Se Eu Fosse Voce Roteiro

7/17/2019 Se Eu Fosse Voce Roteiro

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SE EU FOSSE VOCÊ

Roteiro de Carlos

Gregório Argumento

original deCarlos Gregório e Roberto Frota

Baseado em idéia de Roberto Frota



OBS: ESTAS PRIMEIRAS CENAS SERÃO INTERCALADAS COM ASCARTELAS DE CRÉDITO.

1. INT QUARTO DIA

O despertador toca, na mesinha de cabeceira. A mão de uma mulher aciona atrava. Esta ação é repetida três ou quatro vezes numa montagem rápida, vista emngulos ligeiramente di!erentes. O despertador silencia. HELENA senta"se nacama. #ica alguns segundos com os braços cruzados, o corpo dobrado sobre os

$oelhos. Em seguida, balança a cabeça, espantando o sono e olha para o lado.CLÁUDIO continua dormindo. Ela tira as cobertas de %láudio e dá um cutucão emseu ombro. %láudio abre o olho com es!orço. &elena não diz nada, apenas vira odespertador para ele e sai do quarto. 'eação de %láudio.

(. INT QUARTO DE BEATRIZ DIA

&elena entra. A televisão está ligada. &elena desliga o aparelho e olha um tempoa !ilha dormindo. Em seguida se apro)ima, senta"se na cama e sopra levementeno rosto dela. BEATRIZ reage, mas não acorda. &elena sopra novamente. *eatriz

acorda, olha para a mãe com um pro!undo mau humor e pu)a as cobertas sobre acabeça.

+. EXT FRENTE DA CASA DIA

%láudio está saindo para o trabalho, apressadssimo. -a porta de casa, &elenaestá colocando mochila em *eatriz. *eatriz está usando um par de rollers. %láudiose apro)ima delas e as duas viram"se para se despedirem dele, mas %láudioestanca, !az um gesto e corre novamente para dentro de casa. &elena termina decolocar a mochila e *eatriz , começa a patinar, mas &elena a segura pela mão.%om o impulso, *eatriz dá um giro, !azendo uma meia volta e vai parar nos braços

de &elena, que lhe dá um bei$o estalado. *eatriz reage negativamente. %láudioestá saindo outra vez e passa batido pelas duas. anto &elena quanto *eatrizchegam a acenar para ele, mas %láudio $á está de costas, correndo em direção aocarro. *eatriz, decepcionada, olha o pai se a!astar e, num movimento brusco,coloca o patins em movimento. &elena vê a !ilha se a!astando, por sua vez. -acalçada, *eatriz passa pelo carro no mesmo momento que %láudio arranca,cantando pneus. *eatriz imprime velocidade e desce a rua, as rodas rolando pelocimento.

/. INT AGÊNCIA/CORREDOR DIA

%mera bai)a. 0essoas caminham pelo corredor da agência. *urburinho. 0és deum casal, que caminha apressado. %omeçamos a ouvir parte do diálogo. Acmera corrige, mostrando %láudio e LCIA. %láudio vai andando com passosrápidos. 12cia, sua secretária, tenta acompanhá"lo. A moça está carregada depapéis e vai esbarrando em outras pessoas no corredor. %láudio segueimpassvel.



%13456OE o contrato7

18%6A-enhuma resposta, por enquanto.

%13456O5roga9 O 5r. :acedo, vem amanhã para a reunião7

18%6A0arece que sim.

%13456O:enos mal.

5e uma sala, sai um !ot;gra!o completamente paramentado. Atrás dele um bandode modelos, lindssimas. %láudio passa pelo meio delas, enquanto !ala com 12cia.

Alguns passos adiante, todas as modelos se voltam para olhar %láudio. Ele nemnota e continua seu caminho. 12cia nota e olha !eio para as modelos.

!. INT AGÊNCIA / SALA DE NESTOR DIA

NESTOR está sentado < sua mesa. %láudio, agitado, anda de um lado para outro.MAUR"CIO sentado em uma das cadeiras em !rente < mesa de -estor.

%13456OEstá tudo certo, -estor. -ão tem problema.

-E=O':as a campanha ainda não !oi liberada.

%13456O>ai ser. O :acedo está indeciso, porque cliente !oi !eitopra !icar indeciso. :as ele vai acabar se resolvendo.

-E=O'O que você acha, :aurcio7

:A4'?%6O@reticente

O %láudio tem e)periência nessas coisas. =e ele estádizendo...

A resposta de :aurcio não chega a entusiasmar -estor. %láudio !ica meio semprumo.

-E=O'Olha, %láudio, a gente não pode perder essacampanha. Amanhã na reunião vê se $oga umaconversa no :acedo, e)plica tudo, !az aquele circo.



%13456O5ei)a comigo. Eu sou bom de conversa.

'eação de -estor, pouco convencido. %láudio olha enviesado para :aurcio, que!inge não perceber.

B. EXT QUIOSQUE NA LAGOA DIA

&elena e 0aula tomam uma água de coco .0A41A

:as vocês não !icaram de conversar7

&E1E-A A gente $á conversou mil vezes.

0A41AE o que é que ele diz7

&E1E-A

-ão diz nada. #ica com aquela cara de cachorro semdono e eu !ico !alando sozinha.

0A41A@minimizando

&omem é assim mesmo, &elena.

&elena olha para ela, com uma ponta de irritação. 0aula se de!ende.

0A41A*om, eu não tenho e)periência nessa área, mas é o

que as mulheres vivem dizendo.&E1E-A

0ode até ser, mas se !or pra continuar desse $eito eunão quero. -ão vale a pena.

0A41A%alma, &elena, !ica calminha, tá7

&E1E-A=aco, você sempre diz isso9

0A41AC que =aturno está passando sobre a sua casa nozodaco. 0éssima hora pra tomar decisDes importantes.

Acaba !azendo uma besteira e depois não adiantachorar. 1embra o ditado ruim com ele, pior sem ele.

&E1E-A0aula, !rancamente9





-a sala, a TERAPEUTA, &elena e *eatriz. =ilêncio constrangedor.

E'A0E4AO seu marido não vinha7

&E1E-AEle disse que vinha.

-ovo silêncio. *eatriz, de saco cheio, a!unda na cadeira. &elena não sabe ondese en!iar. A terapeuta olha o rel;gio.

E'A0E4A*om, acho que a gente vai ter que começar sem ele. Cpena.

&E1E-A@sem muita convicção

5eve ter surgido algum compromisso de 2ltima hora.

*eatriz olha cinicamente para &elena. &elena desvia o olhar.

E'A0E4A0ois é compromisso é compromisso. Ele tinhamarcado.

&E1E-Aem razão, eu sei. Olha, eu não estou querendo

$usti!icar, mas é que esse meio de publicidade, asenhora sabe...

A terapeuta não dá ares de quem sabe. *eatriz a!unda mais ainda na cadeira.

I. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

'udo de porta batendo. &elena está sentada no so!á da sala, desanimada, com acabeça apoiada nas mãos. Ao ouvir o barulho, olha em direção < porta. %láudioentra, apressado, trazendo o uni!orme amarrado com a !ai)a preta.

%13456O>ocê ainda está assim7

&E1E-A@apontando o

uni!orme O que é isso7



%13456OEu !ui até a academia.

&E1E-A-ão estou acreditando9

%13456OEu estava tenso com essa hist;ria do prêmio, precisava

descarregar um pouco.&E1E-A

E com toda essa tensão, é natural que vocêesquecesse compromissos menos importantes...

%láudio olha para ela completamente perdido.

&E1E-A*eatriz... seis e meia... terapia...

%láudio dá um tapa na cabeça, lembrando !inalmente.

%13456O6h9

JK. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

%láudio se veste o mais rápido que pode. &elena está sentada na cama. Ela botouo vestido novo, que continua aberto nas costas. 5iante dela, no chão, um par desapatos para o qual ela olha sem conseguir tomar nenhuma atitude.

%13456O&elena, são oito e meia. A entrega dos prêmioscomeça <s nove.

&E1E-A>ai você.

%13456O%omo assim7

&E1E-AEu não quero, não estou disposta.

%13456O0elo amor de 5eus, &elena9 -ão vai encrencar agora.>ocê sabe como esse prêmio é importante pra mim.

&E1E-Aodo prêmio é importante pra você. Aliás, sendo pravocê, é importante.



%13456O&elena...

&E1E-Audo bem, %láudio, tudo bem.

Ela levanta"se bruscamente da cama e vai ao banheiro, enquanto !echa o vestido.0ega uma escova na bancada e começa a escovar !uriosamente o cabelo.

'eação de %láudio que, discretamente, olha o rel;gio.JJ. INT SALÃO NOITE

-oite de gala. *ebida, animação. Os garçons passam bande$as. >emos %láudioaparecer na porta. &elena vem logo atrás dele. -estor vê %láudio e abre caminhoaté ele.

-E=O' Até que en!im, $á estava nervoso. O :acedo nãochegou ainda, mas ele vem.

%13456OEu sei, eu tinha te !alado.

-E=O':as eu con!irmei, ele vem mesmo. 5eve chegar aqualquer momento. Agora vamos até ali que eu querote apresentar umas pessoas. @vê &elena Oi, &elena,nem !alei com você.

&elena !az menção de cumprimentar -estor, mas esse $á vai arrastando %láudiopelo braço. %láudio olha para &elena, se desculpando. &elena, con!ormada, vê omarido se in!iltrando com -estor em outro grupo. :aurcio se apro)ima.

:A4'?%6OOi, &elena.

&E1E-AOlá, :aurcio.

:A4'?%6O0arabéns.

&E1E-A

0arabéns7:A4'?%6O

:ais uma vit;ria do %láudio.

&E1E-A Ah, sim.

%onhece a :árcia7

As duas se cumprimentam.

:A4'?%6O

:A4'?%6O



:árcia está estagiando conosco.

:3'%6AEstá sendo muito importante, para mim, trabalhar como seu marido. Ele é um e)celente pro!issional, umapessoa incrvel.

&E1E-AObrigada.

:3'%6A>ocê também é muito linda.

&E1E-AObrigada.

:aurcio vê alguém e !ala com :árcia.

:A4'?%6O6h, o -ilton, da >"H. >ou ter que ir lá !alar com ele.

:3'%6A0osso ir $unto7

:A4'?%6O%laro. @para &elena %om licença, &elena. #ique <vontade.

E sai com :árcia. &elena !ica sozinha e, realmente, muito pouco < vontade. 4mgarçom se apro)ima se apro)ima de &elena.

LA'MO:

5ese$a alguma coisa7

&E1E-A=air daqui o mais rápido possvel.

O garçom olha para &elena, consternado. Ela sorri pega um copo de água nabande$a. O garçom sorri também, e sai. %láudio vem chegando de volta.

%13456O5esculpe, sabe como é o -estor.

&E1E-AEu sei que é a sua noite, a sua premiação, mas euagradeceria muito se você não me dei)asse sozinha.



%omeça um certo burburinho e as pessoas passam a se deslocar em direção auma porta larga que dá para um outro ambiente.

%13456O0arece que vai começar.

-estor se apro)ima esba!orido.

-E=O'>amos pro audit;rio. em quatro mesas reservadas pragente. >ocês !icam na minha.

odos se encaminham para a porta de acesso ao audit;rio. O salão vaiesvaziando. O burburinho da !esta vai diminuindoN o som de portas !echando,vozes aba!adas, m2sica distante...

J(. INT SALÃO NOITE

0A==ALE: 5E E:0O. O salão está vazio, com e)ceção de um ou dois!uncionários que estão por ali, de plantão. As luzes estão bai)as. 0or trás da porta

larga, ouvimos o rudo distante da !esta. Aplausos. 4m tempo. =ubitamente aporta abre"se com estrondo. %láudio sai, nervoso, caminhando a passos largospara o meio do salão vazio. &elena sai em seguida e !echa a porta a trás de si.

&E1E-A%láudio9

%láudio não responde, limita"se a se agitar no mesmo lugar, espremendo acabeça com as mãos, num gesto de perple)idade e desespero. &elena, seapro)imando, !ala com energia, tentando chamá"lo de volta < razão.

&E1E-A

%láudio

%13456OEu não acredito, eu não acredito9

&E1E-A>ocê não ganhou, acontece, :uita gente não ganhou.

%13456O-enhum prêmio, nenhum9

&E1E-A=e acalma, %láudio. >amos voltar lá para dentro.

%13456O%om que cara, você quer me dizer7

Ouve"se, atrás da porta, novos aplausos e uma m2sica que toca mais alto. &elena!ala com cuidado.



&E1E-A%láudio, vamos lá. A sua agência está ganhando outrosprêmios, não !ica bem você sair assim.

%13456O@dramático

O maior ve)ame da minha vida9 O maior ve)ame9

&E1E-A%láudio, não !az drama. á está tudo tão di!cil na vidada gente, tão complicado, um prêmio a mais ou amenos... Ano que vem você ganha outro.

%láudio olha para ela com !2ria.

%13456O0ois saiba que esse prêmio era a coisa maisimportante da minha vida. A mais importante9

6mediatamente ele vê uma pro!unda decepção no rosto de &elena. Os olhos dela

!icam mare$ados, mas antes que comece a chorar ela dá meia volta e caminharapidamente para a porta de sada. %láudio percebe tardiamente o que !ez.

%13456OEspera, &elena. -ão !oi isso que eu quis dizer.

Ele corre atrás dela

J+. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

Os dois estão na cama, meio recostados na cabeceira. %lima tenso. %láudioquebra o silêncio.

%13456O5esculpa, &elena, eu me e)pressei mal. C que... todaessa tensão com a campanha... E também essahist;ria do prêmio. -unca me aconteceu antes, vocêsabe. E nem era para ter acontecido, a nossacampanha era disparado a melhor. 0ra mim !oi umadecisão poltica do $2ri, eles quiseram !avorecer a...

&E1E-AEu estou procurando emprego.

@surpreso%omo assim7

%13456O

&E1E-AEu !ui na televisão e !alei que estava disponvel.



%13456OPuando7

&E1E-A=emana passada.

%13456O>ocê não me disse nada.

&E1E-A>ocê não ia mesmo parar para ouvir...

%13456Oambém não é assim, eu...

&E1E-A%láudio, a nossa vida não está indo para lugar nenhum.-o começo a gente dividia tudo alegria, tristeza...sonhos. Agora a gente mal divide essa cama.

%13456OO que é que você quer que eu !aça7

&E1E-AEu quero que você se es!orce, %láudio, um pouquinhoque se$a.

%13456O>ocê acha que eu não me es!orço7

&E1E-A

Acho.%13456O

@indignadoEntão o que é que eu !aço o dia inteiro naquelaagência7

&E1E-A@no mesmo tom

Eu não estou !alando do que você $%& lá, eu estou!alando do que você '() $%& aqui, na sua casa, com asua !amlia.

%13456Oá te ocorreu que se eu trabalho o dia inteiro é

$ustamente para conseguir uma série de coisas para aminha !amlia7



&E1E-A:as então é melhor você trabalhar menos, porque nãoé de uma série de *)+,%, que sua !amlia precisa. =ua!amlia precisa de -)*. E eu também não me caseipara ter uma *)+,%. Eu me casei para ter um marido.

%13456O&elena, o meu trabalho não é !ácil. Pueria que você

passasse 0 +%, 0 +% que !osse no meu lugar.>ocê ia ver porque que eu, <s vezes, tenho que !icar um pouco ausente.

&E1E-AE eu queria que você passasse 0 +% que !osse no

02 lugar. >ocê ia ver por que é que eu tenho queestar sempre presente.

%13456Oem horas, &elena, que !rancamente, eu pre!eria estar no seu lugar. :uito mais tranqQilo, seguro, sem

pressão, sem stress...

&E1E-AE eu pre!eria estar no seu. :uito mais interessante,movimentado, criativo... e ainda !az sucesso9

%13456OLrande sucesso...

O comentário de %láudio irrita ainda mais &elena, que se levanta.

&E1E-A Ai, que ;dio9 @0artindo pra cima dele Olha, não se !azde vtima, que você não é nenhum coitadinho, não. Ascoisas estão muito boas pra você. em um bomemprego que te dá prestgio, tem mulher, !ilha,empregada e uma bela casa com tudo !uncionandomuito bem R como se !osse um rel;gio9 E o melhor éque você não precisa nem dar corda9

%láudio levanta"se também e responde no mesmo tom.

%13456O

-ão é rel;gio não, &elena. 0ara mim isso tudo é umalocomotiva, que precisa de muita lenha pra !uncionar. Equem derruba a árvore, corta a madeira e $oga a lenhano !orno sou eu. Eu derrubo uma !loresta inteira tododia, trabalhando naquela agência. Puem me derapoder !icar em casa o dia inteiro, dando corda no seureloginho.



&E1E-A@segurando a raiva

Olha, %láudio, vamos parar por aqui que essa conversanão está levando a nada. O !ato é que eu sou eu, vocêé você e, pelo o que eu estou vendo, a vida vaicontinuar do mesmo $eito.

&elena volta para a cama. %láudio, preocupado, tenta conciliar.

%13456Oá bom, tá bom... e o que é que você acha que a gentedeve !azer, então7

&E1E-A>ocê, eu não sei. Eu vou dormir. *oa noite.

'eação de %láudio.

J/. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

O casal dorme pro!undamente. O sono deles é agitado. 4ma luz ligeiramenteazulada e um vento suave entram pela $anela. &elena e %láudio continuamdormindo.

JS. SONHO

4m banheiro masculino. Ambiente asséptico, claro, com uma luz !ria, azulada.#ileira de homens no mict;rio. %láudio se destaca do grupo e dirige"se < pia,colocando sua pasta sobre a bancada. Ele abre a torneira e se olha no espelhomas, para sua surpresa, a imagem que ele vê é a de &elena. 5o outro lado doespelho, a imagem de &elena lava também as mãos e olha para ele com a mesmaestranheza. %láudio está espantado. Ele toca com o dedo a super!cie do espelhoe depois apalpa pr;prio rosto, como se quisesse con!erir e con!irmar sua !orma.Ele se apro)ima ainda mais do espelho. A cmera se apro)ima $unto com ele erompe a super!cie espelhada. &elena está do outro lado. Ela tem sua bolsacolocada sobre a bancada e atrás dela identi!icamos o vestiário da academia, comvárias mulheres enroladas em toalhas, secando"se, como num harém. &elenaestá perturbada. Ela olha o espelho e a imagem que este lhe devolve é a de%láudio. Ela toca com o dedo a super!cie do espelho e depois apalpa pr;priorosto. 0or trás da imagem de %láudio, as mesmas mulheres do vestiário. Acmera corrige, buscando &elena, mas agora é %láudio que está no vestiário!eminino. Apavorado ele pega a bolsa de &elena sobre a bancada e tenta sair dali

o mais rápido possvel. Ele passa pelas !ileiras de mulheres que se en)ugam. Elasnão parecem notá"lo. A cmera, dei)ando de acompanhar %láudio, retorna aoespelho, rompendo sua super!cie e vai surpreender uma assustada &elena nobanheiro masculino. Os homens, de costas nos mict;rios, não notam suapresença. Ela pega rapidamente a pasta de %láudio e sai dali. #echando atrás desi a porta do banheiro, &elena avança por um corredor. O corredor estaria desertonão !osse a presença de %láudio que, na outra e)tremidade, caminha em suadireção. %láudio percebe &elena ao mesmo tempo. Os dois se apro)imam,assustados. Puando chegam perto um do outro eles, num gesto dissimulado e



cheio de cuidado, trocam a bolsa pela pasta. -este momento soa uma !ortecampainha. Eles se assustam. As portas do banheiro e do vestiário se abrem edespe$am no corredor dezenas de homens e mulheres vestidos como eles.%láudio e &elena, ainda apreensivos, se a!astam em direçDes contrárias,envolvidos pela multidão.

JB. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DIA

O despertador toca alto. A mão de um homem entra em quadro e desliga. %omona primeira cena, a ação é repetida três ou quatro vezes, numa montagem rápida,vista em ngulos ligeiramente di!erentes. %láudio se levanta aos poucos,sonolento. Ele tem a e)pressão cansada pela noite mal dormida e está no lado dacama onde, antes, dormia &elena. 5a mesma !orma que &elena, na primeiraseqQência, ele senta"se na cama e !ica alguns segundos com os braços cruzados,o corpo dobrado sobre os $oelhos. Em seguida, balança a cabeça, espantando osono. Ele calça, com di!iculdade, o pequeno chinelo de &elena, levanta"se comes!orço e sai. &elena, na cama, continua dormindo.

JF. INT CASA DE CLÁUDIO / BANHEIRO DIA

%láudio entra no banheiro ainda sonolento mas, ao passar pelo espelho, estanca eolha com atenção, apro)imando o rosto. Ele balança a cabeça, como se quisesseacordar e abre bem os olhos. 0arece estranhar o que vê e sai apressadamente.Entra no P4A'O e vê &elena na cama. >olta correndo. Entra no *A-&E6'O,com a respiração o!egante. >agarosamente, apro)ima"se outra vez do espelho.=eu rosto se re!lete. Espantado, ele toca com o dedo a super!cie do espelho.5epois apalpa o rosto, como se quisesse con!erir sua !orma. Em seguida, olhapara bai)o, para o pr;prio corpo. O que vê o dei)a chocado. Ele encaranovamente o espelho, abre bem a boca e... L'6A.

