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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute
NUacuteCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZOcircNICOS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM DESENVOLIMENTO SUSTENTAacuteVEL DO
TROacutePICO UacuteMIDO
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Beleacutem
2006
2
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de
Mestre em Planejamento do Desenvolvimento
Orientador Prof Dr Marcos Ximenes Ponte
Beleacutem
2006
3
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do
grau de Mestre em Planejamento do
Desenvolvimento
Aprovada em ___________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma
EMBRAPA - Amazocircnia Oriental
Examinador Externo
4
Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de
pequenas empresas concentradas em um territoacuterio
especializadas em todas as fases de produccedilatildeo
recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou
internacional
A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de
pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e
princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo
promove uma vida de melhor qualidade para todos
malusebraecombr
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha
caminhada com sucesso
Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e
disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo
Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K
Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do
projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho
Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos
Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna
Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional
Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade
Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho
dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso
Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante
os periacuteodos de convivecircncia
Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz
Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande
utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa
Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET
UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e
em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes
Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela
concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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PAULA J O desenvolvimento local amp gestatildeo compartilhada Artigo originalmente
elaborado em novembro de 2000 para a inclusatildeo no livro ldquo Brasil Compartilhadordquo 2000 p 5
PORTER M E A Vantagem Competitiva das Naccedilotildees traduccedilatildeo de Bazan Tecnologia e
Linguumliacutestica Rio de Janeiro Campus 1998
117
SALMON DV Como Fazer uma Monografia 10 ed Satildeo Paulo Martins Fontes 2001
SANCHES E Desenvolvimento de Imperatriz um convite agrave reflexatildeo e agrave accedilatildeo O Progresso
Imperatriz 220204 Caderno Extra Seacuterie ldquoLeituras e releituras para pensar e fazer
Imperatriz 08rdquo
SICSUacuteL Abraham B LIMA Joatildeo Policarpo Teoria econocircmica e economia brasileira
desenvolvimento regional e poacutelos de base local reflexotildees e estudo de caso Revista
Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 n especial p 160-183 jul 1997
SILVA Joseacute de Castro OLIVEIRA Joseacute Tarcisio Silva Diagnoacutestico do setor moveleiro no
Brasil Viccedilosa UFV 2001
SEVE L Meacutetodo estrutural e Meacutetodo Dialeacutetico In BALLET R et al Estruturalismo e
marxismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1968 p 103-146
SHOLZ I Comeacutercio meio Ambiente e Competitividade o caso da induacutestria madereira do
Paraacute Beleacutem SECTAM 2002
SOUZA Andreacute Luiz Lopes de Desenvolvimento Sustentaacutevel Manejo Florestal e o Uso
dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA
2002
VELASQUEZ F PLAZA J GUTIERREZ B et Al Meacutetodo de planificacioacuten del
desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad
y competitividad Hay ISNAR 1998
VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro
Joseacute Olympio 1994
WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005
118
Apecircndice
2
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do grau de
Mestre em Planejamento do Desenvolvimento
Orientador Prof Dr Marcos Ximenes Ponte
Beleacutem
2006
3
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do
grau de Mestre em Planejamento do
Desenvolvimento
Aprovada em ___________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma
EMBRAPA - Amazocircnia Oriental
Examinador Externo
4
Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de
pequenas empresas concentradas em um territoacuterio
especializadas em todas as fases de produccedilatildeo
recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou
internacional
A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de
pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e
princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo
promove uma vida de melhor qualidade para todos
malusebraecombr
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha
caminhada com sucesso
Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e
disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo
Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K
Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do
projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho
Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos
Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna
Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional
Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade
Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho
dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso
Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante
os periacuteodos de convivecircncia
Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz
Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande
utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa
Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET
UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e
em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes
Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela
concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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KUPFER David HASENCLEVER Lia Economia Industrial fundamentos teoacutericos e
praacuteticos no Brasil Rio de Janeiro Campus 2002
KOCKA J Objeto Conceito e Interesse In GERTZRE (org) Max Weber amp Karl Marx
Satildeo Paulo HUCITEC 1994
KUHN TS A estrutura das revoluccedilotildees cientiacuteficas Satildeo Paulo Perspectiva 1975
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Satildeo Paulo Nobel 1990
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economia poliacutetica V I Satildeo Paulo Abril cultural 1983 p 70 -78
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SANCHES E Desenvolvimento de Imperatriz um convite agrave reflexatildeo e agrave accedilatildeo O Progresso
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Imperatriz 08rdquo
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desenvolvimento regional e poacutelos de base local reflexotildees e estudo de caso Revista
Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 n especial p 160-183 jul 1997
SILVA Joseacute de Castro OLIVEIRA Joseacute Tarcisio Silva Diagnoacutestico do setor moveleiro no
Brasil Viccedilosa UFV 2001
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marxismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1968 p 103-146
SHOLZ I Comeacutercio meio Ambiente e Competitividade o caso da induacutestria madereira do
Paraacute Beleacutem SECTAM 2002
SOUZA Andreacute Luiz Lopes de Desenvolvimento Sustentaacutevel Manejo Florestal e o Uso
dos Recursos Madeireiros na Amazocircnia desafio possibilidades e limites Beleacutem NAEA
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VELASQUEZ F PLAZA J GUTIERREZ B et Al Meacutetodo de planificacioacuten del
desarrollo tecnoloacutegico en cadenas industriales que integran principio de sostentabilidad
y competitividad Hay ISNAR 1998
VELOSO Joatildeo Paulo dos Reis A construccedilatildeo da modernidade econocircmica Rio de Janeiro
Joseacute Olympio 1994
WET BLUE Maranhatildeo Industrial Satildeo Luis ano 2 n7 p17 julago 2005
118
Apecircndice
3
RUI ALVES DE ANDRADE
ANAacuteLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA INDUacuteSTRIA MOVELEIRA NA REGIAtildeO
DE IMPERATRIZ
Dissertaccedilatildeo apresentada para obtenccedilatildeo do
grau de Mestre em Planejamento do
Desenvolvimento
Aprovada em ___________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________ Prof Dr Marcos Ximenes Ponte (Orientador)
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Faacutebio Carlos da Silva
NAEAUFPA
______________________________________________ Prof Dr Alfredo Kingo Oyama Homma
EMBRAPA - Amazocircnia Oriental
Examinador Externo
4
Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de
pequenas empresas concentradas em um territoacuterio
especializadas em todas as fases de produccedilatildeo
recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou
internacional
A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de
pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e
princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo
promove uma vida de melhor qualidade para todos
malusebraecombr
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha
caminhada com sucesso
Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e
disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo
Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K
Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do
projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho
Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos
Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna
Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional
Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade
Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho
dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso
Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante
os periacuteodos de convivecircncia
Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz
Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande
utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa
Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET
UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e
em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes
Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela
concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
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melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
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eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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118
Apecircndice
4
Produccedilatildeo em grande escala pode ser obtida por uniatildeo de
pequenas empresas concentradas em um territoacuterio
especializadas em todas as fases de produccedilatildeo
recorrendo a um uacutenico mercado nacional ou
internacional
A cultura da cooperaccedilatildeo eacute uma filosofia uma forma de
pensar e agir que pressupotildee a crenccedila em valores e
princiacutepios humaniacutesticos de colaboraccedilatildeo em que a uniatildeo
promove uma vida de melhor qualidade para todos
malusebraecombr
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha
caminhada com sucesso
Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e
disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo
Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K
Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do
projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho
Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos
Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna
Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional
Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade
Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho
dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso
Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante
os periacuteodos de convivecircncia
Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz
Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande
utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa
Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET
UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e
em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes
Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela
concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
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melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
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eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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118
Apecircndice
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pela concessatildeo da graccedila de poder concluir mais uma etapa de minha
caminhada com sucesso
Ao Professor Doutor Marcos Ximenes Ponte pela serenidade dedicaccedilatildeo e
disponibilidade durante todo o periacuteodo de segura orientaccedilatildeo
Aos Professores Doutores Iacutendio Campos Faacutebio Carlos da Silva e Alfredo K
Homma pela contribuiccedilatildeo atraveacutes de sugestotildees e criacuteticas nos processos de qualificaccedilatildeo do
projeto e defesa da dissertaccedilatildeo cujo resultado foi o aperfeiccediloamento do trabalho
Agrave Universidade Federal do Paraacute - UFPA e ao Nuacutecleo de Altos Estudos
Amazocircnicos ndash NAEA representados pelas Professoras Doutoras Teresa Ximenes e Edna
Castro pela dedicaccedilatildeo e crenccedila na realizaccedilatildeo plena deste curso de mestrado interinstitucional
Agrave Faculdade de Imperatriz - FACIMP na pessoa do Dr Antonio Leite Andrade
Professora Dorlice Andrade Professor Edgar Oliveira Santos e colaboradores pelo empenho
dispensado para a viabilizaccedilatildeo do curso
Aos colegas de curso pelo companheirismo disponibilidade e cooperaccedilatildeo durante
os periacuteodos de convivecircncia
Ao Administrador de Empresas e consultor do SEBRAE em Imperatriz
Francisco Barbosa da Silva pela disponibilizaccedilatildeo de informaccedilotildees e dados de grande
utilidade para a complementaccedilatildeo dos trabalhos de pesquisa
Agrave Diretoria do Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Maranhatildeo ndash CEFET
UNED na pessoa dos Professores Francisco Alberto G Filho e Rubeny Briacutegida Ubaldo e
em especial aos servidores lotados na Divisatildeo de Contabilidade Ubiratan Vicente Gomes
Mascarenhas Deuselina Lopes da Silva Serejo e Maria Ceacutelia Ramos Silva pela
concordacircncia sempre dispensada aos meus requerimentos de afastamento para o curso
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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118
Apecircndice
6
Agrave Universidade Federal do Maranhatildeo - UFMA Campos II atraveacutes do Professor
Doutor Antonio Jefferson de Deus que na condiccedilatildeo de Diretor foi sempre um
incentivador incondicional da minha ascensatildeo ao mestrado
Agrave Professora Ms Ceacutelia Maria Braga Carneiro da Universidade Federal do Cearaacute
ndash UFC por me fazer despertar o interesse sobre a importacircncia temaacutetica das Cadeias
Produtivas ideacuteia que se transformou em objeto deste trabalho
Agraves colegas de trabalho Ana Maria Sousa Renilda Soares Ana Cristina e ao
Contador Joseacute G Teodoro pelas contribuiccedilotildees na organizaccedilatildeo teacutecnica e normativa
Agrave minha famiacutelia pela dedicaccedilatildeo e o apoio em todos os momentos e em especial a
Valdaacutelia pelos trabalhos de revisatildeo ortograacutefica
Aos empresaacuterios do setor moveleiro em Imperatriz e Joatildeo Lisboa Alair Chaves de
Miranda ldquoMoema Moacuteveisrdquo Bismak Jorge ldquoSerraria Imperatrizrdquo e Luiz da Silva Dimas ldquoD6
Moacuteveisrdquo pelos importantes esclarecimentos prestados pessoalmente sobre a historicidade e
as perspectivas para induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz
Ao Contador e ex-aluno do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da FACIMP Francisco
Gonccedilalves de Andrade pela aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios de pesquisa sobre a induacutestria
moveleira no Municiacutepio de Accedilailacircndia
Aos alunos do Curso de Ciecircncias Contaacutebeis da Universidade Federal do
Maranhatildeo e da Faculdade de Imperatriz pelo muito que aprendi atraveacutes do intercacircmbio de
experiecircncias compartilhadas em sala de aula
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
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melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
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eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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Apecircndice
7
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local 89
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo 91
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 93
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local 94
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores 96
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo 96
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio 97
Graacutefico 9 ndash Media de vendas mensal 98
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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Imperatriz 08rdquo
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118
Apecircndice
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado
25
Figura 2 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado de Maranhatildeo 29
Figura 3 Localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional 30
Figura 4 Rotas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo 60
Figura 5 Sistema Ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo 61
Figura 6 Cadeia produtiva de madeira e moacuteveis 67
Figura 7 Concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis 78
Figura 8 Distritos Industriais Projetados 101
Figura 9 Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis 107
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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Apecircndice
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais 43
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL 69
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos 72
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades 77
Quadro 5 Induacutestrias filadas ao SINDIMIR 84
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais Estados exportadores de moacuteveis em 2004 24
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB maranhense 62
Tabela 3 Seacuterie histoacuteria do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo Nordeste 63
Tabela 4 Iacutendice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Estados do Nordeste 64
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado 75
Tabela 6 Principais municiacutepios produtores de moacuteveis no Brasil 76
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo 88
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo-de-obra loca 89
Tabela 9 Grau de importacircncia agraves formas de cooperaccedilatildeo 90
Tabela 10 Atuaccedilatildeo instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local 92
Tabela 11 Fatores que limitam o desenvolvimento local 94
Tabela 12 Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio 99
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMOVEL Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria do Mobiliaacuterio
ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Norma Teacutecnicas
ACII Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz
ADAM Agecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
ADENE Agecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
AMMAR Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco Cearaacute
APL Arranjo Produtivo Local
ASSIMPOLO Associaccedilatildeo das Induacutestrias do Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
BASA Banco da Amazocircnia SA
BB Banco do Brasil SA
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econocircmico e Social
CEF Caixa Econocircmica Federal
CEFET Centro Federal de Educaccedilatildeo Tecnoloacutegica
CFN Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste
COEXIMIR Consoacutercio de Exportaccedilatildeo de Imperatriz
CVRD Companhia Vale do Rio Doce
DLIS Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel
ECIB Estudo da Competitividade Brasileira
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria
FACIMP Faculdade de Imperatriz
FAEMA Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo
FGV Fundaccedilatildeo Getulio Vargas
FIEMA Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Maranhatildeo
12
GEPLAN Gerecircncia Estadual de Planejamento
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano
IPEA Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada
MCT Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
MDF Meacutedium Density Fiberboard ndash fibra de madeira media densidade
MDIC Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior
MMA Ministeacuterio do Meio Ambiente
NAEA Nuacutecleo de Altos Estudos Amazocircnicos
OCDE Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo do desenvolvimento
ONGs Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais
PampD Pesquisa e Desenvolvimento
PBD Programa Brasileiro de Design
PIB Produto Interno Bruto
PMES Pequenas e Meacutedias Empresas
PROMOVEL Programa Brasileiro de Incremento agrave Exportaccedilatildeo de Moacutevel
PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar
RAIS Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais
SEBRAE Serviccedilo de Apoio agrave Pequena e Meacutedia Empresa
SECEX Secretaria de Comercio Exterior
SENAI Serviccedilo Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMIR Sindicato da Induacutestria Madeireira e Moveleira de Imperatriz
SUDAM Superintendecircncia de Desenvolvimento da Amazocircnia
SUDENE Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste
UFMA Universidade Federal do Maranhatildeo
13
UFPA Universidade Federal do Paraacute
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP Universidade de Satildeo Paulo
14
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar o atual estaacutegio de desenvolvimento em que se encontra
a induacutestria moveleira na regiatildeo de Imperatriz que aleacutem de Imperatriz inclui os municiacutepios de
Acailacircndia e Joatildeo Lisboa no Maranhatildeo bem como a sua importacircncia social e econocircmica por
considerar que o ambiente reuacutene vaacuterios elementos capazes de caracterizaacute-lo como um arranjo
produtivo local de relativa grandeza especialmente pela tradiccedilatildeo quantidade de
empreendimentos existentes e a proximidade entre eles O que se denomina de arranjo
produtivo local refere-se aos diferentes tipos de aglomeraccedilotildees produtivas tratados na
literatura e serviraacute de base teoacuterica para as outras fundamentaccedilotildees a seguir Analisa-se o grau
de cooperaccedilatildeo entre as firmas da regiatildeo de Imperatriz e as instituiccedilotildees de apoio e promoccedilatildeo
do setor de madeira e moacuteveis e os possiacuteveis ganhos caracteriacutesticos das economias de
aglomeraccedilatildeo por se considerar que a capacitaccedilatildeo produtiva em tese natildeo tem maiores
progressos em ambientes isolados A evoluccedilatildeo dos arranjos produtivos locais historicamente
vem acontecendo em espaccedilos que adotam como regra a cooperaccedilatildeo e a interaccedilatildeo entre os
agentes sempre no sentido de se criar a ambiecircncia institucional capaz de promover mudanccedilas
positivas Por fim de forma individualizada analisa-se os municiacutepios de Acailacircndia e Joatildeo
Lisboa enfocando as suas respectivas peculiaridades durante a trajetoacuteria da industrializaccedilatildeo
de madeira e moacuteveis
PALAVRAS-CHAVE Induacutestria Moveleira Arranjos Produtivos Locais Desenvolvimento
Local Competitividade Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica Cadeias Produtivas
15
ABSTRACT
This work aims to analyze the current level of development in which the furniture industry is
in the area of Imperatriz that besides Imperatriz includes the districts of Accedilailandia and Joatildeo
Lisboa in Maranhatildeo as well as its social and economical importance by considering that the
environment presents several elements capable of characterizing it as a local arrangement of
productivity of relative greatness especially for the tradition amount of existent enterprises
and the proximity among them What is called of local arrangement of productivity refers to
the different types of productive agglomeration treated in literature and will be used as
theoretical recital for other basis to be followed The cooperation degree is analyzed among
the companies in Imperatriz area and the support institutions and promotion of the log and
furniture sector and the possible earnings characteristic of economies of agglomeration
considering that the productive training in theory doesnt have a large progress in isolated
regions The evolution of the local productive arrangements historically has been happening
in spaces that adopt as rule the cooperation and the interaction among the agents always in
the sense of creating the institutional environment capable of promoting positive changes
Finally in an individualized way the districts of Accedilalinadia and Joatildeo Lisboa are analyzed
focusing their respective peculiarities during the destination of log and furniture
industrialization
KEY-WORDS Furniture Industry Local Productive Arrangements Local
Development Competitiveness Technological Innovation Productive
Network
16
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 18
1 PROBLEMATIZACAtildeO 20
11 Identificaccedilatildeo 20
12 Objetivo geral 26
13 Estrutura do Estudo 27
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ 29
