18

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED · Estado do Paraná. O desenvolvimento da Produção Didático-Pedagógica está ... questão, mas destacar os aspectos mais relevantes

Embed Size (px)

Citation preview

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

- DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ORALIDADE: UMA PRÁTICA EM SALA DE AULA

Professor PDE: Edison José Warken [email protected]

Cruz Machado – PR 2011

EDISON JOSÉ WARKEN

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

ORALIDADE: UMA PRÁTICA EM SALA DE AULA

Trabalho apresentado como

requisito parcial do PDE,

orientado pela professora M. Maria

Cristina Fernandes Robazkievicz.

Cruz Machado - PR

2011

“O objetivo da escola, no que diz respeito à língua, é formar cidadãos capazes

de se exprimir de modo adequado e competente, oralmente e por escrito, para

que possam se inserir de pleno direito na sociedade e ajudar na construção e

na transformação dessa sociedade”. (Marcos Bagno)

Apresentação

O Ensino do Gênero Oral

Entrevista – a oralidade por excelência

ATIVIDADE 1

ATIVIDADE 2

TEXTO: A INFÂNCIA MUDOU MUITO

ATIVIDADE 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APRESENTAÇÃO

A produção Didático-Pedagógica aqui apresentada (unidade didática

para orientar o desenvolvimento do trabalho do professor) integra o conjunto de

atividades desenvolvidas dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional

(PDE 2010/2011) da Secretaria de Educação do Estado do Paraná e tem por

objetivo subsidiar o professor PDE na implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica na Escola, além de oferecer aos colegas professores

uma proposta de trabalho para o desenvolvimento da oralidade em nossas

escolas.

O objetivo deste trabalho é fazer reflexões sobre a realidade no que diz

respeito ao ensino da oralidade nas escolas públicas da Educação Básica do

Estado do Paraná. O desenvolvimento da Produção Didático-Pedagógica está

baseado nos pressupostos do sócio-interacionismo de Bakhtin e nas

concepções das Diretrizes Curriculares Educacionais do Paraná com relação

ao ensino da oralidade.

Para ensinar língua materna, são utilizados textos orais, escritos e de

todas as demais linguagens não-verbais. No entanto, até muito recentemente

as aulas eram centradas no normativismo das gramáticas tradicionais que

desprezam o registro oral da língua. As mais recentes pesquisas linguísticas

comprovam que as mais variadas práticas e as mudanças linguísticas têm

origem no oral cotidiano, portanto desconsiderá-lo é negar a natureza

sociológica da língua em sua dimensão de interação dialógica.

As novas Diretrizes Curriculares apontam para três práticas discursivas:

a oralidade, a escrita e a leitura. Ora, se o oral deve ser um dos domínios

prioritários a ser garantido no ensino da língua materna, é preciso que ele

passe, de fato, a ser objeto de ensino.

Na realidade escolar atual, observa-se que isso raramente acontece, pois as

turmas são numerosas e barulhentas e dificilmente se consegue fazer um

trabalho com a oralidade. “O oral não existe, existem os orais, atividades de

linguagem realizadas oralmente, gêneros que se praticam essencialmente na

oralidade”. (SCHEUWLY, 1997 p.139.).

A linguagem oral pode ser desenvolvida e os alunos podem ir além da

oralidade cotidiana e espontânea para uma comunicação pública formal

mediada pela escola. Essa intervenção se fará quando o professor tiver

conhecimento para realizá-la.

Dessa forma as discussões pretendem contribuir com os colegas da

rede a partir das indicações de leituras, da fundamentação recebida nos cursos

do PDE e através das experiências obtidas durante a implementação em sala

de aula.

O Ensino do Gênero Oral

Se não temos ainda uma intervenção didática consistente nas escolas

com os gêneros em geral, menor ainda é a condição de ensino dos gêneros

orais. Ao tratar aqui, do oral, não estaremos nos referindo ao oral espontâneo

em que se exprimem os sentimentos e emoções, ou o oral cotidiano com o qual

nos comunicamos nas mais diversas situações.

