Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais
Poços de Caldas (MG) – 2018
Segregação racial em São Paulo:
residências, redes pessoais e trajetórias urbanas.
Autor: Danilo Sales do Nascimento França
Resumo Este trabalho propõe argumentos sobre a relevância da segregação residencial como dimensão estruturante das relações raciais no Brasil, a partir da análise de dados da Região Metropolitana de São Paulo. Comparações com situações de segregação racial típicas de cidades norte-americanas, aliadas a narrativas de dissimulação das manifestações do racismo no Brasil, têm alimentado discursos que desprezam a importância da segregação para as relações raciais, argumentando que em nossas cidades ocorre segregação apenas por classe social. Esta pesquisa posiciona-se contrariamente a tais discursos. Primeiramente, a partir dos dados do Censo de 2010, analisamos os diferenciais de localização das residências, e constatamos pequenos níveis de segregação racial em camadas sociais mais baixas que se tornam significativos nas camadas médias e altas. Os brancos de classes médias e superiores residem nas áreas mais privilegiadas da metrópole, estando muito isolados e distantes de todos os outros grupos, até mesmo de negros de classe média e alta. Trata-se, portanto, de segregação residencial por raça e classe. Em seguida, exibimos os resultados de análise qualitativa de entrevistas semiestruturadas com negros e brancos de classe média. Estas incluíram o mapeamento de trajetos e locais frequentados pelos indivíduos no espaço da cidade e na espacialização de suas redes pessoais de relações. Através delas reiteramos a importância do local de residência para e integração entre grupos sociais e para o acesso à cidade e demonstramos que na medida em que negros e brancos estão residencialmente segregados, são segregadas também suas redes pessoais e locais frequentados. Além disso, os resultados apontam que brancos, independentemente do local de residência, possuem redes pessoais compostas preponderantemente por outros brancos e frequentam mais as áreas nobres da metrópole. Nossos achados realçam o papel da segregação para a constituição de barreiras à integração de negros nas classes médias e altas. Ademais, argumentamos que estas camadas se organizam como grupos de status cujas fronteiras são fortemente baseadas, não apenas em características raciais, mas também no espaço urbano (habitado e frequentado). Palavras-chave: segregação residencial, relações raciais, desigualdades, redes pessoais, Região Metropolitana de São Paulo.
1
Segregação racial em São Paulo:
residências, redes pessoais e trajetórias urbanas.
Danilo Sales do Nascimento França1
Introdução
Este trabalho apresenta resultados de pesquisa de doutorado sobre
segregação residencial por raça na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
(França 2017). As análises apresentadas visam enfatizar a relevância da
segregação residencial como dimensão estruturante das relações raciais no
Brasil.
Os estudos sobre relações raciais representam uma das temáticas mais
tradicionais das ciências sociais brasileiras. No entanto, nos estudos
populacionais, surpreende a pequena produção de pesquisas que enfoquem
diferenciais raciais e, mais especificamente, que tematizem a segregação por
raça. Nota-se ainda que a maioria dos estudos urbanos brasileiros enfatiza que
os padrões habitacionais nas metrópoles brasileiras se organizam, basicamente
(senão unicamente), a partir das desigualdades de classe social. Além disso,
comparações com situações de segregação racial típicas de cidades norte-
americanas, aliadas a narrativas de dissimulação das manifestações do racismo
no Brasil, têm alimentado discursos que desprezam a importância da
segregação para as relações raciais.
Esta pesquisa posiciona-se contrariamente a tais discursos e apresenta
evidências da segregação residencial por raça nos diferentes estratos sociais.
Para tanto, lançamos mão de distintos métodos de abordagem empírica: cálculo
de indicadores e mapas a partir de dados censitários, além de pesquisa
qualitativa com levantamento e espacialização de trajetórias e redes pessoais.
Nossos achados realçam o papel da segregação para a constituição de barreiras
à integração de negros nas classes médias e altas.
1 Pós-doutorando no NEPO-Unicamp (Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" da Universidade Estadual de Campinas) e bolsista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
2
Raça e Espaço Urbano no Brasil
Apesar de inexistir no Brasil uma grande tradição de debates acadêmicos
sobre segregação e relações raciais, o interesse por esta temática – e por
questões que articulam raça e espaço urbano – tem crescido nas duas últimas
décadas. Podemos identificar, no conjunto das pesquisas já realizadas, a
existência de duas linhas de investigação. A primeira delas, formada por estudos
qualitativos que tratam de aspectos simbólicos e questões identitárias, tendo
como objeto de pesquisa favelas e bairros periféricos. São acionadas noções
como “territórios negros” ou “espaços racializados” a fim de discutir o fato de que
lugares com alta concentração de negros proporcionariam uma sociabilidade
menos problemática para estes e de que estigmas atribuídos ao negro também
permeiam representações de determinados espaços da cidade, podendo ser
ressignificados por discursos identitários (Rolnik 1989, Oliveira 1996, Carril 2003,
Silva 2004, Vargas 2005).
