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1 Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio Diretoria de Ensino Médio PROGRAMA EDUCACIONAL DE ATENÇÃO AO JOVEM ROTEIRO DE ESTUDOS 1 2013-2014 Sonhos e Projetos de Vida

Roteiro de estudo 1 (2013 2014) peas

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Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais

Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica

Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio

Diretoria de Ensino Médio

PROGRAMA EDUCACIONAL DE ATENÇÃO AO JOVEM

ROTEIRO DE ESTUDOS 1

2013-2014

Sonhos e Projetos de Vida

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“O principal papel que a escola deveria desempenhar junto

àqueles que estão deixando a adolescência é o de suporte

para a construção de um projeto de vida.”

Helena Singer

Disponível em: http://www.ebah.com.br/ empreendedorismo-na-educacao-perspectivas-desafios-professor-seculo-xxi

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Governador Antônio Augusto Junho Anastasia

Secretária de Estado de Educação

Ana Lúcia Almeida Gazzola

Secretário Adjunto de Educação Maria Sueli de Oliveira Pires

Subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica

Raquel Elizabete de Souza Santos

Superintendência de Desenvolvimento do Ensino Médio

Maria Esméria Antunes

Diretoria de Ensino Médio Jorge Carlos de Figueiredo

Gerência Peas Juventude

Mércia de Souza Azevedo

Equipe Técnica Kátia Regina Bibiano

Helena Maria Campos

Autora Beatriz Sales da Silva

Superintendência Regional de Ensino de Poços de Caldas

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SUMÁRIO

Introdução 05

Roteiro das oficinas 11

1º Dia 11

2º Dia 16

3º Dia 19

Oficinas de trabalho arteterapêuticos 26

4º Dia 29

A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das

aulas

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5º Dia 40

Referencias Bibliográficas 44

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INTRODUÇÃO

Retomando em 2013 mais um ano de trabalho quando novas escolas estão iniciando a caminhada junto a

família PEAS Juventude procurou-se assim apresentar o Roteiro 1 Sonhos e Projetos de Vida como uma

possibilidade de iniciar os trabalhos com oficinas que proporcionam o sonhar acordado, sonho este tão

necessário a nossa prática pedagógica muitas vezes destituídas de humanidade. Dar ao jovem dentro da escola a

possibilidade de sonhar com as mudanças que eles desejam e começamos dentro de cada um nós para depois se

tornarem realidade.

Desta forma, ao atender o convite da Gerência Geral do Programa PEAS Juventude para escrever este roteiro

de estudos muitas coisas passaram pelos meus pensamentos e cheguei à conclusão que seria mais assertiva falar a

partir da minha experiência profissional, bem como me posicionar sobre alguns pontos que considero fundamental

para uma contribuição ao pensar a escola como um espaço capaz de criar condições para que o aluno acredite em

seus sonhos.

Desde já algum tempo sempre me pergunto por que o Programa PEAS Juventude resiste a tantas mudanças

de governos, mudanças de rotas, mas continua vivo com suas táticas no cotidiano, onde as escolas “brigam” pela

sua continuidade. Completando em 2012 seus dezoito anos, de uma cumplicidade pedagógica com os nossos

sonhos por uma escola que conceba o ser humano nas múltiplas dimensões que não cabem nas grades curriculares.

Reconhecendo o Programa como eu o entendo, na medida em que contribui para a formação de professores,

jovens, analistas, uma vez que imprimem em nossas práticas as táticas e resistências dos percalços e vieses de

uma sociedade materialista e capitalista como a nossa, na medida em que os projetos e oficinas desenvolvidos nas

escolas contribuem para refletir melhor sobre o papel do educador e oferecer aos jovens um ensino realmente

libertador.

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Creio que, em relação a isso, cabe aqui uma questão de saber qual é a “mágica” capaz de gerar esta

transformação. Se a escola e suas contradições forem melhores compreendidas, pode- se vir a sonhar com um novo

tipo de educação, para que isso aconteça, nós, professores, precisamos ser leitores, leitores das contribuições da

Literatura, da Arte e do Cinema. Muitas experiências das nossas escolas comprovam minha afirmação e é desta

perspectiva que me dirijo a vocês através de muitas outras experiências pedagógicas em que os professores e

alunos são estimulados a criar, em grupo ou individualmente, seus próprios sonhos, projetos e utopias. O que pode

ser uma possibilidade de educação, capaz de criar uma relação forte, duradoura, empreendedora, verdadeira com o

mundo do jovem.

Não preciso mais me estender sobre esse ponto para deixar claro sobre a importância da escola (diga-se mais

corretamente dos professores) de levar os alunos a acreditarem nos seus sonhos, nas suas utopias. Sei

perfeitamente que não se trata da responsabilidade exclusiva e sim compartilhá-las com várias outras instituições

sociais, mas isso não diminui a relevância do papel da escola e dos professores.

Nesse sentido parafraseando as reflexões Friedmann, 2004, que contribuem para se pensar que a escola está

sendo protagonista de profundas e significativas mudanças na reformulação de objetivos, redefinição de conteúdos

curriculares, revisão de metodologias. As escolas, junto com seus protagonistas, estão passando por um processo

reflexivo no qual se faz uma tentativa por resgatar verdades e valores significativos; no qual o espaço possa

traduzir o perfil dos seus usuários; no qual seja possível errar e crescer com esses erros, seja possível brincar

abertamente e não às escondidas, seja possível fazer arte, dançar e fazer música como uma resposta ao mundo,

vozes no ar cantando quem cada um e todos juntos são e representam para aquela comunidade. Também vem

percebendo que precisa acordar estar em movimento e conhecer seus alunos para não os empurrar a buscar

respostas ás suas inquietações em “outras terras”.

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Algumas questões se impõem necessárias quando nos voltamos para a educação empreendedora dentro da

escola, são muitas questões e novos conceitos devido á especificidade da temática. Nesse sentido considero

importante salientar que não é minha finalidade discorrer especificamente sobre o tema do empreendedorismo. No

final do roteiro será apresentado um levantamento bibliográfico das principais obras teóricas sobre o assunto e

procuramos considerar também alguns depoimentos de autores que respaldam nossa escolha para refletir sobre o

tema. Não se trata de, pois, de uma abordagem exaustiva do tema Mundo do Trabalho e Perspectiva de vida.

Nosso maior intuito foi trazer a baila algumas reflexões sobre a importância da escola como espaço para os

jovens darem asas aos seus sonhos e incentivá-los a sua realização na vida real, por nos parecer indispensável, a

questão dos sonhos.

Se à escola cabe um papel destacado de dar asas aos sonhos e utopias dos alunos e professores, para que

isso aconteça não podemos perder a oportunidade de apostar na força da arte e da literatura como uma fonte

inesgotável para o conhecimento da condição humana. Baptista, 2011 nos ajuda a pensar que a literatura por si só

provoca e potencializa atitudes, que talvez, nenhuma outra linguagem consiga. Literatura é ficção, leva a imaginar a

sonhar. Para a autora somente quando insistimos, somente praticando literatura poderemos “ensiná-la”.

Potencializá-la. Estimulá-la. Plantá-la. Eternizá-la. Para a autora poucos se prestarão à resistência.

Nossos estudantes possuem uma sensibilidade que pode se mais aberta e prolongada, contudo, somente a

partir do momento que perceberem a literatura, assim como a leitura, não servem apenas e somente para ensinar

gramática, escrever melhor, mostrar novas palavras, aumentar vocabulário, decifrar enigmas, buscar sentidos

ocultos, interpretar. Ao praticar literatura o educador terá, incondicionalmente, a abertura de espaços sedutores,

proliferantes, que deverão atingir grande parte dos educandos.

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Partindo desta concepção a leitura do livro: Pobres, resistência e criação: personagens no encontro da arte

com a vida, foi fundamental para que eu pudesse pensar nas oficinas desse roteiro. A partir de uma abordagem

nietzschiana, este estudo trata da potência dos pobres e requer a introdução de um novo diálogo, numa perspectiva

em que a pesquisa possa extrair do mundo uma invenção que arde, cria e reconduz à vida, fazendo ressoar a

potência soberana do sujeito. Ao invés de privilegiar um universo moral que a tudo ordena, parte-se da potência

afirmativa que se ergue como ética criadora de modos de vida, apontando para um sujeito ético- político intenso,

ousado e pleno de superação.

Restituindo à verdade seu caráter limitado, desfazendo-se do véu absoluto da razão, trata-se, sobretudo de

incitar o pensamento e a vida a se abrirem ao múltiplo, longe de certezas e modelos, na direção infinita

experimentação criadora. Cerqueira, 2010, neste estudo focaliza o campo das artes – literatura e cinema – cujo

recorte define a escolha de três personagens: Carlitos, que tornou clássico o cinema mudo criado por Charles

Chaplin; Gabriela, do romance de Jorge Amado, e Macabéa, protagonista de A hora da estrela, de Clarice Lispector.

Intrigantes, os personagens ensaiam a possibilidade de um por vir, aonde o mundo o venha a ser saudado por um

povo nômade, surpreendente e indomável. Os personagens multiplicam e fazem circular entre nós potências puras

que inundam seu percurso existencial e expressam foram ilimitadas de criação, concedendo um estatuto mais nobre

à vida.

Após refletir sobre as trajetórias desses personagens fiz um contraponto com o livro: A arte de construir

cidadãos: As 15 lições da Pedagogia do Amor, onde Roberto Carlos Ramos narra sua história de vida que ganha

potência à medida que acredita nos seus sonhos mesmo quando tudo contribui para que ele desista.

