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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA \\\\ [email protected] APRESENTACAO ORAL-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria ROBERTA HELENA FIOROTTO RODRIGUES BACHA. CCLQ, PIRACICABA - SP - BRASIL. A importância da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) No sistema agroindustrial brasileiro Grupo de pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia Resumo: A literatura econômica ressalta muito a organização, a dimensão e a importância do complexo agroindustrial (CAI) na economia de um país, como o Brasil. O CAI compõe-se das atividades que fornecem insumos para a agropecuária (o segmento I do CAI), a própria agropecuária (segmento II do CAI), a agroindústria (segmento III do CAI) e as atividades de distribuição e comercialização de produtos agropecuários e agroindustriais (segmento IV do CAI). Há, no entanto, toda uma infraestrutura de pesquisa, ensino, fiscalização e financiamento que afeta cada um desses segmentos do CAI e que a eles somada dá o sistema agroindustrial (SAG). Uma parte essencial dessa infraestrutura de suporte aos segmentos do CAI é exercida, no Brasil, pelas universidades, que fazem pesquisas e a extensão desse conhecimento que afetam todos os segmentos do CAI. O Campus Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, abriga uma das mais importantes escolas de ciências agrárias, florestais, econômicas e de alimentos do Brasil, que é a ESALQ. O objetivo deste artigo é analisar a importância que a ESALQ tem para o sistema agroindustrial do Brasil, ressaltando de que modo suas atividades de ensino, pesquisa e extensão contribuem para o desempenho dos quatro segmentos que compõem o CAI no Brasil. A metodologia utilizada no trabalho é a análise interpretativa de dados primários e secundários organizados nas forma de tabelas e na aplicação da metodologia SWOT, identificando os pontos fontes e fracos da importância da ESALQ no SAG brasileiro. O trabalho ressalta a grande contribuição da ESALQ para o SAG brasileiro e o que ainda pode ser feito para ampliar essa contribuição. Palavras-chaves: Agronegócio; Complexo agroindustrial; Sistema agroindustrial; Universidade; ESALQ; Abstract: The economic literature highlights the organization, the dimension and the importance of the agro- industrial complex (AIC) in each country, such as Brazil. AIC encloses activities that supply inputs to the agriculture (defined as the first stage of AIC), agriculture (second stage of AIC), agro-industries (third stage of AIC) and distribution and commercialization system (the fourth stage of AIC). However, there is a large infrastructure of research, education, inspection and financing that affects each stage of the AIC and when this infrastructure is added to the AIC the agro-industrial system (AIS) emerges. An essential part of the infrastructure that affords the AIC is generated by universities in Brazil, what performance researches and extensions that affect all the AIC stages. The Luiz de Queiroz Campus at the University of Sao Paulo shelters one of the most important college of agrarian, forest, economic and food sciences in Brazil, which is the “Luiz de Queiroz” College of Agriculture, known as ESALQ. The objective of this article is to analyze the importance that ESALQ has having for the agro-industrial system in Brazil, highlighting the ways its activities of education, researches and extension contributes for the four stages of AIC. The methodology employed is the analytical interpretation of primary and secondary data organized in tables and on the application of SWOT methodology, what identifies the weaker and the stronger features of ESALQ in the Brazilian AIC. The article emphasizes the large contribution of ESALQ for the Brazilian AIC and suggests what can be made to extend this contribution.

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A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA \\\ \

[email protected]

APRESENTACAO ORAL-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria

ROBERTA HELENA FIOROTTO RODRIGUES BACHA. CCLQ, PIRACICABA - SP - BRASIL.

A importância da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ)

No sistema agroindustrial brasileiro

Grupo de pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia Resumo: A literatura econômica ressalta muito a organização, a dimensão e a importância do complexo agroindustrial (CAI) na economia de um país, como o Brasil. O CAI compõe-se das atividades que fornecem insumos para a agropecuária (o segmento I do CAI), a própria agropecuária (segmento II do CAI), a agroindústria (segmento III do CAI) e as atividades de distribuição e comercialização de produtos agropecuários e agroindustriais (segmento IV do CAI). Há, no entanto, toda uma infraestrutura de pesquisa, ensino, fiscalização e financiamento que afeta cada um desses segmentos do CAI e que a eles somada dá o sistema agroindustrial (SAG). Uma parte essencial dessa infraestrutura de suporte aos segmentos do CAI é exercida, no Brasil, pelas universidades, que fazem pesquisas e a extensão desse conhecimento que afetam todos os segmentos do CAI. O Campus Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, abriga uma das mais importantes escolas de ciências agrárias, florestais, econômicas e de alimentos do Brasil, que é a ESALQ. O objetivo deste artigo é analisar a importância que a ESALQ tem para o sistema agroindustrial do Brasil, ressaltando de que modo suas atividades de ensino, pesquisa e extensão contribuem para o desempenho dos quatro segmentos que compõem o CAI no Brasil. A metodologia utilizada no trabalho é a análise interpretativa de dados primários e secundários organizados nas forma de tabelas e na aplicação da metodologia SWOT, identificando os pontos fontes e fracos da importância da ESALQ no SAG brasileiro. O trabalho ressalta a grande contribuição da ESALQ para o SAG brasileiro e o que ainda pode ser feito para ampliar essa contribuição. Palavras-chaves: Agronegócio; Complexo agroindustrial; Sistema agroindustrial; Universidade; ESALQ; Abstract: The economic literature highlights the organization, the dimension and the importance of the agro-industrial complex (AIC) in each country, such as Brazil. AIC encloses activities that supply inputs to the agriculture (defined as the first stage of AIC), agriculture (second stage of AIC), agro-industries (third stage of AIC) and distribution and commercialization system (the fourth stage of AIC). However, there is a large infrastructure of research, education, inspection and financing that affects each stage of the AIC and when this infrastructure is added to the AIC the agro-industrial system (AIS) emerges. An essential part of the infrastructure that affords the AIC is generated by universities in Brazil, what performance researches and extensions that affect all the AIC stages. The Luiz de Queiroz Campus at the University of Sao Paulo shelters one of the most important college of agrarian, forest, economic and food sciences in Brazil, which is the “Luiz de Queiroz” College of Agriculture, known as ESALQ. The objective of this article is to analyze the importance that ESALQ has having for the agro-industrial system in Brazil, highlighting the ways its activities of education, researches and extension contributes for the four stages of AIC. The methodology employed is the analytical interpretation of primary and secondary data organized in tables and on the application of SWOT methodology, what identifies the weaker and the stronger features of ESALQ in the Brazilian AIC. The article emphasizes the large contribution of ESALQ for the Brazilian AIC and suggests what can be made to extend this contribution.

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Keywords: Agribusiness; Agro-industrial complex; Agro-industrial system; University; ESALQ; Contribution 1. INTRODUÇÃO 1.1 A questão em análise

Silveira (2004) afirma que o sistema agroindustrial envolve todo o conjunto dos setores da economia presentes no processo produtivo, de transformação e comercialização de produtos agropecuários e agroindustriais, desde o fornecimento de insumos (composto, por exemplo, de empresas de sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, tratores, máquinas e implementos agrícolas) até a distribuição dos produtos agrícolas e agroindustriais no atacado e varejo, dentro e fora do país, passando pela produção agropecuária e pelas indústrias de processamento de produtos vegetais e animais (que são as agroindústrias) englobando as atividades de pesquisa, extensão, fiscalização e financiamento de cada um desses segmentos.

Ainda segundo Silveira (2004), os produtos do sistema agroindustrial não se restringem às culturas agrícolas tradicionais (como milho, soja, trigo, sorgo, cana-de-açúcar, laranja, algodão, café, arroz, feijão, amendoim, hortifrutigranjeiros, por exemplo), à produção das carnes tradicionais (bovina, suína e de frango) e à pesca, mas também incluem novos segmentos, como a produção de frutas tropicais, a agricultura orgânica, o cultivo de camarão e de peixes, a produção de carnes exóticas (de búfalos, javalis, avestruzes, carneiro, por exemplo).

