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PUCRS e HSM inovam no ensino execuvo PÁGINAS 24 E 25 Lição de vida 4 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL 4 EDIÇÃO Nº 157 – ANO XXXIII 4 NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 Adayr Coimbra Filho, 65 anos, com sua turma do curso de Direito Alunos com mais de 60 anos, da graduação e do pós, mostram que nunca é tarde para estudar PÁGINAS 6 A 9 FOTO: BRUNO TODESCHINI

Revista PUC Toren

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Revista PUC RS

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  • PUCRS e HSM inovamno ensino executivo PGINAS 24 e 25

    Lio de vida

    4 PoNtIfcIA UNIverSIdAde cAtlIcA do rIo GrANde do SUl

    4 EDIO N 157 ANO XXXIII4 NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    Adayr Coimbra Filho, 65 anos,

    com sua turma do curso de Direito

    Alunos com mais de 60 anos, da graduao e do ps, mostram que nunca tarde para estudarPGINAS 6 A 9

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  • ReitoRJoaquim clotet

    Vice-ReitoR

    evilzio teixeira

    CooRDenADoRA DA ASSeSSoRiA De CoMUniCAo SoCiAl

    Ana luisa baseggio

    eDitoRA exeCUtivAmagda Achutti

    RePRteReSAna Paula Acauan

    bianca GarridoMariana vicili

    Sandra Modenavanessa Mello

    FotgRAFoSbruno todeschini

    Gilson oliveira

    ReviSoAntnio dalpicol

    eStAgiRiASbruna SouzaJlia Merker

    Natacha Gomes

    ARqUivo FotogRFiCoAnalice longaray

    camila Paes Keppler

    CiRCUlAodanielle borges diogo

    Publicao on-line

    rodrigo ojeda

    ConSelHo eDitoRiAldraiton Gonzaga de Souza

    Jorge AudyMgda cunha

    Maria eunice MoreiraSandra Einloft

    Solange Medina Ketzer

    iMPReSSoEpec-Grfica

    eDitoRAo eletRniCAPensedesign

    PUcrS Informao editada pela Assessoria

    de comunicao Social da Pontifcia Universidade

    catlica do rio Grande do Sul

    Avenida Ipiranga, 6681Prdio 1 2 andar

    Sala 202.02CEP 90619-900

    Porto Alegre rSFone: (51) 3320-3503Fax: (51) [email protected]

    www.pucrs.br/revista

    tiragem: 45 mil exemplares

    A PUCrS uma Instituio filiada AbrUC

    6 RePoRtAgeM De CAPASempre tempo de estudar

    eU eStUDei nA PUCRSdarico livi, o homem que comanda a energia do brasil

    PeSqUiSAos segredos da evoluo dos mamferos

    12

    45

    43 PAnoRAMA empreender para inovar

    44 eSPAo Do leitoR45 Pelo CAMPUS

    exposio conecta conceitos de energia

    410 noviDADeS ACADMiCAS Incentivo formao de pilotos

    414 PeSqUiSA Pessoas com deficincia so invisveis

    415 SADe A hora do ch

    416 SADe A reao do sistema imune em idosos

    417 CinCiA Nova classificao para os peixes-agulha

    418 CinCiA referncia nacional em ensaios para a Anvisa

    420 teCnologiA Experincia em qualificar

    421 teCnologiA computadores super-rpidos

    422 eSPeCiAl Parcerias de vento em popa

    424 tenDnCiA Unio entre PUcrS e hSM impulsiona ensino executivo

    426 BAStiDoReS Guardi da informao

    427 CoMPoRtAMento o que eu estava lendo mesmo?

    428 AlUnoS DA PUCRS 432 DeStAqUe

    complementar os estudos preciso 434 gente

    Praticar o bem como projeto de vida

    436 lAnAMentoS DA eDiPUCRS 437 vivA eSSe MUnDo

    cincia sem fronteiras para alunos 438 MeRCADo De tRABAlHo

    dupla formao439 DiPloMADoS

    rodrigo caetano, adorado pela torcida 440 CUltURA

    os personagens da construo do brasil 441 CUltURA

    Ao mestre, com carinho442 RADAR444 PeRFil

    draiton Gonzaga, carisma erudito 446 SoCiAl

    Aprendizado a servio da comunidade447 oPinio

    Jorge Audy Perspectivas para cincia, tecnologia e inovao no brasil

    n e s ta e d i o

    2 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

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    foto: SMIthSoNIAN INStItUtIoN

    FOtO: DIvUlGAO/ONS

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 43

    FAzeR CoM que o conhecimento gera-do na Universidade seja transferido para a sociedade sempre um desafio. Desde se-tembro essa tambm uma das principais misses da recm-criada

    Agncia de Gesto de Empreendimentos (AGE) na Pr-Reitoria de Administrao e Finanas, de for-ma articulada com a Pr-Reitoria de Pesquisa e Ps--Graduao. A principal proposta identificar e criar novas circunstncias adequadas ao atual cenrio que a cincia e a tecnologia apresentam. A concepo e criao da AGE tem como foco a busca de novas oportunidades de desenvolvimento da Universidade na rea de potenciais aes de projetos de pesquisas cientficas e tecnolgicas, com forte componente de inovao, explica o Pr-Reitor de Pesquisa e Ps--Graduao, Jorge Audy.

    Por meio da Agncia, so oferecidos servios qua-lificados a clientes como governos e empresas que

    necessitam de solues diferenciadas. impor-tante destacar que essas atividades no represen-

    tam concorrncia para os nossos diplomados, em relao a outras empresas. A proposta atuar em questes que seriam inviveis em outros lugares por sua grandiosidade ou complexidade. So servios de alto nvel que s poderiam ser realizados com a estrutura de uma universidade, observa o diretor da AGE, professor Leandro de Lemos.

    Como vinha atuando mesmo antes do seu lanamento oficial, a Agncia conta com alguns

    exemplos desses servios prestados. Um deles foi o maior plano de negcios do Rio Grande do Sul, da

    empresa Renobrax, primeira montadora de aeroge-radores genuinamente brasileira, sendo implantada em Guaba, que dar suporte a futuros parques eli-cos da regio, incentivando o crescimento regional.

    Alm desses servios, as atividades esto focadas no apoio a empreendimentos inovadores, podendo gerar novas incubadas na Incubadora Raiar, por exemplo, e no fundraising, captao de fundos de investidores/apoiadores potenciais. As aes iniciais

    envolve-ro a composio de novos modelos de consti-tuio e de projetos aplicados e com for-te componente tecnolgico (nas reas de sade, energia, TI e comunicao), assim como na modelagem de fundos de inves-timento em empresas de base tecnolgica e na prestao de servios por parte da Universidade.

    A AGE atuar de forma alinhada com as Pr-Reitorias de Administrao e Fi-nanas e de Pesquisa e Ps-Graduao, como mais uma unidade perifrica ligada Rede Inovapuc, qual esto ligadas uni-dades como o Parque Cientfico e Tecnol-gico da PUCRS (Tecnopuc), a Agncia de Gesto Tecnolgica, a Incubadora Raiar e o Ncleo Empreende-dor, informa o Pr-Rei-tor Jorge Audy.

    O professor Lean-dro de Lemos observa que uma das fortes ca-ractersticas da PUCRS ser uma universidade empreendedora, o que importante neste mo-mento em que o Brasil se encontra num contexto favorvel inovao. O fundrai-sing uma estratgia que est comeando a crescer no Pas, comum em pases como os EUA, de captao de recursos de doa-es para projetos de instituies de ensi-no superior. 3

    p e l o ca m p u s

    contato4Agncia de

    Gesto de empreendimentos

    4(51)[email protected]

    A AGE tem como foco a busca de novas oportunidades de desenvolvimento da Universidade na rea de potenciais aes de projetos de pesquisas cientficas e tecnolgicas, com forte componente de inovao.Jorge Audy

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    agncia de gesto de empreendimentos amplia parcerias com empresas e governos

  • 4 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    escreva para a redao4Av. Ipiranga, 6681 Prdio 1

    2 andar Sala 202.024CEP 90619-9004Porto Alegre/rS 4E-mail: [email protected]: (51) 3320-35034Fax: (51) 3320-3603

    da r e d a o e s pao d o l e i t o r

    Sempre jovens

    V oc j se pergun-tou como gostaria de envelhecer? J pensou em estudar mais pelo prazer do que pela obrigao de produzir? J percebeu que o segredo ter o conhecimento, mas no deixar de ter curiosidade pela vida? O clebre cirurgio plstico e

    professor Ivo Pitan-guy, Doutor Honoris Causa pela PUCRS, costuma dizer que acha um erro o ho-mem se entender cronologicamente. ... H idosos e ido-sos. Ter mais de 60 anos pode ser uma bela fase para a rea-lizao pessoal. Um perodo rico no pla-no da produtividade intelectual e dos la-os afetivos. Alguns jovens idosos nem olham para trs e continuam na po-ca mais produtiva e consciente da vida.

    As histrias de alunos contadas na reportagem de capa so belssimos exemplos de que a idade cronolgi-ca e a aposentadoria no represen-tam um ponto final. Elas podem, sim, fazer voc refletir sobre o va-lor do tempo e a sua escassez mal do sculo. Mas tambm podem dei-xar claro que a principal mudana trazida pelo tempo ocorre dentro de cada um, na alma. E, para esta, o tempo de se transformar e de ser feliz hoje! Nosso prximo encon-tro ser na edio de maro. En-quanto isso, aproveite e leia todas as matrias que preparamos para voc. Boas festas!

    Magda AchuttiEditora Executiva

    Que boa saiu a matria de capa da ltima edio! O texto da reprter Vanessa Mello excelente mesmo, nota dez. A melhor reporta-gem sobre a minha vida que j fizeram, e isso inclui at uma na revista Piau. As fotos do Gilson de Oliveira so timas tambm. Tudo, a sequncia, o ritmo, so de primeira. Quero agradecer muito pelo magnfico trabalho.

    Ivn IzquIerdoCoordenador do Centro de Memria do

    Instituto de Pesquisas Biomdicas da PUCRS

    Gostaria de parabenizar a revista PUCRS Informao pela matria realizada com o professor Ivn Izquierdo, um grande incen-tivador para os alunos e profissionais que buscam na cincia alternativas para novos conhecimentos. rodolfo Alex Teles

    Mestrando em Neurocincias da PUCRS

    Gostaria de saber onde posso comprar a edio impressa da PUCRS Informao que traz a reportagem do professor Ivn Izquier-do, a quem admiro muito. Formei-me nessa Universidade, em 1980, no curso de Letras, bacharelado em Tradutor-Intrprete. Guardo boas lembranas daquela poca!

    AdA rhodes Porto Alegre/RS

    Li, on-line, e adorei a matria Lide-rando equipes em trs pases, sobre a minha trajetria na revista n 156. Ficou fcil de entender e precisa.

    CAssIo goldsChmIdTLos Angeles/EUA

    Meus cumprimentos pela revista PUCRS Informao n 156.

