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2.ano1 EDUCATECA
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A
GUIA DE RECURSOS DO PROFESSOR
Desenvolvimento curricular
Fichas de avaliação diagnóstica e formativa
A literatura portuguesa do século XX
A literatura universal do século XX
Vocabulário escolar
Respostas
CD áudio
Registos do professor
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Manual do alunoResumos e Análises (oferta ao aluno)Caderno de atividadesLivromédia
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Conforme o novo Acordo Or tográfico da língua portuguesa
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• Poesia do século XX (I) 192• Poesia do século XX (II) 196• O teatro europeu entre os séculos XIX e XX 200• A renovação do teatro 204
Vocabulário escolar 209
PARTE
5• Introdução 210• Verbos instrucionais 211
Respostas 223
PARTE
6• Respostas/sugestões de exploração das secções
«Antes de ler» e «Depois de ler» do manual 224• Respostas desenvolvidas do manual 230• Respostas do teste diagnóstico 233• Respostas das fichas formativas 234
CD áudio 241
PARTE
7• Guião do CD áudio 242
Registos do professor 263
PARTE
8• Ficha de avaliação 264• Registo de avaliação da produção oral 265• Registo de avaliação da leitura 266• Registo de avaliação de trabalhos de grupo 267• Tabela de avaliação contínua global 268• Registo de contrato de leitura 270• Registo de avaliação de trabalhos de casa 271• Ficha de autoavaliação do aluno 272• Código de correção de trabalhos escritos 273
FONTES FOTOGRÁFICAS E AGRADECIMENTOS 274
ÍndiceApresentação do Projeto Desafios 4 • Materiais do aluno 6• Materiais do professor 10
Desenvolvimento curricular 17
PARTE
1• Programa de Português do 12.º ano 18 — Conteúdos processuais (10.º, 11.º e 12.º anos) 18 — Conteúdos declarativos (12.º ano) 19 — Sequências de aprendizagem do 12.º ano 20• Planificação anual 27• Planos de aula 38
Fichas de avaliação diagnóstica e formativa 99
PARTE
2• Teste diagnóstico 100• FICHA FORMATIVA 1 (sequência 1) 104• FICHA FORMATIVA 2 (sequência 1) 107• FICHA FORMATIVA 3 (sequência 2) 110• FICHA FORMATIVA 4 (sequência 2) 113• FICHA FORMATIVA 5 (sequência 3) 116• FICHA FORMATIVA 6 (sequência 3) 119• FICHA FORMATIVA 7 (sequência 4) 122• FICHA FORMATIVA 8 (sequência 4) 125
A literatura portuguesa do século XX 129
PARTE
3• Literatura modernista: contexto e características 130 — Fernando Pessoa 134 — Mário de Sá-Carneiro 140 — Almada Negreiros 142• Literatura contemporânea até 1974:
contexto e características 144 — Geração da Presença 146 — Prosa até 1974 148 — Teatro até 1974 156• Prosa pós-1974 158
A literatura universal dos séculos XIX e XX 171
PARTE
4• O romance em língua inglesa do início do século XX 172• A renovação do romance inglês e norte-americano 176• O romance inglês da segunda metade do século XX 180• O romance francês do século XX (I):
a renovação do romance 182• O romance francês do século XX (II):
o existencialismo 186• O romance francês do século XX (III):
do nouveau roman até hoje 190
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30 DeSaFIOS • Português • 12.oano • ©Santillana-Constância
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39DESAFIOS • Português • 12.º ano • Material fotocopiável © Santillana-Constância
Desenvolvim
ento curricular
1PArtE
PlAnO DE AulA n.º 2 Português — 12.º ano
ESCOLA: TURMA: N.º DE ALUNOS:
DOCENTE DA TURMA: DOCENTE DE SUBSTITUIÇÃO:
LIÇÕES N.os 3 e 4 DATA: / / HORA: h SALA: TEMPO: 90 MINUTOS
Conteúdos programátiCos/sequênCia de ensino-aprendizagem
• Sequência 0 — Início do Ano
objetivos espeCífiCos
Compreensão e expressão oral• Partilhar expectativas sobre conteúdos nucleares da matéria do 12.º ano;• Interagir com os colegas em diálogos sobre questões linguísticas e literárias.