O outro grupo é caracterizado por estudos quantitativos que incidem sobre
a questão da segregação com base na cor da pele a partir da análise de dados
censitários. Esta abordagem já era encontrada em clássicos da sociologia das
relações raciais, como Pierson (1971 [1942]), Cardoso e Ianni (1960), e Costa
Pinto (1998 [1953]). Porém, desde então, o estudo da segregação racial não
ganhou continuidade neste campo. Somente décadas depois, o tema volta a
ganhar destaque a partir do trabalho de Edward Telles (1993, 1995) que – ao
calcular indicadores de segregação residencial em 35 áreas urbanas a partir de
dados do Censo de 1980 – apresentou evidências de que a segregação racial
se expressaria mais fortemente nos estratos sociais mais altos e reintroduziu
esta discussão no quadro das relações raciais brasileiras (Telles 2012 [2004]).
Posteriormente, realizaram-se pesquisas interessadas na mensuração da
segregação residencial por raça em metrópoles como Belo Horizonte (Rios-Neto
2005; Silveira 2014), Salvador (Garcia 2006; Carvalho & Barreto 2007), Rio de
Janeiro (Garcia 2006; Ribeiro 2007; Préteceille & Cardoso 2008) e São Paulo
(Torres 2005; Préteceille & Cardoso 2008; França 2010, 2015, 2017).
Entretanto, a despeito das pesquisas acima mencionadas, muitos
pesquisadores das questões urbanas têm menosprezado a segregação por raça
no Brasil. Flávio Villaça (1998), por exemplo, fez um dos mais abrangentes
3
estudos sobre a estruturação do espaço urbano das metrópoles brasileiras, no
qual demonstra a importância da segregação como mecanismo necessário para
a viabilização da dominação por parte das elites através do espaço. A partir da
segregação em determinados setores das metrópoles, tais elites se apropriam e
controlam o acesso às localizações mais valiosas, atraem para perto de si a
produção das principais centralidades e controlam o mercado, o Estado e as
ideologias concernentes à cidade. O autor, no entanto, não atenta para os
diferenciais raciais na produção e apropriação do espaço urbano. Villaça (2004)
afirma que “a segregação de classes subjuga, domina e explica todas as outras”
(p. 95). Ou seja, para ele, a segregação racial só existiria na medida em que
seria determinada pela segregação por classe social.
Ademais, a comparação com os guetos estadunidenses é argumento
recorrentemente utilizado para diminuir a importância da segregação por raça no
Brasil (Ver Pierson 1971 [1942], por exemplo). Os estudos sobre este tema são,
no mundo todo, fortemente influenciados por metodologias e perspectivas
oriundas da sociologia norte-americana, pautando os parâmetros através dos
quais a segregação é avaliada em distintos contextos nacionais e locais.
Entretanto, os indicadores de segregação das cidades dos Estados Unidos não
podem balizar análises de outros contextos. Um uso descontextualizado do
conceito de segregação daria a entender que a ocorrência do fenômeno estaria
sempre atrelada a um mesmo sistema causal onde quer que ocorra (Brun 1994).
Portanto, dar ênfase ao contexto significa considerar especificidades históricas,
políticas, urbanas e socioeconômicas de cada país ou cidade e que fazem com
que a segregação possa ter distintas propriedades e funções em diferentes
circunstâncias (Maloutas 2012). Reconhecer que a segregação é importante não
significa assumir que ela importa do mesmo modo em todos os lugares.
Assim, devemos descrever a segregação racial existente no país à luz das
características particulares da estrutura e das hierarquias raciais na sociedade
brasileira, bem como das especificidades dos processos urbanos em nossas
cidades. Nesse sentido, é indispensável considerar as articulações entre raça e
classe para a análise da segregação residencial nas nossas metrópoles e as
maneiras pelas quais essas categorias se apropriam diferenciadamente do
espaço urbano.
4
Como segregação tem sido estudada: questões conceituais e metodológicas
A problemática mais geral da segregação costuma ser investigada através
da segregação residencial, ou seja, a partir da separação das moradias de
diferentes grupos sociais2. A segregação residencial é alvo da atenção do debate
público e acadêmico dos Estados Unidos desde o início do século XX, quando a
escola de Chicago de sociologia fixou a principal premissa de que distâncias
físicas correspondem a distâncias sociais (Park 1926). Daí advém uma primeira
noção de segregação, que diz respeito ao grau em que indivíduos e grupos estão
“socialmente” distantes uns dos outros, considerando as distâncias de
localização de suas moradias no espaço urbano (Marques 2005). Na segunda
metade do século XX, com a influência do paradigma da economia política, a
concentração de determinados grupos sociais pobres em espaços residenciais
restritos (os guetos) passou a ser pensada, também, através da perspectiva
reprodução da pobreza e das desigualdades de oportunidades (Wilson 1987).
Trata-se aqui de uma segunda concepção, que remete aos diferenciais de
acesso a políticas públicas e aos “bens materiais e simbólicos oferecidos pela
cidade” (Grafmeyer 1994: 89).3 Ambas perspectivas dão forte ênfase ao espaço
residencial e às interações no contexto da vizinhança, entendida como esfera
privilegiada para sociabilidade4.