    CezAr mIolAPresidente do Tribunal

    de Contas do Estado

    Estimemos os outros como mais im-portantes e valiosos que a ns prprios. propsito, a revista PUCRS Informa-o continua sendo prola rara, diria o poeta. Ao ensejo, votos de sade, graa e a paz do Cristo Senhor!

    luIz srgIo de melloPorto Alegre/RS

    Formei-me no mestrado em Educa-o em Cincias e Matemtica em agos-to deste ano e, ao longo desses dois anos e meio de curso, recebi a PUCRS Infor-mao em meu endereo. Agora gosta-ria de continuar a receb-la, pois acho a revista tima. Contm toda a trajetria da Universidade atualizada bimestral-mente. uma referncia em todos os aspectos. Parabenizo os editores.

    felIpe onedA poleseAnta Gorda/RS

    Gostaria de receber a revista PUCRS Informao impressa para disponibilizar aos meus colegas da Anatel/RS.

    felIpe CAbrAlPorto Alegre/RS

    O contedo da PUCRS In-formao muito bom. pos-svel receber a revista no meu endereo?

    dAvenIlCIo souzAPorto Alegre/RS

    Gostaria de saber como pos-so fazer para assinar a revista. Fico no aguardo e agradeo.

    gerAldo roChASapucaia do Sul/RS

    Trabalho na Dell, dentro do Tecnopuc, e sempre me deparo com a PUCRS Informao. In-felizmente nem todas as edies eu encontro disposio. Gosta-ria de fazer uma assinatura.

    luIz guedes pACheCo fIlho

    Viamo/RS

    n.r.: se voc deseja receber a revista PUCRS informao em casa, entre em contato com a redao pelo e-mail pucrsinfo@ pucrs.br, ou ligue para o fone (51) 3320-3503. Todo o contedo da revista tambm est disponvel no site www.pucrs.br/revista.

    Voc j

    pensou em

    estudar mais

    pelo prazer

    do que pela

    obrigao de

    produzir?

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  • Exposio conecta conceitos de

    energia

    AS iDeiAS de fluxo, transformao e conservao de energia inspi-raram a nova exposio do Museu de Cincias e Tecnologia. Energia: aprender hoje para sustentar o amanh o tema que est transfor-mando o museu num metr. Cada temtica uma linha de trem, e os assuntos convergentes se tornam estaes. Esse recurso, segundo o diretor do MCT, Emlio Jeckel, ajuda os visitantes a conectarem os conceitos apresentados. A distribuio das linhas mostra como cada conceito se liga com outros, permitindo ao visitante escolher qual ca-minho seguir para compreender determinado princpio, explica. Alm disso, as linhas do metr mostram que a energia sempre transfor-mada, nunca criada ou destruda.

    Os temas so eletricidade, energia nuclear, energia e ambiente, do sol s mitocndrias, energia solar, energia elica, gua e energia e com-bustveis. A elaborao do contedo foi feita por alunos dos cursos de Qumica, Cincias Biolgicas, Fsica e Farmcia, orientados por pro-fessores. Esse grupo escreveu textos com as informaes essenciais. Depois, a equipe do museu determinou como cada informao seria apresentada. Foi necessrio um ano e meio de trabalho at o incio da exposio, com uma linha e algumas estaes do metr.

    A temtica da energia , muitas vezes, difcil para estudantes de En-sino Fundamental e Mdio. O Museu espera colaborar para que profes-sores possam tratar o assunto de uma forma diferente, diz Jeckel. As escolas recebem um pster com o mapa conceitual do ciclo da energia e os alunos podem consultar o material em seus laboratrios. Para ele, essa uma forma de o Museu ajudar no entendimento do contedo. Alm de ser interativa, a exposio tambm ser participativa. Os visi-tantes podero sugerir contedos pelo site do museu (www.pucrs.br/mct) e por mdias sociais como o Twitter. 3

    Crianas de frias na PUCRSDURAnteS AS frias acadmicas, a PUCRS recebe um pblico diferente. Duas opes esperam as crianas que procuram atividades diferentes no ve-ro: as aes de Frias no Museu e o curso Brincando e Aprendendo, proje-to promovido pela Faculdade de Edu-cao Fsica e Cincias do Desporto.

    No Museu de Cincias e Tecnologia, haver duas turmas. Sero quatro dias de atividades por grupo. Crianas de 9 a 11 anos visitam a rea de exposio e os laboratrios de fsica, qumica, biologia e matemtica, onde fazem experincias. Tambm visitaro o museu com moni-tores e participaro de uma expedio desvendando charadas cientficas. Os grupos (de janeiro e fevereiro) sero formados por 15 crianas cada. As ins-cries comeam em dezembro.

    As inscries do Brincando e Apren-dendo na PUCRS vo at 9 de dezembro. O projeto de frias ter trs mdulos semanais. possvel escolher um ou participar de todos, pois criamos ativi-dades diferentes em cada um, explica a coordenadora, professora Alessandra Scarton.

    As at iv ida-des esportivas incluem moda-lidades coletivas vlei, hande-bol, futebol e bas-quete e indivi-duais natao, atletismo, lutas e ginstica. Alm disso, as crianas visitam o Campus e tm uma programao especial em outras unidades acadmicas, como as Faculdades de Farmcia, Informtica e Nutrio, alm de uma visita ao MCT. A ideia ir alm da questo motora e proporcionar atividades de formao, afirma Alessandra.

    Cada mdulo tem 60 vagas 30 para crianas de 5 e 6 anos e 30 para as de 8 e 9. Todos ocorrem de segunda a quinta--feira, comeando nos dias 2, 9 e 16 de janeiro, sempre das 13h30min s 18h. 3

    p e l o ca m p u s

    informaes4Frias no Museu:

    (51) 3320-35214Brincando e

    Aprendendo na PUCRS: (51) 3320-3683

    PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 45

    IlUStrAo: Mct

  • r e p o r tag e m d e ca pa

    toDo o brasi le iro com 60 anos ou mais considera-do idoso, se-gundo a Or-

    ganizao Mundial da Sade. Mas em nenhum lugar est institudo que esse o momento de parar de aprender. Pelo contrrio, o estudo e o desenvolvi-mento cognitivo so fatores importantes de prote-o sade, protelando e at evitando doenas, e trazendo qualidade de vida. Para alguns, comear ou voltar a estudar depois dos 60 representa um renascimento.

    Adayr Coimbra Filho, 65 anos, aluno do Di-reito. Assduo dos bancos espalhados pelos jardins do Campus, onde gosta de estudar, participa com tanta frequncia dos eventos extracurriculares que ultrapassou as horas complementares necessrias. Fica um pouco triste ao lembrar que est quase se formando. Agrnomo, concluiu o mestrado na rea em 1975, tendo trabalhado durante muitos anos na Emater (Empresa de Assistncia Tcnica e Exten-so Rural) e lecionado em universidades gachas.

    Em 2005, sua vida comeou a mudar drastica-mente com a perda do pai e da esposa, com quem esteve durante mais de 40 anos. Os dois filhos se-guiram rumos longe de casa e, no ano seguinte, ele se aposentou. Eu me vi sozinho. Precisava de uma motivao para sair de casa, parar de olhar para trs e mudar minha rotina. Como sempre li e estudei muito, tinha em mente, desde os meus 50 anos, que voltaria a estudar. Resolvi ento abraar um novo desafio e cursar Direito, conta.

    A ideia sempre foi estudar na PUCRS, onde um dos filhos havia se graduado tambm em Direito,

    6 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    Adayr Coimbra Filho: Aos 60

    anos percebi que no sabia nada e tinha de pensar no meu futuro Nunca tarde

    foto: GIlSoN olIveIrA

    alunos com mais de 60 anos buscam na universidade novos desafios4Por MArIANA vIcIlI

  • mas as inscries para o ves-tibular estavam encerradas quando se decidiu. Cursou inicialmente umas disciplinas no IPA, ingressando como di-plomado, e depois pediu trans-ferncia. A primeira coisa que me ajudou a sair da depresso foi ter sido aceito numa Facul-dade, 36 anos depois da minha formatura. No primeiro dia de aula eu estava muito ansioso, no sabia nem como me ves-tir. Pensava que todos iam fi-car me olhando, achando que eu tinha sado das cavernas, mas fui bem acolhido pelos colegas mais jovens e logo me enturmei, recorda.

    Coimbra, que se empenha bastante nos estudos, conta que sempre teve boa mem-ria, mas que agora est melhor. Sente-se mais ativo e rpido do que h alguns anos. Ele gosta quando os colegas perguntam alguma coisa para ele, pois nesses momentos que a dife-rena de idade se desfaz.

    A professora Irani Argi-mon, da Faculdade de Psico-logia, observa que esse tipo de interao faz bem tanto para os alunos idosos quanto para os mais jovens e os professo-res. O perfil da turma muda quando h algum mais velho,

    no que diz respeito ateno e colaborao. H trocas mui-to ricas de experincias entre os colegas e professores. Essa convivncia com os jovens o torna um deles, aprenden-do inclusive um vocabulrio diferente, que leva para sua famlia, seus netos, aprimo-rando a interao, observa a psicloga.

    Irani afirma ainda que muitas pessoas com mais de 60 anos esto buscando um segundo ou terceiro curso universitrio. Dentro desse novo modelo de idoso, frente a todas as mudanas de sade, organizao das famlias e tec-nologias, possvel eles inves-tirem no futuro e planejarem os prximos desafios para os 15 ou 20 anos seguintes.

    Adayr Coimbra Filho ain-da no sabe o que fazer depois de se formar. Foi convidado a ingressar no mestrado, mas tambm gosta bastante das reas de Histria e Filosofia. A nica certeza que tem a de que no vai parar de estudar. Comecei a enxergar o mundo de maneira diferente, abrindo janelas que estavam fechadas. Percebi, aos 60 anos, que no sabia nada e tinha de pensar no meu futuro, conclui.

    Sem medo das novas tecnologiaso nMeRo de alunos idosos nos cursos de graduao da PUCrS bem inferior ao de estudan-tes mais jovens. Depois dos 60 anos, a maioria dos acadmicos tem escolhido os cursos de direito, his-tria e Filosofia. muitos so conhecidos pelo nome e cumprimentados com carinho nos corredores por colegas e funcionrios da Universidade. Entre eles est a senhora bella zamel, aluna de Histria, que em dezembro completa 81 anos.

    toda a sua formao anterior foi na rea da m-sica. Atuando como violinista durante muito tempo, bella estudou no ento Instituto de belas Artes do rS, mas sempre gostou de ler, principalmente sobre histria geral e biografias. Sou ligada aos livros; uma das coisas que mais gosto, alm da msica. Preciso de muitos anos ainda para ler tudo o que tenho, avisa.

    Em 2008, encheu-se de coragem e ingressou na PUCrS, cursando trs disciplinas por semestre. Hoje acha que tem mais assuntos diferentes para conversar com os amigos. Estou aqui graas ao meu terapeuta, o doutor Geraldo Weinmann, que me incentivou a voltar a estudar. Sinto-me feliz e no acho que tenho a idade que tenho. Gosto de estar em contato com os colegas, mesmo que eles no se aproximem muito, mas noto que todos se admiram por eu estar na fa-culdade, conta.

    As novas tecnologias, que assustam a muitos, no intimidam dona bella, como ela conhecida no pr-dio 5. Com desenvoltura, utiliza e-mail e a plataforma moodle, onde v os materiais de aula, faz buscas na internet e conversa com amigas distantes por video-conferncia. Alm do curso de Histria, tambm faz aulas particulares de in-gls. Fluente em idiche, acredita que essencial aprender outras lnguas.

