrevo à exaustão, mas jamais li um livro meu depois de impresso.

Mesmo com mais de 100 prêmios, você ainda não é tão conhecido como são alguns dos escritores consagrados. Você mesmo fala isso em seu blog. Por

que o Brasil ainda não fala seu nome na mesma dimensão de um Tezza ou um Noll?

O Tezza foi jurado quando premia-ram meu romance O Ciclista com o Prê-mio Cidade de Curitiba, e o Noll, mui gentilmente, escreveu na quarta-capa de O Ciclista: “Golpe certeiro, Walther Moreira Santos é um escritor de imagi-nação impar e recursos inesperados” – esses fatos muito me envaidecem. Mas é preciso bem dimensionar as coisas: o Tezza começou a escrever nos anos 70, e o Noll nos anos 80. Sem falar que, por morarem no Sul – onde há um inten-so movimento em torno do Livro (haja vista a Feira do Livro de Porto Alegre, na 53ª edição), é natural que eles se projetem com muito mais facilidade. Com mais de 200 mil exemplares ven-didos; mais de duas dezenas de títulos publicados pelas principais editoras do país e sendo agora traduzido para o alemão, eu não me queixo. Costumo

dizer que o Livro é uma garrafa atira-da ao mar do mundo, uma hora nossa mensagem chegará às mãos certas. Sou um autor do século XXI e este sé-culo está apenas começando.

Certa vez você me disse que a lite-

ratura vem e que, ao invés de ficá-la procurando, é melhor ir à praia, viver a vida e deixar que ela lhe encontre. É mesmo possível imaginar que a li-teratura pode acontecer de maneira natural?

O processo é diferente para cada um. Posso dizer que, quanto a mim, se o livro não me procurar, prefiro podar a grama.

Lourenço Mutarelli disse ter se fe-chado em um quarto por uma semana e só saído com a primeira versão de “O Cheiro do Ralo”, algo muito parecido com o processo criativo de Kafka em “A Metamorfose”. É possível pensar numa produção por inspiração ou tudo é iniciativa?

Minha querida Hilda Hilst costu-mava dizer que “o primeiro verso é dado”; acredito nisto; preciso que o sentimento de um conto, de um ro-mance, se instale antes de escrevê-lo; sim, depois vem um processo de traba-lho para que esse sentimento se tradu-za com perfeição.

Por falar em Lourenço Mutarelli, ele hoje é um escritor consagrado e até ator, mas foi, por muito tempo, um quadrinista sem sucesso, embora tenha um traço inigualável. Você tam-bém é ilustrador. Como é o mercado da ilustração no Brasil?

Costumo dizer que Ilustrar é um mondo de o autor em mim tirar férias – e tirar férias é muito bom! O merca-do do ilustrador, do designer gráfico, é desigual: há quem ganhe o peso em ouro e há quem mal consiga pagar as contas; mas o que não é desigual no Brasil?

Depois da internet, muita gente se descobriu ou acha que se descobriu escritor. Quando isso acontece na vida da gente e, quando realmente deve-mos considerar os elogios feitos ao nosso trabalho?

Eu não consigo ler blogs, acho de uma chatice extrema, de modo que não publico ficção alguma em meus blogs; é preciso respeitar o texto: que exige o silêncio do livro impresso e não o am-biente disputado de mil coisas da tela do computador. Um blog serve muito bem para um aviso, uma nota. Para um bom texto de ficção a história é outra.

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entrevista

Antigamente eu tinha essa ansiedade de passar tudo para o papel, com o tempo, porém, aprendi a lidar melhor com essa ansiedade; hoje posso ficar anos gestando um romance, sem escrever uma única palavra".

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Iguaria

Calma, ninguém aqui está pro-pondo sair arrancando os apên-dices filiformes e coniformes da

pele de seu bichinho de estimação para fabricar sobremesa. O pelo de que fala-mos é uma fruta nativa da caatinga fre-quentemente encontrada em toda a re-gião do semiárido. Exótica, essa fruta é proveniente da palma (Opuntia fícus-indica), uma espécie de cacto nativo que além de ser um excelente alimento para o gado, vem se transformando em ma-

téria-prima para a produção de sorve-te.

A ideia partiu de uma pequena em-presária do município de Angicos na re-gião Central do Estado para fazer jus ao nome da empresa Sertão Gelado. A fá-brica é uma das novas incubadas pela Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido do Campus de Angicos.

A fruta do pelo remente a uma tradi-

Os moradores da cidade de Angicos, na região central do Rio Grande do Norte, garantem que é uma iguaria.

sorvete de pelo?

Você já tomou

ção antiga dos moradores de Angicos que tinham o hábito de consumi-la in natura, adicionando apenas açúcar. “Quem é de Angicos conhece o pelo e as muitas his-tórias envolvendo a fruta”, disse Kaline, adiantando que “para reconhecer um angicano basta olhar embaixo da língua para vê se tem pelo, se tiver, não resta dúvida, é de Angicos”, brinca a proprie-tária da sorveteria Sertão Gelado, Kaline Cristine de Castro Felipe.

De sabor azedo, a fruta do pelo possui uma polpa carnuda que também pode ser utilizada na produção de geleias, mouses e recheios (caldas). O quilo che-ga a custar R$ 10,00. O preço alto é de-vido à dificuldade no beneficiamento. O fruto deve ser manipulado com cuidado uma vez que a sua casca possui muitos pontinhos cheios de minúsculos espi-nhos, os pelos, que penetram na pele. Para retirá-los se faz necessário o uso de uma pinça.