Nesse sentido os estudos de Cerqueira, 2010 contribuem para nos ajudar a pensar que a história de vida de

Roberto Carlos Ramos, que é um sujeito potente e criador por excelência, com capacidade de correr riscos,

abandonando riscos vínculos estáveis e tornando-se cúmplice do acaso, do improvável. Para a autora viver não

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significa sobreviver, o que remete às forças de conservação. Pelo contrário, viver é essa capacidade de

ultrapassamento, de experimentação das formas de ser, é abrir-se a potências desconhecidas, é reinventar-se.

Nesta perspectiva acredito que uma educação empreendedora incentiva seus alunos a conhecer a biografia de

pessoas como Roberto Carlos Ramos, o contador de histórias. Nas palavras de Baptista (2011), a literatura deve ser

um encontro de valores, valores dignos que conduzam a uma fascinante construção humana.

Para tanto quero apresentar neste roteiro sugestões de quatro oficinas escolhidas sistematicamente e sob

orientação de profissionais com grande experiência na temática em questão e que muito contribuíram com suas

considerações sobre a importância da sequência e do fechamento das oficinas para que levem ao enriquecimento e

sensibilização de professores e alunos para o trabalho com a literatura, Arteterapia e cinema pensando sempre na

importância dos sonhos.

Nesse sentido serão apresentamos o roteiro de quatro oficinas pensadas para ser um ponto de partida para

que os JPPeas possam descobrir a existência dos seus sonhos em sua profundidade e conscientizando de que somos

os responsáveis por transformá-los em realidade.

Parafraseando Elizabeth Hazin, 1985, é interessante notar que o sonho não determina apenas a diferença

entre o adulto e a criança. Também a semelhança entre eles reside precisamente nos sonho e é aí (e unicamente

aí) que eles se encontram. É o sonho que une as duas pontas do fio – infância e idade adulta, fechando em círculo a

existência do homem. É ele que projeta o adulto no futuro e preserva a criança no tempo, apesar do tempo: o

adulto já existe porque a criança o inventa, assim como a criança vive porque o adulto a recria.

Para a autora quando a criança sonha com o adulto, tal sonho corresponde à imagem do homem com que ela

se identifica, vale pelo retrato que ela ainda vai ser. No adulto, o sonho é um retorno ao que ele já foi. Como no

verso de Drummond, “Meu pai perdi no tempo e ganho em sonho”.

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Argumenta Hazin, mas se por um lado o sonho é a medida da diferença entre o adulto e a criança (o sonho da

criança é diferente do sonho do adulto), por outro, é apenas no sonho que se dá o encontro entre os dois. Só no

interior do sonho é possível conciliar a criança real com o adulto sonhado, ou a criança sonhada, com o adulto real.

Aqui chegamos a um ponto que parece de grande importância: se a criança e o adulto se encontram no

sonho, também na literatura (que é uma forma de sonho) se dá o encontro.

Antes de entrar especificamente no Roteiro 3 penso ser fundamental tomar algumas precauções para a

realização das oficinas propostas aqui. A contribuição de Adriana Friedman vem ao encontro desta minha proposta

e reproduzo abaixo algumas das suas recomendações apresentadas no Livro FRIEDMAN, Adriana. Dinâmicas:

criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

Não é fácil encontrar o caminho do despertar autêntico (...). A principio podemos aprender com a experiência alheia,

inspirando-nos com o exemplo dos mestres e sábios, (...) Ouvimos muitas melodias diferentes, pois é assim que as

grandes tradições espirituais expressam a harmonia essencial. (...) Todos aqueles que já buscaram a sabedoria têm

em comum que aprenderam a ouvi-la em seu próprio coração, atentos à harmonia subjacente, enquanto percorria

cada um seu próprio caminho. (Histórias da alma, histórias do coração- Compiladas por Christian Feldman e Jack

Kornfield).

Afinal, ninguém “descobriu a América”

Quando trabalhamos com grupos há dinâmicas que “dão certo” e que muitas vezes são repetidas. O

interessante é que, com cada grupo, elas se tornam diferentes. As reações e as respostas nunca são as mesmas.

Por isso mesmo, é recomendável, antes de propor uma dinâmica, vivenciá-la. Podemos surpreender-nos com as

reações dos outros, mas, ao menos, temos algum “ “continente” para lidar com o inesperado.

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Quando propomos um método, uma estratégia ou uma dinâmica, de forma automática, surgem dois tipos de

frustração, por ela não ter tido os resultados esperados, ou susto, por defrontar-nos com reações jamais

imaginadas.

Vejamos um exemplo:

Falar da própria infância pode evocar uma lembrança feliz, mas pode também ser uma experiência difícil.

Lembrar-se de episódios e partilhá-los com um grupo que pouco conhecemos nem sempre é uma tarefa simples. É

importante trazer de volta nossos espaços, tempos, personagens e objetos significativos de infância: eles continuam

fazendo parte do nosso ser. A criança que fomos existe sempre dentro de nós, espontânea, autentica cheia de

desejos e energia e, muitas vezes, frustrada por desejos não realizados ou feridas não cicatrizadas, ou relações mal

resolvidas, ou...

As receitas prontas e padronizadas não cabem quando trabalhamos com pessoas. Já quando ousamos criar,

improvisar ingredientes e ideias... a história é outra. Sentimo-nos por um lado eufóricos, criativos, ansiosos e

inseguros: será que vai dar certo? Propomos uma atividade diferente e sentimo-nos “descobridores da América”.

Mas quando vamos pesquisar estudar ou vivenciar outras situações, descobrimos que outros já tinham pensado em

algo semelhante. Nunca será igual. Nossa criação tem a nossa personalidade, o nosso jeito singular, mas é bom

perceber que ninguém é um gênio especial e que também não somos donos das ideias. Elas são peculiares do jeito

que eu as coloco que eu as levo adiante, a partir dos objetivos que eu tenho em mente. Elas podem ser perfeitas

para um grupo e um fracasso para outros. Mas as ideias não são patrimônio de ninguém. Você pode ter certeza de

que nenhuma outra pessoa no mundo fará igual a você. Você é único, naquele momento com aquele grupo, com

aquela proposta.

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“Ficar presente” e sentir o grupo e suas necessidades é a “chave” principal. Ter flexibilidade para tirar uma

carta do bolso. Aproveitar as respostas negativas, “os rebeldes” e os nossos próprios erros, para olhar pelo avesso.

Atuar no grupo é um exercício para o educador apurar a observação e aprender a ouvir. Para aguçar sua

capacidade é importante ele ter passado pela vivência antes de aplicá-la.

Obs.: Lembramos que neste Roteiro de Estudos de 16 horas o foco principal é planejamento, preparação e

desenvolvimento das quatro oficinas que devem ser aplicadas em dias alternados seguindo a sequência para que a

finalização seja realizada com a exibição do Filme: Fernão Capelo Gaivota, fechando-se assim o ciclo.

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ROTEIRO DAS OFICINAS

1º DIA - Oficina elaborada por Beatriz Sales da Silva

Esta oficina visa socializar a força da literatura através da história de vida do Educador Roberto Carlos Ramos e

favorecer a discussão da importância dos sonhos na vida das pessoas como potência criadora do sujeito

empreender novos horizontes em sua vida. Com ela estamos construindo esta proposta da escola comprometida

com a promoção do espaço para incentivar os alunos acreditar nos seus sonhos e empreender.

1º Momento: Apresentação - Tempo estimado – 10 min.

Na entrada, cada pessoa recebe um cartão de diferentes cores onde escreve seu nome e depois prende

com um alfinete de roupa;

Realiza-se uma breve introdução onde se acolhe os participantes e o coordenador se apresenta;

Em cada um dos grupos, os integrantes devem dizer o seu nome e se agruparem pelas cores formando

grupos de acordo com o número total de participantes.

2º Momento – 1h 30m aproximadamente

O Coordenador diz que vai contar uma história sem falar quem é o autor. Após a leitura estimula o grupo

perguntando para os participantes se aquela história é real ou fictícia e o porquê da resposta. Em grupo eles devem

intervir e mudar o final da história. Cada grupo apresenta um novo final para a história.

LEITURA DA HISTÓRIA

“Embora não soubesse ler nem escrever, aconteceu algo interessante quando eu tinha oito anos. Percebi que um

bom contador de histórias é aquele que conta às histórias que as pessoas gostam de ouvir. O bom professor é

aquele que sabe ensinar do jeito que os alunos estão aptos a aprender: Assim como o bom vendedor é aquele que

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sabe vender o que o cliente quer comprar. Se uma pessoa tem algum interesse na vida, se vai, por exemplo, a uma

loja com a intenção de comparar um liquidificador e o vendedor insiste em lhe vender o forno micro-ondas e seu

interesse não é atendido, ela vai sair dali e procurar uma loja que tem o liquidificador que quer comprar.

Eu sabia que os meus colegas tinham muitos interesses na rua. Eles gostavam de ouvir histórias, novidades. Todas

as vezes que parávamos em frente de uma banca de jornal e revistas ficávamos vendo as fotografias dos jornais, e

quando ouvíamos comentários sobre algum acidente tentávamos interpretar as fotografias estampadas nos jornais.

Assim, descobri que meus colegas gostavam muito de histórias. E fui mais além. Como bom observador, aos oito

anos percebi que os meus colegas de rua se interessavam por assuntos relacionados com a violência, tais como

atropelamentos, sequestros, assaltos, ou qualquer coisa que tivesse sangue. A página policial era para a maioria

deles a mais interessante de um jornal. Como não tinha ninguém para ler, eu passei a fazer o papel de leitor oficial

da turma. Um dia chamei os meus amigos e me ofereci para ler o jornal para eles.