Há possibilidade de desenvolver a capacidade linguística no nível oral?

SCHNEUWLY afirma:

[...] postulamos que a aprendizagem deve se dar sobre atividades

complexas nas quais possa intervir um certo controle do sujeito, o

ângulo escolhido deve, consequentemente, ir ao encontro das

representações de linguagem dos aprendizes e corresponder a modos

sociais e socialmente reconhecidos de apreensão dos fenômenos de

linguagem que não sejam tão abstratos a ponto de se tornarem

inacessíveis a atividade consciente.

(SCHNEUWLY, 1994, p. 36).

A partir do que foi afirmado acima, poderíamos concluir que não há o que

ensinar no oral, pois é algo já dominado, é cotidiano e naturalmente adquirido.

Pensamos assim, porque temos pouco conhecimento sobre como desenvolver

a linguagem oral na escola. Ensinar o oral implica em “levar os alunos das

formas de produção oral auto-reguladas, cotidianas e imediatas a outras mais

definidas do exterior, mais formais e mediadas.” (SCHNEUWLY, 1994, p.143).

SCHNEUWLY (1994) defende, ainda, a idéia de que para se ensinar os

gêneros orais é preciso que se ficcionalize a situação. É necessário que se

faça uma representação abstrata. Para podermos dar ao oral, além da

ficcionalização, a legitimidade como objeto de ensino, é preciso conhecer os

gêneros que circulam nas práticas sociais e que serão explorados na escola,

saber as especificidades linguísticas de cada um deles, conhecer métodos e

técnicas que possibilitem a devida sistematização. Os principais gêneros que

servem à aprendizagem nas aulas de língua portuguesa são dentre outros: a

exposição oral (ou seminário), a entrevista, o debate, o debate regrado, a

discussão em grupo, o relato de experiência ou viagem, a negociação, o

testemunho, a conferência.

Quando levamos um gênero para a sala de aula como objeto de ensino, “ele

passa a ser, ao mesmo tempo, um instrumento de comunicação e um objeto de

aprendizagem”. (SCHNEUWLY e DOLZ, 1994, p.76).

Entrevista – a oralidade por excelência

Toda forma de linguagem é comunicação e para haver comunicação é preciso

interação entre os sujeitos: o diálogo. A linguagem humana é essencialmente

dialógica e, de modo especial, ocorre na oralidade. A entrevista constitui-se

num lugar privilegiado de interrelacionamento humano. É um gênero

primordialmente oral. Antes de caracterizar o gênero entrevista, cabe uma

breve pausa para entendermos as características da conversação, da língua

falada.

Segundo Marcuschi: na conversação encontramos cinco características

básicas constitutivas:

(a) interação entre pelo menos dois falantes;

(b) ocorrência de pelo menos uma troca de falantes;

(c) presença de uma sequência de ações coordenadas;

(d) execução numa identidade temporal;

(e) envolvimento numa interação centrada. (MARCUSCHI, 2006, p. 15)

Com estas características básicas, o autor alerta que a conversação é uma

interação verbal centrada, porque se desenvolve num mesmo tempo em que

dois ou mais interlocutores voltam-se para uma tarefa comum.

Essa tarefa comum é o diálogo que se situa num contexto no qual os

interlocutores estão engajados.

Como o nosso objeto de estudo é a entrevista que não deixa de ser uma

“conversa”, vale frisar que há dois tipos básicos de diálogos:

[...] o diálogo assimétrico e o diálogo simétrico. No diálogo simétrico ou

espontâneo, os falantes dispõem de condições semelhantes para negociar

livremente o assunto e controlar os turnos. No diálogo assimétrico um

interlocutor têm ascendência sobre o outro, introduz ou muda o assunto,

distribui os turnos – esta é a situação típica das entrevistas e dos diálogos

desenvolvidos em ambientes institucionais, como nas repartições públicas, na

igreja, nos sindicatos, etc. (CASTILHO, 2006, p. 14)

Na língua falada o planejamento e a produção são simultâneos. O que

não ocorre na escrita, pois essa é passível de inúmeras revisões. As

entrevistas orais mantêm as marcas da oralidade (hesitações, falsos começos,

repetições, paráfrases, etc.). Entrevistas escritas (editadas) acabam sendo

despidas dessas marcas.