Leitura• Consciencializar-se para a importância da leitura na construção da identidade pessoal e na vivência em comunidade;• Desenvolver a motivação para o ato da leitura;• Desenvolver métodos e técnicas de estudo;• Organizar a informação recolhida.
Expressão escrita• redigir textos descritivos e narrativos;• Desenvolver a motivação para o ato da escrita.
reCursos
Manual do aluno
estratégias e atividades
• realizar uma ficha/exercícios de diagnóstico, como, por exemplo, o teste de diagnóstico do manual.
avaliação trabalho para Casa
observações/sugestões
O professor pode optar por realizar algumas atividades da sequência 0 do manual.
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teSteDIaGNÓStICO(combasenotesteIntermédiodePortuguês,12.ºano,de2012)
nome: n.o: tUrma: data:
Leiaopoemaquesesegue.
QUÁSI
Umpoucomaisdesol—euerabrasa,Umpoucomaisdeazul—eueraalém.Paraatingir,faltou-meumgolped’asa…Seaomenoseupermanecesseaquém…
assombrooupaz?emvão…tudoesvaídoNumbaixomarenganadord’espuma;eograndesonhodespertadoembruma,Ograndesonho—ódor!—quásivivido…
Quásioamor,quásiotriunfoeachama,Quásioprincípioeofim—quásiaexpansão…Masnaminh’almatudosederrama…entantonadafoisóilusão!
Detudohouveumcomeço…etudoerrou…—aiadordeser-quási,dorsemfim…—eufalhei-meentreosmais,falheiemmim,asaqueseelançoumasnãovoou…
Momentosd’almaquedesbaratei…templosaondenuncapusumaltar…riosqueperdisemoslevaraomar…Ânsiasqueforammasquenãofixei…
Semevagueio,encontrosóindícios…Ogivasparaosol—vejo-ascerradas;emãosd’herói,semfé,acobardadas,Puseramgradessobreosprecipícios…
Numímpetodifusodequebranto,tudoenceteienadapossuí…Hoje,demim,sórestaodesencantoDascoisasquebeijeimasnãovivi...
Umpoucomaisdesol—eforabrasa,Umpoucomaisdeazul—eforaalém.Paraatingir,faltou-meumgolped’asa…Seaomenoseupermanecesseaquém…
Paris 1913 — maio 13.
Mário de Sá-Carneiro,Verso e Prosa,ediçãodeFernandoCabralMartins,Lisboa,assírio&alvim,2010.
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Fichas de avaliação diagnóstica e formativa
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responda,porpalavrassuasedeformacompleta,àsquestõesqueseseguem.
1 nopoema,assiste-seaumdramaqueapalavra«quási»sintetiza.explique,deacordocomosentidodopoema,emqueconsisteessedramavividopelosujeitopoético.
2 estabeleçaarelaçãodesentidoentreosversos«eufalhei-meentreosmais,falheiemmim,/asaqueseelançoumasnãovoou…»(vv.15-16).
3 releiaosdoisversosiniciaisdaprimeiraedaúltimaestrofes.expliciteaalteraçãodesentidoqueéproduzidapelamudançadetempoverbal.
4 indiquequatrodosprocessosutilizadosparamarcaroritmodopoema,fundamentandoarespostacomelementosdotexto.
ii1 Leiaotextoseguinte.emcasodenecessidade,consulteanotaapresentadaaseguiraotexto.
OcríticoinglêsHerbertreadindicoucerteiramentequeograudeculturavisualdeumpovopodeavaliar-sepelasuacerâmica(inThe Meaning of Art).Éumaartequeproduzobjetosresistentes,decoloridointenso;podeassumirvaloresescultóricosepicturais;podeserutilitáriaoudecorativa,polifuncional;podeserbarataoucara;estápresentenasgrandescerimónias,assimcomonavidaquotidianadetodasasclassessociais.
