Saint-Simon, Proudhon e Karl Marx

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SAINT-SIMON, filsofo e economista social: Sansimonismo o nome atribudo corrente de pensamento de Saint-Simon e seus seguidores (Auguste Comte foi seu seguidor e secretrio; baseou-se em sua ideia de moral positiva para construir a teoria positivista).

O sansimonismo uma doutrina socialista que visa ao estudo dos problemas econmico-sociais do ponto de vista histrico. A histria, p/ Saint-Simon define o futuro e deve ser estudada em seus contextos e em todos os seus aspectos. Alm de histrica, a viso sansimonista construtivista, pois cr que a finalidade do homem no a busca pela felicidade ou liberdade, mas a produo de tudo que til em vida. Observando a Histria, Saint-Simon a julgava como uma sucesso de construes e desconstrues, aes e reaes, num movimento contnuo. Cabia ao sculo XIX o modelo construtivo e foi a esse modelo que ele se dedicou.

O modelo construtivo de sociedade ideal aquele que se baseia no trabalho, na cincia, na evoluo e no progresso (Positivista). O progresso o industrialismo (sociedade industrial), modo de produo em que vigoraria o coletivismo, ou seja: a administrao coletiva (pelas massas) e justa da propriedade privada. Seu lema era: A cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo suas obras. A indstria de todos e a moral industrial positiva eram os principais temas sansimonistas.Mesmo implantado o industrialismo coletivista como modo de associao universal, a sociedade ainda seria desigual (direito de sucesso hereditria legtimo). O aperfeioamento total deste modelo ideal de sociedade (sistema) se daria com a reforma do cristianismo tradicional e sua implantao - h quem defenda que Saint-Simon acreditava ser uma espcie de messias. A proposta era extirpar a desigualdade social. Em O Novo Cristianismo, pregava uma nova religiosidade entre os homens, diferente do catolicismo e do protestantismo que, somada racionalidade, poderia resultar num mundo progressista, industrialista e justo. O cristianismo de reforma ou Novo Cristianismo acabaria com a dualidade entre o dominador e o dominado, entre a matria e esprito, de modo que a religio (religio da razo) seria o verdadeiro meio de transformao da sociedade ( carter reformador, revolucionrio. Pierre-Joseph PROUDHON Principal obra: O que a Propriedade?Amigo de Marx e Bakunin, P. ficou conhecido como o terico do anarquismo. Tambm defendia um modelo de sociedade ideal, distinto das organizaes econmicas europeias. Reformista, Proudhon acreditava que a sociedade ideal deveria pautar-se na JUSTIA, porque esta que visa a resgatar a igualdade e liberdade esperadas, e no mutualismo sistema de trocas geral, em que todos teriam o uso e a posse do bens econmicos, mas no a propriedade. A teoria de Proudhon uma crtica ao liberalismo e ao socialismo, porque enxerga que o grande problema da organizao econmica europeia no nem a produo, nem a repartio dos bens, mas a circulao, o sistema de trocas.

Em relao ao liberalismo, critica, tambm, a noo de propriedade privadas; para ele, a propriedade ambgua: um roubo, mas liberdade; justa e injusta simultaneamente; fonte do bem e do mal. (Sistema de contradies econmicas ou filosofia da misria paradoxo do liberalismo). Entretanto, ele critica o autoritarismo socialista, a coero. Nesse sentido, Proudhon se afasta das correntes utpicas iniciais e do sansimonismo, porque defende o direito de sucesso hereditria e a liberdade acima de tudo. Percebam que se trata de um pensamento essencialmente contraditrio/dual.

A propriedade justa medida que assegura a liberdade, mas injusta porque no garante a igualdade. Ela garantia, sim, privilgios aos proprietrios e misria aos que nada tm. Neste ponto, aproxima-se, Proudhon, do socialismo. O Estado visa manuteno do direito de propriedade, desigualdade, por isso sua principal funo a coero. Todo Estado tirnico e violento, razo pela qual a justia s seria plena se reduzidas as foras estatais. (Hunt, p. 87/88)

O Governo intil, s a justia til, de modo que a ordem econmica absorveria a poltica: eis a anarquia (ausncia total de um soberano proprietrio sinnimo). necessria uma transformao do direito que, de individualista deve se colocar como social, buscando a equidade das relaes. Requer a reforma da propriedade, mas no sua supresso.