Podemos discernir, então, duas dimensões que definem a importância da
segregação residencial enquanto problemática de pesquisa. Uma delas é a
dimensão da integração, na qual a distância entre as moradias implicaria em
distintas possibilidades de contatos e relações sociais entre membros de
diferentes grupos. A outra é a dimensão do acesso, segundo a qual a localização
das residências determinaria desigualdades de acesso a recursos e
oportunidades disponíveis na cidade. Porém, na maioria dos estudos, a noção
2 Trata-se do grau de concentração, no espaço, de uma categoria social com relação à outra, sendo que ambas as categorias se delimitam analiticamente. De modo que “a segregação é – sobretudo – um fenômeno relacional: só existe segregação de um grupo quando outro grupo se segrega ou é segregado” (Torres 2004: 42). 3 Uma terceira noção de segregação remete à ideia de gueto, que comporta as duas noções apresentadas neste texto em suas formas mais extremas. 4 A ênfase na importância das relações e instituições sociais constituídas no contexto da vizinhança marca as pesquisas sobre os “efeitos de vizinhança”, que ocupam atualmente o mainstream da produção sociológica concernente às consequências da segregação nos Estados Unidos.
5
de segregação é operacionalizada a partir de levantamentos quantitativos dos
diferenciais de localização das moradias de distintos grupos sociais. Estes
diferenciais são entendidos como graus de segregação e, daí, são inferidas
(pressupondo-se que haveriam estreitas relações entre vizinhos) diferentes
possibilidades de integração entre grupos sociais e de acesso à cidade e seus
recursos.
A proposta aqui aponta para a expansão do entendimento do conceito e
aprofundamento do conhecimento do fenômeno da segregação residencial
através da aplicação de metodologias que incorporem as dimensões de
integração e acesso – outrora apenas pressupostas – na própria
operacionalização da investigação. Busca-se, assim, observar as maneiras
pelas quais os sujeitos experienciam a segregação e as desigualdades em suas
trajetórias urbanas.
Métodos
Nossa investigação realizou dois “movimentos empíricos”. O primeiro
deles, mais tradicional, foi baseado na mensuração e mapeamento da
segregação residencial, a partir de dados da Amostra do Censo de 2010. Neste
trabalho apresentaremos os contornos da segregação residencial por raça
através dos resultados do índice de dissimilaridade e de LISA Maps derivados
de indicadores de autocorrelação espacial (Moran’s I) (Anselin 1995).
Contudo, abordagens da segregação baseadas apenas na localização
das residências têm sido criticadas, uma vez que não fornecem explicações
sobre em quais circunstâncias, para quais grupos ou classes, e em quais escalas
(Sharkey & Faber 2014) o local de moradia importa. Além disso, diversas
pesquisas têm mostrado que as redes de relações sociais transcendem a escala
da vizinhança (Wellman 1979; Marques 2010) e que a consideração das
mobilidades pelo espaço da cidade levaria a significativas modificações no que
se compreende por segregação (Kwan 2013; Netto, Pinheiro e Paschoalino
2015). Nesse sentido, para uma apreensão mais integral da segregação, tal
fenômeno deve ser estudado para além dos indicadores quantitativos
residenciais e para além das relações de vizinhança.
6
Em vista disso, empreendemos um segundo “movimento empírico”, este
qualitativo: entrevistas semiestruturadas que levantaram trajetórias individuais
com foco nos lugares da cidade onde se desenrolam as histórias de vida, a
identificação dos locais frequentados pelos indivíduos no espaço da metrópole,
e a coleta das redes pessoais dos sujeitos entrevistados, com os respectivos
locais de moradia dos membros de cada rede. Estes últimos foram mapeados,
assim como também foram os locais frequentados pelos entrevistados.
Entrevistamos 28 negros e brancos de classe média5 residentes em três
diferentes bairros do município de São Paulo (Itaim Bibi – no interior da “região
nobre”, Tatuapé – em suas bordas, e São Miguel Paulista – na periferia da
cidade). Assim, buscamos descrever de que modo raça e local de moradia
implicam em diferentes possibilidades de integração entre distintos grupos e de
acesso à cidade.
O mapeamento das redes de relacionamentos e dos locais frequentados
permite-nos desprender a segregação dos pressupostos da vizinhança,
demonstrando as articulações entre os lugares onde ocorrem as práticas dos
sujeitos e as possibilidades de acesso à cidade e de constituição de laços entre
indivíduos com atributos sociais e locais de moradia similares ou distintos. Ou
seja, buscamos aferir em que medida raça e local de moradia implicam em
diferentes possibilidades de integração e acesso à cidade.
Resultados e Discussão
Contornos da segregação residencial por raça e classe
Exporemos, a seguir, os resultados mais recentes de dois importantes
indicadores de segregação residencial: o índice de dissimilaridade e o índice de
Moran Local, calculados para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) a
partir de dados da Amostra do Censo de 2010.
O índice de dissimilaridade (ID) é uma tradicional medida de segregação
residencial que capta o grau em que dois grupos sociais não estão
5 Homens e mulheres com nível superior de escolaridades e que exercem ocupações profissionais ou proprietários.
7
uniformemente [evenly] distribuídos no espaço de uma cidade. Neste sentido, a
uniformidade se define a partir da proporção de cada grupo na composição da
população total da cidade, e do quanto que a distribuição destes grupos pelas
diversas áreas da cidade replica esta composição. Ou seja, este indicador
evidencia a relação entre a composição da população de cada unidade espacial
e a composição da população de toda a cidade.6 O índice de dissimilaridade
varia de 0 a 1, onde 1 significa segregação total e 0 significa uniformidade total
na distribuição dos grupos.