JH. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DIA

&elena, num pulo, senta"se na cama. Assustada com o grito de %láudio, ela correpara o banheiro. Ao entrar no *A-&E6'O, vê %láudio encostado na parede,acuado, o corpo tremendo. Ela estanca imediatamente, perple)a. %láudio, numsoluço, quase um esgar, aponta para o espelho. &elena olha. 0arece atrada pelaimagem. %on!usa, ela apro)ima"se, olha com atenção e espanto. Em seguida olhao pr;prio corpo. oca em seus seios e corre a mão até a cintura. Olha mais umavez para %láudio. O pensamento parece querer botar em ordem a situação, masantes que isto aconteça, seus olhos reviram, a cabeça inclina e ela desmaia. Atela escurece. Ouvimos o rudo da queda e depois o silêncio.

=E E4 #O==E >O%T...

JI. INT CASA DE CLÁUDIO / BANHEIRO DIA

%om a tela ainda escura, ouvimos a voz de %láudio chamando U%láudio,%láudio...V A tela clareia e vemos o rosto de %láudio. Ele repete seu pr;prio nome.



&E1E-A%láudio... %láudio...

ATEN3ÃO: % 4%56+5 2,62 0)02'6)7 ) 425,)'%820 92 *%0%0), HELENA7,25; 52%<02'62 % 42,,)% H2<2'%7 0%, *)0 ) *)54) 2 C<;+). E CLÁUDIO7,25; 6%0=>0 2<2 02,0)7 0%, *)0 ) *)54) 2 H2<2'%. Q%') ,%50),?%,4%,@7 %) 2,+8'%5 0 2,,2, )+, 425,)'%82',7 2,6%520), %') % -+,()2 0 625*2+5) 425,)'%8207 92 2,6%5; 6)0%') 0 42<) )65)7 2'8%'%)

42<% ,% 52452,2'6%() $,+*%.O corpo de &elena se recupera do desmaio.

%13456OPue sonho horrvel. Eu não era mais eu, eu tinha metrans!ormado em...

Estanca, ao ver seu pr;prio rosto diante de si. 6mediatamente dá um pulo pra trás,encostando"se na parede, acuado. 0ergunta, num !io de voz

%13456O

O que é isso7 O que é que está acontecendo7&elena responde, também assustadssima.

&E1E-A-ão sei. Eu também tive um sonho estranho e agora,quando eu olho pra você eu ve$o eu mesma...@a!irmativa C, deve ser um sonho. A qualquer momento eu vou acordar. Eu tenho certeza que vouacordar.

%13456O

E eu7

&E1E-A>ocê também. A gente está sonhando a mesma coisa.

%13456O%laro, deve ser isso.

:as uma d2vida ainda passa pela mente de %láudio. Ele levanta"se caminha até oP4A'O. &elena vai atrás dele. %láudio abre uma !resta na cortina e olha pela

$anela. 5O 1A5O 5E #O'A, o dia parece normal, calmo e ensolarado, ospassarinhos cantando...

%13456O1á !ora está tudo normal.

&E1E-AE se não !or um sonho...



%13456O%laro que é9

&E1E-A%láudio, está acontecendo uma coisa muito estranha,que eu não sei o que é, mas... eu acho que n;sestamos realmente acordados.

*atem na porta. Os dois olham atWnitos.&E1E-A

Entra.

-ão9

%13456O@cortando em cima

arde demais. A porta se abre e surge o rostinho sonolento de *eatriz. Ela sedirige a %láudio.

*EA'6X:amãe, você tem que me dar dinheiro pro passeio daescola.

%láudio está perple)o e não consegue dizer nada. &elena, mesmo tensa eindecisa, intervém.

&E1E-A Aaa... a mamãe dá depois. Agora vai tomar ca!é quevocê tem natação.

*eatriz olha para ela, estranhando. Em seguida, dá de ombros e sai,resmungando.

=aco, natação9

%láudio está em choque.

*EA'6X

%13456OEla me chamou de mamãe9

&E1E-A

%láudio, eu acho que a gente tem que procurar a$uda.%13456O

Pue a$uda79

&E1E-A4m médico... a polcia.



%13456O5e $eito nenhum9 >ão querer botar a gente numhospcio, ou então na cadeia, e eu não posso, eu tenhouma reunião importantssima na agência, e)atamentedaqui a...

Entra em desespero.

%13456O Ai, meu 5eus, isso não pode estar acontecendo, nãopode9

&E1E-A%alma, %láudio.

Ele se atira ao tele!one e começa a discar.

%13456OEu vou desmarcar a reunião.

0ega o tele!one e disca.

%13456O AlW9 12cia7 C %láu... C &elena, 12cia, tudo bem7...udo bem. O -estor $á chegou7... O %láudio quer !alar com ele...

%láudio sorri para &elena, con!iante. A reação de &elena é de um pro!undodesalento.

%13456OOi, -estor. &elena. =abe o que é7 O %láudio está

pedindo para desmarcar a reunião... =ei, sei. -ão, claroque não...

%láudio a!asta o !one do ouvido. 5o outro lado, ouvimos a voz de -estor, aosgritos.

%13456O:as... mas... udo bem. Eu vou $á pra9 Puer dizer, n;svamos. Ela vai... -ão, ele vai. chau...

5esliga.

%13456O>ou ter que ir. E você vai comigo.

&E1E-AEu79 5e $eito nenhum9 =e quer ir, vai sozinho.



%13456O@histérico

:as, se você não !or, como é que 2 vou7

&elena se dá conta do impasse.

(K. EXT RUAS / CARRO DIA

&elena está apavorada. %láudio dirige como um louco, costurando, buzinando,discutindo.

%13456O=ai da !rente, imbecil9... Avança o sinal, W babaca9... >aitomar no cu você também9... Anda, W viado9

Os outros motoristas estranham, vendo uma mulher se comportar de modo tãogrosseiro. %láudio não está nem a. En!ia o pé e vai dei)ando os outros carrospara trás. &elena, ao seu lado, agarra"se ao banco, tensssima.

(J. INT AGÊNCIA / RECEP3ÃO DIA

Abre"se uma porta de vidro preto, automática. Entram %láudio e &elena, tentandoparecer normais em seus novos corpos. %láudio vem desabalado, carregando suapasta e mal se equilibrando nos saltos. Ele veste um tailleur elegante, mas tudoparece um pouco !ora do lugar, a saia está meio virada, a gola meio levantada deum lado, e o cabelo parece não ter se recuperado do vento que pegou no caminhoaté a agência. &elena, com passos curtos, tenta acompanhar %láudio. Ela vesteum blazer elegante, com uma gravata bastante vistosa, e carrega uma bolsa!eminina a tiracolo. A recepcionista registra a aparência inusitada de U%láudioV,mas cumprimenta"o, simpática e !ormal.

'E%E0%6O-6=A*om dia, seu %láudio.

%13456O*om dia.

A recepcionista estranha. -ão tinha !alado com &elena... Entram no elevador.

((. INT AGÊNCIA / ELEVADOR DIA

O elevador sobe com uma suave m2sica ambiente.%13456O

Até aqui, tudo bem.

&E1E-A>ocê está andando de uma maneira horrvel..



%13456OEu nunca andei de saltos, tá bom97

&E1E-AEndireita a coluna, se não você não se equilibra.

%13456O>ou tentar. E você, vê se não !ica balançando o corpo

e $ogando os braços pra todo lado.%láudio nota que &elena está com uma e)pressão de so!rimento.

%13456OPual o problema7

&E1E-Aá apertando aqui em bai)o.

%13456O0era.

5EA1&E da mão de %láudio abrindo o zipper da calça de &elena. %láudio, nummovimento que não vemos, pela altura do plano, a$eita alguma coisa na parte debai)o de &elena.

%13456O:elhorou7

@aliviada:elhorou.

&E1E-A

A sineta do elevador avisa a chegada. Eles se preparam para sair. &elena,percebendo, tira rapidamente a pasta das mãos de %láudio e troca pela bolsa. Aporta abre. Eles saem.

(+. INT AGÊNCIA / SALA DE REUNIÃO DIA

:esa grande. >ários homens, entre eles, :A%E5O. -estor preside. PuandoU%láudioV entra, ele se levanta.

-E=O'

Ah, %láudio9 á estávamos preocupados.

Ao ver U&elenaV, não esconde a surpresa.

-E=O'&elena9



%13456O-ão se incomodem comigo.

-estor ainda arrisca uma olhada interrogativa para U%láudioV, mas UeleV,evidentemente, !inge não perceber.

-E=O'*om, vamos sentando, então.

&E1E-AObrigada.

%láudio olha !eio para &elena por causa do UobrigadaV. &elena nem percebe. Osdois sentam"se < mesa e -estor estranha por U%láudioV não cumprimentar :acedo. %láudio percebe a ga!e e cutuca &elena, que não entende o que sepassa, até que -estor intervém.

-E=O'%láudio, o 5r. :acedo...

&E1E-A Ah, como vai7 5esculpa, mas com essa correria...

%umprimentam"se

-E=O'%láudio, n;s estávamos conversando, antes de vocêchegar... O doutor :acedo acha que...

:A%E5O-ão !ui eu, e)atamente. O nosso pessoal de marYetinganalisou suas idéias e achou"as e)celentes. A d2vida ése o tom não estaria agressivo demais.

-E=O'Eu e)pliquei que é essa a linha que nossa agênciacostuma adotar.

:A%E5O A nossa preocupação é saber até que ponto podemosir. C claro que é um produto masculino, mas nãopodemos, por causa disso, desprezar as mulheres. -ãosei se você concorda comigo.

&elena se sente na obrigação de dizer alguma coisa.

&E1E-A>ocê acha que... eu desprezei as mulheres7



:A%E5O-ão e)atamente, mas nossa empresa trabalhabasicamente com o p2blico !eminino. A gente precisaser muito cuidadoso ao adotar qualquer ponto de vistaem relação <s mulheres. -ão sei se você me entende.

&elena olha para %láudio.

&E1E-AEntendo...

:A%E5O-este sentido é que talvez a gente pudesse rever umpouco o conceito da campanha.

&E1E-A@ap;s re!letir um pouco

%laro, com certeza...

-estor suspira, aliviado.

&E1E-A*om, talvez a gente pudesse repensar tudo procurandoum ponto de vista mais adequado. alvez !osse bomtambém conversar com o seu pessoal de marYeting e...

%13456O@cortando

Amor... á na nossa hora.

&elena olha para ele, surpresa.

&E1E-A&éim79 á7

%láudio con!irma, apontando o rel;gio. odos olham perple)os para o casal.%láudio se levanta e pu)a &elena pelo braço.

-E=O'O que...

&elena tenta remediar a situação.

&E1E-A@para :acedo*om... á entendi tudo. %oncordo inteiramente com oque o senhor disse. >ou pensar no caso, trabalhar dentro dessa perspectiva e... enho certeza que dapr;)ima vez a gente...

%láudio dá mais um pu)ão em &elena e eles vão saindo.



-E=O'@para U%láudioV

0era. @para :acedo :e desculpa, um instantinho

-estor trava o braço de U%láudioV, $á no corredor.

-E=O'Pue hist;ria é essa. Onde é que você vai7

&E1E-A-;s temos que ir.

-E=O'@para &elena

5e $eito nenhum, você vai voltar $á para aquela sala. ápensando o que, cacete79

%13456O5esculpa, -estor. A gente tem de ir.

&E1E-A-ão se preocupa, eu vou dar uma solução para acampanha.

%láudio e &elena vão se a!astando.

-E=O'0Wrra9 O que é que eu digo pro :acedo7

:as %láudio e &elena $á se distanciam. -estor, impotente, volta para a sala. Aovirar, no !undo do corredor, U&elenaV desequilibra"se sobre o salto e tropeça de

maneira lastimável.

(/. INT RESTAURANTE DIA

Ambiente calmo e vazio. :2sica de !undo, suave. A cmera descobre %láudio e&elena, numa mesa de canto. %láudio acende um cigarro.

&E1E-AEu pre!eria que você não !umasse.

%13456O

Pue hist;ria é essa, agora7

&E1E-AEu nunca !umei.

%13456OE da7 >ocê é você e eu sou eu.



&E1E-AOlha aqui, você pode ser você < vontade, mas essecorpo a é meu e eu não quero que você !ume com ele9

@irritadoá bom, tá bom9

O garçom se apro)ima.

%13456O

LA'MO:*oa tarde, seu %láudio. *oa tarde, dona &elena.

&E1E-A*oa tarde, %hico.

LA'MO:0ara beber, o de sempre7

%13456O

0ode ser.

LA'MO:>ão querer !azer o pedido agora7

-ão, traz o couvert.

O garçom sai.

%13456O

&E1E-A

Eu acho melhor a gente não !icar muito com a *eatrizpor enquanto. &o$e de manhã !oi horrvel.

%13456OEla podia passar o !im de semana com sua mãe.

&E1E-AEu ligo pra mamãe e combino.

O garçom volta. %oloca um copo de usque para &elena e um suco de laran$a para%láudio.

%13456OObrigado

&E1E-AObrigada.

Automaticamente eles trocam as bebidas. O garçom estranha e sai.

@suspirando%oitada da *eatriz.

&E1E-A

%13456O



-ão tem problema. Ela gosta de !icar com sua mãe...

&E1E-AEu preciso ir ao banheiro.

(S. INT RESTAURANTE / BANHEIRO MASCULINO DIA

&elena !ica um segundo indecisa entre as duas portas, mas logo decide e entrano banheiro masculino. O banheiro está vazio. Ela não sabe bem o que !azer. 4mhomem entra e vai direto para o mict;rio. &elena ocupa um lugar ao seu lado.Estando lado a lado, passa a observar o homem, repetindo todos os seus gestos.O homem percebe e sente"se incomodado. &elena pu)a conversa.

&E1E-AC muito mais prático, realmente.

&O:E: Ahn7...

&E1E-A Assim em pé. C s; !azer pontaria.

O homem se apressa. ermina, balança e sai. &elena observa.

&E1E-AEu sabia eles não lavam as mãos.

&elena também termina. %ontente, ela dá uma enérgica balançada... e serespinga toda.

&E1E-A

@desesperada Ai, meu 5eus9

. ! EXT RUA NOITE

O carro de %láudio se apro)ima da casa e começa a entrar na garagem enquantoouvimos a continuação de uma conversa entre ele e &elena.

%13456O @o!!C melhor a gente não sair. A gente pede comida emcasa.



&E1E-A @o!!%láudio, a gente não tem como continuar com isso. Eunão posso ocupar o teu lugar, não posso ir trabalhar naagência, tomar decisDes...

%13456O @o!!-ão precisa. Eu vou pedir ao -estor para !icar trabalhando em casa. 5igo que é pra adiantar a

campanha. Assim eu trabalho sossegado e n;s vamosganhando tempo.

O carro estaciona na garagem.

&E1E-A @o!!=im, e depois7

%13456O @o!!Essa situação não vai durar pra sempre...

%láudio e &elena vão saindo do carro.

%13456OE enquanto não passa a gente !ica aqui em casa, nãobota a cabeça pra !ora, porque quanto menos gente agente encontr...

%láudio estanca subitamente e toda sua segurança é substituda por umae)pressão de pnico.

&E1E-AO que !oi7

%13456O0uta que pariu, o churrasco9

&E1E-APue churrasco7

. EXT/INT CASA DE CLÁUDIO DIA

4m !acão cortando um belo pedaço de carne. O churrasqueiro en!ia a carne noespeto. A churrasqueira está montada ao lado da piscina. á estão algumas

pessoas por ali. -estor, clientes, pessoal da agência, várias mulheres. &á umam2sica ambiente, animada, mas numa altura razoável. Algumas pessoas napiscina. 4m garçom passa com uma bande$a cheia de copos vazios. Ele atravessao $ardim e entra na casa, indo em direção < cozinha. Ao entrar numa pequena salaque dá para o $ardim, passa por %láudio e &elena. &elena está compondo umarran$o de !lores no centro de uma mesa onde estão algumas travessas comsaladas, bem vistosas. %láudio !ala com &elena enquanto tentadesesperadamente a$eitar as duas peças do biquini, que lhe provocam terrveisincWmodos.



%13456O5ava pra você parar de me)er com essas !lores e !icar lá no meio dos homens7

&E1E-AE dava pra você parar de me)er no biquini. C !eio isso,sabia7

%13456Oudo bem, mas larga essas !lores, pelo amor de 5eus9

&E1E-AEu não sei porque você tinha que insistir nessechurrasco.

%13456O=e eu desmarcasse ia todo mundo achar que eu estavame sentindo por bai)o, por causa do prêmio, e euquero mostrar que estou en!rentando isso de cabeçaerguida.

&E1E-A=; que quem tem que !icar de cabeça erguida sou eu.

%13456O&elena, !ica lá, por !avor. E aproveita pra dizer pro-estor que vai !icar trabalhando em casa essa semana.

&E1E-A Ai, que ;dio, %láudio. á bom, eu vou, mas vê se !azalguma coisa que eu não quero que digam depois que

eu recebo mal em minha casa.&elena sai. A campainha toca. %láudio dá uma a$eitada numa !lor que &elena, nasua irritação, tinha dei)ado !ora de lugar, e sai.

. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA DIA

%láudio abre a porta e dá de cara com 0aula. Ela está acompanhada por 1aura.%láudio !ica completamente desconcertado.

0A41APue cara é essa7

%13456OEu não sabia que você vinha9

&E1E-A4é, o %láudio disse que você tinha convidado7



%13456O@desconversando

%laro, mas eu não sabia se você ia querer vir. @para1aura, secamente Oi, 1aura. *om, vamos entrando. A&elena está lá na piscina.

0aula pára e olha para %láudio.

0A41AE você está onde7 -o mundo da 1ua7

&E1E-A@se dando conta

6h, deve ser. -ão, o C<;+) está lá na piscina. Ele vaiadorar te ver.

0A41A@ainda estranhando

>ai799 0or quê7 A !esta está tão chata assim.

. EXT PISCINA DIA

&elena tem a e)pressão desanimada e um copo de usque na mão, enquanto vailevando uma prensa de -estor.

-E=O'5e $eito nenhum. =e você trabalha em casa !ica tudo!rou)o, equipe prum lado, criação pro outro... não vaidar. Além do mais, eu quero acompanhar essacampanha de perto.

&E1E-AC que eu pensei que...

%13456O%láudio, a situação $á está muito encrencada, é melhor não !icar inventando moda. Z, ereza, pega mais umpouco de gelo pra mim.

TEREZA, uma perua de meia idade, que está conversando com um grupo demulheres, olha para -estor e, sem dizer palavra, volta"se para o grupo e continuaa conversa.

&E1E-AEu pego.

-E=O'-ão, !ica a9 Z, ereza9

-este momento, &elena vê 0aula e 1aura chegando.



&E1E-AC a 0aula9 %om licença, -estor.

E sai imediatamente para encontrar a amiga.

-E=O'0aula79

. EXT / INT CASA DE CLÁUDIO DIA

&elena é toda sorriso.

&E1E-APue bom que vocês chegaram9 >em aqui, eu queroque vocês me dêem uma a$udazinha com as mousses.

E sai. 0aula sai atrás dela, estranhando muito. %láudio passa por elas.

%13456O

Onde você vai7

&E1E-Aenho que cuidar das mousses. Ah, o pessoal estásem gelo lá !ora.

%13456O#alou com o -estor7

&E1E-AEu perguntei, mas ele não concordou.

%13456O@irritado

Eu não disse pra você perguntar, eu disse pra você!alar com ele.

&E1E-A@cortando

*om, então resolve você esse problema, eu tenho queresolver o problema das mousses. @para 0aula e 1aura>amos

E vai saindo. 0aula e 1aura olham, uma para a outra, sem entender muito bem,mas seguem &elena. %láudio !ica meio perdido. A campainha toca.

%13456O=aco9

1. INT CASA DE CLÁUDIO DIA



Puando a porta é aberta %láudio tem uma bruta surpresa.

%13456O:nn... :amãe9

=orridente, 5na. udite está parada na soleira. Ela vira"se para trás e chama.

456E

>em, *eatriz.*eatriz, acompanhada de uma amiga, passa por %láudio e !ala um Uoi, mãeV, aamiga, nem isso. As duas continuam seu caminho para o interior da casa. 5na.udite também vai entrando.

456EO %láudio não ia trabalhar o !im de semana inteiro7

%13456OC, mas $á tinha esse churrasco marcado. Ele haviaesquecido.

456EZ, homem !esteiro. E aposto que você está que nemuma escrava, cuidando de tudo.

%13456O@sentindo a al!inetada

0ois !ique sabendo que é o %láudio que está lá nacozinha. Ele é muito prestativo.

456E=; se !or ho$e, porque até ontem não era.

%13456O:amãe, dá licença.

%láudio sai.

. 1 INT CASA DE CLÁUDIO DIA

&elena, 0aula e 1aura estão acabando de desen!ormar as mousses. %láudioentra, alteradssimo.

%13456OPue hist;ria é essa7 #oi você que chamou... minhamãe e a *eatriz7

&E1E-A#oi, por quê7 Pual é o problema7

%13456O-ão era pra ter chamado.



&E1E-AOra, a casa $á está cheia de gente por causa da drogadesse churrasco, por que é que elas não podiam vir7

%13456O:as a gente tinha combinado...