Em verdade, Proudhon rejeita tanto o capitalismo quanto o comunismo, propondo o mutualismo anarquista como modo de produo: controle dos meios de produo pelos trabalhadores. No deve haver Estado, mas uma repblica de pequenos coproprietrios. Marx logo rompe como Proudhon e lhe dedica o texto Misria da Filosofia.

Proudhon inspira o anarquismo de Bakunin (anarquismo terrorista - violncia como a nica forma de se alcanar a sociedade sem Estados e desigualdade) e a literatura de Leon Tolstoi.

"Aquele que puser as mos sobre mim, para me governar, um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!" Proudhon, em 1849 (Hunt, p. 87)Anarquia: o governo de cada um por si prprio. Anarquia no tem o sentido moderno de caos; anarquia ordem, sem Estado.

Alguns pensamentos de Mikhail BAKUNIN: Liberdade sem socialismo privilgio, injustia; socialismo sem liberdade brutalidade e escravido.

Assim, sob qualquer ngulo que se esteja situado para considerar esta questo, chega-se ao mesmo resultado execrvel: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porm, dizem os marxistas, compor-se- de operrios. Sim, com certeza, de antigos operrios, mas que, to logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessaro de ser operrios e por-se-o a observar o mundo proletrio de cima do Estado; no mais representaro o povo, mas a si mesmos e suas pretenses de govern-lo. Quem duvida disso no conhece a natureza humana.

A liberdade do homem consiste to somente nisso, de que ele obedea as leis da natureza as quais ele por si prprio reconhece enquanto tais, e no porque elas foram impostas externamente sobre ele por qualquer vontade exterior, humana ou divina, coletiva ou individual.

KARL MARX A TEORIA MARXISTA:

Paralelamente ao socialismo utpico, que buscava conciliar numa sociedade ideal os princpios liberais e as necessidades dos operrios, surge o socialismo dito cientfico. Mediante a anlise dos mecanismos econmicos e sociais do capitalismo, os idelogos desta viso especfica propunham compreender a realidade e transform-la. O socialismo cientfico constitui, deste modo, uma proposta revolucionria ao proletariado.

O maior terico do socialismo cientfico foi KARL MARX (1818-1883), cujas principais obras so: Manifesto do Partido Comunista (1848) e O Capital (1867); estas duas obras causaram uma revoluo, de fato, mas na Economia e nas Cincias Sociais. Marx nasceu em Trier, na Prssia, atual Alemanha. Comeou a estudar Direito e, depois, migrou para a Filosofia. Os pensamentos de Hegel e Feuerbach dominavam os estudos em filosofia, e foram essas duas vises que dominaram, tambm, o pensamento ideolgico de Marx. Em 1843, Marx decide morar em Paris; neste perodo, ele conhece Proudhon, passa a se dedicar aos escritos filosficos e torna-se, efetivamente, socialista. Expulso da Frana em 1845, passa a viver em Bruxelas, escreve A Misria da Filosofia, criticando o socialismo utpico, e passa a se dedicar aos estudos da Economia Poltica.

Em 1848, aps a redao do Manifesto, Marx expulso da Blgica, tenta viver na Alemanha (Colnia), mas tambm expulso. Ir exilar-se em Londres, local em que faleceu.Entretanto, a teoria marxista no teria vingado sem o auxlio e a amizade de Friedrich Engels (1820-1895).O Marxismo uma interpretao socioeconmica da histria conhecida como materialismo histrico, que se fundamenta no em trs conceitos: luta de classes, mais-valia e revoluo. Trata-se de uma doutrina filosfica, sociolgica e econmica. No plano da Economia, a teoria marxista se desenvolve sob dois aspectos lgicos (causa-efeito): explorao e evoluo.

Seguindo uma espcie de inverso da filosofia hegeliana, Marx defender que no h uma ideia inata, a priori, que anteceda o conhecimento dos objetos mundanos; o conhecimento, portanto, no imediato. Para Hegel, a razo fuso entre o conhecimento dos objetos e de si; ela governa a Histria, num movimento dialtico (desenvolvimento de contrrios resulta em uma unidade transformada). Segundo Hugon, em Marx, apenas atravs das coisas (histria, direito, moral) que o esprito adquire conscincia de si. a realidade que cria a racionalidade e determina o pensamento. Os fatos histricos governam a razo e a direcionam. No a conscincia que determina a vida, mas o contrrio. Para Marx, a conscincia humana produto social, histrico: a Histria governa a razo.Os homens e a sociedade seriam como que produtos histricos de seu tempo. E quem move a razo o desenvolvimento histrico. Marx se apropria dessa dinmica historicista progressista e procura estudar os fenmenos econmicos em movimento, em construo.

