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Revista Vanguarda

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Movimentos literários e arte moderna de 1922.

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Page 1: Revista Vanguarda
Page 2: Revista Vanguarda

T r a b a l h o r e a l i z a d o p a r a a

d i s c i p l i n a d e L i t e r a t u r a ,

p r o f e s s o r a V i r g í n i a S a n t a n a , n o

p e r í o d o d e a b r i l / m a i o ,

c o m p o n e n t e p a r a o 2 º

b i m e s t r e / 2 0 1 1 . A l u n o s :

W e l t o n d e A l m e i d a

( O r g a n i z a d o r G e r a l d a

R e v i s t a ) .

A l e s s a n d r a O r m a n d

( D a d a í s m o ) .

D é b o r a h K i n s k h i ( F u t u r i s m o ) .

G a b r i e l a F e r n a n d e s

( S u r r e a l i s m o ) .

L u c i a n a A p a r e c i d a

( E x p r e s s i o n i s m o ) .

Page 3: Revista Vanguarda

VanguardasO impressionismo no

Brasil as artes plásticas há

tendências

impressionistas em

algumas obras dos artistas

brasileiros Eliseu Visconti ,

Georgina de Albuquerque e

Lucílio de Albuquerque.Visconti

retratou em suas obras

impressionista as paisagens de

Teresópolis,ninguém na pintura

brasileira tratou com idêntica

maestria esse tema perigoso da luz

tropical como ele.

Não muito diferente que nos

outros países a arquitetura e a

escultura brasileira possuía

edifícios e construções

simples.Esta área não foi muito

frutífera,só logo após depois da

guerra mundial no movimento

expressionista que houve

resultados mais significantes na

arquitetura e na escultura.

Expressionismo nas

Artes Plásticas

Pintura de George Grosz

História do movimento, artistas

expressionistas, obras do

expressionismo, abstrato,

expressionismo no Brasil,

características principais,

oposição ao impressionismo,

gravuras, resumo, características

Surgimento

Em oposição ao

Impressionismo, o

Expressionismo surge no final do

século XIX com características

que ressaltam a subjetividade.

Neste movimento, a intenção do

artista é de recriar o mundo e não

apenas a de absorvê-lo da mesma

forma que é visto. Aqui ele se

opõe à objetividade da imagem,

destacando, em contrapartida, o

subjetivismo da expressão.

N

Page 4: Revista Vanguarda

História e características

Seu marco ocorreu na

Alemanha, onde atingiu vários

pintores num momento em que o

país atravessava um período de

guerra. As obras de arte

expressionistas mostram o estado

psicológico e as denúncias sociais

de uma sociedade que se

considerava doente e na carência

de um mundo melhor. Pode-se

dizer que o Expressionismo foi

mais que uma forma de expressão,

ele foi uma atitude em prol dos

valores humanos num momento

em que politicamente isto era o

que menos interessava. O

principal precursor deste

movimento foi o pintor holandês

Vincent Van Gogh, que, com seu

estilo único, já manifestava,

através de sua arte, os primeiros

sinais do expressionismo. Ele

serviu como fonte de inspiração

para os pintores: Érico Heckel,

Francisco Marc, Paulo Klee,

George Grosz, Max Beckmann,

etc. Há ainda muitos outros

pintores, entre eles, Pablo Picasso,

que também foram influenciados

por esta manifestação artística.

Outro importante pintor

expressionista foi o norueguês

Edvard Munch, autor da

conhecida obra O Grito. Além de

sua forte manifestação na pintura,

o expressionismo foi marcante

também em outras manifestações

artísticas, tais como: literatura,

cinema, teatro, etc. Na literatura,

há muitas obras que refletem a

crise de consciência que tomou

conta da sociedade antes e depois

da Primeira Guerra Mundial. Na

década de 40, surge o

expressionismo abstrato, este

movimento foi criado em Nova

York por pintores como Pollock,

de Kooning e Rothko. Aqui os

estilos eram bem variados e

buscavam a liberação dos padrões

estéticos que até então

dominavam a arte norte-

americana.

EXPRESSIONISMO NO

BRASIL

Em nosso país o

movimento também foi

importante. Podemos destacar, nas

artes plásticas, os artistas

expressionistas mais importantes:

Candido Portinari, que mostra em

suas telas a migração do povo

nordestino para as grandes

cidades. Outros representantes:

Anita Malfatti, Lasar Segall e

Osvaldo Goeldi (autor de diversas

gravuras). As peças teatrais de

Nélson Rodrigues apresentam

significativas características do

expressionismo.

Anita Malfatti - Sua arte era

livre das limitações que o

academicismo impunha, seus

trabalhos se tornaram marcos na

pintura moderna brasileira, por

seu comprometimento com as

novas tendências.

Obras destacadas: A Estudante

Russa, O Homem Amarelo,

Page 5: Revista Vanguarda

Candido Portinari - Importante

pintor brasileiro, cuja temática

expressa o papel que os artistas da

época propunham: denunciar as

desigualdades da sociedade

brasileira e as consequências

desse desequilíbrio. Seu trabalho

ficou conhecido

internacionalmente através dos

corpos humanos sugerindo

volume e pés enormes que fazem

com que as figuras pareçam

relacionar-se intimamente com a

terra, esta sempre pintada em tons

muito vermelhos. Portinari pintou

painéis para o pavilhão brasileiro

da Feira Mundial de Nova York,

Via Crucis - para a igreja de São

Francisco, na Pampulha, Belo

Horizonte (MG) e murais da sala

da Fundação Hispânica na

Biblioteca do Congresso, em

Washington. Sua pintura retratou

os retirantes nordestinos, a

infância em Brodósqui, os

cangaceiros e temas de conteúdo

histórico como Tiradentes,

atualmente no Memorial da

América Latina, em São Paulo, e

o painel A Guerra e a Paz, pintado

em 1957 para a sede da ONU.

Dadaísmo

O Dadaísmo surge em meio

à guerra, em 1916, do encontro de

um grupo de refugiados

(escritores e artistas plásticos)

com o intuito de fazer algo

significativo que chocasse a

burguesia da época.

Este movimento é o reflexo

da perspectiva diante das

conseqüências emocionais

trazidas pela Primeira Guerra

Mundial: o sentimento de revolta,

de agressividade, de indignação,

de instabilidade.

O Dadaísmo é considerado

a radicalização das três

vanguardas européias anteriores: o

Futurismo, o Expressionismo e o

Cubismo. Os artistas desse

período eram contra o capitalismo

burguês e a guerra promovida com

motivação capitalista. A intenção

desta vanguarda é destruir os

valores burgueses e a arte

tradicional.

A literatura tem como

características: a agressividade

verbalizada, a desordem das

palavras, a incoerência, a

banalização da rima, da lógica, do

raciocínio. Faz uso do nonsense,

Page 6: Revista Vanguarda

ou seja, da falta de sentido da

linguagem, as palavras são

dispostas conforme surgem no

pensamento, a fim de ridicularizar

o tradicionalismo.

O próprio nome

“Dadaísmo” não tem significado

nenhum, provavelmente tem o

intuito de remeter à linguagem da

criança que ainda não fala.

Um dos principais autores e

também fundador do Dadaísmo é

Tristan Tzara, o qual ensina o

seguinte a respeito do movimento:

“Para fazer um poema

dadaísta”

Pegue um jornal

Pegue a tesoura.

Escolha no jornal um artigo do

tamanho que você deseja dar a

seu poema.

Recorte o artigo.

Recorte em seguida com atenção

algumas palavras que formam

esse artigo e meta-as num saco.

Agite suavemente.

Tire em seguida cada pedaço um

após o outro.

Copie conscienciosamente na

ordem em que elas são tiradas do

saco.

O poema se parecerá com você.

E ei-lo um escritor infinitamente

original e de uma sensibilidade

graciosa, ainda que

incompreendido do público.