Alguns se assustaram e me perguntaram:

__Uai, Neguinho, você sabe ler?

__ Sei, sim. Aprendi com dois meses de idade ----exagerava. Eu estava no berço e li a Bíblia toda para

minha mãe.

Então eles me desafiaram:

__ Comece a ler que queremos ouvir.

Peguei uma página com uma fotografia de uma linha de trem. Na mesma hora inventei a história que

comecei a “ler “ para eles:

__”Uma mulher foi atropelada na linha do trem, o trem passou por cima dela, mas ela não morreu na hora

e ficou gritando: Pelo amor de Deus, me ajudem. Para que essa mulher pudesse morrer o maquinista

desceu do trem na hora e lhe deu dois tiros de escopeta na cara. Assim ela morreu...”

Curiosos os meninos me perguntaram:

__Mas onde foi que aconteceu isso?

__Foi na Praça da Estação de Belo Horizonte.

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No mesmo instante a turma saiu correndo rumo a Praça da Estação para ver se ainda conseguiam ver alguma coisa

daquele acontecimento tão trágico, mas ao mesmo tempo tão sedutor que os atraía tanto. Percebi que eles

realmente acreditaram na história que eu tinha criado naquele momento apenas com a visão daquela fotografia da

linha de trem. Quando chegaram a Praça da Estação e perguntaram aos transeuntes sobre o atropelamento,

ninguém sabia de nada. Para minha felicidade chegaram à conclusão de que o jornal tinha mentido.

Mas percebi que eles acreditaram que eu sabia ler e passei então a fazer o papel de leitor. Recebia deles muitos

elogios.

__O Neguinho lê melhor até que a tia da FEBEM. Ela fica lendo aquelas histórias de gatinho, de porquinho,

só coisa boba, e ele só lê histórias que a gente gosta.

Eu sabia que corria um risco muito grande se chegasse algum colega alfabetizado e descobrisse que eu ficava

criando histórias. Então comecei a me preparar para enfrentar tão provável situação. Quando chegava um colega

que sabia ler, eu logo passava a bola para ele e deixava que ele fizesse a leitura. Dizia para a turma que ele

também sabia ler e lhe passava o jornal. Porém, a leitura era quase igual à de qualquer criança que estava sendo

alfabetizada – com muitas pausas e sem muita emoção na narrativa.

Aí a turma reclamava:

__Esse cara não sabe ler direito, não. Ele é analfabeto. O Roberto é que sabe ler. Mostra pra ele como se

lê.

Eu pegava o jornal e começa a inventar histórias:

__”Um menino caiu do décimo andar de um prédio, quebrou os dois braços e as duas pernas. Quando ele

chegou ao pronto-socorro cortou o pescoço do médico com uma navalha...”

E por aí continuava com as histórias de sempre, com muito sangue, das quais a turma já era fã.

Trecho extraído do Capítulo: Lição nº 3 Noção de Relacionamento do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do

Amor. Ramos, Roberto Carlos. São Paulo: Celebris, 2004.

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3º Momento:

Após a apresentação dos grupos apresentando um novo final para a história o coordenador faz a leitura da

introdução do livro: A arte de construir cidadãos: as 15 Lições da Pedagogia do Amor. Ramos, Roberto Carlos. São

Paulo: Celebris, 2004. Refletir com os JPPEAS se eles imaginavam que esta é uma história real.

LEITURA DA HISTÓRIA

Há muito tempo as pessoas vinham insistindo comigo para que eu escrevesse a minha história de vida, pois,

segundo diziam, ela poderia estimular os leitores a uma postura mais feliz e mais critica perante a própria vida. E

eu sempre quis escrever um livro que começasse com um parágrafo épico do tipo: “Eu sou Roberto Carlos Ramos,

do clã dos Ramos, da décima geração desde a chegada dos meus ancestrais a esta terra...”, mas a verdade é que

minha família nunca pertenceu a um clã. Meus pais, negros, são pessoas comuns, humildes e moradores de uma

grande favela da minha cidade, Belo Horizonte. Pela própria simplicidade, meus pais perderam o contato com as

histórias dos nossos avós e ancestrais, de forma que não sei direito quem foram. Não sei contar se vieram para cá

em caravelas portuguesas, em porões de navios, ou mesmo fugidos do Egito. Tudo o que sei é que meus pais foram

e são pessoas boníssimas, pobres e fantasticamente éticas, e, por não terem história para me contar, escrevo então

a nossa história com base na minha vida, pelo menos para que parte dela não se perca.

Então começo assim minha história de vida: Meu nome é Roberto Carlos Ramos, sou negro, gosto de sorrir para as

pessoas e para a vida, moro num a casa grande de três andares, no alto de uma colina, tenho uma linda piscina,

dois carros muito bons – um até é importado-, uma linda casa de campo, um apartamento na praia, um bom

escritório. Tenho também treze filhos, apesar de ser solteiro. Sou mestre em educação por uma das melhores

instituições universitárias do país e tenho bons amigos. Mas já tive febre um dia, não tive em muitas ocasiões

comida, fiquei muitos anos longe das escolas e só fui alfabetizado aos catorze anos. Menino de rua na minha cidade

passei por vários orfanatos e internatos, dos quais fugi cento e trinta e duas vezes e acabei sendo tachado de

irrecuperável quando tinha apenas nove anos de. Já cheirei cola de sapateiro e fumei maconha. Até os dez anos

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mijava na cama. Tive piolhos no cabelo e catarro escorrendo pelo nariz. Mas aos treze anos algo extraordinário me

ocorreu e o meu destino mudou drasticamente.

Eu estava física e espiritualmente machucado ao ter-me envolvido numa briga com uma gangue de meninos de rua.

Fui espancado e estuprado por uns cinco garotos maiores do que eu, o que me rendeu uma tentativa, felizmente

frustrada de suicídio e setenta e dois pontos pelo corpo afora.

A mudança em minha vida, à qual denomino um “acontecimento extraordinário”, se deu graças a uma educadora

francesa, uma mulher fantástica que, como mãe, professora e fada que era me ensinou a diferença da vida dos

seres humanos e me deixou de herança uma varinha de condão, que é uma forma maravilhosa que permite mudar

a vida das pessoas e o que se desejar. Muda até mesmo o próprio destino.

Em seguida assistir o Vídeo Roberto Carlos Ramos parte 1:

http://www.youtube.com/watch?v=3-wLV1vyUUc&feature=related (9 mim)

Pedagogia do Amor Roberto Carlos Ramoshttp://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=OY9DsVrKVnU

(1 min)

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2º OFICINA

Tempo estimado: 2 HORAS

O Coordenador da oficina reúne os JPPEAS em círculo e diz que vai contar a história “Sei por ouvir dizer” do

escritor Bartolomeu Campos de Queirós que conta mais ou menos assim:

APRESENTAÇÃO

Uma senhora tem três idades e usa três curiosos pares de óculos. Um garoto encontra os óculos, usa-os,

perde-os, e, ao final, descobre os mundos da fantasia e da realidade. Acompanhe a trajetória dessas duas figuras e

descubra o que eles têm de mágico e o que podem lhe dizer sobre sua própria vida.

Ilustração Suppa

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SEI POR OUVIR DIZER

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

Não era uma vez. Eram três vezes uma senhora, com três idades: uma idade passada, outra idade presente, e

outra idade futura. Diziam que ela vencia agora a sua última idade. A mulher tagarelava, afirmando ter nascido em

três datas. Dizia comemorar três dias de aniversário: no dia de são nunca, no feriado de nossa senhora do sempre,

e no dia da mentira. Quem a conheceu contava que ela narrava essa história, sorrindo para o lado direito, em

seguida para o lado esquerdo, e depois para quem tivesse indeciso em acreditar. Parecia brincar de fazer três

caretas. Uma feia, uma bonita e a terceira mais cruel ainda.

Explicava ter morado em três cidades: na terra do ontem, na vila do hoje e na capital do amanhã, e se dizia filha

de três casamentos. Declarava ser de um país que não tinha dia, não tinha noite, nem fronteiras, onde se falavam

três línguas: uma só feita de vogais, outra apenas de consoantes e uma terceira feita de silêncios. A bandeira de

sua pátria foi costurada com três retalhos coloridos: um pedaço cor de nada, outro cor de vazio e o terceiro com

metros estampados de silêncios.

Eu duvidava da existência dessa senhora. Mas não me custava fazer de conta. Podia usar três maneiras para

explicar meus motivos: que foi um sonho meu, uma fantasia, ou não ter um que fazer. O senhor Trindade, vizinho

da velha senhora, resmungava que ela aparecera naquele lugar num dia sem manhã, num mês sem semanas, num

ano fora do calendário. Eu, a bem da verdade, não conheci o senhor Trindade. Imaginava ser um homem também

dividido em três: cabeça, tronco e membros. Uma cabeça para imaginar, um tronco com grades para proteger o

coração, pernas para ir e voltar e mãos para dar e receber.

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Ele teimava que a mulher tinha construído sua casa três vezes pequena, numa ilha chamada Tríplice. Três rios

protegiam sua morada: um rio subia pela terra acima, outro descia morro abaixo e, no terceiro, as águas não

haviam escolhido a direção. No rio que subia morava um barco com três velas acesas. No rio que escorregava

viviam cinco peixes comendo três pães, e acreditavam em milagre. No rio sem direção não nadava nada. Três

pontes cortavam suas águas, construídas com madeiras frágeis como é a esperança.