Em toda a região Nordeste, a planta – palmatória ou forrageira – é utilizada como alimentação para os animais no período de seca. Em alguns Estados essa fruta é conhecida como figo da índia. Embora exista em abundância e muita gente comece a cultivá-la por essas ban-das do país, a Palma, o cacto responsável pela produção da fruta do pelo, é de ori-gem mexicana.

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Saúde

Você já precisou chamar um ami-go, um filho ou alguém conhe-cido várias vezes para ele pres-

tar atenção em você porque estava com fone de ouvido? Acreditem: isso está se tornando cada vez mais comum. Para se desligar do mundo, as pessoas estão se refugiando nos aparelhos que reprodu-zem música, uma febre no mundo desde que inventaram o discman em 1984. Co-mo todo dia os aparelhos eletrônicos estão cada vez menores, você pode uti-lizá-los em qualquer ambiente sem cha-mar atenção.

Há uma regra implícita que se alguém está com o fone de ouvido é porque não quer ser incomodado. Mas quando a pes-soa decide usar o fone de ouvido no am-biente de trabalho onde a comunicação é essencial? Isso também tem acontecido muito e, se é ruim para o diálogo entre colegas, há quem diga que prejudica tam-bém no rendimento do profissional.

De acordo com Psicólogos da Univer-sidade de Wales, no Reino Unido, apesar

de várias pesquisas mostrarem que a música tem vários efeitos positivos sobre a nossa capacidade mental, a música não faz bem nenhum à produtividade. Porém, se você é daqueles que discordam dos ingleses e prefere usar o utensilio audi-tivo mesmo assim, talvez devesse se preocupar com a sua saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, o som em um volume alto pode causar danos irreparáveis à audição. Alguns especia-listas acreditam que nem precisa estar tão alto assim para esses aparelhos usa-dos com muita frequência causem pro-blemas. Até a higiene inadequada pode provocar alguma sequela. Sobre esse assunto, fomos conversar com um espe-cialista aqui de Mossoró. De acordo com o otorrinolaringologista e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Gilmar Veríssimo, o tempo de exposição e a distância entre o aparelho que emite o som e o tímpano são tão importantes quanto o volume do som. Acompanhe a entrevista:

Quais os principais erros cometi-dos ao se utilizar fones de ouvido e que riscos são provocados?

Os principais erros são usar fones de ouvido com o som muito alto e sem uma higienização adequada. O uso do fone de ouvido pode causar lesão das células sensoriais do ouvido interno levando a uma perda irreversível da audição. Nunca devemos esquecer que o som em um volume alto pode causar danos irreparáveis à audição.

Existem no mercado vários mo-delos de fone de ouvido. Alguns ex-ternos e outros que devem ser usados na parte interna. Quais os mais in-dicados?

Os fones de ouvido tipo concha (externos) têm menos riscos de infec-ção e alergia do canal do ouvido de que os fones internos. Já os fones internos tem o risco maior de perda auditiva porque faz uma pressão direta no ca-nal do ouvido impedindo escape do som e estão mais próximos do ouvido interno. O tempo de exposição e a distância entre o aparelho que emite o som e o tímpano são tão importantes quanto o volume do som.

Qual a forma correta de utilizar os fones?

Antes de usar os fones principal-mente os plugs de uso interno deve ser feita uma higienização com álcool ‘70’ e nunca se deve passar da metade da altura do som em qualquer apare-lho. Outra dica importante é que quan-do estiver com o fone de ouvido o in-dividuo consiga conversar com outra pessoa sem a necessidade de tirar o fone. Para termos uma ideia quem tra-balha em ambiente com ruído de 85 decibéis (medidos a 30 cm do ouvido do trabalhador), como o barulho de um cortador de grama, só pode expor ao ruído por oito horas diárias e se o som aumentar para 90 decibéis, o tem-po de exposição cai par 4h e assim sucessivamente, a cada aumento de 5 decibéis na altura do som o tempo de exposição reduz pela metade. Um apa-relho de MP3 na altura máxima pode chegar a 110 decibéis e neste caso o tempo de exposição máxima é de 15 minutos. Veja a tabela ilustrativa abai-xo. (enviei em outro e-mail)

O uso inadequado desses apare-lhos tem deixado muitas pessoas com problemas de audição de forma pre-coce, por isso, antes de usá-los deve-mos tomar todos os esses cuidados.

*(Com apoio da jornalista Nara Andrade e informações da revista Superinteressante)

Embora seja um hábito cada vez mais comum, usar fone de ouvido pode diminuir o rendimento no trabalho e o que é pior, provocar sérios danos à saúde.

Fones de ouvido, se você usa muito, cuidado.

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A cada dia, mais brasileiros descobrem a adrenalina das artes mistas e se tornam torcedores assíduos. Os atletas também estão de olho nessa nova oportunidade de vida e começam a abandonar tudo para correr atrás do sonho dourado de ser campeão mundial.

MMA,o novo esporte dos brasileiros.

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Ofutebol já não é mais a única paixão nacional. Basta obser-var que nos dias de lutas os

admiradores do MMA (Mixed Martial Arts) – Artes Marciais Mistas em portu-guês – também se juntam para torcer pelo Brasil ou por seus lutares favoritos. Estando na moda ou não, essa modali-dade que divide opiniões no mundo, já virou preferência dos brasileiros faz tempo.