A linguagem dadaísta

pretende anular qualquer barreira

quanto a significações, pois o

importante nas palavras não é seu

significado, e sim sua sonoridade.

O som é intensificado com o grito,

o urro contra o burguês e seu

apego ao capital.

No Brasil o Dadaísmo tem

referência através do escritor

Mário de Andrade em seu livro

Paulicéia desvairada, no qual há

um poema chamado “Ode ao

burguês”. Já no prefácio do livro,

o autor recomenda que só

deveriam ler o referido poema os

leitores que soubessem urrar. Veja

um trecho do poema:

Ode ao burguês Mário de

Andrade

“Eu insulto o burgês! O burguês-

níquel,

o burguês-burguês!

A digestão bem feita de São

Paulo!

O homem-curva! o homem-

nádegas!

O homem que sendo francês,

brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-

pouco! (...)”

Page 7: Revista Vanguarda

Terrorismo Cultural

O movimento promovia o

"terrorismo cultural", pois negava

todas as tradições sociais e

artísticas. Tinha como base o

niilismo (descrença absoluta), o

ilogismo (ausência de lógica ou de

regras) e o slogan "a destruição

também é criação".

Na arte, havia grande

admiração pela arte abstrata e

cultuava a realidade mágica da

infância: "Mona Lisa com

bigodes, de Marcel Duchamp".

Na literatura, o Dadaismo

procurava chocar o público.

Agressividade, improvisação,

desordem, rejeição a qualquer tipo

de racionalização e equilíbrio,

estavam presente nos textos.

O acaso substituiu a

inspiração e a brincadeira tomou o

lugar da seriedade. Invenção de

palavras com base na sonoridade.

Die Schlacht (A Batalha), de

Ludwig Kassak

Berr... Bum, bumbum, bum...

Ssi... Bum, papapa,bum, bumm

Zazzau... Dum, bum, bumbumbum

Prä, prä, prä... râ, äh-äh, aa...

Haho...

No Brasil, o Dadaísmo se

manifestou em várias obras dos

modernistas. O grande projeto dos

modernistas era escrever

brasileiro, criando um língua

nacional livre. Manuel Bandeira,

grande poeta modernista utiliza

um procedimento dadaísta comum

na época (a galhofa) e fez, no

poema a seguir, uma paródia

modernista de um poema do

romântico Joaquim Manuel de

Macedo (A Moreninha).

“Mulher, irmã, escuta-me: não

ames,

Quando a teus pés um homem

terno e curvo

Jurar amor, chorar pranto de

sangue,

Não creias, não mulher: ele te

engana!

As lágrimas são galas da mentira

E o juramento manto da

perfídia.”

Cubismo

É um movimento artístico que

ocorreu entre 1907 e 1914, nas artes

plásticas, tendo como principais

fundadores

Page 8: Revista Vanguarda

Pablo Picasso Georges Braque

e tendo se expandido para a

literatura e a poesia pela

influência de escritores como

Guillaume Apollinaire, John dos

Passos e Vladimir Maiakovski. O

quadro "Les demoiselles

d'Avignon", de Picasso, 1907 é

conhecido como marco inicial do

Cubismo. Nele ficam evidentes as

referências a máscaras africanas,

que inspiraram a fase inicial do

cubismo, juntamente com a obra

de Paul Cézanne.

O Cubismo tratava as

formas da natureza por meio de

figuras geométricas,

representando todas as partes de

um objeto no mesmo plano. A

representação do mundo passava a

não ter nenhum compromisso com

a aparência real das coisas.

O movimento cubista

evoluiu constantemente

em três fases:

Fase cezannista ou

cezaniana entre 1907 e 1909 -

Historicamente o Cubismo

originou-se na obra de Cézanne,

pois para ele a pintura deveria

tratar as formas da natureza como

se fossem cones,

esferas e cilindros.

Entretanto, os cubistas

foram mais longe do

que Cézanne. Passaram

a representar os objetos

com todas as suas

partes num mesmo

plano. É como se eles

estivessem abertos e

apresentassem todos os

seus lados no plano

frontal em relação ao

espectador. Na verdade,

essa atitude de

decompor os objetos

Page 9: Revista Vanguarda

não tinha nenhum compromisso

de fidelidade com a aparência real

das coisas.

O pintor cubista tenta

representar os objetos em três

dimensões, numa superfície plana,

sob formas geométricas, com o

predomínio de linhas retas. Não

representa, mas sugere a estrutura

dos corpos ou objetos.

Representa-os como se

movimentassem em torno deles,

vendo-os sob todos os ângulos

visuais, por cima e por baixo,

percebendo todos os planos e

volumes.

Autorretrato de Paul

Cezanne

Mates de Carnaval

Fase analítica ou hermética

entre 1909 a 1912 - que se

caracterizava pela desestruturação

da obra, pela decomposição de

suas partes constitutivas;

Fase sintética (contendo a

experimentação das colagens) -

foi uma reação ao cubismo

analítico, que tentava tornar as

figuras novamente reconhecíveis,

como colando pequenos pedaços

de jornal e letras.

No momento do cubismo

sintético, elementos heterogêneos

- recortes de jornais, pedaços

madeira, cartas de baralho,

caracteres tipográficos, entre

outros - são agregados à superfície

das telas, dando origem às

famosas colagens, amplamente

utilizadas a partir de então. O

Page 10: Revista Vanguarda

papel-colado torna-se parte

fundamental de seu método.

Outros pintores como Fernand

Léger, Robert Delaunay, Sonia

Delaunay-Terk, Albert Gleizes,

Jean Metzinger, Roger de la

Fresnaye se associam ao

movimento.

Na escultura, por sua vez, a

pauta cubista marca as obras de

Alexander Archipenko, Pablo

Gargallo, Raymond Duchamp-

Villon, Jacques Lipchitz,

Constantin Brancusi, entre outros.

O ano de 1914 remete ao fim da

colaboração entre Picasso e

Braque e à uma atenuação das

inovações cubistas, embora os

procedimentos introduzidos pelo

movimento estejam na base de

experimentos posteriores como os

do futurismo, construtivismo,

purismo e vorticismo.

Desdobramentos do léxico cubista

alcançam não apenas as artes

visuais, mas também a poesia,

com Guillaume Apollinaire, e a

música, nas criações de

Stravinsky.

O cubismo pode ser

considerado uma das principais

fontes da arte abstrata e suas

pesquisas encontram adeptos no

mundo todo. No Brasil,

influências do cubismo podem ser

observadas em parte dos artistas

reunidos no modernismo de 1922,

em alguns trabalhos de Vicente do

Rego Monteiro, Antonio Gomide

e sobretudo na obra de Tarsila do

Amaral

O pescador 1925

. O aprendizado com André Lhote,

Gleizes e, principalmente, com

Léger reverbera nas tendências

construtivas da obra de Tarsila, em

especial na fase pau-brasil. A

pintora vai encontrar em Léger,

especialmente em suas "paisagens

animadas", motivos ligados ao

espaço da vida

Page 11: Revista Vanguarda

moderna - máquinas,

engrenagens, operários das

fábricas etc. - e o aprendizado de

formas curvilíneas. Emblemáticas

do contato com o mestre francês

são as telas criadas em 1924,

como Estrada de Ferro Central

do Brasil e Carnaval em

Madureira.

Não se pode mencionar o impacto

do cubismo no Brasil sem lembrar

ainda de parte das produções de

Clóvis Graciano

Paisagem de pinheiros, 1938

óleo sobre tela

e de um segmento considerável da

obra de Candido Portinari,

Festa de São João 1939

evidente em termos de inspiração

picassiana.