A casa se mantinha de pé com apenas três paredes: um muro contra o vento, outro contra a chuva e mais outro

impedindo o medo de entrar. A quarta parede não existia. Por ela entravam os convidados. Em cada parede, uma

janela. Na primeira ela se debruçava e sorria, olhando o longe. Na segunda janela, ela chorava, olhando as coisas

mais próximas. Na terceira, ela escrevia cartas sobre a linha do horizonte. Usava três penas: uma pena de

passarinho para falar de céus, uma pena de juiz para contar casos de terra. Com a outra pena, ela sentia pena de

quem não sabia ler o livro da fantasia.

Um dia, uma voz vinda de não sei onde, me soprou baixinho, bem ao pé do ouvido, o maior dos segredos da

velha dama. Eu me assustei e cheguei a ter três noites sem dormir e desmaiei três vezes: no café da manhã, no

almoço e no jantar.

Ela usava três pares de óculos. Um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os dois. E

mais, invejando a felicidade da mulher, todos os habitantes sonhavam em comprar três pares de óculos, como os

dela. Mas a velha senhora jamais contou o endereço.

Fiquei confuso e, no princípio meu desejo era de não acreditar. E se ela tivesse mesmo três pares de olhos?,

me perguntei: um par na testa, dois no lugar dos olhos e mais um par de olhos no queixo? Fiquei espantado com

minha ideia. Coisa impossível. Seu rosto seria muito estranho. E para ver o mundo não são necessários tantos

olhos. Guardar na memória o que seis olhos vem é impossível. E mesmo os que não a conheceram, elogiavam a

beleza daquela senhora. Parecia feita de três gotas de sereno, três grãos de açúcar e três toneladas de mansidão.

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Uma mulher assim precisar de seis lentes era muito para um menino compreender. Só que eu não pretendia

compreender. Só procurava ver. Quem vê, não duvida.

Mas jamais cheguei a conhecê-la. Ouvi boatos sobre a sua passagem. Ela partiu três horas antes da minha

chegada. Ficara sabendo que eu havia descoberto seu segredo. Procurei por ela, e alguns respondiam que fora viver

em Três Corações. Outros falavam que morava, hoje, em Três Pontas. Havia que afirmava que se mudara para o

Triângulo Mineiro. Acredito que ela passeia pelo Triângulo das Bermudas, mas ninguém me escuta. Dizem que vivo

no mundo da lua.

Quero ter certeza de que ela existiu. Acredito que a mentira é uma outra verdade. Ao entrar em sua casa,

passando pela parede que não existia, encontrei seus três pares de óculos, dentro de três caixas com cadeados,

sobre três cadeiras de balanço. Devia ter viajado muito de repente e esqueceu seus olhares descansando, pensei.

Ou, quem sabe, ela descobriu que os óculos não lhe faziam mais falta. Guardei-os para mim. Eu enxergava pouco

naquele tempo. Confundia o verdadeiro com o falso, o distante com o próximo, o maior com o menor, o amor com o

desamor. E mais! Meus olhos não enxergavam o lá longe, ignoravam o cá perto e não sabiam encontrar horizontes.

Ao deparar-me com seus três pares de óculos, a alegria disparou no meu coração. Mas me ocorreram três

dúvidas: E se ela voltasse para busca-los? E se esqueceu o caminho de volta? E se viajou pelo rio que rola e virou

mar? A felicidade faz a gente ficar inseguro.

Não perguntei a ninguém por ela. Por muito ouvi dizer, os mais antigos contavam que ela se chamava Maria das

Dores. Os mais jovens afirmavam ser Maria do Céu. Eu cismava ser Maria das Graças. Mas todos a conheciam como

a mulher que tinha três pares de óculos: um para ver o perto, outro para ver o longe e o terceiro para procurar os

dois.

A coragem e a curiosidade me ajudaram a entrar em sua casa. Assentei-me em uma de suas três cadeiras.

Segurei o primeiro par de óculos que estava ao meu lado, arrombei a caixa e vesti minha cara. Eram os óculos para

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ver o longe. E tudo veio para junto de mim de repente. Os pássaros cantavam em meus ombros; as borboletas

pousavam em meus joelhos; as frutas enchiam meu colo; a música das cigarras cerrava meus ouvidos, os rios

corriam debaixo dos meus pés; eu passeava sobre as montanhas sem sair de casa, as árvores me cobriam de

sombras. Até o amos veio me visitar, chegando devagarinho, devagarinho. A linha do horizonte passou a morar em

meu caderno; as nuvens navegavam no teto da casa. Tudo o que me parecia longe, longe, agora eu podia tocar,

acariciar, afagar e escolher.

Chegou um dia que a saudade me pediu para trazer de longe a minha infância. Usei os óculos e me vi brincando na

rua, escutando história da minha vó, esperando a chegada do Natal, nervoso diante de meu primeiro caderno e

aprendendo a ler na cartilha de Lili.

Ansioso com tamanha beleza troquei de óculos. Usei o de ver de perto. Tudo o que me rodeava foi para bem

longe: as pedras do chão, o medo que me rondava, as tristezas que guardava, os segredos, os relâmpagos, as

lágrimas, as perguntas, o pernilongo cantor, o louva- a- deus religioso, as dores, as saudades; tudo viajou para

bem depois.

Senti pesar. É que muitas coisa que estavam perto, eu queria que continuasse perto. Não gostava de óculos

que me roubavam bens: gato, cachorro, vaga-lume, a doce formiga, a melada abelha e as saudades do ontem. É

que saudade só existe quando o tempo foi bom... Eu guardava tantas saudades.

Mas a mulher acabou ficando preguiçosa; inventei para suportar o segredo. Não se levantava nunca da rede que

ficava no meio da casa. Vivia cheia de preguiça e nem mais dormia. Quando o sono passava, ela usava óculos de

ver de perto, e o escuro fugia para longe. E se trocasse os óculos de ver o perto pelos os de ver o longe, a noite

vinha, mas se esquecia de trazer estrela e lua. E o que ela mais queria era a companhia das amigas estrelas

chamadas de Três Marias. Maria das Graças mostrava medo e solidão.

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Pensei bastante e conclui: quem possui três pares de óculos não morre nunca. Todas as vezes que a morte se

aproxima, é só usar os óculos de ver o longe que a vida vem viver perto.

Fiquei com três pares de óculos para mim. Perdi, por descuido, os óculos de ver o perto e os de ver o longe.

Acho que ao usar os meus próprios óculos, descobri que a minha memória podia ver o longe, o perto e escolher

entre os dois. Sonhar meu sonho passou a ser melhor que fantasiar sobre os três pares de óculos.

O problema é que me sobraram os óculos para procurar os dois. E quando uso, não descubro o que está perto

nem o que está distante. Tudo fica misturado e difícil de separar. Agora, moram em mim, num mesmo tempo, o

feio e o bonito, o triste e o alegre, o medo e a coragem, a partida e a chegada, o céu e a terra, o doce e o salgado.

E por mais esforço que faça, não consigo arrancar de mim os óculos de procurar os dois. Insistiam em ser os meus

olhos da verdade. Mas sem gostar de confusão, pedi ajuda ao senhor Trindade. Ele veio, fez força e sumiu com os

óculos para nunca mais.

Se me pergunto onde foram parar os outros dois pares de óculos, penso que avelha senhora os levou. Ela deve

estar perto do paraíso, olhando uma santíssima trindade: céu, inferno e purgatório. Precisa dos óculos para não

errar na escolha do destino. Ela sabe afastar o que incomoda e se servir apenas do que conforta. Mas, se ela se

sentir só, bem poderá usar os óculos de ver o longe e me buscar. Quero muito conhecê-la.

Hoje descubro que não necessito mais de óculos. Os meus olhos de verdade estão sempre procurando o longe

para equilibrar o que está mais perto. Assim vivo de real em real, de fantasia em fantasia. E quanto mais

sonho mais acordado estou. Posso afirmar que todos nascemos com três pares de óculos. É uma

cortesia que a vida nos faz. O difícil é saber usá-los.

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Oficina adaptada do site: http://www.edelbra.com.br/ppe/cpe/Roteiro_SeiPorOuvirDizer.pdf

Após a leitura do texto o Coordenador abre espaço para os JPPEAS contarem suas experiências:

1. Assim como Maria, cada aluno divide sua vida em dois momentos: o momento do passado e o do presente,

apontando fatos marcantes em sua história de vida.

2. Sugerir que os alunos façam uma linha cronológica utilizando uma cartolina mostrando momentos do passado e do presente e imaginando o seu futuro.

ATIVIDADE:

I – ÁLBUM DE VIDA

1. Incentivar os alunos, a partir da linha cronológica de vida já feita, a construir um álbum desenhos de sua vida, destacando, através de imagens e de textos curtos (tipo legendas), momentos importantes do seu passado e do seu

presente. Em relação ao futuro, o aluno simulará “fotos” de fatos e de situações que ele acredita que ocorrerão consigo nos próximos anos.

II — OS ÓCULOS TRIPLOS

1. A turma é dividida em 3 grupos: o do passado, o do presente e o do futuro. Após, são motivados a criarem óculos, em cujas lentes sejam colados desenhos ou gravuras recortadas de jornal ou de revista com cenas que

representem estes três momentos.

Cada aluno fará os seus óculos de acordo com o grupo do qual faz parte. Os óculos podem ser expostos por grupo e os alunos explicarão o que as lentes do passado, do presente e do futuro veem.