Enquanto muitos se divertem assis-tindo, aqui em Mossoró e em várias par-tes do Nordeste, muita gente trabalha duro para estar do outro lado, dentro do octógono. O sonho de chegar a uma das principais competições mundiais e fazer parte de uma organização internacional já é realidade faz tempo para os potigua-res. Glaison Tibau, por exemplo, que leva o nome da cidade de origem, é o

brasileiro com maior número de lutas no Ultimate Fighting Championship (UFC). Com 19 confrontos, uma a mais do que Vítor Belfort, ele chega a ganhar até 50 mil dólares por evento e até U$ 100 mil por vitória.

Quem também é ídolo mundial é o natalense Renan Barão, atual campeão interino do UFC na categoria peso-galo. É interino porque o verdadeiro campeão, Dominick Cruz está machucado, mas muitos apostam que em um confronto entre os dois, quando o oficial voltar, o potiguar teria condições técnicas sufi-cientes para assumir a titularidade da categoria. Barão é um dos três brasilei-ros detentores de cinturão no UFC, ao lado do amazonense José Aldo, campeão dos pesos-pena, e da lenda Anderson Silva (SP), considerado o melhor atleta entre todas as categorias de peso, o cha-

mado peso por peso.Mas Barão e Tibau não são os únicos

do Estado a despontarem no cenário in-ternacional. Jussier Formiga e Ronny Marks também lutam no UFC. Já Patrick e Patrício Freire (os irmãos Pitbull), além de Sérgio Freire, são outros velhos co-nhecidos do Bellator, outra organização de artes marciais, entre as tantas que existem no mundo além do UFC. Gas-parzinho foi outro natalense que já teve uma oportunidade no Ultimate Fighting, mas ainda está na batalha. Outros que também tentam despontar no mundo das lutas mistas são os mossoroenses Amaury Júnior e os iniciantes Adson Sales, Ediglei Honorato e um garoto aqui do bairro Boa Vista, que muitos acredi-tam ser a nova promessa do MMA no mundo: Leandro Higo, o Pitibull de Mos-soró.

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Rápidas#saiba mais))Os ídolos do Nordeste

Além dos potiguares, a região Nordeste possui grandes nomes no MMA, começando pelos gêmeos Rogério Minotouro e Rodrigo Minotauro, de Vitória da Conquista (BA). Donos da academia Team Nogueira, que tem sede no Brasil e nos EUA, eles são responsáveis pela formação da maioria dos grandes lutadores brasileiros. Outro nome que se destaca é o do jovem Rony Jason que, embora seja de Quixadá-CE, tem grande ligações com Mossoró onde treinou muito tempo. Ele também se tornou um ídolo nacional ao vencer a primeira edição do The Ultimate Fighting Brasil (TUF). Também do Ceará, de Fortaleza, aparecem Thiago Pitbull e Godofredo Pepey. Antônio Silva, o Pezão, de Campina Grande (PB), é um dos que disputam o título de campeão mundial dos pesos pesados no UFC. Outros que estão na luta pelo reconhecimento são os lutadores Leandro Naja (Fortaleza - CE) e Marcos Vinícius (Recife). Na verdade, o Brasil é um celeiro de campeões, entre eles se destacam Anderson Silva (SP), Júnior Cigano (SC), Wanderlei Silva (PR), Vítor Belfort (RJ), José Aldo (AM) e tantos outros.

))Não são apenas os potiguares que

acreditam no potencial do menino Leandro Higo, o Pitbull de Mossoró, como promessa do MMA. Vários sites nacionais e internacionais já publica-ram isso, mas ele não se deixa iludir apenas pela possibilidade. Para alcan-çar esse sonho, abandonou tudo para se dedicar unicamente aos treinos.

De família humilde, Leandro Higo (24), nunca conheceu o pai que faleceu em um acidente de trabalho antes de ele nascer. Criado pela mãe junto com duas irmãs, o garoto do bairro Boa Vista descobriu o que queria logo aos 12 anos, quando entrou no jiu-jitsu na academia do mestre Carlinhos ‘Po-pey’. Três meses depois, descobriu que tinha vocação para a coisa ao ven-cer sua primeira competição. Fã con-fesso de Rodrigo Minotauro, baseou-se nele para trilhar seu caminho no MMA. Começou na modalidade com 15 anos na academia MVT (Moab Va-le Tudo), tendo como parceiro e orien-tador de treino Rony Jason. Porém, somente aos 17 anos, em 2007, teve permissão para realizar sua primeira luta, alcançando a vitória.

Com apenas duas lutas na carrei-ra, enfrentou José Maria Tomé, co-nhecido também como “Zé Maria No Chance”, hoje considerado um dos 10 melhores ‘Peso Mosca’ no ranking do Sherdog. Na época, venceu a disputa com uma chave de braço, tecnicamen-te chamada de armlock. De lá pra cá, não parou mais de vencer, conseguin-do sete vitórias de maneira surpreen-dente, sendo a maioria no 1º round. Porém, depois disso, ficou difícil con-seguir lutas. “Eu não tinha empresá-rio, não conhecia donos de eventos em atividade e fiquei um tempo para-do por conta disso. Me ofereci pra lu-tar por mixaria e, mesmo assim, nin-guém me deu oportunidade de lutar”, disse.

