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Sabedoria - Testada e Madura, Maturidade para discernir o que é melhor

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Como encontrar o verdadeiro sentido da vida? Salomão o homem mais sábio do mundo escreveu alguns principios fundamentais para alcançarmos a sabedoria, esses princípios estão registrados no livro de Eclesiastes, e são fundamentais para uma vida Cristã saudável e plena.

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1. MAIORIDADE:

A MARCA DA

SABEDORIA

MADURA

1 As palavras do mestre, filho de Davi, rei em Jerusalém: 2 “Que grande inutili-

dade!”, diz o mestre.“Que grande inutilidade! Nada faz sentido!” 3 O que o

homem ganha com todo o seu trabalho em que tanto se esforça debaixo do sol?4 Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre. 5 O sol se

levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta. 6 O vento

sopra para o sul e vira para o norte; dá voltas e voltas, seguindo sempre o seu

curso. 7 Todos os rios vão para o mar, contudo, o mar nunca se enche; ainda

que sempre corram para lá, para lá voltam a correr. 8 Todas as coisas trazem

canseira. O homem não é capaz de descrevê-las; os olhos nunca se saciam de

ver,nem os ouvidos de ouvir. 9 O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará

novamente; não há nada novo debaixo do sol. 10 Haverá algo de que se possa

dizer: “Veja! Isto é novo!”? Não! Já existiu há muito tempo, bem antes da

nossa época. 11 Ninguém se lembra dos que viveram na Antigüidade, e aqueles

que ainda virão tampouco serão lembrados pelos que vierem depois deles.

Eclesiastes 1.1-11

A palavra “Eclesiastes” vem do grego. No hebraico o termo é“Qohéleth” (o pseudônimo de Salomão) que significa mestre, pre-

1.

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gador, sábio, orador, filósofo. Aquele que ajunta ou aquele quereúne pessoas para discutir formalmente o sentido da vida.

O escritor de Eclesiastes se apresenta como “filho de Davi,rei em Jerusalém”. Trata-se, sem dúvida, do rei Salomão, uma figu-ra inigualável do Antigo Testamento. Ele era famoso por sua sabe-doria e riqueza. Quando se encontrou diante de Deus, em sonho, e

Deus lhe disse: “Pede-me o que queres que eu tedê” (1 Rs 3.5), Salomão pediu apenas sabedoriado alto para poder julgar e dirigir o povo (1 Rs3.10-13). Deus atendeu seu pedido e lhe deumuito mais ainda. Então, Salomão se tornou umhomem de uma enorme bagagem cultural e umvastíssimo conhecimento das coisas da vida. Nosseus dias, sua fama correu por todas as nações.

Salomão escreveu três livros: Cantares,Provérbios e Eclesiastes. Na classificação doslivros da Bíblia o Eclesiastes é considerado desabedoria, por tratar de uma questão básica doser humano: a felicidade. Os livros chamados de

sabedoria são diferentes da literatura profética de Israel porqueexpressam melhor a filosofia dos pensadores do que as determina-ções de Jeová. Em Eclesiastes não se encontra a frase: “Assim diz oSenhor”, quando falam dos problemas da vida e das conclusõesdos homens.1 Mas nem por isso deixa de ser um livro que edifica afé cristã. Concordo que “o livro de Eclesiastes é tanto um monu-mento à reafirmação de Salomão como servo do Deus vivo, comoum guia para outras pessoas a respeito dos abismos e perigos davida”.2

2.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

“O livro de

Eclesiastes é tanto

um monumento à

reafirmação de

Salomão como

servo do Deus

vivo, como um guia

para outras pessoas

a respeito dos

abismos e perigos

da vida”

1 MELO, Joel Leitão. Eclesiastes versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 19992 Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 999

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A SABEDORIA MADURA SABE VIVER A VIDA“DEBAIXO DO SOL”

Eclesiastes é um livro cheio de realismo. Nele Salomão sedesnuda. Uma das chaves para entender este livro é por meio daexpressão “debaixo do sol”, refrão repetido cerca de trinta e seisvezes. Outras expressões similares e repetidas são: “correr atrás dovento”, “debaixo do céu”, “na terra”, “sobre a terra”. Observe quetodas estas expressões focam a vida sempre numa perspectivaterrena, que deve ser interpretada à luz da conclusão do própriolivro (12.13), onde a expressão “tema ao senhor” não significa termedo de Deus, mas reverenciá-lo, adorá-lo e servi-lo de todo cora-ção, com a consciência do julgamento divino (12.14). Pois Deusjulgará a todos, sem acepção de pessoas.