&E1E-A

Antes de você me aparecer com essa hist;ria dechurrasco. E sai da cozinha que você está meatrapalhando9

%láudio sai. 0aula está completamente surpresa.

0A41A@para &elena

A &elena está bem7

&E1E-A=ei lá, eu acho que está.

0A41AE você... está bem7

&E1E-A=ei lá, acho que estou.

. INT CASA DE CLÁUDIO DIA

%láudio está indo pelo corredor quando vem um bando de mulheres em sentido

contrário, lideradas por ereza. ereza pega"o pelo braço.E'EXA

>em com a gente, &elena.

%13456OO que !oi7

%O'E 5E=%O-?-4O. As mulheres se trancam num banheiro. %láudio não temidéia do que está acontecendo. ereza desamarra rapidamente o biquini, dei)andoos seios < mostra.

E'EXAPue tal7

:41&E'E=Pue ;timo. #icou uma beleza. Ah, esse ano eu !aço, dequalquer $eito. O -estor gostou7 :as está umaper!eição.



%láudio está atWnito.

:41&E' JO médico disse que eu tenho que !azer, mas eu estoucom medo.

E'EXA#azer por quê7

:41&E' JOs meus são muito grandes, estão pre$udicando acoluna.

E'EXAPue e)agero9

:41&E' JE)agero7 Olha s;.

E rapidamente se desvencilha da parte de cima do biquini. %láudio começa a

gostar daquilo.

J. INT CASA DE CLÁUDIO DIA

-estor, acompanhado de :aurcio, trava &elena pelo braço.

-E=O'Escuta, %láudio. O :aurcio está aqui me dizendo quedá pra você apresentar o pro$eto completo dacampanha em dois ou três dias, no má)imo.

:A4'?%6O-ão. Eu disse que com você tudo é possvel.

-E=O'%omo é que é, dá ou não dá7

'eação de &elena, sem saber o que dizer.

!. J INT / EXT CASA DE CLÁUDIO DIA

%láudio está possesso.

%13456O>ocê tinha que ter !alado comigo9

&E1E-A%omo7 >ocê sumiu.



%13456O-ão interessa. Então não !alasse nada.

&E1E-A%láudio, eu estou !azendo o que posso e....

Entra *eatriz e a amiga.

*EA'6X:amãe, a %lara pode dormir aqui ho$e7

-ão99

%13456O@mau humorado

&E1E-A0ode.

*EA'6XC sim ou não7

%13456O-ão.

&E1E-A=im.

*EA'6X*om, quando vocês resolverem, me avisem. >amos,%lara.

0ega a amiga pela mão e saem.%13456O

Pue hist;ria é essa7 =ai convidando todo mundo, suamãe, *eatriz, a amiga *eatriz, a 0aula, o caso da0aula. á parecendo uma !esta9

&E1E-Aá parecendo, não. C uma !esta9 E a idéia !oi sua,lembra7

%láudio !ica sem argumento, o que o dei)a ainda mais irritado.

&E1E-A%láudio, rela)a. 'ela)a que vai dar tudo certo.

Entra :árcia.



:3'%6A&elena, você podia me emprestar um biquini. Euesqueci de trazer o meu.

%13456O@subitamente inspirado

%laro, não tem problema. >amos lá no quarto

E vai saindo com :árcia. &elena !ica perple)a.&E1E-A

0era, você está indo...

%13456O A gente vai e)perimentar uns biquinis.

&E1E-A:as, mas...

%13456O

'ela)a, %láudio. 'ela)a.

E sai. :aurcio se apro)ima.

:A4'?%6O%láudio, desculpa. O -estor me entendeu mal. Ele estáobcecado com essa campanha e quer resolver logo.

&E1E-Audo bem, :aurcio, não tem problema.

:A4'?%6O=e eu puder a$udar em alguma coisa...

&E1E-A>ocê podia me a$udar a pegar mais umas cai)as decerve$a na garagem.

:A4'?%6O%omo7... Ah, sim. %laro.

>ão saindo. &elena e)plica.

&E1E-AC que tem barata e eu morro de medo.

=aem.

. ! INT CASA DE CLÁUDIO DIA



-o quarto, %láudio e :árcia. =obre a cama, vários biquinis.

:3'%6Aodos !icaram ;timos.

%13456O=e eu !osse você e)perimentava mais esse aqui. A corcombina demais com a sua pele.

:3'%6A>ocê acha7

%13456O Acho.

:3'%6A*om, vamos ver.

%13456O>amos ver.

%láudio se prepara para o espetáculo.

. INT CASA DE CLÁUDIO DIA

5na. udite vem pelo corredor e cruza com %láudio e :árcia, que saem do quarto.5na. udite intercepta %láudio, enquanto :árcia segue adiante.

5-A. 456EEstava te procurando. A *eatriz está virando o quarto

de cabeça pra bai)o com a outra menina.%13456O

Ah, pode dei)ar. 5epois eu vou lá ver.

5-A. 456E Acho bom você ir mesmo, porque se depender de seumarido elas podem botar !ogo na casa. Agora mesmoestá lá na piscina, nadando, se re!rescando. 5iabo dehomem imprestável.

%13456O

( $á se irritandoá vendo como você é7

5-A. 456EO que !oi que eu !iz7

%13456OO que é que você tem contra o %láudio7 :e e)plica.



5-A. 456EEu97

%13456O%laro. Puando a gente vai $antar na sua casa, asenhora nunca o!erece ca!ezinho para ele, ele é o2ltimo a ganhar a sobremesa, sempre que ele está!alando a senhora interrompe, se tem alguém de !ora a

senhora não se dá o trabalho de apresentar...5-A. 456E

6magina99

%13456OEle nunca te disse uns desa!oros porque é muitoeducado...

5-A. 456EEducado7 5esde quando7

%13456O5esde sempre9 Educadssimo9 -ão é como certaspessoas.

5-A. 456E@escandalizada

:inha !ilha, você está me chamando de UcertaspessoasV7

%13456O6sso porque eu sou sua !ilha. =e !osse o %láudio que

estivesse aqui a senhora ia ouvir coisa muito pior.E sai. 'eação de 5na. udite.

. EXT CASA DE CLÁUDIO DIA

-a piscina, a !esta está animada. &elena está dentro d[água, nadando. Ela nadade costas, dando braçadas per!eitas e sincopadas, como uma Esther \illiams.%láudio chega com :árcia. Ele vê &elena na piscina e !az sinal para ela sair. Emseguida vai sentar"se $unto a um grupo de homens. -estor está contando uma

piada.

-E=O' A o bêbado !oi na portaria do hotel e disse que queriauma mulher, praquela noite, de qualquer $eito.

Ao ver ?H2<2'%@, -estor desconversa.



-E=O'E então as vendas !oram pro buraco. Em duassemanas a campanha !oi cancelada...

%13456O>ocê não estava contando a da mulher in!lável7

-E=O'

@sem graçaEstava começando...

%13456O%onta, é ;tima9

-E=O'*om... é... 0ois é. Os caras disseram que não podiam,que o hotel não tinha esse serviço...

%láudio vê quando &elena sai da piscina. Ela sobe a escadinha e começa a !azer uns movimentos de alongamento. Ele começa a prestar atenção nela, apreensivo.

-um outro canto, :árcia conversa com :aurcio.

:3'%6A@observando &elena

O %láudio é muito gato.

:A4'?%6OE é casado.

:3'%6AE da7

:aurcio ri.

:3'%6AEu não tinha reparado, mas ele tem assim... uma coisa!eminina que eu acho o maior tesão.

:A4'?%6O#eminina7 O %láudio7

:aurcio começa a prestar atenção. %láudio também está de olho grudado em&elena, que agora en)uga os cabelos $ogando a cabeça para um lado e para o

outro.

:A4'?%6OC. 'ealmente.



-E=O' A os caras disseram >amos mandar aquela mulher in!lável que dei)aram lá no dep;sito. A cara tá bêbadomesmo, nem vai notar. Então eles tele!onaram proapartamento do bêbado e avisaram...

O som cai em bacYground, pois a atenção de %láudio agora está inteiramentevoltada para &elena que dá uns pulinhos para tirar a água do ouvido.

:3'%6AEu não disse a!eminado, eu disse homem que assumeo seu lado !eminino. Eu acho o maior charme. Ohomem !ica mais gostoso, sei lá...

&elena, terminada a sessão de desentupimento, se enrola na toalha. =; quecoloca a toalha < altura do peito. Enrolada assim, ela pára para conversar com umgrupo de mulheres. %láudio, horrorizado, levanta"se, disposto a intervir.

:A4'?%6Oudo bem, eu entendo, mas ele não precisava

e)agerar.

:3'%6A4m pouco s;. :ais eu ainda acho um tesão.

%láudio caminha em direção < &elena. -este momento, surgem *eatriz e a amiga,correndo. A amiga persegue *eatriz. Elas correm em volta da piscina. *eatriz seprotege atrás de &elena. A amiga tenta pegá"la. *eatriz se agarra < toalha doUpaiV. 0u)a de lá, pu)a de cá, &elena se desequilibra. %láudio pára, prevendo odesastre. *eatriz corre, arrancando a toalha que, ao desenrolar, !az girar o corpode &elena. &elena abana os braços tentando se manter em pé. =eu corpo pendesobre a piscina. Ela !az um 2ltimo es!orço, mas sem resultado. Então, soltando um

gritinho estridente, desaba !inalmente, espalhando água e chamando a atenção detodos. %láudio quer morrer.

+I. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

&elena e %láudio se preparam para dormir. %láudio saiu do banho e está enroladoem uma toalha.

&E1E-A=e o que aconteceu ho$e !oi um trailer do que vem pela!rente, eu estou !ora.

%13456O-inguém descon!iou de nada.

&E1E-A-ão é esse o problema, %láudio. O problema é quevocê, além de não me a$udar, ainda !icou contra mim.



%13456O5esculpa.

&E1E-A5e agora em diante a gente tem que $ogar $unto, nomesmo time, se não, não vai dar. .

%13456O

á certo, tem razão.&E1E-A

@descon!iada-ão gosto quando você vai concordando, assim, decara.

%13456OEu s; queria saber uma coisa por quê que isso estáacontecendo com a gente7

&E1E-A-ão tem e)plicação. @$oga uma camisola para eleoma.

%13456Oem que ter. udo tem uma e)plicação l;gica. 0or maisabsurdo que possa parecer... @olhando a camisola Oque é isso7

&E1E-A0ra você dormir, ora9

%13456O5e $eito nenhum. Eu vou !icar parecendo um viadinho.

&E1E-A>ai !icar parecendo uma mulher.

Ahn9

@surpreso %13456O

&E1E-APual é o problema, não é isso que você é agora7

@chocado%laro que não9

%13456O

Ele abre uma gaveta e pega a parte de cima de um de seus pi$amas. Olha o velhopi$ama com satis!ação.



%13456O:elhor.

Ele desenrola a toalha e en)uga ainda um pouco a cabeça, antes de colocar opi$ama. =ubitamente ele percebe o olhar de &elena, pousado sobre seu corpo.

%13456OO que é que tá olhando7

&E1E-A@constrangida

-ada, ora9

%láudio veste rapidamente o pi$ama.

&E1E-AO que !oi7

%13456O-ão sei. >ocê estava me olhando de um $eito esquisito.

Eu9

@insegura &E1E-A

%láudio olha para ela, cabreirssimo.

/K. INT CASA DE CLÁUDIO DIA

-a %OX6-&A, uma massa virando na batedeira. &elena $oga a !arinha e vaivirando vagarosamente a tigela. %ida observa, perple)a, a nova habilidade de?C<;+)@.

&E1E-A%ida, vai untando o tabuleiro, e pega o aç2car, por!avor.

%ida obedece, incomodadssima.

%ida passa pela porta do E=%'6]'6O e vê ?H2<2'%@ trabalhando nocomputador, de sandálias de dedo, short e a camisa de um time de !utebol.

0assa pela porta do P4A'O 5E *EA'6X e vê ?C<;+)@ a$udando a !ilha a sevestir.

0assa pelo *A-&E6'O e vê ?H2<2'%@ deitada debai)o da pia, com uma chave degri!a, apertando um cano.

0assa pela =A1A e vê ?C<;+)@ estudando com *eatriz.

0assa novamente pelo escrit;rio e vê @H2<2'%@ analisando vários pro$etos



grá!icos pendurados na parede.

>olta para a cozinha e ?C<;+)@ está tirando o tabuleiro do !orno.

&E1E-Aomara que não tenha solado.

%orta um pedacinho com a !aca, e)amina e conclui, !eliz.

&E1E-A-ão solou. Pue bom. á não !azia um desse há tantotempo9

'eação de %ida.

/J. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

%ida entra na sala. ?C<;+)@ e ?H2<2'%@ estão lendoN. ?2<2@, uma revista dedecoração, ?2<%@, uma revista esportiva. %ida entra.

&E1E-AO que !oi, %ida7

%65AEu queria saber se vocês estão satis!eitos com o meutrabalho.

&E1E-A%laro que sim. Estamos, não estamos, &elena7

%13456O

%laro. :uito satis!eitos.

&E1E-A0or quê7

-ada, não.

Ela vai saindo.

%65A

&E1E-A

>ocê está bem, %ida.%65A

@levando a mão < testaEstou com uma dor de cabeça.... á uma me)eçãoaqui dentro...

&E1E-A-ão quer tomar um remédio.



%65Aá tomei. *oa noite.

=ai.

%13456OO que é que ela tem7

&E1E-A5eve estar estranhando.

%13456OEstranhando o quê7

&elena não se dá ao trabalho de responder.

/(. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DE BEATRIZ DIA

%ida, escabriada, abatida, enquanto ?C<;+)@ a$uda *eatriz a se vestir.

&E1E-A-ão, essa calça não, *eatriz, está toda amassada. Eu $á !alei, quando tirar a roupa, arruma ela. >ocê $ogatudo no chão, !ica tudo desse $eito. -a hora de vestir,não tem.

O tele!one toca.

&E1E-A%ida, atende, por !avor.

%ida !az menção de ir, mas...

%láudio atende no E=%'6]'6O.

%13456O AlW. @!az uma cara contrariada e grita %láudio9 0ravocê.

&elena está olhando o armário, escolhendo outra roupa para *eatriz, mas largatudo e corre para o escrit;rio. %ida suspira, triste.

/+. INT ESCRIT#RIO/SALA DE NESTOR DIA

Assim que &elena entra no escrit;rio, pergunta

&E1E-APuem é7

%13456O-estor.



&E1E-AO que é que eu digo7

%13456OEu vou !icar na escuta.

&elena atende e %láudio encosta o ouvido no !one.

&E1E-AOi, -estor.

6-E'%4 com -estor na agência.

-E=O'%omo é que tá indo7

&E1E-Aá indo bem...

-E=O'

Olha, %láudio, eu estive pensando, tudo bem de vocêtrabalhar em casa, se você acha que isso vai te!acilitar. :as eu quero que você venha < agência parair passando as coisas para a equipe de criação. =e nãoa equipe !ica perdida, eu !ico perdido e a gente acabamorrendo na praia.

'eação de %láudio, contrariado.

&E1E-A=ei...

-E=O'Puando é que você pode me mandar algum materialpara eu analisar.

&E1E-A*em...

%láudio digita rapidamente no computador ( dias, ^ ou " .

&E1E-A4ns dois ou três dias. á bom7

-E=O'@de má vontade

á... razoável.

%láudio !az una careta, puto com -estor.



-E=O'Olha, %láudio, eu $á te !alei, eu estou !icandopreocupado. Enquanto o :acedo não se sentir seguro,ele vai continuar nesse chove não molha. E eu tambémnão estou sentindo muita !irmeza da tua parte. =empreque eu !alo com você, você !ica meio arredio, meioreticente... O que é que está havendo7

'eação de %láudio, desta vez, puto com &elena. &elena não sabe o que !azer eresolve arriscar.

&E1E-A@quase aos gritos

0Wrra, -estor9 -ão enche a pWrra do meu saco9Puando essa merda estiver pronta eu te aviso. Agoravê se me dei)a trabalhar sossegado, caralho9

%láudio se surpreende. 5o outro lado da linha, -estor sorri.

-E=O'

C isso a9 Esse é o %láudio9 >ai !undo, garoto. 5epoisde amanhã a gente se vê.

5esligam.

%13456O>aleu, &elena. Obrigado.

&elena sorri e sai, satis!eita com seu desempenho. %láudio volta ao trabalho. Atela do computador se enche com um grá!ico que vem acompanhado de umam2sica animada, com uma batida !orte.

//. INT CASA DE CLÁUDIO / KARDIM DIA

A m2sica continua. %láudio, de short e camiseta, se e)ercita com alguns halterespesados. &elena, vai até ele.

&E1E-AO que é isso7

%13456OW malhando um pouco.

&E1E-A5e $eito nenhum. Eu não quero !icar toda embatatada.

%13456O:as eu tenho que !azer alguma coisa. Eu $á estou mesentindo por bai)o com esse corpo...



&E1E-A0or bai)o, por quê7

%13456OEu quero dizer, sendo mulher...

&E1E-APual é o problema de ser mulher7

%13456OO problema é que eu não estou acostumado. Eucostumava ser homem até uns dias atrás. Agora estoudesse $eito... Eu preciso !azer alguma coisa radical prame sentir mais eu. :alhar um !erro, !azer minha aulade $udW...

&E1E-A-em pensar.

%13456O

0W, &elena, a situação $á está di!cil, se a gente nãotentar !acilitar...

&E1E-A%láudio, tá di!cil pra mim também. >ocê acha que eugosto de !azer a barba7 Pue eu gosto de !icar comesse monte de coisa pendurada entre as pernas. *otapra lá, bota pra cá... E tem mais. Acho melhor te avisar logo eu estou pra !icar menstruada.

%13456O

%omo é que é799&elena sai, dei)ando %láudio preocupadssimo. O som sobe enquanto...

/S. CASA DE CLÁUDIO / SALA / ESCRIT#RIO DIA

-a tela do computador, roda uma das peças da campanha. %láudio interrompe aanimação grá!ica para !azer uma modi!icação. Ele trabalha com entusiasmo. -A=A1A, a campainha da porta toca. &elena vai atender. Abre a porta e sorri, !eliz.5o lado de !ora, está 5na. udite, que sorri para ?2<2@ de maneira !orçada e!ormal. &elena grita

&E1E-A&elena9

-O E=%'6]'6O, %láudio se irrita de ser, mais uma vez, interrompido.

O quê99999

&elena grita de volta

%13456O

=ua mãe9


&E1E-A



/B. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA DIA

=egurando a )cara de ca!é, 5na udite vai des!iando suas quei)as para a U!ilhaV.

5-A. 456Eive que vir. Aquele dia, você estava esquisitssima.5epois, não atende meus tele!onemas. Puando atendeé de má vontade. Eu pensei, vou lá ver o que estáacontecendo.

%13456O-ão está acontecendo nada, mãe.

5-A. 456E-ão mesmo7

-ão.

5na udite me)e o ca!ezinho.

%13456O

5-A. 456EOnde está *eatriz7

%13456O Ainda não chegou da escola.

Pue pena9

5á um gole no ca!ezinho.

5-A. 456E

5-A. 456EO que é que seu marido está !azendo aqui, a essa hora7

%13456OEle está trabalhando em casa esses dias.

5-A. 456E5eus me livre9

%13456O( $á se irritando

á vendo7 1á vem você de novo7

O tele!one toca.



5-A. 456EOlha minha !ilha, eu não vim aqui para discutir comvocê, eu...

&elena entra na sala e atende. 5na. udite pára imediatamente de !alar.

&E1E-A AlW... -o momento ela não pode atender...

5na udite estica o ouvido.

&E1E-A>ocê poderia adiantar o assunto7...C o marido delaquem está !alando... =ei... sei... ( &elena começa a dar uns pulinhos de alegria, mas a voz continua !ria epro!issional ) =ei... %laro. %laro que ela vai querer...

Agora á %láudio quem estica o ouvido.

%13456O

O que !oi7&elena !az um gesto para ele esperar.

5-A. 456E@para %láudio

0or que você mesma não atende7

%láudio !az o mesmo gesto para 5na udite.

&E1E-A-ão tem problema... Eu !alo com ela, mas eu tenho

certeza que não vai ter problema... Ela vai ligar, mas sequiser, pode dei)ar marcado.

%láudio não está gostando nada da conversa.

&E1E-AEstá bem. :uito obrigado. chau.

5esliga.

%13456OO que !oi777

&E1E-A@e)citadssima

Estão m... Estão te convidando para !azer uma novela9

%13456O%omo é que é97



5-A. 456EPue beleza, minha !ilha9

%13456O0era, mãe, não atrapalha.

&E1E-A4m ;timo papel. Eles queriam saber se você !aria um

teste. Eu disse que !aria.%13456O

5e $eito nenhum9

&E1E-A%omo, de $eito nenhum7

%13456OEu não vou !azer teste de %65+&9

&E1E-A

Ah, vai. >ai sim.

5-A. 456E:inha !ilha, você não estava querendo voltar pratelevisão7...

%13456O@para udite

Puer não se meter, por !avor. 6sso aqui é uma conversaentre n;s dois.

&E1E-A-ão !ala assim com ela9

%13456OEu !alo do $eito que quiser.

