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revista o globo, growroom

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É a galera do Growroom que or-ganiza a Marcha da Maconha, queacontece há três anos em várias ca-pitais brasileiras. O próximo passo élançar uma revista, que deve estar nasbancas no segundo semestre. A "Fo-lha da Maconha" será como as prin-cipais revistas internacionais que en-sinam técnicas avançadas de plantio edisseminam ideias a favor de umanova política em relação às drogas.Entre as mais conhecidas, estão aamericana "Hígh Times", a espanhola"Cânhamo". a chilena "Cannabís Cul-ture", a argentina "THC" e a cana-dense "Treating Yourself", especia-lizada no uso medicinal da maconha.

- Criei o Growroom para trocarideias com outros cultivadores. A his-tória cresceu e organizamos a Marchada Maconha para abrir a discussão dalegalização e tirar o estigma da canonabis, mostrando a cara e se assumindoconsumidor em atos políticos. Se plan-tando você se torna autossustentável,qual é O argumento para continuarcriminalizando o usuário? - pergunta orapaz de Copacabana.

A questão-chave dos ativistas doGrowroom tem encontrado eco nos altosescalões: na Comissão Latino-Americanasobre Drogas e Democracia. que tem àfrente os ex-presidentes Fernando Hen-rique Cardoso (Brasil), César Gavíría(Colômbia) e Ernesto Zedillo (l\'léxico);no Ministério do Meio Ambiente; naSecretaria Nacional de Políticas sobreDrogas, onde o general Paulo RobertoUchôa criou um conselho para discutirnovos paradigmas e contribuir com aiminente mudança na legislação; e atéentre juízes, promotores, desembarga-dores e delegados que integram a ONGinternacional Law Enforcement AgainstProhibition, liderada no Brasil pelajuízaMaria Lúcia Karam, uma defensora dalegalização total e irrestrita de todas asdrogas (leia mais na entrevista dapágina 26). A lei 11.343, reformuladaem 2006, diz que o usuário, em vez depreso, deve ser submetido a medidassôcío-educatívas. O mesmo vale paraquem semeia, cultiva e colhe substânciapsicoativa para consumo próprio. Só quea legislação não define a quantidade quecaracteriza um usuário, deixando a in-terpretação a cargo da Justiça. Segundoo general Uchôa, a lei de 2006, além dedar brechas para interpretações erra-das, não descriminalizou o uso. Apenas

"descarcerizou" o consumidor, manten-do o uso de drogas no âmbito da Justiça.O que os atívistas defendem, e o generaltambém, é a descriminalização de fato.O modelo ideal seria o adotado re-centemente em Portugal e na Espanha,onde o uso de drogas passou a ser umainfração administrativa, como avançarum sinal vermelho. A pessoa flagradafumando na rua leva multa. Na Espanha,cada vez mais usuários estão plantandoem consórcios com amigos.

- O uso e o plantio de drogas con-tinua sendo crime. Mas a nossa le-gislação está avançando. Antes, a penapara o usuário era de seis meses a doisanos de prisão. Há muitas novas ídeiasem discussão. Na secretaria, criamos umconselho que envolve a sociedade civil.Não posso ainda dizer quais serão aspropostas. Mas posso dizer que a lei dePortugal é modelo - diz o general. -Na minha função, tenho que olhar alegislação. Não posso me posicionar afavor ou contra o cultivo em casa. O queposso fazer, e estou fazendo, é apoiar adiscussão e apresentar sugestões de mo-dernização da legislação ao Congresso.

Já o ministro Carlos Minc defendeabertamente o cultivo como alternativaao tráfico e à consequente violência.

- A principal acusação contra umapessoa que usa maconha é que elaalimenta o tráfico. Se ela planta, acabouo argumento: seu único crime é fazermal à própria saúde. Não estou fazendouma campanha "Plante em casa". Sóestou dizendo que, se a pessoa decidiuser usuária de maconha, é melhor queela cultive. Plantar pode representaruma redução de danos grande. A guerraàs drogas mata muito mais do que asdrogas - comenta Mine. - O que eudefendo é tirar a questão das mãos dapolícia. A lei abre muita brecha paraque o usuário acabe preso e tambémgera muita corrupçâo. Tem pelo menosoito ministros no governo que pensamcomo eu: é preciso passar a questão parao âmbito da saúde, com campanhas deprevenção, informação, cursos, trata-mentos. A repressão é um fracasso.

Uma nova proposta de lei está prestesa ser apresentada no Congresso. O autoré o deputado Paulo Teixeira, do PT-SP:

- Estou propondo a total descri-minalízaçâo do usuário. Queremos queseja uma contravenção administrativa, enão mais um crime. Também defendo oplantio para uso próprio. Basta vincular

a autorização de cultivo aos órgãos desaúde pública. E esse plantio pode acon-tecer indivídualmente ou em grupos,cooperativas, consórcios, como na Es-panha. Queremos regulamentar tam-bém o uso terapêutico da cannabis. Onovo projeto de lei deve ser apresen-tado ao Congresso em março ou abril.

Enquanto as autoridades confabulamem prol de um admirável mundo novo, aturma do Growroom vive um presentede muita labuta. O grupo de militantes,que conta com quatro advogados e oapoio do escritório de direito do ex-governador do Rio Nllo Batista, já salvoudas garras da lei dois "agricultores":Alexandre Thomaz, um publicitário doRio Grande do Sul, e Fábio dos Santos,auxiliar de pedreiro e morador de Ola-ria, Zona Norte do Rio. Em ambos oscasos os ativistas saíram em defesa docultivo. Alexandre Thomaz tem 40 anos,vive em Canoas e mantém um sítio a 18quilômetros de casa, em Nova Santa Rita.Em 2002, ele descobriu um câncer nagarganta. Depois de uma cirurgia pararetirar o nódulo, o médico lhe pres-creveu oito sessões de quimioterapia e,depois, radioterapia. Na sexta sessão,Alexandre estava em frangalhos. FJeconta que emagreceu mais de dez quilos.Seu médico, então, deu-lhe lUnconselho:pesquisar na internet o uso medicinal decannabis satica, planta cientificamenteeficaz no combate a enjoos e transtornosalimentares. Foi aí que o publicitáriodescobriu o Growroom. Passou, então, aplantar maconha - além de outras 30ervas medicinais - em seu sítio e afumar diariamente. Ele garante que seuestado físico melhorou. En1 agosto doano passado, porém, a polícia invadiu acasa, movida por uma denúncia. Asplantas foram destruídas e Alexandreacabou indiciado como traficante.

- Os policiais depredaram meu sítio,arrebentaram portas, jogaram tudo nochão. Tinham certeza de que eu eratraficante e que encontrariam mais dro-gas. Mas só havia poucas plantas, quenão poderiam caracterizar tráfico -conta Alexandre. - Meu advogado e aturma do Growroom estão me ajudando.Estamos requerendo na Justiça auto-rização para o uso medicinal da ma-conha. Vou até a última instância paraconquistar esse direito. A maconha ali-viou as dores, abriu o apetite. reduziu omal-estar, Não vou abrir mão disso porcausa de preconceito, tabu, hipocrisia

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