Desse modo, podemos compreender que o materialismo histrico, no explicitado de modo claro nas obras de Marx, um mtodo que prope que toda sociedade determinada, em ltima instncia, pelas suas condies socioeconmicas, pelo modo de produo o que ele chama de infraestrutura. Adaptadas a ela, as instituies, a politica, a ideologia e a cultura como um todo compem o que Marx chamou de superestrutura.

O materialismo histrico , portanto, uma interpretao da histria, de que as transformaes de ordem material determinam as transformaes de ordem ideolgica (em outras palavras, a infraestrutura determina a superestrutura; o modo de produo determina a moral, a arte, a religio, etc.). As relaes sociais esto necessariamente ligadas s foras produtivas. Fica mais claro quando pensamos na passagem do modo de produo feudal para o capitalista, quando as relaes de produo, as bases econmicas e sociais e a cultura ganharam dinamismo e se transformaram.

Para Marx, o agente transformador da sociedade a luta de classes, a explorao, o antagonismo entre dominador e dominado. Resultantes da estrutura produtiva, principalmente da propriedade privada, tais classes, ao longo da histria, apresentaram interesses opostos, que os induziam a lutar. A luta de classes define a infraestrutura, j que o conflito entre aqueles que detm os meios de produo e aqueles que fornecem a fora de trabalho. Na Antiguidade Clssica, opunham-se cidados e escravos; na Idade Mdia, senhores e servos; na Modernidade, nobreza e burguesia e, na Idade Contempornea, burguesia e proletariado. Percebam que a teoria marxista possui um fundo evolucionista. Nesse sentido, o feudalismo j conteria um grmen do capitalismo e, de igual modo, o capitalismo j contm em si um grmen do socialismo (relao causa-efeito) - isso porque se trata de uma viso dialtica e progressista (estrutura moderna de tempo ( rompe-se com a antiguidade, no se mais sujeito individual, mas sujeito coletivo, impessoal. Numa sociedade de massas, no h mais singularidade, h diluio, ocorrncia. H meros processos histricos e o homem dilui-se nessa impessoalidade, nessa perspectiva de que o amanh necessariamente tem de ser melhor que o agora). A evoluo da sociedade se desdobra sempre em confronto, em dualidade, em contradio, oposio (dialtica), mas sempre se renova.

Por isso, na viso de Marx, o comunismo no um idealismo, uma sociedade ideal a ser atingida, mas algo que necessariamente ir acontecer (previso). O comunismo extinguir o capitalismo necessariamente, porque o modo de produo que ser instaurado pela classe explorada, que no detm os meios de produo. As condies do comunismo j esto implcitas no modo de produo capitalista.

A vitria do proletariado certa justifica-se em virtude da explorao. No Manifesto, Marx afirma que a queda da burguesia e a vitria do proletariado so igualmente inevitveis (...) Proletrios de todos os pases, uni-vos!. O materialismo histrico prev a passagem de um regime de propriedade individual para o de propriedade coletiva (viso progressista).

CONTINUAO:Como foi possvel perceber, o enfoque de Marx o inverso de Hegel: o do privilgio do homem, da totalidade da existncia humana, do social (ao contrrio do indivduo como unidade bsica do liberalismo), e no de um Esprito como princpio motos. Ademais, a filosofia e a sociologia de Marx so, em verdade, uma prxis, no sentido de que no se bastam como anlises intelectuais; necessitam da ao prtica como meio de elevar transformao (revoluo).

Conforme falamos, o pensamento de Marx se debrua sobre a tica de que a histria um confronto (dialtica), uma luta; essa luta se sustenta pela oposio entre aqueles que so opressores e aqueles que so oprimidos. A lgica da explorao est no fato de que, ao separar capital e trabalho, a fora de trabalho, na estrutura capitalista, passou a ser encarada como mercadoria. Trata-se de um processo de coisificao do ser, em que tudo tratado como objeto, mercadoria.Para Marx, o homem um ser social e o que o distingue dos outros animais justamente o trabalho; o trabalho como relao produtiva de sobrevivncia. Mas a viso que se tem do trabalho na modernidade deturpada pela lgica capitalista; a relao entre trabalho (explorao) e meio de produo o que define as relaes capitalistas.