E mais: a experiência específica de Salomão “debaixo do sol”foi expressa com profundo realismo, através das seguintes expres-sões ao longo do livro: “vi”, “tendo visto”, “entendi”, “considerei”,“apliquei”, “disse comigo”, “tudo isto vi”. Sim, nós cristãos vive-mos “debaixo do sol”, mas os corações daqueles que confiam noSenhor, se estendem além do horizonte (3.11). Pois a eternidadevai além da esfera do que está “debaixo do sol”.

Em Eclesiastes Salomão estabelece um contraste entre duasperspectivas de vida muito diferentes: 1) nãoreconhecer Deus, 2) depender d’Ele. Salomãodiz que a existência humana só é inútil se vividalonge do Senhor. Portanto, se esse mundo é tudoque existe para a pessoa, ela irá descobrir, se nãojá descobriu, mediante experiência prática, quenão há satisfação real. O resultado da vida, rea-lizada sob as condições mais favoráveis possíveisserá um desapontamento profundo, tornando oexistir algo absolutamente destituído de signifi-

3.

SABEDORIA TESTADA E MADURA

Lawrence Richards

diz: “se você busca

significado nas

coisas que esse

mundo tem para

oferecer, está

fadado ao

desapontamento”.

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cado. Lawrence Richards diz: “se você busca significado nas coisasque esse mundo tem para oferecer, está fadado ao desapontamen-to”.

Eclesiastes termina mostrando que Deus está nos céus, acimae além do “sol” (12.13-14). Esta é a mensagem máxima do livro.Aqui está o verdadeiro significado da vida, este é o caminho deDeus para sobrevivermos neste mundo secularizado e materialista.

A SABEDORIA MADURA SABE DIALOGAR DE FORMASAUDÁVEL SOBRE O SENTIDO DA VIDA

O assunto principal de Eclesiastes é a “vaidade” (v. 2), que aNVI traduz como “inútil” ou “inutilidade”, aparece cerca de qua-renta vezes ao longo do livro. No contexto de Eclesiastes o termosignifica acúmulo dos absurdos. Alguns comentaristas entendemque a repetição constante desta palavra demonstra o tema dolivro. O termo se refere a algo irreal e efêmero, vazio de significado,fútil, temporário e transitório, que desvanece rapidamente, é comouma bolha de ar, ou como uma fumaça que se esvai. Por outrolado, a palavra “vaidade" deve ser entendida não como algo semsentido, mas como algo que passa depressa. O conceito de Salo-mão é que a vida é efêmera, assim, precisa ser aproveitada ao máxi-mo como benção de Deus. O que Salomão quer dizer com “tudo?”O livro de Eclesiastes, de modo geral, revela que ele queria dizertudo mesmo (5.7; 6.9; 7.6). Salomão explica que tudo na vida évaidade, a não ser que reconheçamos que tudo provém da mãosoberana de Deus (2.24-26).

Alguns entendem que Salomão ao escrever Eclesiastes esta-va em “parafuso”, vivendo um dia de tédio e em profunda criseexistencial. Não concordo com essa ideia. Prefiro crer que “vaida-de” é a tese do autor. Saiba, de antemão, que Eclesiastes é umarefutação ao pensamento secular de tentar administrar a vida por

4.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

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conta própria, deixando Deus de lado. Acredito que esta frase“vaidade de vaidades” (v. 3) é uma fórmula literária do autor e nãosua postura pessimista ou expressão de desilusãoquanto a sua própria vida. Por outro lado, eudiria que o livro de Eclesiastes, tem um papelespecial na explicação e na exposição dos feitosdevastadores da Queda, bastante útil em umaépoca como a nossa que idolatra a criação, emvez de o Criador.

Aprecio demais a ênfase que Salomão dásobre o fato de que é a morte que impõe a falta de sentido nestavida. Na verdade, é a morte que extrai todo sentido da nossa vida,que frustra nossas esperanças e destrói nossos planos.3 Talvez, sejapor isto que em Eclesiastes 1.11 o conceito de “vaidade” tem algo aver também com incapacidade do homem de lembrar como resul-tado do pecado. De fato, não existe fama eterna! “Por exemplo, amaioria das pessoas tem dificuldade em saber o nome das bisavós ebisavôs. E muito poucos saberiam citar o nome dos últimos quatrovice-presidentes de seu país. Em nossa presunção, imaginamos queo mundo não pode continuar sem nós. No entanto, depois damorte somos rapidamente esquecidos, e a vida na terra continuanormalmente”.4

A conclusão do sábio Salomão está correta. Pois, se a vidaterrena se resumir em tudo que a pessoa tem, e se de fato sua morterepresenta o fim, então a vida para tal pessoa não passa de algofugaz, sujeito à vaidade (Rm 8.28). Mas será que tudo na vida éinútil e nada faz sentido? Quando o cristão faz essa leitura da vida,que ela não passa de uma nuvem que se evapora – ausência desubstância, algo está errado: Deus não está sendo o centro de suavida. Para aquele que tem Deus como centro da existência, a vida

5.