Ora,acerâmicaportuguesaéumadasmaisricasdomundo,pelasuadiversidade,nívelestéticoeapuramentotécnico.Osazulejos,deusomuitofrequente,assumiramcomespecialeficáciaatradiçãovisual
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abstrata,enquantoapinturaeruditaseconcentravanaconceçãofigurativa.algunsazulejosintervinhamnosefeitosespaciaisdaarquitetura,acentuando-osoucontrariando-osnosseusjogosóticos.emsuma:tornandomaissubtisosefeitosespaciaisarquitetónicos.NacidadedeLisboa,osazulejos,revestindoasfachadasdosprédios,eramaindamuitofrequentesnoiníciodoséculoxx.Osseusvidradosprolongavamnointeriordacidadeosreflexosdaluzsolarnaságuasdoriotejo;eosseuspadrõescoloridoscriavamritmosetexturas,comdiversasorganizaçõesóticas.
NestaexperiênciavisualenraízaumdosaspetosmaisoriginaisdapintoraMariaHelenaVieiradaSilva(1908-1992):acriaçãodeumespaçopuro.UmdosprimeirosquadrosemqueesseespaçoseadivinhaéO Quarto de Azulejos(1935),ondeaperspetivasugeridapelaslinhasretaséalteradapelojogocromáticodosquadriláteros,comassuassequênciasorganizadasemestruturaslibertasdequalquerfunçãoimitativa.Nestequadro,comoemMáquina Ótica (1937),VieiradaSilvaprecedeuoMovimento op1,desenvolvidointernacio-nalmenteapartirdofimdosanoscinquentaeassimdesignadoem1964.eéaindacomosazulejosdeLisboa—comosreflexosdeluzpropagando-sederuaemrua,dissolvendoarigidezarquitetónica—quesepodemrelacionaralgunsaspetosimpressionísticosdemuitaspinturasposterioresdeVieiradaSilva,comosseusbrancoseazuis.
aprópriapintoraconfirmouestainfluência:«emPortugal,encontram-semuitosquadradinhosdeloiça,osazulejos.apalavravemde«azul»,porqueeleseramazuis.Sãoummotivodedecoraçãotradicionalnascasasantigas.Issotambémmeinfluenciou.enfim,estatécnicadá-meumavibraçãoqueprocuroepermiteencontraroritmodeumquadro.»
Nãosepretende,porém,afirmarquetodaaobradeVieiradaSilvaderivadosazulejos.tambémnãosepretendedizerquetodososazulejossãoabstratos,nemapenasdeorigemárabeoudosuldaPenínsulaIbérica;tambémosháfigurativosedeinfluênciaholandesa.
rui Mário GonçalveS,A Arte Portuguesa do Século xx,Lisboa,temaseDebates,1998.
1.1 Pararesponderacadaumdositens,selecioneaúnicaopçãoquepermiteobterumaafirmaçãocorreta.
a) Segundooautor,osazulejos… 1. interferemativamentenoespaçovisualcitadino. 2. seguemomesmorumodapinturaerudita. 3. raramenteconstituemumamanifestaçãoartística. 4. têmnacorumrecursoestéticoexclusivo.
b) em«eramaindamuitofrequentes»(l.12)eem«eéainda»(l.22),osvaloresintroduzidospelosdoisconectoresdestacadossão,respetivamente…
1. detempoedeoposição. 2. deconcessãoedetempo. 3. deconcessãoedeadição. 4. detempoedeadição.
c) Nasfrases«Issotambémmeinfluenciou»(ll.27-28)e«estatécnicadá-meumavibraçãoqueprocuro»(l.28),ospronomespessoaisdesempenham,respetivamente,asfunçõessintáticasde…
1. complementoagentedapassivaecomplementoindireto. 2. complementoindiretoecomplementodireto. 3. complementodiretoecomplementoindireto. 4. predicativodosujeitoecomplementodireto.