A PRIMEIRA DERROTAEm meio a essa crise,

Leandro Higo recebeu um convite para lutar contra Marcos Vinicius. Mesmo não tendo treinando direito e com uma vi-

rose, aceitou o desafio porque preci-sava do dinheiro. Foi um grande erro. No segundo raund, ele que até então estava invicto, mesmo estando ven-cendo, desistiu da luta. “Eu passei mal e não conseguia respirar de jeito ne-nhum”, disse. Esse episódio foi um grande golpe em sua vida, mas tam-bém a única derrota de sua carreira até aqui.

Sem poder se dedicar aos treinos por conta do emprego e sem conseguir uma luta, Leandro Higo pensou em desistir, mas foi justamente neste pe-ríodo que as coisas começaram a mu-dar. Ele foi convidado para lutar no WFE Platinum contra Wagner Galeto (que depois também participaria do TUF Brasil), um dos melhores do Bra-sil no peso-galo. “Essa luta foi a mais importante da minha carreira. Lem-bro que quando meu “corner” gritou: ‘Leandro, faltam 30 segundos’, eu já comecei a chorar. Lembrei de tudo que eu tinha passado pra estar ali, de todas as dificuldades, de todas as vezes que eu fui desacreditado”, disse ao site One Round. O mossoroense venceu a luta por decisão unânime dos juízes. Desde então, não parou mais.

Leando Higo, o próximo ídolo do MMA

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O Pitibull de Mossoró ainda está na batalha, mas agora as esperanças são maiores. Para se dedicar apenas aos treinos, ele conta com o patrocínio de sete empresas - Aficel, Ótica Diniz, Costa Larga Seguros, Ventura Edifica-ções, Sal Cavalinho, Fuls Line, Prime Suplemento. Hoje ele treina em três academias: Mossoró Combat, Pitbull Brothers, dos irmãos Pitbull (Natal) e Team Nogueira dos irmãos Minotouro e Minotauro (Rio de Janeiro). Sua equi-pe também se destaca: Netinho Pega-do, pai de Renan Barão (box), Thiago Torão (kickbox) e Mário Novaes e João Paulo Freire (jiu-jitsu e preparação fí-sica).

Leandro Higo acredita muito em seu potencial. Por enquanto, ainda lu-ta por cachês tão baixos que prefere

não revelar, mas ele sabe que logo-logo as portas vão se abrir. “Basta

meu nome ser anunciado num evento internacional para tudo mudar”, acredita o lutador. Seu sonho é entrar no UFC para de-fender o cinturão dos pesos-galo, mas para isso, terá de vencer um grande amigo, o campeão interino Renan Ba-rão.

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))

Mesmo sendo um dos lutadores mais agressivos e promissores do MMA, Leandro Higo sofreu muitas baixas por falta de patrocínio. Talvez uma das maiores tenha sido a não participação da pré-seleção do primeiro TUF Brasil, realizado pelo UFC. “Os custos eram muito altos, só as passagens custavam R$ 1.200”, disse.

Da derrota moral ao sonho de ser campeão

))Enquanto Leandro Higo não

chega ao UFC, ele segue lutando em eventos organizados por alguns poucos empresários que decidem assumir o risco. Os cachês são sim-bólicos e variam entre R$ 600 e R$ 3 mil, mas para quem tem um so-nho isso é o que menos importa, afinal, ao redor do octógono have-rá centenas e até milhares de fãs gritando seus nomes. No primeiro “Arena Fight”, realizado em Mos-soró há pouco mais de um ano, por exemplo, deu três mil e quinhentas pessoas de público.

Se por enquanto os valores pa-gos por luta não são mais atrativos do que o reconhecimento regional, é porque se destacar pode render milhões do futuro. Se dissemos aqui que Gleison Tibau recebe em média R$ 50 mil dólares por luta e o dobro por vitória, é preciso dizer também que ele está longe de ser um dos mais bem pagos da compe-tição internacional. Para se ter uma ideia, o catarinense Júnior Cigano levou R$ 600 mil por vencer o ne-ozelandês Mark Hunt no último dia 24 de maio. O paraibano Pezão, mesmo sendo nocauteado no pri-meiro minuto, ainda levou para casa R$ 150 mil. Cain Velasquez, que o derrotou, recebeu nada mais, nada menos que R$ 800 mil. Ídolos como Anderson Silva e Jon Jones, os top dos tops, chegam a ganhar R$ 100 por minuto quando entram no octógono, fora os bônus das bol-sas de apostas, do pay-per-view e dos patrocinadores.

Quanto ganha um lutador?

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11Jornal de Fato | DOMINGO, 2 de junho de 2013

Capa

))Enquanto não chegam neste pos-

to, os atletas que estão começando precisam torcer para que empresá-rios como João Carlos, realize mais edições do Arena Fight. O espetáculo é realizado mais com coragem do que por dinheiro. Para trazer os lutadores e fazer a coisa acontecer, ele precisa desembolsar perto de R$ 50 mil e nem sempre pode confiar no público para garantir o retorno, por isso, depende de patrocinadores. Na próxima quin-ta-feira, 6 de junho, João Carlos rea-liza a sexta edição do combate que já aconteceu duas vezes em Mossoró, uma em Fortaleza, uma em Terezina e outra na cidade praia de Tibau.

Na cidade de Fortaleza tem com-bate praticamente todo final de se-mana. Mas por essa região, João Car-los é que anda mandando. Alguns eventos esporádicos acabam aconte-cendo como o Limofigth, realizado em Limoeiro do Norte (CE) e outros que ocorrem de forma esporádica, sem periodicidade. Recentemente houve

um em Caicó (RN), mas um quebra-pau na torcida manchou a iniciativa.