SABEDORIA TESTADA E MADURA

A morte extrai

todo sentido da

nossa vida, frustra

nossas esperanças

e destrói nossos

planos.

3 DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 5554 MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p.595

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é bela, apesar de tudo. O problema é quando nos tornamos refénsdo que é fugaz, que desaparecerá. Eugene Peterson5 comenta quehá quem rejeite Eclesiastes, rotulando-o de “cínico” e “pessimis-ta”. Mas estes rótulos não se enquadram no texto. Há muita evi-dência de alegria: “recomendo que se desfrute a vida” (8.15). Veja,este é um tema recorrente em Eclesiastes (2.24; 3.13; 9.7-10;11.7).

Por outro lado, vivemos num mundo onde se valoriza a vidaem termos de lucros e perdas. Sempre foi assim, mas agora nesta

época pós-moderna a problemática é maior.Somos “empurrados” para correr atrás do ouro,fica a sensação de que precisamos sempre ajun-tar dinheiro e bens. E mais: compramos as coisaspor seu “status”, marca, etiqueta, etc. Somosuma geração viciada no consumo, os shoppingsnos atraem com as suas bugigangas, e caímos feiona armadilha “compre agora, pague depois”.Como diz Henry Thoreau: o homem vive emdesespero silencioso.

Salomão diz que quando morremos deixa-mos tudo aqui para os outros usufruírem (v. 3).

Mas isto não justifica dizer que o homem não tem qualquer provei-to do fruto do seu trabalho. Se tal homem não desfrutou do seutrabalho... É problema dele. Pois, “... todos nós gozamos do muitoque ajuntamos, que nos dá muito prazer. Não há homem, e jamaishouve, que chegasse ao ponto de desprezar tudo que fez, queganhou, que fluiu, julgando-o de nenhuma valia. Bem certo quemuitas coisas são de pouca valia, mas não todas, nem o todo davida de qualquer pessoa”.6

6.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

Somos uma

geração viciada no

consumo, os

shoppings nos

atraem com as

suas bugigangas, e

caímos feio na

armadilha “compre

agora, pague

depois”.

5 PETERSON, Eugene. O Pastor que Deus Usa. São Paulo: Textus, 20036 MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Eclesiastes. São Paulo: Juerp

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Aliás, deixar alguma coisa para alguém, especialmente para afamília, é um dever de trabalharmos uns para os outros. Por exem-plo: é dever do pai preparar o futuro de seus filhos, estes para osseus filhos, e sucessivamente. Construir para a posteridade é umgrande valor. Ouvimos constantemente as pes-soas dizer: nada levaremos desta vida, senão oque construímos espiritualmente! Concordo;desde que a linha de raciocínio seja o ensino deJesus em Lucas 12.20-21, onde aprendemos quenão se deve dar demasiada atenção às coisas des-ta vida, ignorando o aspecto espiritual e a coisamais fundamental: a prestação de contas a Deus!

Este ensino de Jesus refuta, também, a bus-ca frenética por aparente glória desta vida. Poisnossos passos se perdem nas areias da existência.Segundo Eclesiastes 1.8, “a vida na terra é reple-ta de fadigas. A linguagem humana é insuficien-te para descrever a monotonia e inutilidade detudo isso. As pessoas nunca estão satisfeitas; seus olhos e ouvidosnunca se cansam de novidades. O ser humano está sempre emmovimento à procura de novas sensações, em busca daquilo queum sociólogo americano chama de desejo fundamental de adquirirnovas experiências. Entretanto retorna insatisfeito e exausto desuas aventuras. Deus formou o homem de tal modo que nada nessemundo é capaz de lhe proporcionar satisfação duradoura. Contu-do, não significa que somos um caso perdido. Precisamos apenasolhar acima do sol, para aquele que ‘dessedentou a alma sequiosa efartou de bens a alma faminta’ (Sl 107.9).7

O autor de Eclesiastes procura nos ensinar que o verdadeirosentido da vida encontra-se apenas em um relacionamento sadiocom o Senhor; quando o seu fim é Deus. “Depois de haver Salo-

7.