Obs.: Tal atividade, em princípio, aponta para uma visão mais geral do mundo e das coisas que acontecem ao

redor, estimulando o aluno a perceber a realidade que o cerca, projetando situações para o futuro e percebendo fatos do passado responsáveis, de certa forma, pelo presente.

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FECHAMENTO OFICINA 2

ELABORADA POR ADRIANA FRIEDMANN in FRIEDMANN, Adriana.

Dinâmicas criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

OFICINA: Ontem – hoje - amanhã

Tempo de Duração: Aproximadamente 1 hora 30 m

Olhar para o ontem, o passado, é o olhar que dá a direção para o amanhã, o futuro; mas não podemos esquecer-

nos de olhar para o hoje, o presente. Cada participante recebe três folhas em branco.

Na primeira folha deverá registrar as lembranças de quando tinha entre 11 e 15 anos e representá-las com

símbolos, desenhos ou imagens:

Como eu era.

O que sentia.

Do que mais gostava.

O que me revoltava.

No que acreditava.

Pelo que lutava.

Como era minha família.

Como era minha turma.

Na segunda folha:

Como eu sou.

O que sinto.

No que acredito.

No que deixei de acreditar.

O que me revolta.

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Na terceira folha

Para onde estou indo.

O que quero mudar em mim, na minha vida.

O que quero transmitir para as crianças, igual ou diferente do que já vivi.

Cada participante conta brevemente suas expressões. Recolhem-se os papéis que são agrupados em conjuntos

Ontem – Hoje – Amanhã.

Formam-se três grupos, cada um dos quais recebe um dos três conjuntos. O primeiro grupo deverá, com os dados

recebidos, fazer uma representação, o segundo grupo, uma história, e o terceiro uma música.

Após as apresentações, realiza-se um debate.

Encerrar a dinâmica com a distribuição da letra da música Bola de Meia, Bola Gude, Milton Nascimento, onde todos

cantam.

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Há um menino

Há um moleque

Morando sempre no meu coração

Toda vez que o adulto balança

Ele vem pra me dar à mão

Há um passado no meu presente

Um sol bem quente lá no meu quintal

Toda vez que a bruxa me assombra

O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas

Que eu acredito

Que não deixarão de existir

Amizade, palavra, respeito

Caráter, bondade alegria e amor

Pois não posso

Não devo

Não quero

Viver como toda essa gente

Insiste em viver

E não posso aceitar sossegado

Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude

O solidário não quer solidão

Toda vez que a tristeza me alcança

O menino me dá a mão

Há um menino

Há um moleque

Morando sempre no meu coração

Toda vez que o adulto fraqueja

Ele vem pra me dar à mão

14 Bis - Bola de Meia, Bola de Gude - 4 min. - www.youtube.com/watch?v=3QHkSFCV2GU8 set. 2008

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3º DIA OFICINA ELABORADA POR FABIANA GERALDI

GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.) Mitos e

Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.

Difícil questão. Sair do mundo infantil e entrar na adolescência implica uma série de transformações, internas

e externas, que para muitos, torna-se confusa e sofrida.

É um momento de reeditar uma identidade formada na infância. Para isso o adolescente precisa estar

conectado de alguma forma à sua essência, a sua história. Ele precisa se reencontrar, se reconhecer nesse processo

de amadurecimento, tal como Teseu precisou de um fio para conduzi-lo pelo labirinto do Minotauro.

O mundo contemporâneo traz algumas questões que dificultam ainda mais esse processo tão delicado. Pais,

muitas vezes ausentes e permissivos, preocupados em preparar seus filhos para um mundo rápido e competitivo,

Adolescência:

Uma passagem mitológica-

Mito de PARSIFAL

O que é deixar de ser criança?

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submete-os a um “fazer” incessante muito cedo. A falta de limites e regras deixam os jovens perdidos e sem

referências.

A sociedade do consumo e do descartável prega o prazer imediato e fugaz por meio das aquisições de objetos

e de relacionamentos instantâneos.

A tão esperada liberdade sexual atrelada ao medo da AIDS torna as primeiras experiências ainda mais

inseguras. Privacidade dá lugar a uma exposição excessiva por meio de orkuts, youtubes e skipes.

A mídia dita os padrões de estética, em que os corpos perdem sua identidade e subjetividade e são colocados

como mais um objeto de consumo. Com o corpo ainda em formação, os adolescentes colocam próteses, fazem

plásticas, tatuam-se, colocam piercings, buscando um padrão de beleza externo e impositivo. Nessa fase da vida, a

ditadura da beleza ainda é mais perigosa, pois eles precisam do grupo para sentir-se reconhecidos. A maioria dos

jovens acaba não conseguindo se diferenciar do grupo e dos ditames da beleza padronizada, tomando eternamente

emprestado a identidade do outro.

O adolescente, em um mundo dos iguais, não consegue conectar-se com o seu corpo, tornando-se uma terra

devastada e estéril. Diante de sua história, ele desconecta-se da sua essência, do seu sagrado. É nesse contexto

que os ritos e os mitos tornam-se muitos importantes.

As famílias contemporâneas instigadas a dar valor ao que é superficial e consumível, esquecem ou dão pouca

atenção ao que há de mais precioso: a sua história.

O tempo é tão curto para dar conta de toda demanda do mundo moderno que não sobram vazios, “gás”, entre

uma atividade e outra. As pessoas não têm tempo para costurarem as experiências que vêm aos turbilhões. A falta

desse tempo de conexão consigo mesmo traz para o adolescente vários sintomas, tais como: ansiedade, estresse,

síndrome do pânico, compulsão, anorexia, droga-adição.

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O mito vem para ajudar a constituição da identidade podendo ser uma maneira de conhecer o mundo por

meio da representação simbólica. Os mitos têm o poder de entrar no mundo dos mistérios que a humanidade não

deu conta de decifrar. Histórias e imagens míticas podem aliviar os conflitos internos a ajudar a descobrir uma

profundidade e um sentido maior na vida.

O adolescente vive um momento mítico, ele precisa matar padrões que já não servem e seguir uma jornada

de busca do verdadeiro eu.

Vários mitos falam dessa trajetória, a jornada do herói.

Cada um de nós é um herói.

Isso é um dote.

Temos um chamado para a aventura.

Recusamos.

Segue-se uma crise.

Não podemos voltar atrás e atendemos o chamado.

Juntamos auxiliares, professores, guias

E cruzamos o limiar desconhecido.

Perdemos a nossa identidade e afundamos em um abismo,

no nadir, na barriga da baleia.

E emergimos.

Começamos a viajar de volta para casa, para aquilo que conhecemos – cruzando de volta a fronteira.

Nós voltamos TRANSFORMADOS. (KELEMAN, 1999, p.19)

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Esta é a trajetória arquetípica de um herói, segundo Joseph Campbell. A lenda de Parsifal representa a busca

de um adolescente ingênuo e ainda sem forma, por sua verdade e a sua essência.

A Arteterapia para adolescentes tem nos mitos uma poderosa ferramenta de sensibilização, uma ponte para o

self, para o tesouro perdido.

O trabalho feito a partir de um mito torna-se cada vez mais forte, pois atua no campo arquetípico, nas

camadas mais profundas da psique.

A arte, nesse caso, pode ritualizar a passagem de um corpo abandonado, dissociado da razão e do meio

externo, para um corpo com vida, integrado á sua natureza.

Ao final da apresentação da Lenda de Parsifal, apresentarei um trabalho de Arteterapia que podem ser

utilizado com adolescentes.

A LENDA DE PARSIFAL

Quando menino, Parsifal foi mantido afastado do mundo por sua mãe. Seu pai tinha morrido em combate

antes de ele nascer, e nada restara à mãe senão esse filho, que ela estava decidida a não perder. Assim escondeu-o

no coração da floresta e não lhe contou sobre seu direito nobiliárquico de se tornar um cavaleiro na corte do rei

Artur, como seu pai.

Mas mãe de Parsifal deu-lhe ensinamentos sobre Deus, assegurando que o amor divino ajuda todos quantos

vivem na terra. Assim, um dia, ao encontrar um cavaleiro belo e cortês que fora perseguido e se embrenhara na

floresta, Parsifal só pode presumir que essa criatura superior era Deus em pessoa. Embora a ilusão do jovem tenha

sido devidamente desfeita, o encontro com o cavaleiro despertou seu instinto natural de seguir seu próprio destino,

e Parsifal implorou à mãe que o deixasse partir para o mundo. A mãe finalmente deu consentimento, e ele partiu,

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com uma roupa de bufão; a esperança da mãe era que essa roupa despertasse tamanho escárnio e que o jovem

voltasse para ela.

Mas Parsifal insistiu em sua busca, a despeito das zombarias, e, no devido tempo, sendo levado por um cavalo

sem rédeas, chegou ao castelo de Gurnemanz. Esse nobre dispôs-se a ser mentor do rapaz e lhe ensinou as regras

da cavalaria. A roupa de bufão foi retirada, assim como o instinto tolo de Parsifal, e Gurnenmanz o instruiu na

cortesia, e que talvez fosse o mais importante, na ética que havia por trás dela. “Nunca perca teu senso de

decência, e não importunes as pessoas com perguntas tolas. Lembra-te sempre de demonstrar compaixão pelos

que sofrem”. Parsifal, no entanto, embora decorasse cuidadosamente essas palavras, na verdade não as

compreendia. Aprendeu as formas externas, mas não no sentido interior.

