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RISCOS CLIMÁTICOS E ÉPOCAS DE SEMEADURA PARA O
FEIJOEIRO (PHASEOLUS VULGARIS L. cv. CARIOCA) NA SAFRA
DAS ÁGUAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
MARCELO TREVIZAN BARBANO
Campinas Estado de São Paulo
Julho-2003
RISCOS CLIMÁTICOS E ÉPOCAS DE SEMEADURA PARA O
FEIJOEIRO (PHASEOLUS VULGARIS L. cv. CARIOCA) NA SAFRA
DAS ÁGUAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
MARCELO TREVIZAN BARBANO
Engenheiro Agrônomo
Orientador: Dr. Orivaldo Brunini
Dissertação apresentada ao Instituto Agronômico para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical - Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola.
Campinas Estado de São Paulo
Julho-2003
B232r Barbano, Marcelo Trevizan Riscos climáticos e épocas de semeadura para o feijoeiro (Phaseolus
vulgaris L. cv. Carioca) na safra das águas no Estado de São Paulo / Marcelo Trevizan Barbano. – Campinas, 2003.
74 p. : il. Orientador: Orivaldo Brunini
Dissertação (mestrado em agricultura tropical e subtropical) – Instituto Agronômico.
1. Feijão - São Paulo (Estado). 2. Zoneamento Agrícola 3. Défice
Hídrico. 4. Graus-dia.
CDD: 635.65
Aos meus pais Antonio e
Orides pelo afeto, educação e exemplo de vida.
Ao meu irmão Mateus pela amizade.
À minha esposa Michele
pelo amor, apoio e incentivo.
Dedico com amor.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Dr. Orivaldo Brunini pela amizade, sugestões e orientação desse
trabalho.
À Dr.ª Elaine Bahia Wutke pela amizade, incentivos, sugestões e assídua co-orientação.
À CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela
concessão de Bolsa de Mestrado.
Aos colegas e funcionários do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e
Biofísica do Instituto Agronômico pelo fornecimento dos parâmetros meteorológicos
utilizados no trabalho.
Aos funcionários de apoio do Instituto Agronômico pela coleta de dados fenológicos do
feijoeiro em ensaios regionais de cultivares.
Aos funcionários de apoio da pós-graduação do Instituto Agronômico.
A todos aqueles que, de uma forma ou outra, contribuíram para este trabalho.
SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................... xiii
ABSTRACT .................................................................................................................. xv
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 4
2.1 Considerações sobre a cultura do feijoeiro............................................................ 4
2.2 Temperatura do ar e duração de subperíodos fenológicos.................................... 5
2.3 Danos ocasionados por geadas na cultura do feijoeiro.......................................... 8
2.4 Efeito da temperatura do ar superior a 32°C durante a floração do feijoeiro........ 9
2.5 Consumo de água e défice hídrico na cultura do feijoeiro.................................. 12
2.5.1 Coeficiente de cultura....................................................................................... 13
2.5.2 Análises de séries de precipitação.................................................................... 15
2.6. Danos diante da ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica do
feijoeiro..................................................................................................................... 16
3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 17
3.1 Estimativa de temperatura-base e soma térmica para o feijoeiro........................ 17
3.2 Riscos climáticos à cultura do feijoeiro no estado de São Paulo........................ 19
3.2.1 Probabilidade de risco de geada....................................................................... 20
3.2.2 Probabilidade de atendimento hídrico durante a fase reprodutiva................... 21
3.2.3 Probabilidade de incidência de temperatura máxima do ar superior a 32°C
durante a floração...................................................................................................... 27
3.2.4 Probabilidade de excesso de chuva na maturidade fisiológica........................ 28
3.3 Determinação das épocas favoráveis de semeadura........................................... 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 30
4.1 Temperatura-base e soma de graus-dia................................................................ 30
4.2 Estimativa de duração do ciclo fenológico.......................................................... 32
4.3 Riscos de incidência de geadas............................................................................ 36
4.4 Riscos de deficiência hídrica no período de floração do feijoeiro....................... 38
4.5 Riscos de temperatura do ar acima de 32°C na floração..................................... 44
4.6 Excesso de chuva na maturidade fisiológica....................................................... 51
4.7 Determinação de épocas favoráveis à semeadura................................................ 57
5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 64
LISTA DE QUADROS Quadro 1. Etapas de desenvolvimento e características morfológicas de fases do ciclo do
feijoeiro........................................................................................................................4
Quadro 2. Coordenadas geográficas das localidades e safras dos ensaios regionais de
cultivares de feijoeiro no estado de São Paulo, no período de 1993 a 1996. ............. 17
Quadro 3. Bacias hidrográficas, localidades representativas e coordenadas geográficas. 20
Quadro 4. Bacias Hidrográficas, localidades e coordenadas geográficas dos postos do
DAEE/SRH. ............................................................................................................... 22
Quadro 5. Soma térmica nos diferentes subperíodos de desenvolvimento para o cultivar
carioca no estado de São Paulo. (E-F: subperíodo emergência-floração; F-MF:
subperíodo floração-maturidade fisiológica; E-MF: subperíodo emergência-
maturidade fisiológica). .............................................................................................. 31
Quadro 6. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o
cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as
bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo
Pardo/Grande e Baixo Tietê. ...................................................................................... 34
Quadro 7. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o
cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as
bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
Pardo e Mogi-Guaçu................................................................................................... 34
Quadro 8. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o
cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as
bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do
Paranapanema. ............................................................................................................ 35
Quadro 9. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o
cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as
bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio
Paranapanema. ............................................................................................................ 35
Quadro 10. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o
cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as
bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista e
Ribeira de Iguape/Litoral Sul. .................................................................................... 36
Quadro 11. Probabilidade (%) de ocorrência de temperatura do ar inferior a 3°C nos
decêndios de agosto e setembro para as bacias hidrográficas estudadas .................... 37
Quadro 12. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do
ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na
maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José
dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê. .................................................... 58
Quadro 13. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do
ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na
maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu. ................................................... 58
Quadro 14. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do
ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na
maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré,
Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema. ......................................... 59
Quadro 15. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do
ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na
maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto
Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema. ................................................... 59
Quadro 16. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do
ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na
maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral
Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul. ........................................... 60
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Distribuição das bacias hidrográficas do estado de São Paulo em função da
divisão hidrográfica do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. A legenda de cada
comitê está descrita no quadro 4. .................................................................................... 24
Figura 2. Temperatura-base (°C) do subperíodo emergência-floração para o feijoeiro,
cultivar carioca, pelos métodos do desvio padrão e razão de desenvolvimento (RD). .... 30
Figura 3. Temperatura-base (°C) do subperíodo floração-maturidade fisiológica para o
feijoeiro, cultivar carioca, pelos métodos do desvio padrão e razão de desenvolvimento
(RD). ................................................................................................................................. 30
Figura 4. Médias das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período
de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura
a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos
Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê. ............................................................... 39
Figura 5. Médias das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período
de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura
a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu. ........................................................ 40
Figura 6. Médias das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período
de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura
a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha,
Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema. ..................................................................... 41
Figura 7. Médias das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período
de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura
a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto
Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema. ........................................................ 42
Figura 8. Médias das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período
de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura
a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte,
Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul. ........................................................... 43
Figura 9. Médias das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C,
correspondente ao período de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em
diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande,
São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê, sendo o 1° decêndio
correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8 ............................................................. 45
Figura 10. Médias das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de
32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em
diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí
Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu, sendo o 1° decêndio
correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8. ............................................................. 46
Figura 11. Médias das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de
32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em
diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré,
Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema, sendo o 1° decêndio
correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8 .............................................................. 47
Figura 12. Médias das probabilidades (%) de incidência da temperatura do ar acima de
32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em
diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba,
Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema, sendo o 1° decêndio
correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8 .............................................................. 48
Figura 13. Médias das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de
32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijão, cultivar carioca, em
diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul,
Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul, sendo o 1° decêndio
correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.. ............................................................ 49
Figura 14. Médias das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de
semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados,
Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08
conforme figuras 4 a 8 . ................................................................................................... 52
Figura 15. Médias das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de
semeadura para as bacias hidrográficas do rios Sapucaí Mirim/Grande,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí/, Pardo e Mogi-Guaçu, sendo o 1° decêndio correspondente
a 01/08 conforme figuras 4 a 8.. ...................................................................................... 53
Figura 16. Médias das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de
semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha,
Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08
conforme figuras 4 a 8 . ................................................................................................... 54
Figura 17. Médias das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de
semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema,
Alto Tietê e Médio Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08
conforme figuras 4 a 8 . ................................................................................................... 55
Figura 18. Médias das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de
semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada
Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul . ........................................................................ 56
RESUMO
A cultura do feijoeiro no estado de São Paulo apresenta grande dispersão
geográfica, sendo cultivada em 485 dos seus 646 municípios, fator indicativo da grande
importância social e econômica desse produto. Contudo, durante o cultivo na safra das
águas, podem ocorrer geadas no início do ciclo, temperatura do ar acima de 32°C durante
a floração e períodos de estiagem, caracterizados como veranicos, coincidentes com
estádios fenológicos de elevada demanda hídrica, principalmente na fase reprodutiva do
feijoeiro. Além desses fatores, a ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica pode dificultar a secagem e colheita e prejudicar a qualidade dos grãos.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar os riscos climáticos e determinar
as épocas de semeadura mais adequadas para o cultivar carioca nas principais bacias
hidrográficas do estado de São Paulo na safra das águas.
Inicialmente, determinou-se a temperatura-base e a soma térmica para os
subperíodos emergência-floração e floração-maturidade fisiológica do cultivar carioca
pelos métodos desvio padrão e desenvolvimento relativo. Para o cálculo da temperatura-
base foram utilizados dados fenológicos coletados em 35 experimentos de campo
desenvolvidos nas safras das águas, da seca e de inverno, no período de 1993 a 1996, em
Centros Experimentais do Instituto Agronômico (IAC). Os valores diários de temperatura
do ar foram obtidos nos postos meteorológicos da rede do IAC, instalados em áreas
próximas dos experimentos.
Os resultados indicaram que a temperatura-base do cultivar carioca é de
6,0°C a 8,0°C, em função do método de determinação utilizado e do subperíodo
analisado, e o total de graus-dia necessários no subperíodo compreendido entre a
emergência e maturidade fisiológica é de 1218 graus-dia. Em ambos os métodos,
evidenciou-se linearidade entre desenvolvimento vegetal e temperatura ambiente.
Posteriormente, conhecendo-se a soma térmica dos subperíodos
emergência-floração e floração-maturidade fisiológica correspondente ao cultivar
carioca, foram realizadas análises de risco climático, considerando-se as diversas bacias
hidrográficas do estado de São Paulo. Os valores diários de temperatura do ar e da chuva
utilizados nas análises de riscos climáticos foram obtidos junto ao CIIAGRO e DAEE,
respectivamente. Para a estimativa da demanda de água e dos períodos com deficiência
hídrica utilizaram-se coeficientes de cultura (Kc) apropriados, e cálculo do Índice de
Satisfação das Necessidades de Água (ISNA).
Calcularam-se as probabilidades cumulativas de ocorrência de riscos
climáticos às fases fenológicas críticas da cultura. Foram considerados como períodos
inadequados ao cultivo quando há riscos de geadas no início da fase vegetativa ou défice
hídrico e incidência de temperaturas acima de 32°C na fase reprodutiva da cultura. O
estudo considerou ainda, a ocorrência de excesso de chuva após a maturidade fisiológica,
ou seja, acúmulo de precipitação em um período de cinco dias superior a 30mm, sendo
pelo menos três dias com chuvas.
Os resultados evidenciaram que o feijoeiro das águas não deve ser
semeado nas bacias hidrográficas do São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande, Baixo
Tietê, Sapucaí Mirim/Grande, Pontal do Paranapanema, Tietê/Sorocaba, Aguapeí/Peixe e
Paraíba do Sul, em função da alta probabilidade de frustração de safras por elevadas
temperaturas na floração e ou chuvas após a maturidade fisiológica.
A época adequada para a semeadura do cultivar carioca é a partir do
terceiro decêndio de outubro na bacia do Tietê/Batalha, segundo decêndio de outubro no
Alto Paranapanema, início de novembro na bacia dos rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
terceiro decêndio de novembro na bacia do Pardo e primeiro decêndio de dezembro na
bacia do Tietê/Jacaré.
Nas bacias do Alto Tietê, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul,
as condições climáticas possibilitam o cultivo do feijoeiro das águas nos meses de
setembro e outubro.
ABSTRACT
Bean cultivation in the State of São Paulo presents large geographic
dispersion, being cultivated in 485 of its 646 counties, a factor that indicates the great
social and economic importance of this product. However, during cultivation of the water
harvest, frost can occur in the beginning of the cycle, the air temperature can rise above
32°C during flowering and drought periods characterized as summer spell, coincidental
with the phenologic stages of high water demand, especially in the reproductive stage of
the bean plant may also occur. Besides these factors, the occurrence of excess rain during
the physiological maturity can hinder the drying process and the harvest, and impair the
quality of the grains.
The objective of this work was to characterize the climatic risks and
determine the more adequate sowing season of the carioca variety in the most important
water basins of the São Paulo State during the water harvest.
At first, the base temperature was determined and the thermal addition for
the emergence–flowering sub-periods and flowering physiologic maturity of the carioca
variety by the standard deviation method and comparative development. For the base-
temperature calculation, the phenologic data were used, collected in 35 field experiments
developed in crops of the water season, drought and winter, in the period from 1993 to
1996 and Agronomic Institute Experimental Centers (IAC). Daily values of air
temperature were obtained from the meteorological stations of the IAC network set up in
areas near the experiment.
The results indicated that the base-temperature of the carioca variety is
from 6.0ºC to 8,0 ºC, due to the determination method used and the sub-period analyzed,
and the total number of degrees-day necessary in the sub-period between the emergence
phase and the physiologic maturity is 1218 degrees-day. In both methods, the linearity
between the vegetal development and the environment temperature was evident.