O complexo agroindustrial (CAI) compõe-se de quatro segmentos, que são: os produtores de insumos à agropecuária (segmento I), a produção agropecuária (segmento II), as agroindústrias (segmento III) e a distribuição (segmento IV). Já o sistema agroindustrial - SAG abrange o CAI e todas as atividades de ensino, pesquisa, extensão, fiscalização e financiamento de cada um desses segmentos, como ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma do sistema agroindustrial

No Brasil, as universidades, em especial as públicas, exercem papel essencial em garantir as

infraestruturas de ensino, pesquisa e extensão que dão suporte ao agronegócio brasileiro. De valioso destaque deve-se mencionar a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Apesar de seu nome possuir o termo agricultura, desde a sua fundação, em 1901, ela se dedica ao ensino de ciências agrárias, abrangendo toda a agropecuária. Ao longo de seus 108 anos de existência, a ESALQ tem ampliado o seu campo de atuação, criando em 1968 o curso de Engenharia Florestal, em 1998 o Curso de Ciências Econômicas, em 2001 o curso de Ciências de Alimentos e, em 2002, os cursos de graduação em Gestão Ambiental e Ciências Biológicas, conforme dados fornecidos pela Comissão de Graduação da ESALQ. Apesar desses seis cursos de graduação contemplar as áreas de ciências exatas, humanas e biológicas, denotando grande diversidade, eles se justificam por voltarem, em grande parte, para o agronegócio brasileiro.

Segmento I Produtores de Insumos para a agropecuária

Segmento II Agropecuária

Segmento III Agroindústria

Segmento IV Distribuição

Infraestrutura de ensino, pesquisa, extensão, fiscalização e financiamento

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As contribuições da ESALQ, para o agronegócio brasileiro, ampliaram-se a partir de meados dos anos 1960, com o ensino de pós-graduação, fazendo com que hoje haja 16 Programas de Pós-Graduação (sendo um Internacional) e um Programa de Pós-Graduação Interunidades (ESALQ e CENA). A atividade de pós-graduação fomentou as atividades de pesquisa na ESALQ, que têm cunho aplicado ao nosso agronegócio.

Como conseqüência de suas atividades de ensino e pesquisa, nos últimos vinte anos, as atividades de extensão na ESALQ cresceram significativamente.

No entanto, pouco se documenta e se analisa sobre a importância que essas atividades de ensino, pesquisa e extensão da ESALQ têm para o CAI brasileiro e nem se analisou os seus pontos fortes e fracos.

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1.2 Objetivos O objetivo geral deste artigo é analisar a contribuição da Escola Superior de Agricultura “Luiz

de Queiroz”, da Universidade de São Paulo, para o sistema agroindustrial brasileiro. Os objetivos específicos são: (1) documentar e analisar as principais atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pela ESALQ e que afetam os quatro segmentos do Complexo Agroindustrial - CAI ; (2) aplicar a metodologia Strengths, Weakenesses, Opportunites and Threats - SWOT, utilizada para efetuar planejamento estratégico - para identificar os pontos fortes e fracos da importância da ESALQ no SAG brasileiro.

1.3 Organização de artigo Este artigo está organizado em mais seis seções, além desta introdução e objetivos. Na seção 2 é realizada a revisão da bibliografia, relacionada ao objetivo de artigo. A seção 3 analisa as motivações para a relação universidade-empresa e que geram a base para as universidades proporcionarem infraestrutura para o SAG brasileiro. A seção 4 apresenta a metodologia e os dados utilizados no presente trabalho. A seção 5 descreve e analisa as principais atividades de ensino, pesquisa e extensão da ESALQ, dando ênfase a esta última, e que atualmente se constituem em infraestrutura básica para a operacionalização do agronegócio no Brasil. A seção 6 analisa os pontos fortes e fracos da atuação da ESALQ no agronegócio brasileiro, apresentando os resultados do questionário aplicado. Finalmente, a seção 7 traz as conclusões do trabalho. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Há vasta literatura sobre a evolução e importância do agronegócio no Brasil e dos agentes que promoveram o crescimento desta atividade. Para o crescimento do agronegócio foi fundamental o crescimento e a modernização da agropecuária e esta última foi possível, em parte, devido ao dinamismo dos agricultores e o papel das universidades. Esta parte de artigo inicia-se destacando a modernização da agropecuária brasileira e apresenta alguns trabalhos que destacam o dinamismo dos agricultores e o papel da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- ESALQ na modernização da agropecuária. Os dados divulgados pelo Ministério das Relações Exteriores (BRASIL, 2006) indicavam que a agropecuária brasileira era, no começo da década de 1970, ainda pouco tecnificada e bastante concentrada nas regiões Sul e Sudeste. O perfil desta agropecuária era: a) as produções de carne (dois milhões de toneladas) e de leite (7,5 bilhões de litros) eram provenientes de um rebanho de 90 milhões de cabeças; b) a criação de gado era em pastagens naturais, com baixa capacidade de suporte; c) a produção em granjas era de 700 mil toneladas de carne suína e 400 mil toneladas de frango por ano; d) aproximadamente 70% produção de grãos no país era proveniente das regiões Sul e Sudeste; e) ocorria reduzido uso de fertilizantes, de sementes melhoradas, de corretivos nos solos, de controles sanitários e, quando existentes, concentravam-se nos estados do Sul e em São Paulo, devido à presença de imigrantes europeus e japoneses e de sólidas universidades e institutos de pesquisa nesses estados, difundindo tecnologia; f) os produtores viviam à mercê das intempéries climáticas como secas, geadas, chuvas concentradas e surtos inesperados de pragas e doenças.

O I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND, 1970-74) foi muito importante para o país, pois delegou à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA a missão de criar uma base tecnológica para o desenvolvimento da agropecuária, com o objetivo de garantir o abastecimento nas cidades, onde vivia a maioria da população pobre; interiorizar o desenvolvimento, criando empregos e renda na maioria dos municípios de base rural; preservar recursos naturais e criar excedentes exportáveis, (BRASIL, 2006).

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Devido ao citado Plano, as condições de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA melhoraram, pois os seus laboratórios receberam equipamentos de última geração, capacitou mais de quatro mil pesquisadores agrícolas, proporcionando contatos com centros de pesquisas internacionais, juntamente com universidades e institutos estaduais de pesquisa.

Segundo informações fornecidas pela EMBRAPA (2005), em um período de trinta anos (compreendido entre 1973 e 2003) a agricultura brasileira tornou-se tão eficiente quanto à dos países desenvolvidos de clima temperado. Nesse período, a safra de grãos quadruplicou, a produtividade média das lavouras passou de 1.280kg/ha para 2.950kg/ha. Em 1973, a área plantada era de 24 milhões de hectares e passou para 41 milhões de hectares em 2003. Portanto, verifica-se que a produtividade das lavouras foi significativa.

A pecuária também se desenvolveu muito. Em 1973 eram ofertados três milhões de toneladas de carnes bovina, suína e avícola, enquanto que em 2003 somou-se 17,8 milhões de toneladas, com destaque para a produção de carne de frango que passou de 217 mil para 7,6 milhões de toneladas. Entre 1973 e 2003, aumentou-se, também, a produtividade na produção de carne bovina que passou de 15kg/ha para 45 kg/ha, respectivamente. Em 1973, a produtividade da pecuária leiteira era de 500 litros/vaca/ano e passou para 1.177 litros/vaca/ano em 2003, aumentando significativamente a oferta de leite. O Brasil, nos anos 2000, está entre os maiores produtores e exportadores mundiais de produtos agropecuários e tem se destacado pela sua inserção no mercado agrícola internacional. (BRASIL, 2006). Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada -CEPEA-ESALQ/USP, em 2008, o agronegócio correspondeu a 26,46% do PIB do Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA (BRASIL, 2004), o agronegócio brasileiro representava 42% das exportações brasileiras e 37% do emprego em 2004. A publicação Agronegócio do Brasil, do Ministério das Relações Exteriores, afirma que um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento da agricultura brasileira em geral é o resultado da adoção de tecnologias modernas, pois o conhecimento é imprescindível para o desenvolvimento econômico e social de um país. Outros fatores importantes que contribuíram para o desenvolvimento do agronegócio foram à existência de um empresariado empreendedor, ousado e persistente, assim como a disponibilidade de capital: público, doméstico e internacional. Neves (2005) afirmou que as cooperativas acompanharam a evolução do agronegócio no Brasil. Elas se organizaram, introduziram a gestão empresarial com o objetivo de conciliar eficiência e eficácia via economias de escala e de escopo e otimização dos custos de produção e de transação. Neves (2005) também afirmou que, apesar do excelente resultado das exportações brasileiras em 2004, alavancado pelo desempenho do agronegócio, constatou-se através do estudo Conteúdo Tecnológico do Comércio Exterior Brasileiro que apenas 15% dos produtos exportados eram de alta tecnologia agregadora de valor e 18% com tecnologia de média agregadora de valor, enquanto produtos com baixa tecnologia representavam 8%, manufaturados 13%, commodities 39%, e outros com 7% com baixo teor tecnológico.