Desta última fase

decorrem dois

movimentos:

Orfismo

Foi um movimento efêmero

da pintura francesa que brotou do

cubismo por volta de 1912. A

Page 12: Revista Vanguarda

palavra orfismo, que já fora usada

com relação aos simbolistas, foi

aplicada ao movimento por

Guillaume Apollinaire; a

referência a Orfeu, o poeta-cantor

da mitologia grega, refletia o

desejo dos artistas envolvidos de

acrescentar um novo elemento de

lirismo e cor ao austero cubismo

intelectual de Picasso, Braque e

Gris. Os pintores arrolados por

Apollinaire, que formou o

chamado grupo de Puteaux, como

praticantes do orfismo eram

Robert Delaunay

Fernand Léger,

Persistencia Memoria

Francis Picabia,

Marcel Duchamp

e Frank Kupka

Page 13: Revista Vanguarda

.

Os orfistas faziam da cor o

principal meio de expressão

artística, e Delaunay e Kupka

incluíram-se entre os primeiros

artistas a pintar obras totalmente

não-figurativas, perseguindo uma

suposta analogia entre a abstração

pura e a música. Embora efêmero, o

orfismo exerceu forte influência

sobre a pintura alemã

(especialmente sobre Macke,

Marc e Paul Klee) e sobre o

sincrômismo

Futurismo

Um envolvimento na política da

Itália

Movimento artístico e

literário iniciado oficialmente em

1909 com a publicação do

Manifesto Futurista, do poeta

italiano Filippo Marinetti, no

jornal francês.

Le Figaro. Nesse manifesto,

já proclamava o fim da arte

passada e a ode à arte do futuro

(futurismo, daí o nome do

movimento). Com implicações

políticas, buscava tornar a Itália

livre do peso de sua história e

inserí-la no mundo moderno.

O texto rejeita o moralismo

e o passado, exalta a violência e

propõe um novo tipo de beleza,

baseado na velocidade. O apego

do futurismo ao

novo é tão grande que chega a

defender a destruição de museus e

de cidades antigas. Agressivo e

extravagante encara a guerra

como forma de higienizar o

mundo.

Características do

Futurismo:

- Desvalorização da tradição e do

moralismo;

- Valorização do desenvolvimento

industrial e tecnológico;

- Propaganda como principal

forma de comunicação;

- Uso de onomatopéias (palavras

com sonoridade que imitam

ruídos, vozes, sons de objetos) nas

poesias;

- Poesias com uso de frases

fragmentadas para passar a ideia

de velocidade;

Page 14: Revista Vanguarda

deformações para passar a ideia

de movimento e dinamismo;

Artes plásticas – As obras

refletem o mesmo ritmo e espírito

da sociedade industrial. Para

expressar velocidade na pintura,

os artistas recorrem à

repetição dos traços das figuras.

Querem mostrar muitos

acontecimentos ao mesmo tempo,

adaptam técnicas do cubismo. Na

escultura, os futuristas

fazem trabalhos experimentais

com vidro e papel e seu expoente

é o pintor e escultor italiano

Umberto Boccioni.

Preocupados com a

interação entre as artes, alguns

pintores e escultores se

aproximam da música e do teatro.

O pintor italiano Luigi Russolo

(1885-1947), por exemplo, cria

instrumentos musicais e os utiliza

em apresentações públicas.

Na Rússia, o futurismo tem

papel importante na preparação da

Revolução Russa (1917) e

caracteriza as pinturas de

Lariónov (1881-1964) e

Gontcharova (1881-1962).

Literatura – As principais

manifestações ocorrem na poesia

italiana. Sempre a serviço de

causas políticas, a primeira

antologia sai em 1912. O texto é

marcado pela destruição da

sintaxe, dos conectivos e da

pontuação, substituída por

símbolos matemáticos e musicais.

A linguagem é espontânea e as

frases são fragmentadas para

expressar velocidade.

Teatro – Introduz a

tecnologia nos espetáculos e tenta

interagir com o público. O

manifesto de Marinetti sobre

teatro, de 1915, defende

representações de

apenas dois ou três minutos, um

pequeno texto, ou nenhum texto,

vários objetos em cena e poucos

atores.

Futurismo no Brasil

O movimento colabora para

desencadear o modernismo, que

dominou as artes após a Semana

de Arte Moderna de 1922. Os

modernistas usam algumas das

técnicas do futurismo e discutem

suas ideias, mas rejeitam o rótulo,

identificado com o fascista

Marinetti.

Futurismo na Itália

Foi em território italiano

que o futurismo ganhou grande

notoriedade. O fascismo italiano

teve grande influência neste

movimento artístico na Itália. Os

principais artistas plásticos

futuristas italianos foram Luís

Russolo, Umberto Boccioni e

Carlo Carrá.

Futurismo na Rússia

Page 15: Revista Vanguarda

O movimento futurista russo

recebeu forte influência do

socialismo, principalmente após a

Revolução Russa de 1917. O

grande expoente da poesia

futurista russa foi o poeta

Vladimir Maiakovski, que fez

uma ligação entre a arte e o povo.

Principais Artistas

UMBERTO BOCCIONI

(1882-1916): Contribui muito

para levar a polêmica

“anticultural” do futurismo no

âmbito das artes plásticas. A

sensação dinâmica é o principal

valor de sua arte, ação que se

traduz na pintura pela prática das

técnicas neo-impressionistas,

associadas aos princípios do

Cubismo. No campo da escultura

procurou solucionar todos os

aspectos da forma dinâmica na

linguagem tridimensional, estudou

de forma intensiva o movimento

dinâmico de um corpo humano no

espaço. Falou sobre a exclusão do

nu e exaltação ao uso de materiais

nobres, como o mármore e o

bronze em favor dos meio

heterogêneos:

“Planos transparentes de

vidro ou celulóide, faixas de

metal, arame, luzes elétricas

internas ou externas podem

indicar os planos, as tendências,

os tons e os meio tons de uma

nova realidade.”

Boccioni se formou em

Roma, com Gino Severini, no

ateliê de Giacomo Balla onde

Aprendeu a pintura neo-

impressionista. Depois Fixou-se

em Milão, onde conheceu

Marinetti e em 1909, aderiu ao

Futurismo, com Balla, Carlo

Carrà e Luigi Russolo, assinando

com eles o Manifesto dos pintores

futuristas, em 1910; no mesmo

ano, redigiria o Manifesto técnico

da pintura futurista. Convocado

para lutar na Primeira Grande

Guerra, serviu na artilharia, onde

morreu após uma queda de cavalo

durante exercícios militares.

CARLO CARRÁ (1881-1966): O

pintor assinou o primeiro

manifesto futurista, iniciou seus

primeiros estudos e esboços de

Ritmo dos Objetos e Trens, por

definição suas obras mais

futuristas. Entrou em contato com

o cubismo junto com outros

futuristas, mas em 1915 rompe

com o movimento, juntou-se a De

Chirico e realizou sua primeira

pintura metafísica. Apesar de ter

rompido com o futurismo Carrá

foi um grande marco do

movimento.

GIACOMO BALLA (1871 -

1958): Em sua obra o pintor

Page 16: Revista Vanguarda

italiano tentou endeusar os novos

avanços científicos e técnicos por

meio de representações totalmente

desnaturalizadas, embora sem

chegar a uma total abstração.

Mostrou grande preocupação com

o dinamismo das formas, com a

situação da luz e a integração do

espectro cromático.

Um recurso dos mais originais

que ele usou para representar o

dinamismo foi a simultaneidade,

ou desintegração das formas,

numa repetição quase infinita, que

permitia ao observador captar de

uma só vez todas as sequência do

movimento…

Preocupado, como seus

companheiros, em encontrar uma

maneira de visualizar as teorias do

movimento, apresentou em 1912

seu primeiro quadro futurista

intitulado dinamismo de um Cão

na Coleira. Nas décadas seguintes

assume definitivamente o

realismo como a arte pura.

SIMBOLISMO

Simbolismo é uma

tendência literária da poesia e das

outras artes que surgiu na França,

no final do século XIX, como

oposição ao Realismo o

Naturalismo e ao Positivismo da

época.

Histórico e características

A partir de 1881, na França

poetas, pintores, dramaturgos e

escritores em geral, influenciados

pelo misticismo advindo do

grande intercâmbio com as artes,

pensamento e religiões orientais -

procuram refletir em suas

produções a atmosfera presente

nas viagens a que se dedicavam.