Afterwards, knowing the thermal addition of the sub-periods emergence-
flowering and flowering-physiologic maturity corresponding to the carioca variety,
analysis of the climate risks were made, taking in consideration the several water basins
of the São Paulo State. The daily values of the air temperature and values of the rain fall
used in the analysis of the climatic risks were obtained from CIIAGRO and DAEE
respectively. To estimate the period of water demand and the lack of water, the adequate
culture coefficients (Kc) were used, as well as calculation of the rate of the Water
Satisfaction Need Index (ISNA).
The cumulative probabilities of the climatic risks occurrence in the
phenologic stages of the culture were calculated, and considered as inappropriate periods
for the culture when there is risk of frost in the beginning of the vegetative phases, or
lack of water and incidence of temperature above 32ºC in the reproductive phases of the
culture. The study also considered the occurrence of excess of rain after the physiologic
maturity, that is, precipitation higher than 30mm within a five-day period, at least three
rainy days.
The results made clear that water beans should not be sowed in the water
basins of São José dos Dourados, Low Pardo/Grande Rivers, Low Tietê, Sapucai
Mirim/Grande, Pontal do Paranapanema, Tietê/Sorocaba, Aguapeí/Peixe and Paraíba do
Sul, as a result of the high probability of the harvest failure due to the high temperatures
during flowering and/or rain occurrence after the physiologic maturity.
The proper season for sowing the carioca variety starts in the third decade
of October in the Tietê/Batalha basins, in the second decade of October in the Alto
Paranapanema, in the beginning of November in the river basins of
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, in the third decade in November in the Rio Pardo basin and
during the first decade of December in the Tietê/Jacaré basins.
In the basins of High Tietê, Baixada Santista and Ribeira de Iguape/South
Coastline, the climate conditions enable cultivation of water beans in the months of
September and October.
1. INTRODUÇÃO
Como atividade produtiva e econômica, a agricultura é a atividade mais
influenciada pelas condições climáticas. A produtividade econômica de uma cultura é
obtida mediante a condições ambientais favoráveis durante todo o ciclo de
desenvolvimento, sendo que para tal, as plantas exigem determinados limites de
temperatura do ar nas várias fases do ciclo, disponibilidade de água no solo e período
seco no estádio entre a maturidade fisiológica e a colheita.
Dessa forma, o conhecimento do ambiente é de extrema relevância para o
desenvolvimento da agricultura produtiva e economicamente viável. Quanto mais
precisas forem as informações a respeito das condições ambientais prevalecentes numa
determinada região, melhor será a seleção de culturas, épocas de semeadura, variedades e
sistemas de cultivo. Portanto, as condições ambientais devem ser adequadamente
estudadas antes de se implantar uma atividade agrícola.
Por meio do zoneamento agrícola, os agrometeorologistas determinam a
aptidão climática de áreas para o cultivo de espécies de interesse agrícola em escala
regional, que é de grande utilidade no planejamento de uso das terras. Além da definição
da aptidão climática das regiões, o estudo deve enfocar as épocas mais adequadas de
semeadura das espécies anuais, assim como a possibilidade de ocorrência de condições
climáticas desfavoráveis durante todo o ciclo de desenvolvimento das plantas.
O Brasil ocupa o primeiro lugar como produtor mundial de feijão-comum,
com cerca de 80% da sua produção representada pela espécie Phaseolus vulgaris.
Atualmente, o cultivar carioca ou suas derivadas desenvolvidas nos programas de
melhoramento genético, são os grupos mais conhecidos, difundidos e plantados nos
principais estados produtores de feijão.
A cultura do feijoeiro no estado de São Paulo apresenta grande dispersão geográfica,
sendo cultivada em 485 dos seus 646 municípios e ocupando uma área de ltura do
feijoeiro no estado de São Paulo apresenta grande dispersão geográfica, sendo cultivada
em 485 dos seus 646 municípios e ocupando uma área de 206 mil hectares, fator
indicativo da grande importância social e econômica desse produto (BARROS et al.,
2000). Segundo esses mesmos autores, apesar do estado de São Paulo destacar-se como o
maior produtor dessa leguminosa, importa cerca de 25% do volume que consome, tanto
do grupo carioca, amplamente consumido, quanto de outros grupos como o preto, jalo,
roxo e mulatinho.
No estado de São Paulo, além da relevância sócio-econômica, a grande
dispersão da cultura implica, também, em grandes variações nas formas de produção,
determinadas por diferentes tipos de clima e solo. O território paulista apresenta, de
maneira geral, uma distribuição de chuvas mais concentrada entre os meses de outubro a
março. Entretanto, mesmo no período chuvoso, a distribuição é irregular, fato que,
juntamente com a possibilidade de geadas no mês de agosto e a incidência de
temperaturas elevadas nos meses subsequentes, podem contribuir para a diferenciação de
regiões com diferentes potenciais agrícolas para o cultivo do feijoeiro comum.
Em São Paulo, o feijoeiro é cultivado em três épocas: nas águas (cultivo
de primavera), na seca (cultivo de verão) e no inverno (cultivo de outono-inverno
irrigado), sendo o cultivo das águas bastante relevante, com início a partir do mês de
agosto, no começo da estação chuvosa.
Durante a safra das águas podem ocorrer geadas no início do ciclo de
desenvolvimento, temperaturas do ar superiores a 32°C durante a floração, além de
períodos de estiagem (veranicos), coincidentes com estádios fenológicos de elevada
demanda hídrica, principalmente na fase reprodutiva do feijoeiro. Após a maturidade
fisiológica, os excedentes hídricos podem dificultar a secagem e colheita, e prejudicar a
qualidade dos grãos.
Um dos fatores que interferem preponderantemente na temperatura do ar e
regime de chuva é a altitude. Devido a variação da altitude nas diversas regiões do estado
de São Paulo, e para que o estudo do zoneamento agroclimático apresente confiabilidade
dos resultados, se faz necessário a segmentação das análises em regiões homogêneas.
Neste contexto, optou-se por analisar o comportamento da cultura do feijoeiro nas
diversas bacias hidrográficas situadas no estado de São Paulo, estratificando o ambiente
no que diz respeito às variações de temperatura do ar e precipitação.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar os riscos climáticos e identificar
as melhores épocas de semeadura do feijoeiro cultivado no período das águas em bacias
hidrográficas do estado de São Paulo. Objetivou-se também, determinar a temperatura-
base e o acúmulo térmico dos subperíodos emergência-floração e floração-maturidade
fisiológica.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Considerações sobre a cultura do feijoeiro
O feijoeiro é uma planta alimentícia pertencente à família Leguminosae,
gênero Phaseolus e espécie Phaseolus vulgaris L., cujos habitats naturais se estendem
desde o norte do México até o noroeste da Argentina (GONÇALVES et al., 1997). No
Brasil, a cultura possui elevado significado social, constituindo uma das mais
importantes fontes de proteína, com uma distribuição geográfica bastante ampla.
De acordo com os hábitos de crescimento baseados no tipo de orientação
das ramificações (VILHORDO et al., 1980), o cultivar Carioca (tipo III) apresenta
ramificação aberta e crescimento indeterminado.
No Quadro 1, observam-se as etapas de desenvolvimento do feijoeiro e
suas respectivas características morfológicas (GEPTS E FERNÁNDEZ, 1982).
Quadro 1. Etapas de desenvolvimento e características morfológicas de fases do ciclo do feijoeiro.
Fase Fenológica Código de Identificação Caracterização da fase
Vegetativa
V0 Início da germinação V1 Cotilédones ao nível do solo V2 Folhas primárias expandidas V3 Primeira folha trifoliada V4 Terceira folha trifoliada
Reprodutiva
R5 Formação dos botões florais R6 Abertura da primeira flor R7 Surgimento das vagens R8 Primeiras vagens cheias R9 Maturidade fisiológica
O início de sua fase reprodutiva é ao redor de 40 dias após a semeadura e
acúmulo de matéria seca vegetativa ocorre até os 70 dias do ciclo. A partir dos 70 dias, o
processo de translocação interna sobrepõe-se ao de acumulação, e as plantas atingem,
normalmente, a maturidade fisiológica dos 90 aos 110 dias após a semeadura,
prevalecendo o processo de secagem, com queda de folhas e perda acentuada de água.
Ressalta-se a possibilidade de variação da duração do ciclo do feijoeiro,
em função da temperatura média do ar vigente em uma determinada região (PINZAN et
al., 1994).
As condições climáticas ideais para o desenvolvimento da cultura do
feijoeiro são aquelas com temperatura do ar entre 15°C e 27°C (BULISANI et al., 1987).
Na incidência de temperaturas elevadas pode-se ter prejuízo à produção das plantas, e,
em condições de temperaturas reduzidas, a duração do ciclo é consideravelmente
aumentada.
A ocorrência de défice hídrico no solo pode prejudicar o desenvolvimento
do feijoeiro, principalmente durante a floração. Nas fases vegetativa e reprodutiva das
plantas com crescimento normal são consumidos, respectivamente, em torno de 3 mm e 5
mm diários de água. A estimativa de consumo varia de 300 a 500 mm ao longo do ciclo
(DOORENBOS E KASSAM, 1979), sendo que a cultura é beneficiada com a diminuição
das precipitações pluviais após a maturidade fisiológica, exigindo ausência de chuva na
colheita.
2.2. Temperatura do ar e duração de subperíodos fenológicos
A duração do período de desenvolvimento e a produtividade dos vegetais
depende, principalmente, das características fisiológicas das variedades e das condições
ambientais (HERMES et al., 2001).
CAMARGO et al. (1986) afirmam que as interações entre as culturas e os
fatores ambientais, representados pelos elementos meteorológicos, podem afetar o
crescimento e o desenvolvimento sob diferentes formas nos diversos estádios das
culturas.
Segundo BRUNINI et al. (1976), um dos elementos meteorológicos
envolvidos na relação clima-vegetal é a temperatura do ar, ressaltando que a
determinação da época de ocorrência dos subperíodos específicos de uma cultura pode
envolver outros índices biometeorológicos, como a insolação efetiva e precipitação.
De acordo com GUISCEM et al. (2001), a temperatura ambiente pode
afetar o crescimento e o desenvolvimento da planta por interferir em vários processos
como: crescimento da raiz, absorção de nutrientes e de água, taxa fotossintética,
respiração e transcolação de fotoassimilados. LUCCHESI (1987), menciona a influência
da temperatura ambiente, principalmente, na velocidade das reações químicas e nos
processos internos de transporte na planta.
ARNOLD (1959), relatou que a temperatura ambiente influencia os
processos fisiológicos das plantas, interferindo em cada subperíodo do ciclo dos vegetais.
Segundo o autor, as plantas apresentam uma temperatura mínima abaixo da qual
interrompem as suas atividades fisiológicas, uma faixa satisfatória de temperatura para o
seu desenvolvimento adequado e uma temperatura máxima efetiva acima da qual a taxa
respiratória supera a produção de fotoassimilados.
Existem vários métodos de estudos relacionando as interações clima-
planta, destacando-se o que leva em consideração o total de graus-dia acumulados. Este é
definido pela soma de temperaturas acima da condição climática mínima e abaixo da
máxima, necessárias para completar os distintos subperíodos do ciclo da planta
(BRUNINI et al., 1998). O conceito de graus-dia implica que existe uma temperatura-
base, abaixo da qual o crescimento e desenvolvimento da planta é interrompido e, se
houver, será em quantidade extremamente reduzida (BRUNINI, 1998).
O método de graus-dia foi desenvolvido para se prever os eventos
fenológicos de acordo com as condições ambientais, auxiliando nos estudos nas fases
críticas das culturas. Devido ao aumento ou redução da taxa de desenvolvimento das
plantas em função da temperatura do ar, o ciclo de determinadas espécies, mensurado
pelo calendário, é menor em época quente do que fresca e, numa mesma época, é
relativamente menor num período quente. Dessa forma, a caracterização do ciclo de vida
das plantas pode ser obtida utilizando-se a soma de graus-dia acumulados durante cada
subperíodo do desenvolvimento, em vez do número de dias do calendário, ressaltando-se
que o acúmulo térmico no subperíodo emergência-floração é mais exato na gramíneas
quando comparado à determinação dessa fase fenológicas nas leguminosas, as quais,
geralmente, apresentam crescimento indeterminado. SAMMS (1985) afirmam que o
relógio fisiológico desenvolvido com base em graus-dia acumulados é menos variável
quando comparado à contagem por dias do calendário.
Segundo ARNOLD (1959), cada espécie vegetal ou cultivar possui uma
temperatura-base, a qual pode variar em função dos subperíodos de desenvolvimento da
planta. Essa teoria assume que tanto as temperaturas diurnas como as noturnas afetam o
desenvolvimento e o crescimento vegetativo, e que os dados somente perdem sua
confiabilidade sob condições de extremo ou prolongado estresse hídrico (PRELA E
RIBEIRO, 2002).
A teoria dos graus-dia pressupõe, também, uma relação linear entre
acréscimo de temperatura e desenvolvimento vegetal (BRUNINI et al., 1976; CHANG,
1968). TOLLENAAR et al. (1979) observaram uma relação linear entre temperatura do
ar e desenvolvimento da cultura do milho, com um efeito direto da temperatura no
aparecimento e no número total de folhas dessa gramínea. A taxa de elongação da folha
na cultura do milho responde linearmente à temperatura do ar (HESKETH E
WARRINGTON, 1989). A existência de uma relação linear entre o número de folhas e a
temperatura do ar, acumulada por meio da soma térmica, tem confirmado que a
temperatura é um dos fatores preponderantes no controle da taxa de emissão de folhas na
cultura do trigo (BAKER, 1986).
Nessa cultura, quando submetida a temperaturas do ar inferiores a 12°C,
observam-se reduções significativas no crescimento das plantas e na taxa de velocidade
de germinação das sementes, além de deterioração no estado físico das membranas
citoplasmáticas (BULISANI et al., 1987; FANCELLI E DOURADO-NETO, 1999).
Ainda, se ocorrerem temperaturas baixas e ou reduzida luminosidade na fase de
crescimento vegetativo (estádio V4), haverá restrição à formação de ramos laterais ou
axilares, com conseqüente redução da área foliar (CROOKSTON et al., 1975),
diminuição da fotossíntese (FANCELLI E DOURADO-NETO, 1999), além de falhas na
formação e na fisiologia das estruturas reprodutivas (FARLOW et al., 1979).