O valor do trabalho determinado pela quantidade de trabalho necessria manuteno do trabalhador (preo pago pelo empregador para a utilizao da mo-de-obra). O empregador paga um salrio ao operrio, pela produo. Entretanto, vende aquilo que foi produzido pelo operrio, guardando para si a diferena. Essa diferena a mais-valia: o trabalho excedente no pago ao operrio, que s se justifica no aumento de capital.Ao valor da riqueza produzida pelo operrio h um acrscimo, que o valor remunerado de sua fora de trabalho. O conceito de mais-valia justamente essa diferena entre o valor da riqueza produzida e o valor remunerado pela fora de trabalho: o fator crescente e imprescindvel para a explorao, para a capitalizao da burguesia. O conceito de mais-valia nos indica, portanto, que o valor daquilo que foi produzido deveria pertencer a quem fornece a fora de trabalho (proletrio); entretanto, no capitalismo, o trabalho efetivado produziria valor superior ao do salrio, produziria o lucro, e o operrio no receberia o produto integral de seu trabalho. exatamente a esse aspecto que corresponde a explorao.

Para Marx, essa explorao independe da vontade do patro e do empregado, ela da natureza do regime de trocas no sistema capitalista. S cessaria com a extino do capitalismo.

Essa lgica de explorao se d por intermdio do que Marx chamou de alienao, conceito j trabalhado por Kant (minoridade) e por Hegel (alienao). Alienao. Dicionrio de Poltica Norberto Bobbio.I. DEFINIO. "Ao nvel de mxima generalizao, a Alienao pode ser definida como o processo pelo qual algum ou alguma coisa (segundo Marx, a prpria natureza pode ficar envolvida no processo de Alienao humana) obrigado a se tornar outra coisa diferente daquilo que existe propriamente no seu ser" (P. Chiodi).O uso corrente do termo designa, frequentemente em forma genrica, uma situao psicossociolgica de perda da prpria identidade individual ou coletiva, relacionada com uma situao negativa de dependncia e de falta de autonomia. A Alienao, portanto, faz referncia a uma dimenso subjetiva e juntamente a uma dimenso objetiva histrico-social. Neste sentido se fala: de Alienao mental como estado psicolgico conexo com a doena mental; de Alienao dos colonizados enquanto sofrem e interiorizam a cultura e os valores dos colonizadores; de Alienao dos trabalhadores enquanto so integrados, atravs de tarefas puramente executivas e despersonalizadas, na estrutura tcnicohierrquica da empresa individual, sem ter nenhum poder nas decises fundamentais; de Alienao das massas enquanto objeto de heterodireo e de manipulao atravs do uso dos mass media, da publicidade, da organizao massificada do tempo livre; de Alienao da tcnica como instrumentao dos aparelhos para que funcionem segundo uma lgica de eficcia e de produtividade independente do problema dos fins e do significado humano de seu uso. A definio do termo em relao aos diferentes estados de despersonalizao e de perda de autonomia por parte dos sujeitos envolvidos nos processos em questo corresponde a uma banalizao do conceito, mas tambm complexidade de semntica que ele tem na cultura filosfico-poltica moderna dentro da qual ele foi elaborado. (...)

Na histria do trabalho, como objetividade alienada do ser do homem (enquanto estranhamento das foras essenciais da humanidade, estranhamento que se realizou sob o signo da propriedade privada), o jovem Marx encontra a chave interpretativa para reformular os resultados da economia poltica clssica em sentido antropolgico.