5-A. 456E*om, eu $á estava mesmo de sada...

&elena !uzila %láudio com o olhar. Ele devolve.

&E1E-A

Eu levo a senhora na porta.

5-A. 456E-ão precisa, %láudio...

&E1E-AEu !aço questão.



5na udite pega a bolsa. &elena a conduz até a porta, enquanto %láudio sai emdireção ao escrit;rio.

5-A. 456EEu nunca vi &elena tão nervosa9

&E1E-A-ão é nada, não. 5eve estar assim por causa do teste.

5-A. 456E>ocê diz a ela que se precisar de alguma coisa...

&E1E-A@emocionada

Obrigado. Ela sabe que sempre pode contar com asenhora. Obrigado.

E abraça a mãe, com !orça. 5na udite não estava preparada para tanto a!eto daparte do genro. Aquilo dá um curto circuito na cabeça dela. =ai desnorteada.

/F. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO DIA

%láudio $á está sentado novamente ao computador, quando &elena entra, !uriosa.

&E1E-A>ocê sabe o que signi!ica para mim uma volta < minhavida pro!issional7

%13456O&elena, eu preciso trabalhar.

&E1E-AEu sei. Eu sei. C o que eu estou tentando também. Eessa é a minha chance. Eu tenho que !azer este teste.

%13456O0ode !azer.

&E1E-AEu preciso de você pra isso.

%13456O

-em pensar.

&E1E-A-em pensar97

%13456O&elena, raciocina. >ocê $á imaginou, 2 !azendo umteste pra televisão7



&elena tenta imaginar.

%13456O=e eu !osse você, eu desistia desse teste. á pensou ove)ame7

&E1E-A@contendo o ;dio

udo bem. >ou pensar no assunto. :as se alguémtiver que desistir, esse alguém vai ser eu, e não você9

5iz isso e sai, batendo a porta.

J. INT CONSULT#RIO TERAPEUTA TARDE

?C<;+)@, *eatriz e a terapeuta sentados. %lima, como sempre, constrangedor.

E'A0E4A0arece que é mesmo muito di!cil reunir a !amlia...

&E1E-A'ealmente, é que...

E'A0E4A*om, pelo menos, dessa vez, o problema não é omundo da publicidade.

&E1E-A0ois é. :as é que &elena, meu... minha mulher, ela...*om, apareceu um teste pra ela !azer e ela está

estudando. udo em cima da hora, sabe como é...E'A0E4A

O mundo da televisão7

C...

&E1E-A@envergonhada

E'A0E4AE o que você acha disso tudo *eatriz7

Eu não acho nada.

%onsternação de &elena.

*EA'6X



*EA'6XEu s; queria que papai e mamãe !ossem comosempre, e não !icassem !azendo o que é do outro,trocando tudo.

&E1E-A-ão !ilhinha, papai e mamãe são como sempre !oram.Eles gostam de você igualzinho. -ão tem nada trocado.

E'A0E4A Ah, não7 Então o que é que o senhor está !azendoaqui7 0ela primeira vez, diga"se de passagem9

'eação de &elena.

/I. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO TARDE

&elena irrompe escrit;rio adentro.

&E1E-A%láudio, eu estou tentando levar as coisas da melhor !orma possvel, mas a *eatriz está !icando con!usa, eeu não acho $usto.

%13456OPual é o problema7

&E1E-AO problema é que você vai ter que assumir mais o seupapel de mãe, daqui por diante.

%13456O&elena, você tem que entender o seguinte eu tenhouma campanha para terminar. -ão posso !icar mededicando a tare!as domésticas.

&E1E-AOlha, eu acho que não vai dar pra ser assim não. Agente não pode simplesmente inverter o nossocomportamento diante da *eatriz. A mãe não podevirar o pai e o pai a mãe, de uma hora para outra. =e a%ida está con!usa, imagina a *eatriz.

%13456Oudo bem, eu vou tentar, na medida do possvel. :aseu queria que você também tentasse resolver umprobleminha pra mim.



&E1E-AEu não !aço outra coisa. O que é dessa vez7

%13456O>ai ter uma reunião amanhã lá na agência.

&E1E-A=ei, e da7

%13456OEu vou ter que ir, quer dizer, você.

&E1E-A-ão tem a menor condição9 >ocê disse que ia trabalhar em casa9

%13456OC, mas o pro$eto da campanha $á está !icando meioadiantado e o -estor quer que eu vá lá para passar tudo para a equipe. -ão dá para não ir.

&E1E-A-ão dá pra ir. Eu não sei nada sobre isso.

%13456O>ocê dá uma lida no pro$eto e eu te e)plico o que vocênão conseguir entender. 5epois você vai lá, entrega eescuta o que eles têm a dizer. C simples.

&E1E-A=imples7 Eu não estou vendo nada de simples,

%láudio. 0elo contrário, está cada vez maiscomplicado.

SK. INT CASA DE PAULA NOITE

0aula está espantada.

'epete.

&elena repete.

0A41A

&E1E-A0ois é, $ustamente... Eu resolvi te contar isso porquevocê é minha melhor amiga e eu estou precisando dea$uda.

0A41A-ão, repete o que você disse antes.



&elena respira !undo e a!irma, mais uma vez

&E1E-AEu não sou %láudio. Eu sou &elena.

0aula olha &elena nos olhos enquanto parece !azer um es!orço de raciocnio.=ubitamente diz

0A41AEu sabia9

&E1E-A=abia79 =abia como777

0A41A-ão sei. inha alguma coisa muito estranha... =ei lá.:as... como !oi que aconteceu7

0A41A-;s dormimos, tivemos um sonho esquisito, o mesmo

sonho, e quando acordamos no dia seguinte...

0A41APue dia !oi7

&E1E-A=e)ta"!eira passada. 0or quê7

0aula levanta"se bruscamente.

0A41A5ei)a eu ver uma coisa.

>ai até a cWmoda, abre a gaveta e pega um papel.


=eu mapa.

0aula olha o mapa.

0A41A

0A41AEstá aqui. Olha. &á uma con!iguração estranha no teusigno, este mês. O ascendente está alinhado comestas estrelas, por outro lado -etuno... Agora, olha omapa de %láudio.

&E1E-AO que é que tem7



0A41A&á a mesma con!iguração em ouro. E o maisinteressante é que na pr;)ima casa está se !ormandouma...

&elena interrompe.

&E1E-A

0aula...

Ahn...

0A41A@ainda atenta ao mapa

&E1E-A-o momento... eu estou precisando mais da amiga doque da astr;loga.

0A41A%laro.

0aula larga o mapa e segura a mão de &elena. =orri, solidária. &elena, sentindo"se !rágil, abraça a amiga. 0aula aconchega &elena, acaricia. :as logo se sentedescon!ortável abraçando aquele corpo de homem. &elena percebe o mal estar de0aula e se a!asta.

&E1E-AEstranho, né7

@perturbada

C. 'ealmente...

0A41A

SJ. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

A casa está na penumbra. 5o escrit;rio, sai uma luz que ilumina parcialmente o%O''E5O'. %láudio está trabalhando. =ubitamente, *eatriz bota a carinha naporta. %láudio não vê, mas ela dá uma tossidinha, anunciando"se.

%13456OO que !oi7

*EA'6X

ive um pesadelo.

%13456O@impaciente

%laro, !ica assistindo a esses !ilmes de terror antes dedormir. á vendo o que acontece7

E volta para o computador. *eatriz permanece parada na porta. Ele olha e vê que



ela ainda está lá.

%13456O>ai dormir, vai.

*eatriz !az menção de ir, mas desiste.

*EA'6X

Estou com medo.%láudio se impacienta, mas ao ver o rostinho assustado de *eatriz, !ica tocado.

Ainda permanece indeciso entre a !ilha e o computador, mas, !inalmente, estendeos braços e chama...

%13456O>em com a mamãe.

*eatriz corre e se $oga no colo de %láudio. %láudio a abraça com certodescon!orto, mas a menina se aconchega de tal !orma que ele vai rela)ando eacaba por envolvê"la num abraço carinhoso.

S(. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DIA

%láudio está dando o n; na gravata de &elena.

%13456OO pro$eto está dentro da pasta. Estou mandando umdisquete $unto. Em linhas gerais você $á está sabendodo que se trata. :esmo assim eu quero que !ale omnimo possvel.

&elena tem cara de quem está indo para o matadouro. %láudio termina o laço.

%13456O0ronto9 ]timo9 E quero que você leve isso, também.

%láudio mostra um gravador de bolso.

&E1E-A0ra que7

%13456OPuero que você grave tudo.

&E1E-A0recisa7

%13456O0recisa. Eu tenho que saber os detalhes, sentir o clima.

Ele coloca o gravador no bolso lateral do blazer de &elena. &elena vai até a



mesinha de cabeceira, pega umas !olhas de papel grampeadas e entrega a%láudio.

&E1E-Audo bem. E enquanto eu estou na reunião, vai dandouma olhada nisso.

%13456O

O que é7&E1E-A

A cena do teste. Eles mandaram por !a).

%13456O0W, &elena9

&E1E-A0W, o quê, %láudio7

%13456O

á te !alei. -ão tem condição de eu !azer isso.

&E1E-A*om, nesse caso.

&elena coloca a pasta sobre a cama, tira o blazer e começa a a!rou)ar a gravata.

%13456Oa bém, tá bem. Agora vai.

E vai empurrando &elena.

S+. INT AGÊNCIA / SALA DE REUNIÃO DIA

&elena aguarda enquanto as pessoas e)aminam o pro$eto. -estor !echa a pasta ediz

-E=O'*om... está a. O que vocês acham7 Eu achei genial.

=egue"se um momento de silêncio em que as pessoas vão !echando suas pastas,se arrumando nas cadeiras. 0or !im, :aurcio se pronuncia

:A4'?%6OC... genial...

odos emitem um murm2rio de consenso. :aurcio continua

:A4'?%6O=; que eu acho que tem uns pontos que ainda podemcausar problema com o cliente.



:aurcio olha para ?C<;+)@, com certo receio. Olha em seguida para -estor,que !az um gesto de apoio.

:A4'?%6O@para &elena

=e você me permitir...

&E1E-A

%laro. %ontinue.:aurcio se prepara para !alar. 0or bai)o da mesa, &elena tira o gravador do bolsoe aciona o rec .

S/. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

%láudio en!ia o dedo no stop. Está !urioso.

%13456OEu não disse79 Esses !ilhos da puta estão querendo mederrubar9

&E1E-A>ocê não está e)agerando7 A!inal de contas ele s; deuumas duas ou três sugestDes.

%13456OE com apenas duas ou três sugestDes ele propWsmudar todo o esprito da campanha. A maior su$eira9

&E1E-AEu acho que ele estava querendo a$udar.

%13456O&elena, você não sabe de nada9 Esse é um produtomasculino. Ele tem que ser di!erenciado do resto daprodução. Esse neg;cio de homem usar per!ume, $á émeio constrangedor, se você não acentuar o aspectomasculino, os homens não vão comprar. E além disso,bota na sua cabeça o :aurcio s; está querendoa$udar a ele mesmo.

&E1E-A0ode ser.

%13456OOuve o que eu estou te dizendo. Eu sei como são ascoisas e quando eu digo que é, é porque é.

!!. !J INT AGÊNCIA / SALA DE CLÁUDIO DIA



&elena está sentada < mesa de %láudio. :árcia está < sua !rente. Ela olha para?2<2@ com olhos bem abertos e espertos.

&E1E-A@insegura

:árcia, sinceramente, o que você acha de mim7

:árcia se surpreende com a pergunta.

:3'%6A%omo assim7

&E1E-A A maneira como eu levo as coisas.

:3'%6A*om... você quer saber o que eu acho ou o que aspessoas acham.

&E1E-A

As duas coisas.

:3'%6A As pessoas dizem que você mudou. Eu não sei porqueestou aqui há pouco tempo. 0ra mim, do $eito que vocêé, está muito bom.

&E1E-A:as... que eu mudei como7

:3'%6A

#icou autoritário, vive atropelando a equipe... Eu,particularmente, não ve$o problema nisso. Eu gosto deser atropelada, de vez em quando.

&E1E-AE como dizem que eu era7

:3'%6A5ividia mais a criação, era mais pr;)imo da sua equipe,trabalhava num clima de maior colaboração, maior intimidade, o que eu acho positivo, porque intimidade é!undamental entre as pessoas. >ocê não acha7

&E1E-AC, talvez se$a isso que este$a !altando... pro)imidade,intimidade...

:árcia se a$eita na cadeira, nervosa.

SB. EXT CASA DE CLÁUDIO / PISCINA TARDE



%láudio, com uma peneira, limpa a piscina. *eatriz está sentadinha na borda, demaiW, cabeça bai)a, olhando para a borda.

*EA'6X:ãe. >ocê me acha !eia7

%13456O-ão, claro que não. Puem disse que você é !eia7

*EA'6XOs meninos da escola.

%láudio olha bem para ela. 0ára o que está !azendo e senta"se ao seu lado.

%13456O>ocê é muito bonita, isso todo mundo sabe.

*EA'6XEles dizem que eu sou !eia.

%13456OE)atamente. Os meninos, geralmente, se acham !eios.E quando eles vêem uma garota muito bonita, eles!icam com medo que ela ache eles !eios. Então, o queeles !azem7 =e convencem de que ela é !eia. 0orqueeles querem muito que ela goste deles. :as se ela nãogostar e se eles acharem que ela é !eia, não vai ter tanta importncia, não é mesmo7

*EA'6X>ocê acha que eles me acham bonita7

%13456OEu tenho certeza. =e eu !osse menino eu ia achar vocêmuito bonita.

*EA'6X:as você é menina.

%13456O-ão, eu sou adulta e tenho muita e)periência comessas coisas. =e eu estou dizendo, é porque é.

*eatriz olha para ?% 0(2@, pensa um pouco e sorri. Em seguida, se $oga comespalha!ato na piscina. %láudio observa o corpinho nadando sob a água, etambém sorri, com uma con!ortante sensação de dever cumprido.

SF. INT AGÊNCIA / SALA DE NESTOR DIA

-estor está parado diante da $anela, olhando a bela paisagem que se descortinada agência. :aurcio está sentado.



-E=O'O %láudio é normalmente teimoso, mas acho que essahist;ria do prêmio deve ter abalado muito ele.

Atualmente, além de teimoso, ele está bastanteestranho.

:A4'?%6O-ão sei até quando ele vai insistir com essa idéia da

campanha...-E=O'

A gente tem que estar preparado para tudo. A cada diaque passa, eu sinto o :acedo escorregando pelosmeus dedos.

:A4'?%6Oalvez se$a preciso !azer alguma coisa.

-E=O'Era $ustamente o que eu estava pensando.

-estor vem sentar"se < mesa e encara :aurcio.

-E=O'=e !or preciso, você assume7

:A4'?%6O-ão, espera a, isso é muito delicado. O %láudiosempre !oi o meu che!e, eu devo uma certa lealdade aele.

-E=O'Eu sei, eu sei. :as ve$a bem, é uma emergência, e euquero que você encare isso como um !avor pessoal amim.

:A4'?%6O*em, visto por esse ngulo....

:aurcio dis!arça, mas está nas nuvens.

SH. INT CASA DE PAULA NOITE

0aula está debruçada sobre um mapa astrol;gico. &elena olha atenta.0A41A

C. 0ro!issionalmente não é um bom momento.

&E1E-AEu sei, ele está preocupado. E eu também, porqueacho que ele está dando murro em ponta de !aca.



0A41A%om certeza. Estou vendo no mapa. Agora, você...@pu)a um outro mapa, que estava aberto ao seulado ... pelo visto, está bem.

&E1E-A:ais ou menos.

0A41AE como é que está se saindo com o seu novo corpo7

&E1E-A6ncWmodo.

0A41APuem me dera que isso tivesse acontecido comigo.:as, como diz o ditado U5eus não dá asas a cobra.V

SI. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

ela do computador. :2sica. >emos uma das peças grá!icas da campanha, logoseguida de outra. %láudio, em o!!, !inaliza sua e)planação.

%13456O-ão, você não entendeu. A idéia do harém é irWnica. Cradical e, ao mesmo tempo, bem humorada. Até aqui op2blico alvo deles !oram as mulheres. =; que agoraestão lançando esse novo produto, para homens.Então tem que haver uma mudança de mentalidadenos comerciais. &omem não pensa que nem mulher.

&E1E-AE como é que homem pensa.

%13456O5e maneira mais... mais... masculina. &elena, nãoprecisa entender e)atamente a minha l;gica. C s;passar para eles, do $eito que eu estou te passando.

&E1E-A:as o :acedo continua achando agressivo.

%13456O

A é que está, é uma nova atitude, um cinismo p;s"moderno. 0arece agressividade, mas é uma espécie demeta agressividade, entendeu agora7

&E1E-AEntendi. Eu s; não sei o que as mulheres vão pensar disso.



%13456OO que as mulheres vão pensar ou não vão pensar, nãointeressa. O que interessa é que o produto venda.

&E1E-A:eio selvagem, não acha7

%13456O

C. :as é assim que !unciona.&E1E-A

*om, se você diz...

%13456O>ai por mim.

&E1E-AE... você leu a cena do teste.

%13456O

@desconversando0or alto.

&E1E-AE o que achou7

%13456O6nteressante.

&E1E-A@irritada

%láudio, você não leu9

%13456Oá bom, não li. Eu estou preocupado com a campanha.

A minha vida depende dessa campanha.

&E1E-AE a minha desse teste. Eu $á te avisei é toma lá, dá cá.-ão me custa $ogar essa tua campanha pro alto9

%13456O

@se e)altando Ah, é assim7

@!irmeC.

&E1E-A



%13456O@encarando &elena

Olha, &elena, eu não estou gostando nada dessa suaatitude.

&elena sustenta o olhar, enquanto ouve"se em O##.

&E1E-A @o!!

A é que está, é uma nova atitude, um cinismo p;s"moderno...

BK. INT AGÊNCIA / SALA DE REUNIÃO DIA

Apenas &elena, -estor e :aurcio. &elena termina sua e)planação.

&E1E-A0arece agressividade, mas é uma espécie de metaagressividade, entenderam7

:aurcio e -estor se olham e !icam um momento em silêncio.

-E=O'O que você acha, :aurcio7

:A4'?%6OC, está muito coerente, o conceito está muito bemamarrado.

-E=O'=em d2vida, sem d2vida.

:A4'?%6O=e dependesse da gente...

-E=O'C, mas o :acedo está relutante.

&E1E-A*om, eu tinha passado s; a idéia geral da campanha.

Agora ela $á está totalmente conceituada, com váriaspeças esboçadas e...

-E=O'

-ão sei se a gente pode queimar outro !;s!oro com o:acedo.

:A4'?%6O:as talvez você deva realmente seguir a sua intuição. .Eu, particularmente, estou gostando muito dessematerial.



-E=O'=e você quiser assumir esse risco...

&elena avalia a situação. Enquanto pensa, destaca uma !olha de seu bloco denotas e a amassa. -um gesto sutil, desce a mão para bai)o da mesa. %ontinuaamassando o papel $unto ao micro!one do gravador e, em seguida, desliga oaparelho. -estor e :aurcio aguardam uma posição de ?C<;+)@.

&E1E-AEu gostaria de pensar numa outra opção para acampanha. O que vocês acham7

-estor e :aurcio !icam surpresos.

*om...

-E=O'@com certo alvio

&E1E-A%omo essa campanha $á está encaminhada, a gente

pode ir tocando. O :aurcio se identi!ica com ela, entãoele pode !icar encarregado, sob minha supervisão.Enquanto isso, eu vou trabalhando com a equipe numoutro conceito.

:A4'?%6OEu acho loucura9 -ão vai dar tempo9

-E=O'-ão custa nada tentar. Essa campanha que está a, euacho que o :acedo não aprova, de $eito nenhum.

:A4'?%6O A gente não sabe, talvez aprove.

-E=O'C. :as eu não quero pagar pra ver.

:aurcio tem que se con!ormar. &elena olha para ele com um certo ar de vit;ria.:aurcio a!unda na cadeira, !rustradssimo. =obre sua imagem, ouve"se o somprecário de um gravador portátil

:A4'?%6O @o!!

Eu, particularmente, estou gostando muito dessematerial.

BJ. INTCASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

%láudio está indignado, &elena na e)pectativa.

-E=O' @o!!=e você quiser assumir esse risco...



5o gravador, saem uns rudos estranhos. 4mas e)plosDes, uns chiados e, emseguida, o silêncio.

%13456OO que !oi isso7

&E1E-A-ão sei. 5eve ter dado algum de!eito.

%13456O:as que droga9 E o que !oi que você disse7

&E1E-A5isse que a campanha estava correta e que eu não iame)er uma vrgula.

%13456O>ocê disse isso7

&E1E-A

%laro9 #iz mal7

%13456O-ão, !ez bem. Era o que eu teria dito. E qual !oi areação deles7

&E1E-A%oncordaram.

%13456O%oncordaram97

C. 0or que7

%láudio !ica pensativo.

&E1E-A

%13456OE o -estor7

&E1E-A Achou que é isso mesmo. Pue você está certo.


&E1E-AO que !oi7



%13456O-ão estou gostando. Eu acho muito estranho elesterem concordado assim, de cara. 0rincipalmente o-estor.