Considerar a entrevista como um evento de comunicação e comunicação oral

na sua essência justifica sua escolha como tema central deste trabalho. A

intenção aqui não é a de esgotar uma teorização com relação ao gênero em

questão, mas destacar os aspectos mais relevantes desse evento comunicativo

tão presente na vida das pessoas em diversos setores da nossa sociedade.

ATIVIDADE 1

Trabalho com os alunos a partir de uma entrevista. Para esta atividade,

reunir os alunos em grupos de mais ou menos cinco e atribuir uma das tarefas

seguintes.

1. Faça uma entrevista em estilo pingue-pong, com pessoa de sua

escolha.

2. Reúna vários colegas e faça uma entrevista coletiva com uma

pessoa escolhida por vocês.

3. Elabore, em equipe, uma enquete sobre um dos seguintes assuntos:

a) o bullying na escola; b) o aumento da obesidade infantil; c) música

popular brasileira (está ou não em boa fase?).

4. Transforme em entrevista um discurso ou um artigo.

5. Que perguntas você faria à Secretária da Educação do município, se

você fosse entrevistá-la hoje?

6. Elabore uma entrevista de personalidade: uma pessoa de renome

da área cultural (ex. escritor, educador...)

7. Recorte entrevistas de jornais e revistas e classifique-as quanto aos

entrevistados, entrevistadores e conteúdo (discutir critérios com os

alunos).

ATIVIDADE 2

Ao retornar, depois da elaboração desta tarefa pelos alunos, cada grupo

apresenta o que elaboraram. Após a exibição do trabalho, realizar análise com

professor e os alunos considerado os seguintes critérios:

a) Como se mostrou a participação dos elementos?

b) O trabalho configura uma entrevista nos moldes que todos conhecem?

c) A entrevista trouxe os resultados esperados?

d) Foi uma boa entrevista ou enquete? Por quê?

Neste momento não se fala ainda do contexto de produção, temática,

configuração e linguagem do gênero. As questões são ainda acerca do senso

comum dos alunos em relação ao gênero abordado.

TEXTO 1

A INFÂNCIA MUDOU MUITO

Entrevista concedida por Mauricio de Sousa ao jornalista da Revista

Carta Fundamental Fernando Vives. Já faz mais de 50 anos que o então repórter policial da Folha da Manhã

resolveu trocar a vida de jornalista pela produção de histórias em quadrinhos, sua grande paixão desde criança. Poucos casos deram tão certo. Hoje, aos 75 anos, Mauricio de Sousa é o grande expoente deste ramo no Brasil. Os personagens de sua grande criação, a Turma da Mônica, fazem parte do cotidiano – e da lembrança – de crianças, adolescentes e adultos.

Em maio, Mauricio de Sousa tornou-se o primeiro quadrinista a ser empossado pela Academia Paulista de Letras. O prêmio chega no momento em que o autor passa por um processo de adaptação de seus personagens ao mundo atual das HQs, com a versão adolescente da Turma da Mônica. “A infância mudou muito, está bem precoce. Então temos de sofisticar a comunicação junto a esse público”, afirma. A Turma da Monica jovem, que já ultrapassou 30 edições, é sucesso de venda e tem uma novidade: Mônica e Cebolinha assumem um namoro, depois de um tão esperado beijo. “As pessoas pedem mais, mas vai parar por aí porque a Mônica é minha filha”, diz, rindo. Mas adianta: “Vai seguir, claro, o eu acontece naturalmente com os jovens, mas vai demorar”.