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica 29
22 Antecedentes histoacutericos 30
23 Potencialidades 31
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo 33
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL 35
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
35
311Metodologias e proposiccedilotildees 44
312 Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo 45
313 Diagnoacutestico preliminar 46
314 Elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo 48
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilotildees permanentes 48
32 O desenvolvimento regional no Brasil 50
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto 51
322 Fatores condicionantes da atual poliacutetica de desenvolvimento regional 53
33Competitividade 54
331 Dimensotildees da competitividade 55
34 Inovaccedilatildeo 56
17
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo 57
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO 60
41 Os padrotildees de crescimento e de desenvolvimento do Estado 60
42 Os Arranjos e sistemas produtivos locais 65
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento 70
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL 74
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional 74
52 Estimativas de crescimento da induacutestria moveleira nacional 79
6 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS DA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ 81
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva 81
62 Histoacuterica 82
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia 98
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas 103
64 Joatildeo Lisboa 104
641 A proximidade da mateacuteria prima e a facilidade de acesso 106
642 A disponibilidade de matildeo-de-obra local 106
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 109
REFEREcircNCIAS 113
APEcircNDICE 118
18
INTRODUCcedilAtildeO
A regiatildeo Sul do Maranhatildeo1 jaacute reuacutene e tende a ampliar uma diversidade de cadeias
produtivas2 baseadas em vaacuterios segmentos especialmente no setor agro-industrial no entanto
os estudos e levantamentos realizados por oacutergatildeos governamentais e outros revelam que os
elos das respectivas cadeias ainda se apresentam muito fragmentados principalmente pela
quantidade de empreendimentos informais ainda existentes
O trabalho apresentado tem como objetivo principal pesquisar e conhecer os
niacuteveis de interaccedilatildeo e cooperaccedilatildeo existente entre as firmas do setor moveleiro da regiatildeo de
Imperatriz3 e os possiacuteveis ganhos decorrentes deste processo de aglomeraccedilatildeo que
naturalmente vem acontecendo no entorno da cidade de Imperatriz e os municiacutepios de Joatildeo
Lisboa Accedilailacircndia Buriticupuacute e Itinga do Maranhatildeo que juntos jaacute reuacutenem algo em torno de
130 estabelecimentos trabalhando na mesma atividade
O espaccedilo delimitado para os fins do estudo ficou restrito a Imperatriz Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa por serem alem de mais representativos estarem localizados numa proximidade
maior entre si A obtenccedilatildeo das informaccedilotildees de natureza primaacuteria envolveu a aplicaccedilatildeo de
questionaacuterios e a realizaccedilatildeo de entrevistas junto agraves empresas e as instituiccedilotildees que atuam na
promoccedilatildeo do desenvolvimento na regiatildeo como os sindicatos associaccedilotildees e a representaccedilatildeo
local do Sebrae
O setor de madeira e moacuteveis tradicionalmente representa para a regiatildeo uma fonte
importante de geraccedilatildeo de emprego e renda e em funccedilatildeo da quantidade de estabelecimentos e
1 Os Municiacutepios de Imperatriz Acailacircndia Joatildeo Lisboa Porto Franco Campestre Estreito Carolina e Balsas
satildeo exemplos de espaccedilos dos mais importantes inseridos no contexto da economia regional e geograficamente
situados na regiatildeo Sul do Estado do Maranhatildeo 2 A abordagem adotada nesse estudo sobre cadeias produtivas refere-se agrave anaacutelise econocircmica que utiliza o uso
destas para aplicabilidade na construccedilatildeo de clusters visando o desenvolvimento auto-sustentaacutevel em uma
determinada regiatildeo geograacutefica destacando-se nesse trabalho uma investigaccedilatildeo sobre a regiatildeo de Imperatriz 3 De acordo com os conceitos de espaccedilos econocircmicos e regiotildees a cidade de Imperatriz se constitui como o
centro urbano de uma regiatildeo polarizada por ser um poacutelo que concentra atividades industriais comerciais e de
serviccedilos em torno do qual gravitam centros menores com abrangecircncia aos Estados do Paraacute e Tocantins
19
proximidade presume-se a existecircncia de um certo grau de sinergias proveniente da
especializaccedilatildeo produtiva justificando portanto o seu estudo pela da necessidade de se
explicar a sua trajetoacuteria e as contradiccedilotildees que se apresentam
Ao se estudar todos estes aspectos presume-se que o presente trabalho poderaacute
ainda servir de instrumento na identificaccedilatildeo dos gargalos que de uma forma ou de outra
dificultam a prosperidade dos empreendimentos aleacutem de contribuir com as articulaccedilotildees entre
governos instituiccedilotildees e outros atores que estejam direta ou indiretamente envolvidos com o
processo de desenvolvimento do Estado e dos Municiacutepios pesquisados
Nesta perspectiva procura-se direcionar o trabalho para uma abordagem de
caraacuteter territorial enfocando a temaacutetica do desenvolvimento da pequena induacutestria local entre
os objetivos maiores priorizando-se por conseguinte a promoccedilatildeo de um ambiente
institucional mais favoraacutevel ao fortalecimento e a criaccedilatildeo de novos estabelecimentos da
cadeia produtiva em estudo
O trabalho apresentado estaacute dividido em 07 unidades analiticamente abordadas na
seccedilatildeo que desenvolve a estrutura do estudo Na primeira unidade se faz uma contextualizaccedilatildeo
entre a perspectiva teoacuterica e a problemaacutetica do arranjo produtivo local de madeira e moacuteveis na
regiatildeo de Imperatriz4 Na segunda dos aspectos relativos agrave caracterizaccedilatildeo do municiacutepio de
Imperatriz Na terceira faz uma abordagem teoacuterica sobre a categoria desenvolvimento local e
regional Na quarta unidade descreve-se a atual composiccedilatildeo dos arranjos produtivos locais no
Estado do Maranhatildeo Na quinta e sexta unidades o enfoque eacute dado sobre a induacutestria de moacuteveis
no Brasil e na regiatildeo de Imperatriz respectivamente Por fim na seacutetima uacuteltima trata-se das
consideraccedilotildees finais e as perspectivas para a induacutestria de madeira e moacuteveis na regiatildeo de
Imperatriz
4 Reitera-se que para os fins especiacuteficos deste trabalho usa-se o termo ldquoRegiatildeo de Imperatrizrdquo para caracterizar
o espaccedilo de maior destaque no setor moveleiro em estudo como tambeacutem ldquocidade de Imperatrizrdquo Acailacircndia
Joatildeo Lisboa Itinga e Buriticupuacute quando se trata de aspectos mais localizados
20
1 PROBLEMATIZACAtildeO
11 Identificaccedilatildeo
O surgimento de uma nova forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo vem sendo
destaque em toda a literatura da economia industrial fato que se observa principalmente a
partir de 1980 caracterizada pela formaccedilatildeo de conglomerados de empresas Trata-se de uma
forma de organizaccedilatildeo que se sobressai ao capacitar as Pequenas e Meacutedias Empresas - PMEs a
enfrentarem o processo de liberalizaccedilatildeo econocircmica e a difusatildeo do novo paradigma
tecnoloacutegico
A importacircncia dada agrave localidade eacute uma caracteriacutestica paradoxal do debate recente
sobre vantagem competitiva nos mercados globais A respeito da globalizaccedilatildeo e da
emergecircncia de redes globais de comunicaccedilatildeo os autores tem enfatizado a importacircncia da
proximidade geograacutefica e fontes locais de competitividade Termos como sinergia
competitividade sistecircmica sistemas de inovaccedilatildeo local ou eficiecircncia coletiva tem estado
sempre em evidecircncia A organizaccedilatildeo das pequenas e meacutedias empresas em sistemas locais
propicia a geraccedilatildeo de economias de aglomeraccedilatildeo definidas como um ativo coletivo
compartilhado por um grupo de firmas constituiacutedo de uma infra-estrutura fiacutesica ou de
conhecimento necessaacuteria agrave sustentaccedilatildeo e crescimento dessas Os arranjos produtivos tecircm o
papel de facilitadores na construccedilatildeo de vantagens competitivas dinacircmicas
A cooperaccedilatildeo5 em aglomerados permite o incremento da base tecnoloacutegica
produtividade e qualidade do sistema operacional entre PMErsquos Dentre muitas vantagens
algumas merecem destaque havendo prevalecircncia da composiccedilatildeo entre empresas
compartilhamento de atividades comuns desde compras integradas a capacitaccedilatildeo de matildeo-de-
5 O significado geneacuterico de cooperaccedilatildeo eacute o de trabalhar em comum envolvendo relaccedilotildees de confianccedila muacutetua e
coordenaccedilatildeo em niacuteveis diferenciados entre os agentes
21
obra marketing em conjunto pesquisas de mercados contrataccedilatildeo de serviccedilos de logiacutestica
acessibilidade agrave informaccedilatildeo tecnoloacutegica aceleraccedilatildeo de processos produtivos alcance da
competitividade e minimizaccedilatildeo de custos atraveacutes da qualificaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo das empresas
agregaccedilatildeo de maior valor aos produtos e acesso a creacuteditos
Para compreender a dinacircmica das economias regionalizadas analisa-se o conceito
de cluster ndash aglomeraccedilotildees de pequenas e meacutedias empresas concentradas geograficamente
Essa reuniatildeo de diversas empresas do mesmo setor permite a obtenccedilatildeo de uma flexibilidade
produtiva com especializaccedilatildeo atraveacutes de accedilotildees articuladas de forma cooperativa (eficiecircncia
coletiva) para obter maiores vantagens competitivas
A caracterizaccedilatildeo do cluster e as relaccedilotildees ldquoentre-firmasrdquo na induacutestria relaccedilatildeo
ldquoentre-firmasrdquo com fornecedores e instituiccedilotildees de apoio possibilitam conhecer os pontos
fortes e os pontos fracos do conjunto de empresas
La OCDE destaca la importacircncia de los clusters y aglomeraciones regionales para la
creacioacuten y el desarrollo de ciacuterculos virtuosos de interaccion y retroalimentacioacuten
(virtuous circles of interation and feedback) entre la acumulacioacuten de capital fiacutesico la
elevacioacuten del capital humano la acumulacioacuten tecnoloacutegica y la competividad
empresarial (HURTIENE amp MESSNER 1994 p 84)
Assim torna-se possiacutevel estabelecer estrateacutegias poliacuteticas de promoccedilatildeo de
desenvolvimento do cluster
A realidade brasileira no caso da induacutestria de moacuteveis assim como tantas outras
satildeo ainda caracterizada pela informalidade6 A informalidade gera ineficiecircncia em toda a
cadeia industrial dificultando por exemplo a introduccedilatildeo de normas teacutecnicas que atuariam na
padronizaccedilatildeo dos moacuteveis assim como das suas partes e componentes intermediaacuterios
6 Na regiatildeo de Imperatriz os dados da pesquisa realizada pelo SEBRAE 2003 revelam que a informalidade
chega a 72 dos estabelecimentos
22
A difusatildeo de novas mateacuterias-primas para a confecccedilatildeo do moacutevel como as madeiras
reflorestaacuteveis em que o pais teria grandes vantagens competitivas pela dimensatildeo
das florestas plantadas eacute dificultada pelos seguintes fatores a) faacutecil acesso agraves
florestas nativas b) carecircncia de fornecedores experientes no plantio especializado
assim como no processamento primaacuterio e secundaacuterio da madeira (essas uacuteltimas
etapas exigem elevados investimentos na secagem e corte) c) baixos investimentos
no projeto e no desing moveleiro gerando pequena demanda da induacutestria por novos
materiais d) inexistente interaccedilatildeo da induacutestria moveleira com o consumidor final
prejudicando a identificaccedilatildeo de novas tendecircncias do mercado (GORINE 2000 p
34)
O Governo Federal vem apoiando iniciativas de desenvolvimento do setor
estudando a cadeia produtiva para estabelecer estrateacutegias de apoio especialmente pelas
perspectivas exportadoras em possibilidades de geraccedilatildeo de emprego Em Santa Catarina na
regiatildeo do Planalto Norte encontra-se o cluster de Satildeo Bento do Sul7 especializado na
produccedilatildeo de moacuteveis de alto e meacutedio padratildeo A induacutestria de moacuteveis representa a base da
economia da regiatildeo
Jaacute se observou que o termo regiatildeo eacute empregado em situaccedilotildees muito diversas
apresentando uma variedade de significados De qualquer forma a ideacuteia de regiatildeo eacute
frequumlentemente associada a certa uniformidade ou homogeneidade Assim por
exemplo Regiatildeo do Pantanal Regiatildeo do ABC Paulista Regiatildeo da Baixada
Fluminense Regiatildeo do Cerrado Regiatildeo do Agreste satildeo exemplos que apresentam
impliacutecita a ideacuteia de homogeneidade A Regiatildeo tecircxtil de Santa Catarina constitui
uma regiatildeo homogecircnea do ponto de vista da presenccedila de faacutebricas de fios e tecidos
A regiatildeo dos Mineacuterios nas proximidades de Curitiba constitui uma regiatildeo
homogecircnea quanto agrave presenccedila de atividades de mineraccedilatildeo e industrializaccedilatildeo de
minerais natildeo metaacutelicos (CLEMENTE 2000 p 16)
O cluster de Satildeo Bento do Sul e regiatildeo destaca-se pela alta concentraccedilatildeo de
empresas num espaccedilo geograacutefico pequeno com uma evoluccedilatildeo histoacutericocultural especiacutefica
que conduziu agrave especializaccedilatildeo do poacutelo moveleiro sendo um dos mais importantes do Brasil
7 O cluster industrial moveleiro da regiatildeo de Satildeo Bento do Sul eacute o principal no Estado de Santa Catarina e de
maior destaque no Brasil pela sua capacidade exportadora representando em torno de 37 das exportaccedilotildees
nacionais e 40 da economia de Satildeo Bento do Sul
23
consolidando a capacidade tecnoloacutegica e especializaccedilatildeo produtiva bem como experiecircncia e
matildeo-de-obra qualificada permitindo a sua internacionalizaccedilatildeo
Outros grandes poacutelos moveleiros do Brasil estatildeo concentrados nos Estados de
Minas Gerais nas cidades de Ubaacute Bom Despacho e Martinho Campos no Estado do Espiacuterito
Santo em Linhares e Colatina no Estado do Paranaacute em Arapongas no Estado de Satildeo Paulo
nas cidades de Votuporanga Mirassol Jaci Baacutelsamo Neves Paulista e Tupatilde e no Rio Grande
do Sul em Bento Gonccedilalves e Lagoa Vermelha ldquoO municiacutepio de Bento Gonccedilalves eacute o maior
poacutelo moveleiro do Rio Grande do Sul ndash representa 9 da produccedilatildeo nacionalrdquo (GORINE
2000 p 44)
De acordo com a Relaccedilatildeo de Informaccedilotildees Sociais ndash RAIS 2002 a induacutestria
brasileira de moacuteveis eacute formada por mais de 16000 micro pequenas e medias empresas que
geram mais de 195000 empregos de capital nacional em sua maioria satildeo empresas
familiares muito fragmentadas e caracteriza-se principalmente por dois aspectos
a) elevado nuacutemero de micro e pequenas empresas em um setor de capital
majoritariamente nacional
b) grande absorccedilatildeo de matildeo de obra
Com o aumento havido nas exportaccedilotildees nos uacuteltimos anos a induacutestria
desenvolveu muito a sua capacidade de produccedilatildeo e apurou significativamente a qualidade dos
seus produtos
O Brasil eacute o deacutecimo maior produtor mundial de moacuteveis mas ocupa a vigeacutesima
quarta colocaccedilatildeo em exportaccedilotildees8 O setor exportou em 2002 US$ 536 milhotildees dentro de um
mercado mundial que movimenta US$ 51 bilhotildees por ano somente em exportaccedilotildees Entre os
maiores compradores de moacuteveis brasileiros estatildeo os Estados Unidos (26) Franca (16)
8 Alem dos Emirados Aacuterabes o Kwait Araacutebia Saudita Japatildeo e Meacutexico fazem parte do novo mercado para
exportaccedilatildeo de moacuteveis brasileiros dentro da estrateacutegia definida pelo Proacute-Moacutevel para 2003 O Proacute-Moacutevel eacute um
programa criado haacute quatro anos pela Abimoacutevel para incrementar as exportaccedilotildees do setor Atualmente o
programa conta com a participaccedilatildeo de 600 empresas dos 13 poacutelos moveleiros do Brasil equiperemadecombr
24
Argentina (13) Alemanha (10) e Reino Unido (9) Na Tabela 1 se demonstra uma
distribuiccedilatildeo mais atualizada por Estado onde se pode observar o alto grau de crescimento que
o setor vem experimentando nos uacuteltimos semestres
Tabela 1 Principais estados exportadores ndash 2004 (valores em US$)
ESTADO
ESPECIFICACOtildeES
TOTAL
NCM 9491 NCM 9403 NCM 9404
ASSENTOS MOacuteVEIS COLCHOtildeES
01ordm Santa Catarina 17382206 409462260 144652 426989118 45
02ordm Rio Grande do Sul 45776347 230335923 407366 276519636 29
03ordm Paranaacute 30066412 61759263 108410 91934085 97
04ordm Satildeo Paulo 35978420 31466900 279953 67725273 72
05ordm Bahia 45218528 104489 45323017 48
06ordm Minas Gerais 1611721 5590102 444689 7646512 08
07ordm Espiacuterito Santo 39984 5839300 930 5880214 06
08ordm Maranhatildeo9 1715150 2605090 4320240 04
09ordm Paraacute 868525 3023566 15427 3907518 04
10ordm Cearaacute 828310 2191698 43149 3063157 03
12ordm Rio de Janeiro 1672246 1059682 820 2732748 03
11ordm Mato Grosso do Sul 621894 1186679 1808573 02
13ordm Amazonas 163956 160452 324408 003
15ordm Pernambuco 187374 475519 71774 734667 007
14ordm Rondocircnia 28837 135239 164076 002
16ordm Outros 403640 895309 131306 1435083 01
17ordm Rio Grande do Norte 66150 66150 00
TOTAL 182563550 756362449 1648376 940574475 1000
185 81 05
Fonte ABIMOVEL [2005] - adaptada
9 Conforme os dados de 2004 a posiccedilatildeo que ocupa o Estado do Maranhatildeo como o 8ordm da federaccedilatildeo no ranking
das exportaccedilotildees tem como referecircncia a Regiatildeo de Imperatriz com destaque para o Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
25
Observando-se a situaccedilatildeo dos Estados do Norte ou mais precisamente os que
fazem parte da Regiatildeo Amazocircnica conclui-se que estes Estados embora tenham
historicamente se caracterizado como grandes produtores e exportadores de madeiras nobres
natildeo tiveram progressos significativos na industrializaccedilatildeo de moacuteveis priorizando por
conseguinte a exportaccedilatildeo da madeira para abastecer as induacutestrias de moacuteveis em outros
Estados e Paiacuteses
No graacutefico 1 se pode verificar a baixa representatividade dos Estados da Regiatildeo
Norte do Brasil no tocante agrave da industrializaccedilatildeo de moacuteveis Uma informaccedilatildeo que confirma as
evidecircncias citadas nessas estatiacutesticas a partir do Tabela 1 eacute o grau de crescimento da induacutestria
moveleira cearense prosperando rapidamente em um Estado que natildeo produz madeira e ao
mesmo tempo natildeo tem a tradiccedilatildeo de sua industrializaccedilatildeo como eacute o caso dos Estados do Sul
mesmo assim se constata um substancial progresso na produccedilatildeo e na exportaccedilatildeo
Figura 1 -Niacuteveis das exportaccedilotildees brasileiras de moacuteveis por Estado (US$)
Fonte Abimovel 2005 Disponiacutevel ltwww abimovelcombrgt
A cidade de Marco na regiatildeo do Baixo Acarauacute constitui um exemplo onde
prospera um poacutelo moveleiro com um nuacutemero de faacutebricas bastante expressivo natildeo soacute do ponto
26
de vista quantitativo mas qualitativo tambeacutem Atualmente esse tipo de induacutestria eacute a principal
atividade econocircmica na regiatildeo10
12 Objetivo geral
Conhecer os possiacuteveis ganhos amealhados pelas induacutestrias de moacuteveis da Regiatildeo
de Imperatriz provenientes dos efeitos da aglomeraccedilatildeo e de outros fatores pertinentes
a) Objetivos especiacuteficos
Identificar as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de
Imperatriz
Conhecer a importacircncia dada pela comunidade empreendedora aos aspectos
relacionados com a cooperaccedilatildeo e o aprendizado coletivo
Conhecer o tipo de apoio proveniente de poliacuteticas puacuteblicas na forma de
financiamentos e apoios institucionais
Identificar os principais obstaacuteculos em relaccedilatildeo a obtenccedilatildeo de creacuteditos
Avaliar o grau de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica
Mensurar o grau de informalidade entre os estabelecimentos
Confirmar a existecircncia de cooperaccedilatildeo entre as firmas
Identificar valores de receitas custos e volume de mateacuterias-primas
Conhecer o tipo de produto fabricado na regiatildeo e os mercados
consumidores
10
Do artesanato da madeira caracterizado pela confecccedilatildeo de ldquocadeirasrdquo comercializadas nas lojas do ramo em
Fortaleza surgiu a Induacutestria de Moacuteveis e em 1996 foi constituiacutedo o Poacutelo Industrial de Marco Atualmente a
atividade moveleira conta com 90 de funcionaacuterios operaacuterios artesatildeos do proacuteprio municiacutepio Especialistas do
Sudeste e Sul do Paiacutes treinaram os trabalhadores e os qualificam profissionalmente Atualmente o Municiacutepio
aleacutem de atender o mercado interno exporta para os Estados Unidos Itaacutelia Portugal Porto Rico e outros de
acordo com as informaccedilotildees prestadas pela Associaccedilatildeo dos Moveleiros de Marco ndash AMMAR
27
13 Estrutura do Estudo
Aleacutem das informaccedilotildees obtidas atraveacutes de fontes primaacuterias buscou-se outras
igualmente vaacutelidas de natureza secundaacuteria utilizando-se de dados contidos nos planos e
programas governamentais e pesquisas encomendadas pelo Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves
Micro e Pequenas Empresas ndash Sebrae O tipo de questionaacuterio aplicado com as empresas
inicialmente envolveu cinco blocos
O primeiro aborda uma seacuterie de questotildees relacionada diretamente com as
vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo de imperatriz
contemplando alguns fatores como a facilidade de acesso a mateacuterias-primas a disponibilidade
de matildeo-de-obra qualificada a infra-estrutura disponiacutevel a proximidades com fornecedores de
equipamentos etc
No segundo trata-se de aspectos diretamente relacionados com as caracteriacutesticas
da matildeo-de-obra local procurando avaliar os graus de escolaridade disciplina flexibilidade e
criatividade
O terceiro avalia a importacircncia dada agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e de
aprendizado como compra de equipamentos venda conjunta desenvolvimento de processo
divulgaccedilatildeo capacitaccedilatildeo de recursos humanos e outras
O quarto aborda as poliacuteticas puacuteblicas e formas de financiamentos com
questionamentos especiacuteficos sobre a atuaccedilatildeo dos trecircs niacuteveis de governo instituiccedilotildees de apoio
e bancos oficiais
Finalmente o quinto bloco procura identificar os obstaacuteculos que limitam ou
impedem o acesso das firmas agraves fontes de financiamento procurando evidenciar as
dificuldades alegadas para as suas habilitaccedilotildees ao creacutedito
28
A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios envolveu preliminarmente uma amostra de 07
empresas escolhidas entre as mais representativas tanto pelo porte como pela tradiccedilatildeo na
fabricaccedilatildeo de moacuteveis
Complementarmente agrave pesquisa citada utilizou-se outros dados que tabulados
especificamente para os fins deste trabalho contribuiacuteram para a compreensatildeo de
questionamentos natildeo contemplados no primeiro momento A pesquisa foi encomendada pelo
Sebrae e executada no periacuteodo 20022003 pela Diles Consultoria Internacional Ltda De um
total de 193 unidades que compotildee o parque da regiatildeo abrangendo Imperatriz Accedilailacircndia e
Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71 estabelecimentos o que correspondeu a uma amostra de
3678 do total de unidades existentes no arranjo
Os questionaacuterios foram tabulados de forma a se obter dados expressos
graficamente sobre a faixa etaacuteria dos empreendedores o niacutevel de escolaridade e a renda meacutedia
obtida com a atividade
29
2 CARACTERIZACcedilAtildeO DO MUNICIacutePIO DE IMPERATRIZ
21 Localizaccedilatildeo geograacutefica
A cidade de Imperatriz onde se polariza os demais municiacutepios que compotildeem a
denominada regiatildeo tocantina estaacute localizada no sudoeste maranhense Estaacute situada agrave margem
direita do rio Tocantins inserida no Planalto setentrional Paraacute-Maranhatildeo fazendo parte da
Amazocircnia Legal Fica a 630 km da capital Satildeo Luis 570km de Beleacutem do Paraacute 800km de
Teresina Piauiacute e 600km de Palmas Tocantins Limita-se ao Norte com os municiacutepios de
Davinoacutepolis Senador La Roque e Governador Edison Lobatildeo ao Oeste com o rio Tocantins
Possui uma superfiacutecie de 1531 quilocircmetros quadrados altitude de 116 metros latitude de
552639 e longitude 4748972 A figura 2 ilustra a posiccedilatildeo geograacutefica acima descrita
Figura 2 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no Estado do Maranhatildeo
Fonte GPELAN [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwgovmabrgt
30
22 Antecedentes histoacutericos
Em 16 de julho de 1852 na margem direita do rio Tocantins divisa das proviacutencias
do Maranhatildeo e Paraacute foi fundado um povoado por ordem do entatildeo presidente da proviacutencia do
Paraacute Jerocircnimo Francisco Coelho
Depois de dois anos os governos das proviacutencias do Maranhatildeo e Paraacute chegaram a
um acordo sobre os limites de suas aacutereas e atraveacutes da Lei 772 de 23 de agosto de 1854 o
vilarejo de Santa Teresa ficou do lado maranhense
Em 05 de dezembro de 1862 a povoaccedilatildeo de Santa Teresa passou a chamar-se Vila
Nova da Imperatriz que foi elevada agrave categoria de cidade pelo governador Godofredo Viana
atraveacutes da Lei 1179 de 22 de abril de 1924 Atualmente o municiacutepio de Imperatriz tem pelo
menos 10 do seu territoacuterio original Dele desmembraram-se ao longo desse tempo os