&E1E-A@$á a!lita

:as !oi tudo bem, eu estou te dizendo.

%13456OEu conheço o -estor. =e ele não disse nada é por que

$á tomou uma decisão.

&E1E-APue decisão7

%13456OEle vai me !ritar. >ai colocar a besta do :aurcio nache!ia da campanha.

&E1E-A%laro que não9 Eles me deram apoio total.

%13456O6sso é o que você pensa9 C que nem !ilme de caub;iquando !ica tudo muito calmo, muito quieto, é porqueos ndios vão cair em cima. 0reciso pensar em algumacoisa, alguma coisa.

'eação de &elena, apreensiva.

B(. INT SALA DE PAULA DIA4ma carta é virada e aparece a orre.

0A41A @o!!orre9

@ansiosaC bom ou ruim7

&E1E-A

0A41A

A orre signi!ica uma grande trans!ormação. 4matrans!ormação violenta, onde muita coisa pode ser destruda. >ocê tem idéia do que possa ser7

&E1E-A A campanha.

0aula olha para ela interrogativamente.



&E1E-AEu vou me)er na campanha do %láudio.

0A41AE ele está de acordo7

&E1E-AEle não sabe.

0A41A>ocê !icou louca7

&E1E-AO %láudio está numa posição muito di!cil na agência.Ele está metendo os pés pelas mãos e eu tenho que!azer alguma coisa.

0A41A@pessimista

*om, você que sabe...

&E1E-A=e eu não !izer nada ele pode perder o emprego.

0A41AE se !izer você pode perder o marido.

&E1E-A>ocê acha7

0A41A

Eu não acho nada, quem acha são as cartas.

&E1E-A@desesperada

Ai, meu 5eus9 O que é que eu !aço, então79

0A41A%alma.

&E1E-A-ão dá pra !icar calma.

0A41A&elena, talvez você precise se dar um tempo, pensar um pouco menos no assunto, rela)ar, se divertir. >ocêstêm... @e olha signi!icativamente para &elena

&E1E-AO quê7



0A41AOra, o quê9 =e)o9

&E1E-A-ão, claro que não. Pue idéia mais absurda9

0A41A:as você não tem curiosidade7

&E1E-A%uriosidade7

@impacienteCééé....

0A41A

&E1E-A*om... eu sempre tive uma certa curiosidade a respeitodo orgasmo masculino, mas...

0A41AOra, &elena, o orgasmo masculino é aquela coisaanimal e desinteressante que você $á viu in2merasvezes. >ocê nunca teve curiosidade de transar comuma mulher7

&E1E-A:as não é uma mulher, 0aula, sou eu mesma.

0A41A@num crescente entusiasmo

ecnicamente sim. :as genericamente é um corpo demulher e, além disso, > ) ,2 0%5+). C per!eito9 =;de pensar eu !ico louca9

&E1E-A=ossega, 0aula, por !avor9 á tem muita con!usão naminha cabeça, eu não preciso de mais essa.

0A41Audo bem, mas eu te garanto é uma grandeoportunidade.

'eação de &elena. =obre sua imagem, ouvimos a voz de %láudio.

%13456O @o!!:as eu não quero, está entendendo7

B+. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO DIA

%láudio, lendo o te)to para o teste, tenta !azer o melhor que pode.



%13456OEu nunca me entregarei a você. 0re!iro a morte9%analha, canalha9

Ele dá uma con!erida no te)to e lê, numa voz em branco, as !alas do outropersonagem.

%13456O

>ocê vai me perdoar, Lilda. >ocê me ama e o amor pode mais que tudo. @'etomando o tom -unca, nunca9@1endo a dei)a >ocê está resistindo. -ão resista. -ãolute contra o seu dese$o. Ouça apenas o seu coração.>ocê me quer e você sabe disso. -ão quer7 @'etoma otom Eu, eu... eu estou con!usa... @1endo a rubrica

Armando apro)ima"se de Lilda. Ele a toma em seusbraços e dá"lhe um bei$o apai)onado. Lilda !inalmentese entrega.

%láudio $oga o te)to longe.

%13456OEu não vou !azer essa porcaria9 -ão vou9

%orte direto para

B/. BANHEIRO INT/DIA

&elena en)uga o rosto, diante do espelho. %láudio está parado na porta, depi$ama, com o te)to da novela na mão.

&E1E-A%omo, não vai !azer7

%13456O@$usti!icando

Olha, eu não sou atriz. E mesmo se !osse, esseneg;cio é a pior coisa que eu $á li em toda minha vida.

&E1E-A%láudio, eu não vou discutir, eu tive um dia muitocon!uso e estou e)austa. :as eu quero te dizer umacoisa você vai !azer ,+0, e vai !azer +52+6). Eutambém não sou publicitário, mas estou !azendo o teu

papel. Estou !azendo o melhor que posso e não tenhonem a droga de um te)to, por pior que se$a, pra mea$udar. 0ortanto, o mnimo que você pode !azer édecorar isso que está a e não inventar problema,porque pra mim também não custa esquecer daquelaagência, da campanha, de tudo, entendeu7

%13456OEntendi.



&elena devolve o te)to para ele.

&E1E-A5e agora em diante n;s vamos ensaiar todas as noites.E durante o dia você vai começar a assumir, de umavez, o seu papel de dona de casa e de mãe. #azer compras, levar *eatriz na natação, no curso de inglês,na terapia, etc.

%13456Oudo bem, tudo bem...

&E1E-AE tem mais uma coisa, amanhã você vai dar um $eitonesse cabelo. Está horrvel.

%13456O%abelo79

&E1E-A

Eu vou marcar com o AntWnio %arlos e te aviso a hora.

%13456O0era, &elena. Esse neg;cio de cabelo...

&elena $oga a toalha sobre a bancada da pia.

&E1E-A*oa noite.

E sai. %láudio entra no banheiro, coloca o te)to sobre a mesma bancada, abre atorneira e se olha no espelho. 6nstintivamente, passa a mão pelo cabelo. =uspira,in!elicssimo.

BS. MONTAGEM

%láudio está completamente vendido no %A*E1E6'E6'O. =entam ele na cadeira,en!iam"lhe um guarda p; de plástico e lhe dão uma revista. 0ara seu desespero,uma revista !eminina. Ele quer protestar, mas ninguém lhe dá atenção.

&elena, na ALT-%6A, con!erencia com a equipe de criação. O tele!one toca. Elaatende e, quando !ala, o som sobe durante parte do diálogo.

&E1E-A-ão, a calça de linho bege e o vestido de viscosa eumandei para a lavanderia. >ai com aquela saia verde ea aquela blusa branca sem gola. :as vê se arruma umsapato que combine9

A equipe olha para ela, estranhando muito. &elena sorri e continua a reunião.

%láudio no =40E':E'%A5O. Ele está indeciso entre dois produtos. Acaba



$ogando os dois dentro do carrinho. Em %A=A, %ida vai tirando da sacola, um porum, os produtos que %láudio comprou e desaprovando tudo. 'eação de %láudio.

&elena, pelo corredor da ALT-%6A, com 12cia atrás. Ela atende o celular. O somsobe em seguida.

&E1E-A@enérgica

-ão vai raspar não. >ai depilar. 0ede cera quente, qued;i menos, mas vai depilar sim. Eu não abro mão9

As crianças na aula de natação. :ães estiradas em cadeiras < beira da piscina.%láudio, diante de uma barra de ginástica, prepara"se para um pouco de e)erccio.

Algumas mães passam a prestar atenção nele. -um pulo, ele pendura"se nabarra. %om es!orço, consegue içar o corpo alguns centmetros e !inalmente tentauma manobra que acaba num pequeno desastre.

-a sala de p;s produção da ALT-%6A, &elena e equipe e)aminam a edição deum vdeo. &elena está ao tele!one.

&E1E-A-ão, querida, é assim mesmo. á tomou o remédio7...Então coloca uma bolsa de água quente e descansa.Puando começar a descer mais, melhora. :as agoranão tem $eito, tem que esperar.

5esliga. A equipe está olhando para UeleV. &elena $usti!ica.

&E1E-AEla so!re muito com a menstruação.

A equipe !ica na mesma.

%láudio está de cama, arrasado, com uma bolsa de água quente e váriosremédios sob a cabeceira. *eatriz aparece na porta. Ele, lacrime$ante e dramático,estende os braços para a !ilha.

&elena, na agência. Ao seu lado, um rapaz trabalha um programa grá!ico nocomputador. Ela dá instruçDes que ele vai e)ecutando.

%láudio, no cabeleireiro, !az as unhas, enquanto tagarela com um bando demulheres. -o quarto de *eatriz, os dois assistem a um !ilme horripilante. Estão sedivertindo muito. -o supermercado, ele !az as compras com rapidez e decisão. -oclube, estirado numa espreguiçadeira, espalha protetor solar no corpo e bai)a os

;culos escuros para ver umas bundas, que vão se encaminhando para a piscina.*eatriz aparece na borda e ele acena. Em casa, com o te)to da cena nas mãos,ensaia diante do espelho e, por um momento, pára e !ica admirando os cabelos.

BB. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

&elena entra, e)austa, e grita, se anunciando



&E1E-A%heguei9

A sala está vazia. A mesa do $antar está posta. %ida aparece, mal humorada.

&E1E-AOi, %ida. Está tudo direitinho7

%65Aá.

&E1E-A&elena !oi no supermercado7

%65A#oi.

&E1E-A>ocê con!eriu tudo7

%65A%on!eri.

&E1E-A*eatriz $á tomou banho7

%65Aá, sim senhor.

&E1E-A>ocê arrumou as roupas como eu te pedi7

%65A&um, hum.

&E1E-A#ez a sopa de ervilha7

%65A@e)plodindo

Escuta, seu %láudio, a dona &elena que é a dona&elena, parou, graças a 5eus, de pegar no meu pé.

Agora começa o senhor9 enha paciência9 E se osenhor quer saber, eu não !iz a sopa de ervilhas.

@surpresa-ão !ez7

&E1E-A



%65A-ão. 5ona &elena disse que detesta ervilhas. E se eladisse pra não !azer, eu não !aço. O senhor medesculpe !alar assim, mas ela é que é a dona da casa eeu tenho que obedecer a uma pessoa s;, senão eu vou!icar maluca, se é que $á não estou.

E sai.

BF. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

Puando &elena abre a porta do quarto, ouve o grito de %láudio. O corpinho de*eatriz voa no espaço e aterrissa na cama. *eatriz ri e grita ao mesmo tempo.


%láudio está vestido em seu uni!orme de $udW, com várias dobras nas mangas enas pernas para se adaptar ao seu novo corpo.

%13456OOi, amor9

*eatriz se recupera e agarra %láudio.

*EA'6Xe peguei, te peguei9

%13456O:e solta9

*EA'6X

-ão solto, não solto.

%13456OEntão você vai ver9

%láudio en!ia os braços por dentro dos de *eatriz, se livra do abraço, gira o corpoe aplica um golpe nela. O corpo de *eatriz voa sobre os ombros de %láudio e vaiaterrissar novamente na cama.

&E1E-A=erá que dava pra vocês brincarem em outro lugar7 Eu

queria dar uma descansadinha antes do $antar.*EA'6X

=; mais um pouquinho.

&E1E-A-ão, de $eito nenhum. 0ro banho $á, *eatriz.



*EA'6X0W, pai, que saco. Eu achei que você estavamelhorando, mas $á está !icando chato outra vez.

%láudio e &elena se olham, meio constrangidos. *eatriz sai batendo a porta.

%13456O5esculpe. A gente estava se divertindo.

&E1E-AEu acho ;timo. =; que eu tive um dia de cão. 0egueiesse trnsito de volta. Estou precisando de um poucode sossego.

%13456OEu sei como é. A vida é dura no mundo dos neg;cios.-ão são apenas almoços elegantes, muita ação, onome nos $ornais... C duro, mesquinho e dá trabalho.-ão é como um an2ncio de autom;vel, parece mais uman2ncio de remédio. Acertei7

&E1E-AC, mais ou menos...

&elena !ica pensativa e preocupada.

BH. INT CASA DE PAULA NOITE

0aula tenta a$udar &elena.

0A41A:as e da7

&E1E-A5a que eu não estou agQentando, 0aula. C muitapressão. Eu não sei se a campanha vai dar certo, se%láudio vai dar conta desse teste, *eatriz me tratacomo se eu !osse uma insensvel, além de débilmental. Eu estou me sentindo sozinha. =ozinha e malpaga...

E começa a chorar. 0aula abraça a amiga.

0A41A0u)a, &elena, não !ica assim. -ão sei por que vocêtinha que querer assumir todas essasresponsabilidades. :ania de oana 5[Arc. >ocêreclamava que o %láudio não dava atenção a vocês, eagora você está !azendo o mesmo.



&E1E-AEu sei, eu sei... Ainda bem que eu tenho você, minhaamiga.

=e abraça mais ainda a 0aula. 0aula a bei$a, tentando consolá"la. &elena retribui.Os bei$os vão se sucedendo até que, num momento, os lábios se encontram eacontece um bei$o longo, de verdade.

0A41A@a!astando"seO que !oi isso7

&E1E-A@também surpresa

-ão sei...

0A41AEu também não, mas eu gostei. E você7

&E1E-A

0aula, eu...

0A41ALostou ou não gostou7

&E1E-A0era, não se trata disso.

0A41AEu nunca me senti atrada por um homem, mas derepente...

&E1E-AO que é que você está !alando79

0A41AC um corpo de homem, com uma cabeça de mulher. Evocê também se sentiu atrada, con!essa.

&E1E-A-ão9 %laro que não9

0A41A

Ah, não7 Então o que é isso a7

Aponta para a parte bai)a do corpo de &elena. &elena cruza as pernas,envergonhada.

&E1E-A-ão sei, não depende de mim.



0A41AOra, &elena, você diz que não !az mais se)o com o%láudio, desde que isso começou. Então. >ocê estáprecisando.

&E1E-A-ão, não tem nada a ver.

0A41Aem tudo a ver. C a sua chance. E é a minha também.:inha 2nica chance de ir para a cama com um homem.4m caso heterosse)ual com a minha melhor amiga9 Cper!eito9

&E1E-A0aula, não delira9

0A41AEu tenho que delirar. C uma e)periência que ninguémnunca teve. C como... como... a erra vista da 1ua9

&E1E-Audo bem, 0aula, mas vamos dei)ar pra lá.

0A41A0or que, você não quer7

&E1E-A-ão, não quero.

0A41A

á bom, eu desisto, mas se você dei)ar eu !azer uma2ltima tentativa. Eu vou bei$ar você de novo. =e vocênão quiser mesmo, não se !ala mais nisso.

&E1E-A0aula, não vale a pena...

0A41A>ocê tem que se dar essa chance, &elena. >ocê émuito certinha. C por essas e outras que a sua vidaestá desse $eito.

&E1E-A0aula, eu...

&elena balança um pouco diante do argumento de 0aula. -ão consegueresponder. 0aula se apro)ima, senta"se ao lado dela novamente. &elena nãoreage. 0aula apro)ima seus lábios do dela e a bei$a. &elena !ica tensa. 0aulaentão vai subindo a mão pela perna de &elena, até chegar na virilha. &elenageme, !echa os olhos. 0aula continua acariciando &elena. O corpo de &elena vai



se contraindo, até que ela atira"se sobre 0aula, deitando"se por cima dela no so!á.Ela bei$a 0aula com !uror, mas de repente, novamente se a!asta.

0A41A@quase aos gritos

O que !oi agora799

&E1E-A

0aula, não vai dar. á bom, eu estou com vontade, euadmito. :as é demais pra minha cabeça.

0A41A-ão complica, &elena9 >ocê tem mania de complicar as coisas9

&E1E-A0ois é, eu sou assim.

0A41A>ai ser uma !rustração horrvel para mim, essa coisa

pela metade. >ou acabar tendo que ir pra cama comum homem.

&E1E-A0ode ser bom pra você.

0aula en!ia o dedo na garganta para mostrar o seu desagrado.

0A41A Arrrg9 Arrg999

&E1E-A0aula, desculpa, eu te amo, você sabe, mas é que...

0A41Aá bom, &elena. -ão está mais aqui quem !alou. >ocênão quer, tudo bem, eu respeito.

&E1E-Aalvez não se$a o momento propcio...

0A41A@apontando para bai)o

0elo que eu estou vendo, o momento é mais do quepropcio. @dá outra olhada -ossa9 :uito mais.

&elena olha, perple)a, para o mesmo ponto e tem uma reação de pro!undodesnimo.



&E1E-A4ma coisa eu tenho que admitir agora eu entendo oshomens.

BI. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

-a cama, %láudio está com a cara en!iada num livro. &elena, ao seu lado, comum livro no colo, tensa e pensativa. 5e repente ela conclui

&E1E-A-;s estamos precisando de se)o.

%13456OO quê7

&E1E-AC isso mesmo que você ouviu.

%13456O0or que isso agora7

&E1E-A&á quanto tempo a gente não transa7

%13456O=ei lá... Pue importncia tem isso7

&E1E-A:uita. -;s estamos passando por uma série deproblemas... A convivência com esses corpos novos,as tensDes... Estamos com os nervos < !lor da pele.

%13456O>ocê, eu não9

&E1E-Audo bem. Eu, então. %láudio, eu estou precisando.>ocê não7

%13456O-ão, eu estou muito bem assim. Estou preocupadocom a campanha, s; isso.

&E1E-AEu também, com a campanha, com o teste, e alémdisso, não consigo dormir direito, com essa... essa...a!lição, esse... @olha para bai)o .neg;cio. %láudio,você podia !acilitar um pouco.



%13456OE por quê7 Puando era comigo você não se importava.-ão dava a mnima9 Eu s; !altava implorar. #altava,não9 Eu implorava9 E nem assim.

&E1E-A0ois é, por isso mesmo.

%13456OOlha, &elena, eu queria poder te a$udar, mas nãoposso.

&E1E-A0or quê999

%13456O0orque... ora... porque... estou com dor de cabeça.

&E1E-A-ão vem, não9 Eu conheço essa desculpa9

%13456O&elena, não insiste, que coisa9 -ão !ica bem. Além domais, quanto mais você insistir, mais vai se sentir re$eitada. Eu sei.

&E1E-A-ão se$a por isso. Eu $á estou me sentindo re$eitada.&á quanto tempo você não me procura7

%13456O

Eu agora sou mulher, não tenho que procurar ninguém9Puem tem que procurar é você.

&E1E-A0ois é. Eu estou te procurando.

%13456O:as não pode ser assim U%omo é que é7 >mo lá7V

Assim eu não quero, não tem o menor clima.

&E1E-Audo bem, a gente !az um clima. E !aço um clima9

%13456O5e $eito nenhum. 5eus me livre9

&E1E-APual é o problema, %láudio. Olha, eu te garanto nãovai doer. E pode ser até muito bom.



%13456O-ão é questão de doer.

&E1E-AE qual é a questão7

%13456O%om... %omo é que eu vou olhar pros meus amigos7 E

se alguém !icar sabendo799&E1E-A

-inguém vai !icar sabendo. Eu não vou contar praninguém, prometo.

%13456O@e)altadssimo

-ão vai contar porque você agora é homem. :asquando virar mulher outra vez, vai contar sim que eusei. %omeça contando pra 0aula. A 0aula, que é uma!alastrona, vai se encarregar de contar pra todomundo...

&E1E-A%láudio, pára com essa loucura9 -;s somos casados,ninguém tem nada a ver com o que a gente !az ou não!az na cama. Além do que... seria uma oportunidade2nica. 4ma e)periência que nenhum ser humano teveaté agora. %om os corpos trocados, pensa bem... seriacomo... @lembra do exemplo a erra vista da 1ua.

%13456O

-ão delira, &elena.&E1E-A

A gente devia tentar.

%13456O5e $eito nenhum9

&E1E-A0or quê7

%13456O

>ocê acha que eu7...

0erde as palavras, por um instante, mas logo retoma, indignado.

%13456O-ão há hip;tese9

@suplicante:as, por quê77999

&E1E-A

%13456O

>ocê sabe.



-ão9 -ão sei9

%láudio e)plode

&E1E-A

%13456OEm português claro eu nunca gostei UdissoV a @apontapara a parte de bai)o do corpo de &elena, e não vaiser agora, entendeu7

&elena contra ataca.

&E1E-A:as, $ustamente9 Agora você é mulher.

%13456O0osso até ser. :as tudo tem limite9

&E1E-A

@num desnimo Ai, meu 5eus9

%13456O&elena, você me conhece há anos, respondesinceramente eu tenho cara de quem gosta desseUneg;cioV7 @apontando

&E1E-A%láudio, qualquer pessoa no mundo que olhasse pravocê agora diria que ,+0. Pue você tem cara de quemgosta desse Uneg;cioV.

%13456O@de!initivo

&elena, vamos parar por aqui9

E vai saindo.

&E1E-A%láudio, por !avor9 6a ser tão bom...

%13456O

Losto não se discute9



&E1E-A6a !azer bem pra você.

%13456O@indignado

Era s; o que !altava9

&E1E-A

@suplicante6a !azer bem pra mim...

%13456OEsquece.

5izendo isso, %láudio retira"se indignado para o banheiro. &elena suspira e lançaum olhar comprido e triste para o tal Uneg;cioV.