    Bella zamel: aos 81 anos, cursa Histria pelo prazer de aprender

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    Nunca tarde

    PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 47

  • 8 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    r e p o r tag e m d e ca pa

    noS CURSoS de mes-trado e doutorado, encon-trar idosos ainda mais raro, mas aqueles que es-colhem esse caminho tm objetivos bem definidos. Na Universidade, as prin-cipais reas escolhidas por eles so as de Educao, Filosofia e Teologia. O or-todontista Milton Farret, de 66 anos, vive em Santa Maria, onde tem uma cl-nica com os filhos Marcel e Alessandro. Tambm lecio-na Ortodontia na Universi-dade Federal de Santa Ma-ria, atividade da qual est afastado temporariamente para a realizao do douto-rado na PUCRS. Resolvi fazer o doutorado porque achava que precisava desse ttulo. A PUCRS me pareceu ser a melhor escolha por vrios motivos, dentre os quais o seu conceito, o corpo docente e o fato de os meus dois filhos estarem fazendo mestrado e doutorado na Instituio.

    Como os trs trabalham e estudam ao mesmo tempo, costumam analisar casos em conjunto, trocar material didtico e escrever artigos para revistas. Farret pai iniciou o doutorado em 2009, vindo todas as semanas a Porto Alegre, sem faltar aula. Agora est na fase de concluso da sua tese. O doutorado est sendo uma experincia agradvel, pois havia terminado o mestrado em 1980. Essa troca de professor para aluno e o convvio com os colegas est sendo prazerosa. Aconselho a todos os profissionais, de qualquer rea, a sentar em bancos escolares, em algum momento das suas vidas, para reciclagem. Nunca pa-rei de participar de cursos, simpsios, congressos durante meus 38 anos de profisso. No somos donos da verdade e de todo o conhecimento; temos que ter humildade para aprender, pois a vida um constante aprendizado, avalia.

    Alm do vis profissional e pessoal, h quem esteja fazendo um curso de ps-graduao por um motivo ainda maior. O irmo marista Albino Trevisan, que em dezembro faz 81 anos, recebeu,

    Milton Farret: em busca do ttulo e da reciclagem de conhecimentos

    Albino trevisan e alunos da educao infantil do instituto Marista graas: Meu mtodo de alfabetizao meu testamento de vida. Preciso deixar para as crianas

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    Ivo PeSSo

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    No ps,a realizao pessoal e profissional

    foto: GIlSoN olIveIrA

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 49

    nas voltas que a vida dJoS lUiz da costa, 67 anos, aluno da faculdade de direito e se diz apegado a sua turma, a 459. Preocupado com os colegas mais jovens e com a falta de tempo deles, ajuda sempre que pode. recen-temente fez cpias de um cd com questes de provas da oAb e dis-tribuiu para toda a turma.

    A vida de Jos luiz deu muitas voltas. Em 1965, ingressou no curso de Jornalismo da PUcrS, que largou depois de um ano para servir ao Exrcito, em Cruz Alta. tentou recomear o Jornalismo tempos depois, mas acabou desistindo. Foi fazer carreira como comissrio de voo da varig, aposentando-se em 1999.

    viajou pelo mundo, sempre cultivando o gosto de conhecer pes-soas e culturas diferentes, o que talvez tenha facilitado a sua readap-tao ao mundo universitrio, em 2007. No incio tive um pouco de dificuldade, mas agora a mdia das minhas notas est boa. Estudo bastante, s vezes at a 1h da manh. vou encarar inclusive a prova da OAb. J que comecei, vou at o fim. minha ideia talvez atuar com Direito Imobilirio, diz.

    Hoje ele divide o seu tempo entre o rio de Janeiro, onde fixou residncia h muitos anos, e Porto Alegre. Uma de suas filhas, que tambm cursou Direito na Universidade, incentivou o pai a estudar. Fico feliz em ver a potncia em que se transformou a PUCrS; lem-bro como era l no (Colgio marista) rosrio. Cheguei a conhecer o Irmo Oto e o Irmo Elvo. meu lugar preferido aqui a biblioteca. Conheo bibliotecas do mundo inteiro e posso dizer que a nossa est num padro internacional, observa orgulhoso.

    Depois que concluir o curso, em julho de 2012, pensa em reto-mar o Jornalismo. No quero parar por aqui. Pretendo fazer o curso de Jornalismo para conhecimento mesmo, satisfao. algo que sempre ficou no meio do caminho, revela. O maior receio de Jos luiz, no entanto, que a sua turma atual do Direito, to unida, acabe se dispersando depois da formatura.

    Jos luiz da Costa: Conheo bibliotecas do mundo inteiro e posso dizer que a nossa est num padro internacional

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    em 2007, a medalha de Educador Emrito da ento governadora do Estado, Yeda Crusius. Atuou durante dez anos como alfabetizador e 18 como professor universitrio. Atualmente est concluindo o doutorado em Educao, tendo como foco de pesquisa o mtodo de al-fabetizao que desenvolveu no Colgio Ma-rista Rosrio, na dcada de 1950, chamado Desenhando, Lendo e Escrevendo (DELES).

    O mtodo consiste na utilizao de figuras como recursos na construo de frases. Os de-senhos so intercalados e, aos poucos, substi-tudos por palavras, at o completo domnio da leitura por parte dos pequenos leitores. Este o meu testamento de vida que preciso fazer; quero deixar isso para as crianas, destaca. O DELES, que est em constante aperfeioamen-to, tem sido aplicado na Educao Infantil do Instituto Marista Graas, em Viamo.

    As cartilhas do mtodo tiveram mais de meio milho de exemplares distribudos entre 1963 e 1978. O Ir. Albino conta que agora, com o apoio de bolsistas, est produzindo novos materiais, histrias, livretos e um volume de lies complementares. No final do ano, como experimento, lanar um CD com joguinhos sobre o tema.

    Sobre sua dedicao aos estudos, ele acha essencial ser disciplinado. Fiz os cursos de Teologia, mestrado e doutorado em Educao depois dos 70 anos, o que me exigiu e exige muito. Seria a idade de usufruir um pouco, mas algo que preciso fazer. Minha esperana de que isso tudo se transforme numa bola de neve, que as pessoas conheam e entendam melhor esse mtodo de alfabetizao, ressalta.

    Um pouco avesso ao uso do computador, conta que aprendeu aos poucos a lidar com a tecnologia, pois os cursos acabaram exigindo esse conhecimento. Em 1993, trouxeram-me um computador e eu pedi que levassem embo-ra; fiquei com a minha mquina de escrever. Hoje conto com a ajuda de bolsistas, mas estou mais habituado, diz, mostrando que carrega o seu material num HD externo porttil.

    Em 2012 o Ir. Albino defender a sua tese. Em visita s crianas que aprendem a ler com o seu mtodo, ele se mostra vontade e conse-gue cativ-las em poucos minutos, mostrando por que se saiu to bem como alfabetizador durante tanto tempo. Quem aqui sabe dese-nhar?, perguntou a elas, vendo em seguida vrias mozinhas erguidas. Quem j sabe ler? E outras vrias mozinhas se levantaram. Se depender do trabalho do Irmo e do empenho que vem tendo em sua pesquisa, esse nmero tende a se multiplicar cada vez mais. 3

    foto: GIlSoN olIveIrA

  • 10 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    n ov i d a d e s a ca d m i ca s

    PARA APRiMoRAR as polticas p-blicas e promover a educao continuada dos servidores estaduais, o governo do RS lanou a Rede Escola de Governo, que consiste em parcerias com universida-des e centros de pesquisas do Estado. A PUCRS integra essa rede de instituies

    PelA PRiMeiRA vez no Brasil, ser possvel ter acesso a uma linha de financia-mento prpria para o curso prtico de pi-loto por meio da iniciativa privada. A con-quista fruto da parceria entre a PUCRS, a Azul Linhas Areas Brasileiras e Banco Santander. Trata-se de um parcelamento em at 60 vezes do valor total da forma-o prtica, com juros a partir de 1,89% ao ms, para os alunos da Faculdade de Cincias Aeronuticas, previamente sele-cionados pela Azul Linhas Areas.

    O estudante que passou no processo seletivo da Azul para obter o desconto no parcelamento poder tambm se tornar um piloto da companhia logo ao se formar, assumindo possveis vagas sem a necessi-dade de uma nova seleo. De acordo com a empresa area, conhecido o grau de ex-celncia dos pilotos formados pela PUCRS e a Azul pioneira nesta ao, a qual tem um enorme peso social, j que permitir que mais pessoas possam tornar-se pilotos.

    Elones Ribeiro, diretor da Faculdade, acredita que a parceria confirma a funo da Universidade de oferecer qualificao e oportunidade para talentos, em um mer-

    Incentivo formao de pilotos

    Polticas pblicas aperfeioadas pela formao continuada

    Assinatura do convnio, na PUCRS, foi prestigiada pelos alunos de Cincias aeronuticas

    Antiga parceriaeM DezeMBRo de 2010, a Azul e a PUcrS assinaram um convnio que garan-te o ingresso de alunos diplomados pelo curso, na segunda fase do processo sele-tivo de pilotos da companhia area. Com a parceria, os alunos da Instituio que se inscreverem no processo de admisso da Azul esto dispensados de participar da triagem inicial. Se aprovados nas demais fases, sero contratados por um pero-do mnimo de dois anos como copilotos da empresa para pilotar jatos modelo Embraer 190 e 195 e turbolices Atr.

    de ensino e promove os cursos Gesto em polticas sociais de gnero e promoo da igualdade racial nas modalidades de es-pecializao, com 360 horas, e extenso, com 64 horas.

    Desenvolvidos pelas Faculdades de Servio Social e Educao, especialmente

    para instrumentalizar servidores sociais, os cursos trabalham a questo de gnero em diversos cenrios, como gerao de renda, poltica de habitao, articulao em redes sociais, gesto e planejamento, entre outros. Ambos oferecem 40 vagas e a seleo dos alunos realizada pela Funda-

    cado promissor como o das cincias aeronuticas. mais um passo que a Faculdade d na busca da formao in-tegral dos alunos, observa.

    A iniciativa est totalmente alinha-da s diretrizes de sustentabilidade do banco, que investe na educao superior como forma de transformar a sociedade. Com este convnio, vamos estimular a formao profissional de pilotos e ofer-tar mo de obra qualificada para atender demanda reprimida, completa o dire-tor executivo do Santander Universida-des Brasil, Jamil Hannouche.

    O custo estimado da formao pr-tica de um piloto hoje gira em torno de R$ 55 mil, explica o professor Elones Ribeiro. O parcelamento ser feito em dois mdulos: o primeiro para o curso de Piloto Privado, e um segundo para os demais cursos Piloto Comercial, IFR (voos por instrumentos), Multi (mul-timotor) e Jet (avies a jato). Para ter acesso taxa especial de financiamen-to, os universitrios da Instituio de-vem procurar a Azul para se inscrever no processo seletivo. 3

    foto: brUNo todeSchINI

    4Por bIANcA GArrIdo

    FOtO: DIvUlGAO/AzUl

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 411

    n ov i d a d e s a ca d m i ca s

    Tecna atrai empresrios do audiovisual

    Polticas pblicas aperfeioadas pela formao continuada

    saiba mais4Informaes sobre

    o tecna no site www.pucrs.br/tecna

    visita s instalaes dos

    espaos que sero futuros

    estdios

    CeRCA De 40 empresrios do setor audiovisual e empreende-dores da rea se reuniram em outubro para conhecer o projeto do Tecna Centro Tecnolgico Audiviosual do RS. O encontro foi no Tecnopuc em Viamo, onde ficar instalado. Um dos objetivos do Tecna, fruto de parceria entre a Universidade, o governo do Es-

    tado e a Fundao Cinema RS (Funda-cine), consolidar o Rio Grande do Sul como polo audiovisual, capaz de atrair produes nacionais e internacionais.