O resultado costuma ser interpretado como indicando a proporção da
população de um determinado grupo da cidade que teria que trocar de área com
outro para que se obtenha um padrão residencial uniforme do ponto de vista da
proporção de cada grupo na composição da população da cidade. Assim, na
RMSP, a dissimilaridade residencial entre negros e brancos é de 0,29. Ou seja,
29% da população teria que trocar de área de ponderação para que a distribuição
dos grupos raciais fosse homogênea.
É muito comum que tal resultado seja interpretado como um efeito da
segregação residencial por classe social, uma vez que a maior parte da
população negra é pobre, e que as camadas superiores são predominantemente
brancas. No entanto, empreenderemos aqui uma tentativa de colocar em
evidência o componente racial da segregação direcionando nosso olhar para os
diferenciais entre negros e brancos pertencentes às mesmas camadas sociais.
Deste modo, na sequência de nossa análise, a população da RMSP será
classificada, segundo a sugestão de Marques, Barbosa e Prates (2015), em três
estratos sociais (superior, médio e baixo) baseados em agrupamentos das
categorias ocupacionais EGP (Erikson, Goldthorpe e Portocarrero 1979;
Barbosa e Marschner 2013).7 No estrato superior estão as categorias de
proprietários e empregadores e de profissionais de alto nível; o estrato médio é
composto por profissionais de nível baixo, técnicos e supervisores do trabalho
manual, e trabalhadores não-manuais de rotina de alto nível; o estrato baixo
reúne trabalhadores não-manuais de rotina de baixo nível, trabalhadores
6 As unidades espaciais de referência para a mensuração da segregação neste texto são as 633 áreas de ponderação definidas para a Amostra do Censo de 2010 na RMSP. 7 As expressões de classe, estrato ou camada social aqui empregadas dizem respeito a uma definição operacional de estratificação que têm como base as categorias ocupacionais EGP.
8
manuais qualificados, e trabalhadores manuais semi ou não qualificados. Da
intersecção destes três estratos com os grupos raciais negros e brancos8
resultaram seis agrupamentos, dos quais verificaremos os índices de
segregação na tabela a seguir.
Na primeira linha da tabela, observamos que os grupos mais segregados
do resto da população da metrópole são os brancos de estrato superior, com
índices bem acima dos seguintes, os negros de estrato baixo e os brancos de
estrato médio. Os outros grupos – brancos de estrato baixo, e negros de estrato
médio e superior – estão mais bem distribuídos pelos espaços da região
metropolitana.
Tabela 1: Índice de Dissimilaridade entre Grupos Raciais e Estratos Sócio-
Ocupacionais na Região Metropolitana de São Paulo, 2010.
Grupos Brancos Superior
Negros Superior
Brancos Médio Negros Médio
Brancos Baixo
Negros Baixo
Resto da População 0,47 0,15 0,25 0,15 0,12 0,30
Brancos Superior - 0,40 0,26 0,53 0,48 0,61
Negros Superior 0,40 - 0,20 0,19 0,19 0,29
Brancos Médio 0,26 0,20 - 0,31 0,26 0,41
Negros Médio 0,53 0,19 0,31 - 0,13 0,15
Brancos Baixo 0,48 0,19 0,26 0,13 - 0,18
Negros Baixo 0,61 0,29 0,41 0,15 0,18 -
Fonte: Censo de 2010, IBGE. Elaboração Própria.
Os brancos mais ricos apresentam o maior isolamento da metrópole,
distanciando-se de todos os outros grupos. O grupo mais próximo deles é o dos
brancos de classe média (0,26). Em seguida, o segundo grupo mais próximo,
mas já com um índice de dissimilaridade relativamente grande (0,39) é o dos
negros de classe alta. Por outro lado, se avaliarmos os índices de segregação
dos negros de classe alta (segunda coluna), o grupo que menos compartilha as
mesmas áreas que eles são os próprios brancos de classe alta. Estes dados
evidenciam o tamanho isolamento da elite branca na metrópole paulistana.
No outro extremo da estratificação, o grupo mais segregado é o dos
negros mais pobres. A comparação com os brancos mais pobres revela que
estes últimos estão mais uniformemente distribuídos pelas áreas da cidade e
8 Assim como as categorias EGP foram reunidas para formar três estratos sociais, as categorias de “raça/cor” de “pretos” e “pardos” foram unificadas na categoria “negros” visando obter resultados estatisticamente mais significativos na mensuração da segregação.
9
mais próximos das camadas médias e superiores, ao passo que os negros de
classe baixa tendem a concentrar-se mais em áreas específicas. O índice de
dissimilaridade entre brancos de classe alta a negros de classe baixa chega a
0,61– valor comum em metrópoles hiper-segregadas estadunidenses.
Tais resultados do índice de dissimilaridade demonstram que, para além
da bem documentada segregação entre as classes sociais no espaço urbano, é
possível observar também um componente racial na segregação. Isto se torna
mais evidente ao compararmos os indicadores de negros e brancos
pertencentes a um mesmo estrato social, em especial nas camadas médias e
altas.