Segundo MOTA et al. (1977), a temperatura-base do feijoeiro varia entre
10°C e 11,7°C, enquanto SCARISBRIC et al. (1976) utilizaram temperatura-base de
10°C para o cálculo do somatório de graus-dia. Por outro lado, a incidência de
temperatura ambiente superior a 35°C ocasiona declínio acentuado no crescimento do
feijoeiro, sendo considerada a temperatura basal superior dessa leguminosa (MARIOT
1989).
WUTKE et al. (2000a), apresentaram informações sobre a duração das
fases fenológicas e temperatura-base para a cultura do feijoeiro, mostrando alta
correlação entre o desenvolvimento dessa leguminosa e a temperatura do ar. De acordo
com os autores, os valores de temperatura-base obtidos foram variáveis em função de
cultivares e subperíodos, ficando em média na faixa de 6,5°C a 10°C no subperíodo
emergência-floração, e de 6,5°C a 8,0°C no subperíodo floração à maturidade fisiológica,
com uma variação 1111 a 1417 no total de graus-dia, em função do cultivar e método
utilizado. Isso não é concordante com BRUNINI (1998) que mencionou 1100 graus-dia
acumulados ao longo do ciclo dessa leguminosa e temperatura-base de 10°C necessária
ao completo desenvolvimento da maioria dos cultivares de feijoeiro.
Dessa forma, faz-se necessária a determinação da temperatura-base e do
total de graus-dia para os diferentes subperíodos de desenvolvimento para o cultivar
carioca cultivado nas águas, objetivando-se a estimativa de duração do ciclo da planta, e
redução de adversidades climáticas durante as fases críticas da cultura.
2.3. Danos ocasionados por geadas na cultura do feijoeiro
A suscetibilidade das culturas agrícolas à incidência de baixas
temperaturas varia de acordo com a espécie e estádio de desenvolvimento fenológico
(CAMARGO et al., 1993). O feijoeiro não tolera geadas durante o seu ciclo de
desenvolvimento, devendo o risco de ocorrência desse fenômeno ser considerado como
fator restritivo ao seu cultivo (CARAMORI et al., 2001).
A ciência agronômica define geada como o fenômeno atmosférico que
provoca danos biofísicos com a morte das plantas ou de suas partes, como folhas, caule,
frutos e ramos, em função da baixa temperatura do ar, a qual, quando atinge níveis letais
às culturas, ocasiona o congelamento da solução extracelular dos tecidos vegetais,
inviabilizando a sobrevivência das espécies. A morte dos tecidos vegetais é um processo
físico-químico, sendo que os primeiros sinais resultantes desse fenômeno são:
desidratação da célula, perda do potencial de turgescência, aumento na concentração de
solutos, redução do volume celular e ruptura da membrana plasmática (PEREIRA et al.,
2002).
Em abrigo termométrico, a temperatura mínima indicativa de geada a esta
cultura está em torno de 3°C (GRODZKI et al., 1996; BRUNINI, 1998). Para o estado de
São Paulo, as maiores probabilidades de ocorrência de baixas temperaturas são para
junho, julho e agosto, existindo oscilação entre os níveis de verossimilhança de acordo
com a região (CAMARGO et al., 1993). Sendo assim, é relevante definir possíveis
épocas restritas à semeadura dessa leguminosa para o cultivo das águas nesse estado, em
função da probabilidade de ocorrência de geadas a partir do início do mês de agosto.
2.4. Efeito da temperatura do ar superior a 32°C durante a floração do
feijoeiro
Para a cultura do feijoeiro, a temperatura do ar é um dos parâmetros
meteorológicos mais importantes e determinantes de sua exploração em várias regiões ou
mesmo localidades. Do ponto de vista ecológico, assume-se a faixa entre 15°C e 27°C
como ideal para o seu crescimento e produção (BULISANI et al., 1987). MOTA E
ZAHLER (1994) indicam, como regiões ideais para o cultivo, aquelas cujas temperaturas
médias, durante o ciclo da cultura, oscilarem entre 20°C e 22°C, sendo a ótima em torno
de 21°C.
Existe, contudo, uma variabilidade genotípica a ser explorada em estudos
de adaptação a condições extremas de temperaturas. Segundo KAY (1979), analisando
genótipos com características diferentes do cultivar carioca, relata que o feijoeiro deve
ser cultivado em regiões ecologicamente favoráveis ao seu desenvolvimento, com
temperaturas ambiente ao redor de 15°C a 30°C.
A cultura do feijoeiro pode ser prejudicada pela ocorrência de
temperaturas elevadas nos diferentes subperíodos de desenvolvimento das plantas
(DICKSON E PETZOLDT, 1989). De acordo com PASTENES E HORTON (1996), as
funções fotossintéticas das plantas e a organização funcional das membranas podem
apresentar alterações em decorrência de elevadas temperaturas.
Contudo, os maiores prejuízos ocorrem no subperíodo relacionado à
reprodução das plantas, uma vez que temperaturas variando entre 30°C e 40°C acarretam
abortamento de flores e botões florais, reduzindo o rendimento das lavouras (DICKSON
E PETZOLDT, 1989). Em temperaturas superiores a 30°C, pode haver a esterilização do
grão de pólen e elevação da produção de etileno na planta, fatores relacionados à queda
de flores e granação deficiente (GONÇALVES et al., 1997). De acordo com KAY
(1979), temperaturas acima de 30°C a 35°C tornam-se prejudiciais à cultura,
especialmente durante a floração e quando associadas a períodos de estresse hídrico.
De acordo com SEDIYAMA (1996), em situações de temperaturas
superiores a 30°C, verifica-se um balanço energético negativo na planta, iniciando-se o
esgotamento das reservas nutricionais acumuladas nos caules, folíolos e pecíolos, com
comprometimento do desenvolvimento das raízes e da formação de folhas, botões florais,
flores, sementes e vagens.
CIRINO (1991), citado por MALUF E CAIAFFO (1999), também relata
que, na ocorrência de elevadas temperaturas durante a fase reprodutiva do feijoeiro, são
ocasionadas drásticas reduções no rendimento dessa espécie. Segundo o autor, vários
estádios da fase reprodutiva do feijoeiro são sensíveis à elevada temperatura, incluindo a
formação do botão floral, formação do pólen, fertilização e formação das vagens e
sementes. Uma característica marcante do estresse térmico é a queda de botões florais
antes da antese, provavelmente em decorrência do decréscimo do nível de carboidrato ou
da deficiência na translocação dos mesmos. O citado autor relata danos após a antese
como a abscisão de flores e o baixo vingamento de vagens e sementes em conseqüência
da falta de polinização ou fertilização, com perdas no rendimento em torno de 67%
quando a temperatura média nos primeiros dias de floração atingiu 38ºC.
Quando submetido à condição de temperaturas superiores a 30°C no
transcorrer do dia (SMITH E PRYOR, 1962; STOBBE et al., 1966; KAY, 1979;
DICKSON E BOETTGER, 1984; BULISANI et al., 1987; GONÇALVES et al., 1997) e
25°C à noite (KAY, 1979; GONÇALVES et al., 1997), principalmente nos períodos da
floração e formação das vagens, nota-se severa redução no rendimento do feijoeiro. Isso
se deve ao aumento da abscisão de flores e vagens formadas, ao não enchimento
adequado de grãos e à redução do número de sementes por vagem (SMITH E PRYOR,
1962; MARIOT, 1976; DICKSON E BOETTGER, 1984; GONÇALVES et al., 1997).
Ressalte-se que os efeitos de temperaturas do ar elevadas serão de maior
ou menor intensidade para o feijoeiro, dependendo do tempo em que a temperatura
permanecer superior a 30°C, do valor máximo atingido e do número de dias consecutivos
nos quais essa situação ocorrer durante a fase reprodutiva. As conseqüências desses
níveis de temperatura serão a inviabilização do pólen e abortamento de flores e vagens,
resultando em menor massa de sementes por vagem e de vagens por planta, e em menor
peso de sementes (SMITH E PRYOR, 1962; KEMP, 1973; FISCHER E WEAVER,
1974).
GONÇALVES et al. (1997) mencionam que os maiores prejuízos à cultura
do feijoeiro são observados quando se considera o período crítico à ocorrência de
temperaturas acima de 30°C aquele compreendido entre uma semana antes e uma após a
data prevista para a floração. Já MONTERROSO E WIEN (1994) relatam que a planta é
particularmente mais sensível a temperaturas do ar acima de 30°C na pré-fertilização, ou
seja, antes da antese.
Contudo, DICKSON E PETZOLDT (1989) afirmam que a ocorrência de
temperatura do ar acima de 32°C durante a fase reprodutiva provoca abortamento de
flores de forma mais intensa. CARAMORI et al. (2001), em observações de campo
realizadas em experimentos de épocas de semeadura, constataram que temperaturas
acima de 32°C ocasionam o abortamento das flores do feijoeiro de maneira mais
pronunciada.
Assim, no estudo de riscos climáticos para a cultura do feijoeiro no estado
de São Paulo, torna-se necessário a análise de ocorrência de temperaturas do ar
superiores a 32°C durante a fase reprodutiva do feijoeiro das águas.
2.5. Consumo de água e défice hídrico na cultura do feijoeiro
A disponibilidade hídrica é um dos fatores preponderantes para o
desenvolvimento e produtividade dos vegetais, sendo que os efeitos do estresse hídrico
na produção variam de acordo com o subperíodo analisado e duração do ciclo da planta,
além de apresentar conseqüências diferenciadas de espécie para espécie e mesmo entre as
suas variedades. De acordo com BERGAMASCHI et al. (1988), a baixa disponibilidade
hídrica no solo afeta praticamente todos os processos relacionados ao desenvolvimento
das plantas, reduzindo a área foliar e a taxa fotossintética, além de modificar o balanço de
energia radiante do sistema.
A cultura do feijoeiro tem a exigência hídrica satisfeita quando a
precipitação pluvial do período da semeadura à maturação fisiológica situa-se entre 300 e
400 mm, com distribuição uniforme (MALUF E CAIAFFO, 1999). Por outro lado, tem-
se que essa espécie é pouco tolerante à deficiência hídrica em função principalmente, da
baixa capacidade de recuperação após uma condição de acentuado défice de água no solo
e sistema radicular mais superficial (GUIMARÃES et al., 1996). Quando o suprimento
de água não atende as necessidades hídricas dessa leguminosa, observa-se uma demora
na resposta da taxa respiratória após a irrigação, indicativa de uma recuperação apenas
parcial na abertura estomática dos folíolos (SAKAI, 1989).
Quando essa cultura é submetida a uma situação de reduzido índice de
água no solo durante a fase vegetativa, o efeito sobre o crescimento é mínimo, porém no
subperíodo compreendido entre a pré-floração e enchimento de vagens, a planta se torna
extremamente sensível ao baixo volume de água disponível (CALVACHE et al., 1997).
Na fase reprodutiva, o feijoeiro apresenta-se altamente vulnerável à
deficiência de água no solo, sobretudo no período inicial da floração até o início da
formação de vagens (FAGERIA et al., 1991). MATZENAUER et al. (1991) mencionam
que o período crítico do feijoeiro à deficiência hídrica ocorre durante o subperíodo do
início da floração ao início do enchimento de grãos, em função do maior índice de área
foliar e da maior atividade fotossintética. Quando o estresse hídrico ocorre na fase
reprodutiva, a redução da produção está associada ao decréscimo da área foliar e do
número de vagens por planta (ACOSTA-GALLEGOS E SHIBATA, 1989).
GOMES et al. (2000) indicam uma diminuição superior a 50% no
rendimento quando o estresse hídrico na planta ocorre entre 5.° e o 10.° dia antes da
antese. Um défice hídrico de 50% na fase vegetativa pode ocasionar uma redução de
rendimento de apenas 10%, enquanto que, com o mesmo défice, tem-se reduções de 55%
e 38% na produção, quando este ocorre, respectivamente, na floração e durante o
enchimento das vagens (CALVACHE et al., 1997). MASSIGNAM et al. (1998)
mencionam que o período mais crítico à deficiência hídrica para a cultura do feijoeiro
ocorre uma semana antes e uma após a floração. As reduções de produtividade são
proporcionais ao número de dias em que a planta fica submetida ao período de seca
(STONE et al., 1988).
As condições do meio físico vigentes no estado de São Paulo são
satisfatórias para o desenvolvimento do feijão das águas, uma vez que a sua exploração
coincide com o período chuvoso, e a disponibilidade hídrica do solo não torna restrito o
desenvolvimento vegetal. Porém, em épocas ou anos específicos, a produção poderá
sofrer redução em função de períodos de veranico que, se forem de longa duração,
poderão comprometer a produção, principalmente se ocorrerem durante a fase mais
sensível ao défice hídrico do feijoeiro, ou seja, no período da floração. Dessa forma, o
sucesso do empreendimento ocorrerá programando a época de semeadura para evitar a
coincidência dessa fase do ciclo com períodos de baixa disponibilidade de água no solo.
2.5.1. Coeficiente de cultura
De acordo com DOORENBOS E PRUIT (1975), o coeficiente de cultura
(Kc) é determinado pela razão entre a evapotranspiração de uma cultura (ETm) e a
evapotranspiração potencial (ETo), o qual varia, principalmente, com a cultura e seu
estádio de desenvolvimento. Para a maioria das culturas, o valor de Kc aumenta a partir
de um pequeno valor no momento da emergência até um valor máximo durante o período
de pleno desenvolvimento, diminuindo quando o vegetal atinge a fase de maturação final
(ALFONSI, 1996).
A ETm é resultante da soma da transpiração da cultura a ser estudada,
associada à evaporação direta da água do solo, cujo índice representa a demanda hídrica
ideal para a cultura para cada subperíodo de desenvolvimento (ALFONSI et al., 1996).
De acordo com BRUNINI (1998), a ETo indica a máxima capacidade de água
transferível na forma de vapor para a atmosfera numa condição climática específica, por
um meio de uma superfície totalmente coberta de vegetação rasteira, estando o solo
próximo da capacidade de campo. Esse autor comenta que a evapotranspiração potencial
é função da disponibilidade de energia existente, ou seja, da capacidade do sistema em
absorver esse vapor, ou converter esse calor armazenado em calor latente.