    A inteno da reunio foi estimular a integrao entre os agentes privados do setor, que tiveram a oportunida-de de circular pelos espaos de cinco mil metros quadrados. O local contar com laboratrios de pesquisa aplicada aos setores de produo, distribuio e exibio, alm de infraestrutura com-pleta para a realizao de produtos au-diovisuais.

    Inicialmente sero trs estdios, com facilidades de produ-o para live-action, incluindo rea de open-stage e instalaes dedicadas produo de animao e cenrios virtuais. Chegar a cinco na fase final, explicou a coordenadora, Aletia Selonk. Tambm sero oferecidas solues integradas para as necessida-des dos agentes e empresas do setor, como a criao, produo, distribuio, exibio e difuso de filmes, publicidade, games e novas mdias, com nfase na tecnologia.

    Foram apresentados con-ceitos e estratgias de implan-tao do Centro, alm do seu histrico e benefcios, a partir das instalaes. Aletia revelou tambm que haver restaura-o e adequao de espaos, com manuteno das reas verdes.

    Conforme a coordenadora, as primeiras aes sero im-plantadas at o final de 2011, com a instalao das primeiras empresas selecionadas para incubao. No primeiro tri-mestre de 2012, novas aes estaro em funcionamento e as prximas fases avanam at a concluso do empreendimen-to, em 2013. Duas iniciativas j tm formato definido: o Labo-ratrio Avana-do de Pesquisa da Imagem e o Centro de Pes-quisa da Produ-o. 3

    o para o Desenvolvimento de Recursos Humanos com profissionais que atuam nas reas, em ONGs, movimentos sociais, centros de referncia e grupos de apoio.

    A coordenao dos cursos das pro-fessoras Patrcia Grossi (Servio Social) e Marlene Rozek (Educao). A PUCRS

    tem compromisso com a formao para a cidadania e vamos instrumenta-lizar gestores, servidores, conselheiros, agentes sociais por meio do conheci-mento e subsdios para a qualificao das polticas pblicas, comenta Pa-trcia.

    Os cursos tero incio em maro de 2012 e contaro com frum de debates, trabalhos de campo, seminrios tericos, aulas interativas, estudos de casos, dramatizaes e cine frum. A culminncia desse projeto a publicao de um livro com os artigos produzidos pelos alunos, explica Marlene. 3

    FOtO: CAmIlA rODrIGUES/PAlCIO PIrAtINI

    4Por SANdrA ModeNA

    Inicialmente sero trs estdios, com facilidades de produo para live-action, incluindo rea de open-stage e instalaes dedicadas produo de animao e cenrios virtuais.

  • 12 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    dinossauros no impediram diversificao de grupos4Por ANA PAUlA AcAUAN

    Os segredos da

    evoluo dos mamferosp e s q u i s a

    SoMoS MAiS parentes dos ratos e coelhos do que dos cachorros e das baleias. Como uma espcie de ma-caco, temos muito em comum com chimpanzs (eles so parentes mais prximos de ns do que dos gori-

    las, por exemplo). A identifi-cao dos grandes grupos de mamferos (de primatas a fe-linos, passando por elefantes, girafas, morcegos, preguias, capivaras, cangurus e orni-torrincos), com uma anlise sofisticada sobre as relaes de parentesco, consta de ar-tigo cientfico publicado re-centemente na verso on-line

    da revista Science. A verso impressa sair em breve. O professor da Faculdade de Biocincias, Eduardo Eizirik, e a mestranda em Biologia Celular e Mole-cular, Taiz Simo, so coautores. Os pesquisadores da PUCRS, em parceria com colegas de outros pa-

    ses, descobriram que h 80 milhes de anos, no pero do Cretceo, os mamferos tive-ram um importante pico de diversificao.

    Os principais grupos esta-vam formados antes da extin-o dos seus maiores predado-res e competidores, os dinos-sauros, o que aconteceu h 65 milhes de anos. A hiptese que a maior diversidade de flores e frutas, num ambiente ecologicamente rico, favoreceu o surgimento de variadas esp-cies. Eizirik explica que o fim dos dinossauros dos quais restam apenas as aves como representantes pode, sim, ter contribudo para que sur-

    gissem os grandes carnvoros, elefantes e baleias. Antes, os maiores mamferos eram do tamanho de um co.

    Para a pesquisa publica-da na Science, analisaram--se dados moleculares de 164 espcies abrangendo qua-se todas as famlias atuais , com amostragens de 35 mil bases de DNA de 26 genes di-ferentes. Parte do trabalho foi feita no Laboratrio de Biolo-gia Genmica e Molecular da Faculdade de Biocincias da PUCRS. Integrando as anli-ses de DNA, os pesquisadores utilizaram fsseis para calibrar a velocidade de mutaes, per-mitindo que se reconstruam as

    200milhes de anos

    92milhes de anos

    85milhes de anos

    83milhes de anos

    morganucodon oelheri, parente do ancestral, viveu h cerca de 200 milhes de anos

    AS eSPCieS Ao longo Do teMPo*

    foto: SMIthSoNIAN INStItUtIoN

    foto: ASIA JoNeS/Sto

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    foto: INStItUto bAleIA JU

    bArte

    Cachorro Baleia

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 413

    evoluo dos mamferosDescoberta revolucionriaeDUARDo eiziRik, da PUcrS, William Murphy e Mark Springer, das Universidades da califrnia e texas A&M, respec-tivamente, que assinam o atual artigo da Science, fizeram uma descoberta revolucionria dez anos atrs. Queriam desvendar um problema cientfico que persistia desde a poca de Charles darwin: qual o parentesco entre os grandes grupos de mam-feros e onde se encaixam os humanos? eizirik fazia doutorado e murphy ps-doutorado nos National Institutes of Health dos EUA e, num projeto paralelo s suas atividades, resolveram as relaes entre os principais grupos, usando sequncias de DNA. A equipe de Springer, na Califrnia, chegou a resultados semelhantes. Como os dois artigos foram publicados ao mes-mo tempo na Nature, houve mais aceitao da comunidade cientfica. Foi um impacto considervel, redirecionando os estudos nessa rea da biologia. A atual seleo de genomas para sequenciamento baseada em parte nesses resultados, a fim de representar corretamente os grandes grupos, destaca Eizirik. A partir de ento, os pesquisadores se uniram. Eizirik comeou a lecionar na PUCrS em 2004 e manteve a parceria. Em 2007, a National Science Foundation (EUA) passou a financiar o estudo.

    relaes de parentesco e os tempos de separao en-tre as linhagens. Para esse artigo, foram empregadas 82 calibraes diferentes.

    Quando participou do estudo, Taiz estava na graduao em Cincias Biolgicas na Universi-dade. Para ela, atuar com alguns dos melhores pes-quisadores da rea um grande estmulo e um aprendizado nico. Ter uma publicao na Scien-ce significa abranger um grande nmero de leito-res e consequentemente um timo incremento ao currculo. 3

    Charles Darwin estava preocupado com a origem das espcies

    80milhes de anos

    40milhes de anos

    * Grfico ilustrativo; no reflete proporo na passagem de tempo

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  • 14 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    Pessoas com deficincia so

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    levantamento mapeia condies de acessibilidade no estado4Por ANA PAUlA AcAUAN

    Ao MAPeAR as condies de acesso de pessoas com defi-cincia nas reas de sade, edu-cao, assistncia social, trabalho, transporte, cultura e mobilidade urbana no Rio Grande do Sul, os pesquisadores se surpreende-ram com a falta de informaes dos gestores municipais e com a precariedade das polticas pbli-cas. Constatamos que as pesso-as com deficincia so invisveis para o Estado, apesar de consti-turem uma populao estimada em um milho e meio, destaca a professora responsvel pela pes-quisa na Faculdade de Servio Social (FSS), Idilia Fernandes. O levantamento foi feito pela FSS e Fundao de Articulao e De-senvolvimento de Polticas Pbli-cas para Pessoas com Deficincia com Altas Habilidades (Faders).

    Apenas 9% das prefeituras possuem um mapeamento dessa populao, e 21% afirmam no saber. A grande maioria (69%) sequer respondeu a essa questo. Mais da metade dos municpios (54,2%) nem mesmo tm conhe-cimento sobre os horrios dos nibus adaptados (e no constam dados de um tero das prefeitu-ras) ou as regies por onde pas-sam (31,3% no sabem e 75,6% se omitiram). Em relao a mobili-rios e equipamentos adaptados existentes na cidade, 65,5% no responderam. Na rea da acessi-bilidade arquitetnica, 23% reali-zam adequaes.

    Nas perguntas sobre as pos-sibilidades de acesso de pessoas com deficincia a reas da cul-

    tura, esporte, lazer e turismo na cidade, em todas as alternativas no responderam e no sa-bem, juntas, superam os 60%. Quanto poltica do trabalho, por exemplo, mais da metade das prefeituras no responderam ao instrumento ou desconheciam a situao. Entre as demais, 30% oferecem curso de qualificao profissional (dessas, 9% afirmam que h pessoas com deficincia se capacitando).

    Para a professora Idilia, iden-tificar como est sendo trabalha-da a questo nos rgos pblicos contribui para o planejamento de polticas pblicas e investimen-tos. Comenta que existe uma le-gislao bem avanada no Pas e no Estado visando garantir os di-reitos, mas falta conscientizao de que acessibilidade no se res-tringe a pessoas com deficincia e se refere a todos os cidados. H necessidade de envolvimento po-ltico, pois geralmente os gestores excluem dos oramentos verbas nessa rea por considerarem um alto investimento.

    Pela Faders, a responsvel pela pesquisa foi a assistente so-cial Rosane Arostegui de Azevedo. O estudo teve a parceria do Pro-grama Permanente de Acessibi-lidade da Ulbra, Federao das Associaes dos Municpios do RS (Famurs) e Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com De-ficincia, e o apoio do CNPq. Os resultados sero publicados em livro. A coleta de dados foi on-li-ne, pelo site da Famurs, com um instrumento para cada rea. 3

    Mais dados:do total de municpios gachos, 72% possuem o centro de referncia em Assistncia Social (cras), o rgo potencializador dos servios socioassistenciais da rede de proteo bsica.

    Na perspectiva dos servios da Faders, bento Gonalves o municpio que melhor vem se preparando.

    Os locais pblicos que prestam servio na rea da poltica de assistncia social possuem acesso universal?

    No responderam 36,5%No sabem 0,6%

    No 22,4%Sim 40,5%

    Assinale os mobilirios e equipamentos existentes no municpio:No responderam 65,5%estacionamento reservado nas ruas 12,1%meios-fios rebaixados 28,4%lixeiras rebaixadas 8,3%telefones pblicos rebaixados 10,3%

    telefones pblicos devidamente sinalizados e posicionados 10,1%

    hidrantes devidamente sinalizados e posicionados 3,8%

    lixeiras devidamente sinalizadas e posicionadas 9,5%Piso contraste (ttil) 4,2%Piso ttil de alerta na borda de rebaixamentos 2%Pisos antiderrapantes nos interiores dos prdios 6,3%Sinaleira sonora 1,2%telefone para surdo tdd 0,8%

    identificar como os rgos pblicos trabalham a questo contribui para planejar polticas e investimentos

    p e s q u i s a

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 415

    chPReSente nA cultura milenar oriental, o ch tem cada vez mais espao na dieta ociden-tal e uma das bebidas de maior consumo no mundo. Produzido das folhas frescas da planta Camellia sinensis e rico em catequinas, o ch verde integra o grupo de bebidas funcionais, com substncias que atuam na reduo de ris-cos de doenas crnicas. Evidncias cientficas e estudos recentes sobre a sua contribuio na preveno de doenas cardiovasculares e em algumas formas de cncer despertaram o interesse da nutricionista Ana Elisa Sen-ger, que desenvolveu a dissertao Eficcia do consumo do ch verde nos componentes da sndrome metablica (SM) em idosos no mestrado em Gerontologia Biomdica.