Como conseqüência, foi necessário que as Escolas/Faculdades de áreas de agrárias, das engenharias e das sociais/humanas modernizassem o seu ensino de forma a adaptar o conhecimento em busca de tecnologias inovadoras e compatíveis com as preferências dos consumidores, evoluindo em conteúdo tecnológico e agregação de valor com forte apelo para a sustentabilidade econômica, social e ambiental. A expansão da agropecuária nos cerrados, no Centro-Oeste, em especial, não teria sido possível sem o auxílio da ciência, pois foi necessário conhecer detalhadamente as relações entre o clima, solo, água, planta animais e microorganismos para que as práticas de irrigação, de uso de

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adubos, corretivos e micronutrientes fossem bem sucedidas. Ressalta-se também a aplicação de técnicas de irrigação no semi-árido nordestino, o que resultou no avanço de produção de frutas e hortaliças, a redução dos preços para os consumidores, diminuição da sazonalidade, tornando o Brasil um grande exportador de frutas (BRASIL, 2006, p. 15). BRUM et al. (2006) afirmam que a evolução do agronegócio para novos modelos de gestão é consequência de sua progressão, num contexto de mudança na ordem política, de exigências competitiva do mercado e surgimento de novos modelos tecnológicos. Os novos modelos de gestão administrativa não se restringem a grandes propriedades rurais. As pequenas propriedades rurais têm utilizado novos modelos, graças aos avanços tecnológicos, tanto no segmento das ciências, quanto no contexto de gestão e organização. Essas mudanças são decorrentes da necessidade de se adaptar às exigências do mercado, para reduzir a possibilidade de ser excluído do sistema produtivo. Brum et al. (2006) ressaltam que, no Século XXI, a atividade agrícola exige do agricultor aprimoramento administrativo. A agricultura se volta mais para o mercado e não para a subsistência. Para se adaptar a essas mudanças, o agricultor deve ter um preparo mínimo para poder avaliar as questões que surgem sobre a atividade agrícola, julgá-las e tomar decisões gerenciais na propriedade rural. Diante dessas mudanças, os produtores rurais tiveram o seu perfil modificado, exigindo deles a compreensão do ambiente econômico nacional e internacional, mecanismos contábeis e econômicos. Com isso, é exigida que se tenha a melhor informação possível e se atue com alto profissionalismo, buscando qualidade e produtividade. Para que o produtor rural tenha capacidade de análise de informação e de gerar cenários que possam indicar as decisões mais adequadas para investimentos, atividades agrícolas, comercialização e produção é fundamental a sua formação, através de cursos, palestras, eventos, por exemplo, ministrados por professores e/ou técnicos altamente capacitados. Surge, daí, a importância das universidades. Petry et al. (2006) avaliaram a importância e a necessidade de gerenciamento do complexo de atividades rurais utilizando-se técnicas administrativas dentro da propriedade rural. Os autores concluíram que, com a competição acirrada, a busca por um diferencial que permita que a empresa tenha vantagem competitiva em relação a suas concorrentes é muito importante. Para isso, é necessário buscar apoio em universidades, sindicatos, órgãos públicos etc.

As universidades tiveram e ainda têm um papel importante no crescimento do agronegócio no Brasil, como bem observado por Souza (2008). Segundo esse autor, as universidades ajudaram a preparar planos e prioridades que levam ao crescimento setorial e/ou à solução de problemas pontuais. Isso permitiu que a pesquisa ocorresse de forma induzida e que as diretrizes fossem traçadas com mais precisão. Souza afirma que importantes avanços no agronegócio brasileiro nasceram nas bancadas dos laboratórios das universidades, das empresas públicas e seus resultados foram repassados para o capital privado. De acordo com o Professor José Roberto Postali Parra, Diretor da ESALQ no período de 2003 a 2007, na introdução do livro “Um olhar entre o passado e o futuro”, enfatiza a relevância da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, ao longo dos seus mais de 100 anos, na formação de recursos-humanos e na geração de conhecimentos técnico-científicos. O seu corpo docente, altamente qualificado, é composto por 230 docentes e desenvolve pesquisas que geram processos e produtos para a sociedade. A importância da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” no desenvolvimento do agronegócio brasileiro tem sido fundamental, pois desde a sua fundação ela já formou mais de 10.000 engenheiros agrônomos. Com a implantação dos cursos de pós-graduação stricto sensu, em 1964, a ESALQ antecipou aos dispositivos legais emanados do Conselho Federal de Educação.

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O ensino de pós-graduação na ESALQ iniciou-se em 15 de setembro de 1964, sendo pioneiro no âmbito da USP. O web site do Serviço de Pós-Graduação da ESALQ/USP relata o seguinte: “De início, a pesquisa vinculada às atividades de pós-graduação na ESALQ contou com a colaboração de diversas instituições, como a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o Centro de Tecnologia Coopersucar, o Instituto Brasileiro do Café (IBC), o Planalsucar (hoje extinto), além das atuais Fapesp, CNPq, Capes e Finep. Dentre as instituições estrangeiras, a ESALQ contou com o apoio da Fundação Rockefeller e Ford, do Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (IICA) e da Ohio State University - OSU. O convênio entre a ESALQ e esta última, de 1964 a 1980, foi muito estimulado pelos recursos provenientes da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos da América. Membros do corpo docente da FAES/OSU trabalharam na ESALQ, atuando como parceiros para aumentar e melhorar a oferta de disciplinas e de programas de pesquisa e para fortalecer as ligações entre os programas de ensino, pesquisa e extensão.” Destaca-se que, em 1969, a ESALQ foi reconhecida como “centro de excelência” pelo CNPq para o desenvolvimento de pós-graduação e pesquisa em ciências agrárias, assim como o oferecimento de programa de doutorado nos anos 70 foi uma iniciativa inédita na América Latina. Marcovith (2001) afirma que a universidade é um instrumento público em linha reta e ela não está a serviço de nenhum grupo de poder, seja ele do Estado ou de agentes econômicos. A universidade é agente do conjunto social e, nesta medida, propõe-se a instrumentar as políticas governamentais voltadas para a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos. Marcovith (2001) afirma ainda que o campus da USP em Piracicaba é uma das referências do prestígio internacional do Brasil. Esse autor relata que projetos desenvolvidos naquele campus causam impactos econômicos, científicos e tecnológicos. O autor também destaca as pesquisas para melhoramento vegetal, trabalhos de melhoramento genético dos citros, o aperfeiçoamento do processo usado para identificar a contaminação com aflatoxina no milho (reduzindo “falsos-positivos” e “falsos-negativos”), técnicas que reduzem o uso de fertilizantes, formação de acervo genético de germoplasma que foi transferido à EMBRAPA, processo de amadurecimento da banana que, diminuía o seu tempo de amadurecimento, revolucionou a possibilidade de transporte e comercialização da fruta. O autor ressalta, também, as pesquisas realizadas no desenvolvimento de novas variedades de eucalipto e os estudos das cadeias produtivas nos agronegócios. O autor conclui que esses exemplos demonstram a capacidade do Brasil em responder ousadamente aos desafios dos novos tempos. Marcovith (2001) como Reitor da USP, no preâmbulo do livro “Um olhar entre o passado e o futuro” destaca o sequenciamento genético da Xylella fastidiosa – bactéria responsável pela praga do amarelinho, que afeta 34% da citricultura do Estado de São Paulo, que graças a um docente da ESALQ foi possível fechar o genoma da bactéria, fato que mobilizou mais de 200 cientistas brasileiros e proporcionou destaque à ESALQ, entre os 35 laboratórios premiados do projeto Observa-se, da exposição acima, que os trabalhos analisando o papel da ESALQ no agronegócio brasileiro deram, até agora, ênfase nas contribuições agronômicas, em especial no ensino e na pesquisa. No entanto, há outras contribuições da ESALQ nas áreas de ciências econômicas, de alimentos e em extensão que ainda não foram analisadas e que o presente artigo irá abordar. 3. MOTIVAÇÕES PARA A RELAÇÃO UNIVERSIDADE E A SOCIEDADE

O sistema brasileiro de educação superior é constituído por um conjunto de instituições com características distintas quanto à forma de financiamento, à organização, à dependência administrativa e às propostas pedagógicas. Quanto ao primeiro aspecto (forma de financiamento), dois grupos se distinguem: as universidades públicas e as universidades privadas.

As universidades públicas brasileiras foram criadas para atender às necessidades do país. Elas estão distribuídas em todo o território nacional e em toda sua existência sempre estiveram associadas

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ao desenvolvimento econômico, social, cultural e político da nação, constituindo-se em espaços privilegiados para a produção e acumulação do conhecimento e a formação de profissionais.

