45
A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DOS SÉCS. XVI-XVII

Revolução científica dos sécs. XVI e XVII

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Bacon, Descartes, Hume.

Citation preview

A revoluo cientfica dos scs. XVI-XVII

A revoluo cientfica dos scs. XVI-XVII1 fase (mgico-hermtica)Saber secretoLinguagem simblicaVitalismoOrganicismoTeia de correspondncia micro/macrocosmoAntropomorfismo2 fase:ExperimentalismoMecanicismoSaber pblico, cooperativo e progressivoContra qualquer forma de saber secreto, de iluminao ou de autoridadeSaber humilde, ciente dos seus limitesLinguagem clara e acessvel que prescinde de qualquer distino entre o homem culto e o vulgoNovo contato entre saber cientfico e saber tcnicoFrancis bacon(1561-1626)

Projeto da grande instauraoO progresso do conhecimentoNovum organumHistria naturalExemplosListaResultado finalO progresso do conhecimentoCrtica s opinies que tiram o crdito e fazem m fama ao conhecimento:

Telogos: barram o acesso cincia porque temem que a investigao da natureza abale a autoridade da religio. Para Bacon, ao contrrio, a natureza apenas torna manifesto o poder de Deus.

Polticos: alegam que o saber amolece o nimo dos homens para os assuntos polticos, torna-os indecisos ou arrogantes, os distancia de seu tempo, os leva a amar o trabalho solitrio e no o social e introduz um relaxamento na disciplina por estarem os homens mais dispostos a discutir que a obedecer.O progresso do conhecimentoBacon responde aos polticos dizendo que assim como alcanamos a robustez do corpo e do esprito em um espao prximo de tempo, o manejo das armas e o saber andam juntos. De nada adianta ser confiante na aplicao das leis sem cultivar uma instruo mais abrangente que as das leis em vigor. A experincia da vida de um s homem no pode ser superior experincia da histria, e os fatos do presente no poucas vezes guardam relaes com os do passado mais do que com os prximos.

Sbios: impedem o progresso do conhecimento pelos seus erros e imperfeies, procedentes dos costumes ou da natureza de seus estudos.Novum organumConhecimento = conhecimento das naturezas simples ou qualidades irredutveis, do alfabeto da natureza e de seus processos efetivos.O conhecimento dos antigos das causas e princpios universais estril. O objeto da cincia a causa eficiente. preciso substituir a filosofia das palavras pela filosofia das obras.O processo de induo o mais importante. Os axiomas devem ser testados por meio de experimentos.

O mtodo indutivoImportncia dos primeiros princpios (O comeo mais que a metade do todo).

A induo como meio.

A verdade est na superfcie e o meio de induzi-la a contemplao.

Importncia dos primeiros princpios.

A induo como fim.

A verdade est escondida e o meio de induzi-la a experimentao.AristtelesBaconFilsofo formiga

Empirismo puroimediatista

(experimentos apenas frutferos)

Filsofo aranha

Teia limitada do Racionalismo

(experimentos apenas lucferos)

Filsofo abelha

Recolher a matria-prima e transform-la, trabalh-la (experimentos frutferos + experimentos lucferos)

A cincia ultrapassa a vida de cada homemOs empiristas querem colher os frutos cedo demais, seja para se certificar de que a pesquisa vale a pena e assim no perder seu tempo, seja para exibir estes frutos e angariar reputao frente sociedade. Contudo, os axiomas lucferos so mais importantes, pois da sua busca insistente nascem os axiomas que valem no s para o experimento que se estudou como tambm para muitos outros.Dessa forma renascer a filosofia natural, que existia entre os pr-socrticos mas foi infectada e corrompida pela lgica em Aristteles, pela teologia natural em Plato e pela matemtica em Proclo.Libertao dos dolos:PREPARAO PARA A CINCIAFalsas noes que obstruem o acesso verdade:dolos da caverna: limitaes do homem enquanto indivduo, especificidades do carter e da personalidade.

dolos da tribo: credulidade do homem nos prprios sentido e intelecto.

dolos do teatro: princpios e sistemas que criam mundos fictcios e desviam a ateno do verdadeiro conhecimento (ismos).

dolos do foro: definies e explicaes ineptas pelo mau uso da palavra.Bacon: um utilitarista?Bacon define saber como poder, como aliar mo e razo. Por isso, foi acusado de utilitarista, isto , de usar o conhecimento como um meio para conseguir poder, sem respeito natureza.