    Para investigar a eficcia da bebida nos fatores de risco da SM, como obesidade abdo-minal, hipertenso arterial sistmica, diabetes tipo 2, triglicerdeos aumentados e colesterol bom (HDL) reduzido, o ch verde foi inseri-do na dieta de 45 pacientes do ambulatrio do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, no Hospital So Lucas. Os partici-pantes, com mdia de 72 anos, foram dividi-dos em dois grupos: um consumiu trs xcaras de ch verde de 200 ml diariamente durante dois meses, enquanto o grupo de controle no ingeriu a bebida no perodo.

    pesquisa relaciona consumo do ch verde com reduo da gordura abdominal

    Carla Schwanke (e), Ana elisa Senger e Maria Gabriela Gottlieb

    Com pesagem, medio da presso arterial e da circunferncia abdominal a cada 30 dias, e coleta de sangue no incio e no fim do estudo, os resultados mostraram que o grupo que incluiu o ch verde na alimentao, mesmo sem atividades fsicas e dieta equilibrada, teve uma reduo de cerca de 1,2 kg no peso total e de 2,7 cm da circunferncia da cintura, associada taxa de mortalidade e de doenas cardiovasculares. No grupo de controle, os nmeros foram quase insignificantes, com perda de apenas 0,3cm e 500g. Apesar de conter cafena, no houve alterao na presso arterial. Muitos idosos tiveram uma sensao de bem-estar, gostaram e continuaram tomando o ch mesmo ao final da pesquisa, comenta Ana Elisa.

    O questionrio de frequncia alimentar realizado no incio do estudo mos-trou ainda que grande parte dos participantes tem inadequao alimentar, com poucas fibras, micronutrientes e minerais. Com uma dieta adequada, combi-nada ao ch verde, os resultados poderiam ser melhores e talvez muitos medi-camentos pudessem ser dispensados, pois, medida que a gordura diminui a longo prazo, glicose e lipdios talvez voltassem aos nveis normais, imagina.

    O trabalho multidisciplinar teve orientao das professoras Maria Gabriela Gottlieb (biloga), coorientao de Carla Schwanke (geriatra) e apoio da em-presa de Taquara, Amor Vida Produtos Naturais, que forneceu os sachs de ch verde. A orientao de preparo da bebida para a pesquisa foi de infuso de cinco minutos e o consumo teve distncia de cerca de uma hora das refei-es e dos medicamentos.

    O ch verde antioxidante, anti-inflamatrio, tem efeito protetor no risco de doenas cardiovasculares, promove perda de peso e maior gasto calrico. Mesmo com tantos benefcios, dados da literatura mdica mostram que o uso crnico e exagerado da bebida ou de cpsulas com extrato da planta, como dez xcaras ao dia por cinco anos, pode causar dano heptico. 3

    o que a Sndrome Metablica

    A associao de di-versos problemas que podem levar a doenas cardacas, AvC e diabetes chamada de Sndrome metablica (Sm). O diag-nstico feito quando o paciente apresenta trs ou mais desses fatores de risco: gordura abdominal aumentada, baixo coles-terol hdl, triglicerdeos aumentados, hipertenso e aumento da glicemia.

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  • 16 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    DeSvenDAR CoMo o sistema imune se altera ao longo do envelhecimento, entender os fatores que aceleram esse processo e promover estratgias em busca de uma melhor qualidade de vida. Esses so os objetivos do grupo de pesquisa em Imunologia do Estresse e Imunossenescncia, do Instituto de Pesquisas Bio-mdicas (IPB), nico da Amrica Latina a desenvolver estudos com seres humanos. A linha de pesquisa levou inaugurao do Laboratrio de Imunologia do Envelhecimento em 2011, locali-zado no IPB, no Hospital So Lucas.

    O grupo est realizando um grande estudo com idosos atendi-dos pelo SUS em Porto Alegre. Uma triagem em postos de sade da Capital, em parceria com o Instituto de Geriatria e Geronto-logia da PUCRS, identifica pacientes com perfil de risco imuno-lgico. Dados da literatura mdica indicam que entre 15% e 20% das pessoas da terceira idade (superior a 60 anos no Brasil) tm alteraes nos linfcitos que esto associados com mais doenas e morte precoce.

    No total, a pesquisa deve envolver at mil participantes, que passam por coletas de sangue, avaliao psiquitrica, neurol-gica nutricional e bioqumica em um estudo multidisciplinar. A inteno vacinar os pacientes contra o vrus da gripe em 2012 e acompanh-los, durante dois anos, investigando a resposta imune para a vacina em idosos com e sem perfil de risco imunolgico.

    Os resultados devem ser aplicados em aes pelo SUS e em polticas pblicas. Queremos ver o quanto as alteraes emo-cionais e cognitivas levam a esse trao vulnervel imunolgico, explica Moiss Bauer, coordenador do Laboratrio de Imunolo-gia do Envelhecimento. A hiptese de que idosos com perfil de risco imunolgico respondem fracamente vacina para gripe e apresentam uma reatividade maior para citomegalovrus, que pode ser um fator importante para acelerar o envelhecimento do sistema imune, completa.

    No laboratrio, os pesquisadores buscam compreender como os hormnios se alteram e aceleram o envelhecimento. As pesqui-sas com humanos consistem em entrevistas sobre o estado emo-cional, dosagens hormonais por meio de coleta de saliva e sangue e anlise imunolgica no sangue. A equipe multidisciplinar con-

    ta com psiclogos, neurologistas, psiquiatras e nutricionistas. Entre os profissionais esto o professor da Faculdade de Medicina, Vini-cius Duval da Silva, membro do laboratrio, o professor da Faculdade de Psicologia, Rodrigo Grassi de Oliveira, e a professora da Faculdade de Biocincias, Cristina Bonorino.

    A primeira pesquisa, em 2002, mostrou como fatores emocionais do tipo estresse, de-presso e ansiedade podem acelerar o envelhe-cimento. As anlises revelaram que idosos sau-dveis so mais estressados que jovens adultos de 20 a 40 anos, e apresentam nveis mais altos de hormnios de estresse (cortisol), que contri-buem para um envelhecimento imunolgico mais acelerado.

    Outro estudo analisou em 2006 idosos sau-dveis que cuidam de pacientes com Alzheimer, na maioria das vezes, cnjuges. Os resultados mostraram que pessoas com o estado de sade muito bem preservado enfrentam melhor situa-es de estresse e apresentam menos alteraes hormonais e imunolgicas.

    Em 2010, uma pesquisa mostrou que o efei-to de relaxamento produzido pela acupuntura retardou o processo de envelhecimento em idosos saudveis. Houve alteraes biolgicas e psicolgicas, com respostas imunes to boas quanto a de um jovem, completa Bauer.

    Conhecer as variveis do processo de en-velhecimento fundamental para promover estratgias, prevenir ou retardar doenas que surgem com a idade. Acupuntura, re-laxamento, exerccio moderado, bem-estar emocional, insero social e atividades como ioga trazem benefcios para a imunidade, fi-naliza Bauer. 3

    laboratrio de imunologia do envelhecimento pioneiro em estudos com humanos

    5Moiss Bauer e equipe: Acupuntura, relaxamento, bem-estar emocional, insero social e ioga beneficiam a imunidade

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  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 417

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    o DeSAFio de realizar uma pes-quisa indita foi o que motivou Vi-vianne SantAnna a defender a tese de doutorado Filogenia dos pei-xes-agulha da famlia Belonidae (Atherinomorphae:Beloniformes) no

    Programa de Ps-Graduao em Zoologia da Faculdade de Bio-cincias. Depois de estudar tubares e arraias nos trabalhos de concluso de curso e do mestrado, Vivianne decidiu explorar uma famlia diferente no doutorado, orientada pelo professor Roberto Reis. Procurei uma linha pouco explorada, para produzir algo di-ferente e conseguir mais material de anlise, algo fundamental num trabalho como o meu, conta.

    Vivianne fez um estudo filogentico dos peixes-agulha, o que inclui dados dos fsseis, da anatomia dos peixes recentes e dados moleculares. Esse tipo de pesquisa, que analisa junto todos os tipos de dados sobre a histria das espcies, chamada de evidncia total. Isso nunca tinha sido feito com os peixes-agulha. Existiam traba-lhos sobre anatomia, outros sobre dados moleculares, mas ningum combinou essas informaes para ter um registro mais completo, afirma. A anlise total gera uma rvore que mostra a evoluo das espcies e as relaes de parentesco entre elas. A rvore produzida no meu trabalho far modificaes significativas na classificao que usada atualmente para os peixes-agulha, relata.

    Uma das novidades da classificao de Vivianne diz respeito ao gnero Strongylura. Na estrutura da rvore, animais do mesmo gnero devem ficar agrupados, mas isso no acontece com esses peixes na nova classificao. Antes este era o gnero mais diver-so, com 14 espcies distribudas nos oceanos Atlntico, Pacfico e ndico. Na rvore, vemos que este gnero, na verdade, so quatro, sendo que Strongylura ficou restrito s espcies que vivem na re-gio Indo-Pacfico, um gnero que deve ser revalidado para esp-cies que vivem nos oceanos Atlntico Ocidental e Pacfico Oriental e dois novos gneros para serem descritos no oceano Atlntico. O conhecimento da localizao correta de cada grupo importante, por exemplo, para a avaliao do risco de extino das espcies. Uma das perguntas da ficha de definio de ameaa diz respeito existncia de populaes da espcie fora do Brasil. Ento, sabendo que o grupo exclusivo do Pas, o nvel de ameaa de extino e, con-sequentemente, a ateno em relao espcie, aumenta, explica.

    tese analisou fsseis, anatomia e dados moleculares das espcies

    Nova classificao para os peixes-agulhafoto

    : dIvUlG

    Ao

    Para a realizao de uma pes-quisa to aprofundada, Vivianne teve que buscar muitos objetos de estudo. Passei meses enviando e-mails para museus do mundo todo, pedindo emprstimo de material. A burocracia para envio de material biolgico impediu que parte dos lo-cais enviasse as espcies solicitadas. Para conseguir analisar o que era necessrio, passei cinco meses com a bolsa de doutorado-sanduche no Smithsonian Institution nos Estados Unidos, e ainda mais dois meses visi-tando museus na Europa. Foram 22 museus em 15 pases, como Frana, Rssia, Polnia, Alemanha e Itlia. Alm de fazer medies e registros dos animais, Vivianne aproveitou a viagem para firmar colaboraes com pesquisadores estrangeiros.