SABEDORIA TESTADA E MADURA

A linguagem

humana é

insuficiente para

descrever a

monotonia e

inutilidade de tudo

isso. As pessoas

nunca estão

satisfeitas; seus

olhos e ouvidos

nunca se cansam

de novidades.

7 MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 593

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mão experimentado todas as alternativas conducentes aos valoresmais elevados da vida humana, dá-nos escrito seu testemunho pes-soal a respeito do vazio e do desgosto que resultaram de suas expe-riências: ele provou tudo o que o mundo pode oferecer em termosde satisfação e prazer. Tudo resultou em futilidade, pois nada tem

valor; pois lhe falou a verdadeira satisfação...”8

Salomão nos apresenta de forma solitáriasuas experiências de frustração, concluindo quea vida não vale a pena fora de Deus. “Se Provér-bios fala sobre a sabedoria para pessoas que que-rem ter sucesso, o livro de Eclesiastes oferecesabedoria para as pessoas que têm sucesso. Ele édirigido, em especial, aos indivíduos que conse-guiram o que queriam da vida ou, pelo menos, oque pensavam que queriam para, depois, desco-brir que isso era insuficiente”.9 Sendo bemhonesto, Eclesiastes é o tipo de livro que eu gos-taria de escrever sem, contudo, ter que passarpelas experiências frustrantes de Salomão.

A SABEDORIA MADURA ENCARA A VIDACOMO UM PATRIMÔNIO DIVINO

A mordomia da vida requer que saibamos viver nosso aqui eagora com sabedoria, aproveitando com inteligência cada momen-to, redimensionando e ajustando a vida aos princípios de simplici-dade estabelecidos pela Palavra de Deus, sem perder o ponto cen-tral da vida que é o Reino de Deus e a Sua justiça. O desafio estálançado para todos. A responsabilidade é toda sua. Fidelidade é opré-requisito fundamental de um mordomo. Fiel é aquele que ins-

8.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

Fidelidade é o

pré-requisito

fundamental de

um mordomo. Fiel

é aquele que

inspira, que não

muda, que cumpre

aquilo a que se

obriga; que é capaz

de defender com

zelo os bens a ele

confiados.

8 ARCHER, Gleason. Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas. São Paulo: 1997, p. 2719 DEVER, Mark. A Mensagem do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 544

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pira, que não muda, que cumpre aquilo a que se obriga; que é capazde defender com zelo os bens a ele confiados. Eclesiastes nos ensi-na ser bons mordomos da vida, pois ela é um presente de Deus.

Para você conseguir vencer a ditadura das regras impostaspela sociedade materialista e consumista contemporânea éimprescindível cultivar a vida simples. Nesta batalha precisamostambém de bom senso e realismo. Salomão, como um filósofo davida, deixa explícito os conceitos de realismo e bom senso (vv.4-7). A mensagem nestes versículos é clara: todos têm um períodopara fazer a sua própria história. Esta jornada é formada por etapas.E o fim de tudo deve ser Deus; Ele é soberano. Com as expressões“gerações vêm e gerações vão”, “o sol se levanta e o sol se põe”, “ovento sopra para o sul e vira para o norte”, “todos os rios vão para omar”, Salomão está indicando que a vida é cíclica - se repete numacerta ordem. Isto deve levar-nos a valorizar o tempo de vida quenos cabe hoje. O nosso problema é a preocupação angustiosa e aansiedade, que ocupa todo o nosso tempo e revela a nossa falta defé no cuidado soberano do Pai.

Então, como a sabedoria madura é desenvolvida? “A sabedo-ria é construída camada por camada. Tal qual uma mesa enverni-zada, sua profundidade vem de dezenas de finíssimas coberturas.Depois que cada cobertura é meticulosamente aplicada, a mesa setorna quase translúcida. Você tem a ilusão de que poderia tocar aessência da madeira. Esse tipo de transparência e resplendor nãovem como uma chuva torrencial, mas por meio de camadas derevestimento. A sabedoria é como um músculo, e você não desen-volve musculatura do dia para a noite”.10

Nos versículos 9 a 10, o que Salomão está afirmando, não éum conceito frívolo da vida, visto que de fato estamos sujeitos aosprocessos e fenômenos natural das coisas. O que diz é que nada há

9.