Segundo Santos (1996), na década de 1960 as universidades sofreram muitas pressões e transformações. Os estudantes brasileiros, organizados na União Nacional dos Estudantes (UNE), empreenderam movimentos culturais e políticos reconhecidos como fundamentais para a formação de lideranças intelectuais de que carecia o país. No entanto, a universidade foi criticada por gerar conhecimento técnico e não difundi-los na sociedade, a favor de soluções de problemas sociais. A intervenção social da universidade foi uma das reivindicações mais radicais do movimento estudantil dos anos sessenta. Conseqüentemente, provocou-se a invocação da “responsabilidade social da universidade” perante os problemas do mundo contemporâneo. Porém, existiam também as reivindicações dos conservadores e tradicionalistas que recusavam qualquer tipo de intervencionismo. Com isso, foi evoluindo a idéia de multiversidade, teorizada por Kerr (1982). Trata-se de uma universidade funcionalizada como uma “instituição no centro dos acontecimentos” e esses podem ser colaborações com serviços públicos, ligação à indústria ou às associações de agricultores, o apoio às escolas públicas, assistência jurídica etc. Do assistencialismo passou-se ao questionamento das ações desenvolvidas pela extensão. Atualmente, as atividades de ensino, pesquisa e extensão são as três atividades fins da universidade e, conforme o Artigo 207 da Constituição Brasileira de 1988, essas atividades são indissociáveis.

De função inerente à universidade, a extensão começou a ser percebida como um processo que articula o ensino e a pesquisa, organizando e assessorando os movimentos sociais que estavam surgindo.

Tomada como verdadeira a afirmação de que ensino, pesquisa e extensão constituem atividades fundamentais da universidade, a sala de aula deixa de ser o lugar único onde se dá o ato de aprender ou ensinar. Seguindo esse raciocínio, sala de aula é qualquer local onde se dá o aprendizado, onde estiverem presentes universidade e comunidade numa relação de interação.

Neves (1993) assegura que a extensão universitária é um conjunto de práticas institucionais destinadas à comunidade interna e externa da universidade. Em uma universidade pública, a atividade de extensão abrange alunos, docentes, servidores não docentes, outras instituições e a população em geral.

Gonçalves e Casimiro (1979), Garrafa (1987) e Humberto (1987) – citados por Neves (1993) – advogam a extensão como uma função da universidade, cuja prática permite a transcendência, pela instituição, da comunidade universitária à sociedade em geral, com o fim de atingir os elementos da comunidade em que está inserida, por estímulo ao desenvolvimento da consciência crítica da comunidade acadêmica.

As universidades públicas paulistas, principalmente a Universidade de São Paulo (USP), possuem ampla contribuição no desenvolvimento do agronegócio nacional, por meio de suas atividades de pesquisa e de extensão.

A Universidade de São Paulo foi fundada em 1934. Ela é uma autarquia estadual e, conforme informações no web site da USP e do seu Anuário Estatístico, em 2008, a USP possui 40 unidades de ensino e pesquisa, além de 07 centros e institutos especializados, 04 hospitais e serviços anexos, quatro museus e 19 órgãos centrais de direção e serviço.

As unidades da USP se distribuem por sete campi, a saber: São Paulo, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos.

Apesar das atividades de ciências agrárias na Universidade de São Paulo estarem vinculadas ao Campus Luiz de Queiroz, em Piracicaba, e ao Campus de Pirassununga, neste trabalho, iremos

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concentrar nossas atenções à contribuição da ESALQ, situada no Campus Luiz de Queiroz, às atividades do sistema agroindustrial.

O Campus Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, reuni em Piracicaba quatro unidades, que são: a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENA, o Centro de Informática do Campus Luiz de Queiroz – CIAGRI e a Coordenadoria do Campus Luiz de Queiroz - CCLQ. A centenária ESALQ é considerada um centro de excelência no ensino, pesquisa e extensão universitária nas áreas de ciências agrárias, ambientais, de alimentos, econômicas e sociais aplicadas. O CENA é um instituto especializado, cuja finalidade principal é desenvolver e promover o conhecimento nas áreas de ciências agrárias e ambientais, sobretudo mediante o uso de técnicas nucleares. O CIAGRI é um órgão de gerenciamento de integração do parque computacional do Campus, oferecendo suporte aos usuários da área de informática. A CCLQ oferece apoio para manutenção da infra-estrutura, bem como realiza serviços operacionais e de atendimento à comunidade do Campus. 4. METODOLOGIA E DADOS UTILIZADOS

A metodologia empregada neste artigo é a análise interpretativa de dados primários e secundários. Os dados primários originam-se das respostas ao questionário que foi enviado aos professores e responsáveis por grupos de extensão e de pesquisa da ESALQ. As perguntas do questionário captaram a visão desses dirigentes sobre a importância e dificuldades que suas atividades enfrentam dentro do agronegócio brasileiro. Na elaboração do questionário seguiu-se a metodologia S.W.O.T., pois segundo THOMPSON JR & STRICKLAND III (2002) trata-se de uma técnica fácil de ser usada para obter uma visão geral da situação estratégica da empresa. Segundo Hofrichter (2009), a ferramenta S.W.O.T., é um acróstico referente a Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats cuja tradução para a língua portuguesa é : Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, respectivamente.

Essa metodologia permite avaliar a posição estratégica da empresa analisando o macro e microambiente da instituição, o que contribuirá para obter uma visão estratégica consistente e estabelecer objetivos reais, com base nos pontos fortes, fracos, obstáculos e potenciais da mesma.

Hofrichter (2009), afirma que essa ferramenta usada na gerência e formulação estratégica da empresa, é excelente para que se desenvolva e se entenda uma organização ou situação e o processo decisório de todos os tipos de situação nos negócios, nas organizações e no nível pessoal.

Segundo Thompson Jr. e Strickland III (2002), ponto forte é algo que a empresa faz bem ou uma característica que lhe proporciona uma capacidade importante. Um ponto fraco é algo que a empresa não tem ou faz não muito bem (em comparação com as outras) ou uma condição que coloca a empresa em posição de desvantagem. Uma vez identificados os pontos fortes e pontos fracos, as duas listas devem ser avaliadas de uma perspectiva de elaboração de estratégica, ou seja, é o mesmo que elaborar um balanço estratégico – os pontos fortes são ativos competitivos e os pontos fracos são passivos competitivos.

As oportunidades mais relevantes de uma instituição são aquelas que oferecem maiores perspectivas de crescimento dos lucros, aquelas em que a empresa tem maior potencial de vantagem competitiva e aquelas para as quais a empresa tem recursos financeiros necessários. As ameaças podem ser resultantes de tecnologias mais baratas, introdução de novos ou melhores concorrentes, novas leis mais onerosas para a empresa do que para seus concorrentes, mudanças demográficas desfavoráveis, entre outras. As oportunidades e ameaças não afetam somente a situação de atratividade da empresa, mas indicam a necessidade de ação estratégica (THOMPSON JR.; STRICKLAND III, 2002).

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Tabela 1 – Análise SWOT – o que deve ser observado para avaliar os pontos fortes, os pontos fracos,

as oportunidades e as ameaças da empresa Pontos Fortes Internos Potenciais Pontos Fracos Internos Potenciais • Competências básicas em áreas chave • Recursos financeiros adequados • Bem vista pelos compradores • Líder de mercado reconhecida • Estratégias de área bem concebidas • Acesso às economias de escala • Isolada (pelo menos um pouco) contra fortes pressões competitivas

• Tecnologia patenteada • Vantagens de custo • Melhores campanhas de propaganda • Habilidade de inovação dos produtos • Gerência comprovada • Vanguarda na curva de experiência • Melhor capacidade de fabricação • Habilidades tecnológicas superiores Outros?

• Falta de rumo estratégico claro • Instalações obsoletas • Lucratividade abaixo da média porque... • Falta de profundidade e talento gerenciais • Ausência de algumas habilidades chave e de competência • Pouca experiência na implantação de estratégia • Incomodada com problemas operacionais internos • Atrasada em termos de P&D • Linha de produtos muito estreita • Rede de distribuição fraca • Habilidades de comercialização abaixo da média • Incapacidade de financiamento das mudanças necessárias na estratégica

• Custos unitários gerais altos em relação aos concorrentes chave

• Outros?

Oportunidades Externas Potenciais Ameaças Externas Potenciais • Serve grupos adicionais de clientes • Entra em novos mercados ou segmentos • Expande a linha de produtos para atender uma faixa maior de necessidade dos clientes

• Diversifica em produtos relacionados • Integração vertical (para frente e para trás) • Queda de barreiras comerciais em mercados estrangeiros atrativos

• Complacência entre empresas rivais • Crescimento mais rápido do mercado • Outros?