Nesta entrevista Mauricio de Sousa conta como viu as mudanças da infância e adolescência que aconteceram nas últimas décadas e como foi adaptando sua linguagem. Ele sugere também algumas formas de ler quadrinhos na escola e revela, com bom humor, uma de suas aspirações: “Calvin e Haroldo é a história que gostaria de ter criado”.

Carta Fundamental: O que mudou entre o leitor de Turma da Mônica há

40 anos e o de hoje?

Mauricio de Sousa: Bem, a criança está mais apressada m virar adolescente. Antigamente, atingia-se esta fase aos 14-15 anos. Hoje se é pré-adolescente com 8 anos e adolescente aos 10. Consequentemente, você tem de encarar que não podemos mais falar com garotos de 10 anos da maneira como falávamos. É como se fosse um pequeno adulto. Não dá mais para usar uma linguagem que remeta a castelinhos de fadas e princesinhas. Mostramos agora a realidade da vida numa formatação suavizada. E também sofisticaram-se as formas de comunicação, ela chega mais fácil. Então temos de sofisticar a informação e simplificar a comunicação.

CF: Qual foi o ponto da sua carreira em eu você percebeu que tudo iria

dar certo?

MS: Quando procurei a redação, eu o fiz para desenhar, mas não

consegui. Havia vaga para reportagem policial da Folha, onde fiquei por cinco

anos. Mas não esquecia os desenhos. Fiz amizade com os chefes do jornal e

pedia a eles para me fornecerem todo o material de quadrinhos americanos,

para estudá-los. Chegou um tempo em eu achava que estava com informação

suficiente para tentar alguma coisa. Fiz minha série do Bidu e apresentei ao

editor-chefe, que gostou. Virei só desenhista e passei a adaptar tudo o que eu

estudava à realidade brasileira.

CF: Quais foram os artistas que inspiraram sua carreira?

MS: Foram muitos. Will Eisner foi meu mestre na arte de ousar fazer

quadrinhos sem a preocupação de respeitar uma lógica de criar sempre a

mesma coisa. O personagem dele é sempre bem construído, mas as histórias

viraram-no de cabeça para baixo. Havia histórias em que o personagem

principal não aparecia. Eu recortava histórias do Eisner, era fantástico. Depois

tem outros: o Ferdinando (personagem criado por Al Capp), que fazia uma

sátira bem mordaz da sociedade americana por meio de um caipira, uma

espécie de Chico Bento adulto. Outro era o quadrinista Tereré, que fazia a

caricatura do Príncipe Valente. Havia também o Brucutu (do americano Vincent

T. Hamlin), que me inspirou a criar o Piteco. Havia bom material gráfico na

década de 1940 na Disney embora esta fosse um pouco cor de rosa demais. E,

posteriormente, houve Calvin e Haroldo (do americano Bill Waterson), que é a

história em quadrinhos mais avançada do mundo. É a que eu gostaria de ter

feito.

CF: Por que?

MS: Sim, porque é moderno demais. Eu queria ter essa ideia, mas

criaram antes (risos).

CF: Hoje temos o mangá dominando o mercado. Há quem o critique

pela estética, mas há quem diga que é impossível ignorá-lo. Qual sua opinião a

respeito?

MS: Quando alguma manifestação artística faz sucesso é porque há um

nicho. A história em quadrinhos americana a partir dos anos 1970 começou a

repetir fórmulas. Os mangás aproveitaram-se disso. Nosso desenho no Brasil é

do lado americano. O mangá veio para estabelecer algumas formas gráficas

que vão permanecer e se incorporar à história dos quadrinhos. Fizemos a

Mônica jovem, que incorpora os dois estilos.

CF: Podemos dizer que a história em quadrinhos americana está em

decadência?

MS: Agora estão em processo de rejuvenescimento. Curiosamente, isso

está nascendo de quadrinistas brasileiros, alguns deles estão entre os

melhores do mundo. Mike Deodato, da Paraíba, que faz super-heróis, é um

deles. O que está havendo é uma mestiçagem entre os estilos japonês e o

americano.

CF: Há uma mudança de status nas HQs, com várias edições de

clássicos da literatura nessa versão...