1.2 Identifiqueoantecedentedospronomespessoaisqueocorremem«acentuando-osoucontrariando-osnosseusjogosóticos»(l.10).
1.3 Classifiqueaoraçãoiniciadapor«que»em«Nãosepretende,porém,afirmarquetodaaobradeVieiradaSilvaderivadosazulejos.»(ll.30e31).
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1Movimento op: correnteartística—Opticalart—surgidanaeuropaenosestadosUnidosdaaméricanadécadade1960doséculoxxequesecaracterizapelarepresentaçãodomovimentoatravésdeilusõesóticas.
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Fichas de avaliação diagnóstica e formativa
iii1 afirma-secomfrequênciaqueacorfazpartedanossaculturavisual.numtextobemestruturado,
comummínimodeduzentaseummáximodetrezentaspalavras,defendaumpontodevistapessoalsobreaimportânciasimbólicadascoresnanossasociedade.Fundamenteoseupontodevistarecorrendo,nomínimo,adoisargumentoseilustrecadaumdelescom,pelomenos,umexemplosignificativo.
nota:Concede-seumatolerânciadecincopalavrasaolimitedepalavrasimposto.Ultrapassadaessatolerância,cadapalavraamaisserápenalizadacomumponto,atéaomáximodecincopontos.
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Literatura modernista: contextoecaracterísticas
ComaafirmaçãodageraçãodoOrpheu,aliteraturaportuguesaentradefinitivamentenoséculoXX.emtermosestéticos,acaracterísticapredominanteéaruturacomopassadoecomnormasreguladoras.
AsvanguardasUmavitalidadeextraordináriaetumultuosa,quesemanifestanumcontínuoexperimentalismoàprocuradenovaslinguagensexpressivas,percorrealiteraturaeasartesplásticasnoiníciodoséculoXX.Surgem,umaapósoutra,asvanguardas,gruposdeescritoresedeartistasplásticos,queelaboramprogramas,lançammanifestos,organizamconferênciasoueventoscomafinalidadededesestabilizarasconvençõesqueregemacomunicaçãonasociedadeburguesa.
Umadelas,oFuturismo,alcançaumaenormeprojeçãopelamaneiraradicaleiconoclastacomquerecusatodasasformasartísticastradicionais,julgando-asinadequadasànovacivilizaçãodasmáquinascriadapelarevoluçãoindustrial.NoManifesto do Futurismo(Paris,1909),oescritoritalianoMarinetticontrapõeàliteraturadopassado,que«exaltouatéhojeaimobilidadepensativa,oêxtase,eosono»,umanovaliteraturaqueexalteo«movimentoagressivo,ainsóniafebril,opassodacorrida,osaltomortal,abofetadaeosoco»,ecelebreabelezadomoderno:
«Cantaremosasgrandesmultidõesagitadas,pelotrabalho,peloprazerepelarebelião;cantaremosasmarésmulticoloresoupolifónicasdasrevoluçõesnascapitaismodernas,cantaremosovibrantefervornoturnodosarsenaisedosestaleirosincendiadosporviolentasluaselétricas,asestações[…];aspontessemelhantesaginastasquegalgamosrios,balouçandoaosolcomumbrilhodefacas;ospaquetesaventurososquefarejamohorizonte,aslocomotivas[…]eovoodeslizantedosaeroplanos.»
aadesãoentusiastaaomundomodernoporpartedosfuturistascontrastacomaatitudedosartistasfinisseculares.Comovimos,estesreagiamcomdesgostoerepulsaperanteastransformaçõescausadaspelarevoluçãoindustrial,refugiando-senumisolamentoaristocrático.Osfuturistas,pelocontrário,queremintervirativamentenavidasocialepolíticadasnações,paradestruirtudooquetravaaexpansãodaenergiavitaldomoderno.
aexperiênciadasvanguardasteveefeitosdiferentesnaáreadaliteraturaenadasartesplásticas.Nestesegundocaso,ascriaçõesdeartistasdeextraordináriovalormodificaramdefinitivamenteoconceitotradicionaldeobradearte.