No entanto, ele no utilitarista porque primeiro vem a observao desinteressada da verdade da natureza. Ele busca dissolver a oposio de verdade e utilidade. Para isso, faz a defesa das cincias tericas (experincia lucfera) e a crtica ao utilitarismo imediatista do intelectual formiga. Por outro lado, defende o experimentalismo, que torna a verdade necessariamente til, e critica a contemplao infrtil do intelectual aranha.Galileu galilei(1564-1642)

Matematizao da naturezaMecanizao do mundoMtodo experimentalCentralidade da ao prticaUnio de cincia e tcnicaRen Descartes(1596-1650)

Principais obras:Discurso do mtodo para bem conduzir a razo e procurar a verdade nas cincias mais A diptrica, Os meteoros e A geometria que foram produtos deste mtodo (1637)

Meditaes metafsicas

Dos princpios da filosofia (1644)O mtodo: mathesis universalisCom o desaparecimento do cosmos aristotlico e da ordem e hierarquia que ele continha, os homens no encontram imediatamente nas coisas a verdade, a origem, o sentido do real.

O conceito de causalidade exige que as relaes causais sejam estabelecidas entre coisas de mesma substncia. O conhecimento no do mbito das coisas, mas do da representao. Como saber se a representao de acordo com o representado?

O mtodo: mathesis universalisO mtodo dever ser um instrumento que permite representar corretamente as coisas, controlar cada um dos passos efetuados e deduzir ou inferir de algo j conhecido com certeza o conhecimento de algo ainda desconhecido, isto , o instrumento deve permitir o progresso dos conhecimentos.

Muitos filsofos modernos escreveram mtodos. O melhor deles aquele que permite conhecer mais coisas com o menor nmero de regras. O mtodo: mathesis universalisO mtodo procura o ideal matemtico de mathesis universalis, que significa:

A matemtica tomada no sentido grego da expresso ta mathema, isto , conhecimento completo, perfeito, inteiramente dominado pela inteligncia;

O mtodo possui dois elementos fundamentais do conhecimento matemtico: a ordem e a medida.discurso do mtodo 1 parteA importncia do mtodo: os que s andam muito lentamente podem avanar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele se distanciam (DESCARTES, Ren. Discurso do mtodo. 1 parte, p. 37).

O saber humilde:Descartes busca adquirir o conhecimento que a mediocridade de meu esprito e a curta durao de minha vida lhe permitam atingir (ibidem).

A crtica aos escolsticos:especulaes que no produzem efeito algum e que no lhe trazem outra conseqncia seno talvez a de lhe proporcionarem tanto mais vaidade quanto mais distanciadas do senso comum, por causa do outro tanto de esprito e artifcio que precisou empregar no esforo de torn-las verossmeis (p. 41).

discurso do mtodo 2 parteRegras do mtodo:

jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu no conhecesse evidentemente como tal; isto , de evitar cuidadosamente a precipitao e a preveno (p. 45);

dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possveis e quantas necessrias fossem para melhor resolv-las (p. 45-6);

discurso do mtodo 2 parteconduzir por ordem meus pensamentos, comeando pelos objetos mais simples e mais fceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, at o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que no se precedem naturalmente uns aos outros (p. 46).

fazer em toda parte enumeraes to completas e revises to gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir (ibid.).

discurso do mtodo 3 parteE enfim, como no basta, antes de comear a reconstruir a casa onde se mora, derrub-la, ou prover-se de materiais e arquitetos, ou adestrar-se a si mesmo na arquitetura, nem, alm disso, ter traado cuidadosamente o seu projeto; mas cumpre tambm ter-se provido de outra qualquer onde a gente possa alojar-se comodamente durante o tempo em que nela se trabalha; assim, a fim de no permanecer irresoluto em minhas aes, enquanto a razo me obrigasse a s-lo, em meus juzos, e de no deixar de viver desde ento o mais felizmente possvel, formei para mim mesmo uma moral provisria, que consistia apenas em trs ou quatro mximas que eu quero vos participar.

discurso do mtodo 3 parteObedecer s leis e aos costumes de meu pas e governar-se segundo as opinies mais moderadas e sensatas.