• Entrada de concorrentes estrangeiros com custos mais baixos • Elevação das vendas de produtos substitutos • Crescimento mais lento do mercado • Mudanças adversas nas taxas de câmbio internacionais e nas políticas comerciais de governos estrangeiros

• Exigências legais onerosas • Crescimento do poder de barganha de clientes e fornecedores • Mudanças nas necessidades e nos gastos dos compradores • Mudanças demográficas adversas • Outras?

Fonte: Thompson Jr. e Strickland III (2002) A análise SWOT é eficiente na avaliação de um objetivo específico. No nosso caso, o objetivo

é avaliar a importância da ESALQ no agronegócio brasileiro. Por este motivo, optou-se pelo emprego dessa metodologia, pois ela permite elaborar diagnóstico da empresa, analisando o ambiente interno e o externo.

A amostra utilizada é intencional, pois se vinculam às principais atividades da ESALQ que se discutem na seção 5.

De acordo com a Figura 2, a análise do ambiente externo é feita por meio da avaliação das oportunidades e ameaças. Enquanto que na análise do ambiente interno são avaliadas pelas forças e as fraquezas da instituição.

Os dados secundários utilizados neste artigo são oriundos do Anuário Estatístico da USP (AEUSP) e os coletados dentro da própria ESALQ. Como seu próprio nome sugere, o AEUSP é uma publicação de peridiocidade anual, elaborado pela Reitoria da Universidade. Essa publicação contempla um conjunto de informações que atingem as mais diversas atividades das unidades universitárias, algumas de forma genérica, outras de caráter específico. Portanto, o Anuário Estatístico constitui-se em referência e importante veículo de comunicação entre a USP e o público, em geral.

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Figura 2 – O Processo de Planejamento Estratégico do Negócio Fonte Kotler (1999)

5. AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DA ESALQ PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO A ESALQ foi fundada em 03 de junho de 1901, ou seja, 33 anos antes da fundação da Universidade de São Paulo. De acordo com o Anuário Estatístico da USP de 2007, a ESALQ recebeu 4,05% do orçamento da USP. A área territorial do Campus é de 3.825,4 hectares, da qual 194.524,95 m2 é de área construída. Integra o Campus Luiz de Queiroz a Fazenda Areão, localizada no município de Piracicaba e as estações experimentais localizadas nos municípios de Anhembi, Anhumas e Itatinga. A área do campus corresponde a 49% da área territorial da USP. Os recursos orçamentários alocados a ESALQ em 2007 foram de R$ 88.683.793,00. A esses se somaram R$ 28.438.154,00 captados por seus docentes de entidades públicas e privadas, sejam nacionais ou internacionais. Portanto, a ESALQ capta recursos extra-orçamentários equivalentes a 32% do que recebe do Estado. Ou seja, para cada R$ 1,00 recebido do Estado como orçamento, a ESALQ capta outros R$ 0,32, via financiamento de suas pesquisas e de extensão. Considerando a soma de recursos orçamentários e extra-orçamentários da ESALQ em 2007, obtém-se o valor de R$ 117 milhões, equivalentes a 0,07% do PIB do agronegócio paulista e a 0,02% do PIB do agronegócio brasileiro.1 Observa-se que os recursos despendidos com a ESALQ são muito pequenos em relação ao PIB do agronegócio paulista e brasileiro; no entanto, como se evidenciará à frente, a ESALQ tem papel fundamental em dinamizar esses agronegócios. Considerando-se apenas os recursos orçamentários excedentes ao pagamento de pessoal, observa-se que, em 2007, para cada R$1,00 dado pelo Estado, a ESALQ captou outros R$6,44 (Tabela 2). A Tabela 2 também mostra que, ano a ano, a ESALQ tem aumentado sua captação de recursos extra-orçamentários. De quase R$ 21 milhões captados em 2006, captaram-se R$ 35,5 milhões em 2008, um aumento de 69%. A seguir são analisadas algumas das principais contribuições da ESALQ ao agronegócio brasileiro, em especial os cursos de pós-graduação e as atividades de extensão.

1 Segundo o CEPEA, o PIB do agronegócio brasileiro em 2007 foi de R$ 714.806 milhões e, segundo GUILHOTO (2004), o Estado de São Paulo representava 22,10% do PIB do agronegócio brasileiro em 1999. Mantida essa percentagem para 2007, pode-se estimar que o PIB do agronegócio paulista em 2007 foi de R$ 157.972 milhões.

Declaração de visão e Missão do Negócio

Análise do Ambiente Externo (oportunidades e emeaças)

Análise do ambiente Interno (forças e fraquezas)

Formulação de metas e objetivos

Formulação de Estratégia Implementação

Feedback e Controle

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Tabela 2 – Recursos captados pela ESALQ de 2006 a 2008

ANO RECURSOS USP EXCETO PESSOAL RECURSOS EXTRA-ORÇAMENTÁRIOS (*)

2006 4.254.888 20.869.693 2007 4.413.834 28.438.154 2008 4.847.909 35.501.061

Fonte: Anuário Estatístico da USP e pautas do CTA Nota: inclui recursos captados por venda de serviços e produtos gerenciados pela ESALQ; projetos gerenciados pela FEALQ, recursos captados de agências como FINEP, CNPq, FAPESP e outros. 5.1 Cursos de graduação da ESALQ Desde sua origem, até meados da década de 90 do século passado, a ESALQ dedicou-se ao ensino de graduação em ciências agrárias, com ênfase no curso de Engenharia Agronômica, criado em 1901, e no de Engenharia Florestal, criado em 1968. Até dezembro de 2008, a ESALQ tinha graduado 10.121 engenheiros agrônomos, 803 engenheiros florestais e 66 bacharéis e 67 licenciados em ciências biológicas. Houve, sem dúvida, uma tendência em formar profissionais para atuarem nos segmentos I e II do SAG. A partir da segunda metade dos anos 90, e com maior destaque nos anos 2000, a ESALQ passa a criar cursos de graduação para profissionais que atuam nos quatro segmentos do agronegócio (como os cursos de Ciências Econômicas e Gestão Ambiental) ou nos segmentos III e IV (caso do curso de Ciências dos Alimentos). Esses cursos dão ênfase à formação de profissionais para atuarem no antes e no pós-porteira. Por serem cursos recentes e oferecerem menos vagas que o curso de engenharia agronômica, a ESALQ ainda aparece na visão de alguns como um centro de excelência apenas no ensino de ciências agrárias. Mas os dados da Tabela 3, e o que se mostrará a seguir, evidenciam que a ESALQ é um centro de excelência também no ensino de ciências econômicas, ambientais e de alimentos. Tabela 3 – Informações sobre os cursos de graduação da ESALQ

Cursos

Ano de Criação

Número de vagas

oferecidas por ano

Período

Duração

Profissionais Graduados até dezembro/2008

Ciências dos Alimentos 2001 40 Noturno 4 ½ anos 139 Ciências Biológicas 2002 30 Noturno 5anos 66 bacharéis e

67 licenciados Ciências Econômicas 1998 40 Diurno 4 anos 143 Engenharia Agronômica 1901 200 Integral 5 anos 10.121 Engenharia Florestal 1968 40 Integral 5 anos 803 Gestão Ambiental 2002 40 Noturno 4 anos 105 Licenciatura em Ciências Agrárias e Ciências Biológicas

1995 Noturno

178

Economia Doméstica (desativado em 1991)

Diurno

338

Fonte: web site da ESALQ (dados organizados pela autora)

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5.2 Cursos de pós-graduação da ESALQ As Tabelas 4 e 5 trazem o número de dissertações e teses defendidas na ESALQ entre 1966 e abril de 2009, que totalizam mais de 6.601, sendo que as teses de doutorado são quase 1/3 desse total. Trata-se de importante contribuição à formação de recursos humanos, mais qualificados para o agronegócio brasileiro e cobrindo seus quatro segmentos. Tal como no caso dos programas de graduação, os programas de pós-graduação dão mais ênfase à formação de profissionais que atuam nos segmentos I e II do agronegócio. Mas o programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos se volta mais ao segmento III do agronegócio e o programa de pós-graduação em Economia Aplicada se caracteriza por formar recursos humanos aptos a atuar em todos os segmentos do SAG. Tabela 4 - Número de dissertações e teses defendidas na ESALQ – Programas desativados Programas desativados Mestrado Doutorado Total Ciência e Tecnologia de Madeiras 7 / 7 Ciências Florestais 135 / 135 Ciências Sociais Rurais 60 / 60 Energia Nuclear na Agricultura* 136 / 136 Mecânica, Motores e Máquinas Agrícolas 7 / 7 Nutrição de Plantas 17 / 17 Sociologia Rural 29 / 29 Solos 11 / 11 TOTAL 402 / 402 / Não possui o curso - * transferido para o CENA/USP em 1990 Fonte: web site do Serviço de Pós-graduação da ESALQ/USP Tabela 5 –- Número de dissertações e teses defendidas na ESALQ – Programas ativos Programas ativos Mestrado Doutorado Total Ciência Animal e Pastagem 414 91 505 Ciência e Tecnologia de Alimentos 279 / 279 Ecologia Aplicada 121 49 170 Economia Aplicada 350 131 481 Entomologia 362 241 603 Estatística e Experimentação Agronômica