Por que o MMA está se tornando uma febre? De acordo com João Car-los, porque a luta é instintiva e, no caso da modalidade, porque as pes-soas compreendem o que acontece, ao contrário de outras artes marciais. Embora o esporte exista há muito tempo, João explica que só se popu-larizou mesmo depois que começou a passar na TV aberta, inicialmente na RedeTV e agora na Globo. Sobre as críticas de que o MMA é um espor-te violento, ele rebate: “O MMA é agressivo, não violento, porque a vio-lência está na quebra da conduta éti-ca, diferente de um ambiente que tem uma regra pré-estabelecida”, enfati-za. No entanto, segundo o empresá-rio, para o esporte ficar mais organi-zado é preciso haver uma regulamen-tação, impedindo que alguns eventos aconteçam sem a garantia mínima de segurança para seus participantes.

A pequena indústria do MMA regional

Rápidas

Rápidas

#saiba mais

#Entenda

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Mulheres no MMAPassamos essa matéria toda falando dos marmanjos que entram no octógono, mas se engana quem pensa que esse esporte é só para homens. Muitas mulheres também estão no páreo e mandando muito bem. No lado feminino da competição Ronda Rousey é a mais cobiçada. Além de fenômeno é considerada uma musa. A primeira edição do UFC feminino, rendeu R$ 18 milhões só em pay-per-view.

Onde nasceu o MMAAs artes marciais mistas (AMM), mais conhecidas pela sigla MMA (do inglês: mixed martial arts) são artes marciais que incluem tanto golpes de combate em pé quanto técnicas de luta no chão. O vale-tudo começou na terceira década do século XX, quando Carlos Gracie, um dos fundadores da arte marcial brasileira Gracie jiu-jitsu, começou a convidar um competidor de cada modalidade distinta de luta para participar do mesmo evento. Isso era chamado de "Desafio do Gracie". Mais tarde, Hélio Gracie e a família Gracie e, principalmente, Rickson Gracie mantiveram este desafio que passou a ocorrer como duelos de vale-tudo sem a presença da mídia. As artes marciais mistas também obtiveram grande popularidade nos Estados Unidos em 1993, quando Rorion Gracie e outros sócios criaram o primeiro torneio de UFC.

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artigo

ENTENDA A MÍDIA – WILLIAM ROBSON *

Midiologias II

Parte 10

Harry Pross estabelece três aspec-tos ao tratar de mídia em “La Clasificación de los Medios”,

sempre associando relações intercomuni-cacionais com a ideia de aparato porque para ele, os fins comunicativos buscam os meios adequados, embora o que vai impli-car neste processo é o acesso aos meios e a tais aparatos. Pross aponta, como exem-plo, a televisão que é para ele, “uma rede de distribuição que distribui mensagens a muitos como todos os meios de massa”, mas ele observa que cada meio precisa ser entendido e utilizado de maneira apropria-da. O texto de Pross percorre esta proble-mática dos aparatos e de seus usos, exem-plificando a saudação “ei, olá”. Tal sauda-ção, com o agitar de mãos, para Pross é inapropriada na televisão.

Este caso é apresentado para que Pross demonstre uma certa discrepância no dis-curso linguístico utilizado para a TV e para o rádio, a forma como a expressão se ma-nifesta nestes dois suportes, considerando o fator do “ei!” na comunicação verbal ou não verbal. “Mas, o ‘ei!’ também se dá quando alguém entra em sótão escuro ou no bosque atrás de alcançar um ponto ele-vado. O que disse ‘ei!’ tem contraído o ros-to (fisionomia) e tem agitado a mão (ges-to)... Se o tivesse feito no rádio, não seria nenhum problema. Este meio se rege to-talmente pelo ouvido e, por conseguinte, pelo discurso linguístico”.

Uma expressão apresentada em meios diferentes como o rádio e a TV tende a tra-zer, podemos supor, uma certa carga de ruído dependendo da mídia em que seja transmitida. O exemplo de Pross sobre o uso adequado do meio para o “ei, olá!” fran-queia a entrada à sua perspectiva sobre a comunicação ou o estabelecimento de con-tatos. Pross denomina de mídias primárias, secundárias e terciárias, modelos que es-tabelecem sua efetivação a partir do uso ou não do que ele chama de “instrumentos ou aparatos”.

Os meios primários são descritos pelo contato humano sem a necessidade de apa-ratos técnico, comparável por Pross no âmbito social primário com “os principais meios de entendimento”. A manifestação do “ei!” caracteriza-se, sem o uso de apa-rato, como expressão da mídia primária. Pross mostra que, apesar das manifesta-ções naturais, a escrita está adequada à mídia primária, na medida em que mesmo

sendo um instrumento de registro e de duração, “podem ser percebidas sem apa-rato”. Necessário se faz, no entanto, que o emissor e o receptor tenham domínio dos códigos de transmissão, dos símbolos e signos utilizados para a interpretação. Aí, Pross constitui novo grupo que caracteriza esta comunicação significa, distinguindo entre “figuras gráficas” e o “grupo de es-critas subordinadas à linguagem”, pontos que não serão abordados neste texto.