Marcadamente

individualista e místico, foi, com

desdém, apelidado de

"decadentismo" - clara alusão à

decadência dos valores estéticos

então vigentes e a uma certa

afetação que neles deixava a sua

marca. Em 1886 um manifesto

trouxe a denominação que viria

marcar definitivamente os adeptos

desta corrente: simbolismo.

PRINCIPAIS

CARACTERISTICAS

Subjetivismo

Os simbolistas terão maior

interesse pelo particular e

individual do que pela visão mais

geral. A visão objetiva da

realidade não desperta mais

interesse, e, sim, está focalizada

sob o ponto de vista de um único

indivíduo. Dessa forma, é uma

poesia que se opõe à poética

parnasiana e se reaproxima da

estética romântica, porém, mais

do que voltar-se para o coração,

os simbolistas procuram o mais

profundo do "eu" e buscam o

inconsciente, o sonho.

Page 17: Revista Vanguarda

Musicalidade

A musicalidade é uma das

características mais destacadas da

estética simbolista, segundo o

ensinamento de um dos mestres

do simbolismo francês, Paul

Verlaine, que em seu poema "Art

Poétique", afirma: "De la musique

avant toute chose..." (" A música

antes de mais nada...") Para

conseguir aproximação da poesia

com a música, os simbolistas

lançaram mão de alguns recursos,

como por exemplo a aliteração,

que consiste na repetição

sistemática de um mesmo fonema

consonantal, e a assonância,

caracterizada pela repetição de

fonemas vocálicos.

Transcendentalismo

Um dos princípios básicos

dos simbolistas era sugerir através

das palavras sem nomear

objetivamente os elementos da

realidade. Ênfase no imaginário e

na fantasia. Para interpretar a

realidade, os simbolistas se valem

da intuição e não da razão ou da

lógica. Preferem o vago, o

indefinido ou impreciso. O fato de

preferirem as palavras névoa,

neblina, e palavras do gênero,

transmite a ideia de uma

Obsessão pelo branco (outra

característica do simbolismo)

como podemos observar no

poema de cruz e souza

"Ó Formas alvas, brancas,

Formas claras De luares, de neves,

de neblinas!... Ó Formas vagas,

fluidas, cristalinas... Incensos dos

turíbulos das aras..." [...]

Dado esse poema de Cruz e

Souza, percebe-se claramente uma

obsessão pelo branco, sendo

relatado com grande constância

no simbolismo.

Literatura do

simbolismo

Os temas são místicos,

espirituais, ocultos. Abusa-se da

sinestesia, sensação produzida

pela interpenetração de órgãos

sensoriais: "cheiro doce" ou "grito

vermelho", das aliterações

(repetição de letras ou sílabas

numa mesma oração: "Na messe

que estremece") e das

assonâncias, repetição fônica das

vogais: repetição da vogal "e" no

mesmo exemplo de aliteração,

tornando os textos poéticos

simbolistas profundamente

musicais.

O Simbolismo em Portugal

liga-se às atividades das revistas

Os Insubmissos e Boêmia Nova,

fundadas por estudantes de

Page 18: Revista Vanguarda

Coimbra, entre eles Eugênio de

Castro, que ao publicar um

volume de versos intitulado

Oaristos, instaurou essa nova

estética emPortugal. Contudo, o

consolidador estará, a esse tempo,

residindo verdadeiramente no

Oriente - trata-se do poeta Camilo

Pessanha, venerado pelos jovens

poetas que irão constituir a

chamada Geração Orpheu.O

movimento simbolista durou

aproximadamente até 1915, altura

em que se iniciou o Modernismo.

ESCRITORES SIMBOLISTAS

Pode-se dizer que o

precursor do movimento, na

França, foi o poeta francês

Charles Baudelaire com "As

Flores do Mal", ainda em 1857.

PORTUGAL

Mas só em 1881 a nova

manifestação é rotulada, com o

nome decadentismo, substituído

por Simbolismo em manifesto

publicado em 1886. Espalhando-

se pela Europa, é na França,

porém, que tem seus expoentes,

como Paul Verlaine, Arthur

Rimbaud e Stéphane Mallarmé.

Os nomes de maior

destaque no Simbolismo

português são: Camilo Pessanha,

AntónioNobre, Augusto Gil e

Eugénio de Castro

BRASIL

No Brasil, dois grandes

poetas destacaram-se dentro do

movimento simbolista: Cruz e

Sousa, e Alphonsus de

Guimaraens. No primeiro, a

angústia de sua condição, reflete-

se no comentário de Manuel

Bandeira: "Não há (na literatura

brasileira) gritos mais

dilacerantes, suspiros mais

profundos do que os seus".

São também escritores que

merecem atenção: Raul de Leoni,

Emiliano Perneta, Da Costa e

Silva, Dário Veloso, Arthur de

Salles, Ernãni Rosas, Petion de

Villar, MarceloGama, Maranhão

Sobrinho, Saturnino de Meireles,

Pedro Kikerry, Alceu Wamosy,

Eduardo Guimarães, Gilka

Machado e Onestaldo de Penafort

Simbolismo no teatro

Buscaram os autores,

dentre os quais o belga

Maeterlinck, o italiano Gabriele

D'Annunzio e o norueguês Ibsen,

levar ao palco não personagens

propriamente ditos, mas alegorias

a representar sentimento, ideia -

em peças onde o cenário (som,

luz, ambiente, etc.) tenham maior

destaque.

Page 19: Revista Vanguarda

Semana de Arte

Moderna de 1922

contecimentos, artistas e

escritores envolvidos,

ideias do movimento

artístico, mudanças de rumo na

literatura e arte, Oswald de

Andrade, Anita Malfatti, Manuel

Bandeira, modernismo, revistas

Klaxon e Antropofágica.

Introdução

A Semana de Arte Moderna

ocorreu no Teatro Municipal de

São Paulo, em 1922, tendo como

objetivo mostrar as novas

tendências artísticas que já

vigoravam na Europa. Esta nova

forma de expressão não foi

compreendida pela elite paulista,

que era influenciada pelas formas

estéticas europeias mais

conservadoras. O idealizador

deste evento artístico e cultural foi

o pintor Di Cavalcanti.

Participações e como foi

Em um período repleto de

agitações, os intelectuais

brasileiros se viram em um

momento em que precisavam

abandonar os valores estéticos

antigos, ainda muito apreciados

em nosso país, para dar lugar a um

novo estilo completamente

contrário, e do qual, não se sabia

ao certo o rumo a ser seguido.

No Brasil, o

descontentamento com o estilo

anterior foi bem mais explorado

no campo da literatura, com maior

A

Page 20: Revista Vanguarda

ênfase na poesia. Entre os

escritores modernistas destacam-

se: Oswald de Andrade,

Guilherme de Almeida e Manuel

Bandeira. Na pintura, destacou-se

Anita Malfatti, que realizou a

primeira exposição modernista

brasileira em 1917. Suas obras,

influenciadas pelo cubismo,

expressionismo e futurismo,

escandalizaram a sociedade da

época. Monteiro Lobato não

poupou críticas à pintora, contudo,

este episódio serviu como

incentivo para a realização da

Semana de Arte Moderna.

A Semana, na verdade, foi a

explosão de ideias inovadoras que

aboliam por completo a perfeição

estética tão apreciada no século

XIX. Os artistas brasileiros

buscavam uma identidade própria

e a liberdade de expressão; com

este propósito, experimentavam

diferentes caminhos sem definir

nenhum padrão. Isto culminou

com a incompreensão e com a

completa insatisfação de todos

que foram assistir a este novo

movimento. Logo na abertura,

Manuel Bandeira, ao recitar seu

poema Os sapos, foi desaprovado

pela plateia através de muitas

vaias e gritos.