227 92 319

Física do Ambiente Agrícola 131 24 155

Fisiologia e Bioquímica de Plantas 118 11 129

Fitopatologia 265 149 414 Fitotecnia 424 202 626 Genética e Melhoramento de Plantas 412 357 769 Irrigação e Drenagem 154 127 281 Máquinas Agrícolas 83 / 83 Microbiologia Agrícola 149 34 183 Recursos Florestais 144 38 182 Solos e Nutrição de Plantas 503 517 1020 TOTAL 4538 2063 6199 Fonte: web site do Serviço de Pós-graduação da ESALQ/USP

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Como fruto, em grande parte desses programas de pós-graduação, as pesquisas da ESALQ são em volume surpreendente e estão gerando imensa produção científica (como se observa na Tabela 6). Em média, cada professor da ESALQ, tem publicado três produções científicas das mais qualificadas por ano, em 2006 e 2007. Isto é possível devido às pesquisas conduzidas em conjunto com estudantes de pós-graduação. Outra grande contribuição é a publicação de livros pelos professores da ESALQ. Tabela 6 - Evolução da produção científica dos docentes da ESALQ de 2003 a 2007 2003 2004 2005 2006 2007 Artigos científicos com qualis A e B

388 532 538 593 579

Livros publicados 24 44 19 28 27 Capítulos de livros publicados 51 56 43 73 41 No. de docentes da ESALQ 214 210 214 222 221 Fonte: Pautas do Conselho Técnico Administrativo da ESALQ - CTA 5.3 A Extensão Universitária prestada pela ESALQ As atividades de extensão universitária prestadas pela ESALQ têm tido expressivo crescimento desde a década de 1990. Na Universidade de São Paulo, essas atividades são coordenadas pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Na ESALQ, essas atividades são vinculadas ao Serviço de Cultura e Extensão Universitária. As atividades de cultura e extensão na USP são regulamentadas pela Resolução 4940, de 26 de junho de 2002, em função de que a extensão universitária é um processo que articula o ensino e a pesquisa de forma a viabilizar a interação transformadora entre a universidade e a sociedade. Reconhece-se que a relação entre ensino, pesquisa e extensão universitária enriquece o processo pedagógico, favorecendo a socialização do saber acadêmico e estabelecendo uma dinâmica que contribui para a participação da comunidade na vida universitária. A publicação dessa Resolução foi muito importante para a Universidade, pois até então diversas atividades realizadas pelo corpo docente e discente não eram regulamentadas. Existia uma dúvida muito grande de como registrá-las, principalmente pelo corpo docente. Há diversas atividades de extensão na ESALQ, destacando-se: cursos de extensão, levantamento de preços de produtos agropecuários e agroindustriais, laboratórios que prestam serviços de análise de qualidade de produtos, entidades vinculando universidade e empresas (ex. IPEF, Clínica do Leite, por exemplo), entidade de divulgação do conhecimento da ESALQ aos produtores rurais (caso da Casa do Produtor Rural), os de grupos de extensão e as publicações de extensão. Essas atividades são analisadas a seguir. 5.3.1 Cursos de extensão A Tabela 7 traz a evolução, de 2005 a 2008, do número de cursos de especialização, aperfeiçoamento, atualização e de difusão cultural realizados na ESALQ e o número de seus participantes. Observa-se que o número de cursos de especialização está aumentando, enquanto os programas de difusão cultural decrescem. Essa modificação é atribuída à criação de grupos especializados no oferecimento de cursos de especialização, como é o caso do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas - PECEGE, o Curso de Gerenciamento Ambiental - CEGEA e do CT – Centro de Treinamento e pela necessidade das pessoas atuantes no agronegócio terem formação mais ampla sobre o assunto.

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5.3.2 Indicadores de preços Outra importante contribuição da ESALQ para o agronegócio é a elaboração de Indicadores de Preços do Agronegócio Brasileiro elaborados pelo CEPEA/ESALQ-USP. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) levanta, atualmente, preço de mercado de 24 cadeias do agronegócio brasileiro. Os indicadores CEPEA/ESALQ têm sido bastante utilizados pelos agentes de mercado e em estudos sobre mercado. De forma específica, eles têm sido considerados referência para negócios no mercado a vista, para fixar contratos, para avaliar a desempenho do setor de comercialização de empresas e para pagamento de matéria-prima em mercados integrados. Tabela 7 - Evolução dos cursos de extensão universitária, oferecidos na ESALQ, no período de 2005 a

2008 Categorias de

cursos

2005

2006

2007

2008 No

cursos

participantes

No cursos

participantes

No cursos

participantes

No cursos

Participantes

Especialização 7 324 8 505 10 275 20 758 Aperfeiçoamento 2 10 3 41 - - - - Atualização 2 38 3 45 1 14 1 34 Difusão cultural 32 664 26 505 8 229 6 163

Fonte: Serviço de Cultura e Extensão Universitária da ESALQ/USP Dentre os principais indicadores de preços feitos pelo CEPEA/ESALQ observa-se: a) que a região de referência da maioria dos índices de preços é o Estado de São Paulo; b) quanto à taxa de desconto das vendas a prazo, predomina o CDI – Certificado de Depósito Interbancário; c) em alguns casos considera-se os impostos (em outros, não) ao determinar os indicadores de preços; d) a peridiocidade de coleta e divulgação da maioria dos indicadores é diária; e) o indicador mais antigo de preços iniciou-se em outubro de 1993, que foi o do leite. Além de pesquisas de indicadores de preços, o CEPEA desenvolve pesquisas nas seguintes áreas: Índices de Exportação Agro, PIB do Agronegócio, PIB Agronegócio de Minas Gerais, Bioenergias, Economia Florestal, Economia Ambiental, Barreiras Técnicas, Barreiras Sanitárias, Mercado Internacional, Economia Social e Empreendedorismo (Projovem, Liderusp).

O ESALQ-LOG é um Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial que desenvolve estudos e pesquisas aplicadas em logística que promovam a facilitação de negócios nacionais e internacionais, principalmente no segmento agroindustrial. 5.3.3 Laboratórios de análise de qualidade e melhorias de técnicas e processos Nesta parte, listamos alguns laboratórios e pesquisas desenvolvidas na ESALQ.

A Clínica do Leite é outra significativa contribuição da ESALQ ao agronegócio. A Clínica do Leite é vinculada ao Departamento de Zootecnia e sua missão “é desenvolver e disponibilizar ferramentas para o gerenciamento da pecuária de leite e melhoria da qualidade do leite. Para isso, possui moderno laboratório de análise do leite. O laboratório faz parte da rede oficial de laboratórios do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Rede Brasileira de Qualidade do Leite – RBQL). Além disso, desenvolveu o Sistema MDA de gestão para explorações leiteiras, disponibilizados através de reuniões e workshops”.