Citar estes subgrupos leva a gerar um tensionamento com a mídia secundária. Pross entrelaça a linguagem e o uso da es-crita e os registros gráficos. Ou seja, a es-crita - enquadrada no conceito de mídias primárias - tende a ganhar forma diferen-te quando seus símbolos e discurso linguís-tico transformam-se em produtos para um público maior. “Quando se requer um apa-rato do lado da produção e não do lado da recepção, proponho o termo de meios se-cundários”, segundo aponta Pross. Folhe-tos, cartazes, panfletos, livros e jornais permanecem nesta linhagem. Os jornais com certo destaque, por sua relação com fatores de circulação periódica, a partir dos “ritos de calendário”, e no sentido da trans-missão de “bens espirituais” como enuncia Groth, ao também instituir seu conceito de mediação, “para designar os sistemas bi-laterais de comunicação”.

A remissão do simbolismo gráfico transmitido pela mídia secundária, sobre-tudo os jornais, demonstra uma força que designa visualmente a percepção do leitor na intenção de ofertá-lo este conteúdo sim-bólico. Como no ponto em que Pross mos-tra que o uso da ilustração reforça este processo, “na maior vendagem dos jornais assim configurados, remete novamente à fase preverbal”. Considerando tal angula-ção, pode-se construir uma conexão com a mídia terciária de Pross (que pressupõe aparatos do lado do produtor e do lado do receptor), ao observar que a infografia in-terativa (modelo de transmissão simbólica) necessita de instrumentos para sua con-cepção e para seu consumo (no caso, equi-pamentos de informática para manipula-ção desta ferramenta).

A infografia enquadra-se numa nova forma, numa nova materialidade como exemplificada por Mouillaud. Para a auto-ra, o discurso do jornal está envolvido no dispositivo, o suporte, que não é o seu con-teúdo. “O dispositivo não comanda apenas

a ordem dos enunciados, mas a postura do leitor”. Pode-se considerar que o infográ-fico é um dispositivo subordinado ao jornal, assim como o jornal é um dispositivo geral da informação?

Mouillaud descreve que os dispositivos são mais que suportes (ele denomina “ma-trizes”) e quer seja o texto (ou o conteúdo) quer seja o suporte (ou a matriz) se rela-cionam “geneticamente”, cada um desem-penhando o seu papel, como fenômenos dinâmicos. E cita um exemplo: “Quando da morte de J. P. Sartre (que lhe havia dado uma caução no momento de seu nascimen-to), Libération se metamorfoseou em Jour-nal de Sartre, e disfarçou em álbum de história em quadrinhos quando morreu Hergé, o pai de Asterix”.

A mídia terciária apontada por Pross aponta também para o fenômeno de velo-cidade da informação citada por Debray, no modelo pouco a pouco instalado de “ubi-quidade” (que remete à nova forma de vi-da, de Sodré), no desenvolvimento das ferramentas que possibilitam o adentrar a esta ambiência e a palavra que “nunca cir-culou tanto e tão rápido ao redor da terra”. Apesar de sua abordagem, Debray critica a globalização (que chamou de “baboseira conectiva”) e de uma “embriaguez da co-nexão generalizada”, que leva a esquecer valores, tradição e desfragmenta a huma-nidade. Não é porque colocamos o mundo na rede que poderemos viver essa rede como um mundo”, diz.

* A série ENTENDA A MÍDIA se propõe a oferecer aspectos reflexivos para estudantes e admiradores dos estudos da comunicação, com aplicações acadêmicas e exemplos do cotidiano.

MOUILLAUD, Maurice. Da forma ao sen-tido. In: PORTO, Sérgio D.; MOUILLAUD, Maurice (orgs.). O jornal: da forma ao sen-tido. Brasília: UNB, 2002, p. 29-35.

DEBRAY, Régis. Transmitir más, comu-nicar menos. A Parte Rei - Revista de Filo-sofia, Número 50, Marzo de 2007, p. 1-13. Disponível em: http://serbal.pntic.mec.es/AParteRei

PROSS, Harry. La clasificación de los medios. In: PROSS, Harry; BETH, Hanno. Introdución a la ciencia de la comunicación. Barcelona: Anthropos, 1990, p. 158-178.

Para saber mais!

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sua carreira

RAFAEL DEMETRIUS

xHoje, pedimos licença aos profissionais, estudantes e leitores que acompanham nossa coluna para replicar um texto publicado na conceituada revista Exame, e

que aborda trinta dicas que serão capazes de revolucionar seu negócio. São dicas rápidas, direcionadas e de grande impacto. Você que é empresário não pode deixar de ler. Estaremos dividin-do as dicas em duas partes, sendo quinze expostas hoje e as pró-ximas dicas na semana seguinte.

Crie metas – O começo do ano é um bom momento para quem ainda não definiu as metas e objetivos. Além disso, tenha indicadores e métricas para acompanhar como está a evolução do negócio. Isso pode ser feito esporadicamente através do cres-cimento da receita, a produtividade dos funcionários ou a lucra-tividade.

Tenha um analista de redes sociais – Não há mais volta. As empresas precisam estar nas redes sociais e participar ativamente. O ideal é ter um funcionário focado nesta tarefa. Procure um analista de redes sociais que seja criativo, organizado e cordial.

Corte custos – Reveja os custos da sua empresa e, se a conta não estiver batendo, pode ser a hora de cortar alguns gas-tos. Uma dica é verificar com atenção os custos variáveis e fixos. Veja também em que está sendo gasto mais dinheiro do que deveria.

Planeje novos lançamentos – Inovar e diver-sificar o portfólio da empresa pode ser a saída para melhorar o resultado neste ano. A dica é planejar tudo para evitar falhas e ir melhorando o produto conforme tiver retorno e opinião dos próprios clientes.