MS: Exatamente no Brasil vemos uma mudança de patamar. Se antes

você só as encontrava nas bancas, hoje as vê nas livrarias em versões de

grandes obras da literatura.

CF: As HQs também podem ser usadas em sala de aula porque têm

uma linguagem que junta texto e imagem. Como o senhor enxerga o uso delas

nesse ambiente?

MS: Vejo pelo material que dezenas de editoras que nos solicitam,

dentro e fora do Brasil, trechos de historinhas para publicar em livros didáticos.

Em 2010, estivemos em 480 livros didáticos. Fora o nosso projeto que utiliza a

Turma da Mônica na pré-alfabetização chinesa, que deve atingir 180 milhões

de estudantes. E com uma particularidade: são muito utilizados via web, uma

vez que o governo chinês não quer usar papel com tanta gente. São HQs,

pequenos filmes, desenhos, um material completo que estamos começando a

utilizar também aqui no País.

CF: O senhor voltou a investir em novas mídias?

MS: Sim, acabei de criar a Mauricio de Sousa Produções Digitais.

Trabalhamos em desenhos animados em 3D. Começa com o Penadinho,

Horácio e, em seguida, com a Turma da Mônica Jovem em 3D no sistema que

foi usado no filme Avatar. Vai ser para a televisão e, posteriormente poderá ir

ao cinema. E o importante disso é que pensamos em ter a educação como

maior cliente, abrindo caminho para o consumo de livros e de cultura. Tudo o

que tiver nosso nome passará por educação daqui para a frente.

CF: A Turma da Mônica Jovem está discutindo inclusive sexualidade na

adolescência. Houve quem o criticasse alegando apelação. Como entendeu as

críticas?

MS: Bem, eu tenho dez filhos espalhados por quase 50 anos. Aprendi a

conviver, dialogar, enfrentar e ajudar a solucionar os problemas em cada uma

das adolescências que passaram por meus olhos e meu coração. Nenhum pai

pode ignorar os momentos de dúvida no nascimento da sexualidade dos filhos.

O que temos de fazer não é suavizar, mas achar a forma certa de falar sobre o

assunto. Hoje uma criança de cinco anos pode fazer perguntas cabeludas que

têm que ter uma resposta. Então procurei responder às críticas dizendo que

estamos fazendo uma coisa séria com muito conhecimento de causa. Quando

coordeno minha equipe, realmente acho que minha vivência e de minha equipe

ajudam muito, inclusive de forma educacional, até para adultos que têm

dúvidas.

CF: E o mesmo vale para o personagem Caio, de Tina, que tudo indica

ser um personagem homossexual...

MS: Aí houve exagero. Ninguém falou nada que havia um personagem

homossexual na história. Foi uma interpretação dos leitores ao mesmo tempo

eu foi uma tateada para ouvir reações. E o público reagiu muito mal,

violentamente. Não podemos ainda tratar de alguns assuntos da maneira como

gostaríamos. Para evitar problemas, porque temos contratos e não podemos

enfrentar uma parte do público, mesmo que minoria, eu digo que não podemos

levantar bandeiras em nossos produtos editoriais. Mas se está passando uma

bandeira em nossa sociedade, daí vamos. Cada coisa a seu tempo. De vez em

quando testamos alguma coisa.

CF: A homossexualidade será tocada?

MS: Eu diria que o futuro a Deus pertence. Vamos ver como a sociedade

caminha e vamos desenhar a sociedade com humor, leveza, entretenimento e

educação. Houve transformações no passado. Se há 30 anos falássemos em

divórcio, iriam queimar a revista em praça pública. Hoje o Xaveco é filho de

pais divorciados. Houve meia dúzia de reclamações suaves e ele está

estabelecido, com pais bem resolvidos.

CF: Agora Cebolinha e Mônica estão namorando. Então pararam de

brigar?