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A pesquisa “Biofábrica Produção de Mudas Livres de Patógenos” foi desenvolvida porque a produção de mudas pelos métodos convencionais traz o inconveniente aos novos indivíduos, doenças virais, fúngicas, bacterianas. A pesquisa “Biocombustível Líquido (Bioetanol)” trata-se de estudo dos parâmetros de cultivo de cana-de-açúcar e desenvolvimento de técnicas e processos de produção de bioetanol e de aguardente de qualidade. O estudo “Biocombustível Sólido – Produção e Qualidade do Carvão Vegetal para Uso Domiciliar e Comercial” trata-se de programa contínuo de desenvolvimento de ações de pesquisa e de extensão, no sentido da melhoria da produção e da qualidade do carvão vegetal para uso domiciliar e comercial. A “Identificação de Animais por Teste de DNA” consiste em técnicas modernas de investigação de DNA usadas em humanos podem ser aplicadas também em bovinos. Usando-se amostras de sangue, pêlo, sêmen ou tecido muscular é possível isolar o DNA, com técnicas de biologia molecular, determinar o perfil genético do animal com precisão. 5.3.4 Entidades integrando Universidade e Empresas O Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais - IPEF, criado em 1968, é uma associação sem finalidade econômica que tem por objetivo o planejamento, a implementação e a coordenação de ações e o gerenciamento de recursos, destinados aos estudos, análises e às pesquisas na área de recursos naturais, com ênfase na ciência florestal. Destaca-se pelo seu importante papel no desenvolvimento científico e tecnológico do setor florestal brasileiro e possui parceria com o meio acadêmico no Brasil e no exterior. Há quatro décadas, o IPEF oferece condições para o desenvolvimento de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, objetivando a melhoria da produtividade, qualidade e utilização das florestas plantadas, contribuindo para o desenvolvimento do setor florestal, conforme informação obtida no web site (http://www.ipef.br/). 5.3.5 A integração universidade e produtor rural Entre as experiências da ESALQ na sua integração com o produtor rural, se destacam: a Casa do Produtor Rural, o projeto Manejo do Bicho-Furão-dos-Citros e o Projeto Frango Feliz. Consultando os responsáveis pela Casa do Produtor Rural da ESALQ obtivemos as seguintes informações: “ela foi criada em 2005 com o objetivo de orientar produtores rurais nas diferentes áreas de atividades existentes no Campus “Luiz de Queiroz”. Está vinculada ao Serviço de Cultura e Extensão Universitária da ESALQ. Sua missão é prestar orientação técnica de qualidade, contribuir para o fortalecimento dos produtores rurais, difundir conhecimento e novas práticas demandadas pelo setor agropecuário, fortalecer a relação entre a sociedade rural e a ESALQ e contribuir para a formação de profissionais qualificados com visão do meio rural, em especial, da agricultura familiar. A sua atuação se dá pelo atendimento ao produtor, gerenciamento das informações, visitas internas, seminários e palestras, feiras e eventos, visitas em propriedades rurais. A Casa do Produtor Rural conta com a colaboração dos departamentos da ESALQ e de Grupos de Extensão”. O projeto “BENTEVI Benchmarking na Agricultura” atua junto a produtores rurais coletando dados da produção agrícola de soja, milho, algodão e café nos estados de MT, GO, MS, MG, SP, BA e MA. É devolvido aos produtores relatórios personalizados confidenciais de comparação entre seus custos e os custos de produção das diferentes regiões, principais ocorrências de pragas, doenças, produtividades médias por região, receitas médias, custo com mão-de-obra, custo com máquinas e muito mais. Aplica-se a ferramenta estatística do Benchmarking onde se mostra, quais os aspectos de produção que o produtor poderia melhorar seu desempenho para poder se aproximar de um desempenho ótimo e onde ele já possui este desempenho.

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O projeto “Manejo do Bicho-Furão-dos-Citros com Feromônio Sexual” concede instruções de como o citricultor deve manejar corretamente a armadilha com feromônio sexual para o monitoramento e controle do bicho-furão-dos-citros. O projeto “Frango Feliz” consiste no desenvolvimento de diversas linhagens de aves, destinadas a criação em sistemas alternativos e agricultura familiar. 5.3.6 Grupos de extensão Os Grupos de Extensão são importantes para a integração universidade – sociedade. Por meio das atividades desses grupos, os estudantes, em especial os de graduação, aplicam os conhecimentos teóricos obtidos em sala de aula. Atualmente a ESALQ possui 56 Grupos de Extensão cadastrados, abrangendo as mais diversas áreas. Todos os grupos de extensão são coordenados por docentes vinculados a um departamento. Constata-se, como ocorre no caso do ensino (de graduação e pós-graduação), que a maioria dos grupos de extensão atuam nos segmentos I e II do agronegócio. No entanto, observa-se uma ampliação na atuação dos grupos para considerar todos os segmentos do agronegócio

Outra importante alteração na orientação dos grupos de extensão é o crescimento dos que se voltam, basicamente, para questões ambientais (6 dos 56 grupos de extensão). Isto já é reflexo do curso de graduação em Gestão Ambiental (criado há oito anos) e da grande preocupação em se ter o crescimento do agronegócio com o menor impacto negativo possível sobre o meio ambiente. 5.3.7 Publicações de extensão Há três grandes publicações de extensão na ESALQ, que são a Série Produtor Rural, a revista Visão Agrícola e a revista Hortifruti. A Série Produtor Rural é uma publicação destinada a produtores rurais, com linguagem de fácil entendimento, produzida desde 1997; porém, ela não possui peridiocidade definida. A revista Visão Agrícola é uma publicação técnico-científica que traz, a cada edição, um tema relevante da agropecuária brasileira. É uma revista semestral destinada ao setor produtivo, técnicos atuantes em extensão, agricultores, pesquisadores, docentes e alunos da área de ciências agrárias. A revista Hortifruti é vinculada ao CEPEA. Seu público alvo são: produtores, atacadistas, beneficiadores e exportadores do setor hortifrutícola. 5.3.8 Prática Profissionalizante Trata-se de uma atividade destinada a graduados, visando oferecer seu aprimoramento profissional. Nesse contexto, os profissionais, regularmente matriculados, passam a desenvolver atividades específicas, sob a orientação de um docente pertencente ao quadro da Unidade. Observa-se que no período de 2005 a 2008 o número de profissionais inscritos nessa atividade foi de 05 a 21 , respectivamente. Ou seja, o número de profissionais inscritos nesta categoria tem crescido. Este fato é atribuído à percepção por parte dos docentes da importância de formalizar a atuação desses profissionais perante a Universidade e também de como fazê-la. 6. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS

Elaborou-se um questionário, o qual foi enviado via e-mail aos 56 grupos de extensão da ESALQ. Nesse questionário, procurou-se avaliar a ESALQ sob a perspectiva de seus pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades sob a ótica dos docentes da ESALQ. O primeiro envio ocorreu em 15 de julho de 2009 e foi solicitada a resposta até o dia 20 de julho de 2009. Devido ao baixo índice de retorno, os mesmos foram re-encaminhados mais duas vezes, cujas datas de devolução foram 10 de agosto de 2009 e 12 de agosto de 2009. Sendo assim, obtivemos 21 respostas que correspondem

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cerca de 37,5% do universo pesquisado. Entretanto, constatamos que alguns grupos encontram-se desativados, o que aumenta a representatividade da amostra pesquisada.

Ao se perguntar sobre a atividade principal do grupo de extensão (se ensino, pesquisa e extensão), constatou-se que vários grupos se dedicam a mais de uma dessas atividades. No entanto, observa-se que predomina o desenvolvimento das atividades de extensão entre os entrevistados (61,9% dos entrevistados alegaram realizar extensão).

Sob a ótica dos entrevistados, 66,7% dos respondentes afirmaram que suas atividades são importantes tanto para o agronegócio brasileiro quanto para o paulista e 33,3% se avaliam como essenciais para esses agronegócios. Isto condiz com a análise das atividades documentadas no capítulo anterior e que são realizadas pela ESALQ

Segundo os entrevistados na pesquisa, cerca de dois terços (67%) declararam que a infraestrutura existente na ESALQ não é adequada para o desenvolvimento de suas atividades e 33% avalia-a como adequada. Isto, provavelmente, reflete o fato da ESALQ ser muito grande e desenvolver diferentes atividades nas áreas de ciências exatas, humanas e biológicas, o que dificulta o pronto atendimento das diferenças demandas. Ao perguntar aos docentes sobre a eficiência da estrutura administrativa, financeira e acadêmica da universidade para viabilizar as atividades dos grupos, constatou-se que os docentes consideram muito longo o tempo de trâmite de processos, assim como a compra de materiais e equipamentos. Dois terços dos entrevistados classificam como grande ou extremamente elevado o tempo de tramitação dos processos e 80% dos entrevistados consideram como grande ou excessivo o tempo para comprar produtos, materiais e equipamentos. Outro ponto de grande insatisfação é quanto ao gerenciamento dos recursos financeiros gerados e /ou captados pelos grupos de extensão / pesquisa. Atribui-se essa insatisfação dos docentes quanto ao trâmite de documentos e gerenciamento dos recursos financeiros ao fato de que a ESALQ, por ser uma instituição pública, de acordo com o artigo 37 da Constituição Federal, deve seguir os seguintes princípios fundamentais:

1. LEGALIDADE: a administração está sujeita a lei 2. MORALIDADE: a administração não pode desprezar o ético (probidade) 3. IMPESSOALIDADE: evitar o favoritismo ou privilégios, o interesse público é norteador 4. PUBLICIDADE: divulgação dos atos ao público 5. EFICIÊNCIA: administração com qualidade

No caso dos recursos financeiros, esses devem seguir a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, a qual institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Outras dificuldades encontradas: Nas respostas abertas, os entrevistados destacaram outras dificuldades, como por exemplo, limitações de infraestrutura e a inexistência de uma estação experimental a exemplo de outras universidades. Foram apontadas, também, dificuldades na contratação de alunos egressos. Nesses casos, observamos o desconhecimento dos entrevistados sobre a existência do programa Prática Profissionalizante, vinculado às atividades de cultura e extensão universitária. Ou seja, a universidade oferece o programa, porém, não são todos os docentes que a conhecem. Um dos entrevistados apontou que a sua maior dificuldade era adquirir ferramentas essenciais ao desenvolvimento dos trabalhos práticos do grupo. De acordo com os entrevistados, 70% dos grupos / laboratórios existentes na ESALQ não têm similares em outras instituições. Apenas 30% dos respondentes alegaram que há, em outras instituições brasileiras, grupos ou laboratórios que realizam as mesmas atividades feitas na ESALQ.