Capriche no pós-venda – Não adianta tratar o cliente muito bem na hora da venda e deixá-lo de lado quando ele voltar com um problema ou uma reclamação. Invista em um atendimento pós-venda impecável para que o consumidor insa-tisfeito se transforme em um fã da sua marca.

Atue dentro da lei – Contrato social, CNPJ, alvará de funcionamento, nota fiscal e inscrição na Secretaria Estadual da Fazenda. Estas autorizações, além de outras específicas, são es-senciais para que o negócio atue dentro das normas legais. In-forme-se com seu advogado e tenha estes documentos em dia.

Calcule sua margem de lucro – Conhecer os custos envolvidos na produção de um item e qual pode ser sua margem de lucro é essencial para conseguir resultados melhores. Na hora de fazer a conta, tente incluir a parcela de custos fixos operacionais que o preço de vendas deve cobrir.

Dicas para revolucionar seu

negócio

Use o marketing a seu favor – Ter um proce-dimento padrão para momentos de crise é uma forma de usar o marketing a favor do seu negócio. Assuma o erro, planeje uma estratégia e esteja sempre disponível para falar com os clientes.

Aprenda a lidar com conflitos – É função do empreendedor e chefe mediar conflitos dentro da empresa. Para isso, aprenda a ouvir os dois lados, tenha uma postura racional e incentive o diálogo entre os colaboradores.

Retenha talentos – Ser uma empresa pequena não é motivo para não ter talentos. Hoje, muitos talentos são atra-ídos pela ideia de participar de perto das decisões da companhia. Além disso, ofereça a chance da pessoa aprender no cotidiano do negócio.

Evite erros – Muitas vezes sem um profissional espe-cializado em marketing, as pequenas empresas cometem erros básicos em suas estratégias de comunicação. Uma forma de evitar isto é acompanhar e monitorar o comportamento do con-sumidor, suas preferências, necessidades, critérios de compra e uso de produtos.

Leve as reclamações a sério – Entender o que está motivando a reclamação pode ser uma fonte de ino-vação para o seu negócio. Por isso, escute o consumidor e ten-te encontrar uma solução que possa ser aplicada a outros ca-sos.

Tenha um plano de marketing – Reúna sua equipe e comunique a todos o seu plano de marketing. Este documento deve incluir uma análise do ambiente de negócios, as ações de marketing, o planejamento em si e como será feito o controle das metas.

Negocie mais – Saber negociar melhor pode ser a chave para aumentar as vendas. Entre as várias técnicas de negociação, vale observar qual é o motivador de compras. Faça perguntas que te ajudem a perceber os motivos que levam o cliente até você.

Acerte os impostos – Estar em dia com o paga-mento de tributos e impostos é essencial para pequenas em-presas. Converse com seu contador e programe-se para quitar dívidas desse tipo, se for o caso.

Proteja sua empresa – Se você criou um novo produto, é imprescindível fazer o registro da patente. Esse é um processo que pode ser demorado, mas é a única forma de proteger sua criação. O registro deve ser pedido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Tenha um programa de fidelidade – Clientes fiéis devem ser bem conservados. Uma saída é criar um programa de fidelidade. Para isso, é preciso ter um bom produto, trabalhar a imagem do negócio no mercado e desenvolver um canal de comunicação constante com os consumidores.

Escolha a melhor equipe – O momento de en-trevistar e selecionar um novo funcionário pode ser difícil para quem não estiver preparado. Uma boa tática é usar técnicas mais modernas de seleção, como simulações e jogos online.

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DAVI MOURA

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adoro comer

Perfeição em forma de cidade: GramadoQuero trazer um pouco para você, leitor, relatos da minha via-

gem a Gramado-RS, nesta e nas próximas colunas. Viajar a Gra-mado foi um prato cheio para o Adoro Comer e a garantia de boas dicas para a coluna.

Saí de Mossoró por volta das 18h15. A primeira parada foi no Ito Sushi Bar, em Fortaleza. Ele fica na Av. Eng. Santana Júnior, 2977, Loja 2, no Cocó. Modernidade era o conceito que assinava o espaço. A iluminação era leve, com focos de luz suaves em locais estratégicos. Para comer, optei pelos uramakis nas versões camarão, skin e salmão. Escolhi uma porção de hots também. Comparando com Mossoró. O do Ito era maior do que a média normal e o hot conseguia ser mais saboroso e menos pesado. O preço era mais alto do que o que estamos acostumados. Ponto positivo para a ma-neira de escolher suas peças: o cardápio vinha explicando os vários tipos e, para selecionar, bastava preencher uma fichinha com a quantidade, que era feito na hora.

O nosso voo aconteceu por volta das 3h da manhã, de modo que chegamos ao RJ já com fome, visto que tínhamos comido há horas atrás. Sabemos que comida de aeroporto é a coisa mais cara do mundo, mas, pesquisando, achei um cantinho interessante. O Pas-tello se mostrou uma surpresa, já que um pastel com mais de 10cm não era nem R$ 5,00. A escolha foi o de frango, básico. Com uma quantidade boa de recheio, sua principal característica era o gos-tinho de pastel de bairro, daqueles feitos na esquina da sua rua. Gostoso, barato e uma boa escolha para enganar a fome.