municiacutepios de Montes Altos Joatildeo Lisboa Accedilailacircndia Cidelacircndia Satildeo Francisco do Brejatildeo
Vila Nova dos Martiacuterios Satildeo Pedro da Aacutegua Branca Davinoacutepolis e Governador Edison
Lobatildeo conforme de pode visualizar na figura 3
Figura 3 ndash A localizaccedilatildeo de Imperatriz no contexto regional Fonte Cty Brazil [2005] Disponiacutevel em lt httpwwwcitybrazilcombrgt
31
Atualmente eacute a cidade mais importante do interior do Maranhatildeo e estaacute classificada
entre as 100 mais populosas cidades do Brasil Eacute o maior centro de abastecimento regional e
de prestaccedilatildeo de serviccedilos influindo fortemente na economia do norte do Tocantins sul do Paraacute
e todo o Estado do Maranhatildeo11
23 Potencialidades
No Estado do Maranhatildeo conforme se poderaacute verificar com mais detalhes em
capiacutetulos subsequumlentes os dados oficiais de maneira geral indicam um baixo crescimento da
economia e permanecircncia da pobreza e desigualdades sociais
No caso particular da cidade de Imperatriz vale destacar que a mesma apresenta-
se como uma cidade que jaacute ultrapassou vaacuterios ciclos de crescimento econocircmico Pode-se
considerar que o primeiro destes ocorreu com a inauguraccedilatildeo da rodovia Beleacutem-Brasiacutelia em
1960 Imperatriz experimentou nas deacutecadas seguintes um dos maiores crescimentos
populacionais e econocircmicos do Paiacutes em seguida por volta dos anos 1970 e 1980 vieram os
periacuteodos de extraccedilatildeo de madeira na sua regiatildeo de influecircncia e o extrativismo do ouro em Serra
Pelada no Estado do Paraacute e mais tarde o inicio da construccedilatildeo da ferrovia Nrote Sul eacutepoca
em que a cidade se consolidou como um grande centro de abastecimento e apoio a outras
regiotildees
Estas atividades trouxeram para Imperatriz um segmento comercial bastante
expressivo principalmente nos ramos de atacado que continuou crescendo
independentemente da descontinuidade dos fatores que lhe deram origem12
11
Os Municiacutepios constantes da figura 3 fazem parte da Gerecircncia Regional Tocantins com sede em Imperatriz
oacutergatildeo criado pelo Governo do Estado em vaacuterias regiotildees para descentralizar a administraccedilatildeo 12
Imperatriz cuja instalaccedilatildeo se deu no ano de 1856 atualmente tem uma aacuterea territorial de 136790km2 e uma
populaccedilatildeo superior a 230000 habitantes considerando-se uma taxa media de crescimento de 013 O valor do
PIB eacute da ordem de 36078 milhotildees A situaccedilatildeo dos domiciacutelios urbanos eacute a seguinte 92 com aacutegua tratada
32
O crescimento da economia de local foi se direcionando tambeacutem para os setores
de serviccedilos e de comeacutercio varejista No setor de serviccedilos vem acontecendo uma evoluccedilatildeo
substancial na aacuterea de sauacutede com as construccedilotildees de hospitais cliacutenicas e laboratoacuterios muitos
bem dotados de recursos materiais e humanos que atendem tanto a populaccedilatildeo local como a
de outras cidades da regiatildeo que se deslocam em busca de tratamentos de maior
complexidade
Imperatriz vem se consolidando tambeacutem como um poacutelo educacional de influecircncia
em toda a regiatildeo tocantina onde se atende uma crescente demanda por cursos de graduaccedilatildeo e
outros tantos de poacutes-graduaccedilatildeo jaacute em andamento nas faculdades locais
Apesar da inexistecircncia de estudos teacutecnicos pode-se entrever que Imperatriz seraacute
naturalmente empurrada na direccedilatildeo de ser um grande centro de serviccedilos produtor
promotor e difusor de mercadorias intangiacuteveis como educaccedilatildeo sauacutede formaccedilatildeo
profissional turismo ecoloacutegico e de eventos Essa eacute a grande tendecircncia do mundo e
a realidade presente em diversos paiacuteses regiotildees Estados e municiacutepios com
impactos econocircmicos que jaacute superaram haacute muito os cinquumlenta por cento da
formaccedilatildeo do produto interno bruto PIB desses lugares Isso eacute claro natildeo descarta a
permanecircncia do incremento de atividades primaacuterias secundaacuterias e terciaacuterias jaacute
existentes como a pequena agricultura piscicultura aquumlicultura pequenas
induacutestrias e comeacutercio atacadista de varejista Mas deve ficar patente que eacute em
Imperatriz que deveratildeo se satisfeitas certas necessidades cujo suprimento tatildeo cedo
natildeo seraacute prioridade nos outros municiacutepios da regiatildeo sudoeste e sul do Maranhatildeo
norte do Tocantins e sul do Paraacute Por exemplo ainda que mais pela forca da
imposiccedilatildeo pragmaacutetica do que pelo desenvolvimento de accedilotildees programaacuteticas
Imperatriz corre o saudaacutevel risco de ao lado de ser uma referecircncia meacutedico-
hospitalar tambeacutem deve se firmar como um centro de fazer saber (que eacute o ensino
formal) e de saber fazer (que eacute o ensino instrucional teacutecnico tecnoloacutegico
empresarial) Haacute espaccedilo para as pequenas empresas de alta tecnologia como a
micro eletrocircnica informaacutetica a biotecnologia a quiacutemica Campina Grande no
interior da Paraiacuteba e Anaacutepolis no Estado de Goiaacutes jaacute satildeo referecircncias nacional e
internacionalmente em alguns desses campos a partir da base instalada de
instituiccedilotildees de ensino superior e da vontade poliacutetica e empresarial daquelas
comunidades (SANCHES 2004 p8)
Estas e muitas outras informaccedilotildees se fazem necessaacuterias para uma melhor
compreensatildeo dos aspectos vocacionais da regiatildeo de Imperatriz tendo em vista o grau de
polarizaccedilatildeo que se observa e as possibilidades futuras de desenvolvimento
675 com esgoto sanitaacuterio e 896 com coleta de lixo O iacutendice de analfabetismo com idade superior a 15
anos eacute 1601 Fonte City Brasil
33
24 Problemas estruturais da cidade de Imperatriz e Regiatildeo
Como se pode observar trata-se de uma cidade que se desenvolve notadamente
nos setores de comeacutercio e de serviccedilos entretanto e a exemplo do que ocorre nas demais
cidades do Estado este crescimento natildeo tem se verificado em termos de agregaccedilatildeo de valor
ao que eacute produzido na regiatildeo A produccedilatildeo da pecuaacuteria agropecuaacuteria e da induacutestria da madeira
eacute comercializada predominantemente sem qualquer beneficiamento ou manufatura mesmo
assim algumas exceccedilotildees se verificam no segmento de siderurgia em Accedilailandia laticiacutenios
moacuteveis e laminados onde algumas induacutestrias que jaacute produzem com o uso tecnologias e
processos mais atualizados
De acordo com os dados do Ministeacuterio do Desenvolvimento Induacutestria e Comercio
Exterior o municiacutepio eacute o segundo maior exportador do Estado e atingiu no ano de 200413
o
total de US$ 266810098 resultado este influenciado diretamente pela produccedilatildeo de ferro
gusa e laminados de madeira
O setor de gado de corte embora conte com frigoriacuteficos em funcionamento em
Imperatriz e Accedilailacircndia natildeo atingiu ainda estaacutegios mais evoluiacutedos no processamento da carne
e de seus derivados prevalecendo tambeacutem a comercializaccedilatildeo do gado vivo e abatido alem do
comeacutercio de couros bovinos para outros Estados da federaccedilatildeo quando jaacute se poderia ter em
praacutetica iniciativas concretas para a viabilizaccedilatildeo de um poacutelo coureiro calccediladista
No Brasil segundo Informe Setorial do BNDES as exportaccedilotildees de couro wet blue
vecircm apresentando crescimento nos uacuteltimos anos A induacutestria de couro eacute constituiacuteda
por aproximadamente 450 curtumes sendo que cerca de 80 satildeo consideradas
pequenas empresas O setor gera 65000 empregos diretos e o faturamento eacute
estimado em US$ 2 bilhotildees ano De acordo com a RAIS-MTB apenas 27821
empregos satildeo formais ou seja registrados (WET BLUE 2005 p17)
13
Informaccedilotildees divulgadas pela Secretaria de Comeacutercio Exterior ndash Exportaccedilotildees do Estado do Maranhatildeo por
Municiacutepios Fonte SECEXMDIC 2005
34
No caderno de economia do jornal o Progresso de 16 de setembro de 2005 traz a
seguinte mateacuteria ldquoO cadastro industrial elaborado pela Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo ndash FIEMA revela 31 dos empregos no setor industrial satildeo gerados por apenas 13
grandes empresas Enquanto isso 1034 microempresas industriais respondem por apenas 8
dos empregos No mapa industrial do Maranhatildeo Satildeo Luis a capital ocupa o 1ordm lugar
Imperatriz estaacute na 2ordf colocaccedilatildeo Balsas em 3ordm lugar e Accedilailacircndia em 4ordm Segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego no
mecircs de julho de 2005 os municiacutepios de Imperatriz Accedilailacircndia e Balsas registraram
desemprego no niacutevel formal da economia
Como consequumlecircncia natural de todo este processo renuncia-se a geraccedilatildeo de
muitos empregos de renda e de tantas outras perspectivas de progresso que poderiam ser
implementadas como por exemplo o fortalecimento de um sistema produtivo local com a
capacidade de se beneficiar conforme jaacute foi evidenciado de muitas outras vantagens
comparativas como aacutegua energia mateacuterias primas matildeo-de-obra e acesso facilitado aos
mercados por todos os meios de transportes
35
3 DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL
31 Perspectivas teoacutericas para o desenvolvimento local
Contrastando com naccedilotildees mais desenvolvidas em outras partes do mundo no
Brasil contemporacircneo ainda se vive uma cultura estatista predominando o consenso de que o
processo de desenvolvimento soacute pode ocorrer diante da expressa accedilatildeo do Estado14
Entretanto
quando se observam as experiecircncias bem sucedidas de desenvolvimento conclui-se que na
maioria dos casos existe um elevado niacutevel de cooperaccedilatildeo e parceria entre Estado Mercado e
Sociedade A intervenccedilatildeo do Estado mesmo necessaacuteria e imprescindiacutevel natildeo tem sido
suficiente para promover o desenvolvimento isoladamente
Durante muito tempo acreditamos que o fator econocircmico era o uacutenico e determinante
do desenvolvimento Hoje sabemos que o desenvolvimento tem muitas dimensotildees
econocircmica social cultural ambiental e fiacutesico-territorial poliacutetico-institucional e
cientifico-teconoloacutegica que manteacutem umas em relaccedilatildeo agraves outras relativo grau de
autonomia (FRANCO 2000 p 30)
Os agentes de maior responsabilidade pelo desenvolvimento de uma localidade
satildeo as pessoas que nela vivem Sem o interesse o envolvimento o compromisso e a adesatildeo da
comunidade local natildeo haveraacute poliacutetica de promoccedilatildeo do desenvolvimento que prospere Para
obter esse niacutevel de participaccedilatildeo da comunidade local eacute preciso adotar estrateacutegias de
planejamento e gestatildeo compartilhada do processo de desenvolvimento Tais estrateacutegias
14
Durante toda a sua evoluccedilatildeo o Estado Moderno tem assumido funccedilotildees e responsabilidades que satildeo retornadas
posteriormente agrave sociedade o que pode estaacute caracterizando um processo ciacuteclico de evoluccedilatildeo da civilizaccedilatildeo onde
o Estado tem um papel catalisador na busca da prosperidade econocircmica e da justiccedila social constantemente
assumindo funccedilotildees e devolvendo agrave sociedade Um dos principais fatores de aceleraccedilatildeo no processo de
transformaccedilatildeo do Estado eacute o atual contexto das grandes tendecircncias mundiais relacionadas agrave globalizaccedilatildeo
progressos na tecnologia da informaccedilatildeo e emergecircncia da sociedade civil organizada Neste momento o Estado
estaacute abandonando algumas funccedilotildees e assumindo outras o que estaacute levando a um novo papel onde o setor
puacuteblico passa de produtor de bens e serviccedilos para indutor e regulador do desenvolvimento atraveacutes e um Estado
aacutegil inovador e democraacutetico As principais funccedilotildees deste novo Estado satildeo a regulaccedilatildeo a representatividade
poliacutetica a justiccedila e a solidariedade [Texto de CS PIMENTA ]
36
permitem agrave comunidade local atraveacutes da experiecircncia praacutetica o aprendizado necessaacuterio para
que ela seja capaz de identificar potencialidades oportunidades vantagens comparativas e
competitivas problemas limites e obstaacuteculos ao seu desenvolvimento a partir dos quais
poderaacute escolher vocaccedilotildees estabelecer metas definir estrateacutegias e prioridades monitorar e
avaliar resultados de forma compartilhada
A ideacuteia de vantagem comparativa remete quase que automaticamente para a ideacuteia de
competiccedilatildeo mas a ideacuteia de diversidade eacute tambeacutem base para a cooperaccedilatildeo Parece
que estas duas dinacircmicas ndash cooperativa e competitiva ndash vatildeo estar sempre presentes
nos processos de desenvolvimento local e esta talvez constitua uma das suas
principais caracteriacutesticas A dinacircmica cooperativa sem a qual natildeo se efetiva um
processo de desenvolvimento local A dinacircmica competitiva insere a localidade em
um processo de desenvolvimento cuja racionalidade eacute dada em parte pelo mercado
No entanto unidades competitivas podem ser constituiacutedas com base na cooperaccedilatildeo e
essa parece ser a condiccedilatildeo para que pequenos atores locais natildeo sejam destruiacutedos
pela concorrecircncia com atores maiores em um acircmbito global (FRANCO 2000 p
32)
Por serem participativas as estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhadas
contribuem para o crescimento do capital humano e social15
ampliando as possibilidades de
apropriaccedilatildeo da populaccedilatildeo local e facilitando as condiccedilotildees de desenvolvimento ldquoUma das
estrateacutegias de planejamento e gestatildeo compartilhada que mais tecircm se difundido nos pais
atraveacutes de diversas parcerias entre organizaccedilotildees governamentais e natildeo governamentais eacute a
promoccedilatildeo do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel - DLISrdquo (PAULA 2000 p5)
Entende-se por ldquodesenvolvimento localrdquo o processo de tornar dinacircmicas as vantagens
comparativas e competitivas de uma determinada localidade de modo a favorecer o
crescimento econocircmico e simultaneamente elevar o capital humano o capital social a
15
Capital social refere-se a um conjunto de instituiccedilotildees formais e informais incluindo haacutebitos e normas sociais
que afetam os niacuteveis de confianccedila interaccedilatildeo e aprendizado em um sistema social A emergecircncia do tema capital
social vincula-se ao reconhecimento da importacircncia de se considerarem a estrutura e as relaccedilotildees sociais como
fundamentais para se compreender e intervir sobre a dinacircmica econocircmica Um elevado niacutevel de capital social
propicia relaccedilotildees de cooperaccedilatildeo que favorecem o aprendizado interativo bem como a construccedilatildeo e transmissatildeo
do conhecimento taacutecito Facilita portanto accedilotildees coletivas geradores de sistemas produtivos articulado Esse
termo foi cunhado a partir dos trabalhos dos socioacutelogos Pierre Boudieu James Coleman e Robert Putmam
wwwiebrredesist
37
melhoria das condiccedilotildees de governo e o uso sustentaacutevel do capital natural O DLIS fundamenta
sua estrateacutegia em aspectos como
a) a participaccedilatildeo organizada da sociedade local
b) a capacitaccedilatildeo continuada para o planejamento e a gestatildeo compartilhada do
desenvolvimento
c) a oferta adequada de creacutedito para micro e pequenos empreendedores
atraveacutes de instrumentos de creacutedito produtivo popular
Quanto ao conteuacutedo dos planos de desenvolvimento locais um dos grandes
desafios eacute conseguir que os mesmos natildeo se transformem em um amontoado de reivindicaccedilotildees
particulares de particulares ou grupos Na elaboraccedilatildeo dos Planos e Agendas eacute muito
importante discutir conceitos como vocaccedilotildees potencialidades oportunidades vantagens
comparativas e competitivas para definir um eixo que oriente o desenvolvimento local
As empresas alcanccedilam vantagens competitivas atraveacutes de accedilotildees de inovaccedilatildeo Elas
abordam a inovaccedilatildeo em seu sentido mais amplo incluindo tanto tecnologias como
novos modos de fazer as coisas Elas percebem uma nova base para competir ou
para encontrar melhores formas de competir usando velhos meios A inovaccedilatildeo pode
ser manifestada em um novo projeto de produto um novo processo de produccedilatildeo
uma nova abordagem de marketing ou um novo modo de conduzir um treinamento
(PORTER 1998 p146)
Vale ratificar que a questatildeo do desenvolvimento local no tocante agraves estrateacutegias
jaacute conhecidas deve priorizar a busca da sustentabilidade e a da construccedilatildeo de novas formas de
produccedilatildeo e consumo ambientalmente equilibradas tendo como atores principais o Estado o
Mercado e a Sociedade A sustentabilidade quando a focalizamos em termos econocircmicos nos
coloca o objetivo de compartilhar de forma equumlitativa os benefiacutecios do desenvolvimento e
garantir um desenvolvimento minimamente sustentaacutevel de longo prazo na geraccedilatildeo de renda e
postos de trabalho de uma localidade significa ainda criar as condiccedilotildees e ambiecircncia para as
atividades de cooperaccedilatildeo e integraccedilatildeo
38
O exemplo dos distritos industriais16
italianos mostra que o foco que tem sido
dado agraves PMEs no Brasil pode ir alem das alternativas associadas agraves perspectivas de geraccedilatildeo
de emprego e renda para parcelas ldquomarginaisrdquo da populaccedilatildeo Em contraposiccedilatildeo agraves poliacuteticas de
desenvolvimento local empreendidas no paiacutes em que tem se preocupado com a atraccedilatildeo de
grandes empresas e unidades fabris atraveacutes da abdicaccedilatildeo fiscal e tributaacuteria por parte dos
Estados e Municiacutepios as poliacuteticas de promoccedilatildeo de PMEs podem ser pensadas natildeo somente
como alternativas possiacuteveis de superaccedilatildeo das dificuldades econocircmicas e sociais mas
sobretudo como eixo fundamental e estrateacutegico para o desenvolvimento econocircmico local
As dimensotildees territoriais cidadatildes e poliacuteticas nas quais se fundamentam o modelo de
desenvolvimento da Terceira Itaacutelia demonstram que as poliacuteticas puacuteblicas inovadoras
podem contemplar as regiotildees de modo mais abrangente incorporando amplos
segmentos populacionais nas estrateacutegias de desenvolvimento local (URANI 1999
p27)
No caso brasileiro temos que a segmentaccedilatildeo de nosso mercado de trabalho
reforccedila a dificuldade de grande parte da massa excluiacuteda da formalidade em construir cultura
poliacutetica Este enorme contingente populacional ocupa os niacuteveis mais baixos de salaacuterio na
hierarquia do mercado de trabalho dispondo de menos qualificaccedilatildeo renda menor e nenhum
direito formal garantido pelo Estado
A mobilizaccedilatildeo produtiva implica que as poliacuteticas urbanas e de promoccedilatildeo
socioeconocircmica devem ser pensadas em simultaneidade e numa perspectiva dinacircmica Seja
nas periferias das metroacutepoles seja no interior subdesenvolvido do paiacutes para planejar o
contexto favoraacutevel agraves novas formas de desenvolvimento afinadas com o modelo dos distritos
16
O conceito de distritos industriais ndash introduzidos por Alfred Marshall em fins do seacuteculo XIX ndash deriva de um
padratildeo de organizaccedilatildeo comum agrave Inglaterra do periacuteodo onde pequenas empresas firmas especializadas na
manufatura de produtos especiacuteficos aglomeravam-se em centros produtores As caracteriacutesticas baacutesicas dos
modelos claacutessicos de distritos industriais indicam em vaacuterios casos alto grau de especializaccedilatildeo e forte divisatildeo do
trabalho acesso agrave matildeo-de-obra qualificada existecircncia de fornecedores locais de insumos e bens intermediaacuterios
sistemas de comercializaccedilatildeo e de troca de informaccedilotildees entre agentes Argumenta-se que nesse sentido que a
organizaccedilatildeo do distrito industrial permite agraves empresas ndash particularmente pequenas - obterem ganhos de escala
reduzindo custos bem como gerando economias externas significativas wwwiebrredesist
39
eacute preciso identificar em niacutevel local os arranjos institucionais que permitam a criaccedilatildeo das
condiccedilotildees ambientais de proliferaccedilatildeo de novas figuras empresariais
A consolidaccedilatildeo destes arranjos institucionais dependeria da articulaccedilatildeo de
poliacuteticas capazes de envolver parceria de diferentes atores puacuteblicos e privados governos
municipais estaduais instituiccedilotildees de apoio teacutecnico agrave atividade produtiva (tais como as
agecircncias locais do SEBRAE do SENAI empresas puacuteblicas Organizaccedilotildees natildeo
Governamentais ndash ONGs instituiccedilotildees financeiras associaccedilotildees de empresaacuterios e produtores
locais grandes empresas privadas etc Estas seriam naturalmente as categorias de
envolvimento mais imediato na consolidaccedilatildeo dos arranjos institucionais)
O surgimento e a dinamizaccedilatildeo das economias locais tecircm origem diversificada Se
em alguns casos a intervenccedilatildeo estatal atraveacutes de programas sejam federais estaduais ou
municipais foi o vetor das transformaccedilotildees em outros os principais fatores foram iniciativas
de empresas de sindicatos de ONGs e mesmo da Igreja
A perspectiva ortodoxa coloca em questatildeo as fronteiras de atuaccedilatildeo do Estado e do
mercado na promoccedilatildeo de atividades econocircmicas A oacutetica desenvolvimentista
prioriza o poder econocircmico e produtivo das naccedilotildees no contexto internacional Na
perspectiva evolucionista o foco estaacute na competecircncia dos agentes econocircmicos em
promoverem inovaccedilotildees que transformem o sistema produtivo (KUPFER amp
HASENCLEVER 2002 p 545)
Compreender essas experiecircncias suas limitaccedilotildees e suas potencialidades
proporciona ao planejamento estatal mecanismos mais soacutelidos A identificaccedilatildeo de
potencialidades limitaccedilotildees e estrangulamentos permitem propor accedilotildees coerentes para a
intervenccedilatildeo puacuteblica
As accedilotildees que orientam um processo de desenvolvimento local de acordo com as
mais variadas correntes de pensamento devem procurar integrar as vaacuterias instacircncias do poder
40
o poder poliacutetico (federal estadual e municipal) e o poder local (empresarial e de lideranccedilas da
populaccedilatildeo em geral)17
A governanca municipal eacute apontada como ponto central da aplicaccedilatildeo de programas
locais considerando que poliacuteticas de cima para baixo (top-down) se mostram
ineficazes por natildeo terem a mesma facilidade na obtenccedilatildeo de informaccedilotildees e aspectos
gerais locais Recomenda-se entatildeo uma descentralizaccedilatildeo poliacutetica como reforma das
caracteriacutesticas globais de administraccedilatildeo e a centralizaccedilatildeo do papel dos atores locais
ndash sociedade civil setores puacuteblico e privado ONGs - para elaboraccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de programas para o desenvolvimento dos recursos internos
(BARBANTI JR 2004 p 18)
Ao mesmo tempo integra valores econocircmicos sociais e meio-ambientais
constituindo-se num modelo de desenvolvimento mais amplo do que os modelos tradicionais
O desenvolvimento local busca o comprometimento dos agentes no processo de estimular a
proliferaccedilatildeo de parcerias e redes que permitam reativar o crescimento da economia
Diversos autores caracterizam o desenvolvimento local como um processo
dinamizador da sociedade no sentido de melhorar a qualidade de vida da comunidade sendo
o resultado de um compromisso pelo que se entende por espaccedilo como lugar de solidariedade
ativa o que implica mudanccedilas de atitudes e comportamentos de instituiccedilotildees grupos e todas as
demais categorias ldquoReafirma-se portanto que nos modelos atuais as metas do
desenvolvimento natildeo excluem as metas tradicionais quando as pessoas na sua
individualidade satildeo partes integrantes e partiacutecipes do seu proacuteprio desenvolvimentordquo
(Marques 2001 p 26) Desta forma os seus fundamentos podem ser descritos como
a) A poder do lugar O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo estaacute formando uma
complexa rede de relaccedilotildees entre os lugares do mundo e nesta realidade ldquoo
localrdquo constitui o seu proacuteprio poder de desenvolvimento A tendecircncia atual
17
Iniciativas de desenvolvimento local no Brasil Entre tantas iniciativas deste gecircnero tais como Comunidade
Ativa Agendas 21 locais Programa BNDESPNUD Programa Nacional de Agricultura Familiar ndash PRONAF
destaca-se o Farol do Desenvolvimento ndash Apoiado pelo Banco do Nordeste esta iniciativa visa criar um espaccedilo
fiacutesico de debate no municiacutepio no qual no qual passa a ser discutida a viabilizaccedilatildeo de soluccedilotildees para o
desenvolvimento sustentaacutevel local com ecircnfase econocircmica (BARBANTI JUNIOR 2004)
41
da globalizaccedilatildeo eacute a de que os lugares se unam verticalmente Poreacutem os
lugares tambeacutem podem se unir horizontalmente reconstituindo as bases da
conveniecircncia local A eficaacutecia das accedilotildees depende da existecircncia das
virtualidades locais que satildeo relacionadas com as potencialidades e o capital
sineacutergico do territoacuterio que adquirem sua totalidade com as formas de
interaccedilatildeo
b) O lugar como espaccedilo de solidariedade ativa A difusatildeo da
modernidade amplia as possibilidades de interaccedilatildeo gerando sistemas de
solidariedades em diferentes escalas de desenvolvimento local e global O
espaccedilo da globalizaccedilatildeo estaacute formado por pontos de interligaccedilatildeo mutantes
fazendo com que a solidariedade fique mais no campo organizacional O
espaccedilo local eacute apenas a base territorial da convivecircncia cotidiana que tende a
se ampliar em funccedilatildeo da convivecircncia continuada