    Alm de mim, s existem trs es-pecialistas em peixes-agulha no mun-do. Por isso, trabalho at com pesqui-sadores de outras reas que se relacio-nam com a minha atividade de alguma maneira, pois mesmo que eles no conheam profundamente a famlia que estudo, podem entender do local onde ela vive, e esse um conhecimen-to importante para mim, revela. Para ela, o aprendizado adquirido o mais importante, e o que a deixa mais orgu-lhosa. Uma pesquisa desse tamanho, analisando tantos dados, possibilita entender a evoluo geolgica do pla-neta por meio da evoluo e padres de distribuio das espcies de peixes e nenhum outro trabalho me ensinaria tanto, acredita. 3

    PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 417

  • 18 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    Compromisso com a sociedade

    em ensaios paraReferncia nacional

    labelo o nico laboratrio do brasil acreditado pelo inmetro para testar agulhas, seringas e equipos4Por vANeSSA Mello

    foto: brUNo todeSchINI

    c i n c i a

    Ao BUSCAR atendimento mdico, o pensamento dos pacien-tes fica voltado para a qualidade do servio e o resultado ao final do processo. Porm, a sade e a segurana do consumidor dependem tambm dos materiais utilizados. Dados da Associao Brasileira da Indstria de Artigos e Equipamentos Mdicos, Odontolgicos, Hospitalares e de Laboratrios mostram que so comercializados no Pas 1,4 bilho de seringas de uso nico por ano. As seringas para insulina giram em torno de 235 milhes e os demais tipos fi-cam em 50 milhes.

    O Labelo Laboratrios Especializados em Eletroeletrnica da PUCRS o nico do Pas acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) para desenvolver ensaios em equipamentos odonto-mdico-hospitalares. Todo o produto que entrar ou for fabricado no Brasil, lote a lote, por amostragem, passa pelo laboratrio para avaliar a garantia da qualidade e receber o selo do Inmetro. O Labelo tem compromisso com a qualidade dos produtos e preocupao com a sociedade. Bus-camos inovao tecnolgica e somos pioneiros nessa rea, garante

    a qumica industrial, Alexandra Schuh. Os ensaios realizados levam em mdia 20 dias por lote.

    teste de agulhas e seringas para o inmetro

    18 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    o lABelo tem 45 anos e h 20 acreditado pelo Inmetro para a realizao de calibrao e ensaios. Nos-

    so objetivo prestar servios tecnolgicos comunidade industrial e proteger o mercado interno contra o ingresso

    de bens e servios que no atendam aos critrios de qua-lidade de interesse do consumidor, destaca Maurcio vila,

    coordenador de relacionamento.Os sete laboratrios de calibrao so nas reas de eltri-

    ca, frequncia, telecomunicaes, temperatura, umidade relati-va, fora, acstica e fotometria, entre outras. Os 33 laboratrios de ensaios possuem mais de 750 normas nacionais e internacionais e compreendem as reas de alta tecnologia, equipamentos eltricos e de uso domstico, equipamentos industriais e especiais, materiais e componentes, iluminao e equipamentos de uso profissional e infraestrutura.

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 419PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 419

    Ao todo, so 100 colaboradores em uma rea de 3.400m. Junto ao governo federal, o labelo desen-volve programas de avaliao da conformidade e atua no programa brasileiro de etiquetagem, sendo pioneiro nos servios tecnolgicos, com mais de 60 projetos ao longo das ltimas duas dcadas. temos participado de 34 comisses tc-nicas coordenadas pelo Inmetro, Anvisa, AbNt e outros rgos, que tm como objetivo criar e harmo-nizar metodologias e documentos normativos, acrescenta vila.

    Compromisso com a sociedade

    Referncia nacionalAnvisa

    At fevereiro de 2011, o registro de seringas, agulhas hipodrmi-cas e gengivais de uso nico e equipos (utilizados em procedimentos mdicos e hospitalares, como as cnulas de soro) no era obrigat-rio no Brasil, apenas o cadastro na Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa). Com base em resultados de uma anlise reali-zada pelo Inmetro em 2010, a Anvisa modificou as exigncias para fabricantes e importadores desses produtos, que hoje so em torno de 50. Eles tm at fevereiro de 2012 para se adequar aos requisitos mnimos de identidade e qualidade para a proteo e segurana do consumidor e dos profissionais da rea da sade, registrando seus produtos com certificao de conformidade no mbito do Sistema Brasileiro de Avaliao da Conformidade.

    Os testes promovidos pelo Inmetro no ano passado mostraram que apenas duas das 13 marcas participantes estavam dentro da con-formidade. Entre os problemas encontrados estavam a possibilidade de ferimentos, de contaminao, o desperdcio de medicamentos e o excesso de silicone, o que pode prejudicar o paciente. Nosso grande papel ser vigilante e representar a sociedade, protegendo-a com barreiras tcnicas que garantam a qualidade dos produtos, explica o diretor do Labelo, engenheiro Domingos Malaguez Alves.

    Divulgadas no Dirio Oficial da Unio no incio do ano, as por-tarias estabelecem nvel de tolerncia zero nos testes, resultando na apreenso de um lote com apenas uma reprovao. O Inmetro realizou at 9 de se-tembro uma consulta pbli-ca com as propostas de texto para regulamentao com-pulsria de agulhas, seringas e equipos comercializados no Brasil. 3

    Calibrao Ensaios

    Calibrao

    Tempo e frequncia

    Temperatura e umidaderelava

    Fotometria

    Alta frequncia

    Eletricidade

    Eletroacsca

    Fora, torque e dureza

    Altatecnologia

    TV Digital

    Telecomunicaes

    udio e vdeo

    Compabilidadeeletromagnca

    Ensaiosacscos

    Equipamentosda tecnologiada informao

    Equipamentoseltricos e deuso domsco

    Condicionadoresde ar

    Mquinasde lavar

    EletrodomscosSegurana eltrica

    Portaria 371 INMETRO

    Eficinciaenergca

    Atendimento ao PBE

    Refrigerao

    Venladores

    Equipamentosindustriaise especiais

    Motores eltricos

    Corroso

    Equipamentospara reasclassificadas

    ndice deproteo

    Medidores deenergia eltrica

    Ensaios emmateriais e

    componentes

    Equipamentosde proteoindividual

    Flamabilidadee polmeros

    Materiais derede de

    distribuio

    Ensaiosqumicos

    Atendimento resoluoconama 401

    Alta tenso

    Cadeirasplscas

    Componentes

    Consumveisodonto-mdico-hospitalares

    Iluminao

    Relsfotoeltricos

    Lmpadas

    Luminrias

    Porta-lmpadas

    Reatores

    Equipamentosde uso profs. einfraestrutura

    Eletromdicos

    Estabilizadorese no-breaks

    Fios, cabose cordes

    Plugues,tomadas

    e conectores

    Pioneiro em pilhas e bateriasAlm da preocupao com a segurana dos equipamentos

    de uso mdico, o labelo tambm pioneiro nos testes com pi-lhas e baterias. Os ensaios iniciaram em 2008 por recomenda-o do Conselho Nacional do meio Ambiente (Conama) e em maio de 2010 o laboratrio foi acreditado pelo Inmetro nessa rea. As pilhas tm alta concentrao de chumbo, cdmio e mercrio, que podem causar malefcios sade e ao meio am-biente, diz Alexandra.

    Em 2008, o ministrio do meio Ambiente, via Conama, lan-ou uma resoluo para reduzir os nveis desses metais em pilhas e baterias e se equiparar s diretivas europeias a fim de possibi-litar o descarte em lixo comum sem poluir. Segundo Alexandra, 70% dos fabricantes e importadores atendem o limite mximo estipulado para mercrio, que de 0,0005%. Em pases da Eu-ropa e nos EUA, o limite nunca foi ultrapassado desde 1998. O brasil ainda grande receptor de produtos com alta concentra-o de mercrio e matria de baixa qualidade, aponta.

    O mercrio, quando inalado, ingerido ou absorvido via cut-nea, pode atingir crebro, rins, trato intestinal e pulmes, po-dendo causar doenas neurodegenerativas. A intoxicao por cdmio ocorre pelos pulmes, alimentos ou guas de encana-mento com soldas galvanizadas e pode gerar cncer. A conta-minao por chumbo pode ser fatal ou levar a danos no fgado, rins, bao, pulmes, crebro e na medula ssea.

    Aps os testes realizados pelo labelo, as pilhas e baterias vo para estaes de tratamento de resduos perigosos. Estabele-cimentos que vendem esses produtos devem receber dos con-sumidores os materiais usados, e a distribuidora ou fabricante devem colet-los e dar a destinao correta, lembra Alexandra.

  • 20 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    qualificarExperincia em

    t ec n o lo g i a

    centro de inovao ajuda empresas na formao de profissionais

    o CentRo de Inovao Microsoft-PUCRS (CI) for-mou mais de 3.500 pessoas em cursos de capacitao desde sua inaugurao, em 2003. O primeiro deles foi o tradicional Students to Bu-siness que, em todo o Brasil, qualificou mais de 100 mil universitrios. A formao desse curso bsica da rea

    de tecnologia da informao e aproxima os partici-pantes do mercado de trabalho. Com o interesse de fazer uma capacitao mais aprofundada, empresas comearam a procurar o CI com o intuito de organi-zar programas customizados para suas necessidades.

    Segundo o professor Bernardo Copstein, coorde-nador-geral do Centro de Inovao, como o progra-ma personalizado, companhias de diferentes portes esto fazendo parcerias com o CI. Combinamos com cada uma o projeto da capacitao, incluindo a me-todologia de trabalho, o contedo, a carga horria, o tipo de avaliao e o nmero de participantes, expli-ca. Alunos e profissionais podem participar das aulas. No final, a empresa contrata os mais destacados. Para Copstein, esse projeto beneficia todos os envolvidos,

    pois as parceiras contratam profissionais quali-ficados e os participantes se tornam mais espe-cializados em determinada rea.

    A DBServer foi atrada pela possibilidade de montar a capacitao ideal para o trabalho que desenvolve. Ela fez a primeira capacitao exclu-siva com o CI em 2005. O scio-diretor, Eduardo Peres, afirma que essa uma forma de mostrar a estudantes um vis das prticas de merca-do, complementando o ensino acadmico com

    questes particulares da empresa. Participamos da concepo do currculo. Nosso setor de marketing atua com o CI na divul-gao e, o de recursos humanos, faz a seleo final, relata Peres. Dos 140 funcionrios da DBServer, cerca de 20 foram contrata-dos por meio de capacitaes do Centro de Inovao. Depois das aulas, eles conhecem a nossa filosofia e esto preparados para atuar aqui, conta. Andr Piegas foi o primeiro a ser chamado pela DBServer. Na poca, estudava Administrao com nfase em Anlise de Sistemas na PUCRS. Estagiava numa empresa que lidava com uma linguagem, mas estava interessado em outra, exatamente a trabalhada na capacitao, conta Piegas. No final, alm de aprender o que eu queria, ainda fui chamado para atuar numa empresa dentro do Tecnopuc, onde eu queria estar, revela. Em seis anos, ele passou de estagirio para con-sultor e atua na gesto de projetos. Antes foi desenvolvedor e projetista de software.

    Em julho de 2010, a NeoGrid montou o primeiro curso em parceria com o CI. Segundo Lcia de Melo, analista de recursos humanos, a empresa participou ativamente de todo o processo. Fizemos uma pr-seleo para o curso, determinando quem seriam os 20 participantes entre os 300 inscritos. Nessa etapa, fez anlise de currculos, testes, dinmica de grupo e entrevis-tas individuais. Depois das aulas no CI, os participantes elabo-raram projetos e apresentaram a uma banca de profissionais tcnicos da NeoGrid. Esse envolvimento importante, pois desejamos que desde o incio o aluno se identifique conosco, por isso a apresentao institucional feita desde a etapa de pr-seleo, afirma Lcia.