Embora tenha sido alvo de

muitas críticas, a Semana de Arte

Moderna só foi adquirir sua real

importância ao inserir suas ideias

ao longo do tempo. O movimento

modernista continuou a expandir-

se por divulgações através da

Revista Antropofágica e da

Revista Klaxon, e também pelos

seguintes movimentos:

Movimento Pau-Brasil, Grupo da

Anta, Verde-Amarelismo e pelo

Movimento Antropofágico.

Todo novo movimento

artístico é uma ruptura com os

padrões utilizados pelo anterior,

isto vale para todas as formas de

expressões, sejam elas através da

pintura, literatura, escultura,

poesia, etc. Ocorre que nem

sempre o novo é bem aceito, isto

foi bastante evidente no caso do

Modernismo, que, a principio,

chocou por fugir completamente

da estética europeia tradicional

que influenciava os artistas

brasileiros.

Page 21: Revista Vanguarda

Um grupo importante de

renovadores

De acordo com o catálogo da

mostra, participavam da Semana

os seguintes artistas: Anita

Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita,

Vicente do Rego Monteiro,

Ferrignac (Inácio da Costa

Ferreira), Yan de Almeida Prado,

John Graz, Alberto Martins

Ribeiro e Oswaldo Goeldi, com

pinturas e desenhos;

Marcavam presença, ainda,

Victor Brecheret, Hildegardo

Leão Velloso e Wilhelm Haarberg,

com esculturas; Antonio Garcia

Moya e Georg Przyrembel, com

projetos de arquitetura.

Além disso, havia escritores

como Mário de Andrade, Oswald

de Andrade, Menotti del Picchia,

Sérgio Milliet, Plínio Salgado,

Ronald de Carvalho, Álvaro

Moreira, Renato de Almeida,

Ribeiro Couto e Guilherme de

Almeida.

Na música, estiveram

presentes nomes consagrados,

Primeira foto: Da esquerda para a direita: Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia,

Oswald de Andrade e Helios Seelinger

Segunda foto: Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.

Por ocasião da «Semana», Tarsila se achava em París e, por esse motivo, não participou do

evento

Page 22: Revista Vanguarda

como Villa-Lobos, Guiomar

Novais, Ernâni Braga e Frutuoso

Viana.

A dispersão

Logo após a realização da

Semana, alguns artistas

fundamentais que dela

participaram acabam voltando

para a Europa (ou indo lá pela

primeira vez, no caso de Di

Cavalcanti), dificultando a

continuidade do processo que se

iniciara.

Por outro lado, outros

artistas igualmente importantes

chegavam após estudos no

continente, como Tarsila do

Amaral, um dos grandes pilares

do Modernismo Brasileiro.

Não resta dúvida, porem,

que a Semana integrou grandes

personalidades da cultura na

época e pode ser considerada

importante marco do Modernismo

Brasileiro, com sua intenção

nitidamente antiacadêmica e

introdução do país nas questões do

século.

A própria tentativa de

estabelecer uma arte brasileira,

livre da mera repetição de

fórmulas europeias foi de extrema

importância para a cultura

nacional e a iniciativa da Semana,

uma das pioneiras nesse sentido.

Curiosidades sobre a

Semana de Arte

Moderna:

- Durante a leitura do

poema "Os Sapos", de Manuel

Bandeira, o público presente no

Teatro Municipal fez coro e

atrapalhou a leitura, mostrando

desta forma a desaprovação.

- No dia 17 de fevereiro,

Villa-Lobos fez uma apresentação

musical. Entrou no palco

calçando num pé um sapato e em

outro um chinelo. O público

vaiou, pois considerou a atitude

futurista e desrespeitosa. Depois,

foi esclarecido que Villa-Lobos

entrou desta forma, pois estava

com um calo no pé.

Page 23: Revista Vanguarda

O Manifesto

Antropófago Manifesto Antropófago

(ou Manifesto

Antropofágico) foi um

Manifesto Literário escrito por

Oswald de Andrade, principal

agitador cultural do início do

Modernismo brasileiro. Foi lido

em 1928 para seus amigos na casa

de Mário de Andrade e publicado

na Revista de Antropofagia, que

ajudou a fundar com os amigos

Raul Bopp e Antônio de Alcântara

Machado.

Mais político que o anterior

manifesto de Oswald, o da Poesia

Pau-Brasil, esteticamente,

basicamente, reafirma os valores

daquele, apregoando o uso de uma

"língua literária" "não-

catequizada".

Ideologicamente, se alinha

ainda com aquele, porém busca

uma maior explicitação da

aproximação de suas ideias com

as de André Breton e, portanto,

com as ideias de Marx, Freud e

Rosseau.

A Antropofagia, como

movimento cultural, foi

tematizada por Oswald nesse

manifesto, mas também

reapareceu outras vezes em sua

obra. Em Marco Zero I (1943),

romance de Oswald escrito sob

influência do marxismo e da arte

realista mexicana, surgiu o

personagem Jack de São

Cristóvão, relembrando a

antropofagia e celebrando-a como

uma saída para o problema de

identidade brasileiro e mesmo

como

O

Page 24: Revista Vanguarda

imperialismo.

Na maturidade, Oswald

buscou fundamentação filosófica

para a antropofagia, ligando-a a

Nietzsche, Engels, Bachofen,

Briffault e outros autores, tendo

escrito a respeito até teses, como a

Decadência da Filosofia

Messiânica, incluído em A Utopia

Antropofágica e outras utopias,

lançado, como toda sua obra, pela

editora Globo a partir dos anos 80.

A revista de

Antropofagia

Revista de Antropofagia

teve duas fases, ou

"dentições", como

queriam os seus participantes. De

maio de 1928 a fevereiro de 1929,

com 10 números, dirigida por

Raul Bopp e Alcântara Machado,

com uma ideologia ainda não

totalmente definida e

antropofágica foi a primeira fase.

Desta forma, contribuíram para a

revista autores de ideologias

diferentes como Plínio Salgado,

Mário de Andrade, Guilherme de

Almeida, Jorge de Lima, Carlos

Drummond de Andrade, Manuel

Bandeira, Menotti del Picchia,

Murilo Mendes, Augusto Meyer,

Pedro Nava (praticamente toda a

linha de frente do modernismo

brasileiro da época). Com

ideologia mais definida, a

"segunda dentição", dirigida por

Geraldo Ferraz, teve 15 números

publicados no "Diário de São

Paulo", de 17 de março de 1929 a

1 de agosto de 1929. Os

"antropófagos" da segunda fase

foram: Oswald de Andrade, Raul

Bopp, Geraldo Ferraz, Tarsila do

Amaral e Patrícia Galvão (Pagu).

Macunaíma

Mário de Andrade

A

Page 25: Revista Vanguarda

Macunaíma, índio da tribo

tapanhumas, nasce as margens do

rio Uraricoera, na Amazônia. Vive

com os irmãos Maanape e Jinguê,

até a morte da mãe, quando os três

partem em busca de aventuras. O

herói encontra Ci, Mãe do Mato,

rainha das Icamiabas, tribo de

amazonas, faz dela sua mulher e

torna-se Imperador do Mato-

Virgem. Ci dá à luz um filho, mas

ele morre e ela também, logo em

seguida.

Antes de virar estrela no

céu, ela dá a Macunaíma um

amuleto, a muiraquitã (uma pedra

verde em forma de lagarto), que o

herói perde e vai parar nas mãos

de Venceslau Pietro Pietra, o

gigante Piaimã comedor de gente,

que mora em São Paulo.

Macunaíma e seus irmãos

descem para a cidade grande para

tentar recuperar a muiraquitã. Em

São Paulo, assistimos à descoberta

da civilização industrial por

Macunaíma e suas lutas contra o

gigante até recuperar o amuleto.

Quando o herói consegue a

façanha, retorna para o

Uraricoera. Lá, sofrera a perda

dos irmãos e a vingança de Vei, a

deusa do sol.