c) A cultura popular local Representando o homem no seu entorno um
tipo de consciecircncia e de materialidade social Sua valorizaccedilatildeo permite
fortalecer a individualidade e a auto-estima frente ao mundo e daacute sentido agraves
comunidades na busca do desenvolvimento da criatividade em conformidade
com seus valores
d) O dinamismo do desenvolvimento eacute ainda dependente da articulaccedilatildeo e
uso dos recursos naturais sociais locais existentes E por sua vez a decisatildeo
poliacutetica sobre o modo e a capacidade de utilizaccedilatildeo econocircmica dos recursos
depende da cultura local das relaccedilotildees internas e externas entre o local e o
global Atualmente se fala em promover um desenvolvimento auto-
dependente participativo com conteuacutedos eacuteticos capaz de criar condiccedilotildees
para harmonizar o crescimento econocircmico a solidariedade social e
42
protagonismo de todas as pessoas com mudanccedila na percepccedilatildeo e idealizaccedilatildeo
do desenvolvimento de cima para baixo do exoacutegeno ao endoacutegeno
O desenvolvimento local eacute um novo paradigma do desenvolvimento do tipo
endoacutegeno territorial realizado pelas bases sociais o oposto dos modelos que partem de cima
Eacute impossiacutevel esgotar esse assunto fazendo uma listagem de todos os fatores e
condicionamentos externos que intervecircm favoravelmente ou desfavoravelmente no
desenvolvimento da localidade Eles satildeo variados satildeo mutaacuteveis incidem
diferentemente em cada tipo de organizaccedilatildeo e em cada setor de atividade Ademais
eles se compotildeem em combinaccedilotildees diferentes que variam por sua vez em cada
momento ao sabor de constelaccedilotildees imprevisiacuteveis de outros fatores conhecidos e
desconhecidos Num dado momento um empreendimento daacute certo porque haacute um
clima psico-social favoraacutevel no paiacutes Em outro momento o mesmo empreendimento
fracassa por causa da alta do doacutelar provocada por crises que ocorrem em outros
paiacuteses (FRANCO 2001p6)
A nova realidade ldquoentre a inovaccedilatildeo social e o retorno ao territoacuteriordquo demanda
modificaccedilotildees das mentalidades individuais e coletivas e implica sobretudo um vasto trabalho
de formaccedilatildeo dos agentes e populaccedilotildees locais Considerando-se que o novo modelo de
desenvolvimento local sustentaacutevel demanda novos conceitos metodologias enfoques
comportamento e atitudes eacute condiccedilatildeo necessaacuteria um processo permanente de formaccedilatildeo
levando-se em conta que o objetivo principal da formaccedilatildeo deveria ser a promoccedilatildeo da
capacidade coletiva para a mudanccedila
O quadro 1 apresenta os pontos comuns das diferentes abordagens resumindo as
caracteriacutesticas baacutesicas de arranjos locais enfocados na literatura (CASSIOLATO e LASTRES
2002)
43
Quadro 1 Exemplo de uma das caracteriacutesticas dos arranjos produtivos locais
CARACTERIacuteSTICAS BAacuteSICAS DOS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
Localizaccedilatildeo
Proximidade geograacutefica18
Atores Grupos de pequenas empresas
Pequenas empresas nucleadas por grande empresa
Associaccedilotildees instituiccedilotildees de suporte serviccedilos ensino pesquisa
fomento financeiras etc
Caracteriacutesticas Intensa divisatildeo do trabalho entre firmas
Flexibilidade de produccedilatildeo e de organizaccedilatildeo
Especializaccedilatildeo
Matildeo-de-obra qualificada
Competiccedilatildeo entre firmas baseada em inovaccedilatildeo
Estreitas colaboraccedilotildees entre firmas e demais agentes
Fluxo intenso de informaccedilotildees
Identidade cultural entre agentes
Relaccedilatildeo de confianccedila entre os agentes
Complementaridades e sinergias Fonte Lemos C (1997) adaptada
A formaccedilatildeo associada agrave geraccedilatildeo de novos processos e projetos implica que os
agentes devem aprender juntos com o mesmo problema em um projeto comum porque ajuda
a definir oportunidades de desenvolvimento articular as estrateacutegias e interesses dos atores
locais e mobilizar os recursos internos e externos Desta forma a gestatildeo do desenvolvimento
local pressupotildee determinadas praacuteticas de planejamento estrateacutegico agrave medida que pode permitir
a participaccedilatildeo dos atores locais e as organizaccedilotildees na definiccedilatildeo dos objetivos e gestatildeo das
decisotildees19
Um plano estrateacutegico elaborado com enfoque local se converte em um processo
essencial pra que um territoacuterio um municiacutepio ou uma cidade possa definir de forma
satisfatoacuteria sua situaccedilatildeo atual assim como seu futuro
18
As relaccedilotildees de proximidade geograacutefica constituem-se assim em ativos especiacuteficos valiosos na medida em que
satildeo necessaacuterias para a geraccedilatildeo de spillovers e externalidades positivas num sistema econocircmico 19
A crescente mundializacatildeo das economias a criaccedilatildeo e manutenccedilatildeo das vantagens competitivas dinacircmicas se
fazem num processo fortemente localizado Isso depende das possibilidades de que um espaccedilo geograacutefico
regional se constitua num territoacuterio e estornos feacuterteis (Revista Econocircmica do Nordeste Fortaleza v 28 p 143
jul 1997)
44
311 Metodologias e Proposiccedilotildees
Apenas para efeito de direcionamento de accedilotildees ou seja sem a pretensatildeo de se
querer gerar desenvolvimento a partir de simples propostas procura-se a seguir sistematizar
com base em literatura especiacutefica alguns procedimentos baacutesicos que com capacidade de
facilitar a caracterizaccedilatildeo do processo de desenvolvimento
Algumas estrateacutegias de desenvolvimento local tecircm obtido maior destaque
atualmente Aquelas que potildeem ecircnfase no desenvolvimento econocircmico estatildeo
preocupadas com a integraccedilatildeo produtiva a inserccedilatildeo de produccedilatildeo local em outros
mercados e a capacidade de inovaccedilatildeo num ambiente econocircmico globalizado
Existem tambeacutem a vertente com maior ecircnfases ambientalistas que propotildeem a
sustentabilidade do desenvolvimento com atenccedilatildeo especial a formas de uso dos
recursos naturais (BARBANTI JUNIOR 2004 p 8)
Embora jaacute se conheccedila e de forma muitas vezes teoacutericas certas metodologias jaacute
debatidas exaustivamente algumas adaptaccedilotildees e ajustes nesse sentido seratildeo necessaacuterios em
funccedilatildeo de cada peculiaridade
Marques (2001) apresenta um meacutetodo para a implantaccedilatildeo de uma estrateacutegia global
de desenvolvimento local entendida natildeo como uma formula absoluta mas como um impulso
que pode guiar as pessoas que querem fazer progredir suas comunidades na via de um
desenvolvimento econocircmico social e cultural As fases objetivas do processo de
desenvolvimento que satildeo destacadas a seguir mostram-se necessaacuterias agrave medida que ldquoa
qualidade dos resultados obtidos em uma etapa influencia os resultados de seguinterdquo
Baseando-se nessa classificaccedilatildeo descreve-se uma metodologia dividida em cinco etapas
(conscientizaccedilatildeo diagnoacutestico plano implantaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo) que por sua vez podem se
subdividir em vaacuterias accedilotildees
45
Esses procedimentos baacutesicos tecircm inspirado os programas que como no Brasil
procuram promover condiccedilotildees para o desencadeamento de processos de desenvolvimento
local Eacute o caso do DLIS (Desenvolvimento Local Integrado e Sustentaacutevel)
312 A Conscientizaccedilatildeo dos agentes comunitaacuterios para a participaccedilatildeo
A tomada de consciecircncia por parte dos agentes da comunidade sobre a validade
da sua mobilizaccedilatildeo em prol da melhoria do bem-estar em toda a comunidade a partir da
participaccedilatildeo efetiva de seus membros Algumas vezes essa consciecircncia aparece a partir de
fatos que provocam insatisfaccedilatildeo entre as pessoas e deflagram uma mobilizaccedilatildeo entre elas
A identificaccedilatildeo de lideranccedilas locais eacute recomendada antes de qualquer proposta de
conscientizaccedilatildeo jaacute que o grau de envolvimento dos mesmos seraacute a garantia do sucesso ou
fracasso do projeto Trata-se de pessoas chaves dentro da comunidade por serem portadores
de uma seacuterie de valores reconhecidos pelos demais inspirados na confianccedila junto a
comunidade e promotores de laccedilos de solidariedade quando comprometidos com o processo
de desenvolvimento A condiccedilatildeo de participaccedilatildeo da comunidade e seus representantes eleitos
no processo de desenvolvimento local eacute amplamente reconhecida como uma condiccedilatildeo
indispensaacutevel no processo Ao grau de participaccedilatildeo pode ser atrelado ao niacutevel de instruccedilatildeo das
pessoas Nesse contexto eacute preciso inserir na educaccedilatildeo da populaccedilatildeo metodologias
participativas que as treinem para a accedilatildeo a descoberta e o trabalho em grupo Daiacute a
importacircncia dos educadores na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Certamente o baixo grau de instruccedilatildeo de uma comunidade se constitui num dos
problemas fundamentais na questatildeo participativa independentemente do seu niacutevel de
instruccedilatildeo formal As pessoas natildeo tecircm o haacutebito de participar e num processo de
desenvolvimento local aleacutem do haacutebito precisam dispor de informaccedilatildeo suficiente sobre o
46
processo que lhes permitam fazer intervenccedilotildees eficientes e construtivas O desenvolvimento
local precisa de uma participaccedilatildeo efetiva tanto no poder de decisatildeo quanto de accedilatildeo e de
realizaccedilatildeo de cada membro da comunidade
313 Diagnoacutestico preliminar
Um diagnoacutestico da situaccedilatildeo inicial constitui a base para a elaboraccedilatildeo de um
projeto de accedilatildeo Para potencializar as possibilidades de sucesso de um projeto de
desenvolvimento local normalmente se realiza de forma objetiva e completa um diagnoacutestico
da situaccedilatildeo Nele seratildeo retratadas as caracteriacutesticas da populaccedilatildeo com a qual seraacute promovido o
processo assim como as condiccedilotildees econocircmicas sociais histoacutericas e culturais do territoacuterio
onde este se insere
A elaboraccedilatildeo dos diagnoacutesticos obviamente se enriquece com a participaccedilatildeo dos
agentes locais ateacute mesmo para facilitar a identificaccedilatildeo fiel da realidade seus problemas e
potencialidades O diagnoacutestico pode incluir vaacuterias fases descritas a seguir
a) Descriccedilatildeo da realidade - a descriccedilatildeo da realidade soacutecio-econocircmica da
comunidade revelaraacute sua capacidade de desenvolvimento Para tal buscar-se-aacute
informaccedilotildees sobre
caracteriacutesticas fiacutesicas geograacuteficas biofiacutesicas e climaacuteticas do local
localizaccedilatildeo vizinhanccedilas topografia hidrografia tipos de solos
vegetaccedilatildeo fauna recursos minerais e outros
caracteriacutesticas demograacuteficas crescimento populacional densidade
demograacutefica migraccedilotildees grau de instruccedilatildeo e outros
caracteriacutesticas sociais infra-estrutura de educaccedilatildeo e de sauacutede
motivaccedilatildeo para o trabalho em grupo e outros
47
caracteriacutesticas culturais antecedentes histoacutericos da formaccedilatildeo da
comunidade valores e mentalidades espiacuterito comunitaacuterio eventos
culturais produccedilatildeo artesanal e outros
caracteriacutesticas econocircmicas atividades produtivas grau de utilizaccedilatildeo
da capacidade produtiva instalada setores de atividade
caracteriacutesticas das empresas (porte perfil dos empresaacuterios
informalidade) situaccedilatildeo de emprego haacutebitos de consumo grau de
dependecircncia externa serviccedilos financeiros e outros
caracteriacutesticas organizacionais divisatildeo poliacutetico-adminstrativa
estrutura administrativa do setor puacuteblico distribuiccedilatildeo espacial das
atividades infra-estrutura de comunicaccedilatildeo parcerias e redes
existentes associaccedilotildees e outros
b) Identificaccedilatildeo dos problemas ndash de posse das informaccedilotildees baacutesicas sobre a
realidade cujo desenvolvimento pretende-se promover pode-se chegar agraves
entrevistas com formadores de opiniatildeo da comunidade no sentido de
sensibilizaacute-los da importacircncia da participaccedilatildeo da comunidade como um todo
c) Definiccedilatildeo de estrateacutegias de accedilatildeo ndash O elenco de accedilotildees assim como a sua
viabilidade e priorizaccedilatildeo satildeo questotildees em que os participantes tambeacutem podem
ser envolvidos ativamente
A coleta de informaccedilotildees poderaacute incluir natildeo somente dados estatiacutesticos mas
tambeacutem fontes bibliograacuteficas (livros revistas jornais) visitas ao local entrevistas pesquisas
de opiniatildeo e outras modalidades de levantamento de ordem qualitativa
48
314 Elaboraccedilatildeo de um plano de accedilatildeo
Da mesma forma que conveacutem a qualquer atividade planejada as accedilotildees a serem
implementadas pressupotildee um certo grau de sistematizaccedilatildeo levando-se em conta o seu niacutevel
de prioridade e viabilidade
a) Priorizaccedilatildeo de accedilotildees - A criatividade da comunidade para a obtenccedilatildeo
de soluccedilotildees originais seraacute direcionada pela informaccedilatildeo sobre as reais
disponibilidades de recursos tanto materiais como naturais humanos e
financeiros Os membros da comunidade pela sua proximidade com a vida
quotidiana poderatildeo contribuir amplemente para a identificaccedilatildeo de accedilotildees
b) Fontes de financiamento20
ndash Enfatizam-se aqui sobre a necessidade de se
garantir uma fonte de recursos financeiros para a implantaccedilatildeo de um projeto de
desenvolvimento local de forma a assegurar seu sucesso Esses recursos
seriam destinados ao envolvimento de teacutecnicos qualificados e ao iniacutecio de
atividades inerentes a uma estrateacutegia global de desenvolvimento local O
financiamento natildeo poderia ser mas muitas vezes eacute um elemento determinante
para a operacionalizaccedilatildeo de um desenvolvimento local
315 Implantaccedilatildeo de accedilotildees e avaliaccedilatildeo permanente
Esta fase consiste na implantaccedilatildeo das accedilotildees programadas promovendo as
iniciativas de desenvolvimento e uma avaliaccedilatildeo de resultados
20
O sistema BNDES possui linha e financiamento para pequenas empresas e uma grande rede de agentes entre
bancos de desenvolvimento e bancos comerciais Mesmo assim embora tenha-se abundacircncia de recursos o
volume que chega agraves matildeos das pequenas empresas industriais eacute relativamente reduzido Os bancos comerciais se
defrontam com o custo operacional e a baixa remuneraccedilatildeo ao passo que os bancos de desenvolvimento natildeo tecircm
a capilaridade necessaacuteria para atingir a pequena empresa
49
a) Implantaccedilatildeo de accedilotildees ndash Uma vez alcanccedilada um niacutevel de participaccedilatildeo e de
planejamento satisfatoacuterio a etapa de execuccedilatildeo tenderaacute a se tornar mais
simples do contraacuterio o processo poderaacute ser comprometido
b) Avaliaccedilatildeo permanente - Para a descriccedilatildeo dos indicadores de avaliaccedilatildeo do
processo seria razoaacutevel uma avaliaccedilatildeo permanente sobre os sinais existentes
que possam refletir o desenvolvimento de uma comunidade
Em conclusatildeo pode-se afirmar que o espaccedilo econocircmico estaacute inserido em um
espaccedilo territorial enfatizando neste termo o seu caraacuteter social Portanto sua dinamizaccedilatildeo natildeo
deve ignorar como jaacute evidenciado as medidas de ordem social cultural e ambiental
O crescimento promove dinamismo econocircmico e consideraacutevel progresso social
poreacutem a orientaccedilatildeo qualitativa do desenvolvimento pode evitar o aumento das
vulnerabilidades locaisregionais os desequiliacutebrios e as assimetrias que no futuro
poderatildeo gerar tensotildees e rupturas no equiliacutebrio social quebrando a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento A adesatildeo social sua manutenccedilatildeo e a
internalizacatildeo do conceito de sustentabilidade representam um dos maiores desafios
de um processo estruturado e participativo de desenvolvimento social
(CASAROTO FILHO 2001 p113)
As dificuldades satildeo determinadas pela complexidade das interaccedilotildees relacionais
que se criam durante a evoluccedilatildeo desse processo entre os homens e entre estes e o seu
ambiente Muitos outros obstaacuteculos poderatildeo ser encontrados e deveratildeo ser superados como
dificuldades teacutecnicas falta de tecnologias apropriadas conflitos de interesse entre grupos
organizados instituiccedilotildees etc
50
32 Desenvolvimento regional no Brasil
Os antecedentes histoacutericos do desenvolvimento no Brasil revelam de forma
bastante clara que somente a partir do seacuteculo XX eacute que o paiacutes entra para a modernidade
urbana ou seja deixando para traacutes a sua tradiccedilatildeo essencialmente rural e dispersa para se
posicionar na era da industrializaccedilatildeo
A base industrial desenvolvida ateacute o periacuteodo atual foi se concentrando de forma
bastante expressiva na Regiatildeo Sudeste que do ponto de vista territorial concentra pouco mais
de 10 do espaccedilo brasileiro onde o Estado de Satildeo Paulo gera em torno de 60 de toda a
produccedilatildeo industrial do paiacutes Entretanto em periacuteodos recentes comeccedila a acontecer um leve
movimento de desconcentraccedilatildeo espacial da produccedilatildeo nacional
Da relativa predominacircncia das posiccedilotildees contraacuterias agrave ideacuteia de que o mercado tende a
resolver as disparidades e defensoras da accedilatildeo estatal com o fito de corrigi-las
originou-se e ganhou corpo o planejamento regional Deriva daiacute a implantaccedilatildeo da
ldquoPoliacutetica Regionalrdquo atraveacutes do Governo Federal e de seus oacutergatildeos especiacuteficos No
Brasil vaacuterias experiecircncias nesse sentido podem ser contabilizadas com graus
variados de ecircxitos e fracassos que natildeo cabe aqui avaliar De uma maneira geral
essas poliacuteticas visam a implantar em regiotildees menos dinacircmicas novas atividades em
geral industriais de forma a diversificar a base econocircmica atrair a poupanccedila
externa e com isso deflagrar um ciclo virtuoso de crescimento do produto renda e
emprego (SICSUacuteL E LIMA 1997 p 171)
Esse movimento se inicia por volta dos anos 1940 e 1950 via ocupaccedilatildeo da
fronteira agropecuaacuteria inicialmente no sentido do Sul e depois em direccedilatildeo ao Centro Oeste
Norte e parte do Nordeste A partir dos anos 1970 ele se estende agrave industria Na medida em
que o mercado nacional se integrava a induacutestria buscava novas localizaccedilotildees desenvolvendo-
se em vaacuterias regiotildees menos desenvolvidas do paiacutes principalmente nas regiotildees metropolitanas
21 Em 1990 o Sudeste caiacutera para 69 seu peso industrial do Brasil Satildeo Paulo recuara sua
21
A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais para o entendimento dos
processos de consolidaccedilatildeo das atividades nas regiotildees A concentraccedilatildeo do capital industrial e a aglomeraccedilatildeo das
51
importacircncia relativa pra 49 enquanto o Nordeste passava de 57 para 84 seu peso na
produccedilatildeo industrial brasileira entre 1970 e 1990
Para citar alguns exemplos de desenvolvimentos de poacutelos industriais fora dos
espaccedilos tradicionais temos a induacutestria de eletro-eletrocircnicos na Zona Franca de Manaus
mineraccedilatildeo no Paraacute tecircxteis e calccedilados no Cearaacute Rio Grande do Norte Paraiacuteba Pernambuco e
outros
321 A regionalizaccedilatildeo da economia no novo contexto
A economia brasileira a como jaacute se enfatizou passa por grandes transformaccedilotildees a
partir dos anos noventa em funccedilatildeo das mudanccedilas ocorridas no cenaacuterio internacional Pode-se
destacar por exemplo a poliacutetica de abertura comercial agressiva a valorizaccedilatildeo da
competitividade as reformas do Estado e a implementaccedilatildeo de programas de estabilizaccedilatildeo
Seguindo esta mesma tendecircncia o setor privado consolida uma reestruturaccedilatildeo produtiva cujos
efeitos satildeo perceptiacuteveis em grande parte dos setores da economia ldquoAs economias regionais
natildeo satildeo simplesmente versotildees em escala menor das economias nacionais Elas representam
especificidades que exigem teorias proacuteprias para explicar o seu processo de desenvolvimento
(HADAD 1994 p 338)rdquo
Analisando-se especificamente a questatildeo da desconcentraccedilatildeo espacial dos setores
produtivos conclui-se que alguns fatores tecircm contribuiacutedo de forma decisiva para a
permanecircncia desta nova ordem tais como as mudanccedilas tecnoloacutegicas que favorecem a
reduccedilatildeo de custos de produccedilatildeo e de investimentos o aumento das exportaccedilotildees os aspectos de
ordem logiacutestica que influenciam no fator localizaccedilatildeo dos estabelecimentos onde muitas vezes
a proximidade com os mercados e ou fornecedores se torna fundamental nas decisotildees os
atividades econocircmicas em poucas localizaccedilotildees geograacuteficas distribuiacutedas regularmente representam de fato os
problemas centrais da Economia Espacial e Regional de tal forma que os problemas de desenvolvimento soacutecio-
econocircmico regional satildeo tambeacutem problema de localizaccedilatildeo
52
incentivos fiscais a infra-estrutura disponibilizada e ateacute a matildeo de obra qualificada satildeo
tambeacutem oferecidos pecirclos governos em diversos espaccedilos no sentido de atrair investimentos e
consequumlentemente favorecer a desconcentraccedilatildeo
Para se fazer uma anaacutelise mais atenta sobre o cenaacuterio descrito destaca-se aqueles
empreendimentos que pela sua natureza utilizam matildeo de obra bastante intensiva como eacute o
caso dos setores de tecircxteis e de calccedilados que se reagrupam no interior do Nordeste
especialmente no Cearaacute a fim de se tornarem mais competitivos diante dos concorrentes
externos neste caso o incentivo maior eacute a super oferta de matildeo-de-obra e salaacuterios mais baixos
do que em outras regiotildees de maior tradiccedilatildeo nos respectivos setores como os Estados de Satildeo
Paulo e Rio Grande do Sul
Na deacutecada de noventa Paraiacuteba e Cearaacute que tambeacutem jaacute contavam com alguma
infra-estrutura para a atividade eram os estados que concediam as melhores
condiccedilotildees financeiras para que empresaacuterios do SulSudeste aumentassem o fluxo
de investimentos na Regiatildeo Nordeste A partir da segunda metade da deacutecada de
noventa a Bahia passou a oferecer maiores vantagens frente aos outros estados
Atualmente a Bahia eacute o Estado que tem atraiacutedo mais atenccedilatildeo de pequenas e grandes
empresas assim como dos fornecedores de insumos e componentes tanto pela
maior agressividade na atraccedilatildeo de novas unidades como pela menor distancia em
relaccedilatildeo aos centros urbanos do Sudeste (HAGUENAUER 2000 p 119)
Nesses tempos de especializaccedilatildeo flexiacutevel uma distancia curta entre produtores e
fornecedores eacute indispensaacutevel para a maior agilidade e flexibilidade das firmas ldquoA produccedilatildeo
flexiacutevel impotildee novos requisitos (e ao mesmo tempo novas dificuldades) naqueles locais que
desejam industrializar-se pois ela requer mobilizaccedilatildeo e sustentaccedilatildeo endoacutegena de recursos
(trabalho por exemplo) e a alimentaccedilatildeo de complexas relaccedilotildees sociais
(consoacutercios)rdquo(LIBORGENE 1990 p140) Para estas meacutedias empresas abastecer unidades
no Nordeste com mateacuterias providas do Sul mostra-se dispendioso principalmente em razatildeo
de conceitos tiacutepicos da era da especializaccedilatildeo flexiacutevel como o just-in-time e outras formas de
racionalizaccedilatildeo dos processos e logiacutestica
53
322 Fatores condicionantes da poliacutetica de desenvolvimento regional
O novo paradigma produtivo e tecnoloacutegico eacute uma caracteriacutestica marcante deste
momento de transiccedilatildeo das economias em niacutevel global movido pelos novos fatores de
competitividade tudo isso define os conceitos mais atuais de localizaccedilatildeo das atividades
produtivas
Embora se trate de aspectos que nunca estiveram ausentes das poliacuteticas tradicionais
de desenvolvimento regional as questotildees da eficiecircncia e da competitividade
passam a ter uma posiccedilatildeo estrateacutegica no tratamento da problemaacutetica regional mais
recentemente quando num contexto mais geral o processo de globalizaccedilatildeo e a
proposta de inserccedilatildeo competitiva da economia nacional na economia mundial
passam a exigir das poliacuteticas natildeo soacute a ampliaccedilatildeo da base econocircmica mas a
montagem de uma estrutura produtiva que possa ganhar mercados num contexto de
competiccedilatildeo crescente (ARAUacuteJO 1999 p 22)
As transformaccedilotildees pelas quais passaram as economias regionais brasileiras nas
ultimas deacutecadas redefiniram uma nova configuraccedilatildeo regional As formas de intervenccedilatildeo do
Estado brasileiro atraveacutes dos estiacutemulos fiscais e financeiros do investimento estatal e da
implantaccedilatildeo de infra-estrutura econocircmica articularam e desarticularam espaccedilos no interior de
cada regiatildeo dando lugar a novas formas de integraccedilatildeo e nova divisatildeo espacial do paiacutes
ldquoAtualmente a importacircncia do envolvimento puacuteblico nos processos de decisatildeo sobre
estrateacutegias de desenvolvimento regional parece aceita mesmo pela ortodoxia liberalrdquo
(BARBANTI JUNIOR 2004 p 13)
No modelo predominante a atuaccedilatildeo do Estado brasileiro em relaccedilatildeo aos agentes
econocircmicos privados tende objetivamente para um contexto de menor presenccedila na economia
para a adoccedilatildeo de novas formas de articulaccedilatildeo e parceria para uma menor importacircncia das