    A Dell promove, em conjunto com o CI, o Students to Bu-siness Advanced desde 2009. Na terceira edio do programa, que terminou em outubro, Andrius Hofferber foi um dos sele-cionados para estagiar na empresa. Ele estudante do primei-ro semestre de Sistema de Informao. Conheci a PUCRS ao participar do Students to Business tradicional. Agora, alm de estudar na Universidade, tambm vou estar no Tecnopuc. Ento estou realmente vivendo esse mundo, comemora. 3

    contatoo contato para empresas que desejam comear uma parceria e promover cursos de qualificao [email protected].

    Andrius Hofferber: selecionado para estagiar na Dell

    Andr Piegas: o primeiro a ser chamado pela DBServer

    fotoS: brUNo todeSchINI

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 421

    t ec n o lo g i a

    Chip em paralelo: alto desempenho e baixo consumo de energia

    projeto estuda a utilizao de sistemas multiprocessados

    eM UM computador, o crebro o proces-sador. esse pequeno componente o respon-svel por realizar as instrues necessrias, controlar as funes de

    clculo e tomadas de deciso. Segundo o professor Fernando Moraes, da Faculdade de Informtica, uma tendncia no cenrio atual, no projeto de sistemas computacionais, so os sistemas multiprocessados em chip, ou seja, a utilizao de vrias unidades de processamento operando ao mesmo tempo, num mesmo chip, em paralelo, pois permitem obter alto desempenho e reduzido consumo de energia.

    Acompanhando essa tendncia, o professor Moraes, do Grupo de Apoio ao Projeto de Hardware, coordena um projeto de pesquisa recente-mente aprovado, intitulado Sistemas multiprocessados integrados: sin-cronizao, confiabilidade e adaptabilidade, na rea de microeletrnica. O projeto, de cooperao internacional Capes-Cofecub (Comit Francs de Avaliao da Cooperao Universitria com o Brasil) conta tambm com a participao do professor Ney Calazans (PUCRS), professores da UFRGS e do Laboratrio de Informtica, Robtica e Microeletrnica da Universidade de Montpellier II (Frana), referncia na rea naquele pas.

    O projeto tem dois importantes aspectos: a formao de recursos humanos para atuar nessa rea, e o desenvolvimento de pesquisa em rea estado da arte (em nvel mais alto de desenvolvimento). A forma-o de recursos humanos envolve a execuo de estgios de doutorado, modalidade sandu che, dos alunos no laboratrio em Montpellier, e misses de trabalho dos pesquisadores franceses e brasileiros. impor-tante que os doutorandos faam esse intercmbio e tenham uma viso mais abrangente, conta Moraes. Este ano, o professor francs Lionel

    Torres visitou a PUCRS, em maio, e o professor, tambm francs, Michel Robert veio em agosto, para participao numa banca de doutorado. Do lado brasileiro, o professor Fernando Moraes e a professora Fernanda Kastensmidt (UFRGS), realizam misso de trabalho, no final deste ano, na Frana.

    A pesquisa em si explora aspectos no projeto de sistemas multiprocessados, que so essenciais para o seu bom funcionamento, como a sincro-nizao entre as unidades de processamento, a confiabilidade na presena de falhas e a adapta-bilidade deles na presena de uma carga dinmica de trabalho. preciso garantir que haver uma comunicao eficiente entre os dispositivos, mes-mo quando algumas partes falharem, o que inevi-tavelmente ocorrer. Hoje, quanto mais rpido o processador, mais ele gasta energia e gera calor. Com multiprocessadores a carga de trabalho mais bem dividida, conseguindo fazer um traba-lho melhor, utilizando menos energia, observa.

    O professor Moraes acredita que, em cinco ou seis anos, computadores com processadores de 64 ncleos estaro disponveis no mercado para o consumidor comum, mas o projeto em andamento trabalha com a previso de utilizar centenas a milhares de processadores dentro de um nico chip. Hoje a empresa Sun, por exemplo, conta com servidores com chips de doze ncleos, mas no uma tecnologia muito acessvel. 3

    Computadores

    FOtO: StOCk.XCHNG

  • Parcerias devento em popa

    centro de energia elica presta consultoria a empresas e propriedades rurais4Por MArIANA vIcIlI

    turbinas elicas captam e transformam a fora do vento em energia

    no BRASil, o Centro de Energia Elica da PUCRS (CE-Elica) uma das prin-cipais referncias no que diz respeito pesquisa e aplica-o dessa energia, com recur-sos humanos e infraestrutura apropriados para atividades de pesquisa, desenvolvimen-to tecnolgico e prestao de servios. Na rea de presta-o de servios, o Centro tem sido grande parceiro de em-presas e propriedades rurais, realizando estudos especiais, como os de levantamento de potencial elico, avaliando a capacidade de determinados locais para gerar energia com a utilizao dos ventos.

    Um desses parceiros a Estncia Guatambu, localiza-da em Dom Pedrito, Regio da Campanha do RS, que em 2010 iniciou a construo de uma vincola na propriedade. Com a ideia de torn-la uma vincola modelo, sustentvel, buscou apoio do CE-Elica para fazer um levantamento do potencial elico do local, verificando a possibilidade de utilizar energia limpa no desempenho do empreen-dimento, com o objetivo de reduzir custos e agregar valor ao produto. A energia reno-vvel tem um grande ape-

    lo no mercado, chama a ateno. Recentemente, em Porto Alegre, um edifcio de

    22 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    construo nova, que utiliza esse tipo de energia, teve suas unidades rapidamente alugadas, conta o coordenador do Centro, professor Jorge Al.

    Na Estncia, onde os estudos sero finalizados em janeiro de 2012, tambm est sendo avaliada a viabilidade tcni-ca para a implementao de um sistema elico de pequeno porte. A equipe do CE--Elica instalou uma torre meteorolgica de dez metros de altura, prxima s insta-laes da vincola, com a qual tem feito o monitoramento, coleta e tratamento dos dados estatsticos durante o perodo de um ano. Com os equipamentos instalados, possvel verificar a velocidade e direo dos ventos nas diferentes pocas do ano e outras informaes, como temperatura e presso atmosfrica, criando no local qua-se que uma pequena estao meteorolgi-ca. De tempos em tempos, os profissionais do Centro vo at a Estncia para coletar e processar dados parciais, visando a que os resultados sejam precisos.

    Depois desse perodo, o trabalho passa a ser realizado na sede do CE--Elica, localizada no prdio da Facul-dade de Engenharia. Com base nesses dados, se h potencial de utilizao de energia elica, estimamos quanto pode ser gerado com diferentes modelos de aerogeradores, para determinar qual o melhor equipamento naquele local e que atenda ao objetivo do proprietrio. Em alguns casos, no h a necessidade de um grande aerogerador. Podem ser dois de menor porte, por exemplo, ex-plica o professor Al.

    Segundo o coordenador do Centro, atualmente h vrias propriedades ru-rais interessadas em avaliar o potencial elico da sua rea, no s para uso pr-prio, mas tambm visando a possveis

    e s p ec i a lFO

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  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 423

    Parcerias devento em popa

    equipe do Ce-elica instala torre meteorolgica na estncia guatambu (Dom Pedrito) para monitorar dados dos ventos por um ano

    FOtOS: DIvUlGAO/CE-ElICA

    estudo multidisciplinar viabiliza projetosAnteS De iniciar a avaliao e instalao de uma tor-re de medio, o ce-elica faz um estudo preliminar de prospeco, utilizando como referncia as coordenadas do local (latitute e longitude). Em cerca de 30 dias, pos-svel verificar um histrico de ventos com base em dados meteorolgicos da regio. Um dos requisitos iniciais que o local no esteja dentro de uma rea de preservao ambiental. A Universidade tem a vantagem de oferecer estudos multidisciplinares, em parceria com as Faculda-des de biocincias, direito, engenharia e Administrao, Contabilidade e Economia (Face), conta o coordenador do Centro, professor Jorge Al. Com a biocincias, podem ser feitos estudos de impacto ambiental. A Faculdade de direito pode ajudar na parte jurdica, auxiliando a fazer um contrato de arrendamento, caso haja interesse por parte de outras empresas no local. A parte de viabilidade econmica de competncia da Face; e a Engenharia d orientao relativa conexo com a rede eltrica.

    Existe grande demanda para esse tipo de estudo. Alm de propriedades rurais, o ce-elica auxilia empresas e instituies que o procuram. Para a CEEE, por exemplo, realizou uma grande pesquisa sobre a caracterizao dos ventos em vrios lugares do rio Grande do Sul. Foi realiza-do tambm um estudo para a empresa trevisa, por meio da sua controlada trevo Florestal. No estudo de potencial elico foi includa uma avaliao sobre clima, fauna, flora e potencial elico de uma rea prxima reserva Ecol-gica do taim, no litoral Sul do Estado, a cerca de 80 km da cidade de rio Grande. Os resultados do local foram muito positivos, apontando que a qualidade de gerao de energia ali equivalente ao parque elico de Osrio.

    de trs anos para c, o uso de energia elica tem des-pertado um interesse crescente tambm na rea urbana, onde possvel utilizar aerogeradores diferenciados, de eixo vertical. Est se criando um mercado, mas a medi-o bem diferente, depende de vrios fatores, como a posio do prdio. Na zona rural bem mais fcil o uso da energia elica, pois h menos obstruo e a velocidade do vento maior, diz Al.

    Um dos objetivos do Centro, para os prximos anos, tambm se aproximar mais para realizar projetos com as empresas que desenvolvem e fabricam equipamen-tos utilizados na gerao de energia elica, buscando parcerias. Com projeto do CNPq, o CE-Elica realiza capacitao laboratorial e busca acreditao junto ao Inmetro para ensaios de aerogeradores e calibrao de anemmetros.

    contato4centro de energia elica4(51)3353-44384www.pucrs.br/ce-eolica

    convnios com empresas que as procuram para instalar aerogeradores no local. Com o estudo que realizamos, o proprietrio tem em mos um material que determina a real potn-cia de gerao de energia da rea. Se algu-ma empresa resolve procu-r-lo com uma proposta, ele pode negociar com seguran-a, sem o risco de receber uma oferta menor do que o valor justo, obser-va.

    O CE-Elica tambm auxilia os parceiros a buscarem al-ternativas de financiamento para a instalao de aeroge-radores em sua pro-priedade. Podem ser procuradas concessionrias de ener-gia ou at mesmo o Ministrio de Mi-nas e Energia para financiar parte do projeto, dependendo do caso, classi-ficando o local como unidade-piloto demonstrativa. 3

  • 24 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    CURSoS De especializao e exten-so inovadores, voltados para a educao executiva, com contedo exclusivo, de-senvolvidos e endossados pelos maiores nomes internacionais de gesto, como Philip Kotler, David Ulrich, William Ury e John Davis, passaro a ser oferecidos na PUCRS, em 2012, numa parceria entre a Universidade e a HSM Educa-o. Com essa aliana, os cursos, todos presenciais, como MBAs (Master in Bu-siness Administration) e Ps-MBA, se-ro realizados na Escola de Negcios da PUCRS (Faculdade de Administrao, Contabilidade e Economia).

    Sero oferecidos os MBAs nas reas de Gesto Empresarial, Projetos e Mar-keting. Futuramente a rea de Finanas tambm poder ser contemplada. Os Ps-MBAs, tecnicamente nomeados EDPs (Executive Development Pro-gram), so cursos de extenso, por isso tm durao mais curta (seis meses), e voltados para quem atua em cargos de gerncia ou possua profunda experin-cia como especialista. Segundo a profes-sora Maira Petrini, gestora da unidade de cursos PUCRS-HSM Educao, essa modalidade pouco difundida no Brasil e possui algumas peculiaridades. Eles so direcionados a executivos com alto potencial, que tero, dentro do curso, um acompanhamento especial com ativida-des de coaching para avaliao dos seus objetivos profissionais pessoais, conta.