Vei havia oferecido a

Macunaíma uma de suas filhas em

casamento, quando ele visitara o

Rio de Janeiro. O herói fez um

trato com ela de não andar mais

atrás de mulher nenhuma, mas

assim que fica sozinho, corre atrás

de uma portuguesa.

Para se vingar, no final do

livro, Vei faz Macunaíma sentir

um forte calor, que desperta seus

insaciáveis desejos sexuais; então,

lança-o nos braços de uma Uiara,

monstro disfarçado de bela

mulher que habita o fundo dos

lagos. O herói é destroçado e

perde definitivamente a

muiraquitã. Cansado de tudo,

Macunaíma vai para o céu

transformado na Constelação da

Ursa Maior.

Page 26: Revista Vanguarda

A LENDA DE

MACUNAIMA(LENDAS DE RORAIMA)

Sol era apaixonado pela

Lua, mas nunca se

encontravam. Quando o

Sol ia se pondo, era hora da Lua ir

nascendo... E assim viveram por

milhões e milhões de anos...

Uma enorme montanha,

muito alta, repousa no meio dos

imensos campos de Roraima. Em

cima, um vale de cristais e um

lago de águas cristalinas, os quais

reservam para si os mistérios da

natureza. Um belo dia, o Sol

atrasou-se um pouco (eclipse) e o

tão ansiado encontro aconteceu.

Seus raios dourados refletiram,

juntamente com os raios prateados

da Lua, no lago misterioso...

Nesse encontro, Macunaíma foi

fecundado!

Macunaíma curumim

esperto, cheio de magias, teve

como berço o Monte Roraima....

Cresceu forte e tornou-se um

índio guerreiro; os índios Macuxi

o proclamaram herói de sua tribo.

“A bravura desse homem não se

mede pelas armas que usou,

mede-se pelos feitos que o tempo

projetou”.

Macunaíma era justiceiro.

Havia, próximo à montanha, uma

árvore diferente, misteriosa. A

Árvore de Todos os Frutos. Dela

nasciam, a banana, o abacaxi, o

buriti, o tucumã, enfim todas as

frutas tropicais.

Ninguém podia pegá-las!

Somente Macunaíma colhia seus

frutos dividia-os entre todos,

igualmente. Mas a ambição

tomava conta da tribo. Assim, os

índios desobedeceram, mexeram

na árvore, arrancando-lhe todos os

frutos e quebrando-lhes os galhos,

O

Page 27: Revista Vanguarda

para plantarem, pois, queriam

mais árvores desse mesmo tipo.

A Árvore Sagrada perdeu a

sua magia e Macunaíma ficou

furioso! Num gesto de justiça,

queimou toda a floresta, petrificou

a árvore e, amaldiçoando a todos,

ordenou que fossem embora. Da

imensa floresta verde, restaram

apenas cinza e carvão.

E, até hoje, em frente ao

Monte Roraima, está a Árvore

Sagrada, petrificada. Macunaíma,

em espírito, repousa, tranquilo, no

Monte Roraima.

Page 28: Revista Vanguarda

Alguns Autores

ModernosManuel Bandeira

"...o sol tão claro lá fora,

o sol tão claro, Esmeralda,

e em minhalma — anoitecendo."

anuel Carneiro de

Souza Bandeira Filho

nasceu no Recife no

dia 19 de abril de 1886, na Rua da

Ventura, atual Joaquim Nabuco,

filho de Manuel Carneiro de

Souza Bandeira e Francelina

Ribeiro de Souza Bandeira. Em

1890 a família se transfere para o

Rio de Janeiro e a seguir para

Santos - SP e, novamente, para o

Rio de Janeiro. Passa dois verões

em Petrópolis.

Em 1892 a família volta para

Pernambuco. Manuel Bandeira

freqüenta o colégio das irmãs

Barros Barreto, na Rua da

Soledade, e, como semi-interno, o

de Virgínio Marques Carneiro

Leão, na Rua da Matriz.

A família mais uma vez se

muda do Recife para o Rio de

Janeiro, em 1896, onde reside na

Travessa Piauí, na Rua Senador

Furtado e depois em Laranjeiras.

Bandeira cursa o Externato do

Ginásio Nacional (atual Colégio

Pedro II). Tem como professores

Silva Ramos, Carlos França, José

Veríssimo e João Ribeiro. Entre

seus colegas estão Sousa da

Silveira e Antenor Nascentes.

Em 1903 a família se muda para

São Paulo onde Bandeira se

matricula na Escola Politécnica,

pretendendo tornar-se arquiteto.

Estuda também, à noite, desenho e

pintura com o arquiteto Domenico

Rossi no Liceu de Artes e

Ofícios. Começa ainda a trabalhar

nos escritórios da Estrada de Ferro

M

Page 29: Revista Vanguarda

Sorocabana, da qual seu pai

era funcionário.

No final do ano de 1904, o autor

fica sabendo que está tuberculoso,

abandona suas atividades e volta

para o Rio de Janeiro. Em busca

de melhores climas para sua

saúde, passa temporadas em

diversas cidades: Campanha,

Teresópolis, Maranguape, Uruquê,

Quixeramobim.

"... - O senhor tem uma escavação

no pulmão esquerdo e o pulmão

direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível

tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é

tocar um tango argentino."

Em 1910 entra em um

concurso de poesia da Academia

Brasileira de Letras, que não

confere o prêmio. Lê Charles de

Guérin e toma conhecimento das

rimas toantes que empregaria em

Carnaval.

Sob a influência de

Apollinaire, Charles Cros e Mac-

Fionna Leod, escreve seus

primeiros versos livres,em 1912.

A fim de se tratar no

Sanatório de Clavadel, na Suíça,

embarca em junho de 1913 para a

Europa. No mesmo navio viajam

Mme. Blank e suas duas

filhas. No sanatório conhece Paul

Eugène Grindel, que mais tarde

adotaria o pseudônimo de Paul

Éluard, e Gala, que se casaria com

Éluard e depois com Salvador

Dali.

Em virtude da eclosão da

Primeira Guerra Mundial, em

1914, volta ao Brasil em

outubro. Lê Goethe, Lenau e

Heine (no sanatório reaprendera o

alemão que havia estudado no

ginásio). No Rio de Janeiro, reside

na rua Nossa Senhora de

Copacabana e na Rua Goulart.

Em 1916 falece sua mãe,

Francelina. No ano seguinte

publica seu primeiro livro: A cinza

das horas, numa edição de 200

exemplares custeada pelo autor.

João Ribeiro escreve um artigo

elogioso sobre o livro. Por causa

de um hiato num verso do poeta

mineiro Mário Mendes Campos,

Manuel Bandeira desenvolve

com o crítico Machado Sobrinho

uma polêmica nas páginas do

Correio de Minas, de Juiz de Fora.

O autor perde a irmã, Maria

Cândida de Souza Bandeira, que

desde o início da doença do irmão,

havia sido uma dedicada

enfermeira, em 1918. No ano

seguinte publica seu segundo

Page 30: Revista Vanguarda

livro, Carnaval, em edição

custeada pelo autor. João Ribeiro

elogia também este livro que

desperta entusiasmo entre os

paulistas iniciadores do

modernismo.

O pai de Bandeira, Manuel

Carneiro, falece em 1920. O poeta

se muda da Rua do Triunfo, em

Paula Matos, para a Rua Curvelo,

53 (hoje Dias de Barros),

tornando-se vizinho de Ribeiro

Couto. Numa reunião na casa de

Ronald de Carvalho, em

Copacabana, no ano de 1921,

conhece Mário de

Andrade. Estavam presentes, entre

outros, Oswald de Andrade,

Sérgio Buarque de Holanda e

Osvaldo Orico.