Os resultados apresentados acima evidenciam a segregação entre negros
e brancos pertencentes a um mesmo estrato social. Derivam, porém, de
indicadores sintéticos que não nos revelam onde cada um dos grupos se
concentra. Apresentaremos, então, uma análise da segregação a partir do índice
de Moran Local (Anselin 1995), outra técnica de mensuração de segregação
residencial amplamente empregada. O índice de Moran é uma medida de
autocorrelação espacial, ou seja, para além da distribuição de grupos por áreas,
tal medida leva em conta a contiguidade das áreas onde se concentram os
diferentes grupos.9
Exporemos, então, detalhes da segregação em estratos médios-altos
através dos LISA Maps (Local Indicator of Spatial Autocorrelation) de negros e
brancos que exercem ocupações profissionais (de nível alto e baixo). Estes
mapas representam a autocorrelação espacial dos grupos que analisamos, ou
seja, em que medida os grupos considerados têm grande concentração em
conjuntos de áreas vizinhas umas das outras. As áreas em vermelho denotam
alta concentração da variável em questão em áreas vizinhas entre si. As áreas
9 O índice de Moran foi calculado a partir do quociente locacional de cada um dos seis grupos nas 633 áreas de ponderação da RMSP. O quociente locacional (QL) é uma medida de concentração que consiste na razão entre a proporção da população de um grupo em uma determinada área e a proporção da população deste mesmo grupo na cidade inteira. Ou seja, tal como o índice de dissimilaridade, o QL também pondera em que medida a proporção de um dado grupo em uma área replica a proporção deste grupo em toda a região metropolitana. Porém enquanto ID resulta num único valor para representar a segregação entre dois grupos num dado espaço urbano, o QL resulta em valores específicos da concentração de cada um dos grupos para cada uma das áreas que compõem este espaço urbano. Assim, foram calculados os quocientes locacionais dos seis grupos para cada uma das áreas de ponderação da cidade.
10
em azul expressam a contiguidade de áreas de baixa concentração desta
variável. Áreas em branco não tiveram resultado estatisticamente significativo.
Mapa 1: Lisa Map dos Profissionais Brancos
Há um grande aglomerado de áreas de concentração de profissionais
brancos em áreas do centro expandido de São Paulo (no quadrante sudoeste e
nas partes das zonas norte e leste mais próximas do centro); e outra menor no
ABC paulista (a sudeste). Tratam-se de áreas com enorme valorização e
investimentos públicos e privados.
Ao contrário dos brancos, o mapa revela manchas descontínuas de
espaços com maior concentração de profissionais negros. Dentre eles, destaco:
um agrupamento no centro velho da cidade de São Paulo que se estende ao sul,
em direção à Vila Mariana; um grande conjunto de áreas na Zona Leste, em
torno de Itaquera; na porção oeste da região metropolitana há um grande
aglomerado que se estende desde o Campo Limpo até Barueri, passando por
Taboão da Serra e Osasco; na Zona Norte (Tucuruvi e Mandaqui) e na Zona Sul,
no entorno do Jabaquara.
A comparação entre os dois mapas evidencia que diversos espaços do
chamado “quadrante sudoeste”, que compreende as localizações mais
valorizadas da metrópole, são áreas de alta (vermelho) concentração para
profissionais brancos e de baixa concentração (azul) de profissionais negros.
11
Mapa 2: Lisa Map dos Profissionais Negros
As análises quantitativas deram ênfase nos padrões residenciais de
negros e brancos pertencentes a estratos sociais semelhantes, visando distinguir
a segregação por raça da segregação por classe. Os resultados mostram que
na RMSP é baixa a segregação residencial entre negros e brancos nas classes
baixas. Mas se torna bem significativa em camadas médias e altas. Os brancos
de classes médias e superiores residem nas áreas com as localizações mais
privilegiadas da metrópole, com terrenos mais valorizados, melhores condições
urbanas e maior oferta de equipamentos públicos, culturais e de consumo. Estes
brancos mais ricos estão muito isolados e distantes de todos os outros grupos,
até mesmo de negros com posição semelhante na estratificação social. Na
metrópole de São Paulo, negros e brancos de classe média e alta concentram-
se, não apenas em áreas distintas – os brancos nas “áreas nobres” e os negros
fora delas, em locais mais periféricos –, mas também em áreas distantes umas
das outras – são grandes as distâncias físicas entre ambos os grupos.
Estas evidências divergem da tese de que, no Brasil, a segregação seria
apenas por classe social, mas também apresentam um cenário muito diferente
das metrópoles norte-americanas, onde a segregação por raça atravessa todas
as classes sociais. Assim, ultrapassando a querela sobre se a segregação no
Brasil seria por raça ou por classe social, expusemos evidência de que se trata
12
de segregação residencial por raça e classe. Tais resultados nos impeliram a
dedicar especial atenção às camadas sociais médias e altas, nas quais
sobressaem mais fortemente as diferenças raciais.
Redes pessoais e locais frequentados por negros e brancos
Empreendemos estratégias alternativas para a descrição e análise
sociológica do fenômeno da segregação no intento de ir além dos diferenciais de
localização das moradias para nos aproximar ainda mais das dimensões de
integração e acesso, das quais as localizações residenciais pretendiam exercer
a função de proxy. Nesse sentido, empregamos métodos qualitativos de
entrevistas semiestruturadas. Visando captar a dimensões de integração,
coletamos redes pessoais (com os respectivos locais de residência de cada
componente das redes), e visando observar o acesso, levantamos os locais
frequentados pelos indivíduos negros e brancos de classe média moradores dos
distritos paulistanos de São Miguel Paulista, Tatuapé e Itaim Bibi. Apresentamos,
a seguir, mapas com as localizações das residências dos componentes das
redes pessoais e dos locais frequentados pelos nossos entrevistados.