PeriodizaçãodoModernismoportuguêsemrelaçãoàliteraturaportuguesa,otermomodernismodesignaoperíododeafirmaçãodumgrupodepoetaseartistas,entreosquaissobressaemFernandoPessoa,MáriodeSá-CarneiroealmadaNegreiros,conhecidoscomoageraçãodoOrpheuporteremcolaboradonarevistacomestenomepublicadaem1915.Fundadacomopublicaçãotrimestral,arevista Orpheu nãofoialémdosegundonúmero,masoenormeescândaloquesuscitounomeioculturalesocialportuguêsfoisemelhanteaoquecostumavaacompanhar,noutrospaíses,oaparecimentodasvanguardas.
NoprimeironúmerocolaboramMáriodeSá-Carneiro(«ParaosIndíciosdeoiro»,poemas),oescritorbrasileiroronalddeCarvalho(«Poemas»),FernandoPessoa(«Omarinheiro»,dramaestático),alfredoPedroGuisado(«trezesonetos»),JosédealmadaNegreiros
FilippoMarinetti.
revistaOrpheu,número1(CasaFernandoPessoa,Lisboa).
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(«Frizos»,umasériedebrevespoemasemprosa),armandoCortes-rodrigues(«Poemas»),e,finalmente,umheterónimopessoano,ÁlvarodeCampos(«Opiário»e«Odetriunfal»).
ComaexceçãodascomposiçõesdeMáriodeSá-CarneiroedeÁlvarodeCampos,osoutrostextosnãoapresentamgrandesnovidades.Sãodecarizsimbolistaouseguemosditamesdumasuavariante,oPaulismo,lançadaporFernandoPessoaporalturadasuaestreiapoética,em1914,naspáginasdarevistaA Renascença,comopoema«Pauis»:
asucessãodefrasesnominais,oususpensas,asexclamações,amaiusculaçãoquedestacaalgumaspalavras-chave,asconstruçõessintáticasanómalas,sãooselementosmaisvistososdoPaulismo,queseinspiranosprincípiosestéticosquePessoaenunciaranosartigosescritosparaarevistaA Águia,em1912:ovago,asubtileza,que«substituiumasensaçãosimplesporumaexpressãoqueatornavívida,minuciosa,detalhada»,eacomplexidade,que«supõeumaintelectualizaçãodeumaemoção,ouumaemocionalizaçãodeumaideia».
Opredomínio,noprimeironúmerodarevistaOrpheu,decomposiçõesaindasubstancialmenteligadasaumaestéticasimbolista,éassinaladooportunamenteporFernandoPessoanumacartaquepensouenviaraoDiário de Notícias.Convémsublinhar,todavia,queoquesuscitouescândaloforamjustamenteostextosmaisinovadores,ouseja,osdeMáriodeSá-Carneiroesobretudoa«Odetriunfal»deÁlvarodeCampos,acercadaqualoredatordeA Capitalescreve:«cantaascoisasmenosdelicadasemenospoéticasdosnossostemposemespantosasexpressõesverbaisporvezespornográficas».
Pauis de roçarem ânsias pela minha alma em ouro…Dobre longínquo de Outros Sinos… Empalidece o louroTrigo na cinza do poente… corre um frio carnal por minh’alma…Tão sempre a mesma, a Hora!… Balouçar de cimos de palma…Silêncio que as folhas fitam em nós… Outono delgadoDum canto se vaga ave… Azul esquecido em estagnado…Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora
[…]
Trepadeiras de despropósito lambendo de Hora os Aléns…Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de erro…Fanfarras de ópio de silêncios futuros… Longes trens…Portões vistos de longe… através de árvores… tão de ferro!
LEITURA
Futurismo e Intersecionismo
FernandoPessoa,emcartaassinadaporÁlvarodeCampos,engenheiroepoetasensacionista,edirigidaaoDiário de Notícias,quenãochegouaserenviada,assinalaasdiferençasentreoFuturismoeoIntersecionismo.