SEDIYAMA (1996) relata que a evapotranspiração potencial pode ser
mensurada em evapotranspirômetros ou lisímetros instalados em postos meteorológicos
especializados, constituindo-se um parâmetro meteorológico de difícil medição, o que
pode ser sanado por meio da utilização de métodos de estimativa da ETo.
A ETo é estimada por meio de diversos métodos, sendo que a escolha de
um deles depende da disponibilidade dos dados meteorológicos envolvidos em uma
metodologia específica, a escala de tempo requerida e as condições climáticas para as
quais foram desenvolvidos, pois normalmente não são de aplicação universal. Dessa
forma, a utilização de inúmeros métodos existentes para a estimativa de ETo implica que
o Kc estimado deve ser referido ao método que originou a estimativa da
evapotranspiração potencial (ALFONSI, 1996).
O método de THORNTHWAITE (1948), para o cálculo da ETo, baseou-
se, primeiramente, nas correlações existentes entre elementos meteorológicos e
determinações da evapotranspiração em bacias hidrográficas, computando-se diferenças
entre a água recebida pela chuva e a perdida pelo deflúvio. Trata-se de uma fórmula
empírica, baseada em função logarítmica da temperatura do ar e comprimento do dia
(latitude da localidade), sendo sua utilização facilitada por meio de tabelas desenvolvidas
por CAMARGO (1962). Esse mesmo autor verificou que os resultados obtidos pelo
método de Thornthwaite foram muito próximos aos obtidos por medição direta em
evapotranspirômetros. Além dessa metodologia de estimativa da ETo, outros métodos
são amplamente utilizados no Brasil, como o de PENMAN (1948), e do tanque Classe A
citado por SEDIYAMA (1996).
DOORENBOS E KASSAN (1979) apresentam valores de Kc para a
cultura do feijoeiro, nos seus diferentes estádios fenológicos, originados de valores de
ETo estimados segundo o método de Penman e tanque Classe A. De acordo com esses
autores, os valores de Kc para a cultura do feijoeiro variam de 0,25 a 1,2, sendo
considerados universais e válidos para diferentes regiões geográficas quando utiliza-se o
método da FAO.
2.5.2. Análises de séries de precipitação
O regime de chuvas é a principal característica climática determinante da
duração da estação de crescimento em regiões tropicais, em contraste com as regiões
temperadas, em que o início e o término da estação de crescimento são definidos pelo
regime sazonal da temperatura do ar (OLIVEIRA et al., 2000).
De acordo com ALFONSI (1996), nas diversas regiões do estado de São
Paulo, o total de precipitação observado no período chuvoso, geralmente é suficiente para
o bom desenvolvimento das culturas. Entretanto, a ocorrência de escassez de chuva
durante fases fenológicas críticas pode culminar em perdas significativas de produção.
Dessa forma, estudo da distribuição pluviométrica torna-se relevante no
planejamento racional de várias atividades agrícolas, visando identificar épocas de
semeadura propícias ao sucesso da agricultura, bem como definir o uso ou não da
irrigação suplementar. FRIZZONE et al. (1985) afirmam que o dimensionamento do
valor da precipitação por meio da utilização da precipitação média mensal pode acarretar
num sub-dimensionamento dos sistemas, levando a um fracasso do agricultor, sendo
recomendável a utilização de valores de precipitação em intervalos menores, como dados
de chuva qüinquidiais ou por decêndios, o que poderia acarretar em uma análise
estatística mais consistente.
Diversos autores utilizaram a distribuição de freqüência relativa para
caracterizar a distribuição de probabilidade no que se refere a dados de precipitação
(BRUNINI et al., 2001; CARAMORI et al., 2001). De acordo com ASSIS et al. (1996),
as probabilidades empíricas são estimadas com base na experimentação ou por meio da
análise dos eventos passados, e, em climatologia, aceita-se como razoável uma amostra
com dados de chuva com, no mínimo, 30 anos de observações para a obtenção de valores
estáveis de probabilidade.
Deve-se ressaltar a importância do estudo da distribuição da probabilidade
teórica mais adequada para um conjunto de dados climatológicos. Entretanto, a
determinação da distribuição teórica requer, a priori, um estudo preliminar para a
obtenção das probabilidades empíricas da série de dados em estudo, uma vez que a
validação de um determinado modelo probabilístico é obtida comparando-se as
freqüências dos valores observados com a probabilidade dos dados ajustados pelo
modelo.
2.6. Danos diante da ocorrência de excesso de chuva na maturidade
fisiológica do feijoeiro
A ocorrência de chuvas durante a maturidade fisiológica é prejudicial à
qualidade dos grãos, sendo que a incidência de alta umidade por períodos prolongados
nessa fase do ciclo pode ocasionar deterioração dos grãos maduros. Ainda, dependendo
da duração do período chuvoso, as perdas na produção do feijoeiro podem ser totais
(CARAMORI et al., 2001). Esses mesmos autores constataram redução na produção
diante da ocorrência de precipitações superiores a 30 mm em um período de cinco dias
subsequentes à maturidade fisiológica, sendo pelo menos três deles com precipitações.
Esse critério foi estabelecido com base na constatação prática de que não é somente o
total de chuvas que provoca perdas, mas sim a persistência do período chuvoso que faz
com que a umidade do ar permaneça elevada por um período prolongado, provocando a
deterioração dos grãos maduros.
3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Estimativa de temperatura-base e soma térmica para o feijoeiro
Os parâmetros e avaliações fenológicas utilizados no presente estudo
foram obtidos no cultivar carioca, em 35 experimentos regionais de avaliação de
cultivares de feijoeiro, desenvolvidos pelo Instituto Agronômico - IAC, e coordenado
pelo Centro de Gramíneas, nas safras das águas, da seca e de inverno, em treze
municípios representativos com a cultura dessa leguminosa no estado de São Paulo.
Essas localidades foram: Adamantina, Assis, Capão Bonito, Guaíra, Itararé, Jundiaí,
Mococa, Monte Alegre do Sul, Pariquera-Açú, Pindorama, Ribeirão Preto, Tietê e
Votuporanga. As coordenadas geográficas e respectivas safras avaliadas encontram-se
listadas no Quadro 2.
Quadro 2. Coordenadas geográficas das localidades e safras dos ensaios regionais de cultivares de feijoeiro no estado de São Paulo, no período de 1993 a 1996.
Local Latitude (S)
Longitude (W)
Altitude (m)
Safras Avaliadas
Adamantina 21°41’ 51°05’ 443 Seca (1994) e Inverno (1996) Assis 22°40’ 50°26’ 563 Seca (1993 e 1996)
Capão Bonito 24°00’ 48°22’ 702 Águas (1994/1995 e 1995/1996); Seca (1993, 1994, 1995 e 1996)
Guaíra 20°20’ 48°18’ 490 Inverno (1993) Itararé 24°07’ 49°20’ 721 Seca (1995) Jundiaí 23°12’ 46°53’ 715 Seca (1994)
Mococa 21°28’ 47°01’ 665 Águas (1993/1994, 1994/1995 e 1995/1996); Seca (1994)
Monte Alegre do Sul 22°41’ 46°53’ 777 Águas (1994/1995)
Pariquera-Açú 24°43’ 47°53’ 25 Inverno (1994 e 1996) Pindorama 21°13’ 48°56’ 562 Inverno (1993, 1994 e 1995)
Ribeirão Preto 21°11’ 47°48’ 621 Inverno (1993 e 1995)
Tietê 23°07’ 47°43’ 538 Águas (1993/1994, 1994/1995 e 1995/1996); Seca (1993, 1994 e 1995)
Votuporanga 20°25’ 49°59’ 505 Inverno (1993, 1994, 1995 e 1996)
Na determinação da temperatura-base, foram consideradas como fases
fenológicas relevantes, com as respectivas datas de avaliação, V1 (emergência), R7
(floração plena e formação de vagens) e R9 (maturidade fisiológica), conforme critérios
descritos por FERNÁNDEZ et al. (1982) e GEPTZ E FERNÁNDEZ (1982),
assumidas como aquelas em que houve ocorrência de 50% do estádio observado. As
temperaturas máximas e mínimas diárias relativas aos períodos analisados foram
obtidas em Postos Meteorológicos instalados próximos aos campos experimentais. Os
experimentos foram irrigados por aspersão, de acordo com as necessidades hídricas da
cultura, desconsiderando-se, portanto, uma possível influência da deficiência hídrica do
solo na avaliação dos graus-dia.
As temperaturas-base do cultivar carioca para os subperíodos
emergência-floração e floração-maturidade fisiológica foram calculadas por meio de
dois métodos: o do menor desvio padrão em dias e o do desenvolvimento relativo
(ARNOLD, 1959; BRUNINI et al., 1976).
O primeiro método baseia-se na seguinte expressão:
Sd = (Sdd) ÷ (Tm - Tb)
(1)
onde, Sd significa o desvio-padrão em dias, Sdd o desvio-padrão em graus-dia para
toda a série de cultivo, Tm a temperatura média para toda a série de cultivo e Tb a
temperatura-base.
A temperatura-base pré-estipulada correspondente ao menor valor de
desvio-padrão em dias (Sd) foi considerada como sendo a temperatura-base da cultura.
No método do desenvolvimento relativo, a temperatura-base foi
determinada em função da relação entre o desenvolvimento relativo da cultura e a
temperatura média do ar no período estudado, sendo que o prolongamento da reta de
regressão até o eixo das abcissas, até um desenvolvimento relativo nulo foi indicativo
do valor da temperatura-base. Para o cálculo desse método utilizou-se a expressão:
Drt = 100 ÷ N
(2)
sendo Drt o desenvolvimento relativo à temperatura média do ar, 100 o valor arbitrário
de desenvolvimento e N a dimensão do ciclo real da cultura, em dias, no subperíodo
considerado.
No cálculo da soma térmica necessária para a finalização dos dois
subperíodos analisados para o cultivar carioca, na safra das águas, foram somados os
valores diários de graus-dia, utilizando-se a seguinte expressão proposta por ARNOLD
(1959):
GDA =N . (TM - Tb)
(3)
na qual GDA indica o total de graus-dia necessário à finalização dos distintos
subperíodos, N a duração do subperíodo em estudo, TM a temperatura média do ar
determinada a partir da temperatura máxima e temperatura mínima diárias e Tb a
temperatura-base inferior do subperíodo em estudo. Quando a temperatura máxima
ficou acima de 35°C, fixou-se o valor máximo em 35°C (MARIOT, 1989).
3.2. Riscos climáticos à cultura do feijoeiro no estado de São Paulo
Definiram-se como riscos climáticos à cultura do feijoeiro no estado de
São Paulo a ocorrência de geada durante o início do desenvolvimento do ciclo da
cultura, o défice hídrico no período reprodutivo, a incidência de temperatura do ar
acima de 32°C durante a floração e o excesso de chuva no período de maturidade
fisiológica.
Pelo fato do número de estações meteorológicas ser relativamente
pequeno em relação ao número de municípios, e considerando-se uma escala
macroclimática, os parâmetros meteorológicos utilizados no estudo foram separados
em conjuntos representativos de vinte bacias hidrográficas situadas no estado de São
Paulo (Quadro 3).
3.2.1. Probabilidade de risco de geada
Os dados utilizados foram as observações diárias de temperatura mínima
do ar, obtidas junto ao Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas
(CIIAGRO) do Centro de Ecofisiologia e Biofísica do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), padronizadas em 20 anos de série histórica, considerando-se o
mesmo período de análise dos dados para todas as localidades envolvidas no estudo, ou
seja, desde janeiro de 1981 a dezembro de 2000, representando 20 bacias hidrográficas
do estado de São Paulo. As localidades, coordenadas geográficas e as respectivas
bacias hidrográficas encontram-se listadas no Quadro 3.
Quadro 3. Bacias hidrográficas, localidades representativas e coordenadas geográficas.
Bacia Hidrográfica Localidade Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m) Alto Paranapanema Itararé 24°07' 49°20' 721
Alto Tietê São Roque 23°32' 47°08' 850 Baixada Santista Santos 23°57' 46°20' 2
Baixo Pardo/Grande Barretos 20°34' 48°34' 518 Baixo Tietê Araçatuba 21°12' 50°27' 390
Litoral Norte Ubatuba 23°27' 45°04' 8 Médio Paranapanema Assis 22°40' 50°26' 563
Mogi-Guaçu Monte Alegre do Sul 22°41' 46°43' 777 Paraíba do Sul Pindamohangaba 22°55' 45°27' 560
Pardo Ribeirão Preto 21°11' 47°48' 621 Piracicaba/Capivari/Jundiaí Campinas 22°54' 47°05' 669
Pontal do Paranapanema Presidente Prudente 22°07' 51°24' 468 Ribeira de Iguape/Litoral Sul Pariquera-Açú 24°43' 47°53' 25
Aguapeí/Peixe Adamantina 21°41' 51°05' 443 São José dos Dourados Jales 20°16' 50°34' 484 Sapucaí Mirim/Grande Guaíra 20°20' 48°18' 490
Tietê/Batalha Gália 22°19' 49°34' 522 Tietê/Jacaré Jaú 22°17' 48°34' 580
Tietê/Sorocaba Tatuí 23°20' 47°52' 600 Turvo/Grande Pindorama 21°13' 48°56' 562
Utilizou-se a temperatura mínima de 3°C no abrigo meteorológico como
indicativo de geada para a cultura do feijoeiro, segundo critério estabelecido por
GRODZKI et al. (1996) e BRUNINI (1998).
Em cada bacia hidrográfica, obteve-se as médias das probabilidades de
incidência de temperaturas iguais ou inferiores a 3°C por decêndio, simulando-se
semanalmente os decêndios prováveis de semeadura no período compreendido entre 1°
de agosto e 30 de setembro. Optou-se por calcular a probabilidade de incidência de
temperaturas abaixo de 3°C somente para os meses de agosto e setembro, uma vez que
as maiores possibilidades de ocorrência de baixas temperaturas no estado de São Paulo
estão previstas para os meses de junho, julho e agosto (CAMARGO et al., 1993).