Mapa 3: Locais das residências dos componentes das redes pessoais e locais frequentados pelos entrevistados de São Miguel Paulista
13
Maps 4: Locais das residências dos componentes das redes pessoais e locais frequentados pelos entrevistados do Tatuapé
Mapa 5: Locais das residências dos componentes das redes pessoais e locais frequentados pelos entrevistados do Itaim Bibi
14
De um modo geral, confirma-se a hipótese da importância do local de
residência, mas sem passar pela vizinhança. Ou seja, mantêm-se o pressuposto
da escola de Chicago de que a distâncias físicas são importante fator para as
relações sociais, mas não se ratifica a ideia de que existiria grande relevância
nas interações face-a-face entre vizinhos.
Como previsto por estudos clássicos de redes pessoais, poucos são os
laços das redes pessoais que decorrem de relações de vizinhança. Mas também
não podemos dizer, tal como Wellman (1979), que é na escala da metrópole
onde se enquadra a maior parte dos laços pessoais. Nossos resultados apontam
redes bem “regionalizadas” no interior da metrópole.
A maior parte dos locais frequentados pelos indivíduos entrevistados
localiza-se nos arredores do distrito onde residem. Isso quer dizer que, mesmo
que possuam automóvel e recursos materiais que favoreceriam a locomoção,
seus trajetos cotidianos têm localização relativamente próxima à residência. Não
se restringem ao bairro, ao entorno imediato da moradia, mas sim a áreas mais
amplas nas cercanias deste. Ou seja, em se tratando de acesso e frequência a
diferentes lugares, a localização da residência tem significativa importância.
Poderíamos, portanto, falar de uma “segregação em uma média escala”.
A avaliação da homofilia racial10 nas redes pessoais indicou uma
tendência de segmentação racial nos relacionamentos dos indivíduos.
Independentemente do local pesquisado, redes de brancos têm mais brancos e
redes de negros têm mais negros. Além disso, as redes de brancos são
majoritariamente constituídas por outros brancos de classe média. Ao passo que
as redes dos negros são racialmente mais misturadas. Ou seja, nos casos
analisados por esta pesquisa, os brancos de classe média possuem círculos de
10 A homofilia diz respeito à semelhança de atributos entre pares de indivíduos de uma rede. Assim, no caso de uma mulher que possui uma maioria de mulheres em sua rede, dizemos que se trata de uma homofilia de gênero. Ou seja, podemos ter os mais diversos tipos de homofilia de acordo com o atributo considerado. Uma boa revisão sobre o tema pode ser encontrada em McPherson, Smith-Lovin & Cook (2001), que assim definem este conceito: “Homofilia é o princípio segundo o qual um contato entre as pessoas semelhantes ocorre a uma taxa maior do que entre pessoas diferentes. O fato que permeia a homofilia denota que as informações culturais, comportamentais, genéticas ou materiais que fluem através de redes tenderão a ser localizadas. Homofilia implica que a distância em termos de características sociais se traduz em distância de rede, o número de relações através das quais uma peça de informação deve viajar para conectar dois indivíduos. Implica também que qualquer entidade social que depende de um grau substancial das redes para a sua transmissão tenderá a ser localizada no espaço social e irá obedecer a certas dinâmicas fundamentais na medida que em interage com outras entidades sociais em uma ecologia de formas sociais” (p. 416).
15
relações mais homogeneamente brancos, exibindo uma característica de
fechamento social. Além disso, considerando-se tanto as redes como os locais
frequentados, notamos que os brancos estão mais voltados para as áreas nobres
do que os negros. Esta tendência preliminar deve ser melhor averiguada em
pesquisas de maior escopo, uma vez que nosso levantamento qualitativo não
cumpre requisitos de representatividades estatística.
A consequência mais geral dos achados acima apontados é que, dado
que a análise de dados quantitativos demonstrou as segmentações espaciais na
localização das residências de brancos e negros, e a pesquisa qualitativo
apontou que o lugar da residência limita circuitos de trajetos e de relações
sociais, daí decorrem segmentações espaciais nos circuitos e relações de
negros e brancos. Em outras palavras, as longas distâncias físicas entre as
residências de negros e brancos de classe média na RMSP se refletem em
significativas diferenças nas redes pessoais e nos locais frequentados pelos
indivíduos entrevistados.
As redes pessoais mais brancas e a maior frequência a áreas nobres,
combinadas com as concentrações residenciais reveladas nas análises
quantitativas, apresentam um quadro de reforçadas evidências do isolamento –
espacial, social, racial e de trajetos – por parte dos brancos de classe média e
alta de São Paulo. Brancos de classe média habitam espaços
preponderantemente brancos e de classe média, relacionam-se com brancos de
classe média e circulam por áreas nobres onde predominam brancos de classe
média. Ou seja, na medida em que negros e brancos estão residencialmente
segregados, são segregadas também suas redes pessoais e locais
frequentados. Demostrou-se, portanto, que os negros são mantidos à distância,
fisica e socialmente, mesmo quando pertencem a uma mesma classe social que
a dos brancos.