Ser o mais firme e o mais resoluto possvel.

Procurar sempre antes vencer a mim prprio do que fortuna, e de antes modificar os meus desejos do que a ordem do mundo.

Escolher a melhor ocupao que os homens exercem (o cultivo da razo).

discurso do mtodo 4 parteAssim, porque os nossos sentidos nos enganam s vezes, quis supor que no havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar.Meditaes metafsicasPrimeira meditao Das coisas que se podem colocar em dvida:

Aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opinies (...) O menor motivo de dvida que eu nelas encontrar bastar para me levar a rejeitar todas (p. 93).

no h quaisquer indcios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a viglia do sono (p. 94).Meditaes metafsicasH coisas ainda mais simples e mais universais [que as cores, por ex.,], que so verdadeiras e existentes; de cuja mistura, nem mais nem menos do que da mistura de algumas cores verdadeiras, so formadas todas essas imagens das coisas que residem em nosso pensamento, quer verdadeiras e reais, quer fictcias e fantsticas. Desse gnero de coisas a natureza corprea em geral, e sua extenso; juntamente com a figura das coisas extensas, sua quantidade, ou grandeza, e seu nmero; como tambm o lugar em que esto, o tempo que mede sua durao e outras coisas semelhantes (p. 95).O crculo quadradoE Deus falou para o filsofo:- Eu sou o Senhor teu deus, e sou o Todo-Poderoso. No h coisa alguma que voc possa dizer que no possa ser feita. fcil!E o filsofo falou para o Senhor: - Ok, oh todo poderoso. Transforme tudo que azul em vermelho e tudo o que vermelho em azul.O Senhor disse:- Que se faa a inverso de cores ! E a inverso foi feita, deixando completamente confusos os porta-bandeiras da Polnia e de So Marino. Ento o filsofo disse:- Se quer me impressionar faa um crculo quadrado.E o senhor falou:- Faa-se um crculo quadrado. - E foi feito.Mas o filsofo protestou:- Isso no um crculo quadrado, isso um quadrado.O senhor se irritou:- Se eu digo que um crculo, um crculo. Cuidado com essa sua impertinncia.Mas o filsofo insistiu:- Eu no pedi para alterar o significado da palavra crculo, pedi um crculo quadrado, um verdadeiro crculo quadrado. Admita isto algo que o senhor no pode fazer.O senhor pensou um pouco, ento resolveu responder lanando sua vingana poderosa sobre a cabea do filsofo metido a esperto.Meditaes metafsicaspode ocorrer que Deus tenha desejado que eu me engane todas as vezes em que fao a adio de dois mais trs, ou em que enumero os lados de um quadrado, ou em que julgo alguma coisa ainda mais fcil, se que se pode imaginar algo mais fcil do que isso (p. 95).

Descartes coloca como o limite do teste da nossa capacidade de conhecer a suposio de um gnio maligno que nos impede de ver mesmo o mais evidente. Este gnio maligno tambm pode ser visto como a loucura (como em O duplo, de Dostoiviski). Ou ainda a evoluo pode ter nos dotado de um conjunto imperfeito de princpios.discurso do mtodo 4 parteMas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era to firme e to certa que todas as mais extravagantes suposies dos cticos no seriam capazes de as abalar, julguei que podia aceit-la, sem escrpulo, como o primeiro princpio da Filosofia que procurava (p. 54). Meditaes metafsicasSegunda meditao Da natureza do esprito humano; e de como ele mais fcil de conhecer do que o corpo