formas diretas de accedilatildeo para a descentralizaccedilatildeo e para uma atuaccedilatildeo voltada para a
regulamentaccedilatildeo em novas aacutereas
54
33 Competitividade
Uma das caracteriacutesticas mais difundidas do ambiente globalizado eacute a exigecircncia de
processos eficazes para a manutenccedilatildeo de um niacutevel muito elevado de competitividade tudo
isso natildeo diz respeito apenas agraves empresas mas o sistema econocircmico como um todo os
produtos as empresas e o ambiente econocircmico e institucional Esse requisito estaacute baseado na
necessidade de conquistar vantagens competitivas que permitam a conquista de novos
mercados provenientes da abertura comercial
Em um mundo de crescente competiccedilatildeo global as naccedilotildees tornam-se mais
importantes Agrave medida que a base da competiccedilatildeo se voltou mais para a criaccedilatildeo e
assimilaccedilatildeo do conhecimento o papel da naccedilatildeo cresceu A vantagem competitiva eacute
criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado Diferenccedilas de
valores culturas estruturas econocircmicas instituiccedilotildees e historias entre as naccedilotildees
contribuem para o processo competitivo Haacute diferenccedilas marcantes nos padrotildees de
competitividade de cada paiacutes nenhuma naccedilatildeo conseguiraacute ser competitiva em todos
ou mesmo na maioria dos setores industriais Finalmente as naccedilotildees tecircm sucesso em
certos setores porque seu ambiente interno eacute o mais avanccedilado dinacircmicoe
desafiador (PORTER 1998 p 145)
A necessidade de criaccedilatildeo de um sistema localregional competitivo por meio da
articulaccedilatildeo dos atores responsaacuteveis pela eficaacutecia do ambiente relacional das empresas podem
determinar um forte processo de concentraccedilatildeo dos interesses sociais que se denomina de
regionalizaccedilatildeo social
O processo de flexibilizaccedilatildeo22
por meio da descentralizaccedilatildeo e desverticalizacatildeo23
das organizaccedilotildees eacute um outro fator determinante das transformaccedilotildees ocorridas no mundo o
que permite uma rede relacional que estimula a cooperaccedilatildeo entre os diversos atores do
22
Invoca-se a ldquoflexibilidade das maacutequinas induzidas pele revoluccedilatildeo tecnoloacutegicardquo - obviamente acompanhada
por uma ldquoflexibilidaderdquo do contrato de trabalho e incita-se a ldquoromper com a velha rigidezrdquo 23
No modelo fordista a forma claacutessica de organizaccedilatildeo industrial era a divisatildeo do trabalho no interior da faacutebrica
entre as seccedilotildees seguindo os principio taylorista (Engenharia e Organizaccedilatildeo e Meacutetodos fabricaccedilatildeo qualificada de
maacutequinas execuccedilatildeo desqualificada por exemplo as linhas de montagem) Essa divisatildeo era tatildeo pronunciada que
podia assumir a forma de uma separaccedilatildeo entre estabelecimento (uma desintegraccedilatildeo espacial) ou mesmo uma
divisatildeo entre firmas (uma desintegraccedilatildeo vertical) (LIBORGNE amp LIPIETZ 1990)
55
desenvolvimento e pode garantir uma maior representatividade e o envolvimento nas accedilotildees
comuns
A desverticalizacatildeo dos ciclos de produccedilatildeo rompendo as cadeias integradas de
origem fordista criou um espaccedilo para a pequena empresa acessiacutevel agora de
qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de
produtos que abre novos espaccedilos agraves pequenas e meacutedias empresas que souberem se
inserir de forma inteligente e maleaacutevel nos muitos nichos abertos ao
desenvolvimento Por outro lado as diferenccedilas ocorridas na afirmaccedilatildeo competitiva
das pequenas empresas potencialmente derivadas do fato de serem particulares
diferentes umas das outras mostra que as oportunidades satildeo desfrutadas somente
por aquelas dispostas a explorar novos espaccedilos e por aquelas inseridas em sistemas
territoriais equipados para novas exigecircncias (CASAROTO FILHO 2001 p 13)
Sistemas econocircmicos locais como instrumentos de uma rede ampla permitem
potencializar recursos que aumentem a velocidade de relaccedilatildeo agrave inovaccedilatildeo continua
basicamente conhecimento experimentaccedilatildeo relacionamento sistemas logiacutesticos
comunicativos e garantia financeira A pequena empresa operando de modo individualizado
parece natildeo servir mais de modelo para o futuro O momento atual sinaliza para a
manutenccedilatildeo dos fatores de sucesso experimentados e utilizados ateacute agora para investir em
velocidade inserindo-se em redes relacionais
331 Dimensotildees da competitividade
O termo de referecircncia para atuaccedilatildeo do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos
Locais de julho de 2003 dentro de sua metodologia aborda trecircs dimensotildees para a anaacutelise
competitiva de um Arranjo Produtivo Local de maneira a formular estrateacutegias de accedilotildees
a) Dimensatildeo Empresarial fatores ou condicionantes de domiacutenio das
empresas como custo qualidade inovaccedilatildeo e marketing a capacidade
produtiva e sua relaccedilatildeo custos e preccedilos (produtividade) a qualidade dos
recursos humanos a capacidade comercial a estrateacutegia e a gestatildeo das
empresas entre outros
56
b) Dimensatildeo Estrutural fatores ou condicionantes relacionados ao
mercado e agrave tecnologia (acesso) agrave configuraccedilatildeo da induacutestria e agrave dinacircmica
especiacutefica da concorrecircncia o grau de encadeamentos de negoacutecios grau de
interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econocircmica
principal ndash especializaccedilatildeo produtiva) nos elos e ou na estrutura da cadeia
produtiva principal em que estatildeo inseridas quando esta eacute rebatida no territoacuterio
grau de interatividade inter e intra-setorial das empresas do setor com cadeias
produtivas complementares grau de interatividade das empresas com as
instituiccedilotildees de apoio competitivo e destas entre si entre outros
c) Dimensatildeo Sistecircmica fatores ou condicionantes macroeconocircmicos
internacionais (mercado internacional) avanccedilo do conhecimento infra-
estruturais fiscais financeiras e poliacutetico-institucionais que mais diretamente
influenciam o desempenho geral ou especiacutefico do arranjo
34 Inovaccedilatildeo
A princiacutepio a inovaccedilatildeo24
pode ser entendida como a aplicaccedilatildeo produtiva de uma
nova invenccedilatildeo implicando em mudanccedila que se introduz no sistema econocircmico e produz um
incremento no desenvolvimento das forcas produtivas
De forma geneacuterica existem dois tipos de inovaccedilatildeo a radical e a incremental
Inovaccedilatildeo radical refere-se ao desenvolvimento de um novo produto processo ou forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo inteiramente nova Tais inovaccedilotildees podem originar novas empresas
24
Eacute inequiacutevoca a centralidade da inovaccedilatildeo tecnoloacutegica como fonte de dinamismo econocircmico A relaccedilatildeo entre
tecnologia e desenvolvimento econocircmico esteve presente na teoria econocircmica desde a economia poliacutetica claacutessica
A importacircncia dada por Smith agrave divisatildeo do trabalho retrata a incorporaccedilatildeo de progresso teacutecnico como base do
crescimento da produtividade e do desenvolvimento econocircmico Ricardo por sua vez entendeu muito mais cedo
a relevacircncia da incorporaccedilatildeo de maacutequinas para fazer face agrave competiccedilatildeo entre os paiacuteses do que os efeitos dessa
incorporaccedilatildeo por exemplo sobre o emprego
57
setores e mercados e ainda significar reduccedilatildeo de custos e aumento de qualidade em produtos
existentes Como por exemplo a introduccedilatildeo da maacutequina a vapor no final do seacuteculo XVIII e o
desenvolvimento da microeletrocircnica desde a deacutecada de 1950
Inovaccedilatildeo incremental - refere-se agrave introduccedilatildeo de qualquer melhoria em um
produto processo ou organizaccedilatildeo da produccedilatildeo dentro de uma empresa sem
alteraccedilatildeo na estrutura industrial podendo gerar maior eficiecircncia teacutecnica aumento
da produtividade e da qualidade reduccedilatildeo de custos e ampliaccedilatildeo das aplicaccedilotildees de
um produto ou processo
Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica significa a utilizaccedilatildeo do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviccedilos
Inovaccedilatildeo organizacional significa a introduccedilatildeo de novos meios de organizar a
produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de bens e serviccedilos
A partir da deacutecada de 1970 ampliou-se o entendimento da inovaccedilatildeo que passou a
ser vista natildeo mais como um ato isolado mas como um processo descontinuo e
irregular derivando de complexas interaccedilotildees entre o ambiente soacutecio-econocircmico e
as mudanccedilas tecnoloacutegicas
A empresa eacute considerada o ponto mais importante neste processo definida nesta
visatildeo como uma organizaccedilatildeo voltada ao aprendizado Poreacutem uma empresa natildeo
inova sozinha o processo de inovaccedilatildeo eacute interativo e de natureza social contando
com a contribuiccedilatildeo de vaacuterios agentes econocircmicos e sociais detentores de diferentes
tipos de informaccedilotildees e conhecimentos dentro e fora da empresa Tais abordagens
sobre o caraacuteter e o papel da inovaccedilatildeo foram desenvolvidas particularmente pela
corrente evolucionaacuteria do pensamento econocircmico calcada nos trabalhos de Richard
Nelson Sidney Winter Christopher Freeman e Giovanni Dosi dentre outros Tal
corrente parte dos seguintes pressupostos Centrais
a) O conhecimento eacute a base do processo inovativo e sua criaccedilatildeo e difusatildeo
alimentam a mudanccedila econocircmica e tecnoloacutegica constituindo-se em fonte de
competitividade sustentada O aprendizado eacute o mecanismo chave no processo de
acumulaccedilatildeo do conhecimento e
b) As inovaccedilotildees em produtos processos instituicotildees etc possibilitam a geraccedilatildeo
de ganhos competitivos e implicam mudanccedilas qualitativas e o aumento da
diversidade no sistema econocircmico (SEBRAE 2003 p 69)
As instituiccedilotildees influenciam e satildeo influenciadas pelos processos de aprendizado
desempenhando papel fundamental na evoluccedilatildeo produtiva e inovativa A partir do inicio da
deacutecada de 1980 particular atenccedilatildeo passou a ser dada ao caraacuteter localizado da inovaccedilatildeo e do
conhecimento
341 O sistema brasileiro de inovaccedilatildeo
A importacircncia da inovaccedilatildeo e da tecnologia no processo de desenvolvimento do
mundo capitalista tem alcanccedilado espaccedilos cada vez maiores nos uacuteltimos anos ldquoComo eacute
58
sabido haacute uma importante dimensatildeo da globalizaccedilatildeo que estaacute assentada nos avanccedilos
tecnoloacutegicos como definidores de competitividade das empresas regiotildees e paiacuteses bem como
de suas possibilidades de inserccedilatildeo nas trocas internacionaisrdquo (CARLEIAL 1997 p 143)
As induacutestrias que apostam em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica lucram e exportam mais que
as outras pagam salaacuterios melhores investem mais na formaccedilatildeo de matildeo-de-obra e oferecem
empregos mais estaacuteveis Satildeo algumas das conclusotildees de um amplo estudo feito pelo Instituto
de Pesquisa Econocircmica Aplicada (Ipea) a partir da analise de 72 mil das 120 mil induacutestrias
registradas no Paiacutes ndash todas elas com mais de dez funcionaacuterios O trabalho tem por objetivo
fornecer subsiacutedios agraves estrateacutegias da Poliacutetica Industrial Tecnoloacutegica e de Comeacutercio Exterior do
governo
Espera-se portanto um grande avanccedilo tambeacutem a partir da Lei 34762004
denominada de Lei de Inovaccedilatildeo que dispotildee sobre incentivos agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa
cientiacutefica e tecnoloacutegica no ambiente produtivo
No art 1ordm Das disposiccedilotildees preliminares estabelece o seguinte
Art 1ordm Esta Lei estabelece medidas de incentivo agrave inovaccedilatildeo e agrave pesquisa cientiacutefica
e tecnoloacutegica no ambiente produtivo com vistas agrave capacitaccedilatildeo e ao alcance da
autonomia tecnoloacutegica e ao desenvolvimento industrial do Paiacutes nos termos dos
arts 281 e 219 da Constituiccedilatildeo
Art 2ordm Para efeitos desta Lei considera-se
I agencia de fomento oacutergatildeo ou instituiccedilatildeo de natureza puacuteblica ou privada que
tenha entre os seus objetivos o financiamento de accedilotildees que visem a estimular e
promover o desenvolvimento da ciecircncia da tecnologia e da inovaccedilatildeo
II ()
III ()
IV inovaccedilatildeo introduccedilatildeo de novidade ou aperfeiccediloamento no ambiente produtivo ou
social quem resulte em novos produtos ou serviccedilos
V Instituiccedilatildeo Cientiacutefica e Tecnoloacutegica ndash ICT oacutergatildeo ou entidade da adminstracatildeo
puacuteblica que tenha por missatildeo institucional dentre outras executar atividades de
pesquisa baacutesica ou aplicada de caraacuteter cientiacutefico ou tecnoloacutegico (ltdisponiacutevel
httpwwwctemgovbrdocumentos ndash textos Lei de Inovaccedilatildeo PDFgt)
Como parte das repercussotildees desse novo momento o Ministeacuterio da Ciecircncia e
Tecnologia promoveu em 18 de marco de 2005 em Recife um grande seminaacuterio voltado para
a Lei de Inovaccedilotildees e Incentivos Fiscais e entre os diversos paineacuteis apresentados destaca-se o
59
seguinte Poliacutetica Industrial Tecnologia e Comeacutercio Exterior abordando algumas linhas de
accedilatildeo como inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico inserccedilatildeo externa modernizaccedilatildeo
industrial e capacidade e escala produtiva
Os paineacuteis foram apresentados por Reinaldo Fernandes Danna Coordenador
Geral de Inovaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia
60
4 ARRANJOS E SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS NO MARANHAtildeO
41 Os Padrotildees de Crescimento e de Desenvolvimento do Estado
Conhecido como o segundo maior Estado do Nordeste em extensatildeo territorial o
Maranhatildeo estaacute situado num dos pontos mais proacuteximos dos mercados norte-americano e
europeu suas maiores potencialidades decorrem da abundacircncia e diversidade de recursos
naturais Adiciona-se a essa vantagem locacional uma base logiacutestica e infra-estrutura
oferecidos pelo Porto de Itaqui e a Estrada de Ferro Carajaacutes que proporcionam ao Estado a
condiccedilatildeo de um grande elo de integraccedilatildeo do Brasil com os mercados do exterior conforme a
lustraccedilatildeo contida na figura 4 onde se demonstra a configuraccedilatildeo das grandes rotas
internacionais como fator de atratividade em funccedilatildeo da posiccedilatildeo geograacutefica
Figura 4ndash Rotas mariacutetimas internacionais a partir do Estado do Maranhatildeo
Fonte GEPLN [2005] Disponiacutevel em httpwwwgovma govbr
61
A figura 5 mostra-se a configuraccedilatildeo atual do sistema ferroviaacuterio do Estado do
Maranhatildeo onde se integram os Estados do Norte e do Nordeste atraveacutes da Estrada de Ferro
Carajaacutes e Companhia Ferroviaacuteria do Nordeste ndash CFN
Figura 5 ndash Sistema ferroviaacuterio do Estado do Maranhatildeo ndash CVRD e CFN
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
O Estado do Maranhatildeo eacute tambeacutem parte do Eixo Araguaia ndash Tocantins um
promissor eixo de desenvolvimento e de integraccedilatildeo nacional com condiccedilotildees de se constituir
num caminho natural do esforccedilo exportador brasileiro como rota de escoamento da grande
produccedilatildeo agropecuaacuteria e minero-metaluacutergica das Regiotildees Norte e Centro-Oeste do proacuteprio
Estado
Embora com todo esse quadro de potencialidades o Maranhatildeo continua sendo um
dos Estados mais pobres da federaccedilatildeo conforme inicialmente enfatizado com renda per capita
das mais baixas e precaacuterios indicadores sociais De acordo com dados de 2001 o PIB
estimado do Estado fica em torno de R$ 10293000000 correspondente a cerca de 1 da
62
economia brasileira e um PIB per capita de R$ 1796 equivalente a menos de um terccedilo da
media nacional
A Tabela 2 a seguir evidencia em seacuterie histoacuterica a evoluccedilatildeo do Produto Interno
bruto do estado no periacuteodo de 1995 a 2001
Tabela 2 Seacuterie histoacuterica e variaccedilatildeo do PIB [1995 ndash 2003]
Ano PIB (R$)
Em bilhotildees
PIB per capita
(R$ 100)
1995 5063 979
1996 6873 1313
1997 7410 1359
1998 7224 1308
1999 7918 1418
2000 9207 1627
2001 10293 1796
2002 11420 1949
2003 13983 2354
Fonte IBGE [2005]
Para efeito de comparabilidade dentro de um espaccedilo geograacutefico na tabela 3
apresenta-se a participaccedilatildeo do PIB do Estado do Maranhatildeo em relaccedilatildeo aos demais Estados da
Regiatildeo Nordeste na seacuterie histoacuterica a partir de 2000 ateacute 2003
63
Tabela 3 Seacuterie histoacuterica do PIB em relaccedilatildeo aos Estados da Regiatildeo
Nordeste
Estados
Produto Interno Bruto a
preccedilos correntes (1000 R$)
2000 2001 2002 2003
Bahia 48197174 52249320 62102753 73166488
Pernambuco 29126796 31724962 36510039 42260926
Cearaacute 20799548 21581141 24203764 28425175
Rio G do Norte 9293319 9833650 11633212 13695517
Paraiacuteba 9237737 10271930 11634121 13710913
Maranhatildeo 9206845 10293103 11419649 13983802
Alagoas 7022923 7569188 8767282 10325908
Sergipe 5920725 8204018 9496187 11704013
Piauiacute 5329536 5574648 6165848 7325106
Fonte IBGE [2005]
De qualquer forma esta participaccedilatildeo relativa na economia brasileira tem crescido
como resultado da modernizaccedilatildeo da economia e da implementaccedilatildeo de grandes projetos
embora com limitada irradiaccedilatildeo econocircmica
A modernizaccedilatildeo da economia maranhense tem limitado impacto na qualidade de
vida da populaccedilatildeo embora tenha havido um lenta mas continuada melhoria dos indicadores
sociais Mesmo assim os indicadores sociais continuam muito baixos e de um modo geral
inferiores agrave meacutedia do Nordeste
Com 35 milhotildees de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza o que
corresponde a 60 da populaccedilatildeo o Maranhatildeo apresenta um dos mais altos iacutendices de pobreza
do paiacutes a limitada oferta de saneamento tem como consequumlecircncia uma das mais altas taxas de
mortalidade infantil do Brasil
64
Ainda para efeito de comparabilidade tanto com o Brasil como em relaccedilatildeo a
outros Estados do Nordeste utiliza-se a Tabela 4 para demonstrar a evoluccedilatildeo do IDH
Municipal no periacuteodo 1991 a 2000
Tabela 4 IDH dos Estados da Regiatildeo Nordeste [1991 ndash 2000]
Especificaccedilatildeo
Iacutendice meacutedio de
classificaccedilatildeo25
1991 2000
Brasil 0696 0766
Nordeste
Maranhatildeo 0543 0636
Piauiacute 0566 0656
Cearaacute 0593 0700
Rio Grande do Norte 0604 0705
Paraiacuteba 0561 0661
Pernambuco 0620 0705
Alagoas 0548 0649
Sergipe 0597 0682
Bahia 0590 0688
Fonte GEPLAN [2005] Disponiacutevel em lt http wwwgovmabrgt
A contradiccedilatildeo entre as potencialidades e a realidade econocircmica e social do
Maranhatildeo parece ser tiacutepica de regiotildees ou Estados dominados pela exploraccedilatildeo primaacuteria
especialmente extrativismo mineral com pouca irradiaccedilatildeo e limitada propagaccedilatildeo de renda e
investimentos A baixa renda e a deficiente articulaccedilatildeo entre os sistemas produtivos
funcionam como alguns dos fatores que provavelmente impedem do desenvolvimento do
Estado em niacuteveis mais elevados
25
Classificaccedilatildeo Elevado ( 0800 e superior) Meacutedio (0500 a 0799) Baixo ( abaixo de 0500)
65
A economia do Maranhatildeo estaacute estruturada em dois grandes eixos de dinamismo e
modernizaccedilatildeo o agronegoacutecio com destaque para a moderna produccedilatildeo da regiatildeo sul-
maranhense onde se expandem a soja e a pecuaacuteria e o complexo miacutenero-metaluacutergico
concentrado no Oeste e Norte do Estado em torno do alumiacutenio e do mineacuterio de ferro O
primeiro beneficia-se da qualidade da logiacutestica para exportaccedilatildeo das condiccedilotildees climaacuteticas e do
solo do cerrado e o segundo voltado principalmente para o mercado externo baseia-se na
vantagem locacional e na infra-estrutura ferroviaacuteria portuaacuteria e energeacutetica
Ao longo das ultimas deacutecadas o modelo de desenvolvimento econocircmico
implantado no Estado de Maranhatildeo tem como uma de suas caracteriacutesticas
fundamentais a tentativa de atrair grandes projetos industriais
Mas o que pode ser destacado como caracteriacutestica mais especiacutefica em projetos eacute o
seu caraacuteter essencialmente voltado para fora ou seja produccedilatildeo em larga escala
voltada para o atendimento principalmente da demanda externa (A INDUacuteSTRIA
2005 p 22)
Diante do quadro apresentado fica a presunccedilatildeo de que as potencialidades
elencadas soacute deveratildeo ser efetivamente aproveitadas a partir do momento em que forem
equacionados vaacuterios estrangulamentos que reduzem a competitividade e a eficiecircncia no
Estado com destaque para a baixa qualificaccedilatildeo dos recursos humanos e falta de um sistema
de inovaccedilotildees articulado com o setor produtivo
42 Os arranjos e sistemas produtivos locais no cenaacuterio atual
A persistecircncia de alguns estrangulamentos26
econocircmicos tende evidentemente a
inibir a capacidade de investimentos puacuteblicos federais e estaduais moderando o volume de
26
Como estrangulamentos podem ser listados o baixo niacutevel de escolaridade a baixa qualificaccedilatildeo da matildeo-de-
obra a limitaccedilatildeo da capacidade tecnoloacutegica local a postura ainda passiva do empresariado local (apesar da
incipiente mobilizaccedilatildeo) com dependecircncia de accedilotildees governamentais a postura passiva e desarticulada da classe
poliacutetica estadual e a baixa cultura empreendedora
66
recursos para implantaccedilatildeo de projetos estruturadores ndash infra-estrutura econocircmica educaccedilatildeo
capacitaccedilatildeo de recursos humanos inovaccedilatildeo e desenvolvimento tecnoloacutegico ndash com resultado
tambeacutem limitado na melhoria da competitividade do Maranhatildeo num ambiente de alta
concorrecircncia externa Mesmo assim a economia do Estado ainda ocupa espaccedilos seletivos no
mercado nacional e mesmo internacional baseado em vantagens locacionais como logiacutestica e
os recursos naturais consolidando sua posiccedilatildeo no eixo de exportaccedilatildeo do Brasil
A combinaccedilatildeo de baixa competitividade com poliacutetica industrial maranhense
reativa e inconsistente expressatildeo da postura ainda passiva do empresariado pode estar
contribuindo negativamente para a capacidade de irradiaccedilatildeo das cadeias produtivas
dominantes no Maranhatildeo com parcial agregaccedilatildeo de valor em alguns segmentos da base
econocircmica estadual
A estrateacutegia de desenvolvimento industrial do Maranhatildeo de acordo com o Plano
Estrateacutegico apresentado no ano de 2003 se orienta por uma visatildeo de futuro caracterizada pela
expectativa da sociedade quanto a processo acelerado de industrializaccedilatildeo e indica um
conjunto articulado de accedilotildees para a construccedilatildeo deste futuro A seguir satildeo apresentados alguns
dos vetores estrateacutegicos do plano oficial que podem ser capazes de contribuir com o
desenvolvimento da induacutestria maranhense no sentido da visatildeo de futuro
O Plano estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo a partir de 2003
considera ainda que futuro desejado pelos empresaacuterios para a induacutestria do Maranhatildeo combina
com uma elevada competitividade sistecircmica da economia maranhense com um amplo
adensamento das cadeias produtivas aumentando a agregaccedilatildeo de valor dos produtos em
segmentos centrais da economia do Estado
A figura 6 realccedila o entendimento da Cadeia Produtiva da induacutestria de madeira e
moacuteveis onde se visualiza os componentes interativos Considera-se como parte da cadeia
produtiva as leis e normas que afetam os modelos de produccedilatildeo e a interaccedilatildeo dos elos bem
67
como as organizaccedilotildees que datildeo apoio agrave cadeia entre elas instituiccedilotildees de pesquisa centro
tecnoloacutegicos universidades instituiccedilotildees de captaccedilatildeo consultoria e extensatildeo laboratoacuterios etc
Essas organizaccedilotildees datildeo suporte agrave cadeia tanto na gestatildeo e inovaccedilatildeo tecnoloacutegica quanto no
cumprimento das leis e normas que regem o ambiente em que elas estatildeo inseridas
Figura 6 Cadeia Produtiva de Madeira e Moacuteveis
Disponiacutevel em lt http wwwabiptiorgbr gt
O Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais ndash PAPL27
tem os objetivos de melhorar a produtividade aumentar a lucratividade
promover a inserccedilatildeo do produtor no sistema de mercado melhorar a qualidade do produto
transformar enfim o sistema produtivo do Estado Os beneficiaacuterios de acordo com a
concepccedilatildeo do programa deveratildeo se os micros e pequenos produtores
As instituiccedilotildees parceiras do PAPL satildeo as seguintes
a) Serviccedilo de Apoio agrave Micro e Pequena Empresa - SEBRAE
27
O PAPL eacute o Programa atraveacutes do qual pretende o Governo do Estado induzir o desenvolvimento sustentaacutevel
do Maranhatildeo Ele foi idealizado dentro dos ditames do Plano de Desenvolvimento Econocircmico e Social
Sustentaacutevel do Estado do Maranhatildeo 2003-2006
68
b) Banco do Brasil SA ndash BB
c) Caixa Econocircmica Federal ndash CEF
d) Banco do Nordeste do Brasil ndash BNB
e) Banco da Amazocircnia SA ndash BASA
f) Universidade Federal do Maranhatildeo ndash UFMA
g) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria ndash EMBRAPA
h) Centro Federal de Educ Tecnoloacutegica do Maranhatildeo - CEFET
i) Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo ndash FIEMA
j) Federaccedilatildeo da Agricultura do Estado do Maranhatildeo ndash FAEMA
k) Federaccedilatildeo do Comeacutercio do Estado do Maranhatildeo ndash FECOMERCIO
l) Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia ndash MCT
m) Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e do Comeacutercio Exterior ndash
MIDC
n) Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada ndash IPEA
Para gerir o Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas Produtivos
Locais do Maranhatildeo ndashPAPL foi esquematizado a seguinte estrutura funcional
Conselho Deliberativo ndash instacircncia maacutexima de decisatildeo do programa
Formado pelos dirigentes de todas as instituiccedilotildees parceiras e presidido pelo
Gerente de Estado de Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo
Secretaria Executiva ndash Oacutergatildeo de assessoramento do Conselho Deliberativo
Seraacute o oacutergatildeo responsaacutevel pela coordenaccedilatildeo geral do programa
Grupo de Trabalho ndash composto por teacutecnicos indicados pela GEPLAN pelo
SEBRAE e por teacutecnicos das outras instituiccedilotildees parceiras
69
Gestor Local ndash Eacute o coordenador a niacutevel local do(s) Arranjo(s) sob sua
responsabilidade cuja funccedilatildeo consiste em fazer o elo de ligaccedilatildeo entre os
produtores componentes dos Arranjos e a coordenaccedilatildeo geral
Para uma melhor visualizaccedilatildeo da estrutura de apoio que os gestores locais poderatildeo
dispor apresenta-se a seguir a localizaccedilatildeo das sedes das Gerencias Regionais das Casas de
Agricultura Familiar e das Agecircncias Regionais do SEBRAE28
Quadro 2 Arranjos produtivos locais APL
Arranjo Produtivo
Local
SEDE
Gerecircncia
Regional
G D R
Casa da
Agricultura
Familiar - CAF
SEBRAE
Babaccedilu Bacabal Bacabal Caxias
Codoacute
Bacabal
Caxias Codoacute
Cachaccedila Satildeo Joatildeo dos Patos Satildeo Joatildeo dos
Patos
_
Caju
Barra do Corda Barra do Corda Barra do Corda
Ceracircmica Vermelha Rosaacuterio
Rosaacuterio
Itapecuruacute-Mirim
Satildeo Luis
_
Leite Bacabal Bacabal e Santa
Inecircs
Bacabal e Santa
Inecircs
Madeira e Moacuteveis
Imperatriz Imperatriz Imperatriz
Mel Santa Luzia do Paruaacute Pinheiro e Viana Pinheiro e
Viana
Ovino caprinocultura
Chapadinha Chapadinha Chapadinha
Pecuaacuteria de Corte
Accedilailacircndia Accedilailacircndia Acailacircndia
Pesca Artesanal
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Turismo Artesanato
Satildeo Luis Satildeo Luis Satildeo Luis
Fonte SEBRAE MA 2005
28
O Mapeamento das atividades produtivas do Maranhatildeo foi elaborado levando-se em conta que a
possibilidade de organizaccedilatildeo do um APL requer a existecircncia de um nuacutemero miacutenimo de produtores aglomerados
em determinada zona Programa de Promoccedilatildeo e Desenvolvimento e Sistemas Produtivos Locais do Maranhatildeo
2003-2006
70
Por outro lado este futuro considera o alargamento do mercado interno no Estado
e pressupotildee uma mudanccedila na realidade econocircmica social e ambiental como condiccedilatildeo mesmo
para melhoria da competitividade econocircmica maranhense Este futuro poderaacute se viabilizar
atraveacutes uma alianccedila entre empresaacuterios o governo do Estado e a Sociedade
43 Estrateacutegias em curso para o desenvolvimento
A estrateacutegia de desenvolvimento da induacutestria do Maranhatildeo passa pela organizaccedilatildeo
de um conjunto de accedilotildees iniciativas e projetos capazes de levar o segmento industrial da
situaccedilatildeo atual para futuro desejado pelo empresariado e pela sociedade crescimento
econocircmico ampliaccedilatildeo e diversificaccedilatildeo da induacutestria e agregaccedilatildeo de valor consolidaccedilatildeo e
aumento das exportaccedilotildees ampliaccedilatildeo e dinamizaccedilatildeo do mercado interno estadual e regional
Para melhor cumprir os objetivos deste trabalho destaca-se os vetores estrateacutegicos
para o desenvolvimento da cadeia produtiva florestal e madereiro-moveleira de acordo com o
Plano Estrateacutegico de Desenvolvimento Industrial do Maranhatildeo no periacuteodo (FIEMA 2003
p109) conforme se descreve
Objetivo
Estimular a irradiaccedilatildeo da atividade florestal e madeireira e principalmente a
agregaccedilatildeo de valor com a implantaccedilatildeo de um segmento moveleiro de
qualidade no Estado do Maranhatildeo
a) Projetos estrateacutegicos
Reflorestamento e utilizaccedilatildeo sustentaacutevel dos recursos florestais
Implantaccedilatildeo de induacutestria moveleira de qualidade com produccedilatildeo de moacuteveis
com design moderno e com a marca Maranhatildeo
71
Instalaccedilatildeo de empreendimentos para atendimento da demanda local da
induacutestria moveleira particularmente maacutequinas equipamentos e serviccedilos de
manutenccedilatildeo
b) Instrumentos
Incentivos fiscais e financeiros (com destaque para os mecanismos que estatildeo
sendo definidos para a nova poliacutetica de desenvolvimento do Nordeste
articulaccedilatildeo de produtores iniciativas do empresariado particularmente da
Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do Maranhatildeo e accedilatildeo indutora do governo
do Estado Nesta cadeia produtiva um instrumento fundamental deveraacute ser a
gestatildeo ambiental do governo incentivando o uso de manejos adequados e
sustentaacuteveis dos recursos florestais assim como o apoio ao desenvolvimento
de design e marca diferenciada da produccedilatildeo maranhense)
O sucesso da estrateacutegia de desenvolvimento industrial certamente dependeraacute da
proacutepria capacidade dos atores sociais do Maranhatildeo para mobilizar os instrumentos e viabilizar
as accedilotildees definidas nos projetos
O processo de gestatildeo do Programa de Desenvolvimento de Arranjos e Sistemas
Produtivos Locais no Maranhatildeo deve considerar dois niacuteveis complementares de
decisatildeo o niacutevel de coordenaccedilatildeo geral e o niacutevel de coordenaccedilatildeo local O Niacutevel de
coordenaccedilatildeo geral eacute responsaacutevel pela concepccedilatildeo geral do Programa pela sua
supervisatildeo pelo processo de negociaccedilatildeo com os diferentes parceiros pelo
monitoramento e avaliaccedilatildeo pela articulaccedilatildeo intragovernamental etc O niacutevel de
coordenaccedilatildeo local eacute responsaacutevel basicamente pelo processo de implementaccedilatildeo de
cada Arranjo ou Sistema Produtivo Local do municiacutepio ou do aglomerado de
municiacutepios (GEPLAN 2003 p 17)
Definida a estrateacutegia e os projetos que poderiam transformar o futuro do Estado na
direccedilatildeo desejada da sociedade trata-se a partir de entatildeo da criaccedilatildeo das condiccedilotildees favoraacuteveis
de sua implementaccedilatildeo definindo os meios e as responsabilidades dos diferentes segmentos
sociais como por exemplo a formaccedilatildeo de um pacto de desenvolvimento entre o governo as
categorias empresariais e outros segmentos da sociedade com todos os desdobramentos
necessaacuterios para a obtenccedilatildeo de resultados praacuteticos no menor espaccedilo de tempo
72
Quadro 3 Grupos e tipos de serviccedilos
GRUPOS DE SERVICcedilOS TIPOS DE SERVICcedilOS
Promoccedilatildeo de Marketing
SEBRAE
FIEMA
UFMA
UEMA
MDIC
Participaccedilatildeo em feiras internacionais
Organizaccedilatildeo de missotildees comerciais no exterior
Identificaccedilatildeo de parceiros comerciais no exterior
Pesquisa e acompanhamento dos mercados
Confecccedilatildeo de material promocional
Exposiccedilotildees permanentes de venda
Vendas em conjunto
Promoccedilatildeo de marcas de produtos
Promoccedilatildeo de marcas territoriais
Promoccedilatildeo atraveacutes de presenccedila na Internet
Outros serviccedilos de promoccedilatildeo e marketing
Tecnoloacutegicos e Teacutecnicos
FINEP
FIEMA
MCT
SEBRAE
UFMA
UEMA
IMETRO
Teste de qualidade dos produtos
Certificaccedilatildeo de qualidade de produto
Assistecircncia para certificaccedilatildeo de qualidade de
processos
Desenvolvimento de novos produtos
Modelagem em CAD
Utilizaccedilatildeo de maacutequinas de alta tecnologia
Assistecircncia para inovaccedilatildeo tecnoloacutegica
Publicaccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas
Apoio agrave realizaccedilatildeo de projetos especiais
Outros serviccedilos tecnoloacutegicos e teacutecnicos
Capacitacatildeo
SEBRAE
FIEMA
SENAI
UFMA
Capacitaccedilatildeo gerencial
Especializaccedilatildeo profissional
Formaccedilatildeo profissional direcionada
Outros serviccedilos de capacitaccedilatildeo
Financeiros
CEF
BASA
BNB
BNDES
BB
Garantia de credito (fundo de aval)
Informaccedilotildees sobre fontes de financiamento
Outros serviccedilos financeiros
Infra-Estrutura
MMA
UFMA
UEMA
MDIC
Reaproveitamento de resiacuteduos industriais
Tratamento de afluentes
Outros serviccedilos de infra-estrutura
Administrativos
SEBRAE
UFMA
UEMA
MDIC
Assistecircncia juriacutedica sindical e trabalhista
Informaccedilotildees sobre normas teacutecnicas e ambientais
Assistecircncia no registro de patentes
Arbitragem e controveacutersias
Apoio na organizaccedilatildeo de viagens e traduccedilotildees
Acompanhamento de estatiacutesticas setoriais
Fonte FGVSEBRAE-RJFIRJAN
Apresenta-se a partir do Quadro 3 acima a descriccedilatildeo dos tipos de serviccedilos
comunitaacuterios que os Gestores de um Arranjo Produtivo Local podem prestar agraves empresas
instaladas ou em vias de implantaccedilatildeo do Estado
73
Eacute previsiacutevel que um Arranjo Produtivo Local tenha poucas chances de se
estruturar e se consolidar se natildeo vier a se instalar entre as empresas que compotildeem o ambiente
de competiccedilatildeo cooperativa
A composiccedilatildeo da agenda de mudanccedilas de cada ASPL varia de acordo com o seu
estaacutegio de desenvolvimento com as suas caracteriacutesticas estruturais com o niacutevel de
cooperaccedilatildeo entre as firmas com a qualidade das lideranccedilas locais etc O ponto fundamental eacute
garantir que a construccedilatildeo da agenda ocorra dentro de um processo de participaccedilatildeo e de
consenso entre as lideranccedilas locais destacadas para evitar que essa agenda se limite a ser um
conjunto de trabalhos teacutecnicos que natildeo gere compromissos das comunidades quanto agrave sua
implementaccedilatildeo
Uma poliacutetica industrial estimula as cadeias produtivas De acordo com mateacuteria
publicada no caderno de Economia do Jornal Gazeta Mercantil no dia 02 de agosto de 200429
ldquoO apoio aos arranjos produtivos natildeo eacute modismordquo Segundo a doutora em Economia da
Universidade Federal de Uberlacircndia Marisa Botelho ldquoo essencial eacute a mudanccedila de foco das
accedilotildees que devem ser direcionadas sempre para grupos de empresas e natildeo pra alguns negoacutecios
individualmente como tem sido a tradiccedilatildeordquo
Ainda conforme a mateacuteria em pauta um mapeamento feito pelo Ministeacuterio do
Desenvolvimento identificou que haacute no Brasil 400 arranjos produtivos locais em vaacuterios
estaacutegios de desenvolvimento Tambeacutem chamados de ldquoclustersrdquo esse tipo de organizaccedilatildeo de
empresas requer pra seu ecircxito uma forte consciecircncia coletiva Nos casos mais avanccedilados os
empresaacuterios percebem que a proximidade geograacutefica torna-se um diferencial de
competitividade quando consegue difundir inovaccedilatildeo colaboraccedilatildeo entre as firmas e velocidade
nas transaccedilotildees
29
O tiacutetulo da mateacuteria eacute O governo apoacuteia poacutelos regionais de pequenas e meacutedias empresas Um mapeamento feito
pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento da Induacutestria e Comeacutercio Exterior identificou que haacute no Brasil 400 arranjos
produtivos locais em vaacuterios estaacutegios de desenvolvimento GAZETA MERCANTIL 2004
74
5 A INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NO BRASIL
51 Caracterizaccedilatildeo do setor moveleiro nacional
Um universo bem diversificado em termos de processo de produccedilatildeo envolvendo
muitos tipos de mateacuterias-primas e outros tantos produtos finais eacute uma das principais
caracteriacutesticas da induacutestria moveleira nacional O tipo de produto predominante no mercado
ainda eacute o moacutevel de madeira em seguida vem os moacuteveis que priorizam o metal com principal
componente
De acordo com os estudos da Abimoacutevel (2000) de maneira geral a induacutestria de
moacuteveis no Brasil apoacutes a abertura da economia brasileira e a estabilizaccedilatildeo trouxe muitas
transformaccedilotildees para o setor agrave medida que muitos consumidores foram incorporados
notadamente em funccedilatildeo do maior poder aquisitivo Mudanccedilas positivas e significativas estatildeo
ocorrendo na base produtiva ajustando-se agraves novas condiccedilotildees da abertura comercial e
globalizaccedilatildeo
O aumento das exportaccedilotildees vem acontecendo como um fato positivo
impulsionado pelos avanccedilos da tecnologia empregada nos processos de produccedilatildeo a
modernizaccedilatildeo das instalaccedilotildees industriais e ainda a iniciaccedilatildeo do uso da terceirizaccedilatildeo Tudo
isso contribui para a reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo e consequumlentemente para o aumento da
competitividade30
Os moacuteveis de madeira para residecircncia constituem o principal segmento da
induacutestria moveleira do Brasil os moacuteveis de escritoacuterio constituem a segunda categoria
30
ldquoA induacutestria de moacuteveis eacute uma induacutestria tradicional com tecnologia de produccedilatildeo consolidada e bastante
difundida e cujo padratildeo de desenvolvimento tecnoloacutegico eacute determinado pela induacutestria de bens de capital Este
fato permite um acesso irrestrito para qualquer paiacutes agraves mais modernas maacutequinas e equipamentos As mudanccedilas
no processo de produccedilatildeo satildeo incrementais natildeo havendo alteraccedilotildees radicais que possam modificar de forma
brusca a posiccedilatildeo competitiva dos diversos paiacutesesrdquo Estudo da Competitividade da Induacutestria Brasileira ndash ECIB
1993
75
segundo o Manual de Exportaccedilatildeo de Moacuteveis Coutinho (1988) O segmento de moacuteveis de
madeira para residecircncia pode ser subdividido nas seguintes categorias moacuteveis retiliacuteneos
seriados moacuteveis torneados seriados e moacuteveis sob medida
A induacutestria brasileira de moacuteveis de acordo com o IBGE tinha uma participaccedilatildeo
07 do PIB ateacute 1979 mas de acordo com os indicadores apresentados na Tabela 5 o setor se
sobressai no quesito geraccedilatildeo de emprego Estes dados por serem oficiais revelam ainda o
elevado grau de informalidade do setor especialmente quando se faz um estudo comparado
com a pesquisa de campo a seguir No caso do Estado do Maranhatildeo somente os Municiacutepios
de Imperatriz Joatildeo Lisboa e Accedilailacircndia tecircm aproximadamente 200 estabelecimentos contra
apenas 81 demonstrado na tabela 5
Tabela 5 Nuacutemero de empresas e empregados do setor moveleiro por Estado
Unidades da Federaccedilatildeo Nuacutemero de
estabelecimentos
Nuacutemero de
empregados
Satildeo Paulo 3754 48462
Rio Grande do Sul 2443 33479
Santa Catarina 2020 32273
Paranaacute 2133 29079
Minas Gerais 2126 24717
Espiacuterito Santo 313 5402
Rio de Janeiro 583 5367
Bahia 355 4816
Cearaacute 328 4126
Goiaacutes 398 3334
Pernambuco 298 3287
Paraacute 109 1699
Mato Grosso 235 1648
Maranhatildeo 81 1481
Outros Estados 928 7182
Total 16104 206352 Fonte RAIS 2004 disponiacutevel em lt wwwabimovelorgbrgt
O setor moveleiro tambeacutem se caracteriza pelo pequeno porte agregando pouco
valor por unidade de trabalho Segundo a (Abimoacutevel 2000) as micro e pequenas empresas
ateacute 19 empregados representam em torno de 88 do total de estabelecimentos registrados
33 do emprego total e apenas 16 do valor bruto da produccedilatildeo industrial As empresas de
76
meacutedio porte entre 20 e 50 empregados representam 12 do total de estabelecimentos 6 do
emprego total e em torno de 75 do valor bruto da produccedilatildeo Satildeo 10000 microempresas
3000 pequenas empresas e apenas 500 meacutedias empresas
Na Tabela 6 satildeo destacadas as principais regiotildees produtoras de moacuteveis no Brasil
com ecircnfase para o Municiacutepio de Satildeo Bento do Sul com o maior nuacutemero de empregos
Tabela 6 Principais Municiacutepios Produtores de Moacuteveis no Brasil
Municiacutepio Estado Empresas Empregos Moacuteveis
Residenciais
Moacuteveis de
Escritoacuterio
Moacuteveis
Puacuteblicos
Mirassol
SP 80 3150 88 6 6
Votuporanga
SP 350 7000 94 3 3
Grande Satildeo
Paulo
SP Sd Sd 61 31 8
Ubaacute MG
153 3150 100 _ _
Arapongas PR
145 5500 86 9 5
Satildeo Bento do
Sul
SC 210 8500 96 4 _
Bento
Gonccedilalves
RS 130 7500 94 5 1
Fonte Gorini (1998) e Coutinho et al (1999)
Em termo de vantagem comparativa a Regiatildeo Sul se sobressai na especializaccedilatildeo
em moacuteveis de madeira Satildeo Bento do Sul em moacuteveis de madeira maciccedila e Bento Gonccedilalves
em moacuteveis retiliacuteneos (aglomerado e MDF em produccedilatildeo seriada) Na exportaccedilatildeo Satildeo Bento do
Sul possui vantagem pela experiecircncia em moacuteveis de madeira maciccedila Denk (2002 p 73)
explica que Arapongas Paranaacute e Ubaacute Minas Gerais vecircm tendo intenso crescimento nos
uacuteltimos anos pelo espaccedilo deixado por Satildeo Bento do Sul e regiatildeo no mercado interno e pela
especializaccedilatildeo em moacuteveis considerados populares cujo consumo cresceu na deacutecada de 1990
Outros poacutelos moveleiros estatildeo se destacando como Linhares Espiacuterito Santo e a regiatildeo de
Chapecoacute Santa Catarina
77
Historicamente o setor nacional adquiriu muitos ganhos graccedilas agrave elevada oferta de
madeiras nobres nas florestas nacionais Entretanto atualmente a legislaccedilatildeo
ambiental e as restriccedilotildees internacionais ao comeacutercio de madeiras nativas
impuseram limites a essa vantagem comparativa do nosso setor moveleiro Assim
surge um estiacutemulo ao uso de madeiras reflorestaacuteveis tais como o piacutenus e o
eucalipto (IPEA 2002 p 103)
No Quadro 4 mostra a induacutestria brasileira de moacuteveis distribuiacuteda em poacutelos
regionais indicando as peculiaridades de cada um no que tange a tecnologia e a forma de
atualizaccedilatildeo confirmando a teoria dos clusters industriais31
Quadro 4 Os Poacutelos regionais e as respectivas peculiaridades
Poacutelos
Tecnologia
Atualizacatildeo
Grande Satildeo Paulo
(SP)
Heterogecircnea
Seriados alta tecnologia
Sob encomenda artesanal
Escritoacuterio elevada complexidade
Diferenciada
Raacutepida (incremental)
Lenta (coacutepias)
2 anos (full line)
Noroeste Paulista
Votuporanga e
Mirassol (SP)
Lideres (moacuteveis retiliacuteneos e metaacutelicos) alta
tecnologia
PMEs Intensivas de matildeo de obra
Raacutepida
Em andamento
Ubaacute (MG)
Itatiaia alta tecnologia
PMEs niacuteveis inferiores
Raacutepida
Ritmo lento
Arapongas (PR) Liacutederes meacutedia capacitaccedilatildeo
PMEs niacuteveis inferiores
Em andamento
Em andamento
Satildeo Bento do Sul
(SC)
Grandes Exportadoras capacitaccedilatildeo acima da
meacutedia nacional
Meacutedias empresas boa capacitaccedilatildeo
Ritmo acelerado
Raacutepida
Bento Gonccedilalves
(RS)
Maior capacitaccedilatildeo nacional Similar agraves empresas
estrangeiras
Fonte Coutinho (1999 apud DENCK 2002 p75)
De acordo com o Relatoacuterio de Atividades da RedeSist (2004 p 17) ldquoOs
principais poacutelos madeireiros da Amazocircnia Legal satildeo Paragominas Tailacircndia Jacundaacute Tomeacute
Accediluacute e Breu Branco no Paraacute Sinop Marcelacircndia e Claudia no Mato Grosso e Ariquemes e
Vilhena em Rondocircnia sendo o Poacutelo de Paragominas no Paraacute identificado como o maior da
31
A anaacutelise e constituiccedilatildeo do cluster devem levar em consideraccedilatildeo aleacutem da economia regionalizada os fatores
histoacutericos e sociais no contexto de uma comunidade em busca do bem estar e da eficiecircncia coletiva
78
regiatildeo seguido pelo poacutelo de Sinop no Mato Grossordquo Atraveacutes da figura 7 se demonstra a
geografia da induacutestria de moacuteveis no Brasil tendo a cidade de Imperatriz com a maior
concentraccedilatildeo do Estado do Maranhatildeo
Figura 7 ndash A concentraccedilatildeo da induacutestria brasileira de moacuteveis
Fonte Abimoacutevel [2004] Disponiacutevel em lt wwwabimovelcombr gt
O faturamento da induacutestria de moacuteveis no Brasil pode ser estimado em torno de R$
10 bilhotildees Considerando o faturamento de todo o setor a partir de 1996 percebe-se certa
instabilidade na induacutestria com avanccedilos e recuos O faturamento da induacutestria nacional segundo
a Abimoacutevel pela ordem da produccedilatildeo divide-se entre os Estados de Satildeo Paulo Rio Grande do
Sul Santa Catarina e Paranaacute respondendo por cerca de 82 da produccedilatildeo
52 Estimativas de crescimento
No Brasil as estimativas de crescimento da induacutestria de moacuteveis representadas
pela Abimoacutevel no Foacuterum de Competitividade da Cadeia Produtiva da Induacutestria da Madeira e
79
Moacuteveis em agosto de 2000 satildeo muito promissoras conforme as abordagens anteriores com
a abertura econocircmica houve um crescimento das exportaccedilotildees32
No entanto houve um
crescimento ainda mais acentuado nas importaccedilotildees em funccedilatildeo da poliacutetica cambial apoacutes o
Plano Real em 1994 com a sobrevalorizaccedilatildeo da moeda brasileira Somente em 1999 com a
desvalorizaccedilatildeo da moeda nacional a induacutestria moveleira tornou-se mais competitiva
aumentando de um lado as exportaccedilotildees em 65 (1999) e 269 (2000) diminuindo as
importaccedilotildees em 24 em termos nominais
Para Denk (2000 p 83) sobre a perspectiva do consumo nacional de moacuteveis
A tendecircncia do mercado nacional moveleiro eacute de crescimento com a maior
demanda potencial registrada no setor de bens duraacuteveis O consumidor brasileiro
estaacute valorizando mais o local onde mora e a induacutestria estaacute atendendo o puacuteblico com
moacuteveis cada vez mais funcionais e com desing apropriado para atender as
exigecircncias
Segundo o estudo Brasil em Foco (Moacutebile Lojista jul 2000) realizado pela Target
Pesquisas e Serviccedilos de Marketing o potencial de consumo anual de moacuteveis eacute de US$ 867
bilhotildees em 2000 Isso representa R$ 20 bilhotildees (doacutelar a R$ 231) e considerando o
faturamento de 2001 em torno de R$ 10 bilhotildees
A questatildeo eacute que dificilmente se atinge esse potencial de consumo pois conforme o
estudo para saber o real consumo de mobiliaacuterio da populaccedilatildeo brasileira seria
necessaacuterio que todas as industrias fornecessem os nuacutemeros de faturamento o que eacute
difiacutecil de se obter com confiabilidade aleacutem do significativo grau de informalidade
do setor (DENK 2000 p 84)
Mesmo diante das adversidades e limitaccedilotildees que dificultam uma pesquisa mais
estruturada e por conseguinte uma melhor afericcedilatildeo de resultados existe o consenso entre os
estudiosos e pesquisadores da mateacuteria que o potencial de consumo de moacuteveis no Brasil eacute
superior aos dados que se conhece Atualmente o parque fabril brasileiro de acordo com as
32
A parceria entre o Programa Brasileiro de Desing PBD uma iniciativa do Ministeacuterio do Desenvolvimento
Industria e Comercio Exterior MDIC e o setor moveleiro estaacute ganhando forca Especialmente porque o PBD eacute
uma das entidades de apoio ao Promoacutevel que tem como importante meta agregar valor ao moacutevel brasileiro
atraveacutes do desing genuinamente nacional ABIMOacuteVEL - 1999
80
consideraccedilotildees anteriores cresce em quantidade e qualidade de equipamentos melhorando
processos e aumentando a produtividade
Um aspecto que caracteriza evoluccedilatildeo tecnoloacutegica do setor eacute o lento processo de
desverticalizacatildeo da produccedilatildeo no Brasil Atualmente ainda eacute muito comum a
produccedilatildeo de madeira serrada nas serrarias cabendo agrave induacutestria moveleira todas as
etapas intermediaacuterias como a secagem e o preacute-processamento da madeira ateacute a
fabricaccedilatildeo do moacutevel Essa forma de organizaccedilatildeo da cadeia industrial insere vaacuterias
ineficiecircncias de escala em todo o processo (SILVA 2001 p 38)
Devido agrave grande informalidade a progressiva terceirizaccedilatildeo de etapas da produccedilatildeo
moveleira soacute deveraacute ser possiacutevel a partir da normatizacatildeo teacutecnica o que vem constituindo um
lento processo
Apoacutes a anaacutelise de parte da literatura disponiacutevel e outras fontes igualmente vaacutelidas
sobre o atual cenaacuterio da induacutestria moveleira no Brasil conclui-se que o seu crescimento em
muito depende da ampliaccedilatildeo dos gastos com a Pesquisa e o Desenvolvimento (PampD) de
forma a se potencializar as inovaccedilotildees de produtos e o aprimoramento do design sem esquecer
evidentemente da qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra no sentido de promover as inovaccedilotildees dos
produtos A reduccedilatildeo do grau de verticalizaccedilatildeo33
pode tambeacutem produzir ganhos de escala
proveniente de uma maior especializaccedilatildeo e a consequumlente ampliaccedilatildeo de sua competitividade
Finalmente a inter-relaccedilatildeo entre firmas deve contribuir positivamente especialmente onde
ainda natildeo existe uma cultura mais aderente e receptiva ao cooperativismo e ou outras forma
de organizaccedilatildeo comprovadamente bem sucedidas em outros espaccedilos produtivos
33
Diferentemente do padratildeo internacional as empresas brasileiras possuem como particularidade um baixo grau
de especializaccedilatildeo da produccedilatildeo Isso significa que a produccedilatildeo setor eacute altamente verticalizada com uma mesma
empresa produzindo seus componentes e seus produtos finais o que diminui a quantidade de encadeamentos
produtivos intra-setoriais reduzindo assim a possibilidade de aumentar a especializaccedilatildeo e os ganhos de escala
com a consequumlente reduccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo
81
6 INDUacuteSTRIA DE MOacuteVEIS NA REGIAtildeO DE IMPERATRIZ
61 Caracterizaccedilatildeo do arranjo produtivo local sob a perspectiva histoacuterica
A histoacuteria do desenvolvimento da regiatildeo de Imperatriz tem muitos pontos de
convergecircncia com o setor extrativo da madeira inicialmente para exportaccedilatildeo e posteriormente