. INT CASA DE CLÁUDIO / BANHEIRO NOITE

%láudio $oga água no rosto e es!rega com energia. A água escorre, molhando seucolo. Ele pega a toalha, num gesto igualmente brusco e começa a se en)ugar.

Abre o pi$ama para en)ugar o peito. %omeça a se en)ugar mas, subitamente, sedetém. =ua atenção é atrada pelo espelho. Ele !ica olhando o pr;prio corpo. Olhaos seios com curiosidade. :esmo sendo seus, ele se sente incomodamenteatrado. Ele toca os pr;prios seios. =eus olhos descem para bai)o. =uas mãosacompanham. Ele se observa. 5epois de um momento, olha"se novamente noespelho e !ica con!uso. -um gesto rápido, pendura a toalha no gancho e apaga aluz.

FJ. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO / COZINHA

MADRUGADAPuarto na penumbra. 4ma panormica mostra &elena dormindo. -a %OX6-&A,%láudio está diante de um copo de leite, absorto e um tanto deprimido. *eatrizaparece na porta.

%13456OO que !oi, !ilha7 Acordou7

*EA'6X>im beber água.

%láudio levanta"se, pega um copo e enche com água do !iltro. *eatriz senta"se.%láudio estende o copo para ela. *eatriz pega o copo e dá um gole.

*EA'6X:ãe... aquela hist;ria de eu ser bonita... deu certo.

%13456O%omo deu certo7



*EA'6XEu e o 'odrigo... >ocê conhece o 'odrigo.

%13456O-ão.

*EA'6X Aqueeeele.

%13456OPual7

*EA'6X*om, não interessa. O que interessa é que a gente está!icando.

%13456O#icando o quê7

*EA'6X

-ão é !icando o que, mãe. C !icaaanndo.

%13456O Ah... Pue bom. E como é esse 'odrigo7

*EA'6XEle tem um sYate.

%13456OPue ;timo.

*EA'6XEle me emprestou uns %5s.

%láudio se mostra apropriadamente impressionado.

*EA'6XE me bei$ou.

%13456Oe bei$ou99

*EA'6X

5uas vezes.

%13456O@um pouco aturdido

E... !oi bom7



*EA'6X-o começo !oi, mas depois ele en!iou aquela lngua naminha boca.

%13456O5e lngua799 Ele te bei$ou de lngua799

*EA'6X

:eio no$ento, né.%13456O

C... realmente...

*EA'6X>ocê e o papai se bei$am de lngua.

%13456O A gente se bei$a, mas...

*EA'6X

Cécaaaa9999

%13456O:as n;s somos adultos, é di!erente. Os adultos, <svezes, gostam de determinadas coisas que...

*EA'6X6rrrc9... @reconsidera E é bom7

%13456OC... quer dizer...

*EA'6X0ois é. #oi o que o 'odrigo disse. Ele disse que com otempo eu vou me acostumar.

@preocupadoEle disse isso7

%13456O

*EA'6X5isse. @bei$a %láudio chau, mãe, adorei a conversa.

%13456O0era, *eatriz. Olha, se esse 'odrigo quiser...

*EA'6XPuiser o quê7

-ada.

%13456O@se dando conta do e)agero

*eatriz manda mais um bei$inho para ele e vai saindo.

%13456O



raz ele aqui uma hora, pra eu conhecer...

*eatriz sai, dei)ando %láudio atWnito e muito, muito incomodado.

F(. INT AGÊNCIA DIA

&elena não está com boa cara. Está sentada < sua mesa, olhando para o vazio. A porta se abre e :árcia pDe a cabeça para dentro, sorridente.

:3'%6AOlá9

Oi.

@lacWnica

&E1E-A

:3'%6AEstou atrapalhando7

&E1E-A-ão. =enta a. Aliás, eu estou precisando mesmo!alar com alguém.

:árcia senta"se, com uma certa e)pectativa.

&E1E-A:árcia, você acha que as mulheres sentem menos!alta de se)o do que os homens7

:árcia arregala os olhos, surpresa com a pergunta de ?C<;+)@.

:3'%6A*em...

&E1E-A0orque e)iste esse !olclore de que os homens estãosempre dispostos e preparados, e as mulheres não.

:3'%6A6n!elizmente, essa não tem sido a minha hist;ria,mas... você não pre!ere que eu encomende umapesquisa7



&E1E-A-ão, não é o caso. C mais um assunto pessoal,mesmo.

:3'%6A Ah...

&E1E-A

>ocê sabe que tem um !undo de verdade7 5eve ter aver com anatomia. >ocê se importa de conversar sobreisso7

:3'%6A-ão, muito pelo contrário.

&E1E-AEu não pensava muito sobre esse assunto, masultimamente...

:3'%6A

Eu penso nisso o tempo todo.

&E1E-AEntão, talvez você possa me a$udar...

:3'%6A A hora que você quiser.

&E1E-A... a entender... C como se você marcasse um encontroem lugares e horas di!erentes. Eu acho muito

complicado, principalmente num casamento.:3'%6A

>ocês têm tido... problemas7

&E1E-A>ocê nem imagina9 E agora essa hist;ria. Essadi!erença entre os se)os, <s vezes, atrapalha9

:3'%6A5epende.

&E1E-A-o momento, está sendo di!cil. udo muito di!cil.

:3'%6Aalvez você este$a precisando se soltar, se divertir,esquecer um pouco as responsabilidades...



&E1E-A-uma boa, :árcia, estou mesmo.

:3'%6A A gente podia sair, !azer alguma coisa...

&E1E-A Acho ;timo. &o$e eu tenho que estudar com a *eatriz,

que ela vai ter prova. Amanhã7:3'%6A

Amanhã tem a !esta.

F+. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

%láudio pára por um instante o seu trabalho.

%13456O#esta7 Pue !esta7

&E1E-AEu tinha me esquecido. 0ara comemorar os prêmios.

%13456OPue prêmios7 -ão teve prêmio nenhum9

&E1E-A-ão teve você. A agência ganhou quatro prêmios.

%13456O:uito pouco.

&E1E-AOs outros premiados não acham. E é um motivo paraconvidar os clientes, !azer um pouco de relaçDesp2blicas.

%13456OC melhor você não ir, depois daquele ve)ame dapremiação, vai ser muito constrangedor pra mim.

&E1E-A0ra você, mas pra mim não. Além do mais, eu estou

precisando me divertir.

@apreensivo5ivertir, como7

%13456O



&E1E-A5ivertir, ora9 A nossa vida $á está muito di!cil, muitodeprimente. C bom sair. =e soltar um pouco.

@preocupado=e soltar, como7

%13456O

F/. INT BOATE NOITE A porta se abre. Entram %láudio e &elena. %láudio, mau humoradssimo. &elena!eliz, animada, $á se balança ao som da m2sica, o que aumenta o mau humor de%láudio. -estor vem recebê"los. 5á dois bei$inhos em %láudio, que reagepessimamente e, achando que !ala com %láudio, vai in!ormando &elena

-E=O'Pue bom que você veio. Olha, está a o 0ei)oto, o -ilo,o presidente da Loldman... á todo mundo a. Asmulheres são chatssimas. @5irigindo"se ao casal>amos lá.

Atencioso, -estor pega ?H2<2'%@ pelo braço.

-E=O' A nossa mesa é aquela.

%láudio se desvencilha discretamente de -estor, mas ele, sendo cavalheiro,insiste. %láudio então não se contém

%13456O0W, -estor9 á me estranhando9

E a, -estor estranha, realmente. %láudio segue adiante, ainda mais carrancudo.

FS. INT BOATE NOITE

:2sica alta. -a mesa de -estor, vários publicitários. A conversa rola. Os homensriem ruidosamente, as mulheres sorriem. :as %láudio continua calado, num mauhumor incontornável. Em parte porque, na pista de dança, &elena se esbaldanuma coreogra!ia aprimorada, mas pouco masculina. Ela dança com :árcia, queestá entusiasmadssima.

%O'E 5E=%O-?-4O.

%láudio está a!undado na cadeira com um copo de usque vazio nas mãos. -amesa, ao seu lado, os restos de um coquetel de !rutas delirantemente decorado.&elena e :árcia chegam e se sentam.

:3'%6A=eu marido arrasa na pista9

@grunhindoC, eu sei...

%13456O

&elena chama um garçom que está passando.



&E1E-A:ais um coquetel de !rutas, por !avor.

%láudio $á não tem mais como e)pressar seu desagrado. &elena ataca ocanudinho e suga o que restou do coquetel na taça. %láudio se inclina para !alar em seu ouvido.

%13456O-ão está pegando bem pra mim.

&E1E-AO que7

%13456O>ocê dançando desse $eito. á muito a!rescalhado.

&E1E-A%láudio, não chateia9 5ei)a eu me divertir em paz, tá70or que você não tenta se divertir também, em vez de!icar a com essa cara7

A cara de %láudio !ica um pouco pior e ele dá um generoso gole no usque.

%O'E 5E=%O-?-4O.

:2sica romntica. -a mesa, vários coquetéis de !rutas vazios. &elena tagarelacom :árcia. =ubitamente, ouvem"se os acordes de U-e_ `orY, -e_ `orY. Osoutros casais se levantam. &elena, animada, levanta"se também. %láudiopermanece sentado, mergulhado no mesmo mau humor.

&E1E-AEssa você vai dançar comigo.

%13456O5e $eito nenhum.

&E1E-A=; essa, vamos.

%13456O@!rio

-ão. :uito obrigada.

&elena reage, indignada.



&E1E-A&elena... você está insuportável, sabia7

:árcia registra o impasse. %láudio percebe e sugere

%13456O0or que você não dança com a :árcia7 >ocê seimporta, :árcia7

:3'%6A-ão, pelo contrário.

&elena !uzila %láudio com o olhar, enquanto vai indo com :árcia para a pista. -apista, &elena coloca"se em posição de dança, o que dá uma certa con!usão pois,tanto ela quanto :árcia, prepararam"se para ser conduzidas. &elena percebe oerro e corrige"se a tempo. %omeçam a dançar meio desa$eitadamente, mas:árcia não se importa nem um pouco com isso.

%O'E 5E=%O-?-4O

:2sica lenta. :árcia ap;ia a cabeça languidamente no ombro de ?C<;+)@.:3'%6A

%omo é que estão vocês dois7

&E1E-A Assim, assim...

:3'%6A%asamento é um problema.

&E1E-A

Gs vezes, é mesmo.

:3'%6A0or isso eu !aço questão de preservar a minhaliberdade. 0osso ir pra qualquer lugar, transar comquem quiser... C a melhor coisa.

&E1E-A5eve ser.

:3'%6A

>ocê devia e)perimentar.&E1E-A

Eu sou casado.

:3'%6AE da7 #az bem para o casamento.



&E1E-AC... pode ser...

:3'%6A A &elena não aproveita o marido que tem.

&E1E-A-ão7...

:3'%6A%laro que não. =empre tensa, mau humorada. =e !ossecomigo...

&elena começa a !icar um tanto incomodada com o rumo da conversa.

:3'%6A=abe que eu sempre tive tesão em você7

&E1E-AC79... Eu nunca notei9

:3'%6A%omo não7 E os olhares que você me dava7

&E1E-APue olhares79

:3'%6A5esde que eu entrei para a agência. %hegava a metirar o sono.

&elena !ica surpresa com essa in!ormação.&E1E-A

C mesmo7

:3'%6A>ai dizer que não sabia7

&E1E-A*om...

:3'%6A

=abia sim... %laro que sabia...

:árcia apro)ima a boca do ouvido de &elena e sussurra

:3'%6Aesudo...



&E1E-AO que79

:3'%6A@ainda sussurrando

>ocê ouviu...

E en!ia a lngua na orelha de &elena. -o primeiro momento &elena !ica

paralisada, enquanto :árcia se enrosca nela. Em seguida, a!asta"se e olha :árcianos olhos. :árcia sorri. E leva, imediatamente, um sopapo. 4ma bo!etada sonoraque !az com que ela desequilibre e caia. Abre"se logo uma roda. %orreria geral.

FB. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

&elena está atirada no so!á. %láudio anda de um lado para o outro.

%13456O#oi um escndalo, um verdadeiro escndalo9

&E1E-A5esculpe.

%13456OEu nem sei com que cara eu vou olhar para o pessoalda agência.

&E1E-A=ou eu que vou olhar, %láudio.

%13456O

0ois é, mas é com a minha cara que você vai olhar. =;de pensar eu... -ão duvido nada que o -estor entreguelogo a campanha para outra pessoa. O :aurcio deveestar rindo <s gargalhadas.

&E1E-AEu e)plico tudo pro -estor.

%13456OE)plica o quê7 Pue a :árcia estava cantando o seumarido7

&E1E-A-ão sei, %láudio. E por que não7

%13456O%omo assim7



&E1E-A Acho que a gente devia contar para o -estor. 6a sermuito mais !ácil pra mim, pra você...

%13456O-em pensar9

&E1E-A

Eu contei pra 0aula.%13456O

>ocê contou799 :as a gente não tinha combinado que...

&E1E-A%láudio, a 0aula é minha amiga. A gente tem queaprender a con!iar nas pessoas.

%13456OE como ela reagiu7

&E1E-A#icou meio con!usa, mas reagiu muito bem. Está medando a maior !orça.

%13456O:as o -estor é di!erente.

&E1E-AEle não é teu amigo7

%13456O

C.&E1E-A

Então, amigo é pra essas coisas. %onta pra ele, ele vaientender.

%láudio não parece muito convencido.

FF. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

-estor está sentado no so!á e sua e)pressão é de completo estranhamento.

-E=O'-ão entendi.

%13456O0ois é, n;s também não sabemos e)plicar o quehouve, mas o !ato é que eu agora sou ela, e ela sou eu.



-estor olha espantado para os dois, mas depois sorri.

-E=O'>ocês estão de brincadeira comigo7

%13456O-estor, olha bem pra mim. >ocê acha que eu ia brincarcom uma coisa dessas7

-estor olha para %láudio sem saber o que responder. 5epois olha para &elena.

-E=O'@para &elena

%láudio, que hist;ria é essa7

%13456O@nervoso

0Wrra, -estor, eu tW te !alando, ?2<2@ é &elena.

-estor $á mostra sinais de impaciência. %láudio apela para a mulher.

%13456O&elena, me a$uda, por !avor.

&elena senta"se ao lado de -estor. Ela pega as mãos de -estor entre as suas.-estor registra o gesto, incomodado.

&E1E-A-estor, querido, é verdade, eu sou &elena.

-estor retira suas mãos de entre as mãos de &elena e rapidamente se levanta,totalmente em guarda.

-E=O'@para &elena

%láudio, olha, eu espero que isto se$a uma brincadeira,uma brincadeira de mau gosto, mas uma brincadeiraNporque se não !or, eu acho que você devia se tratar.

Aliás, vocês dois. E tem outra coisa não me metamnessa hist;ria9

%13456O-estor, você não está entendendo.



-E=O'@para %láudio

Eu entendo, &elena. Eu entendo que o casamento devocês pode estar chato, que vocês podem estar querendo partir pruns neg;cios di!erentes e tudo omais. :as este su$eito aqui @aponta Helena está nomeio de uma campanha, uma das maiores campanhasque nossa agência $á pegou...

%13456OC e)atamente sobre isso que eu queria !alar.

-E=O':as quem está !alando agora sou eu. E eu quero tedizer uma coisa. Eu não vou perder este cliente.0ortanto eu acho melhor n;s esquecermos toda estaconversa. Eu vou sair por aquela porta e vamos !azer de conta que eu não estive aqui. e dou mais cinco diaspara aprontar essa campanha e eu, espero, %láudio,para o seu pr;prio bem, que você este$a preparado

para continuar assumindo suas responsabilidades.

&elena lança um olhar para %láudio, que está arrasado. Ela tenta intervir em !avor do marido.

&E1E-A@apro)imando"se de -estor

-estor.

-E=O'@alarmado

-ão9 #ica a9 Eu estou indo.E vai saindo.

%13456OEu te levo no carro.

-E=O'-ão precisa.

-estor sai rapidamente, batendo a porta. %láudio e &elena se olham, in!elizes ebastante preocupados.

FH. INT CASA DE PAULA DIA

&elena está $ogada no so!á da sala, num desalento absoluto.

0A41AE a7



&E1E-A-ão sei, 0aula. Eu estou tocando a campanha do $eitoque posso.

0A41AO %láudio não descon!ia de nada7

&E1E-A

-ão, eu botei outra equipe tocando o pro$eto dele. 0raele, está tudo seguindo normalmente.

0A41AE você acha que vai dar certo7

&E1E-A@desanimada

:ilagres acontecem.

0A41AE por que não7 O que está acontecendo com vocêsnão é uma espécie de milagre7

&E1E-A-ão. C uma espécie de pesadelo R da pior espécie.

FI. INT AGÊNCIA DIA

&elena vem andando pelo %O''E5O', quando dá de cara com :árcia. :árciaimediatamente !az meia volta. &elena vai atrás dela.

&E1E-A:árcia9

:árcia entra numa sala, &elena a segue. A =A1A está vazia. :árcia, ao ver&elena entrar, avisa

:3'%6A-ão se apro)ime9 Eu !aço um escndalo, dou quei)ana delegacia.

&E1E-A%alma, :árcia.

:3'%6A=e você me encostar a mão eu...

&E1E-A-ão, :árcia, eu quero te pedir desculpas. Eu não seiporque eu !iz aquilo. Eu e &elena estamos passandopor um momento muito di!cil. 5esculpe.



:3'%6AEu te conheço, %láudio, o que você está querendo élivrar sua barra aqui dentro.

&E1E-A-ão, :árcia, eu estou querendo que você me perdoe.>ocê sempre !oi super legal comigo, sempre tentou mea$udar...

:3'%6A Ainda bem9 6magine se eu tivesse tentado te atrapalhar.Estava morta, a essa altura9

&E1E-A:arta, você é uma mulher muito bonita e muitoatraente. =e eu olhava pra você de certa maneira éporque é impossvel não !icar olhando para você. =e eunão !osse casado, você seria a primeira da minha lista.

:3'%6A

%láudio, eu dispenso essa conversa !iada.

&E1E-AEu estou !alando sério. -ão é s; um discurso, não temninguém ouvindo a gente. Eu queria continuar sendoseu amigo, s; isso.

:árcia olha para ?2<2@, tentando avaliar a sinceridade de suas palavras.

&E1E-A A minha situação aqui na agência está precária, muitoprecária. :as, de qualquer $eito, aconteça o queacontecer, eu queria que você, que n;s...

:3'%6AOlha, %láudio, !rancamente, eu não estou tereconhecendo.

&E1E-A-ão7...

:3'%6A>ocê costumava ser mais con!iante. Puem !oi que

disse que sua situação está precária7

&E1E-A0or causa da campanha, :árcia. Eu acho que estoumetendo os pés pelas mãos.



:3'%6A>ocê estava, sim. :as a nova campanha... A equipeestá entusiasmada. Está todo mundo trabalhando nomaior gás. Até eu estou entusiasmada. A visão quevocê tem da mulher... %on!esso, eu nunca haviapensado nisso, eu mesma sempre me considerei umaespécie de ob$eto do homem. :as ultimamente eutenho pensado...

&E1E-Aura7

:3'%6AEu não tenho o menor motivo pra te agradar. Estou!alando o que eu acho R o que todo mundo acha.

&E1E-A:árcia, eu... eu...

&elena não tem palavras para e)pressar sua !elicidade. -um mpeto, ela abraça

:árcia e, em seguida, a bei$a calorosamente na boca.

&E1E-A:árcia, muito obrigado. Eu...

E vai saindo, no mesmo entusiasmo. :árcia ainda está perple)a. Ela leva osdedos aos lábios como se quisesse ter certeza de que havia sido bei$ada. &elenase dá conta.

&E1E-AOlha, :árcia, não é nada disso. #oi s; para... selarnossa amizade.

:3'%6AEu sei. Eu entendi. 5e qualquer maneira, eu vouguardar o selo na minha coleção.

E sorri para &elena. &elena entende que está tudo bem. =orri de volta e sai.

HK. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO NOITE

%láudio está trabalhando !reneticamente nos papéis da campanha. &elena

aparece na porta, radiante.&E1E-A

Oi, amor, cheguei.

Oi.

%13456O@mal tirando os olhos do material



&E1E-AEstá tudo bem7

%13456O-ão, mas vai !icar. Estou terminando o pro$eto. Elespensam que vão me pegar, mas eu pego eles na curva.

&E1E-A

%omo assim7%13456O

:arquei um encontro com o :acedo. =; eu e ele. Evocê. C claro.

&E1E-A@surpresssima

>ocê marcou799

%13456OEu disse que era sua secretária. 6nsisti muito, disse queera caso de vida ou morte, !alei os diabos, e consegui.Ele marcou um $antar, na casa dele.

&E1E-A:as, por que isso7

%13456OEu tenho certeza de que se eu encontrar o :acedo,cara a cara, e e)plicar a campanha direitinho, todo oconceito, os detalhes, mostrar cada peça, ele vai topar.

&E1E-A%láudio, você não acha melhor, primeiro, mostrar parao -estor7

%13456O-ão. O :aurcio andou !azendo a cabeça do -estor. O-estor é capaz de condenar a campanha e eu voumorrer na praia. %om o :acedo é di!erente.