MS: Não, agora que estão brigando mesmo! A edição 34 da Mônica

Jovem tem meio milhão de exemplares de tiragem. O povo sempre pede mais,

agora então está aí, estão namorando. Mas vai parar por aí, porque a Mônica é

minha filha (risos). Vai seguir, claro, o que acontece naturalmente com os

jovens, mas vai demorar um pouquinho.

ATIVIDADE 3

1. Sobre as condições de produção:

a) Quem é o autor/enunciador na entrevista do texto “A infância mudou

muito”?

b) Quem é o destinatário do texto?

c) Qual é o objetivo (provável) da entrevista do texto?

d) Qual é o local e a época de circulação do texto?

e) Qual é o suporte (TV, rádio, internet, jornal impresso, revista etc) em que foi

veiculado o texto?

2. Conteúdo temático

a) Qual é o assunto/tema dessa entrevista?

b) Qual é o foco das perguntas do jornalista sobre o tema?

c) Qual a opinião do entrevistado sobre a discussão da sexualidade na

adolescência (na versão da sua obra: A Turma da Mônica Jovem)?

d) Qual a justificativa para a determinação do comportamento de sua

personagem na última pergunta da entrevista?

3. Organização do gênero

a) Quanto à expressão, a entrevista trata-se de que texto: visual ou verbal,

visual e verbal, somente verbal?

b) Enquadrando o gênero entrevista, podemos dizer que ela pertence a que

agrupamento:

( ) do narrar,

( ) do relatar,

( ) do argumentar,

( ) do transmitir conhecimentos,

( ) do regular comportamentos?

c) Justifique a sua escolha à alternativa escolhida.

d) Quanto à disposição e a impressão do texto, como ele se apresenta?

e) Como se apresentam os participantes do gênero, isto é, como realizam seus

papéis?

4. Marcas linguísticas

a) Qual é a função do parágrafo que antecede as perguntas sobre o

entrevistado?

b) A editoração da entrevista tem como parâmetro a escolha do título “A

infância mudou muito” objetivando um efeito persuasivo determinado. Qual

poderia ser a intenção?

c) O operador argumentativo mas, (linha 2 da página 13), indica uma relação

semântica de oposição. Explique como a palavrinha mas opera no texto esta

oposição.

d) A forma verbal eu diria que o futuro a Deus pertence (linha 21 da página

13) é colocada pelo entrevistado com um propósito. Qual poderia ser?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É comum ouvir em nossas escolas as queixas sobre as dificuldades que

têm nossos alunos em apresentar trabalhos, que são péssimos diante de

platéias e que não possuem desenvoltura para utilizar a palavra em público.

Mas alguém já os ensinou como organizar uma palestra, um seminário, um

relatório oral de uma observação, etc.? Nesse trabalho, a intenção era trazer

algumas reflexões que pudessem levar a uma renovação metodológica nas

aulas de língua portuguesa a fim de contemplar a prática discursiva da

oralidade como conteúdo estruturante previsto pelas DCEs. Os gêneros orais

existem e precisam ser ensinados através de uma sistematização didática

consistente. Com relação à oralidade está quase tudo por fazer nas nossas

escolas. E nessa perspectiva exige-se pensar que antes o professor precisa ter

mais clareza sobre esse conteúdo para que possa valorizar todas as

possibilidades de produção oral ou escrita sem priorizar nenhuma das

modalidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREOLA , Balduíno A. Dinâmica de Grupo: Jogo da Vida e Didática do

Futuro.Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

A infância mudou muito. Disponível em

http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/a-infancia-mudou-muito.

Acesso em 19 Agos. 2011.

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo:

Parábola, 2000.

BAKHTIN, Mickhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes,

1992.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita: atividades de

retextualização. São Paulo: Cortez, 200.

SCHNEUWLY, B, e DOLZ, J. O oral como texto: como construir um objeto

de ensino. In: SCHNEUWLY, B, e DOLZ, J. Gêneros Orais e Escritos na

Escola. Campinas-SP. Ed. Mercado de letras, 2004.

SELBACH, Simone. Língua Portuguesa e Didática. Petrópolis-RJ: Editora

Vozes, 2010.