Assumiu-se que a emergência ocorre, em média, sete dias após a semeadura para o
feijoeiro cultivado nas águas (DOORENBOS E KASSAM, 1979).
Os valores diários de temperatura mínima para cada bacia hidrográfica
em estudo foram ordenados em ordem crescente, sendo que a probabilidade
corresponderá a um valor igual ou menor ao limite escolhido. Posteriormente,
calculou-se as probabilidades cumulativas diárias, utilizando-se a expressão
(PEREIRA et al., 2002):
P = (m) ÷ (n+1) . 100
(4)
onde P indica a probabilidade, em porcentagem, de ocorrência de valor extremo (3°C),
m significa o número de ordem escolhido na seqüência ordenada e n o número de
dados da série em estudo.
Segundo THOM (1966), a divisão por (n+1) fornece melhor estimativa
da probabilidade. Após a obtenção das probabilidades diárias, calculou-se a média
dessas probabilidades a cada dez dias.
Para o feijão das águas, o risco de geada no início do ciclo foi utilizado
como critério indicador do começo do período de semeadura. Os decêndios de
semeadura foram considerados propícios quando a probabilidade de ocorrência de
temperatura abaixo de 3°C foi inferior a 10% (CARAMORI et al., 2001).
3.2.2. Probabilidade de atendimento hídrico durante a fase reprodutiva
Para a definição das épocas de semeadura mais adequadas para a cultura
do feijoeiro no período das águas e considerando-se a disponibilidade hídrica no solo
ideal durante a floração, período este crítico ao défice hídrico para a produção de
feijão, utilizou-se uma série homogênea de precipitações diárias expressas em lâmina
d'água (mm), abrangendo um período de 32 anos, de janeiro de 1961 a dezembro de
1992. Os valores pluviométricos de 90 localidades do estado de São Paulo, obtidos
junto a Rede Hidrológica do DAEE/SRH, foram espacializadas em diferentes
compartimentos geomorfológicos, os quais compõem as diversas bacias hidrográficas
do estado conforme o Quadro 4 e Figura 1. Quadro 4. Bacias Hidrográficas, localidades e coordenadas geográficas dos postos do DAEE/SRH.
Bacia Hidrográfica Localidade Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m)
Alto Paranapanema (ALPA)
Buri 23°56' 48°40' 595 Fartura 23°23' 49°31' 520
Itapetininga 23°33' 47°54' 580 Itararé 24°07' 49°20' 700
Taquarituba 23°32' 49°14' 600
Alto Tietê (AT)
Cotia 23°43' 46°58' 920 Itapecerica da Serra 23°43' 46°51' 910
Mairiporã 23°19' 46°35' 800 Salesópolis 23°32' 45°51' 790 São Paulo 23°24' 46°45' 840
Baixada Santista (BS)
Cubatão 23°53' 46°25' 6 Mongagua 24°06' 46°38' 5
Santos 23°46' 46°07' 10
Baixo Pardo/Grande (BPG)
Barretos 20°37' 48°46' 490 Icém 20°20' 49°12' 440
Jaborandi 21°11' 48°11' 490 Morro Agudo 20°44' 48°04' 530
Baixo Tietê (BT)
Alto Alegre 21°35' 50°10' 500 Araçatuba 21°12' 50°27' 400
Birigui 21°20' 50°22' 430 Penápolis 21°26' 50°04' 430 Valparaíso 21°15' 50°52' 400
Litoral Norte (LN) Ilha Bela 23°47' 45°21' 10
São Sebastião 23°46' 45°25' 20 Ubatuba 23°27' 45°04' 8
Médio Paranapanema (MP)
Avaré 23°06' 48°56' 751 Cândido Mota 22°46' 50°24' 480
Cerqueira César 23°02' 49°10' 760 Duartina 22°25' 49°25' 520 Ibirarema 22°49' 50°04' 450
Mogi-Guaçu (MOGI)
Araras 22°16' 47°19' 600 Descalvado 21°58' 47°42' 680
Quadro 4. Continuação Bacia Hidrográfica Localidade Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m)
Mogi-Guaçu (MOGI)
Jaboticabal 21°11' 48°11' 500 Lindóia 22°32' 46°39' 680
Pirassununga 21°58' 47°28' 640
Paraíba do Sul (PSM)
Cruzeiro 22°35' 44°59' 540 Cunha 23°05' 44°54' 900 Lorena 22°44' 45°05' 540
Paraibuna 23°27' 45°35' 700 Pindamonhangaba 22°49' 45°22' 540
Pardo (PARDO)
Caconde 21°32' 46°38' 800 Cajuru 21°19' 47°22' 650 Mococa 21°28' 47°01' 665
Ribeirão Preto 21°11' 47°48' 621 São Simão 21°29' 47°33' 618
Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ)
Americana 22°42' 47°17' 540 Bragança Paulista 22°54' 46°25' 960
Campinas 22°47' 47°02' 600 Jundiaí 23°12' 46°59' 720
Piracicaba 22°41' 47°46' 480
Pontal do Paranapanema (PP)
Mirante do Paranapanema 22°18' 51°55' 440 Narandiba 22°25' 51°31' 410
Presidente Venceslau 21°53' 51°50' 400 Taciba 22°23' 51°17' 390
Teodoro Sampaio 22°28' 52°53' 240
Ribeira de Iguape/Litoral Sul
(RB)
Apiaí 24°40' 48°50' 180 Cananéia 24°54' 47°48' 2
Eldorado Paulista 24°36' 48°13' 40 Jacupiranga 24°47' 47°59' 30
Pariquera-Açú 24°43' 47°53' 25
Aguapeí/Peixe (AP)
Adamantina 21°41' 51°05' 440 Echaporã 22°26' 50°12' 680
Garça 22°12' 49°39' 680 Getulina 21°45' 50°07' 430 Marília 22°13' 49°56' 640
São José dos Dourados (SJD)
Jales 20°16' 50°33' 480 Santa Fé do Sul 20°13' 50°55' 410
Sapucaí Mirim/Grande
(SMG)
Buritizal 20°12' 47°43' 850 Guaíra 20°12' 48°30' 490
Igarapava 20°00' 47°49' 510 Santo Antonio da Alegria 21°06' 47°09' 820
São Joaquim da Barra 20°32' 47°59' 600
Tietê/Batalha (TB)
Badi Bassity 20°55' 49°47' 500 Borborema 21°42' 49°08' 390
Iacanga 21°54' 49°02' 450 Matão 21°35' 48°22' 590
Tietê/Jacaré (TJ)
Araraquara 21°47' 48°10' 670 Ibaté 21°57' 48°00' 810
Santa Lúcia 21°40' 48°03' 640 São Carlos 21°45' 47°46' 670
Quadro 4. Continuação Bacia Hidrográfica Localidade Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m)
Tietê/Sorocaba (SMT)
Botucatu 22°49' 48°26' 780 Cesário Lange 23°14' 47°57' 600
Laranjal Paulista 23°02' 47°50' 500 Tatuí 23°19' 47°47' 540 Tietê 23°00' 47°43' 570
Turvo/Grande (TG)
Cajobi 20°51' 48°51' 530 Monte Alto 21°16' 48°30' 720
Olímpia 20°44' 48°54' 520 Onda Verde 20°38' 49°20' 460 Pindorama 21°13' 48°56' 562
Fonte: SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICO, SANEAMENTO E OBRAS (2000)
Para o cálculo do balanço hídrico seqüencial em escala qüinqüidial, foi
utilizado um programa desenvolvido para microcomputador (BRUNINI et al., 1999),
utilizando-se os parâmetros: precipitação pluvial e temperatura do ar. As temperaturas
do ar mínimas, máximas e médias, para cada uma das 90 localidades, foram estimadas
em função do trabalho de PEDRO JÚNIOR et al. (1991). Estipulou-se 75 mm como
sendo o armazenamento de água no solo, considerando-se uma profundidade efetiva do
sistema radicular de 30 cm, conforme PIRES et al. (1991) e WUTKE et al. (2000b).
Considerou-se, também, que o período crítico à deficiência hídrica para
a cultura do feijoeiro ocorre uma semana antes e uma após a floração, seguindo critério
estabelecido por MASSIGNAM et al. (1998).
Para cada uma das localidades listadas no Quadro 4, calculou-se a
demanda climática ideal (ETm) durante a floração para períodos qüinqüidiais a partir
dos decêndios de semeadura simulados, de acordo com a expressão proposta por
DOORENBOS E KASSAN (1979):
ETm = Kc . ETo
(5)
sendo ETm a demanda hídrica ideal ou evapotranspiração máxima da cultura, Kc o
coeficiente de cultura e ETo a evapotranspiração potencial.
Os valores de ETo foram estimados de acordo com THORNTHWAITE
(1948), por períodos de cinco dias, para todos os locais analisados. Esses valores são
bastante próximos aos obtidos em evapotranspirômetros (CAMARGO, 1962).
Os valores de Kc utilizados foram aqueles apresentados por
DOORENBOS e KASSAN (1979) para a cultura do feijoeiro, sendo 0,40; 0,80; 1,20 e
Figura 1. Distribuição das bacias hidrográficas do estado de São Paulo em função da divisão hidrográfica do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. A legenda de cada comitê está descrita no quadro 4.
1,30 respectivamente, para os estádios fenológicos inicial, vegetativo, reprodutivo e
maturidade fisiológica.
A estimativa da disponibilidade de água no solo durante o ciclo da
cultura foi calculada utilizando-se o método do balanço hídrico proposto por
THORNTHWAITE E MATHER (1955), o qual compara a precipitação pluvial com a
evapotranspiração potencial (ETo), que corresponde à precipitação ideal no período
estudado, de forma a não sobrar nem faltar água no solo para uso das plantas
(CAMARGO, 1962).
Para o cultivar estudado, simularam-se 16 decêndios de semeadura,
desde 1° de agosto ao 1° de janeiro. A estimativa da época de observância do
subperíodo emergência-floração foi determinada para cada uma das 20 bacias
hidrográficas do estado e para cada decêndio de semeadura simulado, em função da
relação entre temperatura-base (Tb) e graus-dia (GD) necessários, utilizando-se a
temperatura média das localidades listadas no quadro 3 como representativas de cada
bacia em estudo.
Do balanço hídrico, o principal parâmetro de zoneamento utilizado foi o
Índice de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA), que é considerado um
indicador de atendimento da necessidade de água pela planta e obtido pela relação
(BRUNINI et al., 2001):
ISNA = ETR ÷ ETm
(6)
onde ETR significa a evapotranspiração real e ETm a evapotranspiração máxima da
cultura.
O ISNA, ou índice de penalização, varia de zero a um e representa a
fração entre a quantidade de água consumida e a demandada pela planta para se
garantir a máxima produtividade. De acordo com FARIAS et al. (2001), define-se três
categorias do ISNA para diferenciação dos ambientes, ou seja: favorável (ISNA >
0,60), intermediária (ISNA entre 0,50 e 0,60) e desfavorável (ISNA < 0,50). No
presente estudo, considerou-se ISNA igual ou superior a 0,60 durante o período crítico
da fase de floração. Um dos critérios utilizados para definição dos períodos de
semeadura baseou-se nas áreas delimitadas pela faixa de valores favoráveis de ISNA,
ou seja, esse índice, quando inadequado, restringiu a semeadura em determinado
decêndio.
Utilizou-se a média por qüinquidio desse índice para cada bacia
hidrográfica, obtido a partir das localidades representativas de cada uma delas listadas
no Quadro 4. Posteriormente, calculou-se a probabilidade cumulativa de ocorrência de
ISNA favorável, sendo que o procedimento para os cálculos foi idêntico ao adotado
para geadas.
Na caracterização de melhores decêndios de semeadura para o feijoeiro
das águas, consideraram-se a probabilidade média de 80% de ocorrência para valores
de ISNA satisfatório (ISNA >0,60), durante a fase crítica para o feijoeiro, para cada
decêndio de semeadura simulado. Desconsiderou-se, na análise dos resultados, a
utilização de irrigação complementar nos períodos onde o défice de água no solo
inviabilizou a semeadura.
3.2.3. Probabilidade de incidência de temperatura máxima do ar superior
a 32°C durante a floração
Foram utilizadas as informações das séries de dados climatológicos de
20 localidades representativas das várias bacias hidrográficas do estado de São Paulo
conforme o Quadro 3. Os dados de temperaturas máximas diárias de cada localidade,
totalizando uma série histórica de 20 anos, desde janeiro de 1981 até dezembro de
2000, foram utilizados para o cálculo das probabilidades cumulativas de ocorrência de
temperaturas máximas superiores a 32°C, simulando-se épocas prováveis de
semeadura a partir dos decêndios onde ocorreram atendimento hídrico durante a fase
crítica de floração da cultura.
Em cada local foram determinadas as datas prováveis de floração por
meio da relação temperatura-base e soma de graus-dia (equação 3), e utilizando-se a
temperatura-base de 6,6°C e um total de 605 graus-dia.
Considerou-se que a ocorrência de temperaturas do ar superiores a 32°C
no período compreendido entre uma semana antes e uma após as datas previstas para a
floração, provoca o abortamento de flores, sendo considerado um período crítico para a
cultura do feijoeiro quando submetida à essa condição climática (DICKSON E
PETZOLDT, 1989). Levando-se em conta os decêndios de semeadura estipulados,
calculou-se a média das probabilidades de ocorrência de temperaturas acima de 32°C
no período crítico, considerando-se adequadas, quanto a este fator, os decêndios que
apresentavam risco inferior a 30% de ocorrência de temperatura acima desse limite
(CARAMORI et al., 2001).
O procedimento para o cálculos das probabilidades cumulativas
por decêndio foi o mesmo para o fator geadas.
3.2.4. Probabilidade de excesso de chuva na maturidade fisiológica
Considerou-se, inicialmente, como situação de risco para perdas na
maturidade fisiológica, aquela com acúmulo de chuva em um período de cinco dias
superior a 30 mm, sendo pelo menos três dias com chuvas. Esse critério foi baseado em
observações de campo (CARAMORI et al., 2001), as quais indicam que a persistência
do período chuvoso é tão importante quanto o total de chuva, no que se refere à
deterioração dos grãos durante o período de maturidade fisiológica do feijoeiro.