«Oquequeroacentuar,acentuarbem,acentuarmuitobeméqueéprecisoquecesseatrapalhada,queaignorânciadosnossoscríticosestáfazendo,comapalavra”futurismo”.FalaremFuturismo,querapropósitodo1.ºnúmerodoOrpheu,querapropósitodolivrodosr.Sá-Carneiro,éacoisamaisdisparatadaquesepodeimaginar.NenhumfuturistatragariaoOrpheu.OOrpheuseriaparaumfuturistaumalamentáveldemonstraçãodoespíritoobscurantistaereacionário.AatitudeprincipaldoFuturismoéaobjetividadeabsoluta,aeliminaçãodaartedetudoquantoéalma,quantoésentimento,emoção,lirismo,subjetividadeemsuma.
OFuturismoédinâmicoeanalíticoporexcelência.OrasehácoisaquesejatípicadoIntersecionismo(taléonomedomovimentoportuguês)éasubjetividadeexcessiva,asínteselevadaaomáximo[…].Eotédio,osonho,aabstraçãosãoasatitudesusuaisdospoetasmeuscolegasnaquelabrilhanterevista.[…]No2.ºnúmerodoOrpheuviráacolaboraçãorealmentefuturista,écerto.Entãosepoderáveradiferença,sebemquesejanãoliteráriamaspicturalessacolaboração.SãoquatroquadrosqueemanamdaaltasensibilidademodernadomeuamigoSanta-RitaPintor.[…]Aminha“Odetriunfal”,no1.ºnúmerodoOrpheuéaúnicacoisaqueseaproximadoFuturismo.Masaproxima-sepeloassuntoquemeinspirou,nãopelarealização—eemarteaformaderealizaréquecaracterizaedistingueascorrenteseasescolas.»(comadaptações).
FotografiadeSanta-ritaPintorpublicadanarevistaPortugal futurista.
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NosegundoeúltimonúmeroeditadodeOrpheucolaboramÂngelodeLima(«Poemasinéditos»),MáriodeSá-Carneiro(«Poemassemsuporte»),opoetabrasileiroeduardoGuimarães(«Poemas»),raulLeal(«atelier»,novelavertígica),ViolantedeCysneiros,pseudónimodearmandoCortes-rodrigues(«Poemas»),ÁlvarodeCampos(«Odemarítima»),LuísdeMontalvor(«Narciso»,poema)eFernandoPessoa(«Chuvaoblíqua»).
esteúltimopoema,divididoemseispartes,éumexemplodoIntersecionismo,outromovimentolançadoporPessoa,queconstituiumpassoemfrenteemrelaçãoaoPaulismo:emvezdeumasimplessucessãodeimagens,temosagoraumasobreposiçãodeimagens,umasvindasdoexterioreoutrasdointerior:
Nestesversos,quecorrespondemaoincipit,cruzam-seapaisagemrealeoportosonhado.ÉprovávelqueparaaideaçãodoIntersecionismotenhacontribuídooconhecimentodoCubismo,omovimentoartísticolideradoporPicassoeBraque,queprocuravarepresentarsimultaneamentenumasuperfícieplanaosváriosaspetosdeumobjeto.asreproduçõeshors-textesdequatroquadrosdeSanta-ritaPintoreopoema«Manucure»deMáriodeSá-Carneiroconferemumcarátermaisvanguardistaaestesegundonúmero.
Oterceironúmero,quetodavianãochegouaserpostoàvendaporfaltadefinanciamento,mantémaheterogeneidadedascolaborações,destacando-se,comoobrascapazesdesuscitaraindamaisescândalojuntodomeioculturallisboeta,opoema«acenadoódio»,dealmadaNegreiros,eacolaboraçãodopintoramadeodeSouza--Cardoso.