Eu ento, pelo menos, no serei alguma coisa? Mas j neguei que tivesse qualquer sentido ou qualquer corpo. Hesito no entanto, pois que se segue da? Serei de tal modo dependente do corpo e dos sentidos que no possa existir sem eles? Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que no havia nenhum cu, nenhuma terra, espritos alguns, nem corpos alguns: no me persuadi tambm, portanto, de que eu no existia? Certamente no, eu existia sem dvida, se que eu me persuadi, ou apenas, pensei alguma coisa. Meditaes metafsicasMas h algum, no sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indstria em enganar-me sempre. No h, pois, dvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, no poder jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa (p. 100).A Fsica de DescartesPrincpio da conservao do movimento totalO Ser perfeito criou todos os corpos e lhes imprimiu movimento. A quantidade de movimento impressa originariamente no mundo permanece invarivel, no obstante a passagem do repouso ao movimento.

Princpio da inrciaSe uma quantidade comea a se mover, no alcanar jamais o repouso, a menos que seja impedida por uma causa externa.

Toda interao dos corpos se d por contatoModificada em Newton, onde a matria pode influenciar a matria distncia (Lei da gravitao universal).Contribuies de descartesUm dos problemas da poca que no h como estabelecer relao causal entre a alma finita, o mundo extenso e Deus infinito. Aplicando a medida e a ordem, Descartes estabelece o que chama de cadeia de razes do seguinte tipo:

Eu penso, logo existo.a alma pensa e, ao pensar, tem uma idia de que ela prpria no pode ser a causa: a idia de Deus.A idia de Deus nos revela que ele existe.Contribuies de descartesAntes de Descartes, se buscava provar a existncia de Deus antes de provar as outras coisas. Ele colocou o sujeito no centro novamente, antecipando o que seria a revoluo copernicana do conhecimento em Kant.

A filosofia moderna o nascimento da filosofia propriamente dita porque nela:

1) A filosofia independente e no se submete a nenhuma autoridade que no seja a razo (como dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras polticas e os dados fornecidos pelos sentidos);Contribuies de descartes2) Descobre-se a subjetividade propriamente dita porque nela a conscincia toma a si mesma como objeto.

3) Reconhece-se que todos os seres humanos so seres conscientes e racionais, com igual direito ao pensamento e verdade.David Hume(1711-1776)

Investigao sobre o entendimento humanoSeo 1 Das diferentes espcies de filosofia

A metafsica um esforo frustrado da vaidade e das supersties (busca de proteo no incompreensvel).

Os homens devem abandonar estas etreas cincias e voltar-se para a provncia apropriada da razo.Investigao sobre o entendimento humanoSeo 2 Da origem das idias

Embora o pensamento parea possuir uma liberdade ilimitada, seu poder de criar dependente das impresses recebidas.

Podem haver outros seres com outros sentidos.

As impresses servem como critrio de verificao das idias.

Verdades de razo x de fatoEnunciam que algo de tal modo e no pode ser de outro. Exemplo: o tringulo tem trs lados.Enunciam que algo de certa maneira, mas pode ser de outra. Exemplo: o calor dilata os corpo

(As verdades histricas tambm so dessa classe).VERDADES DE RAZOVERDADES DE FATOCrtica ao conceito de CausalidadeA ordem e a regularidade nos acontecimentos se d por causa de trs princpios:

SEMELHANA Um retrato conduz naturalmente o pensamento para o seu original.

CONTIGIDADE Um quarto lembrado faz lembrar toda a casa.

CAUSALIDADE Uma ferida faz pensar na dor que dela deriva.Problema da induoTodo o conhecimento que se refere matria emana das impresses dos sentidos, das intuies sensveis, mas estas somente nos do idias particulares e contingentes.

No h justificativa para a passagem dos enunciados particulares contingentes (que descrevem o que foi observado) para os enunciados universais necessrios (as leis, os princpios das teorias cientficas).Problema da induoMesmo aps observar freqentemente a constante conjuno de objetos, no temos razo para tirar qualquer inferncia concernente a qualquer outro objeto que no aqueles com que tivemos experincia

Que o sol no se h de levantar amanh, no uma proposio menos inteligvel e no implica maior contradio, do que a afirmao de que ele se levantar

Assim, o conhecimento necessrio da natureza dado como impossvel.