&E1E-A>ocê tem certeza7

%13456OEu conheço a cabeça de cliente. =e eu estou dizendo éporque é.

&E1E-A:as... o -estor é que pode não gostar nada disso.



%13456O>ai gostar sim. =e der certo ele vai arrumar um $eito degostar.

'eação de &elena, abaladssima.

HJ. INT CASA DE PAULA DIA

0aula também está ansiosa e preocupada.0A41A

E agora7

&E1E-A-ão sei. -ão tenho a menor idéia. O pior é que ligaramda televisão, marcando o teste.

0A41AE o %láudio7

&E1E-A5isse que vai !azer. Eu estou praticamente obrigandoele. =e ele não !or no teste, eu não vou no :acedoque, pra complicar, está marcado para o mesmo dia.

0A41A:eu 5eus9 :as o %láudio, pelo menos, está estudandoo papel, está ensaiando7

Está.

&E1E-A@desanimada

0A41AE como vai indo7

&E1E-AEu pre!iro não !alar sobre isso.

'eação de 0aula.

H(. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DIA

%láudio está diante do espelho, com o te)to na mão.

%13456O%analha, canalha9

%láudio não gosta da entonação. enta outra.

%13456O%analha, canalha.



ambém não gosta. %hega a abrir a boca para tentar uma terceira, mas ésubitamente acometido pelo mais pro!undo desnimo.

%13456O Ai, meu 5eus...

H+. INT AGÊNCIA / SALA DE CLÁUDIO DIA

&elena está reunida com a equipe. 4m rapaz, mostra para ela, duas opçDes delaout para uma peça grá!ica. &elena está indecisa. %om um gesto, ela solicita aopinião da equipe. odos, ao mesmo tempo, apontam para um dos laouts.&elena sorri para o rapaz, como se dissesse UEstá resolvidoV.

H/. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO DIA

%láudio trabalha entusiasmado no computador. *eatriz está ao seu lado. Ele olhapara a !ilha, coloca ela no colo e continua trabalhando. *eatriz olha, !ascinada, as!ormas coloridas que %láudio vai mostrando na tela.

HS. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO NOITE

&elena e %láudio ensaiam. %láudio, com o te)to na mão, se movimenta sob aorientação de &elena. =eus gestos são tmidos e ela, tentando manter a calma,vai corrigindo, mostrando para ele a maneira correta.

HB. INT RESTAURANTE DIA

&elena e 0aula diante de suas respectivas saladas.0A41A

Então está tudo certo7

&E1E-AEstá. #alta apenas o %láudio aprender a representar direito, a equipe me entregar o material a tempo e eudescobrir o que !azer com o %láudio no $antar com o:acedo, que vai ser, apro)imadamente... @consulta orel;gio daqui a umas cinqQenta e poucas horas.

0A41A>ocê acha que vai conseguir7

&E1E-A As chances são mnimas. Além do que, o %láudiorepresentando é uma coisa que está além da minhaimaginação.



0A41A@tentando imaginar

C, pensando bem...

&E1E-A0aula, pode ser egosmo, mas eu estou maispreocupada com o meu teste do que com a campanhado %láudio. O %láudio é um pro!issional respeitado e

sempre vai ter outra chance. Agora, outro papel comoesse, eu vou ter que esperar anos para aparecer. =eaparecer.... Eu daria tudo para estar nesse teste. Eu,com o meu pr;prio corpo. -ão sei por quanto tempomais a gente vai conseguir levar essa situação

0A41AEu tenho consultado um monte de livros esotéricos,atrás de uma solução para o caso de vocês.

&E1E-AE o que você descobriu7

0A41AOs livros nem tocam nesse assunto.

&E1E-A:uito animador.

HF. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

arde da noite. A casa está na penumbra. ardins, ante"sala, corredores.

%13456O @o!!%analha, canalha9

&E1E-A @o!!>ocê vai me perdoar, Lilda. Ouça o seu coração. >ocême quer e sabe disso. -ão quer7

%13456O @o!!Eu, eu, ......

-a sala, %láudio recua. &elena avança lentamente, apro)imando"se de %láudio.

%13456OEu estou con!usa,,, con!usa...

&elena toma %láudio nos braços. >ai bei$á"lo. Puando os lábios se tocam %láudiose a!asta.



&E1E-AO que !oi dessa vez7

%13456OEu vou ter mesmo que bei$ar o cara7

&E1E-A>ai, está no script.

%13456O:eio esquisito, né7

&E1E-A%láudio, não dá mais tempo pra !icar indeciso, vai"não"vai. Esse é nosso 2ltimo ensaio. Agora é tudo ou nada.

Amanhã é o teste e o $antar com o :acedo. Ou a genteperde ou a gente ganha. =; depende da gente.

%13456O%om o :acedo, tudo bem, o meu trabalho está pronto.

C s; levar e mostrar. :as esse teste... Eu nunca !iz umneg;cio desses, estou nervoso.

&E1E-A0or isso que a gente está ensaiando.

%13456OEu sei, eu sei. :as esse neg;cio do bei$o...

&E1E-AOlha, !az o seguinte não pensa no bei$o. -ão pensa

em nada. =e concentra s; na personagem.%13456O

á, tá...

#echa os olhos.

%láudio !echa os olhos.

&E1E-A

&E1E-A Agora rela)a, solta o corpo, respira bem !undo...

%13456O&um, hum...

Ele respira !undo. A voz de &elena continua em O##.



&E1E-A...e imagina que você está no século passado, na salade uma casa antiga, lu)uosa, com papéis de parede!loridos, m;veis austeros, lustres de cristal...

:2sica vai subindo, enquanto a descrição !eita por &elena vai caindo em *L.

HH. INT ESTDIO DIA

O cenário corresponde ao descrito por &elena uma sala de época, !orrada compapéis de parede, m;veis de época, lustres, etc. 0or bai)o da m2sica, começamosa ouvir trechos do diálogo. U%analha, canalha.V U>ocê vai me perdoar sim, Lilda.>ocê me ama e o amor pode mais que tudo. -ão resista. -ão lute contra o seudese$o.V -um plano pr;)imo, o rosto de um homem e)cessivamente maquiado,vestido em roupa de época. 'enato, o ator que contracena com %láudio, suamuito e parece a!lito.

'E-AOOuça apenas o seu coração. >ocê me quer e vocêsabe disso. -ão quer7

%láudio, com um penteado de época, num vestido de época, está inteiramenteacuado. 'enato se apro)ima mais ainda. %láudio recua.

'E-AO-ão quer77

%13456OEu... eu não sei... Eu estou con!usa...

A voz do diretor e)plode no talY bacY

56'EO' @o!!&elena, o que é que está acontecendo7

%13456O%omo assim7

56'EO' @o!!>ocê não recua. >ocê !ica parada, hipnotizada, e vai seentregando aos poucos. -ão !oi isso que n;scombinamos7

%13456O#oi... mas... :e desculpa. @para 'enato 5esculpa.

'E-AO@solcito

udo bem. Agora vai dar certo.

'enato !az um gesto a!irmativo.



56'EO' @o!!O. >amos de novo.

%O'E 5E=%O-?-4O

-a =4?E, o 5iretor con!ere a hora, impaciente. Ele !az um gesto de desespero elança um olhar a!lito para o diretor de imagem. -as telas, 'enato, mais uma vez,está caçando %láudio pelo cenário. Ele consegue agarrar %láudio pela cintura. O5iretor !az um gesto de alvio. O diretor de imagem corta para um plano maispr;)imo. O plano !echado mostra o es!orço de 'enato que, suando em bicas,continua tentando o assédio. -o E=856O, a luta prossegue. %láudio, $áencurvado para trás, evita o contato, empurrando discretamente o corpo de'enato. 'enato vai dando as mesmas !alas UOuça o seu coração, etc.V e procura,por todos os meios, levar a cena até o bei$o, mas sem muito sucesso. -a =4?E, o5iretor grita pelo micro!one do talY bacY

56'EO'-ão, não, não9 0ára9 0elo amor de 5eus, &elena...

-o E=856O, a cena pára outra vez. 'enato $á está dando sinais de impaciência.

5epois de um silêncio rápido, mas constrangedor, ouve"se novamente a voz do5iretor.

56'EO' @o!!>amos ensaiar de novo. Eu vou a.

%láudio !az um gesto para 'enato, se desculpando. 'enato tenta manter asimpatia, mas sem o mesmo resultado.

%O'E 5E=%O-?-4O

Ambiente do est2dio. Lravação parada. :aquiador e cabeleireira aproveitam para

dar mais uns retoques em %láudio. -um canto mais a!astado, o 5iretor dáinstruçDes a 'enato.

56'EO' Ataca. 0ega na marra.

'E-AO0W, ela pode !icar chateada.

56'EO'E da7 -ão quer ser atriz7 em que agQentar. Alémdisso, eu não sei você, mas eu quero $antar em casa. Apr;)ima eu não paro. >ai !icar valendo, dê no que der.

'E-AOudo bem. >ocê é quem manda.

Os dois se separam. 'enato vai para o cenário e o 5iretor para a sute. %láudio!ica olhando, apreensivo.



%O'E 5E=%O-?-4O

-a =4?E, o diretor acompanha a cena através dos monitores. 'enato tenta maisuma investida. %láudio, representando a personagem, reage

%13456OEu sou capaz de perdoar tudo, menos traição. raiçãonunca9

'enato toma as mão de %láudio e pu)a"o com !orça para si.

'E-AO>ocê vai me perdoar sim, Lilda. >ocê me ama e oamor pode mais que tudo.

%13456O@tentando se a!astar

%analha, canalha9

O 5iretor passa a mão pelo rosto, num gesto de desespero. -o E=856O, a luta

continua e 'enato consegue enlaçar %láudio.'E-AO

>ocê está resistindo. -ão resista. Ouça apenas o seucoração. >ocê me quer. -ão quer7

%13456O@resistindo

Eu, eu... eu estou con!usa...

'enato segura a cabeça de %láudio e !orça a apro)imação dos lábios. %láudiotenta ainda se desvencilhar, mas 'enato o agarra, imobilizando seus braços. %om%láudio imobilizado, 'enato inclina"se rapidamente e gruda seus lábios nos de%láudio. %láudio, eno$ado, os olhos arregalados, recebe o bei$o sW!rego de'enato.

HI. INT/EXT RUA / BANHEIRO / SALA / QUARTO NOITE

A água cai com !orça. &elena está debai)o do %&4>E6'O. O carro de %láudioentra na LA'ALE: e !reia bruscamente. %láudio se atira para !ora. -o*A-&E6'O, &elena gira a torneira, !echando a água. Ela pega a toalha ao lado dobo). %láudio entra pela 0O'A da casa, esba!orido. 0assa pela =A1A

desabotoando o vestido e se livrando dos sapatos. 0De a cara na porta da%OX6-&A. %ida está colocando o $antar de *eatriz. Ele dá um alW para elas ecorre para o P4A'O. Entra. &elena está saindo do banheiro, enrolada na toalha,en)ugando a cabeça.

&E1E-A%omo é que !oi7 á estava preocupada.



%13456O#oi legal.

&E1E-A1egal como7

%13456O&elena, depois a gente conversa. Estou super

atrasado.&E1E-A

0or que demorou tanto7

%13456O%abelo, maquiagem, atrasou a iluminação...

&E1E-APue cabelo é esse7

%13456O

Eles tiveram que enrolar... Onde é que está aquelevestido de preto de alça que eu usei outro dia7

&E1E-A:andei pra lavanderia. >ai entrando no banho que euescolho a roupa.

%13456O-ão vou tomar banho, não vai dar tempo.

&E1E-A

>ai tomar banho sim e lavar a cabeça. Eu não vou comesse cabelo para o $antar.

%láudio dá uma con!erida no espelho.

%13456O-ossa9

%láudio vai indo para o banheiro. &elena grita

&E1E-A0era9 E o teste7

%13456OOu eu tomo banho ou !alo do teste.

&E1E-Aá bom. 5e qualquer maneira, eu pedi pro -estor meconseguir uma c;pia.



%láudio, que $á tinha disparado para o chuveiro, volta.

%13456O0ediu pro -estor97 %omo assim7

&E1E-AO -estor conhece todo mundo lá na televisão. Elepediu e eles vão mandar o teste pra mim, assim que

!ita estiver editada.%13456O

Puando7

&E1E-A Amanhã, eu acho.

%láudio !az, mentalmente, uns cálculos.

%13456Oudo bem.

E volta para o banheiro. 5iante da reação de %láudio, &elena !ica um poucodescon!iada.

IK. INT CASA DE CLÁUDIO / ESCRIT#RIO / SALA NOITE

%láudio entra como uma !lecha, escrit;rio adentro, ainda en!iando o pé no sapatoe a$eitando a alça do sutiã. 0ega um %5 que está ao lado do computador. ira ooutro do drive e o coloca numa cai)a.

&E1E-AEstá tudo a7

%13456OEstá. >amos logo, que $á estamos atrasados.

%láudio passa os %5s para &elena, que os coloca na pasta. %láudio vai saindo.-o caminho pega o notebooY em cima da mesa e passa para &elena.

%13456O1eva você, que eu estou de bolsa.

&E1E-A%laro.

Ele sai na !rente. &elena apaga a luz e !echa a porta.

IJ. EXT FRENTE CASA DE MACEDO NOITE

O carro pára. &elena desliga o motor. %láudio, a!lito, dá as 2ltimas instruçDes.



%13456O-ão dei)a ele respirar. Puanto mais você !alar dacampanha, mais chances a gente tem. Eu vou !icar doteu lado dando os apartes.

O, patrão.

=aem do carro.

&E1E-A

I(. INT SALA DE MACEDO NOITE

5-A 541%E, mulher de :acedo, toca um sininho e aparece uma criada deuni!orme. Enquanto a criada recebe instruçDes, :acedo resolve atacar o assunto.

:A%E5OE a campanha, a!inal7

&elena responde com segurança.

&E1E-AEstá completamente conceituada. emos te)tos,roteiros, peças grá!icas, tudo dependendo apenas deaprovação para começar a ser produzida.

%láudio não resiste e intervém.

%13456OE é preciso que se$a aprovada o quanto antes, poisteria um mês para preparar tudo e lançar na melhor época. 5epois o mercado desacelera e a o $eito éesperar o pr;)imo semestre.

:acedo se surpreende com a intervenção de ?H2<2'%@. Ele e a esposa trocamolhares. A esta altura, a criada volta trazendo uma bande$a com ca!é.

&E1E-A0ois é. &á um consenso na agência...

%'6A5A Aç2car7

&E1E-A=im. @aponta %láudio 0ara ela, adoçante.

A criada tem um momento de indecisão, mas e)ecuta a ordem do ?0%5+)@.&elena continua.

&E1E-A&á um consenso de que é necessário se !azer algumasmodi!icaçDes no conceito da campanha.



%13456O%omo é que é97

:A%E5O A sua tendência era de !azer uma campanha deimpacto, mais agressiva...

%láudio, outra vez, não se contém.

%13456O6sso mesmo. =; que seria mais uma espécie de metaagressividade. 4ma coisa debochada, descontrada,alegre, e)pressando uma nova atitude. 4m tipo decinismo p;s"moderno

&E1E-A:as, mesmo assim, poderia soar um tantopreconceituoso, pois chegou"se a conclusão que oproduto seria, em grande parte adquirido por mulheres,para dar de presente a namorados, maridos, amantes...

0or isso n;s decidimos partir para um outro tipo deabordagem.

%13456OO quê97 Puem decidiu7

&elena não responde, apenas sorri. :acedo e 5ulce, novamente, trocam olhares.&elena continua.

&E1E-AE n;s conclumos também que, mesmo que a outralinha se adequasse ao produto, não se adequava aoper!il da sua empresa.

:A%E5OEntendo...

%13456O0era. O que está na prateleira para ser vendido é oproduto.

&E1E-A=; que n;s achamos que não valia a pena

descaracterizar a marca.%13456O

@cada vez mais con!uso:as... ', quem97



&E1E-A A!inal de contas, a médio e longo prazo, é com a marcaque o consumidor se identi!ica.

:A%E5OE)atamente.

%13456O

Pue hist;ria é essa7999:A%E5O

@para &elena, levantando"se A gente podia passar para o escrit;rio, o que é quevocê acha7 5ulce, você podia levar &elena paraconhecer o $ardim.

&E1E-A>ai, amor.

%13456O:as eu estou interessada...

5-A. 541%E&elena, é melhor n;s irmos para o $ardim. Os homensgostam da nossa colaboração, mas até certo ponto.

%13456O:as, mas...

5-A. 541%EEu quero te mostrar minhas begWnias. Estão tão lindas,

que parecem de plástico.E vai conduzindo o relutante %láudio para o $ardim.

:A%E5O@para &elena

>ocê trou)e algum material sobre a campanha7

&E1E-A@pegando no notebooY

rou)e.

:A%E5O]timo.

Puando vai abrir a porta do escrit;rio...

I+. INT FRENTE CASA MACEDO NOITE



&elena abre a porta do carro. Estão os quatro do lado de !ora da casa, $unto aocarro. -o rosto de :acedo, um sorriso orgulhoso ao apertar a mão de &elena.

:A%E5O0arabéns, %láudio, você e sua equipe !izeram umtrabalho maravilhoso.

&E1E-A

Obrigado.5na. 5ulce !az um gesto positivo e c2mplice para %láudio, que tem uma meiad2zia de begWnias nas mãos e parece completamente anestesiado. :acedocontinua.

:A%E5O Amanhã quero estar pessoalmente na agência, para aaprovação da campanha.

&E1E-A Até amanhã, então.

:A%E5O Até amanhã. E vamos combinar outro encontro.

%om prazer.

Eles entram no carro.

&E1E-A

5-A. 541%Echau, &elena. >olte sempre.

%13456O@numa reação tardia

Obrigada pelas begWnias.

O carro parte.

I/. EXT CARRO NOITE

&elena está apreensiva. Ao seu lado, %láudio permanece em silêncio. &elenaarrisca.

&E1E-A>ocê está chateado7

%13456O%hateado7 -ão... 0or que eu ia estar chateado7 Acampanha !oi aprovada, o cliente está satis!eito...%omo o cliente tem sempre razão...



&E1E-A-ão é disso que eu estou !alando.

%13456O Ah, claro9 >ocê deve estar !alando do !ato de ter meapunhalado pelas costas, de ter me !eito de idiota, deter abusado da minha con!iança7 *obagem. -ãoesquenta com isso não...

&E1E-A%láudio, do $eito que estava, a campanha não ia ser aprovada...

%13456OE agora !oi. ]timo.

&E1E-A-ão era isso que você queria7

%13456O

Era7 -ão sei... =e eu !osse eu, eu saberia, mas comoeu não sou mais eu, quem deve saber é você.

'eação de &elena. O carro se distancia, em velocidade.

IS. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA NOITE

%láudio e &elena chegam em casa. %lima pesado.

&E1E-AEu s; queria te dizer uma coisa...

%13456O&elena, desculpa, eu não quero !alar sobre isso agora.Eu vou precisar de um tempinho pra digerir esteassunto. 5aqui a um mês ou dois, quem sabe...

&E1E-A@insistindo

Eu vou !alar, assim mesmo.

%13456O*em...

&E1E-AEu entendo que você este$a com raiva de mim. :as euquero te dizer que se tudo deu certo, você deveagradecer < sua equipe. Eles são e)celentes pessoas,e ;timos pro!issionais.

@seco Eu sei.

%13456O

0ausa.



%13456OEu podia pelo menos ver o que você e este e)celentegrupo de pro!issionais !ez com a minha campanha7

&E1E-A%laro.

&elena vai até a mesinha do hall pegar o notebooY, mas tem sua atençãodespertada por um outro volume. 4m envelope escrito U0ara &elenaV.


Abre o envelope e retira de dentro uma !ita de vdeo com um bilhete. &elena lêrapidamente o bilhete.

A !ita doteste.

%láudio dá um pulo.

&E1E-A

%13456O:as não iam mandar s; amanhã7

&E1E-AO -estor deve ter insistido e conseguiu ho$e. enhoque agradecer a ele.

E vai se encaminhando para o aparelho. %láudio tenta impedir.

%13456O

0era, a gente não ia ver o material da campanha7

&E1E-A>ai vendo a. Eu quero ver o teste.

%oloca a !ita no aparelho. 'eação de %láudio, angustiado.

%O'E 5E=%O-?-4O

A sala está na penumbra. Ouve"se o áudio da televisão.

%13456O @o!!

Eu sou capaz de perdoar qualquer coisa, menostraição.



&elena não parece muito entusiasmada, assiste < cena !riamente, procurandoanalisar, com isenção, a per!ormance de %láudio.

%13456O @o!!raição nunca9

4m pouco atrás de &elena, %láudio também assiste, muito apreensivo. A cenacontinua. -a E1A 5A >, 'enato se es!orça

'E-AO @>>ocê vai me perdoar sim, Lilda. >ocê me ama e oamor pode mais que tudo.

%láudio recua.

%13456O @>%analha, canalha.

'enato cerca %láudio. &elena, assistindo, estranha.


%láudio não se digna a responder. Apenas grunhe qualquer coisa.

&E1E-A#oi o diretor que !ez essa marcação7

Puando &elena olha novamente para a E1A 5A >, %láudio está nos braços de'enato, que tenta desesperadamente bei$á"lo. &elena assiste, incrédula <resistência de %láudio.