Além disso, diante da evidência de que a apropriação e o uso do espaço
urbano é racialmente diferenciada, é importante notar que as áreas onde
identificamos as principais concentrações (de residências, de trajetos e de redes)
de brancos de classes médias e superiores têm grande correspondência com a
“região geral” delimitada por Villaça (1998) e por ele denominada de “Área de
Grande Concentração das Camadas de Alta Renda”, onde se localizam não
apenas as residências, mas também todas as práticas cotidianas destas
16
camadas. Entretanto, algo que Villaça não leva em consideração é que estes
espaços da cidade concentram referenciais identitários que mediam o
reconhecimento mútuo de membros de um grupo que não se caracteriza apenas
por sua posição na hierarquia de classes, mas caracteriza-se também por sua
cor branca. Ou seja, a apropriação das localizações mais valorizadas do espaço
urbano é excludente não somente dos pobres. Exclui os negros, mesmo que não
sejam pobres.
A pesquisa sintetizada no presente texto levantou reforçadas evidências
de coesão social por parte dos brancos de classe média e de limitações às
possibilidades dos negros compartilharem espaços e círculos sociais com os
brancos de classe média. Tais diferenças nas localizações residenciais, bem
como a segregação nas redes e trajetos, são indícios dos limites para a inserção
dos negros nas classes médias e altas. Diversos intérpretes têm apontado que
as desigualdades raciais no Brasil exibem uma clivagem entre “classes altas
brancas” e “classes pobres multirraciais”, nas palavras de Edward Telles (2012
[2004]) ou, em termos weberianos mais clássicos, entre os estamentos (ou
grupos de status) “brancos-ricos” e “pretos-pobres”, segundo Thales de Azevedo
(1966 [1956]). Portanto, uma vez que a honra estamental sempre se baseia em
distância e exclusividade, os diferenciais de localização observados nos dados
sobre a segregação exibem a clivagem entre grupos definidos pela sobreposição
entre classe, raça e espaço. Tal perspectiva dá à segregação no espaço urbano
importância muito significativa para a constituição de barreiras que estruturam
as relações raciais no Brasil. Além disso, aponta para a necessidade de mais
pesquisas sobre segregação por raça nas cidades brasileiras, haja vista as
grandes diferenças regionais.
Referências Bibliográficas
- ANSELIN, Luc. “Local indicator of spatial association – LISA”. Geografical
Analysis, 27, pp. 91-115. 1995.
- AZEVEDO, Thales de. “Classes Sociais e Grupos de Prestígio”. In: Cultura e
situação racial no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. (1966 [1956]).
17
- BARBOSA, Rogério; MARSCHNER, Murillo. "Uma proposta de padronização
de classificações em pesquisas do IBGE (Censos 1960-2010) e PNADs (1981-
2011): educação, setores de atividade econômica e ocupação (ISCO-88, EGP11
e ISEI)". Working paper. Mimeo. 2013.
- BRUN, Jacques. “Essai critique sur la notion de ségrégation et sur son usage
en géographie urbaine”. In: BRUN, J.; RHEIN, C. La Ségrégation dans la Ville.
Paris: L’Harmattan. 1994.
- CARDOSO, Fernando Henrique; IANNI, Octávio. Cor e Mobilidade Social em
Florianópolis: Aspectos das Relações entre Negros e Brancos numa
Comunidade do Brasil Meridional. São Paulo, Companhia Editora Nacional.
1960.
- CARRIL, Lourdes de Fátima Bezerra. Quilombo, favela e periferia: a longa
busca da cidadania. Tese de Doutorado em Geografia Humana. São Paulo:
FFLCH-USP. 2003.
- CARVALHO, Inaiá; BARRETO, Vanda Sá “Segregação residencial, condição
social e raça em Salvador” Cadernos Metrópole 18, 2o. sem 2007.
- ERIKSON; GOLDTHORPE; PORTOCARRERO. “Intergenerational Class
Mobility in Three Western European Societies”. British Journal of Sociology,
vol. 30, 1979.
- FRANÇA, D. S. N. Raça, Classe e Segregação Residencial no Município de
São Paulo. Dissertação de Mestrado em Sociologia. São Paulo. FFLCH-USP.
2010.
- FRANÇA, D. S. N. Desigualdades e segregação residencial por raça e classe.
In: Eduardo Marques. (Org.). A Metrópole de São Paulo no século XXI:
espaços, heterogeneidades e desigualdades. 1ed.São Paulo: Editora Unesp,
2015.
- FRANÇA, Danilo Sales do Nascimento. Segregação Racial em São Paulo:
Residências, redes pessoais e trajetórias urbanas de negros e brancos no
século XXI. Tese de Doutorado em Sociologia. São Paulo. FFLCH-USP. 2017.
- GARCIA, Antônia. Desigualdades Raciais e Segregação Urbana em Antigas
Capitais: Salvador, Cidade d´Oxum e Rio de Janeiro. Tese de Doutorado em
Planejamento Urbano e Regional. Rio de Janeiro: IPPUR-UFRJ. 2006.
- GRAFMEYER, Yves. “Regards sociologiques sur la ségrégation”. Em: BRUN,
J.; RHEIN, C. La Ségrégation dans la Ville. Paris: L’Harmattan. 1994.
18
- KWAN, Mei-Po. Beyond Space (As We Knew It): Toward Temporally Integrated
Geographies of Segregation, Health, and Accessibility. Annals of the
Association of American Geographers, v. 5608, n. June, p. 37–41, 2013.
- MALOUTAS, T. “Introduction: Residential segregation in Context”. In:
MALOUTAS & FUJITA (orgs.). Residential Segregation in Comparative
Perspective : Making Sense of Contextual Diversity. London: Ashgate Pub.