A superao da Alienao gira em torno do eixo que a abolio da propriedade privada e do trabalho estranhado. A Alienao do trabalho nos Manuscritos analisada como: a) estranhamento do operrio do produto do trabalho; b) estranhamento da atividade produtiva, que de primeira necessidade se tornou atividade coata; c) estranhamento da essncia humana enquanto a objetivao do gnero humano est degradada em atividade instrumental em vista da mera existncia particular; d) estranhamento dos homens entre si em relaes de antagonismo e concorrncia.A partir da Ideologia alem (1845-46), Marx, enquanto aprofunda a anlise do estranhamento atravs de uma histria da propriedade privada como diviso do trabalho, comea a caracterizar o comunismo filosfico e o seu conceito-chave: a Alienao da essncia humana. De fato, Marx e Engels esto elaborando os conceitos fundamentais do materialismo histrico e aquela crtica da essncia da economia poltica que se tornar teoria do mundo de produo capitalista, como estrutura baseada na produo da mais-valia. (...)De modo especial de se assinalar o fato de que a desalienao ou a reapropriao aparecem como efeitos de mudanas estruturais no processo de transio para um modo diferente (comunista) de produo.Michaelis: a.li.e.na.o sf (lat alienatione) 1 Ao ou efeito de alienar; alheao. 2 Cesso de bens. 3 Desarranjo das faculdades mentais. 4 Arrebatamento, enlevo, transporte. 5 Indiferentismo moral, poltico, social ou mesmo apenas intelectual. Antn (acepo 5): engajamento, participao. A. mental: loucura._________________O trabalho, no regime capitalista de produo, no seria propriamente a realizao das potncias humanas, mas o meio pelo qual o homem escravizado, o meio pelo qual se efetua a coisificao do homem (transformao do homem e suas relaes em mercadoria, objeto). A vida humana passa a ser medida pela quantidade de propriedades (ter, possuir) e no pelas realizaes e experincias (ser). A felicidade maior o consumo. O possuir produziria um efeito prazeroso imediato e ilusrio, que manteria o homem nessa nsia pela totalidade (preenchimento de um vazio inexplicvel).Em Marx, h inmeras formas de alienao (religio, Estado), mas a principal e estrutural (intrnseca) a alienao econmica, que ocorre na relao produtiva. A diviso do trabalho a principal responsvel pela alienao do trabalhador que no se v mais como fundamento da engrenagem (a especializao fez com que o operrio produzisse uma pea em srie, sem que houvesse a visualizao do conjunto, desenvolvendo apenas uma de suas habilidades), que no se reconhece o fruto de sua produo e que sequer se d conta da mais-valia, da explorao a que foi submetido.O trabalhador produz, cria, mas no consegue ver naquilo que produziu a sua marca (posse). Ele aliena seu trabalho e, nesse processo, aliena a si mesmo, pois seria no processo de produo e reproduo da vida que ele se humanizaria e se reconheceria como autor, como protagonista de sua histria. Ao alienar seu trabalho, o trabalhador aliena a si mesmo. Tal processo torna os operrios vtimas desse sistema produtivo.

Os homens no se percebem como produtores de seus produtos, nem se identificam com a produo; tampouco se percebem como sujeitos e agentes histricos, sociais, polticos; no ser reconhecem como homens; desconhecem as condies sociais e histricas em que se inserem. A sociedade sempre algo externo a si, sempre o outro, algo separado, distante; o homem no tem o controle de si prprio, em que pese a racionalidade. Na sociedade contempornea, conforme nos explica o psicanalista Erich Fromm, o homem visto como uma partcula impessoal, no mais como uma personalidade ou liberdade individual. A perda da singularidade e da identidade leva-nos inexoravelmente a conformidade e a aceitao (monotonia e docilidade de Foucault). O homem se torna uma grandeza abstrata, como um nmero, uma equao, um objeto, e se move na modernidade como um ser adestrado e abstrato ( novamente chamo ateno para a coisificao das relaes humanas. A sociedade atual, utilizando-se do mecanismo de alienao como tcnica de controle de massas, cria justamente uma massa de indivduos para um determinado tipo de trabalho e tais relaes so medidas pelas mercadorias. A diviso do trabalho e a acumulao de propriedade e capital e justamente formam a base do regime capitalista de produo. Desse modo, tambm so esses elementos as fontes da autoalienao moderna, por meio das quais se mantm uma estratgia de explorao (manuteno da desigualdade).Em outras palavras: no capitalismo, o trabalho fonte de alienao! E a alienao define a IDEOLOGIA capitalista (superestrutura).Somente o socialismo como etapa ao comunismo solucionaria tal problemtica (dialtica). No haveria alienao no comunismo, porque no haveria nem propriedade, nem diviso de trabalho. Tudo seria de todos da o sentido de emancipao do homem no socialismo (o socialismo um humanismo). A revoluo socialista seria precisamente uma superao, uma ultrapassagem do modo de vida capitalista, com base na construo de uma nova forma de organizao econmica, em que meios de produo e trabalhador pudessem novamente se unir.

O sistema de transio entre capitalismo e comunismo seria o socialismo: momento em que o Estado concentraria os meios de produo e os distribuiria entre todos. Em princpio, haveria uma inverso de poderes entre as classes, para, em sequencia, concretizar-se a extino total, com o comunismo (regime em que a riqueza da humanidade pertenceria a toda humanidade e o ser humano poderia se emancipar plenamente. Nesse momento, a modernidade estaria superada).