Oanode1917constituiosegundomomentoaltodaafirmaçãopúblicadoModernismo.a14deabriltemlugarumaconferênciafuturistanoteatrorepúblicapromovidaporalmadaNegreiros,queassimrelataoevento:
«Àminhaentradanopalcorebentouumaespontâneaetremendapateadaseguidadeumacalorosíssimasalvadepalmasqueeucorteideumgesto.reduzidaaplateiaàsuainexpressãonatural,tiveaglóriadeapresentarofuturistaSanta-ritaPintorqueopúblicorecebeucomumaovaçãounânime.ComeceientãoomeuultimatumàjuventudeportuguesadoséculoXX,eaplateia,costumadaaconferênciasexclusivamenteliteráriasepedantes,chocou-senitidamentecomavirilidadedasminhasafirmações,peloqueexecutavapremeditasecobardesreprovaçõesisoladasmassemefeitodeconjunto[…].Consegui,inspiradonarevelaçãodeMarinettieapoiadonogenialoptimismodaminhajuventude,transporessabitoladeinsipidezemquesegastaLisboainteira,eatingir,anteacuriosidadedaplateia,aexpressãodaintensidadedavidamoderna,semdúvidadetodasasrevelaçõesaqueémaisdistantedePortugal.»
Nomêsdenovembrode1917épublicadaarevistaPortugal Futurista.NonúmeroúnicocolaboramalmadaNegreiros(«Saltimbancos—contrastessimultâneos»,prosa;«Mima-fataxasinfoniacosmopolitaeapologiadotriângulo
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinitoE a cor das flores é transparente de as velas de grandes naviosQue largam do cais arrastando nas águas por sombraOs vultos do sol daquelas árvores antigas…O porto que sonho é sombrio e pálidoE esta paisagem é cheia de sol deste lado…Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrioE os navios que saem do porto são estas árvores ao sol…
amadeodeSouza-Cardoso,A Cozinha da Casa de Manhufe(CentrodearteModernaJoséazeredoPerdigão,FundaçãoCalousteGulbenkian).
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feminino»,poema),FernandoPessoa(«episódioseficçõesdointerlúdio»,poemas)eÁlvarodeCampos(«Ultimatum»).SãopublicadostambémtrêspoemasdeMáriodeSá-Carneiro,quefaleceraem1916.Dacolaboraçãoestrangeira,devemdestacar-seostextosdeBlaiseCendraseGuillaumeapollinaire.
aintervençãodapolícia,queapreendeuatiragem,evitandoasuadistribuição,foiprovavelmentemotivadapelatranscriçãonovolumedasessãofuturistadoteatrorepública,que,alémdo«UltimatumfuturistaàsgeraçõesportuguesasdoséculoXX»,dealmadaNegreiros,incluíao«Manifestofuturistadaluxúria»,deMme.deSaint-Point.
Nosanos20,arevistaContemporânea(13númerosentre1922e1926),dirigidaporJoséPacheco,quetinhasidooautordascapasdosdoisnúmeroseditadosdaOrpheu,eaAthena(5númerosentre1924e1925),sobadireçãoderuyVazeFernandoPessoa,dãocontinuidade,emborajásemomesmoespíritovanguardista,àexperiênciadageraçãodoOrpheu.FernandoPessoa,aofalardaprimeira,emcartadirigidaaCortes-rodrigues,comenta:«É,decertomodo,asucessoradoOrpheu.Masquediferença!quediferença!» almadaNegreiros
naIConferênciaFuturista,emabrilde1917.
LEITURA
O Sensacionismo
Comovimos,acolaboraçãonosdoisnúmerosdarevistaOrpheurevela-seheterogénea.Aoladodecomposiçõesdecarátervanguardista,encontram-setextosqueaindapermanecemsubstancialmentenoâmbitodaestéticadoSimbolismo.Todavia,paraFernandoPessoa,queprojetavadivulgaraliteraturadeOrpheunomundoanglo-saxónico,estaaparentediversidadetinhaasuaorigemnasprópriascaracterísticasdomovimentoliterárioaquepertenciam,ouseja,oSensacionismo.Estemovimento,queultrapassaeenglobaoPaulismoeoIntersecionismo,naspalavrasdePessoa«diferedetodasasatitudesliteráriasemserabertoenãorestrito».Napassagemtranscritaaseguir,retiradadoquedeviaserprovavelmenteumaprimeiraversãodoprefáciodeumaantologiaorganizadaparaopúblicoinglês,Pessoasublinhaaoriginalidadedaliteraturasensacionistaemrelaçãoàdeoutrosmovimentosliteráriosmodernos.