2012.
- MARQUES, Eduardo César. “Elementos conceituais da segregação, da
pobreza urbana e da ação do Estado”. In: MARQUES, E. C. & TORRES, H. G.
(Orgs.) São Paulo: segregação, pobreza e desigualdades. São Paulo: Editora
Senac, 2005.
- MARQUES, Eduardo. Redes sociais, segregação e pobreza. São Paulo,
Editora Unesp/Centro de Estudos da Metrópole. 2010.
- MARQUES, Eduardo (org.) A Metrópole de São Paulo no século XXI:
espaços, heterogeneidades e desigualdades. 1ed.São Paulo: Editora Unesp,
2015.
- MCPHERSON, M.; SMITH-LOVIN, L. & COOK, J. “Birds of a feather: homophily
in social networks”. Annual Review of Sociology, 27: 415-444, 2001.
- NETTO, Vinicius; PINHEIRO, Maira; PASCHOALINO, Roberto. “Segregated
Networks in the City”. Intern. Journal of Urban and Regional Research, 39,
2015.
- OLIVEIRA, Ney dos Santos. “Favelas and Ghettos: Race and Class in Rio de
Janeiro and New York City”. Latin American Perspectives, Vol. 23, No. 4, 1996.
- PARK, Robert. “Urban community as a spatial pattern and a moral order”. In:
BURGESS, Ernest (org.). The Urban Community. Chicago: The Chicago
University Press. 1926.
- PIERSON, Donald. Brancos e pretos na Bahia. São Paulo: Editora Nacional
(Brasiliana; vol. 241). 1971 [1942].
- PINTO, L. A. Costa. O Negro no rio de Janeiro: relações de raça numa
sociedade em mudança. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ. 1998 (1953).
- PRÉTECEILLE, E.; CARDOSO, A. Río de Janeiro y São Paulo: ciudades
duales? Comparación con Paris. Ciudad y Territorio, Estudios Territoriales,
v. XL. 2008.
19
- RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz. “Status, Cor e Desigualdades Sócio-
Espaciais na Metrópole do Rio de Janeiro”. In: XII Encontro da ANPUR. Belém:
2007.
- RIOS NETO, Eduardo. “Desigualdade Raciais nas Condições Habitacionais da
População Urbana”. CEDEPLAR/UFMG. Mimeo. 2005.
- ROLNIK, Raquel. “Território Negros nas Cidades Brasileiras (Etnicidade e
Cidade em São Paulo e no Rio de Janeiro)”. Estudos Afro-Asiáticos Nº. 19, pp
29-41. 1989.
- SHARKEY, P.; FABER, J. W. Where, When, Why, and For Whom Do
Residential Contexts Matter? Moving Away from the Dichotomous Understanding
of Neighborhood Effects. Annual Review of Sociology, v. 40, n. 1, p. 559–579,
2014.
- SILVA, Maria Nilza da. “Nem para todos é a cidade: segregação urbana e
racial em São Paulo”. Doutorado em Ciências Sociais. PUC-SP. 2004.
- SILVEIRA, Leonardo Souza. “Segregação Residencial e Diferencial Racial De
Renda: Estrutura e distribuição geográfica por raça na Região Metropolitana de
Belo Horizonte” Dissertação de mestrado em Sociologia. UFMG. 2014.
- TELLES, Edward. “Cor da Pele e Segregação Residencial no Brasil”. Estudos
Afro-Asiáticos Nº. 24, pp. 5-22. 1993.
- TELLES, Edward. “Race, Class and Space in Brazilian Cities” International
Journal of Urban and Regional Research Nº. 19. pp. 295-406. 1995.
- TELLES, Edward. O Significado da Raça na Sociedade Brasileira.
Disponível em http://www.soc.ucsb.edu/faculty/telles/. 2012 [2004].
- TORRES, Haroldo. “A pesquisa sobre segregação: conceitos, métodos e
medições”. Espaço & Debates: Revista de Estudos Regionais e Urbanos, v.
24, n. 45. 2004.
- TORRES, Haroldo da Gama. “Medindo a segregação”. In: MARQUES &
TORRES (orgs.) São Paulo: segregação, pobreza e desigualdades. São
Paulo: Senac, 2005.
- VARGAS, João H. Costa. “Apartheid brasileiro: raça e segregação residencial
no Rio de Janeiro.” Revista de Antropologia Vol. 48 Nº. 1. São Paulo: USP.
2005.
- VILLAÇA, Flavio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel,
1998.
20
- VILLAÇA, Flavio. “A pesquisa sobre segregação: conceitos, métodos e
medições”. Espaço & Debates: Revista de Estudos Regionais e Urbanos, v.
24, n. 45. 2004.
- WEBER, Max “A distribuição do poder dentro da comunidade: Classes,
estamentos e partidos.” Em: Economia e Sociedade: fundamentos da
sociologia compreensiva. (Volume 2). Brasília / São Paulo: Editora UnB /
Imprensa Oficial. 2004.
- WELLMAN, B. The Community Question: The Intimate Networks of East
Yorkers. American Journal of Sociology, v. 84, n. 5, p. 1201–1231, 1979.
- WILSON, William Julius. The Truly Disadvantaged: the Inner City, the
Underclass and Public Policy. Chicago: University of Chicago Press. 1987.