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Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Porto Alegre, 25 a 29 de Julho de 2016
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE AS CONCEPÇÕES ARQUITETÔNICAS DOS IRMÃOS ROBERTO E DE LÚCIO COSTA
SESSÃO TEMÁTICA: OBRAS COMPARADAS
Luiz Felipe Machado Coelho de Souza PPGAU/EAU/UFF
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE AS CONCEPÇÕES ARQUITETÔNICAS DOS IRMÃOS ROBERTO E DE LÚCIO COSTA
RESUMO
O estudo da trajetória profissional dos Roberto possibilita o cotejamento de sua obra com a de outros arquitetos. A quantidade reduzida de textos dificulta, entretanto, uma melhor análise no âmbito da produção teórica. A trajetória de Lúcio Costa é de maior equilíbrio entre a literatura e o projeto. Erudito, ocupou-se de um fazer literário. Os Roberto dedicaram-se menos à escrita por conta do trabalho diuturno entre desenhos e canteiros. Marcelo Roberto, primogênito e mentor da equipe, é autor da maioria dos textos que permitem conhecer o pensamento dos Roberto. Embora se recusasse à sistematização teórica, acabou por deixar pistas do que teria orientado a realização de obra construída numerosa e qualificada. Em Arquitetura e a luta pela vida (1940), observa-se transmissão de experiência adquirida. Lista recomendações aos estudantes da EnBA que deveriam ser seguidas para o sucesso profissional. Ao cotejar este e outros escritos dos Roberto com artigos fundamentais de Lúcio Costa identificam-se aspectos discordantes e concordantes. Distanciamento e a proximidade são verificados também por percursos profissionais desde 1930, data da direção de Costa na EnBA e da graduação de Marcelo na mesma instituição. Alguns fatos havidos desde então, Chômage, Casas sem dono, Monlevade o Ministério da Educação e Saúde, por um lado, Associação Brasileira de Imprensa e Aeroporto Santos Dumont, por outro, são elucidativos. Não menos significativos são os graus de proximidade distintos entre esses arquitetos e Le Corbusier.
Palavras-chave: Arquitetura moderna; Teoria da arquitetura; Irmãos Roberto Arquitetos.
SIMILARITIES AND DIFFERENCES BETWEEN ARCHITECTURAL CONCEPTS OF ROBERTO BROTHERS AND COSTA LÚCIO
ABSTRACT
The study of the professional career of Roberto enables the comparison of his work with other architects. The reduced amount of text difficult, however, a better analysis in the context of theoretical production. The trajectory of Lúcio Costa is greater balance between literature and design. Scholar, he held up a literary do. The Roberto dedicated themselves to writing less because of the availability of beds work between drawings and flowerbeds. Marcelo Roberto, firstborn and mentor of the team, is the author of most texts that allow to know the thought of Roberto. Although it refused to theoretical systematization, eventually leaving clues to what would have guided the realization of building large and skilled labor. Architecture and the struggle for life (1940), it is observed transmission experience. List recommendations to students EnBA that should be followed for professional success. By collating this and other writings of Roberto with fundamental articles of Lúcio Costa are identified discordant and concordant aspects. Distance and proximity are also checked by professional paths since 1930, when the direction of the Costa EnBA and Marcelo degree at the same institution. Some facts havidos since Chômage unowned houses, Monlevade the Ministry of Education and Health, on the one hand, the Brazilian Press Association and Santos Dumont Airport, on the other, are enlightening. No less significant are the different degrees of proximity between these architects and Le Corbusier.
Keywords: Modern architecture; Architectural theory; Roberto Brothers Architects.
INTRODUÇÃO
Uma análise comparativa entre as obras dos irmãos Roberto e de Lúcio Costa (1902-1998)
demanda algumas considerações preliminares. Seus legados diferem-se, de maneira
notável, naquilo que se refere aos volumes de suas produções literárias e de suas obras
construídas. Em relação à produção literária, a obra dos Roberto é escassa
comparativamente à de Costa. Inversamente, o volume construído dos irmãos arquitetos é
notadamente maior. Relativamente ao aspecto qualitativo das referidas obras, a produção
literária de Lúcio Costa, arcabouço da historiografia do movimento moderno, é
reconhecidamente de maior valor. Em relação à obra construída, podem ser considerados
equilibrados os valores das produções dos Roberto e de Lúcio Costa.
Os Roberto que, em 1935, iniciaram uma trajetória de realizações na área de edificações, a
partir da vitória no concurso para a sede da Associação Brasileira de Imprensa, ABI (1935),
pouco se dedicaram ao fazer literário. Costa, por sua vez, embora estivesse envolvido
também com projetos, desde o início da década de 1930, notabilizou-se por ações
colaborativas em prol do estabelecimento de uma nova ordem na produção futura de
arquitetura no Brasil. Se, por um lado, os irmãos Roberto aproximaram-se logo de indivíduos
diretamente relacionados com a atividade produtiva imediata da área das edificações,
profissionais especialistas e uma clientela composta por representantes das esferas pública
e privada, por outro, Costa cultivou relacionamentos com colegas da profissão e com
representantes do poder público.