para industrializaccedilatildeo ainda que em pequena escala diante do potencial que se conheceu
Como bem demonstra a sua paisagem devastada a regiatildeo foi um grande celeiro de
mateacuteria-prima no caso madeira maciccedila que servia em maior volume a outras regiotildees do
Brasil e do exterior isto notadamente a um custo ambiental bastante elevado cujas
consequumlecircncias se pode observar ao longo das rodovias que cortam os seus municiacutepios onde
no lugar floresta nativa existe a predominacircncia de pastos eucalipto e outras culturas
Com o desaparecimento gradativo da cobertura vegetal original os equipamentos
de exploraccedilatildeo da madeira no caso as serrarias foram se deslocando para outras regiotildees
circunvizinhas onde ainda existia o produto de sua preferecircncia e outras ficaram na regiatildeo e
foram se transformando em pequenas movelarias
Comeccedila ai entatildeo uma nova eacutepoca mais voltada para a industrializaccedilatildeo embora
sem maiores requisitos de qualificaccedilatildeo para esta nova modalidade de empreendimento tais
como capacidade empreendedora design equipamentos matildeo-de-obra qualificada e os apoios
institucionais que pelo alto grau de informalidade dos estabelecimentos natildeo se
materializaram
Estes fatores ainda hoje segundo o depoimento pessoal de muitos
empreendedores locais se constituem num grande obstaacuteculo para o desenvolvimento do
setor no sentido de poderem atingir os mercados mais competitivos a exemplo do que haacute
muito tempo jaacute ocorre em outras regiotildees do Brasil que atuam neste segmento
82
As evidecircncias locais indicam que assim como em outras regiotildees e territoacuterios
citados na literatura a oferta abundante de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra barata embora
possam contribuir positivamente natildeo seratildeo suficientes para gerar o desenvolvimento
esperado Assim a regiatildeo de Imperatriz mesmo estando contemplada nas agendas de
desenvolvimento dos governos e de outras instituiccedilotildees ainda natildeo se apropriou de ganhos
muito significativos no segmento industrial moveleiro entretanto as accedilotildees que poderatildeo
mudar o perfil da economia regional a partir de sua modernizaccedilatildeo jaacute acontecem atraveacutes de
iniciativas dos segmentos envolvidos como por exemplo a melhoria da qualidade dos
produtos e a ampliaccedilatildeo dos mercados inclusive o de exportaccedilatildeo
62 A Induacutestria Moveleira Local na Atual Conjuntura
Movidas pelo interesse de apoiar as induacutestrias locais na conquista de novos
espaccedilos em mercados quantitativamente maiores e qualitativamente mais exigentes
instituiccedilotildees como o SEBRAE SENAI Associaccedilatildeo Industrial e Comercial de Imperatriz -
ACII Bancos e Governos tecircm nos uacuteltimos anos elaborado planos e desenvolvido accedilotildees no
sentido de despertar os agentes que compotildeem a cadeia produtiva de moacuteveis para a sua
mobilizaccedilatildeo produtiva no entanto como jaacute abordado anteriormente ainda natildeo houve uma
receptividade mais expressiva por parte das categorias em pauta ou seja o grau de aderecircncia
agraves propostas ainda eacute muito baixo
Este cenaacuterio se constata atraveacutes da pesquisa realizada e de depoimentos pessoais
de empresaacuterios gerentes de instituiccedilotildees financeiras e pessoas ligadas agrave atividade madeireira e
moveleira local Um exemplo marcante nessa trajetoacuteria de relativa depressatildeo do setor eacute o
83
caso do Consoacutercio de Exportaccedilatildeo COEXIMIR34
desativado no ano de 2002 cujos objetivos
natildeo foram alcanccedilados apesar dos esforccedilos institucionais Este consoacutercio poderia ser em
uacuteltima anaacutelise o primeiro grande passo no sentido da denominada aglomeraccedilatildeo produtiva
tendo em vista que adotaria uma metodologia empregada em outros poacutelos moveleiros jaacute
consolidados no Brasil
Diversos produtos da linha popular como camas guarda-roupas e rak ainda
iniciaram um processo de comercializaccedilatildeo atraveacutes de uma missatildeo comercial de Caracas na
Venezuela poreacutem de acordo com o relatoacuterio da Diles Consultoria Internacional35
o referido
processo natildeo teve continuidade Uma das evidencias que pode ser uacutetil na explicaccedilatildeo de toda
essa desarticulaccedilatildeo entre os agentes eacute o nuacutemero atual de afiliadas ao Sindicato das Induacutestrias
de Madeiras de Imperatriz e Regiatildeo ndash SINDIMIR que de acordo as informaccedilotildees colhidas em
agosto de 2005 se resume em seis empresas num universo de aproximadamente 100 faacutebricas
entre formais e informais As empresas filiadas ao SINDIMIR de acordo com o Quadro 5 satildeo
as seguintes
34
O COEXIMIR foi uma iniciativa do SEBRAE Maranhatildeo com o apoio de outras instituiccedilotildees cujo objetivo
seria desenvolver uma metodologia semelhante agrave utilizada em poacutelos moveleiros jaacute consolidados no Brasil como
no caso de Ubaacute em Minas Gerais 35
Empresa contratada pelo SEBRAE Maranhatildeo pra realizar pesquisas sobre o Arranjo Produtivo Local de
Madeira e Moacuteveis no ano de 2002 A pesquisa se estendeu ateacute 2003
84
Quadro 5 Induacutestrias filiadas ao - SINDIMIR
Razatildeo Social Nome de Fantasia Endereccedilo
JS Milhomem Pereira Design Moacuteveis Rua Satildeo Paulo 86 Maranhatildeo
Novo Imperatriz Ma
Mademoacuteveis ndash Serraria e
Movelaria Monte Sinai
Mademoacuteveis Ltda Avenida Industrial 180 Santa
Rita Imperatriz Ma
Perfil Moacuteveis Ltda
Perfil Moacuteveis Rua Monte Castelo 1483
Jardim Satildeo Luis Imperatriz Ma
Sarmento Induacutestria de
Moacuteveis Ltda
Simol Rodovia BR 010 Km 1352
Distrito Industrial Imperatriz
Ma
Tocantins Madeiras Ltda Tocantins Madeiras Av Newton Bello SN
Imperatriz Ma
Topaacutezio Industria e
Comercio Ltda
Estofados Topaacutesio Rua Tamandareacute 831 Vila Nova
Imperatriz Ma Fonte SINDIMIR [2005]
Ao se pesquisar e descrever o atual contexto em que se encontra a induacutestria
moveleira local conclui-se ainda que parcialmente uma situaccedilatildeo pouco identificada com o
tipo de desenvolvimento que reconhece na ldquoconfianccedila coletivardquo existente o aspecto mais
relevante para o desenvolvimento do capital social
O desenvolvimento requer o crescimento dos niacuteveis de confianccedila cooperaccedilatildeo
ajuda muacutetua e organizaccedilatildeo social o que tem sido denominado como ldquocapital
socialrdquo Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de
interesses comuns ou seja quanto maiores os indicadores de organizaccedilatildeo social
melhores as condiccedilotildees de desenvolvimento (FRANCO p 2 2001)
Uma iniciativa recente com objetivos de integraccedilatildeo e cooperaccedilatildeo entre os
produtores de moacuteveis da regiatildeo foi a abertura de um show room localizado na Avenida
Getuacutelio Vargas esquina com Rua Paraiacuteba no centro comercial de Imperatriz onde
coletivamente todos os participantes poderiam fazer as exposiccedilotildees e vendas de seus produtos
no mesmo ambiente reduzindo por conseguinte os custos de pessoal locaccedilatildeo do imoacutevel
energia telefone e outros Por ocasiatildeo da pesquisa realizada mais precisamente no dia 23 de
85
agosto de 2005 o Empresaacuterio Bismark Jorge36
titular da Perfil Moacuteveis informou que apenas
a empresa de sua propriedade atualmente faz parte do projeto as demais desistiram e jaacute natildeo
tem mais seus produtos expostos no show room
Em mateacuteria publicada no Jornal ldquoO Progressordquo no caderno de economia do dia
18082005 o presidente da Associaccedilatildeo Comercial e Industrial de Imperatriz ndash ACII
Atenaacutegoras Reis Batista fez referecircncias sobre o sentimento individualista que predomina
entre os empresaacuterios locais nos seguintes termos () ldquoEm Imperatriz somos muito bons
individualmente mas coletivamente somos fraquiacutessimosrdquo O tiacutetulo da mateacuteria ldquoImperatriz
vive uma ineacutercia perigosardquo Este posicionamento partindo de uma lideranccedila empresarial em
evidecircncia reforccedila a tese de que ainda haacute muita fragilidade no aspecto da ldquocooperaccedilatildeordquo pelo
fato de natildeo existir ainda uma cultura local embasada na chamada ldquorelaccedilatildeo de confianccedila entre
firmasrdquo
Bandeira (1999 p 61) explica que
Vaacuterios fatores contribuem para fazer que em algumas regiotildees haja uma malha
mais densa de organizaccedilotildees e instituiccedilotildees intermediaacuterias que constituem uma
sociedade civil mais dinacircmica e contribuem para que os habitantes sejam
culturalmente mais propensos compreender atividades de tipo cooperativo Em
contraste em outras regiotildees essas redes satildeo muito mais rarefeitas contribuindo
para menor coesatildeo da comunidade e tornando mais difiacutecil empreender atividades
que pressuponham a existecircncia de indiviacuteduos culturalmente vocacionados para a
cooperaccedilatildeo
Retornando-se agraves anaacutelises do setor moveleiro reitera-se a baixa
representatividade com que se mostra o sindicato da categoria e de acordo com a pesquisa
encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 de um total de 67 empresas cadastradas 94
desconhecia a existecircncia do Sindicato e o restante 6 apesar de saber de sua existecircncia natildeo
conheciam suas atividades Numa indagaccedilatildeo feita ao empresaacuterio Bismarck sobre este alto
grau de dispersatildeo o mesmo foi enfaacutetico ao afirmar que os pequenos moveleiros ainda
36
Bismark Jorge da Perfil Moacuteveis eacute atualmente uma das lideranccedilas setor moveleiro em Imperatriz produz
moacuteveis escolares e para escritoacuterios Ao preencher o questionaacuterio de pesquisa apresentou outros esclarecimentos
adicionais sobre a atual situaccedilatildeo da induacutestria moveleira local
86
acreditam que este tipo de associaccedilatildeo ou filiaccedilatildeo eacute mais indicado para empresas medidas e
grandes
Implementando a sua poliacutetica no sentido de melhorar o perfil das induacutestrias locais
nos seus mais variados aspectos a Agecircncia do SEBRAE em Imperatriz durante o ano de 2003
desenvolveu uma seacuterie de accedilotildees voltadas para esta causa extensivas agraves cidades de Accedilailacircndia
e Joatildeo Lisboa um dos objetivos maiores seria despertar nos empreendedores a cultura do
associativismo ou cooperativismo como fator de desenvolvimento para o setor
De acordo com os nuacutemeros informados pela agecircncia do SEBRAE local no mecircs de
setembro de 2005 o total de empresas na regiatildeo gravita em torno de 193 unidades sendo
108 em Imperatriz 20 em Joatildeo Lisboa e 60 em Accedilailacircndia totalizando 193 unidades nos trecircs
municiacutepios Vale ressaltar que a relativa imprecisatildeo a informaccedilatildeo acontece em funccedilatildeo do
alto grau de informalidade predominante conforme se poderaacute aferir pelos dados pesquisados
Muitas unidades surgem desaparecem e ressurgem novamente
Para fins de cumprimento dos objetivos do presente trabalho realizou-se
inicialmente uma seacuterie de entrevistas com empresaacuterios e representantes de instituiccedilotildees locais
em seguida fez-se uma pesquisa de campo estruturada entre as 7 empresas das mais
representativas da induacutestria de moacuteveis na regiatildeo o que quantitativamente pode ser uma
amostra consideraacutevel tendo em vista o nuacutemero de estabelecimentos vinculados ao SINDIMIR
de acordo com o Quadro 4 em seguida utilizou-se como fonte secundaacuteria a pesquisa do
SEBRAE realizada pele Diles Consultoria Internacional Ltda no periacuteodo 2002 a 2003
conforme citado anteriormente
Os dados relativos aos 6 estabelecimentos foram coletados atraveacutes de
questionaacuterios em modelos adaptados da REDESIST contemplando diversos aspectos como
a) as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo da induacutestria na regiatildeo de Imperatriz
87
b) que importacircncia tem para as induacutestrias as caracteriacutesticas da matildeo de obra
local
c) o grau de importacircncia que se daacute agraves diversas formas de cooperaccedilatildeo e
aprendizado
d) o tipo de avaliaccedilatildeo que se faz sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees
governamentais financeiras SEBRAE SENAI Federaccedilotildees Sindicatos e
Associaccedilotildees na implementaccedilatildeo de poliacuteticas de apoio ao setor
e) a indicaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos que impedem ou limitam o
acesso das induacutestrias agraves fontes de financiamentos
Analisando-se os indicadores da Tabela 7 e o Graacutefico 2 verifica-se uma
dimensatildeo dos aspectos mais atrativos que se considera sobre a o local onde a facilidade que
ainda existe na aquisiccedilatildeo de mateacuterias-primas em outros Municiacutepios e Estados proacuteximos agrave
regiatildeo aleacutem de outros materiais componentes da cadeia moveleira se constituem numa
unanimidade como um fator de mediano
A infra-estrutura que considera os meios de acesso e transportes tambeacutem
constituem fatores importantes na opiniatildeo dos empreendedores de maior porte na regiatildeo
enquanto que o baixo custo da matildeo-de-obra apresenta importacircncia tambeacutem como atrativo
por outro lado a indisponibilidade de matildeo-de-obra qualificada e as poliacuteticas institucionais de
apoio tiveram uma avaliaccedilatildeo entre nula e muito baixa na concepccedilatildeo dos entrevistados
88
Tabela 7 Vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros materiais 0 0 7 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos populares 0 4 3 0
Disponibilidade de matildeo de obra qualificada para produtos de exportaccedilatildeo 5 2 0 0
Baixo custo de matildeo de obra 0 2 2 3
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte comunicaccedilotildees) 0 0 6 1
Proximidade com fornecedores de equipamentos 0 3 4 0
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos especializados 1 4 2 0
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo 1 4 2 0
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e universidades 0 3 2 2
Fonte Pesquisa de campo
31 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as vantagens de localizaccedilatildeo abaixo relacionadas
71
29
29
43
43
100
43
29
86
29
29
29
43
14
29
14
14
57
57
57
57
0 20 40 60 80 100
Facilidade de acesso a mateacuterias primas e outros
materiais
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos populares
Disponibilidade de matildeo de obra qualif icada para
produtos de exportaccedilatildeo
Baixo custo de matildeo de obra
Infra-estrutura fiacutesica (energia transporte
comunicaccedilotildees)
Proximidade com fornecedores de equipamentos
Disponibilidade de serviccedilos teacutecnicos
especializados
Existecircncia e programas de apoio e promoccedilatildeo
Proximidade com centros de capacitaccedilatildeo e
universidades
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 1 ndash Vantagem associada agrave localizaccedilatildeo do arranjo
Fonte Pesquisa de campo
Considerando-se que a qualificaccedilatildeo profissional constitui-se em um dos fatores
mais preponderante na atividade industrial procurou-se aferir atraveacutes do modelo inserido na
Tabela 8 e Graacutefico 2 identificar o grau de importacircncia que os entrevistados datildeo a este
89
quesito Como resultado obteve-se um comportamento discreto das variaacuteveis ou seja de
acordo com o que se conhece empiricamente sobre o perfil profissional do trabalhador local
os dados se mostram coerentes para os questionamentos levantados
Tabela 8 Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
32 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre as caracteriacutesticas da matildeo de obra local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Escolaridade em niacutevel teacutecnico 0 3 2 2
Conhecimento praacutetico e ou teacutecnico de produccedilatildeo 0 3 4 0
Disciplina 0 4 3 0
Flexibilidade 0 2 5 0
Criatividade 0 4 3 0
Fonte Pesquisa de campo 43
43
57
29
57
29
57
43
71
43
29
0 20 40 60 80 100
Escolaridade em niacutevel
teacutecnico
Conhecimento praacutetico e
ou teacutecnico de
produccedilatildeo
Disciplina
Flexibilidade
Criatividade
Nula Baixa Meacutedia Alta
32 Que importacircncia tem para as induacutestrias as seguintes caracteriacutesticas da matildeo-de-obra local
Graacutefico 2 ndash Grau de importacircncia dos atributos da matildeo de obra local
Fonte Pesquisa de campo
Conforme os levantamentos realizados durante a pesquisa seja por questionaacuterios
ou atraveacutes de depoimentos pessoais e mateacuterias publicadas nem uma outra constataccedilatildeo ficou
tatildeo bem evidenciada quanto o baixo niacutevel de cooperaccedilatildeo que predomina entre as firmas
Se a literatura especializada tem apontado a cooperaccedilatildeo como uma categoria
dinamizadora das economias de aglomeraccedilatildeo ao longo do tempo a pesquisa revela que neste
90
espaccedilo o isolamento ainda eacute predominante embora instituiccedilotildees como e SEBRAE e governos
tenham sistematicamente atraveacutes de planos e programas especiacuteficos implementado accedilotildees no
sentido de reverter a situaccedilatildeo que se manifesta bem presente conforme os dados a seguir na
tabela 9 e quadro 4 respectivamente
No quesito relativo agrave participaccedilatildeo em feiras jaacute se observa uma leve mudanccedila de
mentalidade em seguida a capacitaccedilatildeo de recursos humanos tambeacutem apresenta avanccedilos
Segundo se informa por depoimentos isso tem ocorrido atraveacutes de cursos palestras e
seminaacuterios ministrados por expert trazidos de outras regiotildees mais desenvolvidas cujas
despesas decorrentes de tais eventos tem sido rateadas entre as firmas participantes
Tabela 9 Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas do setor moveleiro
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Compra de equipamentos 5 0 0 2
Venda conjunta 4 1 2 0
Desenvolvimento de processos 2 4 1 0
Divulgaccedilatildeo 4 2 1 0
Capacitaccedilatildeo de recursos humanos 2 2 3 0
Participaccedilatildeo conjunta em feiras 3 0 3 1
Fonte Pesquisa de campo
91
71
57
29
57
29
43
14
57
29
29
29
14
14
43
43
29
14
Compra de
equipamentos
Venda conjunta
Desenvolvimento de
processos
Divulgaccedilatildeo
Capacitaccedilatildeo de
recursos humanos
Participaccedilatildeo conjunta
em feiras
Alta
Meacutedia
Baixa
Nula
41 Qual a importacircncia das seguintes formas de cooperaccedilatildeo realizada entre as demais empresas
do setor moveleiro
Graacutefico 3 ndash Grau de importacircncia das formas de cooperaccedilatildeo
Fonte Pesquisa de Campo
A informalidade generalizada por si soacute jaacute eacute um complicador para os micros e
pequenos empreendedores que pleiteiam creacuteditos nos agentes financeiros natildeo existe ainda
uma cultura de que as instituiccedilotildees bancaacuterias necessitam de informaccedilotildees consistentes sobre o
empreendimento por menor que seja assim como as referecircncias da pessoa fiacutesica
empreendedora
As linhas de creacutedito existem a juros diferenciados principalmente nas instituiccedilotildees
oficiais como Banco do Brasil Banco do Nordeste37
Caixa Econocircmica e Banco da
Amazocircnia entretanto os representantes de tais bancos ficam impedidos de operacionalizar as
linhas de creacutedito principalmente pela falta de garantias e o cumprimento das formalidades
miacutenimas que os beneficiaacuterios teriam que atender
37
Balanccedilo semestral do Banco do Nordeste mostra que a tomada de investimentos no Maranhatildeo ainda se
encontra abaixo do esperado Apesar das 20000 operaccedilotildees realizadas no estado entre janeiro de julho de 2005 o
Maranhatildeo natildeo conseguiu captar mais do que 140 milhotildees de reais do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste FNE Pouco perto dos 158 bilhotildees de reais aplicados pelo banco a partir da linha de recursos e
financiamentos destinados prioritariamente agraves aacutereas produtivas [Revista da FIEMA p4 Ano 2 No 7 jul ago
2005]
92
Os entrevistados foram quase que unacircnimes em afirmar que os agentes financeiros
natildeo atuam em benefiacutecio do desenvolvimento de suas atividades com algumas indicaccedilotildees
positivas para o Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia
Na parte que lhe compete o SEBRAE eacute o grande destaque seguido pelos SENAI
como agentes atuantes na promoccedilatildeo do desenvolvimento da pequena induacutestria moveleira
local Os programas e accedilotildees do SEBRAE especialmente permanecem ao longo do tempo de
forma continuada na regiatildeo atraveacutes das agecircncias de Imperatriz e Acailacircndia
A Tabela 10 interpretada juntamente com o graacutefico 5 na sequumlecircncia sistematiza as
informaccedilotildees propostas no questionaacuterio da pesquisa
Tabela 10 Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento da induacutestria local
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Governo Federal 6 1 0 0
Governo Estadual 6 1 0 0
Governo Municipal 5 0 2 0
Federaccedilotildees Sindicatos Associaccedilotildees 3 2 0 2
SEBRAE 2 0 5 0
SENAI 1 5 1 0
Banco do Brasil e Caixa Econocircmica CEF 6 0 1 0
Banco do Nordeste e Banco da Amazocircnia 3 3 1 0
Fonte Pesquisa de campo
93
86
86
71
43
29
14
86
43
14
14
29
71
43
29
71
14
14
14
29
0 20 40 60 80 100
Governo Federal
Governo Estadual
Governo Municipal
Federaccedilotildees
Sindicatos
Associaccedilotildees
SEBRAE
SENAI
Banco do Brasil e Caixa
Econocircmica Federal
Banco do Nordeste e
Banco da Amazocircnia
Nula Baixa Meacutedia Alta
51 Qual a sua avaliaccedilatildeo sobre a atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees abaixo na promoccedilatildeo do desenvolvimento
da induacutestria local
Graacutefico 4 - Atuaccedilatildeo das instituiccedilotildees na promoccedilatildeo do desenvolvimento local
Fonte Pesquisa de campo
Um dos principais questionamentos que se pretende fazer sobre a induacutestria de
moacuteveis da regiatildeo eacute procurar identificar os seus principais gargalos ou seja o que de fato estaacute
impedindo o seu desenvolvimento em maior escala considerando os atrativos proacuteprios da
regiatildeo como jaacute enfatizado anteriormente
O empresariado e as instituiccedilotildees reconhecem que existe maior possibilidade de
crescimento Diversas accedilotildees jaacute foram implementadas nesse sentido sem no entanto se chegar
a resultados esperados
94
Tabela 11 Fatores que limitam e desenvolvimento da induacutestria local
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores que limitam ou impedem o desenvolvimento dos
empreendimentos locais
Avaliaccedilatildeo Nula Baixa Meacutedia Alta
Inexistecircncia de linhas de creacutedito adequadas agraves
necessidades 3 2 0 2
Dificuldades ou entraves bancaacuterios para ter acesso
a financiamentos 0 0 2 5
Exigecircncia de aval garantias por parte das
instituiccedilotildees de financiamento 0 0 1 6
Fonte Pesquisa de campo
61 Considerando o grau de importacircncia qual a sua avaliaccedilatildeo sobre os fatores
que limitam ou impedem o desenvolvimento dos empreendimentos locais
43
29
29
14
29
71
86
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inexistecircncia de linhas
de creacutedito adequadas
agraves necessidades
Dif iculdades ou
entraves bancaacuterios
para ter acesso a
financiamentos
Exigecircncia de aval
garantias por parte das
instituiccedilotildees de
financiamento
Nula Baixa Meacutedia Alta
Graacutefico 5 ndash Fatores que limitam o desenvolvimento da induacutestria local
Fonte Pesquisa de campo
A constataccedilatildeo que se faz a partir destes resultados se apresenta consistente com
o que ficou demonstrado nos dados das Tabelas 7 8 9 10 e 11 e os respectivos Graacuteficos de 2
a 6 onde a questatildeo do creacutedito eacute colocada como o principal obstaacuteculo nos caminhos do
desenvolvimento por outro lado a informalidade persistente e a desagregaccedilatildeo do setor se
mostram tambeacutem como as evidecircncias fortes na explicaccedilatildeo da questatildeo
95
Como consequumlecircncia de tudo isso naturalmente ocorre o atraso tecnoloacutegico a
elevaccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo a lentidatildeo no processo de inovaccedilatildeo e finalmente a perda da
competitividade
Quanto agrave segunda pesquisa de um total de 193 unidades que compotildee o parque da
regiatildeo considerando Imperatriz Accedilailacircndia e Joatildeo Lisboa foram pesquisados 71
estabelecimentos o que corresponde a uma amostra de 3678 do total de unidades existentes
no arranjo
Os questionaacuterios aplicados sobre o universo descrito captam informaccedilotildees de
caraacuteter geneacuterico e especiacutefico sobre os cenaacuterios de Accedilailacircndia e Imperatriz no periacuteodo 2002 a
2003 quanto aos seguintes aspetos
a) informaccedilotildees sociais do proprietaacuterio
b) informaccedilotildees da empresa
c) produccedilatildeo
d) administraccedilatildeo e vendas
e) anaacutelise do setor moveleiro
f) anaacutelise da ligaccedilatildeo com Imperatriz e
g) a possibilidade de constituir uma associaccedilatildeo
Um puacuteblico bastante jovem correspondendo a mais de 50 do total na faixa de
22 a 40 anos de idade tem a maior fatia dos pequenos empreendimentos na regiatildeo satildeo
portanto pessoas da comunidade que poderatildeo se desenvolver na medida em que exista no
futuro proacuteximo uma ambiecircncia institucional capaz de fixar na regiatildeo os modelos de
empreendedorismo e de produccedilatildeo mais compatiacuteveis com os centros mais avanccedilados
96
Faixa de Idade dos Proprietaacuterios de Movelarias
20
32
23
15
7
3
0 5 10 15 20 25 30 35
De 22 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
De 51 a 60 anos
De 61 a 70 anos
Natildeo respondeu
Graacutefico 6 ndash Faixa etaacuteria dos empreendedores
Fonte SEBRAE [2003]
Quanto agrave escolaridade os indicadores mostram que eacute baixa mas natildeo difere do
padratildeo que se conhece do trabalhador da regiatildeo apenas 20 possui o segundo grau completo
e uma pequena porcentagem na faixa de 4 jaacute completou o curso superior
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Grau de Instruccedilatildeo do Proprietaacuterio
37
20
11
6
4
1
18
3
0 10 20 30 40
1ordm Grau Completo
1ordm Grau Incompleto
2ordm Grau Completo
2ordm Grau Incompleto
Superior Completo
Superior Incompleto
Analfabeto
Natildeo respondeu
Graacutefico 7 ndash Grau de instruccedilatildeo
Fonte SEBRAE [2003]