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Os grupos / laboratórios que desenvolvem atividades similares aos da ESALQ, os 30% citados, pertencem a órgãos governamentais, como por exemplo, a EMBRAPA, universidades, entre outros. Cerca de 40% dos docentes da ESALQ consideram que o encerramento de suas atividades trariam grandes perdas ao agronegócio brasileiro e a mesma proporção classifica essas perdas como sendo pequenas. O equilíbrio apresentado nas respostas antagônicas é atribuído ao fato de que, os grupos que possuem “concorrentes” entendem que, no caso de suas atividades cessarem, outros grupos, de outras universidades preencherão essa lacuna. A última questão foi aberta na qual foi perguntado o que precisa ser feito na Universidade para melhorar as atividades do seu grupo/laboratório. As respostas obtidas foram, em sua maioria, quanto à melhoria de infraestrutura, necessidade de agilizar a tramitação de processos de forma geral e, especificamente, dos processos de compras. Destaca-se, também, a dificuldade de contratação de pessoal qualificado, para o desenvolvimento de pesquisas. Quanto às finanças, foi sugerido que as taxas recolhidas à universidade retornem ao pesquisador em prol de projetos ou pagamento a bolsistas. Alguns pesquisados sugeriram que as normas para uso de recursos financeiros sejam restritos aos recursos públicos. Os recursos alocados nas fundações, que sigam as normas daquela instituição. A partir dos resultados dos questionários e da exposição da Seção 5, pode-se resumir, no Quadro 1, os principais pontos fortes e fracos da atuação da ESALQ no agronegócio brasileiro. O Quadro 2 traz a avaliação das ameaças e oportunidades geradas a partir do cenário definido no Quadro 1. Quadro 1 – Pontos Fortes e Fracos da atuação da ESALQ no agronegócio brasileiro

AVALIAÇÃO INTERNA

PONTOS FORTES

• Docentes altamente capacitados

• Imagem positiva no setor, tornando-a como referência na área de Ciências Agrárias

• Atuação nos quatro segmentos do agronegócio

• Expressivo número de graduandos e de pós-graduandos, em diversas áreas

PONTOS FRACOS

• Dificuldade no gerenciamento de recursos financeiros de projetos • Normas excessivamente burocráticas, tornam o desenvolvimento de projetos morosos; • Dificuldades em melhorar a infraestrutura quando necessário; • As pesquisas desenvolvidas não demonstram integração entre as diversas áreas. • Ausência de Programas de gestão • Trâmite de documentação lenta • Falta de equipamentos e de mão-de-obra • Ausência de indicadores para avaliar o seu desempenho • Ausência de planejamento estratégico, se existente, não é divulgado

• Ausência de orientações gerais para o rumo a ser seguido pela ESALQ

Quadro 2 – Ameaças e oportunidades da atuação da ESALQ no agronegócio brasileiro

AVALIAÇÃO EXTERNA AMEAÇAS

• Existência de outras equipes que desenvolvem atividades similares

OPORTUNIDADES

• Aumentar o número de convênios com empresas e institutos de pesquisas • Propiciar a maior integração dos grupos de extensão • Integrar as linhas de pesquisa desenvolvidas nos programas de pós-graduação • Diversidade de cursos de graduação atuando em todos os segmentos do agronegócio • Facilitar e promover o intercâmbio da ESALQ com empresas • Delimitar área experimental no Campus • Definir indicadores para mediar as pesquisas a exemplo da EMBRAPA • Divulgar melhor as atividades desenvolvidas • Valorizar e incentivar as atividades de extensão • Sistematizar o sistema de compras da unidade.

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Analisando os Quadros 1 e 2, conclui-se que o crescimento da ESALQ, em diferentes áreas do conhecimento, e de suas atividades de extensão, tem ocorrido por iniciativa individual de seus docentes, faltando a orientação global a ser seguida pelos diferentes grupos de pesquisa e de extensão. Esse fato foi implicitamente reconhecido pela administração do Prof. José Roberto Postali Parra (2003 a 2007), a qual propunha o desenvolvimento de grandes projetos temáticos nas áreas cítricas e de açúcar, visando a integração das diferentes áreas, e pela administração atual, que está elaborando o Plano Estratégico da unidade. 7. CONCLUSÕES A contribuição deste trabalho é documentar a importância que a ESALQ tem para os agronegócios brasileiro e paulista. A pesquisa foi realizada por meio da análise interpretativa de dados primários e secundários. Os primeiros foram coletados através da opinião dos docentes da ESALQ sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão que realizam. Os dados secundários referem-se a informações dispersas em vários meios de comunicação dentro e fora da ESALQ. Reconhe-se que: a) nem todas as experiências da ESALQ, relativas ao agronegócio, foram tratadas com a mesma ênfase neste trabalho, devido ao tempo disponível para o desenvolvimento dessa pesquisa, no entanto, isso não as torna menos importante do que as pesquisas/projetos aqui documentados; b) a ESALQ tem outras contribuições importantes além do agronegócio, por exemplo, para a conservação e uso sustentável do meio-ambiente. Apesar dos recursos orçamentários e extra-orçamentários da ESALQ representarem 0,07% do PIB do agronegócio paulista e 0,02% do PIB do agronegócio brasileiro, em 2007, os efeitos indiretos e induzidos gerados pelas atividades da ESALQ são muito maiores, mas ainda não mensurados. A orientação da ESALQ para o agronegócio, ou seja, a grande vinculação ESALQ - empresa é nítida quando se observa que para cara R$ 1,00 recebido do Estado como orçamento, a ESALQ capta outros R$ 0,32 como recursos extra-orçamentários. Considerando apenas os recursos do Tesouro, exceto gastos com pessoal, para cada R$ 1,00 recebido do Estado a ESALQ capta outros R$ 6,44. Entretanto, a ESALQ não possui um indicador ou parâmetro que se possa comparar com outras instituições para verificar se as suas atividades são e estão crescendo ou decrescendo e se são mais ou menos importantes que outros órgãos públicos, como a EMBRAPA possui, por exemplo. Sugere-se a ESALQ que, a exemplo da EMBRAPA, desenvolva uma metodologia para avaliar o impacto de suas pesquisas sobre o conhecimento, capacitação e político-institucional. A metodologia da EMBRAPA foi baseada em projeto de pesquisa desenvolvido pela Unicamp: Políticas públicas para a inovação tecnológica na agricultura do Estado de São Paulo: métodos para avaliação de impactos de pesquisa – método Esac. Vedovoto et al. (2008) afirmam que essa metodologia integra a avaliação das dimensões econômica, social, ambiental e de capacitação – ESAC. Segundo os autores, o benefício da aplicação dessa metodologia na EMBRAPA permitiu, a partir dos resultados obtidos, definir os rumos da pesquisa de modo a corrigir efeitos negativos e maximizar os benefícios transferidos à sociedade e a comunidade científica. Recomenda-se, também, que as pesquisas/atividades desenvolvidas pela ESALQ sejam mais integradas para evitar a descontinuidade e de modo a facilitar a elaboração do planejamento estratégico da ESALQ. Finalizando, com base na análise interpretativa dos dados primários e secundários levantados, concluímos que a ESALQ é importante para o agronegócio paulista e brasileiro, entretanto, sugere-se que seus administradores desenvolvam mecanismos de mensuração do seu desempenho operacional e estratégico da instituição, o que permitirá que a instituição se fortaleça, sem perder o seu foco principal, que é a geração de conteúdo acadêmico de alto nível para alunos cada vez mais exigentes.

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