Inicia então, em 1922, a se

corresponder com Mário de

Andrade. Bandeira não participa

da Semana de Arte Moderna,

realizada em fevereiro em são

Paulo, no Teatro Municipal. Na

ocasião, porém, Ronald de

Carvalho lê o poema "Os Sapos",

de "Carnaval". Meses depois

Bandeira vai a São Paulo e

conhece Paulo Prado, Couto de

Barros, Tácito de Almeida,

Menotti del Picchia, Luís Aranha,

Rubens Borba de Morais, Yan de

Almeida Prado. No Rio de

Janeiro, passa a conviver com

Jaime Ovalle, Rodrigo Melo

Franco de Andrade, Prudente de

Morais, neto, Dante

Milano. Colabora em

Klaxon. Ainda nesse ano morre

seu irmão, Antônio Ribeiro de

Souza Bandeira.

Em 1924 publica, às suas

expensas, Poesias, que reúne A

Cinza das Horas, Carnaval e um

novo livro, O Ritmo Dissoluto.

Colabora no "Mês Modernista",

série de trabalhos de modernistas

publicado pelo jornal A Noite, em

1925. Escreve crítica musical para

a revista A Ideia

Ilustrada. Escreve também sobre

música para Ariel, de São Paulo.

A serviço de uma empresa

jornalística, em 1926 viaja para

Pouso Alto, Minas Gerais, onde na

casa de Ribeiro Couto conhece

Carlos Drummond de

Andrade. Viaja a Salvador, Recife,

Paraíba (atual João Pessoa),

Fortaleza, São Luís e Belém. No

ano seguinte continua viajando:

vai a Belo Horizonte, passando

pelas cidades históricas de Minas

Gerais, e a São Paulo. Viaja a

Recife, como fiscal de bancas

examinadoras de

preparatórios. Inicia uma

colaboração semanal de crônicas

no Diário Nacional, de São Paulo,

e em A Província, de Recife,

Page 31: Revista Vanguarda

dirigido por Gilberto

Freyre. Colabora na Revista de

Antropofagia.

1930 marca a publicação de

Libertinagem, em edição como

sempre custeada pelo

autor. Muda-se, em 1933, da Rua

do Curvelo para a Rua Morais e

Vale, na Lapa. É nomeado, no ano

de 1935, pelo Ministro Gustavo

Capanema, inspetor de ensino

secundário.

Grandes comemorações

marcam os cinquenta anos do

poeta, em 1936, entre as quais a

publicação de Homenagem a

Manuel Bandeira, livro com

poemas, estudos críticos e

comentários, de autoria dos

principais escritores

brasileiros. Publica Estrela da

Manhã (com papel presenteado

por Luís Camilo de Oliveira Neto

e contribuição de subscritores) e

Crônicas da Província do Brasil.

Recebe o prêmio da Sociedade

Filipe de Oliveira por conjunto de

obra, em 1937, e publica Poesias

Escolhidas e Antologia dos Poetas

Brasileiros da Fase Romântica.

No ano seguinte é nomeado

professor de literatura do Colégio

Pedro II e membro do Conselho

Consultivo do Departamento do

Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional. Publica Antologia dos

Poetas Brasileiros da Fase

Parnasiana e Guia de Ouro Preto.

Em 1940 é eleito para a

Academia Brasileira de Letras, na

vaga de Luís Guimarães

Filho. Toma posse em 30 de

novembro, sendo saudado por

Ribeiro Couto. Publica Poesias

Completas, com a inclusão da

Lira dos Cinqüent'Anos (também

esta edição foi custeada pelo

autor). Publica ainda Noções de

História das Literaturas e, em

separata da Revista do Brasil, A

Autoria das Cartas Chilenas.

Começa a fazer crítica de

artes plásticas em A Manhã, em

1941, no Rio de Janeiro. No ano

seguinte é nomeado membro da

Sociedade Filipe de

Oliveira. Muda-se para o Edifício

Maximus, na Praia do Flamengo.

Organiza a edição dos Sonetos

Completos e Poemas Escolhidos

de Antero de Quental.

Nomeado professor de literatura

hispano-americana da Faculdade

Nacional de Filosofia, em 1943,

deixa o Colégio Pedro II. Muda-

se, em 1944, para o Edifício São

Miguel, na Avenida Beira-Mar,

apartamento 409. Publica Obras

Poéticas de Gonçalves Dias,

edição crítica e comentada. No

ano seguinte publica Poemas

Page 32: Revista Vanguarda

Traduzidos, com ilustrações de

Guignard.

Recebe o prêmio de poesia do

IBEC por conjunto de obra, em

1946. Publica Apresentação da

Poesia Brasileira e Antologia dos

Poetas Brasileiros Bissextos

Contemporâneos.

Em 1948 são reeditados três de

seus livros: Poesias Completas,

com acréscimo de Belo Belo;

Poesias Escolhidas e Poemas

Traduzidos. Publica Mafuá do

Malungo (impresso em Barcelona

por João Cabral de Melo Neto) e

organiza uma edição crítica das

Rimas de João Albano. No ano

seguinte publica Literatura

Hispano-Americana e traduz O

Auto Sacramental do Divino

Narciso de Sóror Juana Inés de la

Cruz.

A pedido de amigos, apenas para

compor a chapa, candidata-se a

deputado pelo Partido Socialista

Brasileiro, em 1950, sabendo que

não tem quaisquer chances de

eleger-se. No ano seguinte publica

Opus 10 e a biografia de

Gonçalves Dias. É operado de

cálculos no ureter. Muda-se, em

1953, para o apartamento 806 do

mesmo edifício da Avenida Beira-

Mar.

No ano de 1954 publica Itinerário

de Pasárgada e De Poetas e de

Poesia. Faz conferência no Teatro

Municipal do Rio de Janeiro sobre

Mário de Andrade. Publica 50

Poemas Escolhidos pelo Autor, em

1955. Traduz Maria Stuart, de

Schiler, encenado no Rio de

Janeiro e em São Paulo. Em

junho, inicia colaboração como

cronista no Jornal do Brasil, do

Rio de Janeiro, e na Folha da

Manhã, de São Paulo. Faz

conferência sobre Francisco

Mignone no Teatro Municipal do

Rio de Janeiro.

Traduz Macbeth, de Shakespeare,

e La Machine Infernale, de Jean

Cocteau, em 1956. É aposentado

compulsoriamente, por motivos da

idade, como professor de literatura

hispano-americana da Faculdade

Nacional de Filosofia.

Traduz as peças Juno and

the Paycock, de Sean O'Casey, e

The Rainmaker, de N. Richard

Nash, em 1957. Nesse ano,

publica Flauta de Papel. Em julho

visita para a Europa, visitando

Londres, Paris, e algumas cidades

da Holanda. Retorna ao Brasil em

novembro. Escreve, até 1961,

crônicas bissemanais para o

Jornal do Brasil e a Folha de São

Paulo.

Page 33: Revista Vanguarda

Em 1958, publica Gonçalves

Dias, na coleção "Nossos

Clássicos" da Editora Agir. Traduz

a peça Colóquio-Sinfonieta, de

Jean Tardieu. Publicada pela

Aguilar, sai em dois volumes sua

obra completa -- Poesia e Prosa.

No ano seguinte traduz The

Matchmaker (A Casamenteira), de

Thorton Wilder. A Sociedade dos

Cem Bibliófilos publica

Pasárgada, volume de poemas

escolhidos, com ilustrações de

Aldemir Martins.

Em 1960 traduz o drama D.

Juan Tenório, de Zorrilla. Pela

Editora Dinamene, da Bahia, saem

em edição artesanal Estrela da

Tarde e uma seleção de poemas de

amor intitulada

Alumbramentos. Sai na França,

pela Pierre Seghers, Poèmes,

antologia de poemas de Manuel

Bandeira em tradução de Luís

Aníbal Falcão, F. H. Blank-Simon

e do próprio autor.

No ano seguinte traduz Mireille,

de Fréderic Mistral. Começa a

escrever crônicas semanais para o

programa "Quadrante" da Rádio

Ministério da Educação. Em 1962

traduz o poema Prometeu e

Epimeteu de Carl Spitteler.