As datas prováveis de maturidade fisiológica foram determinadas por
meio da relação entre temperatura-base e soma de graus-dia (equação 3) a partir das
datas estimadas de floração, utilizando-se a temperatura-base de 7,0°C no subperíodo
floração-maturidade fisiológica e um total de 613 graus-dia.
Por meio dos valores de chuva diários da série histórica do DAEE para
90 localidades (Quadro 4), calculou-se as probabilidades médias de excesso de chuva,
associadas às probabilidades de incidência de pelo menos três dias com precipitação,
durante o primeiro qüinqüídio subsequente `a maturidade fisiológica. Com relação aos
decêndios simulados para semeadura, desconsiderou-se aqueles em que não houve
atendimento hídrico durante a floração.
O procedimento estatístico foi o mesmo adotado para o fator geadas,
sendo adequadas, quanto a este fator, os decêndios de semeadura que apresentaram
risco inferior a 30% de ocorrência (BRUNINI et al., 2001).
3.3. Determinação das épocas favoráveis de semeadura
Com exceção dos fatores geadas, atendimento hídrico e comprimento
viável do ciclo (110 dias), os quais foram considerados restritivos ao cultivo, as
melhores épocas de semeadura para cada bacia hidrográfica estudada foram definidas
quando, concomitantemente, os riscos de incidência de temperatura do ar acima de
32°C durante a floração e excesso de chuva na maturidade fisiológica foram inferiores
a 30%.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Temperatura-base e soma de graus-dia
Os valores obtidos de temperatura-base para os diferentes subperíodos
fenológicos do feijoeiro cultivar carioca, utilizando-se o método do desvio padrão
foram de 7,0°C para a emergência-floração e de 8,0°C para floração-maturidade
fisiológica (Figuras 2a e 3a).
As temperaturas-base calculadas pelo método do desenvolvimento
relativo, para o cultivar estudado, foram de 6,2°C no subperíodo emergência-floração
(Figura 2b) e de 6,0°C da floração à maturidade fisiológica (Figura 3b).
Figura 2. Temperatura-base (°C) do subperíodo emergência-floração para o feijoeiro, cultivar carioca, pelos métodos do desvio padrão e razão de desenvolvimento (RD).
Figura 3. Temperatura-base (°C) do subperíodo floração-maturidade fisiológica para o feijoeiro, cultivar carioca, pelos métodos do desvio padrão e razão de desenvolvimento (RD).
y = 0,1522x - 0,9064R2 = 0,8296Tb = 6,0°C
1,52
2,53
3,54
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28Temperatura média (oC)
RD
234567
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213Temperatura-base (°C)
Des
vio
padr
ão (d
ias)
y = 0,1614x - 0,9958R2 = 0,7703Tb = 6,2°C
1,52
2,53
3,54
10 12 14 16 18 20 22 24 26 28Temperatura média (oC)
RD
234567
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213
Temperatura-base (ºC)
Des
vio
padr
ão (d
ias)
a a
b b
No Quadro 5, tem-se a soma térmica acumulada em cada subperíodo
do desenvolvimento para o cultivar carioca, utilizando-se, nos cálculos, a equação 3.
Para os cálculos da soma térmica da emergência à floração, adotou-se a média das
temperaturas-base obtidas pelos métodos do desvio-padrão e o do desenvolvimento
relativo, correspondendo a 6,6°C, valor que se aproxima de 6,5°C, índice mencionado
por WUTKE et al. (2000a) para o cultivar IAC carioca no subperíodo emergência-
floração. No subperíodo floração-maturidade fisiológica, utilizou-se a temperatura-
base de 7,0°C, representativa dos valores obtidos em ambos os métodos e próxima aos
citados por WUTKE et al. (2000a) para outros cultivares de feijoeiro.
A temperatura-base no subperíodo floração-maturidade fisiológica ficou
acima da temperatura-base obtida para o subperíodo emergência-floração, podendo ser
indicativo de uma exigência térmica mais acentuada nesse subperíodo devido a uma
elevação na demanda de metabólicos no feijoeiro, após a diferenciação de estruturas
reprodutivas. Quadro 5. Soma térmica nos diferentes subperíodos de desenvolvimento para o cultivar carioca no estado de São Paulo. (E-F: subperíodo emergência-floração; F-MF: subperíodo floração-maturidade fisiológica; E-MF: subperíodo emergência-maturidade fisiológica).
Local Safras avaliadas
Ciclo (dias) Temperatura média (°C)
Soma térmica*
E-F F-MF E-F F-MF E-F F-MF E-MF Adamantina Seca 1994 53 40 18,5 22,6 630,7 624 1254,7 Adamantina Inverno 1996 41 47 20,7 19,8 578,1 601,6 1179,7
Assis Seca 1993 38 55 23,4 18,2 638,4 616 1254,4Assis Seca 1996 40 45 21,8 18,6 608 522 1130
Capão Bonito Águas 1994 40 38 22,1 23,2 620 615,6 1235,6 Capão Bonito Águas 1995 41 39 20,2 21,4 557,6 561,6 1119,2 Capão Bonito Seca 1993 34 44 22,8 19,6 550,8 554,4 1105,2 Capão Bonito Seca 1994 37 41 22,8 20,4 599,4 549,4 1148,8 Capão Bonito Seca 1995 36 50 21,4 18,7 532,8 585 1117,8 Capão Bonito Seca 1996 33 52 22,8 18,9 534,6 618,8 1153,4
Guaíra Inverno 1993 41 51 20,6 20,3 574 678,3 1252,3 Itararé Seca 1995 62 - 17,2 - 657,2 - - Jundiaí Seca 1994 32 - 23,7 - 547,2 - - Mococa Águas 1993 33 37 25,6 23,6 627 614,2 1241,2 Mococa Águas 1994 36 34 24,7 25,5 651,6 629 1280,6 Mococa Águas 1995 36 37 23,7 24,1 615,6 632,7 1248,3 Mococa Seca 1994 41 45 22,0 18,6 631,4 522 1153,4
Monte Alegre do Sul Águas 1994 37 39 24,1 22,2 647,5 592,8 1240,3
Quadro 5. Continuação Pariquera-Açú Inverno 1994 41 70 19,8 17,6 541,2 742 1283,2 Pariquera-Açú Inverno 1996 60 72 17,7 17,3 666 741,6 1407,6
Pindorama Inverno 1993 50 41 19,4 21,6 640 598,6 1238,6 Pindorama Inverno 1994 55 42 18,9 21,0 676,5 588 1264,5 Pindorama Inverno 1995 40 39 22,1 23,9 620 659,1 1279,1
Ribeirão Preto Inverno 1993 44 49 19,5 19,6 567,6 617,4 1185 Ribeirão Preto Inverno 1995 41 36 22,5 24,2 651,9 619,2 1271,1
Tietê Águas 1993 36 - 23,2 - 597,6 - - Tietê Águas 1994 35 - 24,6 - 630 - - Tietê Águas 1995 37 37 23,8 24,6 636,4 651,2 1287,6 Tietê Seca 1993 33 46 23,5 20,0 557,7 598 1155,7 Tietê Seca 1994 35 40 23,2 21,4 581 576 1157 Tietê Seca 1995 42 57 22,0 18,1 646,8 632,7 1279,5
Votuporanga Inverno 1993 39 49 20,7 20,5 549,9 661,5 1211,4 Votuporanga Inverno 1994 38 42 21,0 20,6 547,2 571,2 1118,4 Votuporanga Inverno 1995 39 34 23,6 25,1 663 615,4 1278,4 Votuporanga Inverno 1996 48 38 19,8 23,3 633,6 619,4 1253
Média 40,7 44,7 605,9 613,2 1218,9 Desvio Padrão 43,8 50,6 69,6
C.V. (%) 7,2 8,3 5,7 (*): com Tb=6,6°C para o subperíodo emergência-floração e Tb=7,0°C da floração à maturidade
fisiológica.
Para o cultivar carioca, no subperíodo emergência-floração, a soma de
graus-dia foi, em média, de 605,9 graus-dia, sendo que no subperíodo compreendido
entre a floração e maturidade fisiológica, foram necessários, em média, 613,2 graus-dia
acima da temperatura-base. O total de graus-dia, da emergência à maturidade
fisiológica, foi, em média, de 1218,9 graus-dia. WUTKE et al. (2000a), analisando o
cultivar IAC-UNA no subperíodo emergência-maturidade fisiológica, obteve 1275
graus-dia, enquanto BRUNINI (1998), utilizando uma temperatura-base de 10°C,
menciona serem necessários 1100 graus-dia acumulados ao longo do ciclo dessa
leguminosa.
4.2. Estimativa de duração do ciclo fenológico
Nos Quadros 6 a 10 estão relacionados os valores estimados da duração
do ciclo do cultivar carioca, em diferentes bacias hidrográficas, bem como os
decêndios de semeadura simulados. A duração dos ciclos foi estimada utilizando-se os
valores de temperatura-base e soma térmica obtidos para o cultivar carioca
apresentados no item anterior, e considerando-se sete dias para a ocorrência da
germinação (DOORENBOS E KASSAM, 1979).
A duração estimada do ciclo variou, em média, de 72 a 108 dias de
acordo com a bacia hidrográfica analisada, sendo que, em escala macroclimática, essa
variação ocorre, principalmente, pelo balanço de energia diferenciado entre regiões
distintas, fato que influencia diretamente a temperatura ambiente, a qual interfere na
soma térmica (PEREIRA et al., 2002).
De maneira geral, observou-se que em épocas com temperaturas mais
amenas, a cultura necessitou de maior número de dias para completar os diferentes
subperíodos de desenvolvimento, ou seja, aumentou o ciclo. Verificou-se que nas
semeaduras simuladas nos decêndios de agosto, a cultura necessita de um maior
período de permanência no campo, devido à ocorrência de temperaturas mais baixas, as
quais ocasionam um menor acúmulo diário de graus-dia, podendo ser um indicativo da
sensibilidade do cultivar carioca à incidência de baixas temperaturas. Resultados
semelhantes foram encontrados por PRELA E RIBEIRO (2002) para a cultura do
feijão-vagem.
Os valores obtidos corroboram com aqueles relatados na literatura para
o feijoeiro, possibilitando uma comparação mais acertada com a estimativa do ciclo
(CATI, 1976; DOORENBOS E KASSAN,1979; POMPEU, 1982 e BARBANO et al.,
2001). Conforme FERNÁNDEZ et al. (1982), o ciclo biológico do feijoeiro é variável
de acordo com o genótipo e com os elementos do clima e as variações meteorológicas;
por extensão, plantas de um mesmo genótipo podem não estar num mesmo subperíodo
de desenvolvimento quando semeadas no mesmo decêndio em regiões distintas.
Somente nas localidades situadas na bacia hidrográfica do Alto
Paranapanema, o total de dias necessários para a cultura completar o subperíodo
semeadura-maturação fisiológica foi acima de 110 dias, valor superior ao
recomendável para duração econômica do ciclo dessa leguminosa. Para essa região
recomenda-se iniciar a semeadura a partir do terceiro decêndio de setembro, evitando-
se assim, o não atendimento térmico para o cultivar carioca.
Quadro 6. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê.
Semeadura Turvo/Grande São José dos Dourados Baixo Pardo/Grande Baixo Tietê 01/08 a 10/08 83 76 81 83 11/08 a 20/08 81 75 80 81 21/08 31/08 78 73 77 79 1/09 a 10/09 77 72 76 77 11/9 a 10/09 77 72 76 76 21/9 a 30/09 76 71 74 75 1/10 a 10/10 75 71 73 74
11/10 a 20/10 75 71 73 74 21/10 a 31/10 75 71 73 72 1/11 a 10/11 75 71 74 73
11/11 a 20/11 75 71 73 71 21/11 a 30/11 75 71 73 72 1/12 a 10/12 74 71 73 71
11/12 a 20/12 74 71 73 71 21/12 a 31/12 74 71 72 71 1/01 a 10/01 74 70 71 70
Média 76 72 75 74 Desvio Padrão 2,60 1,61 2,80 3,89
C.V. (%) 3,42 2,2 3,7 5,3 Quadro 7. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu.
Semeadura Sapucaí Mirim/Grande Piracicaba/Capivari/Jundiaí Pardo Mogi-Guaçu 01/08 a 10/08 77 91 83 95 11/08 a 20/08 76 88 82 93 21/08 31/08 73 86 79 89 1/09 a 10/09 72 84 78 88 11/9 a 10/09 72 82 78 86 21/9 a 30/09 72 81 77 85 1/10 a 10/10 71 80 77 84
11/10 a 20/10 71 80 77 83 21/10 a 31/10 71 79 76 82 1/11 a 10/11 71 78 75 81
11/11 a 20/11 71 78 77 81 21/11 a 30/11 71 76 77 80 1/12 a 10/12 70 76 76 80
11/12 a 20/12 70 72 76 80 21/12 a 31/12 70 75 76 79 1/01 a 10/01 69 75 75 79
Média 72 80 77 84Desvio Padrão 2,12 5,14 2,25 4,96
C.V. (%) 2,9 6,4 2,9 5,9
Quadro 8. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema. Semeadura Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Aguapeí/Peixe Pontal do Paranapanema 01/08 a 10/08 87 94 80 84 11/08 a 20/08 85 91 78 82 21/08 31/08 82 88 76 80 1/09 a 10/09 81 85 75 78 11/9 a 10/09 80 83 75 77 21/9 a 30/09 79 82 73 76 1/10 a 10/10 78 80 72 74 11/10 a 20/10 78 79 72 74 21/10 a 31/10 77 78 71 73 1/11 a 10/11 76 78 71 73 11/11 a 20/11 76 77 71 72 21/11 a 30/11 75 76 70 71 1/12 a 10/12 74 76 69 71 11/12 a 20/12 75 75 69 71 21/12 a 31/12 75 75 69 72 1/01 a 10/01 74 74 70 72 Média 78 81 73 75 Desvio Padrão 3,89 6,04 3,35 4,16 C.V. (%) 5,0 7,5 4,6 5,5
Quadro 9. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema.