O sucesso profissional dos arquitetos em questão deveu-se a empenhos de naturezas
distintas. Os primeiros passos dos Roberto deram-se pelo esforço individual de Marcelo
Roberto (1908-1964), primogênito. Ele procurou, desde muito cedo, dedicar-se ao trabalho:
desenhos, decorações e execução de obras vinculadas a um certo construtor carioca.
Marcelo responsabilizava-se pelo sustento da família por conta da morte prematura do pai.
Os primeiros passos de Costa deram-se em ambiente acadêmico, quando ele foi designado
para ocupar a direção da Escola nacional de Belas Artes, EnBA, e, logo após, pela
incumbência da autoria do edifício sede do Ministério da Educação e Saúde pública, MESp.
O legado literário dos Roberto não está à altura de sua obra construída. Desde os primeiros
escritos de Marcelo observa-se dificuldade na formulação de textos. Ideias sobre a
arquitetura, sobre o urbanismo e sobre o metier resumem-se a frases curtas e
desacompanhadas de maiores explicações. Na falta de um concatenamento de ideias
deixadas por escrito e por não haver, ainda, sistematização consistente dessas poucas
noções deixadas por eles, resta-nos buscar compreendê-las a partir das condições de cada
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momento histórico e cotejá-las com sua obra construída. Trata-se de uma dura missão:
compreender suas premissas teóricas a partir de alguns poucos fragmentos literários.
O presente trabalho compara aspectos contidos em textos escritos pelos Roberto e por
Lúcio Costa relacionados com as visões acerca da gênese e do desenvolvimento da
arquitetura moderna no Brasil. Arquitetura e a luta pela vida (1940) e O Instituto de
Resseguros, um prédio eficiente e lírico (1941), escritos de Marcelo Roberto; O estranho
caso da arquitetura brasileira (1949) e Dix années d’architecture (Dez anos de arquitetura)
(1952), de autoria de Milton Roberto se contrapõem a Razões da nova arquitetura (1934) e
Muita construção, alguma arquitetura e um milagre (1951) que dispõem as interpretações de
Costa sobre o assunto.
A comparação entre os discursos dos irmãos Roberto e de Lúcio Costa é valiosa na medida
em que se encontram concordâncias e discordâncias importantes. É de se notar que, por
conta da maior proximidade de Costa com representantes do poder público e também sua
maior facilidade com a escrita, suas opiniões acabaram por se tornar hegemônicas na
construção da trama historiográfica da arquitetura moderna no Brasil.
IRMÃOS ROBERTO
O início da carreira de Marcelo já refletia a rotina de trabalho que caracterizaria os irmãos
arquitetos. Milton Roberto (1914-1953), seis anos mais novo que o primogênito, mesmo
antes da associação com ele para a realização dos desenhos para o concurso da ABI,
auxiliava-o em suas atividades de construtor. O resultado positivo no concurso foi
determinante para tornar possível um sonho já anteriormente acalentado, como se pode
observar nos primeiros textos de Marcelo: dedicarem-se exclusivamente à arquitetura.
O período que se inicia em 1935, a partir da primeira associação fraterna para a realização
do projeto vencedor do concurso da ABI, corresponde, para ao Roberto, a intensas e a
crescentes atividades profissionais. A vitória no concurso da Estação de passageiros do
Aeroporto Santos Dumont (1937) e o projeto para a sede do Instituto de Resseguros do
Brasil, IRB (1941), são somente dois exemplos dentre outras realizações de vulto do
escritório que rumava a passos largos para a ampliação de uma clientela duramente
conquistada. Mesmo assim, Marcelo e depois Milton aventuraram-se na escrita, ainda que
muito timidamente. Ao final da década de 1940, Milton, tornando-se Presidente do Instituto
de Arquitetos do Brasil, IAB, seria obrigado a manifestar-se publicamente.