A situaccedilatildeo patrimonial representada pela posse de bens como casa e veiacuteculos
pode indicar com maior margem de seguranccedila o grau de rentabilidade que a atividade
proporciona agraves famiacutelias e apesar dos complicadores que satildeo questionados perceber-se uma
97
relativa estabilidade no campo econocircmico e financeiro uma vez que 30 da categoria afirma
possuir veiacuteculo e residecircncia proacutepria aleacutem do estabelecimento e equipamentos de trabalho
Perfil das Empresas Moveleiras da Regiatildeo
Patrimocircnio do Proprietaacuterio
3
14
1
4
1
30
1
15
1
6
8
6
8
0 5 10 15 20 25 30 35
Casa
Casa e Empresa
Casa e Loja
Casa e Veiacuteculo
Casa Casa-Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa e Veiacuteculo
Casa Empresa Veiacuteculo e Loja
Casa-Empresa
Casa-Empresa e Veiacuteculo
Empresa
Empresa e Veiacuteculo
Veiacuteculo
Sem Patrimocircnio
Graacutefico 8 ndash Situaccedilatildeo Patrimonial do Proprietaacuterio
Fonte SEBRAE [2003]
Analisando-se os valores relativos agrave receita informada na pesquisa conclui-se
quem existe uma certa conformidade com a situaccedilatildeo patrimonial indicada no Graacutefico 8
comentado anteriormente pois a receita informada estaacute predominando na faixa de R$
625000 a R$ 1250000 evidentemente que os custos maiores ou menores de cada um eacute que
vatildeo definir com maior clareza os ganhos efetivos com a atividade eacute o que mostra o Graacutefico 9
na sequumlecircncia
98
Graacutefico 9 ndash Meacutedia de Venda Mensal
Fonte SEBRAE [2003]
A seguir se faz uma anaacutelise individualizada dos municiacutepios de Accedilailacircndia e Joatildeo
Lisboa de forma a se demonstrar as particularidades de cada um destacando a condiccedilatildeo de
produtores de moacuteveis na regiatildeo
63 O Municiacutepio de Accedilailacircndia
No contexto da regiatildeo de Imperatriz o Municiacutepio de Accedilailacircndia38
tem a segunda
maior representatividade tendo como a principais referecircncias o poacutelo guseiro a pecuaacuteria de
corte os terminais da CVRD os projetos de reflorestamento e o setor de madeira e moacuteveis
mais bem articulado da regiatildeo
Na Tabela 12 se visualiza aleacutem dos valores globais exportados por outros
municiacutepios da regiatildeo a posiccedilatildeo de Accedilailacircndia na pauta de exportaccedilotildees do Estado ficando
abaixo apenas da capital Satildeo Luis que eacute favorecida essencialmente pelo escoamento do
mineacuterio de ferro da proviacutencia de Carajaacutes ferro gusa e lingotes de alumiacutenio Os valores
38
Os principais produtos exportados satildeo pela ordem ferro fundido bruto natildeo ligado 9983 no ano de 2005
madeiras serradascortadas em folhas armaccedilotildees e cabos de madeira para ferramentas madeira de louro
serradacortada em folhas etc SECEXMDIC [2005]
Meacutedia de Vendas Mensal ()
7
24
35
21
13Natildeo Informou
De R$25000 a
R$125000
Acima de R$ 125000
ateacute 625000
Acima de R$ 625000
ateacute 1250000
Acima de R$
1250000()corrigido pelo iacutendice de
correccedilatildeo do salaacuterio miacutenimo de
99
exportados pelo Municiacutepio de Acailacircndia satildeo representados em mais de 90 tambeacutem pela
produccedilatildeo de ferro gusa
Tabela 12 Exportaccedilotildees Globais do Estado do Maranhatildeo por Municiacutepio
Municiacutepio 2003 2004 Variaccedilatildeo
20042003
01Satildeo Luis 569184227 828515602 4556
02Acailandia 117463745 266810098 12714
03Balsas39
74015298 144535454 9528
04Pindareacute Mirim 24228995 48073043 9841
05Bacabeira 232200 13153855 556488
06Itinga do Maranhatildeo40
12230124 12414455 151
07Tasso Fragoso 589613 4721492 70078
08Porto Franco 000 4077551 9841
09Coelho Neto 1094011 3440669 21450
10Joatildeo Lisboa41
3173948 2493194 -2145
Fonte SECEXMDIC [2005]
Os resultados da pesquisa encomendada pelo SEBRAE no ano de 2003 mostram
que o municiacutepio de Accedilailacircndia possui um parque industrial moveleiro com 60 unidades fabris
instaladas na zona urbana As unidades em sua maioria permanecem na informalidade mas
tem um papel importante para a economia local tendo em vista o nuacutemero de empregos que
vem mantendo ao longo do tempo mesmo em condiccedilotildees adversas jaacute que trabalham em
39
Balsas e Tasso fragoso os maiores produtores de soja no Sul do Estado 40
O Municiacutepio de Itinga do Maranhatildeo se destaca na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de madeira compensada madeira de
ipecirc serrada cortada em folhas etc O principal destino das exportaccedilotildees satildeo os Estados Unidos absorvendo
95 da produccedilatildeo em 2005 SECEXMDIC [2005] 41
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa exporta assentos estofados com armaccedilatildeo de madeira moacuteveis de madeira partes
para assentos de madeira madeira natildeo coniacutefera perfilada moveis de madeira para cozinhas etc SECEXMDIC
[2005]
100
espaccedilos inadequados utilizando inclusive em muitos casos a proacutepria residecircncia e
equipamentos artesanais
Atraveacutes de uma iniciativa da prefeitura local no ano de 1993 na gestatildeo do entatildeo
chefe do executivo municipal Idelmar Gonccedilalves foi criado o Poacutelo Moveleiro de Accedilailacircndia
O projeto previa inicialmente a uma infra-estrutura destinada ao primeiro nuacutecleo composto
por 66 lotes de 60x20 metros com uma avenida central e canteiro central de forma a facilitar
o acesso a todos os usuaacuterios Um outro aspecto seria a destinaccedilatildeo de uma aacuterea destinada para
serviccedilos comuns a todos os beneficiaacuterios do projeto Uma vez completada esta primeira etapa
passaria-se a ampliar o Poacutelo mediante a formaccedilatildeo do segundo nuacutecleo com as mesmas
caracteriacutesticas
101
Na figura 8 a abaixo se verifica a possibilidade futura de projeccedilatildeo da cidade num
cenaacuterio industrial mais evoluiacutedo atraveacutes da implantaccedilatildeo do distrito industrial projetado pela
gerecircncia de planejamento do governo com abrangecircncia em toda a regiatildeo sudoeste do Estado
Figura 8- Distritos Industriais projetados
Fonte Disponiacutevel em lthttp wwwmagovbrgt
Um dos principais objetivos do projeto seria solucionar os problemas criados pela
localizaccedilatildeo das faacutebricas no periacutemetro urbano da cidade e por outro lado promover o
desenvolvimento acelerado das mesmas aleacutem de provocar sinergias atraveacutes da proximidade
No primeiro momento se instalaram cerca de 15 unidades que de imediato
decidiram criar a Associaccedilatildeo das Induacutestrias de Moacuteveis do Poacutelo Moveleiro - ASSIMPOLO42
A Associaccedilatildeo mediante convecircnios com o Banco do Nordeste do Brasil facilitou a concessatildeo
de creacuteditos aos seus associados com a finalidade de construir a infra-estrutura miacutenima dentro
dos lotes Alguns empreendimentos beneficiados com os recursos destinaram os mesmos para
42
A ASSIMPOLO fica localizada na Quadra 03 Lote 05 Vila Ildemar Accedilailacircndia Ma
102
outras finalidades deixando assim de efetuar os pagamentos ao Banco do Nordeste Esta
situaccedilatildeo conforme a pesquisa prejudicou indistintamente a todos os membros do Poacutelo pela
inviabilizaccedilatildeo de novos financiamentos
Outros problemas enfrentados pela Associaccedilatildeo aconteceram no ano de 1994
quando foram contratadas pela prefeitura local para a fabricaccedilatildeo de carteiras escolares onde
as contrapartidas financeiras segundo se alega natildeo aconteceu conforme o previsto
inicialmente
Mesmo diante de erros e acertos fatos novos estatildeo acontecendo sempre no sentido
da revitalizaccedilatildeo do poacutelo no iniacutecio do mecircs de julho de 2005 o atual chefe do executivo
municipal de Accedilailacircndia acompanhado dos Secretaacuterios de Induacutestria Comeacutercio e Turismo
Lucimar Cordeiro o de Infra-estrutura Ildenor Gonccedilalves aleacutem de outras autoridades locais
visitaram a aacuterea produtiva de moacuteveis do municiacutepio Verificaram a linha de produccedilatildeo e
ouviram reivindicaccedilotildees para a retomada do crescimento do setor
Os industriais reivindicam a regularizaccedilatildeo da documentaccedilatildeo dos lotes
regularidade no abastecimento de aacutegua e o apoio do poder puacuteblico municipal para a melhoria
do poacutelo moveleiro O presidente da Associaccedilatildeo Cleudemar Nardaci jaacute foi buscar o apoio de
instituiccedilotildees como o SEBRAE e SENAI
O atual Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo do municiacutepio na
oportunidade comentou sobre as accedilotildees que vecircm sendo implementadas pelo poder puacuteblico
como campanhas publicitaacuterias e divulgaccedilatildeo das faacutebricas em grandes feiras nacionais
ultimamente realizadas e Recife e Fortaleza e FENAVEM em Satildeo Paulo
103
Ainda como resultado do encontro foi a atitude do prefeito em nomear o
Secretaacuterio de Induacutestria Comeacutercio e Turismo para a presidecircncia da Fundaccedilatildeo de
Desenvolvimento de Accedilailacircndia cumulativamente com as funccedilotildees que jaacute exerce43
631 A situaccedilatildeo atual das unidades instaladas
A informalidade continua como regra entre as empresas que fazem parte do poacutelo
deixando desta forma os trabalhadores sem vinculo empregatiacutecio e os benefiacutecios sociais
decorrentes Os associados alegam que os altos custos decorrentes da formalizaccedilatildeo poderiam
tornar a atividade inviaacutevel Por outro lado a falta de informaccedilatildeo sobre o processo de
regularizaccedilatildeo e ou registro de empresas os distacircncia cada vez mais de uma situaccedilatildeo formal e
mais profissionalizada
Neste ambiente vai se consolidando uma cultura sempre mais aderente agrave
informalidade que por sua vez natildeo projeta o crescimento desejado tanto pelos
empreendedores como pelo pessoal ocupado na atividade tendo em vista que esta situaccedilatildeo
impede o acesso ao creacutedito bancaacuterio e ainda a ampliaccedilatildeo da clientela para empresas mais
organizadas e governos
De maneira geral a maioria das micro pequenas e meacutedias empresas inseridas em
arranjos produtivos natildeo estruturados como eacute o caso ainda em estaacutegio de formaccedilatildeo e com
baixo grau de interaccedilatildeo entre os agentes natildeo apresentam garantias reais e tecircm dificuldade
para montar esquemas de cooperaccedilatildeo muacutetua Normalmente tais empresas natildeo possuem
registros contaacutebeis consolidados e capacidade de elaborar planos de negoacutecios apresentando
assim niacuteveis de risco elevados para os agentes financeiros Uma melhor estruturaccedilatildeo do
43
A leitura que se faz diante da situaccedilatildeo observada eacute que sem a presenccedila do poder puacuteblico os arranjos
produtivos locais especialmente no ambiente em estudo tendem naturalmente a se desintegrar e perder o
equiliacutebrio da prosperidade
104
arranjo e o estimulo agrave cooperaccedilatildeo poderia contribuir positivamente com todos os atores nele
inseridos
64 O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
O Municiacutepio de Joatildeo Lisboa por abrigar uma faacutebrica que eacute uma referecircncia
regional natildeo segue a mesma metodologia de anaacutelise empregado nos municiacutepios de Imperatriz
e Accedilailacircndia que apresentam um perfil semelhante com relaccedilatildeo agrave quantidade e ao porte das
induacutestrias Trata-se da faacutebrica D6 Moacuteveis Design e Tecnologia novo nome da Lisboa
Moacuteveis Ltda que produz moacuteveis em seacuterie para exportaccedilatildeo desde o ano 2000
De acordo com Trabalho de Conclusatildeo de Curso de Formaccedilatildeo Geral e
Desenvolvimento de Executivos em Administraccedilatildeo44
intitulado Alternativas de Gestatildeo para
a Empresa Lisboa Moacutevel Ltda (2002) o grupo de alunos faz inicialmente uma retrospectiva
histoacuterica da faacutebrica que em funccedilatildeo das vantagens oferecidas se instala na cidade de Joatildeo
Lisboa onde ainda permanece Em seguida faz-se uma abordagem do momento atual e a sua
representatividade para o setor moveleiro da regiatildeo
No iniacutecio da deacutecada de 1970 a madeira era encontrada abundantemente nos
arredores do municiacutepio o qual se destacava como grande aacuterea produtora Como era de se
esperar o processo irracional das derrubadas de aacutervores para atender os objetivos dos
fazendeiros instalados na regiatildeo no sentido de aumentarem as aacutereas destinadas agrave formaccedilatildeo de
pastagens provocou o atual quadro de devastaccedilatildeo e escassez da mateacuteria-prima
Ateacute o iniacutecio dos anos 1990 a induacutestria da madeira no Municiacutepio de Joatildeo Lisboa
tinha uma grande representatividade econocircmica com destaque para a industrializaccedilatildeo da
44
O Curso foi realizado no periacuteodo 2001 a 2002 atraveacutes de uma parceria entre o Banco do Brasil a Universidade
de Satildeo Paulo - USP e a Faculdade de Imperatriz - FACIMP Equipe composta pelos alunos Ana Luiza dos
Martires Rosignoli Cristiane S Marques Dorlice Souza Andrade Ivan Rodrigues de Almeida e Miguel
Campelo da Silva Filho Tiacutetulo do trabalho Alternativas de Gestatildeo para a Empresa Lisboa Moacuteveis Ltda
105
madeira Ainda de segundo os estudos realizados em meados dos anos 1980 existiram soacute no
setor industrial aproximadamente 20 serrarias com uma grande produccedilatildeo de madeira serrada
que eram vendidas principalmente para os Estados do Sul e Sudeste
Atualmente se encontram instaladas no setor industrial da cidade apenas 5
pequenas madeireiras Os tipos de madeiras encontradas na regiatildeo satildeo basicamente cumaruacute
aroeira e tatajuba cuja destinaccedilatildeo estaria em parte voltada para a produccedilatildeo de vigas ripas
tacos assoalho rodapeacute granzape forros e batentes
Nos anos que antecederam a instalaccedilatildeo da Madeireira Lisboa o municiacutepio passou
por uma transformaccedilatildeo substancial em sua economia notadamente nos anos 1960 e 1970
Aleacutem do surto migratoacuterio na regiatildeo houve um incremento do comeacutercio com a implantaccedilatildeo
de vaacuterios projetos governamentais O setor madeireiro recebe investimentos de oacutergatildeos como
a Superintendecircncia de Desenvolvimento do Nordeste ndash SUDENE e Superintendecircncia de
Desenvolvimento da Amazocircnia ndash SUDAM Os projetos apoiados por estas instituiccedilotildees
contribuiacuteram tambeacutem para o aumento da concentraccedilatildeo fundiaacuteria migraccedilatildeo e
consequumlentemente a ampliaccedilatildeo das aacutereas de devastaccedilatildeo das florestas nativas Sem as fontes de
mateacuteria-prima originalmente utilizadas aconteceu o deslocamento das principais madeireiras
para outros espaccedilos menos explorados
No ano de 1986 o empresaacuterio Dimas Luiz da Silva45
funda a Lisboa Moacuteveis Ltda
com o objetivo inicial de venda de madeira beneficiamento e compra de serragem Atuou
como serraria ateacute 1999 e em 2000 passou a fabricar moacuteveis basicamente cadeiras mesas
pisos e componentes para moacuteveis Segundo declaraccedilotildees do empresaacuterio as perspectivas natildeo
eram ainda bem definidas
45
Dimas Luiz da Silva por ocasiatildeo da pesquisa de campo no dia 9 de agosto de 2005 recebeu pessoalmente o
pesquisador e comentou sobre a sua trajetoacuteria como empresaacuterio do setor madeireiro e moveleiro em seguida
colocou as linhas de produccedilatildeo para visitaccedilatildeo in loco e determinou aos seus gerentes que prestassem todos os
esclarecimentos adicionais sobre os processos de produccedilatildeo da faacutebrica [Pesquisa de campo 2005]
106
641 A proximidade da mateacuteria-prima e a facilidade de acesso
O fato da Lisboa Moacuteveis Ltda atualmente D6 Moacuteveis Design e Tecnologia ter
identificado o municiacutepio da Joatildeo Lisboa como ideal para a instalaccedilatildeo de sua planta industrial
segundo o mesmo relato deve-se ao fato de que a atividade desenvolvida exige mateacuterias-
primas em grandes volumes e pesos elevados logo a induacutestria tende a localizar-se proacutexima agraves
fontes de mateacuterias-primas46
onde deve ser privilegiada com a relativa proximidade de
florestas apropriadas para a produccedilatildeo de moacuteveis
As questotildees relacionadas com a escassez do produto e o seu custo de aquisiccedilatildeo
foram fatores decisivos para a mudanccedila de atividades da empresa do ramo madeireiro para o
moveleiro A D6 Moacuteveis surge em substituiccedilatildeo a madeireira Belo Horizonte Alem dos
fatores citados considera-se tambeacutem como pontos fortes a facilidade de acesso para as
cidades de Imperatriz Satildeo Luiz e Beleacutem que servem como pontos de apoio agrave logiacutestica
642 A disponibilidade e o padratildeo da matildeo-de-obra local
O pessoal que a empresa dispunha especialmente na parte industrial inicialmente
eram trabalhadores do campo que se iniciaram nas serrarias por ser uma das poucas opccedilotildees
de trabalho natildeo qualificado Em depoimento pessoal no momento da pesquisa de campo o
empresaacuterio Luiz da Silva Dimas comentou que atualmente em virtude da velocidade em que
ocorrem as mudanccedilas nos processos de produccedilatildeo associadas ao alto grau de automatizaccedilatildeo
empregado a empresa teve que assumir em grande parte o preparo do pessoal que atua na
fabricaccedilatildeo dos produtos jaacute que natildeo haacute na localidade escolas de formaccedilatildeo com a estrutura e a
agilidade necessaacuteria para atender a demanda requerida por uma induacutestria que atua
46
O tipo de mateacuteria-prima utilizado na produccedilatildeo ainda eacute essencialmente a madeira maciccedila extraiacuteda na regiatildeo
como cumaruacute angelim ipecirc aroeira tatajuba etc [Pesquisa de campo 2005]
107
predominantemente no mercado externo e cujos controles de qualidade estatildeo acima do que se
pratica na regiatildeo de Imperatriz
Para amenizar o problema de qualificaccedilatildeo se tem adotado uma espeacutecie de rodiacutezio
dos funcionaacuterios nos diversos setores das linhas de produccedilatildeo onde estes vatildeo acumulando
experiecircncia ao longo de sua permanecircncia como colaboradores e consequumlentemente
melhorando o perfil da matildeo-de-obra utilizada
A empresa trabalha em serviccedilos especializados de fabricaccedilatildeo e montagem de
moacuteveis utiliza maacutequinas e equipamentos sofisticados e natildeo tem pessoal com treinamento
efetivo no ramo Eacute necessaacuterio um planejamento para a elaboraccedilatildeo de programas de
treinamento continuado para atender as suas necessidades e formar um quadro capaz de
suprir as expectativas futuras
A partir da figura 9 se pode observar o ambiente interno da faacutebrica com algumas
linhas de montagem e acabamento em operaccedilatildeo
Fresadora Lixamento
Figura 9 - Linha de produccedilatildeo da faacutebrica D6 Moacuteveis
Fonte Disponiacutevel em lt wwwd6moveis combrgt
108
Um grupo de instrutores permanentes com alto niacutevel de especializaccedilatildeo em
maacutequinas de comando numeacuterico especiacuteficas para este tipo de manufatura atua fiscalizando
nos procedimentos de produccedilatildeo e buscando atingir as metas estipuladas pela direccedilatildeo da
empresa Assim tem sido possiacutevel orientar os novos e antigos empregados eliminar
desperdiacutecios atualizar processos elaborar plano permanente de treinamento e difundir
procedimentos organizacionais focados na especializaccedilatildeo produtiva
Em termos quantitativos de matildeo-de-obra e faturamento a faacutebrica trabalha com
uma meacutedia de 200 vagas nos diversos departamentos e previsatildeo de vendas em torno de 11
milhotildees de doacutelares anuais47
47
A induacutestria D6 Moacuteveis do empresaacuterio Dimas Luiz da Silva foi destaque na revista Maranhatildeo Industrial
ediccedilatildeo de marco e abril deste ano A revista eacute uma publicaccedilatildeo da Federaccedilatildeo das Induacutestrias do Estado do
Maranhatildeo Dois textos (Exemplo e a reportagem ldquoExportaccedilatildeo Madeira em altardquo) mencionam a qualidade dos
produtos da empresa que vende para aos exigentes mercados dos Estados Unidos Itaacutelia e Alemanha entre
outros [Pesquisa de Campo 2005]
109
CONSIDERACOES FINAIS
O setor moveleiro nacional eacute reconhecidamente formado por micro pequenas e
meacutedias empresas e um nuacutemero muito expressivo de empreendedores informais em todos
estes ambientes Observa-se tambeacutem um grau de verticalizacatildeo bastante acentuado nos
respectivos processos de produccedilatildeo Estas evidecircncias e outras igualmente vaacutelidas contribuem
negativamente para o incremento da chamada especializaccedilatildeo produtiva em quase todos os
espaccedilos pesquisados especialmente nos Estados do Norte e Nordeste
A exemplo do que jaacute vem ocorrendo com a induacutestria moveleira internacional no
Brasil o setor tambeacutem estaacute se expandindo e jaacute sinaliza para um futuro mais proacutespero segundo
as estatiacutesticas oficiais e outras divulgadas pelas instituiccedilotildees vinculadas a este segmento
Caracterizado pela concentraccedilatildeo de poacutelos regionais o segmento estaacute investindo
em tecnologia mas natildeo possui ainda uma identidade proacutepria em design esta situaccedilatildeo jaacute eacute
reconhecida pelos setores industriais mais organizados e tecircm provocado atitudes no sentido
de se superar a deficiecircncia a aumentar os niacuteveis de profissionalizaccedilatildeo
Considerando os diversos aspectos analisados sobre o setor moveleiro no Estado
do Maranhatildeo reitera-se que esta atividade estaacute muito concentrada na regiatildeo de Imperatriz
pelo expressivo nuacutemero de 193 pequenas faacutebricas e uma meacutedia de 10000 empregos gerados
entre diretos e indiretos ou seja dentro da respectiva cadeia produtiva
No ranking das exportaccedilotildees por Estado brasileiro tambeacutem se observa com
destaque a posiccedilatildeo do espaccedilo analisado que conforme os uacuteltimos dados disponiacuteveis elevou
o Estado do Maranhatildeo ao 8ordm lugar com um total de U$ 4320240 no ano de 2004 Embora
relativamente pequena a participaccedilatildeo em torno de 04 considerando-se as vantagens
comparativas associadas ao espaccedilo produtivo destaca-se que entre todos os Estados do Norte
110
e Nordeste do Brasil apenas a Bahia apresenta nuacutemeros mais expressivos neste quesito com
U$ 45323017 de exportaccedilotildees no mesmo periacuteodo
Para conquistar essa posiccedilatildeo a regiatildeo teve que contar evidentemente com a
contribuiccedilatildeo do avanccedilo tecnoloacutegico que eacute adotado nas linhas de produccedilatildeo de empresas como
a D6 Moveis Design e Tecnologia que vem se utilizando nos uacuteltimos anos de avanccediladas
teacutecnicas de manufatura robotizada com o uso inclusive de maacutequinas de comando numeacuterico
da uacuteltima geraccedilatildeo
Considerando os objetivos propostos para este estudo conclui-se que os mesmos
foram atingidos mediante o que foi constatado durante as diversas formas de pesquisa seja na
parte de consultas bibliograacuteficas fontes secundaacuterias ou pesquisa de campo no sentido se
buscar evidecircncias para os questionamentos mais especiacuteficos onde se pode mensurar e analisar
diversos aspectos como as vantagens associadas agrave localizaccedilatildeo do arranjo a resistecircncia ainda
presente quanto agraves formas de cooperaccedilatildeo e de aprendizado coletivo a participaccedilatildeo do poder
puacuteblico na promoccedilatildeo do desenvolvimento setorial os entraves burocraacuteticos relacionados com
a obtenccedilatildeo do creacutedito o niacutevel de capacitaccedilatildeo tecnoloacutegica e por fim a excessiva
informalidade que eacute ainda praticada entre as firmas
Na promoccedilatildeo de poliacuteticas de desenvolvimento industrial aponta-se como
prioridade da comunidade local a interaccedilatildeo com todos os setores privados e puacuteblicos
objetivando o crescimento com desenvolvimento atraveacutes da denominada eficiecircncia coletiva
O estudo tambeacutem nos permite concluir outras questotildees pontuais como
A cooperaccedilatildeo eacute inexpressiva entre os agentes que participam da produccedilatildeo de
moacuteveis na regiatildeo na regiatildeo de Imperatriz apenas alguns eventos e feiras os
congrega como categoria organizada
111
Predomina os pequenos empreendimentos de base familiar e informal
entretanto constata-se que a rentabilidade tem sido suficiente para garantir a
continuidade dos empreendimentos 30 possuem veiacuteculo e residecircncia proacutepria
A facilidade de acesso agraves mateacuterias primas agrave infra-estrutura fiacutesica ainda satildeo os
maiores atratores
O apoio governamental se existe de maneira geral natildeo eacute reconhecido pelos
produtores no caso do Municiacutepio de Acailacircndia se constata accedilotildees da Prefeitura
na implantaccedilatildeo do Poacutelo Moveleiro com espaccedilo e relativa infra-estrutura
especialmente alocada para apoiar o setor O SEBRAE eacute o oacutergatildeo de maior
destaque no quesito apoio institucional
De maneira geral natildeo se constatou interaccedilotildees que possam contribuir para
empreender poliacuteticas de inovaccedilatildeo mais profiacutecuas
Entre os fatores que limitam o desenvolvimento da industria local apresenta-se
com maior ecircnfase as exigecircncias de aval e garantias para a obtenccedilatildeo do credito
por outro lado a informalidade predominante natildeo contribui para minimizar o
problema
Os pequenos empreendedores satildeo jovens maranhenses e com baixo grau de
instruccedilatildeo
Diante das anaacutelises realizadas ateacute aqui presume-se que as entre as estrateacutegias
conhecidas e praticadas em outros espaccedilos produtivos a cooperaccedilatildeo certamente viria em
primeiro lugar na busca da eficiecircncia e os resultados soacute poderatildeo naturalmente ser alcanccedilados
com base na confianccedila e no desenvolvimento de competecircncias do conjunto de empresas
especialmente as menores
112
Neste sentido chega-se agrave formulaccedilatildeo teoacuterica de que as barreiras histoacuterico-
culturais podem e devem ser superadas no sentido de que se atinja a maturidade desejada e
uma nova mentalidade empreendedora se estabeleccedila no ambiente estudado
113
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