Com o tempo, as viagens de Parsifal levam-no a uma terra distante, onde os campos eram desertos e

estéreis. Em meio a essa terra deserta, havia um castelo, onde ele enfrentou seu primeiro teste de maturidade. Mas

havia uma tarefa para o qual ainda não estava preparado. Havia no castelo um rei doente, que se debatia na cama

em grande aflição. Era o rei do Graal, que havia transgredido s leis da comunidade do Graal ao buscar, sem

permissão, o amor terreno. Como castigo, fora ferido na virilha, e assim permaneceria até que um cavaleiro

desconhecido lhe fizesse duas perguntas. “Senhor, o que vos aflige?” deveria ser a primeira indagação do cavaleiro

ao rei enfermo.

Havia também grandes maravilhas no castelo, e o próprio Graal poderia aparecer ao estrangeiro que lá

chegasse; mas o rei só se curaria quando o cavaleiro desconhecido fizesse a pergunta: “Senhor pra que serve o

Graal?” Nessas duas perguntas, estaria a redenção não apenas do rei doente mas também da terra deserta.

Ao ver o rei adoecido em seu leito, entretanto, Parsifal só consegui se lembrar da forma externa do conselho

de Gurnemanz – que a curiosidade era uma indelicadeza e que ele não deveria importunar os outros com perguntas

tolas. Esqueceu-se de demonstrar compaixão pelos sofredores. Assim, não disse nada. E quando o próprio Graal

apareceu – acompanhado pelos doces dons da música celeste, transportado em lenta procissão pelos Cavaleiros do

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Graal, guardado por donzelas e revelando-se em ima explosão de luz celestial- o jovem cavaleiro admirou-o

intensamente, mas manteve a boca fechada, por medo de parecer tolo.

E assim nada disse. Ouviu-se então um grande estrondo de um trovão, e o castelo desapareceu, enquanto

uma voz dizia: “- Jovem tolo, não fizeste as perguntas que deveria ter feito, o rei teria se curado, seus membros

teriam se fortalecido, e toda terra seria recuperada. Agora, vagarás pelo deserto por muitos anos, até aprenderes a

ter compaixão”. E Parsifal, percebendo tardiamente sua tolice, partiu para o deserto em um alvorecer frio e

cinzento, determinado a um dia conquistar o direito de ter-lhe outra vez concedida a visão do Graal.

Comentários:

A lenda de Parsifal sintetiza vários processos emocionais que a passagem da adolescência traz. O início do

mito mostra a dificuldade da mãe em deixar o filho vivenciar experiências que o tornem capaz de ingressar no

mundo dos adultos. Ela tem medo de que o filho sofra seguindo o seu destino e, com isso, tenta protegê-lo de todas

as formas.

Nos dias de hoje, essa proteção excessiva acaba sendo potencializada e legalizada pela violência da grande

cidade grande. Isso atrapalha ainda mais a conquista da autonomia e a jornada do herói. Na lenda, quando Parsifal

vê o cavaleiro, entra em contato com sua essência, se emociona com aquela imagem e sente que este é o seu

destino.

A Arteterapia ajuda o jovem a encontrar o “seu cavaleiro”. Quando o adolescente produz algum símbolo forte,

arquetípico, ele trabalha com o seu potencial criativo. Esta é uma experiência fundamental, pois ele entra em

contato com a sua verdade. Mesmo que esta venha sem rédeas e desgovernada, como o cavalo que levou Parsifal

ao castelo de seu mestre. Sem experiência de vida, o adolescente absorve os ensinamentos que lhe é possível

naquele momento.

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Parsifal vai para a vida tentando integrar o cavaleiro externo, que ele aprendeu e viu, com o seu cavaleiro

interno. Enquanto ele não está a vontade com a experiência de ser um cavaleiro único e singular, ele fica amarrado

pelas leis e pelo código alheio. Seu ego diz: em uma situação inusitada, siga aos ensinamentos externos. “Não

pagar o mico fala mais alto”. E, por isso ele perde a oportunidade de fazer a pergunta certa.

Só o tempo e as vivências farão ele se sentir seguro para desorganizar os códigos do guerreiro e integrar a

sua intuição e o seu guerreiro interno. Esta é a verdadeira sabedoria. A Arteterapia ajuda o jovem a fazer essa

jornada simbólica, coloca-o frente à frente com uma imagem que o mobiliza.

Por meio de trabalhos corporais e expressivos essa imagem, mesmo que sejam toscas tentativas. O corpo

ainda é um deserto árido que busca o castelo perdido. Aos poucos, ele vai se sentindo mais a vontade em seu vazio

criativo.

A partir dessa conexão ego-self, feita pelas produções simbólicas, o adolescente se aproxima de seu próprio

mito, de sua individualidade. Isto traz plenitude, auto aceitação e o respeito ás diferenças, tão importantes para

esta fase da vida.

Se eu tenho a mínima ideia de quem sou, eu respeito o outro. Quando aparecem diversas formas de se ver a

mesma coisa de um trabalho de Arteterapia em grupo, apresenta-se então a beleza da diversidade. O belo é o que

traz a verdade de cada um. No mito, em que Parsifal for capaz de reconhecer o sofrimento do rei e usar a sua

compaixão para curá-lo, ele terá formado uma consciência pessoal corporificada. O guerreiro estará introjetado e

transformado. O rei, velho e doente, será afetado pela maneira de Parsifal usar a si mesmo.

Essa é a jornada do herói: iniciar o caminho da própria vida

que lhe é dada, ir à busca do seu destino a partir de

experiências internas. Integrar os opostos ao longo da vida é

o caminho do Graal.

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Oficinas

de

Trabalho:

Arteterapêuticos

Para serem feitos após a leitura do

Mito de Parsifal

TEMPO ESTIMADO 2 HORAS

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Desenho

Proponha ao adolescente que desenhe uma parte da história que mais chamou sua atenção. É uma maneira

de fomentar uma discussão sobre o mito. Ofereça-lhe materiais fáceis de trabalhar, como giz de cera, lápis de cor,

etc. Após a discussão do mito e apresentação dos desenhos realize a atividade:

Vazio a partir do nome - Esta é uma atividade maravilhosa para trabalhar o vazio criativo por meio do jogo

de opostos.

Material: folha branca redonda, lápis de cor, canetinhas, tesoura, cola e cartolina preta.

Processo: distribua para cada participante uma folha branca redonda dobrada ao meio. Solicite a cada um

que escreva o seu nome dentro da meia-lua, embaixo e, de preferência, com letra cursiva (pois gera mais curvas na

forma do nome). Peça a cada um que recorte a forma do nome, deixando a folha redonda com um vazio no meio

(gerado pela forma do nome). Deve-se trabalhar a forma do nome em outra folha, transformando esta forma em

uma produção artística. Solicite a cada um que volte para a folha redonda e coloque-a em cima de uma cartolina

preta (para dar contraste do vazio no meio) e trabalhe ao redor do vazio, como se esse fosse o ponto central de

uma mandala. O nome gera uma forma. A forma será transformada em algo, e o vazio que fica na folha redonda

retirada da forma também irá gerar uma produção ao seu redor.

O que eu posso produzir a partir do vazio que a forma do meu nome gerou? O que eu posso produzir com a

forma do meu nome? A partir da experiência artística de vivenciar o vazio, o indivíduo é capaz de sentir a plenitude

do encontro com o self e a potência criativa de agir a partir dele. A proposta que esta oficina enriqueça o trabalho

de cada participante e fomente discussões importantes acerca da utilização da arte como um poderoso instrumento

de conexão do indivíduo. Encerrar a oficina com todos cantando a música - Caçador de Mim - Milton Nascimento:

Disponível http://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y

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Por tanto amor

Por tanta emoção

A vida me fez assim

Doce ou atroz

Manso ou feroz

Eu caçador de mim

Preso a canções

Entregue a paixões

Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar

Longe do meu lugar

Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta

Nada a fazer senão esquecer o medo

Abrir o peito a força, numa procura

Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai

Sonhando demais

Mas onde se chega assim

Vou descobrir

O que me faz sentir

Eu, caçador de mim

CAMPBELL, Joseph. E por falar em mitos... São Paulo: Verus, 2004.

GREENE, Liz: SHARMAN, Juliet. Uma viagem através dos mitos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 2001.

KELEMAN, Stanley. Mito e corpo. São Paulo: Summus, 1999.

SOUZA, Solange Jobim (Org.) Subjetividade em Questão: a infância como crítica da cultura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.

WINNICOTT, Donald W. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

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Importante: Para realização desta oficina o Coordenador e os GDPEAS deverão fazer a leitura do material

complementar PREVIAMENTE. Oficina,gentilmente, cedida pelo DR. Jorge Gutemberg Splettstoser - Tempo

estimado: 1h30m

Primeiro passo: Imaginar um sonho, de preferência escrever com o máximo de detalhes, visuais: lugares,

luminosidade; cores etc. Auditivos sons, palavras, música etc. Cinestésico: sensações, confortável, cheiros e

perfumes etc.

Segundo passo: Traçar no chão um triângulo e em cada ponta do triângulo você vai colocar uma das três

posições psicogeográficas: O sonhador, o critico construtivo e o realizador. No centro do triângulo fica a posição

neutra.

Terceiro passo: O sujeito, com seu sonho, posiciona-se no centro do triângulo na posição NEUTRA e dirige-se

para posição SONHADOR. Aqui ele vai sonhar da mais ampla maneira possível e impossível ( por exemplo se

4º DIA OFICINA -

Estratégia Disney

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seu sonho é ser um palestrante imaginar uma palestra sua no maracanã lotado, ver a luminosidade, as imagens,

escutar os aplausos, as músicas que tocam durante a palestra e perceber como se sente, como seu corpo sente

aquele sucesso)

Quarto passo: Após essa experiência, o sujeito volta ao neutro e quebra estado.