Em Porto Alegre, assim que chegamos, fomos recepcionados pela guia Mari Alban, já sinalizada como da CVC e recrutando todos para ir ao ônibus reservado para nós. Por volta de 13h chegamos a Gramado. Nos dias que ficamos por lá, a temperatura ficou por volta de 12 graus todos os dias. É mais quente de manhã, mas no início da tarde a névoa toma de conta e esfria bastante. É uma cidade pequena, com duas avenidas principais. Ao contrário do que muita gente disse, não dá pra andar a pé. E até dá, se seu hotel for no centro. O meu ficava já no final da cidade, na saída pra Canela – que fica a 7km de Gramado. Algo que me chamou atenção foram os sinais de trânsito. Ou melhor: a falta deles. A cidade é muito orga-nizada, todos respeitam o trânsito e é tudo limpinho e organiza-do.

O hotel foi o Encantos do Sul. Lindo! Assim que entramos em seu pátio, ele mostra, em 3 dos seus 4 lados, todos os quartos do local divididos em térreo mais 2 andares. É tudo muito arrumadin-ho, limpinho. A sensação é de estar em casa mesmo. A hospitalidade,

desde a recepção, até entrar nos quartos é ótima e você se sente muito bem acolhido. Calefação e aquecimento em todo canto, in-clusive nos banheiros. Além do transporte para o centro de Gra-mado – e de graça. Na verdade, isso é bem parte da cultura de lá, já que a maioria dos restaurantes busca e deixa você no hotel em que estiver hospedado. Você vai perceber que a cidade é preparada pra receber o turista. Todo mundo é muito educado e solícito, pron-to para resolver qualquer problema que você venha a ter.

O café da manhã do sulista é um pouquinho diferente do nosso e você vai poder conferir logo abaixo. Senti falta de tapioca. Cuscuz, nem pense. Eles curtem muito doce de manhã. A prova disso era a variedade de bolos, e tudo com muita geleia e frutas. Aqui a gente até encontra bolinhos, mas tudo muito light, no máximo um bolo fofo ou de leite. Geleia é uma coisa corriqueira por lá, até porque algumas cidades são grandes produtoras. Tive a brilhante ideia de provar também o croissant, que é totalmente diferente do que estamos acostumados. Primeiro por sua massa, que é mais fofinha e bastante recheada.

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adoro comer adoro comer

Gramado é uma cidade de hábitos diurnos nos pontos turísticos e noturnos nos restaurantes. Nada termina muito tarde e a cidade tem poucos bares e baladas. É uma cidade para o casal, romântica na dose certa; ou para um grupo divertido que quer comer bem e relaxar. Há termômetros espalhados em vários locais da cidade, então dá pra você se situar. A primeira coisa que fiz foi comprar luvas e cachecol, pois, vindo de Mossoró com 38º à sombra, não tinha nem como me acostumar com o frio logo no primeiro dia. Em alguns períodos tive que colocar o cachecol cobrindo a boca, pois não aguentava. E é aquela coisa bem mágica, de você falar e sair “fumacinha” da boca!

Ponto legal pra Rua Coberta, que é um local com vários restau-rantes. Quando fomos, estava acontecendo uma feira de móveis, então estava bem movimentado. Ponto interessante: enquanto aqui a gente chega a entrar nas lojas do centro da cidade só pra se refr-escar do calor, lá eles tem alguns postes com fogo para se aquecer. Algo que me chamou atenção foi a arquitetura e o planejamento urbano de Gramado. Todos os estabelecimentos devem seguir um padrão. Não é permitido enfeitar demais as vitrines da loja, estas que devem se manter somente com a logo. O show fica pela própria cidade, que é linda.

Resolvemos, ainda na Rua Coberta, escolher um local pra com-er, e o escolhido foi o Beiruth. Um local aconchegando, com dois ambientes, todo trabalhado na madeira, com uma luz tranquila. Os preços eram menores quando comparados ao dos outros locais, mas como comemos bastante, acabou ficando equivalente. A conta deu mais ou menos R$ 80,00. E se prepare, pois em qualquer lugar, pra comer bem, você não vai pagar menos que isso.

Na hora do cardápio, quis pedir comidinhas que fossem mais distantes da minha realidade e mais próximas da cultura do sul, como a tal da sopa no pão. Com um pão bem grande, eles cortam o seu centro, tiram bastante do miolo e preenchem com um caldo bem gostoso. Minha escolha foi o de ervilha com bacon, que me pareceu mais apetitoso. De fato, estava muito gostoso! O beirute já é conhecido nosso. Não é um prato que é a cara do Sul, mas estáva-mos em uma casa típica des-sa especiali-dade. Já na hora da so-bremesa, a es-colha foi uma das especiali-dades da casa: um beirute de

doce de leite com sorvete de creme e finalizado com raspas de limão.

Quando já estava de noite, andando na lateral da igreja do cen-tro de Gramado, olho pro lado e visualizo o Pasteleiro. Sua temáti-ca era de cinema, com alguns itens de decoração e a fachada, além dos nomes dos pasteis serem baseados em nomes de filme. Seus preços se apresentavam com uma opção bem mais barata quando comparado a outros cantos – até por seu menu ser formado por lanchinhos. Minha escolha foi um chocolate quente com chantilly. O chocolate de lá passa longe do daqui. É bem mais cremoso, con-sistente e com o sabor mais acentuado – e gostoso – do chocolate. A conta deu pouco mais de R$ 20,00, o que, em termos de Gra-mado, é super barato.

Aguarde, que na próxima coluna tem mais!

Aproveite e acesse o http://blogadorocomer.blogspot.com para conferir esta e outras delícias!

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