&E1E-A:as o que é isso79

%láudio nem se preocupa em responder. A atenção de &elena é logo atrada peloque está acontecendo na cena. Ou se$a

-a E1A 5A >, %láudio está imobilizado por 'enato, 'enato inclina"serapidamente e o bei$a com violência. >emos o close de %láudio, horrorizado, edepois um corte para um plano mais a!astado, do casal se bei$ando. 'enato dácontinuidade ao bei$o, mantendo %láudio preso entre seus braços. :as,subitamente, %láudio !az um movimento com o corpo, en!ia seus braços entre osbraços de 'enato, libertando"se. #az o corpo de 'enato girar e agarrando"o pelo

ombro e pela cintura, atira"o por cima da cabeça, com o mesmo golpe que haviaaplicado em *eatriz. 'enato voa no espaço e vai aterrissar !ora do cenário,arrastando uma mesa e algumas cadeiras que estavam em seu caminho. Acmera acompanha sua tra$et;ria, enquadrando as outras cmeras, re!letores,técnicos e equipe. 5epois, desorientada, volta a enquadrar %láudio que, comenorme asco, passa as costas da mão sobre a boca. -este ponto, ouvimos um clice a tela se escurece.



-a =A1A, &elena está com o controle remoto nas mãos, os olhos !i)os, a bocaainda aberta. %láudio olha para ela, inquieto, e arrisca um aparte.

%13456O A cena continua...

&elena vira"se para ele e repete, meio catatWnica

&E1E-A%ontinua7...

%13456OEu digo pra ele não me encostar mais a mão, que dalipra !rente tudo vai mudar e que eu virei outra mulher. Aeu vou até ele e...

&E1E-A@interrompendo

%láudio, não !ala nada. -ão !ala mais nada...

%13456O@desesperado

O que você queria que eu !izesse7

&elena responde procurando ainda se conter.

&E1E-AO que eu queria que você !izesse7.. Eu queria...talvez... que você tentasse, pelo menos tentasse,de!ender o meu emprego, como eu tentei de!ender oseu.

%13456O:as eu tentei9

&E1E-A@levantando"se, !uriosa

-ão9 >ocê enterrou de!initivamente minha 2nicachance, em anos, de ter um bom papel na televisão.0or que você !ez isso7

%13456O&elena, eu nem sei direito o que eu !iz... #oi uma

inspiração de momento. Eu interpretei a cena do meu $eito, seguindo minha intuição. -ão !oi isso que você!ez com a campanha7

&E1E-A-ão compare o que eu !iz com o que você !ez9



%13456O-ão estou comparando.

&E1E-A]timo.

%13456O=; que... que... Eu não sei o que dizer...

&E1E-A-ão sabe o que dizer...

%13456OC...

&E1E-A-ão precisa dizer nada.

&elena se levanta, ainda em estado de choque, acende as luzes e nota o !lash dasecretária eletrWnica marcando dois recados. Ela aciona. %láudio ainda tenta

contemporizar.

%13456O=e eu puder !azer alguma coisa...

&elena !az um sinal para ele !icar quieto. Ouvimos uma voz soturna.

>OX @o!!&elena, aqui é da produção da novela... C que... o seuteste $á !oi mostrado para o 5ario, o diretor geral, eele... *om, é melhor você vir aqui pessoalmente e !alar com ele. Ele marcou amanhã por volta das três.*om...chau. Obrigado.

'udo. &elena aciona a pausa.

&E1E-Aa uma coisa que você pode !azer por mim. >ocêpode ir lá amanhã e ser cruci!icado no meu lugar.

%13456O@constrangido

udo bem.

&elena solta a pausa. Ouvimos a voz de -estor.

-E=O' @o!!%láudio... é -estor. 5esculpe te tele!onar a essa hora,mas é que o :acedo acabou de me ligar... Eu não sei oque aconteceu, mas ele quer ir amanhã na agênciapara aprovar a campanha. =e você não chegar muitotarde me liga. =e não a gente se vê amanhã. chau.



%13456O@ainda mais constrangido

&elena...

&E1E-A0ode dei)ar, eu vou estar lá amanhã. Eu sei que éimportante para você. >ou !azer o que tiver que ser !eito, o melhor que eu puder.

%13456OObrigado.

&E1E-A-ão precisa agradecer. C a minha maneira de ser, e eunão vou mudar. 5o mesmo $eito que você não vaimudar a sua.

5iz isso e sai. %láudio !ica arrasado. Ouvimos a porta do quarto bater. %láudiosuspira pesadamente. Em seguida vai ao vdeo, aperta o e$ect e tira a !ita. Eleolha a !ita com rancor e repete, com violência

%13456OEu sou uma besta9 Eu sou uma besta9

4m movimento chama sua atenção. Ele percebe *eatriz que está parada naentrada do corredor, olhando para ele.

%13456OO que !oi7 :ais um daqueles !ilmes7

*eatriz apenas !az um sinal a!irmativo com a cabeça.

%13456O>ocê $á e)perimentou ler um livro antes de dormir7

*eatriz !az que não.

%13456OEntão vamos para a cama. Eu leio pra você.

*eatriz dá a mão a ele. %láudio vai apagando as luzes. Enquanto eles vão saindo,ouve"se em *L a voz de %láudio.

%13456O @o!!5eitada sobre o cogumelo, de braços cruzados, alagarta verde !umava tranqQilamente um cachimbopersa.

IB. INT CASA DE CLÁUDIO / SALA / QUARTO DE BEATRIZNOITE

A cmera, em movimento, mostra a =A1A vazia. Em seguida, &elena que dorme,



no P4A'O.

%13456O @o!! A lagarta e Alice olharam"se durante um bom tempo,sem dizer nada. 0or !im, a lagarta tirou o cachimbo daboca e perguntou a Alice " UPuem é você7V

-o P4A'O 5E *EA'6X, %láudio dorme com o livro aberto no colo. -a capacolorida, o ttulo UAlice no 0as das :aravilhasV. *eatriz dorme abraçada ao pai.

%13456O @o!! Alice respondeu com certa hesitação UEu... Eu nomomento não sei bem... Eu sei quem eu era quandolevantei esta manhã. :as passei por uma série detrans!ormaçDes, depois disso.

A cmera vai mostrando o quarto até voltar a %láudio e *eatriz, dormindoabraçados ainda, mas numa posição ligeiramente di!erente. O te)to em O##continua durante esse movimento.

%13456O @o!!UO que você quer dizer com isso7 E)plique"se.V "ordenou a lagarta, severamente. U-ão sei e)plicar nema mim mesma, porque eu não sou eu, compreende.U-ão compreendo nada9V " protestou a lagarta. U'eceionão poder e)plicar mais claramenteV " disse Alice commuita delicadeza " U0orque eu mesma nãocompreendo...V

Antes que o te)to chegue ao !inal, começa uma #4=O 0A'A

IF. INT AGÊNCIA / SALA DE REUNIÃO DIA

&elena está ansiosa, embora o clima < sua volta se$a de !esta. A assinatura docontrato degenerou numa comemoração. :acedo, -estor, :aurcio, :árcia, maisalgumas mulheres e outros homens, !uncionários da agência e da :::acedo.&elena, com grande es!orço, procura ter uma atitude que não destoe. -estor seapro)ima.

-E=O'%láudio, essa é mais uma que eu !ico te devendo. #oium golpe de mestre atacar diretamente o :acedo. 0or que você não me avisou7

&E1E-AEu não sabia se ia dar certo.

-E=O'0or isso mesmo, uma decisão arriscada... eu devia ter sido consultado, você não acha7



&elena !ica sem resposta.

-E=O'*om. :as o que importa é que o :acedo estásatis!eitssimo com a campanha. 'asgou elogios9

&elena !az um es!orço para sorrir.

-E=O'Lrande garoto9

-este momento, %láudio aponta na porta.

-E=O'*om, eu vou ali !alar com o pessoal.

E sai. %láudio vai entrando e cumprimentando todo mundo, inclusive pessoas queele, sendo ?H2<2'%@, não deveria conhecer. %láudio se apro)ima de &elena.

%13456O

Oi, querido9&elena mal cumprimenta, irritada com a alegria de %láudio. Ele cumprimenta delonge mais umas duas ou três pessoas e arrasta ela para um canto.

%13456OPuer saber como !oi na televisão7

&E1E-A-ão. Puando chegar em casa você me conta.

%13456O

Eu vou contar agora.

E vai levando &elena para uma outra sala.

IH. INT AGÊNCIA / SALA DIA

Entram numa sala que está vazia.

&E1E-AEntão7

%13456OO diretor detestou o seu teste.

&E1E-A-ovidade...

%13456OE mostrou para o 5ario, o diretor geral.



&E1E-Aá sei...

%13456OO 5ario achou que o que você tinha !eito...

&E1E-AE tinha !eito7

%13456O0ra todos os e!eitos...

&E1E-Audo bem.

%13456OEle achou que o que você tinha !eito, não tinha nada aver com a personagem, nem com o te)to...

&E1E-A

0osso imaginar.

%13456O:as que era e)atamente o que ele estava procurando.4ma personagem !orte, decidida, independente...'esumindo você está contratada.

&elena pensa não ter ouvido direito.

%ontratada9

%láudio continua, animadssimo.

&E1E-A

%13456OC. E essa é a melhor parte. #ui tratar do seu contratocom o produtor da novela. 5emorou uns quarentaminutos. O cara saa da sala, voltava, dizia que tinhaque consultar o 5ario, ia, vinha, aquela palhaçada toda.:as eu !iquei !irme e ele não teve outro $eito.

&E1E-APuanto9

%13456OPuerida, você é o segundo maior salário do elenco.

&elena grita de alegria.

%13456OO cara deve estar arrasado até agora...



II. EXT /INT MONTAGEM TARDE

Alguns locais da cidade num ensolarado !im de tarde, verdadeiros cartDes postais.=obre as imagens, as vozes de %láudio e &elena.

&E1E-A @>OE a gente podia tirar umas !érias.

%13456O @>O6r passar um !im de semana em algum lugar com a*eatriz.

&E1E-A @>O Assistir uns vdeos...

%13456O @>O#alando nisso eu olhei o material da campanha.

&E1E-A @>O-ão está ;timo7

%13456O @>OEstá. :as eu não !aria daquele $eito.

JKK. EXT CASA DE CLÁUDIO TARDE

@%ontinuação da cena anterior O carro estaciona ao lado na garagem da casa, dolado de !ora. &elena pu)a o !reio de mão.

&E1E-A Ah, não7 O que é que você não !aria.

%13456OEu não !aria uma coisa tão convencional.

&E1E-A%onvencional, %láudio7 =; se !or na sua cabeça.odos gostaram da campanha, e muito.

%13456OO cliente gostou, mas... do que é que o clienteentende7

&E1E-A0or que esse desdém, %láudio. 0orque não !oi vocêquem !ez7

%13456OE porque querer valorizar tanto uma simplescampanha, porque !oi você quem !ez7



&E1E-A Ah, talvez se$a esse o problema !ui eu que !iz. >ocêsempre tentou me convencer de que eu não era capazde !azer coisa nenhuma, nem mesmo atuar.

%13456OOra, &elena, qualquer um pode ser ator, todo mundosabe disso.

&E1E-AE qualquer um pode ser publicitário também. =e a débilmental que s; consegue ser atriz na vida, conseguiucriar uma campanha de sucesso, é porque qualquer umpode. E você, esses anos todos, posando de gênio...

%13456OEu nunca disse que era gênio9

&E1E-A=; não dizia, por !alsa modéstia, pois !azia sempre

questão de dei)ar claro que era. Eu devia ser umabesta, mesmo, porque você me enganou, %láudio.

%13456O Ah, é7 0ois você também me enganou, &elena. 0orqueeu nunca pensei que você !osse capaz de se tornar uma pessoa tão traiçoeira e mesquinha. Eu podiadescon!iar do :aurcio e de mais um bando naquelaagência, mas eu não sabia que eu tinha umaverdadeira vbora dentro de casa.

&E1E-A-ão se$a mal agradecido, %láudio, eu te salvei. 0orqueaquela tua campanha era uma merda9

%13456O=e é assim, eu também te salvei, porque se !osse vocêque !osse !azer aquele teste, com essa sua mania debancar a boazinha, pra ninguém saber quem você é deverdade, o teste teria sido um !racasso. Aliás, eu mepergunto se não !oi por causa dessa sua personalidaded2bia que a sua carreira !oi pro bre$o.

&E1E-AEu te odeio, %láudio, e se eu não !osse o dobro devocê eu te metia a mão na cara.

%13456O>ocê não me mete a mão na cara porque sabe que eusou !ai)a preta e que, pra mim, tamanho não édocumento.



&E1E-A6mbecil9 *abaca9

%13456O:ascarada9 Escrotinha9

&elena parte pra cima de %láudio. Ele, num $ogo de corpo, desvia e &elena cai.Ele pula sobre &elena. &elena pega %láudio pelos cabelos e !az ele rolar para o

chão. Ele imobiliza os braços de &elena, que !az !orça para se desvencilhar. A!orça de &elena é superior e %láudio tem que colocar toda sua energia e perciapara não dei)ar que ela se desprenda. 0or um momento, a coisa !ica equilibrada,com ambos adversários usando o limite de suas !orças. Os dois se olham comdesa!io, sem despregar os olhos um segundo, os rostos pr;)imos um do outro, arespiração descontrolada, até que, num movimento impensado e em per!eitasincronia, as duas bocas se unem num bei$o selvagem. Os braços a!rou)am. Elesse olham, surpresos, desconcertados. &á um momento de indecisão, mas logo seatiram um ao outro, novamente, com so!reguidão, aos bei$os, rolando pelo tapeteda sala, livrando"se das roupas com uma urgência desesperada.

JKJ. EXT / INT CASA DE CLÁUDIO TARDE

#rente da casa. *eatriz chega da escola, acompanhada por %ida. -a sala, elasconstatam a desordem, intrigadas. &á coisas cadas por todo lado e, no chão,algumas peças de roupa, que %ida se apressa em recolher. *eatriz olha ocaminho que as peças de roupa indicam e sorri.

JK(. INT CASA DE CLÁUDIO MADRUGADA

=A1A <s escuras. 4ma m2sica um pouco estranha serve de !undo para a visãodas dependências da casa. *eatriz dorme em seu P4A'O, o %O''E5O' estávazio. =ob a porta do quarto de %láudio e &elena, começa a brilhar, subitamente,uma luz.

JK+. INT CASA DA CLÁUDIO / QUARTO MADRUGADA

&elena, ainda o!uscada pela luz do aba$ur, tateia a mesinha de cabeceira, embusca de seu rel;gio de pulso. >ai encontrá"lo cado ao lado da cama. %on!ere ashoras. %láudio, ao seu lado, espreguiça"se. Ele se aninha entre os braços !ortesde &elena.

%13456O#oi tão bom.

&E1E-A@com insegurança tipicamente masculina

>ocê gostou7

%13456O:uito. @suspira %omo !oi pra você7



&E1E-A*om... :uito bom. 4m pouco rápido no !inal, mas muitointenso.

%13456OC... %omo !oi mesmo que você disse7 UA erra vista dalua.V

@enlevadaE)atamente.

&E1E-A

Eles se olham ternamente e... iniciam um longo e caloroso bei$o.

JK/. INT CASA DE CLÁUDIO MADRUGADA

-o %O''E5O', a !resta de luz por bai)o da porta do quarto se apaga, mas ouve"se rudos de intensa agitação, que são ouvidos mesmo na =A1A.

JKS. INT QUARTO DE BEATRIZ MADRUGADA

4m barulho mais !orte acorda *eatriz. Ela, sonolenta, percebe os rudosinde!inidos e, sem parecer disposta a ser incomodada <quela hora, aciona o plado aparelho de som, !azendo tocar uma m2sica agitada e alegre. %erta de que am2sica é su!iciente para encobrir quaisquer outros rudos, *eatriz colocanovamente a cabeça no travesseiro e !echa os olhos.

JKB. INT COZINHA DIA

A m2sica alegre permanece, enquanto %ida prepara o ca!é da manhã. *eatrizentra na cozinha ainda de pi$ama, sonolenta. Ela senta"se < mesa e %ida vaicolocando os prato e talheres, passando o suco da $arra ao copo, pegando, nabancada, uma leiteira !umegante. -a torradeira, as torradas saltam com um tilintar que se !unde com...

JKF. INT CASA DE CLÁUDIO / QUARTO DIA

... o rudo do despertador. 4ma mão de mulher aciona a trava. &elena, sonolenta,senta"se na cama. #ica alguns segundos com os braços cruzados, o corpodobrado sobre os $oelhos. Em seguida, balança a cabeça, espantando o sono, e...começa a olhar em volta, com uma e)pressão de surpresa e estranhamento.

JKH. INT CASA DE CLÁUDIO / COZINHA DIA

*eatriz, sentada < mesa para o ca!é, vai levando um copo de leite < boca, quandoouve gritos alegres que vêm do quarto. Assustada ela dei)a o copo cair,derramando tudo sobre a mesa. %ida também se assusta e recua, esbarrando naspanelas que estavam sobre a pia.

%O'E 5E=%O-?-4O

%ida acaba de arrumar a mesa, e *eatriz $á tem um outro copo de leite nas mãos.



Ela vai dar o primeiro gole quando &elena coloca a cabeça na porta.

&E1E-AOiiii9

&elena veste um robe e está descalça. Ela se apro)ima e bei$a *eatriz. *eatrizregistra alguma coisa inde!inida que, no entanto, a dei)a !eliz. Ela sorri. &elenasenta"se. %láudio aparece na porta, de pi$ama. 6mediatamente ele vai até *eatriz elhe dá um bei$o estalado.

*EA'6X Ai, pára, pára. -ão baba9

%láudio senta"se. Automaticamente, ele e &elena trocam as coisas que %ida tinhaposto para o ca!é de cada um. %ida, que vinha trazendo o suco para %láudio, !icaindecisa. &elena pega o seu suco e agradece. %ida retira"se, reclamando.

%65AEu não vou agQentar, eu não vou agQentar9

%láudio, que estava distrado, pergunta.%13456O

O que !oi que deu nela7

&elena !az um gesto, como quem diz -ada não.

%O'E 5E=%O-?-4O

O ca!é $á !oi tomado, a mesa está des!eita. &elena, sozinha < mesa, ainda derobe, saboreia uma !ruta. %láudio entra, $á vestido para o trabalho. Ele pára naporta e !ica olhando &elena. &elena se dá conta que está sendo observada.

&E1E-AO que !oi7

%13456OEu estava pensando naquilo que você !alou, há diasatrás.

&E1E-AO quê7

%13456O

-os sonhos que a gente não dividia mais.

&E1E-A&um...

%13456O-esses 2ltimos dias, a gente dividiu um pesadelo... Cum começo, você não acha7



&elena sorri. 1evanta"se, vai até %láudio e !ala, acariciando seus cabelos.

&E1E-AC. C um bom começo.

Eles se bei$am, longamente.

E o longo bei$o termina...

JKI. EXT FRENTE DA CASA / RUA DIA

... na porta, do lado de !ora de casa. %láudio então caminha até o carro. *eatriz,de patins, desliza até &elena. %ida vem vindo atrás dela. *eatriz pu)a &elena pelamanga do robe e lhe dá um bei$o, um bei$o rápido, e logo se a!asta, colocando"se< salvo de qualquer retribuição. Ela vai patinando até o pai. =e pendura nopescoço de %láudio e lhe dá o mesmo bei$o rápido, seguido da !uga estratégica.

Ao se a!astar, patinando pela calçada, levanta o braço e, sem se virar, acena umadeuzinho. %láudio e &elena se olham e sorriem. %láudio entra no carro. %idaolha para &elena como se quisesse dizer alguma coisa, mas não soubesse o que.Então apenas sorri, um pouco nervosa, e entra. &elena !ica olhando, enquanto o

carro de %láudio se a!asta. Puando o carro some no !inal da rua, &elena entra e!echa a porta. A m2sica sobe. A cmera corrige, mostrando a rua arborizada, ondecrianças brincam, aproveitando o sol da manhã.

=obre essa imagem, entram os letreiros !inais. :as, ap;s os primeiros créditos, am2sica vai descendo em !ade e ouve"se a voz de *eatriz, a princpio, em o!!.

*EA'6X @o!!Eu... Eu no momento não sei bem quem eu sou... Eusei quem eu era quando levantei esta manhã. :aspassei por uma série de trans!ormaçDes, depois disso.

JJK. INT CONSULT#RIO DIA

A erapeuta olha seriamente para *eatriz.

E'A0E4AO que você quer dizer com isso7 5á para e)plicar7

*EA'6X-ão sei e)plicar nem a mim mesma. 0orque eu nãosou eu, compreende7

E'A0E4A-ão, não compreendo.

*EA'6XC, mas eu acho que não dá para e)plicar melhor,porque eu mesma não compreendo.

A erapeuta olha para ela atentamente, tentando uma avaliação. #inalmentedecide"se por uma pergunta.



E'A0E4AC assim que você se sente7

*EA'6X-ão. %laro que não. C s; uma hist;ria.

*eatriz sorri, com uma ponta de malcia. A m2sica sobe, a tela escurece e seguemos créditos !inais.

FIM

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Se Eu Fosse Voce Roteiro