    O contedo todo on-line, em forma-to de c-book (livro colaborativo produzi-do para tablets) multimdia, permitindo a interao do aluno de diversas manei-ras. Os alunos matriculados nos cursos PUCRS-HSM Educao recebem um voucher com desconto para a aquisio de um tablet numa livraria conveniada, para que possa acessar o material das aulas. Caso possua um, poder utilizar o voucher na aquisio de livros ou outros produtos.

    De acordo com a professora Maira, o mtodo de ensino dos cursos diferen-ciado, baseado no participante e na tro-ca de experincias. Faro parte da equi-pe de professores docentes da PUCRS

    e da rede HSM Educao, permitindo que professores de outras localidades lecionem aqui e que os da Universidade circulem por outras instituies. Num ambiente virtual indito no Brasil, ser possvel compartilhar informaes com colegas de aulas e de outros cursos, alm de visualizar materiais e vdeos inseridos pelos gurus, profissionais de renome internacional na rea.

    O ambiente das atividades tambm ser um diferencial. No prdio 50 do Campus haver um espao especfico para os cursos. Sero salas de aula com telas touch screen, simuladores, jogos e bate-papos e lousas em 360 (localiza-das em todas as paredes do ambiente), para que se escreva em qualquer parte da sala, propiciando a interao entre os presentes. Est prevista a criao de um lounge para os estudantes, sala de aula em formato de anfiteatro e sala de estudos.

    O diretor de Educao Continuada da PUCRS, professor Maurcio Testa, enten-de que a parceria leva a educao executi-va no Estado para outro nvel. A propos-ta inovadora em formao executiva da HSM Educao possui uma abordagem contempornea, que favorece a colabora-o e trabalha contedos em profundida-de em ambientes diferenciados. Alinhada com a tradio e a qualidade crescente da PUCRS, possui todos os ingredientes para se tornar referncia em desenvolvi-mento executivo, afirma Testa.

    Para Marcos Noll Barboza, presiden-te da HSM Educao, essa parceria um passo importante na formao da rede nacional da HSM Educao. Estamos trazendo um novo modelo de educao de negcios, a partir do estabelecimento de uma rede global de conhecimento, do desenvolvimento de programas educa-cionais diferenciados e da formao de uma grande aliana de universida-des brasileiras de qualidade, como a PUCRS, explica.

    As inscries iniciam em novembro e os cursos, em abril de 2012. Informaes no site www.pucrs.br/hsmeducacao ou telefone (51) 3320-3727. 3

    t e n d n c i a

    cursos inovam na metodologia e nos ambientes4Por MArIANA vIcIlI

    impulsiona ensino executivoUnio entre PUCRS e HSM

    foto: GIlSoN olIveIrA

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 425

    FOtOS: DIvUlGAO/HSm

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    Ambiente diferenciado: salas de aula com lousas de 360, telas touch screen e jogos

    impulsiona ensino executivoUnio entre PUCRS e HSM

    Philip kotler e a importncia do hi-toucho evento que marcou o in-

    cio da parceria PUcrS e hSM Educao, em setembro, foi a realizao de um seminrio com a maior autoridade mun-dial em marketing: o professor

    norte-americano Philip Ko-tler (Universidade de Nor-

    thwestern). Na ocasio, falou aos participantes sobre o Marketing 3.0 O novo papel do mar-keting em uma econo-

    mia conectada por redes. Segundo Kotler, as empre-

    sas hoje no devem ser apenas hi-tech (de alta tecnologia), mas hi-touch (grande sensibili-dade), ou seja, devem tocar as pessoas. O marketing 1.0 es-

    tava centrado na ideia de ven-der um bom produto. O 2.0, voltado para o cliente, em sa-tisfazer e reter consumidores, conect-los emocionalmente. o marketing 3.0 movido por valores, com o objetivo de tor-nar o mundo um lugar melhor, satisfazer tambm o esprito dos consumidores, que se pre-ocupam com os outros e com o mundo, no s com eles, explica.

    os clientes leais, no mar-keting 3.0, querem se envol-ver com o seu produto e con-tar isso na internet para seus amigos. Eles querem se sentir melhor mentalmente e emo-cionalmente. Querem ser eco-

    lgicos, sustentveis e ajudar os pobres. A empresa pode escolher uma causa social para abraar, mas quando fizer isso deve mant-la, e no cort-la sempre que houver uma crise, observa. Um case citado por Kotler foi o de um site de ven-da de sapatos, que a cada par vendido doa um para famlias com dificuldades econmicas nos EUA.

    Philip kotler tambm des-tacou as diferenas e a difi-culdade de ser um chefe de marketing nos dias de hoje. Antigamente era muito mais fcil, no havia muito o que ser feito com o produto, era s vend-lo, ganhar espao nas

    prateleiras das lojas. Havia pou-cas mdias, como jornais e tv, e eram simples. Hoje quem atua com marketing tem que par-ticipar da criao do produto, pensar no mercado e nas mais diversas mdias. preciso pen-sar nas lojas fsicas e virtuais, e saber que o controle da marca no est mais na mo da em-presa. O consumidor influencia mais os outros que compram do que voc, pois ele fala so-bre os produtos ou servios no Facebook e no twitter para os conhecidos, por exemplo. O desafio est em deixar os con-sumidores to entusiasmados que vo querer falar positiva-mente sobre a sua empresa.

    PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 425

  • 26 4PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011

    Guardi dainFoRMAo

    coordenadoria de registro acadmico acompanha os alunos durante toda a graduao

    ba s t i d o r e s

    eleS SABeM tudo sobre qualquer aluno de graduao, desde a data de nascimento at se est se saindo bem (ou no) nas disciplinas. Durante a vida acadmica, e mesmo depois, todos os estudan-tes precisam algum dia buscar o auxlio dos profissio-nais da Coordenadoria de Registro Acadmico (CRA), vin culada Pr-Reitoria de Graduao. So eles que cuidam da parte administrativo-acadmica dos atuais 24.398 alunos de Porto Alegre.

    A equipe da CRA se divide entre dois locais no trreo do prdio 15: na sala 115, mais reservada, feita toda a parte de rotina interna. Na Central de Atendimento ao Aluno, como o prprio nome diz, ocorre o contato com o pblico. A Coordenadoria est estruturada em trs ncleos, que lidam com as informaes dos aca-dmicos desde o ingresso na Universidade at a sua formatura. O Ncleo de Cadastro cuida dos dados dos estudantes no seu ingresso e, ao longo do curso, atua nos processos de matrcula, no encerramento das atas de disciplina, publicao de graus e gerao de dados estatsticos sobre a graduao, entre outras atividades.

    O Ncleo de Servios, na Central de Atendimento ao Aluno, conta com uma equipe treinada para atender ao pblico. ali que os acadmi-cos vo quando necessitam trancar uma disciplina, pedir o reingresso, esclarecer dvidas e solicitar documentos como comprovante de matr-cula ou histrico escolar, entre outros. O perodo de maior movimento no local noite. A mdia de atendimentos de 300 por dia, que chegam a mais de mil em incio e final de semestre ou no fim do ms. Muitos aten-dimentos tambm so feitos por telefone, somando at 9 mil por ms.

    No Ncleo de Registros e Diplomas feito o acompanhamento do cumprimento da grade curricular, verificadas quais disciplinas podem ser aproveitadas quando um aluno pede transferncia para a PUCRS ou muda de curso, e quem tem condies de se formar. Ali ocorre a emisso do diploma aps a formatura ou da segunda via, quando soli-citada. Alm de todas essas atividades, a CRA responsvel por outras diversas tarefas, como inscrever os alunos no Enade, organizar infor-maes e elaborar dados estatsticos da Universidade, receber pedidos de transferncia, readmisso e reopo de cursos e complementao s Faculdades.

    Segundo a professora Ana Benso, coordenadora de Registro Aca-dmico, muitos dos processos possuem regras e detalhes especiais que devem ser observados. Por isso, os membros da equipe sempre esto disposio para auxiliar as Faculdades nos processos acadmico-admi-nistrativos. A vantagem que boa parte dos tcnicos administrativos do setor est na PUCRS h mais de dez anos, o que facilita a agilidade dos processos e favorece o constante aperfeioamento. Um deles o assis-tente de direo Seno Jung, h 37 anos na CRA. A CRA evoluiu com a PUCRS e se adequou s exigncias da Universidade. No havia antes atividades complementares e certificao adicional, por exemplo, que agora fazem parte das nossas tarefas dirias, observa Jung.

    Os arquivos com as informaes dos alunos esto guardados em diferentes locais da Universidade (devido imensa quantidade de ma-terial), mas muitos documentos foram digitalizados. A ideia que, aos

    poucos, o uso do papel seja substitudo. Estamos trabalhando em parceria com a Gerncia de Tecno-logia da Informao e Telecomunicao, para aper-feioar os sistemas, informatizando cada vez mais os processos, conta a professora Ana. 3

    4experincia:

    boa parte dos tcnicos trabalha no setor h mais

    de dez anos

    3Central de Atendimento ao Aluno funciona no prdio 15

    fotoS: brUNo todeSchINI

  • PUcrS INforMAo N 157 4NOvEmbrO-DEzEmbrO/2011 427

    dificuldade de concentrao deve ser tratada com responsabilidade

    co m p o r ta m e n to

    FOtO: PIOtr bIzIOr/StOCk.XCHNG

    O que eu estava

    noSSA CUltURA hoje alimenta a busca por solues rpidas e fceis. incentivado e valorizado que se faam vrias tarefas ao mesmo tempo, o que significaria o ideal de eficincia. Estudos, entretan-to, apontam que o ser humano no to multitarefa quanto imagina ser: tem um melhor rendimento quando volta toda a sua ateno para uma coisa de cada vez. Mesmo assim, comum que se tente abraar o mundo e se queiram milagres em pou-co tempo, especialmente quando se universitrio com diversas atividades para entregar, provas para preparar, em muitos casos, tendo que conciliar o tempo com trabalho/estgio, casa e famlia.

    Quem sente essa angstia pode ter certeza de que no est s: uma das queixas de alunos re-cebida com frequncia pela equipe do Centro de

    Ateno Psicosso-cial a dificuldade em se concentrar, focar a ateno nos estudos e lidar com uma grande quan-tidade de afazeres. Buscando um ren-dimento maior e rpido, alguns con-tam que ingerem bebidas energti-

    cas, muito caf ou misturas (como caf com refri-gerante de Cola) e guaran em p, por exemplo.

    Em casos mais graves, h o uso de medicamen-tos sem prescrio mdica, como os utilizados por pacientes com Transtorno do Dficit de Ateno e Hiperatividade. Eles reclamam de falta de con-

    centrao e ansiedade, se autodiagnosticam fazendo buscas na internet e no param

    para refletir sobre o que pode estar interferindo no processo de aprendizagem. Muitas vezes pode ser estresse; outras, problemas pessoais, falta de estrutura integrada e fortalecida. comum tam-bm a incapacidade de lidar com a frustrao, com o esforo ne-cessrio para aprender, e acabam buscando muletas qumicas e tecnolgicas, conta a professora e psicloga Maria Lcia de Moraes.

    A psicopedagoga Gilze Arbo, que atua no CAP e n