Semeadura Tietê/Sorocaba Alto Paranapanema Alto Tietê Médio Paranapanema 01/08 a 10/08 95 129 100 89 11/08 a 20/08 92 125 96 87 21/08 31/08 89 121 93 84 1/09 a 10/09 86 118 90 82 11/9 a 10/09 84 115 88 82 21/9 a 30/09 82 110 85 80 1/10 a 10/10 80 108 84 78
11/10 a 20/10 79 105 82 78 21/10 a 31/10 77 104 81 76 1/11 a 10/11 76 102 79 76
11/11 a 20/11 76 101 79 76 21/11 a 30/11 75 100 78 75 1/12 a 10/12 74 99 77 75
11/12 a 20/12 74 100 76 75 21/12 a 31/12 73 100 77 75 1/01 a 10/01 73 98 77 73
Média 80 108 84 79Desvio Padrão 7,03 10,10 7,51 4,74
C.V. (%) 8,8 9,3 8,9 6,0
Quadro 10. Duração, em dias, do subperíodo emergência-maturação fisiológica para o cultivar carioca, levando-se em consideração vários decêndios de semeadura, para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul.
Semeadura Paraíba do Sul Litoral Norte Baixada Santista Ribeira de Iguape/Litoral Sul 01/08 a 10/08 90 94 98 98 11/08 a 20/08 87 92 95 95 21/08 31/08 84 89 92 92 1/09 a 10/09 81 87 90 89 11/9 a 10/09 81 86 88 87 21/9 a 30/09 79 83 85 84 1/10 a 10/10 77 81 83 81
11/10 a 20/10 76 79 81 79 21/10 a 31/10 76 77 80 77 1/11 a 10/11 74 75 78 76
11/11 a 20/11 74 74 76 74 21/11 a 30/11 73 72 74 73 1/12 a 10/12 72 71 73 72
11/12 a 20/12 72 71 72 71 21/12 a 31/12 72 70 72 70 1/01 a 10/01 72 69 70 70
Média 78 79 82 81 Desvio Padrão 5,69 8,28 8,87 9,28
C.V. (%) 7,3 10,5 10,8 11,5
4.3. Riscos de incidência de geadas
Considerando-se a série histórica de temperatura do ar utilizada no
estudo, nas bacias hidrográficas da Baixada Santista, Baixo Pardo/Grande, Baixo Tietê,
Litoral Norte, Pontal do Paranapanema, Aguapeí/Peixe, São José dos Dourados,
Sapucaí Mirim/Grande e Turvo/Grande, não se verificou a incidência de geadas para a
semeadura do feijão das águas. Isto indica a possibilidade de semeadura, considerando-
se o fator de riscos de geadas, a partir do primeiro decêndio de agosto.
Nas demais regiões, e comparando-se as probabilidades decendiais para
a incidência de geadas nos meses de agosto e setembro, observa-se risco mais
acentuado no primeiro decêndio de agosto, principalmente, nas bacias hidrográficas do
Alto Paranapanema, Alto Tietê, Tietê/Batalha e Tietê/Sorocaba, sendo que,
gradativamente, com as semeaduras a partir de meados de agosto, a abrangência de
ocorrência desse fenômeno climático diminui.
Esta diferenciação nos níveis de risco é condicionada pela variação da
latitude e da altitude (CAVIGLIONE et al., 2000), como foi observado no presente
estudo. Segundo CAMARGO (1972), quanto maior a latitude, maior a incidência de
geadas, e quanto maior a altitude, menor a temperatura, e maior a ocorrência de geadas.
Para PEREIRA et al. (2002), nos locais situados a médias e altas latitudes, a agricultura
torna-se atividade de risco durante o inverno, devido à ocorrência de temperaturas
baixas.
Levando-se em conta a análise dos meses de agosto e setembro,
observa-se que as probabilidades cumulativas médias a cada dez dias foram inferiores a
10% (Quadro 11), índice considerado limite para que o risco desse fator possa ser
restritivo à semeadura (CARAMORI et al, 2001). Por outro lado, nas localidades
situadas na bacia hidrográfica do Alto Paranapanema, mesmo havendo probabilidade
de temperatura do ar inferior a 3°C inferior a 10%, desaconselha-se a semeadura do
feijoeiro no mês de agosto, uma vez que, diante da incidência de temperaturas amenas,
o atendimento térmico para o cultivar carioca é insuficiente. Quadro 11. Probabilidade (%) de ocorrência de temperatura do ar inferior a 3°C nos decêndios de agosto e setembro para as bacias hidrográficas estudadas.
Bacia Hidrográfica 01 a 10 agosto
11 a 20 agosto
21 a 31 agosto
01 a 10 setembro
11 a 20 setembro
21 a 30 setembro
Alto Paranapanema 5,5 2,0 2,5 0 1 0 Alto Tietê 2,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0
Baixada Santista 0 0 0 0 0 0 Baixo Pardo/Grande 0 0 0 0 0 0
Baixo Tietê 0 0 0 0 0 0 Litoral Norte 0 0 0 0 0 0
Médio Paranapanema 1 0,5 0 1 0 0Mogi-Guaçu 0,5 0 0 0 0 0
Paraíba do Sul 1 0,5 0 0 0 0 Pardo 0,5 0,5 0 0 0 0
Piracicaba/Capivari/Jundiaí 0,5 0 0 0 0 0 Pontal do Paranapanema 0 0 0 0 0 0
Ribeira de Iguape/Litoral Sul 0 0 0,5 0 0 0 Aguapeí/Peixe 0 0 0 0 0 0
São José dos Dourados 0 0 0 0 0 0 Sapucaí Mirim/Grande 0 0 0 0 0 0
Tietê/Batalha 6,4 1,5 0,5 0,5 0 0 Tietê/Jacaré 0,5 0 0 0 0 0
Tietê/Sorocaba 2,5 0,5 0,5 0 0,5 0 Turvo/Grande 0 0 0 0 0 0
4.4. Riscos de deficiência hídrica no período de floração do feijoeiro
As Figuras 4 a 8 evidenciam as melhores épocas de semeadura para o
cultivar carioca e local analisado, podendo-se associar a cada decêndio de semeadura
os riscos prováveis em função de um atendimento hídrico inadequado no período
crítico da floração do feijoeiro.
Ressalta-se que o armazenamento de água no solo estipulado em 75mm
nos cálculos do balanço hídrico no caso específico para os solos arenosos, tende a
ocasionar uma subestimativa do défice hídrico. Entretanto, essa situação foi
minimizada no estudo ao considerar-se o balanço hídrico sequêncial qüinqüidial.
Na Figura 4, observa-se um período maior de restrição para as bacias do
Baixo Tietê e São José dos Dourados, nas quais a semeadura pode ser feita a partir do
primeiro e segundo decêndios de novembro, respectivamente. Nas bacias hidrográficas
dos rios Turvo/Grande e Baixo Pardo/Grande, a limitação do período de semeadura é
menor, podendo a mesma ser realizada a partir do segundo decêndio de outubro e
terceiro decêndio de setembro, respectivamente.
Os riscos de deficiência hídrica são elevados para o mês de agosto nas
bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
Pardo e Mogi-Guaçu (Figura 5). De maneira geral, a melhor época de semeadura é a
partir do segundo decêndio do mês de setembro, com exceção da bacia hidrográfica
dos rios Sapucaí Mirim/Grande, onde esse período é retardado para o primeiro
decêndio de outubro.
Nas bacias hidrográficas do Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e
Pontal do Paranapanema, observa-se elevado risco climático para o cultivo do feijão
das águas no mês de agosto no que tange ao atendimento hídrico durante a fase
reprodutiva (Figura 6). O período de restrição, quanto ao fator hídrico, faz-se mais
pronunciado nas bacias dos rios Tietê/Batalha e Pontal do Paranapanema, onde a
semeadura deve ser realizada a partir do terceiro decêndio de outubro e primeiro
decêndio de novembro, respectivamente. Para as bacias hidrográficas dos rios
Tietê/Jacaré e Aguapeí/Peixe, o
Turvo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
São José dos Dourados
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Tietê
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Pardo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 4. Média das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê.
Sapucaí Mirim/Grande
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Piracicaba/Capivari/Jundiaí
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Mogi-Guaçu
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pardo
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 5. Média das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu.
Tietê/Jacaré
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Tietê/Batalha
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pontal do Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Aguapeí/Peixe
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 6. Média das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema.
Tietê/Sorocaba
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Médio Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Tietê
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 7. Média das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema.
Paraíba do Sul
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Litoral Norte
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Ribeira de Iguape/Litoral Sul
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixada Santista
0
10
20
30
4050
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 8. Média das probabilidades (%) de atendimento hídrico, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura a partir de 01/08 para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul
atendimento hídrico na floração indica a possibilidade de semeadura a partir do
segundo e terceiro decêndios do mês de setembro, respectivamente.
Na região do Alto Paranapanema, devido ao défice hídrico nos meses de
agosto e setembro, a semeadura deve ser realizada a partir do segundo decêndio de
outubro (Figura 7). Já, no Médio Paranapanema, a probabilidade de atendimento
hídrico é satisfatória em período contínuo apenas a partir do primeiro decêndio de
novembro. Nessa região, o terceiro decêndio de setembro e primeiro de outubro,
também são viáveis para a semeadura quanto ao atendimento da demanda hídrica na
floração. Na bacia do Alto/Tietê, à semelhança do Tietê/Jacaré, a probabilidade de
atendimento hídrico é superior a 80% a partir do mês de setembro. Porém, no
Alto/Tietê a semeadura pode ser realizada no primeiro decêndio de setembro, logo, um
decêndio antes do Tietê/Jacaré. As condições da bacia do Tietê/Sorocaba são
semelhantes às do Tietê/Batalha quanto ao atendimento hídrico na floração do
feijoeiro; a semeadura pode ser efetuada a partir do terceiro decêndio de outubro.
No Litoral Norte, a restrição hídrica, observada no período de floração,
torna viável a semeadura dessa leguminosa somente a partir do segundo decêndio de
novembro (Figura 8). Nas bacias hidrográficas dos rios Ribeira de Iguape/Litoral Sul e
Paraíba do Sul, a semeadura pode ser realizada a partir do primeiro e segundo
decêndios de setembro, respectivamente. Porém, na bacia do Ribeira de Iguape/Litoral
Sul, a semeadura deve ser interrompida no primeiro e segundo decêndios de outubro,
que apresentam probabilidade de atendimento hídrico inferior a 80%.
Na região da Baixada Santista, não foi apurado período restrito de água
no solo durante o período crítico da floração, podendo a semeadura ser realizada,
considerando-se o fator hídrico, a partir do primeiro decêndio de agosto.
4.5. Riscos de temperatura do ar acima de 32°C na floração
As Figuras 9 a 13 indicam as probabilidades de incidência de temperatura do ar acima
de 32°C para as diversas bacias hidrográficas envolvidas no estudo. Os
Turvo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
São José dos Dourados
0
10
20
30
40
50
60
11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Tietê
0
10
20
30
40
50
60
10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Pardo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 9. Média das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Sapucaí Mirim/Grande
0
10
20
30
40
50
60
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Piracixaba/Capivari/Jundiaí
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Mogi-Guaçu
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pardo
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 10. Média das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Tietê/Jacaré
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Tietê/Batalha
0
10
20
30
40
50
60
9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pontal do Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Aguapeí/Peixe
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 11. Média das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Tietê/Sorocaba
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Médio Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Tietê
0
10
20
30
40
50
60
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 12. Média das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Paraíba do Sul
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Litoral Norte
0
10
20
30
40
50
60
11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Ribeira de Iguape/Litoral Sul
0
10
20
30
40
50
60
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixada Santista
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 13. Média das probabilidades (%) de incidência de temperatura do ar acima de 32°C, correspondente ao período de floração da cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista, Ribeira de Iguape/Litoral Sul, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
decêndios de semeadura simulados foram obtidas após restrição ocasionada pelo fator
hídrico.
No estado de São Paulo, os riscos de ocorrerem altas temperaturas
durante o cultivo do feijoeiro das águas é relativamente elevado em algumas regiões,
tornando-as inadequadas à semeadura do feijoeiro nessa safra. Essa condição climática
pode ser observada nas bacias hidrográficas do São José dos Dourados, Baixo
Pardo/Grande, Baixo Tietê, Sapucaí Mirim/Grande, Aguapeí/Peixe, Pontal do
Paranapanema, Tietê/Sorocaba e Paraíba do Sul, nas quais as probabilidades médias de
ocorrência de temperaturas do ar superiores a 32°C foram, em média, acima de 50%, o
que poderia inviabilizar a produtividade econômica da cultura.
Por outro lado, nas bacias dos rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Mogi-
Guaçu, Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Alto Paranapanema, não foram observadas
probabilidades acima de 30% para a ocorrência de temperatura ambiente superior a
32°C, indicando a possibilidade de cultivo do feijão das águas nas diversas épocas de
semeadura simuladas, considerando-se o fator térmico. As menores probabilidades de
incidência de temperatura do ar acima de 32°C, inferiores a 15%, foram observadas na
bacia hidrográfica do Alto Paranapanema.
Nas bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, Pardo, Alto Tietê,
Médio Paranapanema, Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul,
as probabilidades de ocorrência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração
foram variáveis. Na região do Médio Paranapanema, para a maioria dos decêndios de
semeadura simulados, as probabilidades de temperatura do ar acima de 32°C na
floração foram bem próximas ao limite de 30%, enquanto que em alguns decêndios
específicos de semeadura como: 11-20/10, 21-31/10, 21-30/11, 01-10/12 e 01-10/01, as
probabilidades desse risco climático foram inferiores ao limite estabelecido, validando
a semeadura nesses decêndios.