Quinto passo: O sujeito dirige-se para o CRÍTICO CONSTRUTIVO. Aqui ele vai ser o mais critico possível. ( no

exemplo do palestrante ele vai analisar qual vai ser o assunto da palestra, como ele vai se preparar para fazer

essa palestra, quais os caminhos que terá que seguir, com quem falar, como arrumar dinheiro para fazer cursos

etc. etc.

Sexto passo: Voltar ao neutro, quebrar estado.

Sétimo passo: O sujeito entra no REALIZADOR: Aqui ele vai fazer um planejamento de quais ações tomar, em

que prazo, qual a possibilidade, ver o que impede e ir ao encontro de recursos para vencer os impedimentos e

REALIZAR.

Oitavo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões

e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou.

Nono passo: Repetir os passos 3,4,5,6,7,8.

Décimo passo: Voltar ao neutro, quebrar estado. Agora o sujeito vai analisar tudo que foi feito, tirar conclusões

e ver novamente seu sonho e perceber o que essa experiência acrescentou.

Décimo primeiro passo: Se sujeito estiver satisfeito, solicitar que escreva o que acabou de vivenciar e

encerrar o exercício com o compromisso de que vai começar a partir de tal data as tais horas. Se caso ele não

estiver satisfeito repetir o nono passo até que se de por satisfeito.

Page 40: Roteiro de estudo 1 (2013   2014) peas

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Finalização: Assistir o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=XFQX8xRZBJQ - Uma mensagem

maravilhosa sobre a importancia de sonhar, ter fé e acreditar no amor. 4.46 min

Leitura complementar

Sonho & carreira

César Souza. www.icarobrasil.com.br – dezembro 2004.

Os sonhos são como uma fita métrica interessante, mas há um detalhe que faz toda a diferença: quem

determina a unidade de medida é o sonhador. O que talvez pareça pequeno aos olhos do outro pode ter um valor

imenso para você. E o que você julga pequeno pode ser o sonho magno de alguém.

A medida está dentro de cada um, a avaliação é absolutamente individual e pessoal. Independente do olhar e

do aplauso do outro.

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Feio seria uma ditadura dos sonhos onde todos fossem obrigados a imaginar feitos monumentais que mudem

o país ou deixem sua marca na história. Não é por aí. Mesmo uma obra preliminar e pequena vale a pena. O

importante é ter consciência do que se faz e ser feliz com isso. Ficar muito atento à aprovação alheia é desperdiçar

tempo tentando realizar o sonho dos outros. Os valores de sucesso estão dentro de cada um. É melhor, então, que

sejam vários sonhos, para aproveitar ao máximo a grande oportunidade de viver, errar, acertar e começar de novo.

Afinal de contas, tudo que fica pronto na vida foi construído antes na alma. Não importa se seus sonhos são

grandes ou pequenos, mas que tragam a você a possibilidade de inventar seu futuro. Nos momentos de dúvida,

lembre-se sempre:

O sonho é seu, está dentro de você;

Sonhe com os olhos abertos;

Tenha sonhos em vez de um único e busque o equilíbrio;

Expresse o seu sonho. O segredo deixou de ser a alma do negócio;

Incentive os outros a sonhar. Não seja castrador de sonhos alheios;

Ninguém nasce sortudo. Sorte é preciso crer para ter;

Transforme sonhos em projetos;

Transforme projetos em ação;

VOCÊ É DO TAMANHO DE SEU SONHO!

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Para saber mais...

PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula

A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas Por Ricardo Luiz Marcello

Artigo Disponível em: http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm

Meus cumprimentos a todos os leitores da coluna. É um grande prazer estar compartilhando com vocês as

aplicações da PNL na sala de aula.

Com o texto passado, concluímos uma trilogia sobre a importância do controle emocional do professor antes,

durante e depois das aulas. Definimos o que são estados emocionais e como podemos alterá-los; falamos sobre a

importância da inteligência emocional perante os alunos e, também, como o professor pode realizar uma auto-

avaliação proveitosa, utilizando a experiência do dia-a-dia para aprimorar suas aulas.

Hoje, apresentaremos a estratégia da criatividade de Walt Disney, que poderá ser aplicada no planejamento

das aulas. O processo é simples e fácil de aprender. Sugiro que você pratique as etapas enquanto lê o texto; assim,

ao encerrar a leitura, você já estará apto a utilizar esta mesma estratégia sempre que precisar ser criativo.

Um breve histórico da PNL: a modelagem

Quando éramos crianças, aprendemos a andar, a comer e a nos comunicar observando atentamente os

adultos, imitando-os. Sabíamos que estávamos tendo sucesso ao recebermos mimos e sorrisos de aprovação; por

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outro lado, sabíamos que não estávamos de sucesso (Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson): observaram

fazendo o certo quando recebíamos broncas e olhares de desaprovação...

O nome que a PNL dá para este processo de “observação-e-imitação” é modelagem. Foi isso que Richard

Bandler e John Grinder fizeram na década de 70 com alguns terapeutas e analisaram como esses profissionais

agiam e se comunicavam. A partir dos dados coletados, Bandler e Grinder perceberam que havia padrões verbais e

não-verbais de comportamento em comum a esses terapeutas. A partir desta conclusão, reuniram estes padrões e

codificaram as principais técnicas de PNL.

É, portanto, modelando as pessoas de sucesso que podemos reproduzir suas ações, seus pensamentos e seus

resultados. Na verdade, não deveríamos nunca deixar de lado essa habilidade natural de modelar os outros, pois

esta é uma maneira excelente de dinamizar o processo de aprendizado, seja qual for o assunto que estamos

estudando.

Um dos principais pressupostos da PNL é o de que se alguém pode fazer bem alguma coisa, então todas as

outras pessoas também têm a chance de conseguirem. Segundo Dilts (1998, p. 158), “a PNL examina a maneira

como as pessoas organizam seqüencialmente e usam capacidades mentais fundamentais como a visão, a audição e

a sensação para organizar e agir no mundo ao seu redor.”

Robert B. Dilts foi a pessoa que estudou a vida de grandes personalidades da história, como Aristóteles,

Mozart, Albert Einstein e Walt Disney, entre outros, utilizando a mesma técnica de modelagem de Bandler e

Grinder. Ele pôde, assim, traçar suas estratégias mentais e publicou suas conclusões em três volumes do livro “A

Estratégia da Genialidade”.

Vamos, agora, dar uma olhada na estratégia de criatividade de um dos maiores produtores de desenho da

história do cinema. Vamos conhecer a maneira como Walt Disney concebia, planejava e executava seus fabulosos

projetos que marcaram a nossa era.

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A Estratégia de Criatividade de Walt Disney

“Planejar é fazer um esboço ou esquema que representa uma ideia,

uma ação ou uma série de ações que, ao mesmo tempo,

serve como guia para sua realização. Planejar é antecipar ou

representar algo que virá a ser realizado; é prever uma ação antes de realizá-la.”

(Sacristán, in: Hentschke e Del Ben, 2003, p. 177).

Uma aula bem planejada é sinônima de um bom controle, por parte do professor, do que irá acontecer em

classe. Além disso, é uma atitude de respeito para com os alunos e, também, uma forma de evitar que o processo

de ensino aconteça na base do improviso.

Alguns professores sentem-se bem em não planejar o que vão fazer, pois acham que, assim, suas atitudes em

classe ficarão mais espontâneas. Na verdade, planejar aulas não significa enclausurar as ações; significa traçar um

roteiro de possibilidades criativas, que norteiam o professor e o ajudam a estar tranquilo e seguro perante seus

alunos.

É importante dizer que criatividade não é um dom. Criatividade nada mais é do que um estado emocional que

podemos ativar quando necessário. E o que iremos ensinar neste texto é a forma como Walt Disney acessava seu

“eu criativo”.

A estratégia é simples e você pode aprendê-la rapidamente. Tudo que você precisa fazer é planejar sua aula

adotando três “personalidades” bem diferentes: o sonhador, o realista e o crítico. Dilts (1998, p. 158), ao falar

sobre a estratégia de criatividade de Disney, diz que “a criatividade inclui a síntese de diferentes processos ou

fases. O sonhador é necessário para formar novas ideias e metas. O realista transforma essas ideias em expressões

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concretas. O crítico é um filtro e um estímulo para apurá-las cada vez mais.” A seguir, apresentaremos estas três

etapas do processo com mais detalhes.

Posição do Sonhador

“Walt Disney tinha uma imaginação fabulosa.

Era um sonhador muito criativo.

Sonhar é o primeiro passo para criar um objetivo (...).

Primeiro Disney criava um sonho ou uma visão do filme inteiro.

Imaginava como a história seria vista pelos olhos de

cada personagem e quais seriam seus sentimentos.”

(O’Connor e Seymour, 1996, p. 203).

A primeira coisa que você deve fazer é escolher um local confortável, onde possa divagar à vontade, sem ser

interrompido. Se possível, volte a este lugar sempre que quiser adotar a posição do sonhador, a fim de associá-lo a

um estado emocional de devaneios e fantasias.

Um método bastante utilizado por empresas de publicidade e que pode ser muito útil para a posição do

sonhador é o “brainstorming” (tempestade cerebral), que será apresentado abaixo, com base em Weisinger (1997,

p. 66).