«OSensacionismocomeçoucomaamizadeentreFernandoPessoaeMáriodeSá-Carneiro.Provavelmenteédifícildestrinçarapartedecadaumnaorigemdomovimento,ecomcertezaabsolutamenteinútildeterminá-la.Ofactoéqueamboslhederaminício.Mascadasensacionistadignodemençãoéumapersonalidadeàparte,e,naturalmente,todosexerceramumaatividaderecíproca.FernandoPessoaeMáriodeSá-Carneiroestãomaispróximosdossimbolistas.ÁlvarodeCamposeAlmadaNegreirossãomaisafinsdamodernamaneiradesentiredeescrever.Osoutrossãointermédios.
Ossensacionistasportuguesessãooriginaiseinteressantesporque,sendoestritamenteportugueses,sãocosmopolitaseuniversais.Otemperamentoportuguêséuniversal;esta,asuamagníficasuperioridade.OatoverdadeiramentegrandedaHistóriaportuguesa—esselongoperíododosDescobrimentos—éograndeatocosmopolitadaHistória.Cauteloso,científico,nelesegravaopovointeiro.Umaliteraturaoriginal,tipicamenteportuguesa,nãoopodeserporqueosportuguesestípicosnuncasãoportugueses.
Háalgodeamericano,comabarulheiraeoquotidianoomitidos,notemperamentointelectualdestepovo.Ninguémcomoeleseapropriatãoprontamentedasnovidades.Nenhumpovodespersonalizatãomagnificamente.Essafraquezaéasuagrandeforça.Essenãoregionalismoéoseuinusitadopoder.Éessaindefinidadedealmaqueodefine.
Quantoaderivação,pois:aenumeraçãodasnossasorigensseráoprimeiroelementoparaqualquercoisadeparecidocomumaexplicaçãointegraldomovimento.Descendemosdetrêsmovimentosmaisantigos—“simbolismofrancês”,oPanteísmotranscendentalistaportuguêseabaralhadadecoisassemsentidoecontraditóriasdequeoFuturismo,oCubismoeoutrosquejandossãoexpressõesocasionais,embora,parasermosexatos,descendamosmaisdoseuespíritodoquedasualetra[…].DerivamosdoSimbolismofrancêsanossaatitudefundamentaldeatençãoexcessivaàsnossassensações,anossa,porconseguinte,frequentepreocupaçãocomotédio,aapatia,arenúnciaanteascoisasmaissimplesemaisnormaisdavida.Istonãonoscaracterizaatodosnós,emboratodoomovimentosejaimpregnadopelaanálisemórbidaeaceradadassensações.Vejamosagoraasdiferenças.Rejeitamosporcompleto,excetoocasionalmente,comfinspuramenteestéticos,aatitudereligiosadossimbolistas[…].Alémdisso,rejeitamoseabominamosaincapacidadesimbolistadeesforçoprolongado,asuaincapacidadedeescreverpoemasextensoseasua“construção”viciada[…].QuantoàsinfluênciaspornósrecebidasdomovimentomodernoquecompreendeoCubismoeoFuturismo,devem-semaisàssugestõesquedelesrecebemosdoqueàsubstânciadassuasobraspropriamenteditas.Intelectualizámososprocessos.Adecomposiçãodomodeloquerealizam(fomosinfluenciadosnãopelaliteratura—seéquetêmalgoquecomaliteraturasepareça—maspelosseusquadros)situámo-lanósnaquejulgamosseraesferaprópriadessadecomposição—não as coisas, mas as nossas sensações das coisas.»
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