Escreve para a Editora El

Ateneo, em 1963, biografias de

Gonçalves Dias, Álvares de

Azevedo, Casimiro de Abreu,

Junqueira Freire e Castro Alves. A

Editora das Américas edita Poesia

e Vida de Gonçalves Dias. Traduz

a peça Der Kaukasische Kreide

Kreis, de Bertold Brecht. Escreve

crônicas para o programa "Vozes

da Cidade" da Rádio Roquette-

Pinto, algumas das quais lidas por

ele próprio, com o título "Grandes

Poetas do Brasil".

Traduz as peças O

Advogado do Diabo, de Morris

West, e Pena Ela Ser o Que É, de

John Ford. Sai nos EUA, pela

Charles Frank Publications, A

Brief History of Brazilian

Literature (tradução, introdução e

notas de R. E. Dimmick), em

1964.

No ano de 1965 traduz as

peças Os Verdes Campos do Eden,

de Antonio Gala. A Fogueira

Feliz, de J. N.Descalzo, e Edith

Stein na Câmara de Gás de Frei

Gabriel Cacho. Sai na França, pela

Pierre Seghers, na coleção "Poètes

d'Aujourd'hui", o volume Manuel

Bandeira, com estudo, seleção de

textos, tradução e bibliografia por

Michel Simon.

Comemora 80 anos, em 1966,

recebendo muitas homenagens. A

Editora José Olympio realiza em

sua sede uma

Page 34: Revista Vanguarda

festa de que participam

mais de mil pessoas e lança os

volumes Estrela da Vida Inteira

(poesias completas e traduções de

poesia) e Andorinha Andorinha

(seleção de textos em prosa,

organizada por Carlos Drummond

de Andrade). Compra uma casa

em Teresópolis, a única de sua

propriedade ao longo de toda sua

vida.

Com problemas de saúde,

Manuel Bandeira deixa seu

apartamento da Avenida Beira-

Mar e se transfere para o

apartamento da Rua Aires

Saldanha, em Copacabana, de

Maria de Lourdes Heitor de

Souza, sua companheira dos

últimos anos.

No dia 13 de outubro de

1968, às 12 horas e 50 minutos,

morre o poeta Manuel Bandeira,

no Hospital Samaritano, em

Botafogo, sendo sepultado no

Mausoléu da Academia Brasileira

de Letras, no Cemitério São João

Batista.

Mário de Andrade

(1893 – 1945, São Paulo)

- Professor, ensaísta, romancista,

poeta, folclorista, colaborador de

jornais.

- Forte participação na Semana de

22

- Paixão pela cidade de São Paulo.

Andrade exerceu uma influência

enorme na literatura moderna

brasileira e, como ensaísta e

estudioso, foi um pioneiro do

campo da etnomusicologia, sua

influência transcendeu as

fronteiras do Brasil.

Andrade foi a figura central do

movimento de vanguarda de São

Paulo por vinte anos. Músico

treinado e mais conhecido como

poeta e romancista, Andrade

esteve pessoalmente envolvido em

praticamente todas as disciplinas

que estiveram relacionadas com o

modernismo em São Paulo,

tornando-se o polímata nacional

Page 35: Revista Vanguarda

à literatura e à música,

foram amplamente divulgados na

imprensa da época.

Após trabalhar como

professor de música e colunista de

jornal ele publicou seu maior

romance, Macunaíma, em 1928.

Andrade continuou a publicar

obras sobre música popular

brasileira, poesia e outros temas

de forma desigual, sendo

interrompido várias vezes devido

a seu relacionamento instável com

o governo brasileiro. No fim de

sua vida, se tornou o diretor-

fundador do Departamento

Municipal de Cultura de São

Paulo formalizando o papel que

ele havia desempenhado durante

muito tempo como catalisador da

modernidade artística na cidade e

no país.

Oswald de Andrade

(1890-1954)

SWALD DE

ANDRADE, poeta,

romancista e dramaturgo,

nasceu em São Paulo em 11 de

janeiro de 1890. Filho de família

rica, estuda na Faculdade de

Direito do Largo São Francisco e,

em 1912, viaja para à Europa. Em

Paris, entra em contato com o

Futurismo e com a boemia

estudantil. Além das ideias

Futuristas, conhece Kamiá, mãe

de Nonê, seu primeiro filho,

nascido em 1914. De volta a São

Paulo faz jornalismo literário. Em

1917, passa a viver com Maria de

Lourdes Olzani (ou Deise),

conhece Mário de Andrade e

defende a pintora Anita Malfatti

de uma crítica devastadora de

Monteiro Lobato. Ao lado deles, e

de outros intelectuais, organiza a

Semana de Arte Moderna de 1922.

Em 1924 publica, pela primeira

vez, no jornal "Correio da

manhã", na edição de 18 de março

de 1924, o Manifesto da Poesia

Pau-Brasil. No ano seguinte, após

algumas alterações, o Manifesto

abria o seu livro de poesias "Pau-

Brasil". Em 1926, Oswald casa-se

com a Tarsila do

O

Page 36: Revista Vanguarda

Amaral e os dois tornam-se

o casal mais importante das artes

brasileiras. Apelidados

carinhosamente por Mário de

Andrade como "Tarsiwald", o

casal funda, dois anos depois, o

Movimento Antropófago e a

Revista de Antropofagia,

originários do Manifesto

Antropófago. A principal proposta

desse Movimento era que o Brasil

devorasse a cultura estrangeira e

criasse uma cultura revolucionária

própria. O ano de 1929 é

fundamental na vida do escritor. A

crise de 29 abalou as suas

finanças, ele rompe com Mário de

Andrade, separa-se de Tarsila do

Amaral e apaixona-se pela

escritora comunista Patrícia

Galvão (Pagu). O relacionamento

com Patrícia Galvão intensifica

sua atividade política e Oswald

passa a militar no Partido

Comunista Brasileiro (PCB).

Além disso, o casal funda o jornal

"O Homem do Povo", que durou

até 1945, quando o autor rompeu

com o PCB. Do casamento com

Patrícia Galvão, nasceu Rudá, seu

segundo filho.

Depois de separar-se de

Pagu, casou-se, em 1936, com a

poetisa Julieta Bárbara. Em 1944,

mais um casamento, agora com

Maria Antonieta D'Aikmin, com

quem permanece junto até a

morte, em 1954. Nenhum outro

escritor do Modernismo ficou

mais conhecido pelo espírito

irreverente e combativo do que

Oswald de Andrade. Sua atuação

intelectual é considerada

fundamental na cultura brasileira

do início do século. A obra

literária de Oswald apresenta

exemplarmente as características

do Modernismo da primeira fase.

A poesia de Oswald é precursora

de um movimento que vai marcar

a cultura brasileira na década de

60: o Concretismo. Suas ideias,

ainda nessa década, reaparecem

também no Tropicalismo.

"Memórias sentimentais de João

Miramar" chama a atenção pela

linguagem e pela montagem

inédita. O romance apresenta uma

técnica de composição

revolucionária, se comparado aos

romances tradicionais: são 163

episódios numerados e

intitulados, que constituem

capítulos-relâmpagos (tudo muito

influenciado pela linguagem do

cinema) ou, mais precisamente,

como se os fragmentos estivessem

dispostos num álbum, tal qual

fotos que mantêm relação entre si.

Cada episódio narra, com ironia

e humor, um fragmento da vida de

Miramar. "Recorte, colagem,

montagem", resume o crítico

Décio Pignatari.

Page 37: Revista Vanguarda

C o n h e c e n d o a a r t e d o

B r a s i l p e r c e b e m o s

v i v e r e m u m p a í s r i c o ,

e m c r i a t i v i d a d e ,

p o r é m , a s v e z e s , n o s s a

a r t e é e s q u e c i d a .

A s e m a n a d e 1 9 2 2

t r o u x e u m a n o v a

p e r s p e c t i v a , a d e

r e n o v a r a a r t e n a

s i m p l i c i d a d e d o s

d e t a l h e s .