Com um lápis e um papel em mãos, deixe sua mente viajar pelo mundo do “faz de conta”, criando

possibilidades diversas. Visualize internamente as idéias acontecendo (atividades a serem feitas em classe,

explicações diferentes para um mesmo assunto, esquemas visuais interessantes) e anote todas rapidamente,

mesmo que sejam irreais ou malucas. O importante é não reprimir, censurar ou corrigir as idéias, pois elas poderão

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ser, de alguma forma, aproveitadas ou adaptadas mais tarde. Além disso, o bom humor reforçará seu estado

criativo.

Faça de tudo para que suas idéias continuem fluindo. Você pode desenvolvê-las, combiná-las com outras,

imaginar o oposto delas, etc. Talvez seja útil trazer à memória algumas aulas que você ministrou de forma bem-

sucedida e reviver as situações que deram certo. Neste momento, quantidade vale mais do que qualidade. Deixe

que uma idéia puxe a outra e não se esqueça de tomar nota de todas.

Quando julgar que já possui uma boa lista de ideias e quiser encerrar esta etapa, abandone o “lugar do

sonhador” e passe para a próxima etapa da estratégia: a posição do realista.

Posição do Realista

“Depois, [Walt Disney] examinava seu projeto de maneira realista,

levando em consideração o custo, o tempo e os recursos necessários

para sua realização, ou seja, todas as informações fundamentais, para

se certificar de que o sonho poderia se tornar realidade”

(O’Connor e Seymour, 1996, p. 204).

Com a lista de idéias em mãos, esta é a hora de voltar à terra firme, à realidade. Escolha um lugar diferente,

para o qual possa retornar sempre que quiser desfrutar de um estado interior de racionalidade, planejamento e

organização.

Vivencie, em sua imaginação, cada uma das idéias que você anotou sendo colocadas em prática, com a maior

riqueza de detalhes possíveis. Pergunte-se: como poderei realizar meus planos? Viva cada idéia em sua plenitude,

imaginando a classe bem à sua frente, ouvindo sua própria voz enquanto fala com os alunos e sentindo o

movimento de seus próprios gestos enquanto explica o conteúdo da aula.

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Você pode distribuir os assuntos da aula em tópicos, planejando o tempo necessário para abordar cada um

deles. Pense em todos os passos que precisará realizar para ver seu planejamento realmente acontecendo conforme

o esperado. Anote tudo que precisará ter às mãos para colocar as idéias em prática: lousa, canetas coloridas, retro-

projetor, data-show, quantidade de cadeiras, equipamento de som, televisão, DVD, vídeo-cassete, etc.

Pegue aquelas idéias malucas que surgiram e ajuste-as, para que possam também ser colocadas em prática.

Talvez você perceba que não precisará usar todas as idéias que teve enquanto estava na posição do sonhador;

sugiro, neste caso, que você guarde as anotações para uma próxima vez, pois elas poderão lhe servir para uma

próxima aula.

Ao encerrar seu planejamento, saia do “lugar do realista” e avance para a última etapa da estratégia: a

posição do crítico.

Posição do Crítico

“Depois de criar o sonho do filme, [Disney] voltava

a analisá-lo do ponto de vista do público. Ele se perguntava:

„Foi interessante? Foi divertido? Tem alguma coisa que não funciona?‟”

(O’Connor e Seymour, 1996, p. 204).

Nesta posição, você deverá assumir o papel de “chato da história”. Escolha um terceiro lugar diferente, que

lhe inspire um estado emocional de crítico construtivo e para o qual você possa retornar quando quiser assumir

novamente esta posição.

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É a hora de colocar seu plano em teste. Busque os erros, os problemas, as dificuldades e os principais

obstáculos que poderá enfrentar; procure imaginar o que está faltando, o que poderá não funcionar adequadamente

e meça todas as consequências das suas ações.

Sua intenção, aqui, não é destruir seu próprio planejamento, mas sim torná-lo mais eficaz. Você poderá, por

exemplo, imaginar quais as dúvidas mais prováveis que seus alunos terão e, assim, incorporá-las já na explicação

da aula.

Você também pode imaginar um “plano B” para a abordagem dos tópicos, para se prevenir de possíveis

imprevistos. O que você fará, por exemplo, se o data-show não funcionar corretamente? Que outra atividade poderá

realizar com a classe, caso aquela que você planejou não surtir o efeito desejado?

Depois que tiver refletido a partir do ponto de vista do crítico, é bem provável que sua aula será um sucesso!

Caso sentia a necessidade de passar novamente por cada uma das posições, lembre-se de retornar aos mesmos

lugares escolhidos.

Espero que este texto tenha sido realmente bastante útil para você, caro professor. Foram apresentadas,

aqui, as três etapas da estratégia de criatividade de Walt Disney, que você pode utilizar a partir de agora para

planejar suas aulas com mais eficiência.

Logo abaixo desse texto, há um link onde você pode escrever seus comentários, os quais serão muito bem-

vindos! Em nosso próximo encontro, falaremos sobre como é possível cativar a classe e estabelecer com os alunos

uma forte sensação de empatia (rapport).

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Referências Bibliográficas

BERNARDES, Sirlei. Acorda Professor – PNL na Arte de Educar. Campinas: Komedi, 2003.

CAPRIO, Frank S.; BERGER, Joseph R. Ajuda-te pela Auto-Hipnose. São Paulo: Papelivros, s.d.

DILTS, Robert B. A estratégia da genialidade, vol. I. São Paulo: Summus, 1998.

HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (org.). Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula.

São Paulo: Moderna, 2003.

O’CONNOR, Joseph. Manual de Programação Neurolingüística. Rio de Janeiro: Qualitymark: 2004.

O’CONNOR, Joseph; SEYMOUR, John. Treinando com a PNL. São Paulo: Summus, 1996.

PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 2004.

ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best Seller, 2001.

WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala. Petrópolis: Vozes, 2002.

WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

Prefiro divertir as pessoas, na esperança

de que elas aprendam, ao invés de ensinar

as pessoas, na esperança de que elas se

divirtam” (Walt Disney)

Bye!

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Tempo estimado 2 horas

O coordenador deverá fazer uma retrospectiva das quatro oficinas com os JPPEAS, tendo como fio condutor a

análise de cada oficina e o que elas contribuíram para dar asas aos sonhos e utopias dos jovens.

Culminância: Assistir o filme: Fernão Capelo Gaivota - 1 hora 30 min

Sinopse

Filme para quem gosta de ver o movimento. Livro para quem gosta das palavras e imaginar. Como os

movimentos que fazemos afeta os demais. Uma história de liberdade, de como se pode conhecer o outro e a si

mesmo. Este filme que marcou uma geração e transformou o livro de Richard Bach num best-seller que vendeu 40

milhões de cópias e viajou por 70 países do mundo.

5º DIA ENCERRAMENTO E AVALIAÇÃO

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Fernão Capelo Gaivota é uma ave quem não se contenta em voar apenas para comer. Ele tem prazer em voar

e esforça-se em aprender tudo sobre vôo. Por ser diferente do bando, é expulso. Com excelente trilha sonora de

Neil Diamond e magnífica fotografia, o filme é uma parábola. Faz uma analogia entre o homem e a gaivota, no

sentido de mostrar as dificuldades de superação dos limites, do encontro com a liberdade verdadeira, pautada no

amor e na compreensão do outro.

Para quem quiser ler...

”Não se preocupe em tomar a decisão certa... Pois ela não existe..."

Fernão Capelo Gaivota

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Como a canção em busca da voz que é Silêncio. E a que Deus comporá para teu caminho.

Fernão Capelo Gaivota

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BOM TRABALHO!

O sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de

fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.

E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.

Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para

aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre.

E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

Disponível: http://pensador.uol.com.br/sonho_poema_de_clarice_lispector/

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, Ana Maria Haddad. Educação, Ensino&Literatura: propostas para reflexão. São Paulo: Arte-

Livros Editora, 2011.

CERQUEIRA, Monique Borba. Pobres resistência e criação: personagens no encontro da arte com a vida. São Paulo: Cortez, 2010.

DINIZ, Ligia. (Org.) Mitos e Arquétipos na Arteterapia: rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de

Janeiro: Wak Editora, 2010.

DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo, Editora de Cultura, 2003.

FRIEDMANN, Adriana. Dinâmicas Criativas. Um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis,

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GERALDI, Fabiana. Adolescência: uma passagem mitológica – Mito de Parsifal. In DINIS, Ligia (org.) Mitos e Arquétipos na Arterapia: os rituais para se alcançar o inconsciente. Rio de Janeiro: Wak

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GRUPO DOS 35. Portugal Primeiro: Empreendedores precisam-se. Lisboa, Sílabo, 2011.

HAZIN, Elizabeth. Uma linguagem infantil. In Anais do Congresso Brasileiro de Literatura Infantil e Juvenil.

Rio de Janeiro, Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, FNLIJ, 1985.

INSTITUTO BEM DA TERRA. http://institutobemdaterra.wix.com/ibt

MARCELLO, Ricardo Luiz. PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUISTICA - PNL na sala de aula: A estratégica da criatividade de Disney no planejamento das aulas Artigo Disponível em:

http://www.portalcmc.com.br/saladeaula05.htm

SPLETTSTOSER. Dr.Jorge Gutemberg. Programação Neurolinguística - COACH em gestão – Hipnose- http://www.terceiraidadenainternet.com.br/

RAMOS, Antônio Carlos. A arte de construir cidadãos: as 15 lições da pedagogia do amor. São Paulo:

Cerebris, 2004.

SOUZA, César. O Tamanho do sonho. Disponível em: www.icarobrasil.com.br