Na bacia hidrográfica do Turvo/Grande, a semeadura é favorecida no
período compreendido entre o primeiro decêndio de novembro e primeiro decêndio de
janeiro, exceção feita para a semeadura realizada nos dois últimos decêndios de
outubro
e segundo decêndio de dezembro, nos quais a probabilidade de temperatura do ar
acima de 32°C durante a floração foi acima do limite de 30%. Na bacia hidrográfica do
Pardo, a semeadura do feijoeiro das águas deve ser realizada a partir do segundo
decêndio de outubro, devendo o mesmo ser considerado para a bacia hidrográfica do
Tietê/Jacaré. No Alto Tietê, a semeadura do feijoeiro das águas torna-se viável a partir
do primeiro decêndio de setembro, sendo que esse período favorável prolonga-se até o
terceiro decêndio de novembro.
Na região do Litoral Norte, a incidência de temperatura do ar acima de
32°C restringe a semeadura do feijoeiro das águas entre o segundo decêndio de
novembro e primeiro decêndio de dezembro. Na Baixada Santista, a semeadura torna-
se adequada quanto a esse fator de risco, desde o primeiro decêndio de agosto até o
primeiro decêndio de dezembro. Já na bacia do Ribeira de Iguape/Litoral Sul, a
semeadura é favorecida a partir do primeiro decêndio de novembro.
4.6. Excesso de chuva na maturidade fisiológica
As Figuras 14 a 18 indicam as probabilidades médias da incidência de
excesso de chuva na maturidade fisiológica, considerando-se a ocorrência de pelo
menos três dias com precipitações. Os decêndios de semeadura simulados foram
obtidas após restrição pelo fator hídrico.
Em grande parte das bacias, observou-se elevada probabilidade de
precipitação acumulada acima de 30 mm no qüinquidio subseqüente à maturidade
fisiológica. Entretanto, quando se associa a este índice a probabilidade de ocorrerem
pelo menos três dias com chuva em cinco, o risco de excesso de chuva neste estádio
fenológico diminui, favorecendo o cultivo do feijoeiro das águas.
De maneira geral, os maiores riscos da ocorrência desse fator climático
foram observados quando a maturidade fisiológica coincidiu com os meses de
dezembro e janeiro. Dessa forma, a semeadura mais tardia pode evitar prejuízos
causados pelo
Turvo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
São José dos Dourados
0
10
20
30
40
50
60
11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Tietê
0
10
20
30
40
50
60
10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixo Pardo/Grande
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 14. Média das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Sapucaí Mirim/Grande
0
10
20
30
40
50
60
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Piracixaba/Capivari/Jundiaí
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Mogi-Guaçu
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pardo
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 15. Média das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Tietê/Jacaré
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Tietê/Batalha
0
10
20
30
40
50
60
9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Pontal do Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Aguapeí/Peixe
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 16. Média das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Tietê/Sorocaba
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Médio Paranapanema
0
10
20
30
40
50
60
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Alto Tietê
0
10
20
30
40
50
60
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 17. Média das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
Paraíba do Sul
0
10
20
30
40
50
60
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Litoral Norte
0
10
20
30
40
50
60
11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Ribeira de Iguape/Litoral Sul
0
10
20
30
40
50
60
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Baixada Santista
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16Decêndios
Prob
abili
dade
(%)
Figura 18. Média das probabilidades (%) de ocorrência de excesso de chuva na maturidade fisiológica para a cultura do feijoeiro, cultivar carioca, em diferentes decêndios de semeadura para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista, Ribeira de Iguape/Litoral Sul, sendo o 1° decêndio correspondente a 01/08 conforme figuras 4 a 8.
excesso de chuva após a maturidade fisiológica nas bacias do Turvo/Grande, Sapucaí
Mirim/Grande, Pardo e Tietê/Jacaré.
Em algumas bacias hidrográficas como as do Paraíba do Sul, Pardo,
Mogi-Guaçu, Ribeira de Iguape/Litoral Sul e Sapucaí Mirim/Grande, o período com
alto volume de chuvas coincidiu com o período de maturidade fisiológica em grande
parte dos decêndios simulados, aumentando a possibilidade de frustração de safra.
Esses resultados coincidem com aqueles obtidos por CARAMORI et al. (2001) na
região sul do Paraná.
Por outro lado, nas regiões do Alto e Médio Paranapanema, Pontal do
Paranapanema, Litoral Norte, São José dos Dourados, Baixo Tietê e Tietê/Batalha, o
excesso de chuva na maturidade fisiológica não significou risco para a produção dessa
leguminosa. Nas bacias hidrográficas do Baixo Pardo/Grande e Aguapeí/Peixe, deve-se
evitar a realização da semeadura no segundo e terceiro decêndios de outubro,
respectivamente. Na região do Tietê/Sorocaba, a semeadura do feijoeiro das águas
deve ser interrompida somente no segundo decêndio de outubro
Na bacia hidrográfica do Alto Tietê, na maioria dos decêndios observa-
se condições propícias para a semeadura, entretanto, no primeiro e terceiro decêndios
de novembro, a semeadura deve ser evitada. Na região da bacia hidrográfica dos rios
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, o excesso de chuva após a maturidade fisiológica
inviabiliza a semeadura no segundo e terceiro decêndios de outubro.
4.7. Determinação de épocas favoráveis à semeadura
A partir da análise dos riscos climáticos combinados, obtiveram-se as
recomendações para o feijoeiro na safra das águas em 20 bacias hidrográficas e
respectivos decêndios de semeadura simulados, conforme Quadros 12 a 16.
Nas bacias hidrográficas dos rios Tietê/Batalha e Alto Paranapanema, o
período mais prolongado propício à semeadura dessa leguminosa, ocorre a partir do
terceiro e segundo decêndios de outubro, respectivamente.
Quadro 12. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, São José dos Dourados, Baixo Pardo/Grande e Baixo Tietê.
Semeadura Turvo/Grande São José dos Dourados Baixo Pardo/Grande Baixo Tietê 01/08 a 10/08 D D D D 11/08 a 20/08 D D D D 21/08 31/08 D D D D 1/09 a 10/09 D D D D 11/9 a 10/09 D D D D 21/9 a 30/09 D D D D 1/10 a 10/10 D D D D
11/10 a 20/10 D D D D 21/10 a 31/10 D D D D 1/11 a 10/11 F D D D
11/11 a 20/11 F D D D 21/11 a 30/11 D D D D 1/12 a 10/12 F D D D
11/12 a 20/12 D D D D 21/12 a 31/12 F D D D 1/01 a 10/01 F D D D
Obs: F = data de semeadura favorável ao cultivo; D = data de semeadura inadequada ao cultivo.
Quadro 13. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Sapucaí Mirim/Grande, Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Pardo e Mogi-Guaçu.
Semeadura Sapucaí Mirim/Grande Piracicaba/Capivari/Jundiaí Pardo Mogi-Guaçu 01/08 a 10/08 D D D D 11/08 a 20/08 D D D D 21/08 31/08 D D D D 1/09 a 10/09 D D D D 11/9 a 10/09 D F D F 21/9 a 30/09 D F D D 1/10 a 10/10 D F D D
11/10 a 20/10 D D D D 21/10 a 31/10 D D F F 1/11 a 10/11 D F F F
11/11 a 20/11 D F D F 21/11 a 30/11 D F F D 1/12 a 10/12 D F F D
11/12 a 20/12 D F F F 21/12 a 31/12 D F F F 1/01 a 10/01 D F F F
Obs: D = data de semeadura favorável ao cultivo; F = data de semeadura inadequada ao cultivo.
Quadro 14. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha, Aguapeí/Peixe e Pontal do Paranapanema.
Semeadura Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Aguapeí/Peixe Pontal do Paranapanema 01/08 a 10/08 D D D D 11/08 a 20/08 D D D D 21/08 31/08 D D D D 1/09 a 10/09 D D D D 11/9 a 10/09 F D D D 21/9 a 30/09 F D D D 1/10 a 10/10 F D D D
11/10 a 20/10 D D D D 21/10 a 31/10 F F D D 1/11 a 10/11 F F D D
11/11 a 20/11 D F D D 21/11 a 30/11 D F D D 1/12 a 10/12 F F D D
11/12 a 20/12 F F D D 21/12 a 31/12 F F D D 1/01 a 10/01 F F D D
Quadro 15. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Tietê/Sorocaba, Alto Paranapanema, Alto Tietê e Médio Paranapanema.
Semeadura Tietê/Sorocaba Alto Paranapanema Alto Tietê Médio Paranapanema 01/08 a 10/08 D D D D 11/08 a 20/08 D D D D 21/08 31/08 D D D D 1/09 a 10/09 D D F D 11/9 a 10/09 D D F D 21/9 a 30/09 D D F D 1/10 a 10/10 D D F D
11/10 a 20/10 D F F F 21/10 a 31/10 D F D F 1/11 a 10/11 D F F D
11/11 a 20/11 D F D D 21/11 a 30/11 D F F F 1/12 a 10/12 D F D F
11/12 a 20/12 D F D D 21/12 a 31/12 D F D D 1/01 a 10/01 D F D F
Obs: D = data de semeadura favorável ao cultivo; F = data de semeadura inadequada ao cultivo.
Quadro 16. Decêndios favoráveis à semeadura, considerando adequado comprimento do ciclo, risco de geada no início do desenvolvimento, défice hídrico e incidência de temperatura do ar acima de 32°C durante a floração, e excesso de chuva na maturidade fisiológica, para as bacias hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, Litoral Norte, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul.
Semeadura Paraíba do Sul Litoral Norte Baixada Santista Ribeira de Iguape/Litoral Sul 01/08 a 10/08 D D F D 11/08 a 20/08 D D F D 21/08 31/08 D D F D 1/09 a 10/09 D D F F 11/9 a 10/09 D D F F 21/9 a 30/09 D D F F 1/10 a 10/10 D D F F
11/10 a 20/10 D D F D 21/10 a 31/10 D D F F 1/11 a 10/11 D D D D
11/11 a 20/11 D F F D 21/11 a 30/11 D F D D 1/12 a 10/12 D F F D
11/12 a 20/12 D D D D 21/12 a 31/12 D D D D 1/01 a 10/01 D D D D
Obs: D = data de semeadura favorável ao cultivo; F = data de semeadura inadequada ao cultivo.
Na região dos rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí, essa condição se dá a
partir do primeiro decêndio de novembro, enquanto que nas localidades situadas no
Pardo, a semeadura é favorecida a partir do terceiro decêndio de novembro. Já na bacia
do Tietê/Jacaré, observa-se um período mais contínuo e adequado para a semeadura do
feijoeiro, somente a partir do primeiro decêndio de dezembro.
Nas bacias hidrográficas do Alto Tietê, Baixada Santista e Ribeira de
Iguape/Litoral Sul, devido ao maior volume de chuvas registrado entre os meses de
novembro e janeiro e elevadas temperaturas em dezembro, a semeadura antecipada
pode favorecer o cultivo do feijoeiro.
Em contrapartida, em algumas bacias hidrográficas como as do São José
dos Dourados, Baixo Pardo/Grande, Baixo Tietê, Sapucaí Mirim/Grande, Pontal do
Paranapanema, Tietê/Sorocaba, Aguapeí/Peixe e Paraíba do Sul, constatou-se risco de
frustração de safra em todos os períodos de semeadura simulados. A incidência de
temperaturas elevadas durante a floração, assim como a possibilidade de ocorrência de
excesso de chuva na maturidade fisiológica, foram os fatores climáticos considerados
impeditivos para o cultivo dessa leguminosa na safra das águas nessas regiões.
Nas regiões das bacias hidrográficas dos rios Turvo/Grande, Mogi-
Guaçu e Médio Paranapanema, não observou-se um período favorável com
prolongação mais acentuada, sendo que os decêndios propícios variaram ao longo do
período de semeadura estipulado.
Vale ressaltar que os períodos de semeadura considerados favoráveis
não indicam, necessariamente, a obtenção dos maiores rendimentos do feijoeiro, mas
sim aqueles em que há menor probabilidade de perdas por incidência de riscos
climáticos à cultura, e que pequenas alterações nos índices de riscos climáticos podem
favorecer a semeadura do feijoeiro em determinada região.
Além da avaliação dos riscos climáticos inerentes à cultura do feijoeiro,
devem ser considerados, também, outros aspectos mais complexos de cada região e que
não foram estudados no presente trabalho, tais como: aspectos fitossanitários, de solo e
econômicos. A própria heterogeneidade das bacias hidrográficas quanto à altitude pode
ser um fator que delimita a extrapolação dos resultados obtidos para diferentes
localidades dentro de uma mesma bacia.
Finalmente, esse trabalho deve ser constantemente revisado, atualizado
e aprimorado, levando-se em conta todo o conhecimento acumulado no cultivo do
feijoeiro nas diferentes regiões do estado de São Paulo.
5. CONCLUSÕES
A temperatura-base para o subperíodo emergência-floração variou, de acordo com o
método de estimativa, entre 6,2°C a 7,0°C e para o subperíodo floração-maturidade
fisiológica entre 6,0°C a 8,0°C.
Os principais fatores de risco de perdas do feijoeiro das águas são as elevadas
temperaturas na floração e a ocorrência de chuvas na maturidade fisiológica, seguido
pela deficiência de água no solo no início da fase reprodutiva.
Embora a probabilidade de geadas seja desprezível nos períodos e regiões estudadas,
a ocorrência de baixas temperaturas do ar pode alongar excessivamente o ciclo do
feijoeiro semeado nos meses de agosto e setembro na bacia do Alto Paranapanema.
O feijoeiro das águas não deve ser semeado nas bacias hidrográficas do São José dos
Dourados, Baixo Pardo/Grande, Baixo Tietê, Sapucaí Mirim/Grande, Pontal do
Paranapanema, Tietê/Sorocaba, Aguapeí/Peixe e Paraíba do Sul, em função da alta
probabilidade de frustração de safras por elevadas temperaturas na floração e ou
chuvas após a maturidade fisiológica.
A época adequada para a semeadura do cultivar carioca é a partir do terceiro
decêndio de outubro na bacia do Tietê/Batalha, segundo decêndio de outubro no Alto
Paranapanema, início de novembro na bacia dos rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí,
terceiro decêndio de novembro na bacia do Pardo e primeiro decêndio de dezembro na
bacia do Tietê/Jacaré.
Nas bacias do Alto Tietê, Baixada Santista e Ribeira de Iguape/Litoral Sul, as
condições climáticas possibilitam o cultivo do feijoeiro das águas nos meses de
setembro e outubro.
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