SABEDORIA TESTADA E MADURA

10 CORDEIRO, Weyne. Mentores Segundo o Coração de Deus. São Paulo: Vida, 2008, p. 131

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novo debaixo do céu... E o que tem aí pode ser melhorado. Consi-derando que esses conceitos de Salomão são de cunho filosófi-co-espiritual, o objetivo é fazer-nos refletir sobre a vida e sua mor-domia. Neste caso, a lição é que a vida não deve ser encaradacomo algo insignificante. Pois, ela só se torna inútil quando nossosesforços são feitos pensando apenas nos resultados para nós mes-mos. É justamente esta a perspectiva bíblica. Pense bem: qual seriaa graça se uma geração permanecesse para sempre? Certamente,haveria estagnação no processo reprodutivo da humanidade! Por-tanto, o “nascer” e o “morrer” fazem parte do ciclo da vida. Você éuma partícula do todo, e a sua parte nesse todo nem sempre seráapreciada ou valorizada por seu esforço ou não.

Portanto, é um atestado de mediocridade olhar para o cursoda vida como algo banal. Aquilo que aparenta banalidade (“Gera-

ções vêm e gerações vão”) é uma necessidade do progresso. Salomãoestabelece um contraste entre a brevidade da vida e a permanên-cia na terra. Isto não é maravilhoso? Você já pensou se tivéssemosque estar sempre começando cada coisa? Então, por que nãomelhorarmos o que já existe? Por que “chovermos no molhado”?Por que reinventar a roda?

� Qual é o problema se “gerações vem e gerações vão”? Nenhum!O problema está em não se aproveitar sabiamente o tempo(geração) que Deus nos doou para fazer nossa própria históriacom excelência.

� Qual é o problema se “o sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta

ao lugar de onde se levanta”? Nenhum! O problema está emobservar todas as etapas da vida, sem buscar a presença de Deus.

� Qual é o problema se “o vento sopra para o sul e vira para o norte;

dá voltas e voltas, seguindo sempre o seu curso”? Nenhum! O pro-blema está em percorrermos o círculo da existência sem progre-

10.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

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dir na sabedoria do alto, permanecendo assim num nível da vidainterior.

� Qual é o problema se “Todos os rios vão para o mar, contudo, o

mar nunca se enche”? Nenhum! O problema está em achar quetodas as nossas necessidades, desejos e sonhos serão satisfeitosaqui na Terra.

De fato, a vida consiste em ir e vir, em andar e desandar.Assim, o que parece banal torna-se fundamental, pois é a vida queDeus planejou. Onde está a futilidade dessas coisas, se o problemanão está nelas, mas sim em quem deveria apreciá-las? “Não acredi-tamos que Salomão... tenha dito ou escrito estas palavras, tivesseem mente a ideia de que tanto o passado como o presente e o futu-ro, tudo está depositado no porão do subconsciente. Muito vaipara lá, mas outro tanto aí fica, animando os vindouros. Há, pois,um resíduo de verdade no sagrado escrito, mas não se pode tomarao pé da letra o que é apenas um conceito filosófico, uma maneirade ver os fatos pelo ângulo da correria da vida”.11

Portanto, é equivocada a interpretação de que Salomão este-ja querendo ensinar em Eclesiastes que não adianta lutar e traba-lhar pela vida, pelo simples fato de que, logo tudo será esquecido.O livro, como um todo, revela que o autor está enfatizando ascoisas numa perspectiva superficial, para que seu apelo quanto aum exame mais profundo das coisas da vida, que aparentam bana-lidades, tenha efeito prático e relevante na vida dos ouvintes,resultando assim numa vida simples e despojada, que valorize oessencial.

Salomão detém um pensamento treinado. Ele é alguém quese aplicou a esquadrinhar a sabedoria e seus opostos. Todavia, nosversículos 12 a 18, ele deixa claro que a realização intelectual tam-bém é vaidade. Ou seja, nossas capacidades racionais podem guiar

11.

SABEDORIA TESTADA E MADURA

11 MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Eclesiastes. São Paulo: Juerp

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nossa vida, mas não pode decifrar seus mistérios.“Se o intelectualismo fosse a chave para com-preender a vida, nossas universidades seriamoásis de paz e contentamento, mas não são. Pelocontrário, são ambientes de inquietação e estres-se. A velha caricatura de um estudante universi-tário com uma toalha enrolada na cabeça, inge-rindo aspirina com café se encaixa de modoapropriado na conclusão de Salomão”.12

APLICAÇÃO PESSOAL

1. Que pensamento, em particular, lhe vem à mente quando vocêreflete sobre sabedoria madura?

2. Ao escrever Eclesiastes Salomão de fato possuía uma sabedoriamadura? Como isso se demonstra?

12.

MAIORIDADE: A MARCA DA SABEDORIA MADURA

A velha caricatura

de um estudante

universitário com

uma toalha

enrolada na

cabeça, ingerindo

aspirina com café

se encaixa de modo

apropriado na

conclusão de

Salomão.

12 MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 593

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