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Figura 1 - Marcelo, Milton e Maurício Roberto (1953), Fonte: Acervo do NPD/FAU/UFRJ
Figura 2 - Edifício sede da ABI (1935), Fonte: Acervo do NPD/FAU/UFRJ
Figura 3 - Aeroporto Santos Dumont (1937), Fonte: Acervo do NPD/FAU/UFRJ
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Figura 4 - Edifício sede do IRB (1941), Fonte: Acervo do NPD/FAU/UFRJ
Em um de seus primeiros textos, Arquitetura e a luta pela vida1 (1940), Marcelo deixava
claro seu ponto de vista em relação aos aspectos de uma rotina em direção à realização
profissional. Colocava-se distante de “meia dúzia de bem aventurados”2, e dizia que a luta
pela vida não consistia simplesmente em ganhar dinheiro, o que seria relativamente simples
para quem se contentasse somente em fazê-lo. Em uma visão mais completa acerca da
realização profissional (onde ganhar dinheiro era indispensável, mas não suficiente),
considerava necessário estudar mais para trabalhar melhor e, assim, realizar os ideais. Na
referida palestra, Marcelo enumerou doze princípios para a realização profissional. 3
1 Trata-se de texto escrito por Marcelo Roberto para palestra proferida na Escola nacional de Belas Artes, EnBA, direcionada aos estudantes, dentre os quais encontrava-se Maurício Roberto, seu irmãos caçula. Palestra organizada pelo Diretório Acadêmico da Escola nacional de Belas Artes. 2 ROBERTO, Marcelo, “Arquitetura e a luta pela vida”, palestra proferida na EnBA, na série de conferências organizada pelo Diretório Acadêmico da EnBA, 1940, p. 3. 3 ROBERTO, Marcelo, “Arquitetura e a luta pela vida”, palestra proferida na EnBA, na série de conferências organizada pelo Diretório Acadêmico da EnBA, 1940, p. 3. São as seguintes as recomendações de Marcelo aos estudantes: 1 – Gostar da profissão, pois ela exige sacrifícios de sacerdotes; 2 – Conceber um programa, tendo-se em vista o que se quer, onde se pretende chegar, do que se dispõe e o que se deve saber para realizá-lo; 3 – Aprender o metier, dominar a rotina do escritório e da obra, observar os especialistas e saber coordená-los; 4 – Saber trabalhar em equipe, pois a colaboração estreita iria facilitar; 5 – Olhar de forma larga, pois a arquitetura é a síntese ritmada que comportava questões além do campo das edificações; 6 – Ser bem informado, pois assuntos de ordens diversas podem ser mais úteis ao arquiteto do que o estudo de exemplos congêneres; 7 – Satisfazer às necessidades humanas – constantes e variáveis -, todo o novo projeto exigia uma nova análise, evitando-se assim a especialização; 8 – Disciplinar o escritório e o cérebro, evitando preconceitos e devaneios; 9 – Manter o prestígio, explicando aos clientes os motivos da nova arquitetura pois o arquiteto, ao depender de suas realizações, não deve transigir transformando-se em um mero desenhista; 10 – Ser honesto, encontrar os argumentos que convençam, estando convencido deles; 11 – Saber ganhar dinheiro com a arquitetura sem entretanto fazer arquitetura para ganhar dinheiro, pois ela não deveria ser uma simples mercadoria para agradar clientes, o que exige por parte dos arquitetos o conhecimento da realidade, mais importante que o desenho; 12 – Fazer, através da atuação profissional, aumentar os exemplos de boa arquitetura no país, não podendo o arquiteto, havendo, na época, trabalho para todos, estar desempregado.
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Um ano após, Marcelo publicou um artigo assinado por MMM Roberto Arquitetos4 intitulado
O Instituto de Resseguros, um prédio eficiente e lírico no qual tratou de aspectos referentes
ao projeto da sede do IRB, basicamente questões compositivas, construtivas e funcionais.
Ao finalizar, ao considerar este o projeto de melhor qualidade da obra dos Roberto,
reclamou autonomia perante seus colegas de profissão, referindo-se aos descendentes
espirituais de Le Corbusier, grupo dos quais afirma não fazerem parte. Não negou,
entretanto, a importância dos ensinamentos do arquiteto mestre.
Em 1949, Milton Roberto, então Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, IAB, redigiu
O estranho caso da arquitetura brasileira no qual chamava atenção para a divulgação
internacional da arquitetura brasileira a partir de uma primeira publicação da revista norte-
americana Architectural Record, 1940, a partir da construção do Pavilhão brasileiro da Feira
Internacional de Nova York, 1939. Afirmava que, desde então, a crítica internacional passara
a observar a produção nacional com maior interesse e que a publicação de Brazil Builds,
1943, acabaria por consagrá-la. Afirmava que os críticos internacionais descobriram a
importância da arquitetura tradicional do País, suas raízes, e que a produção
contemporânea (1949) era numerosa. Negava a idéia de um fenômeno e afirmava haver
continuidade.
No ano de 1952, ainda como Presidente do IAB, Milton respondeu a convite da revista
L’Architecture d’Aujourd’hui para apresentar a edição comemorativa da década transcorrida
desde Brazil Builds. Negou-se a tecer teorias que pudessem explicar a numerosa e
qualificada produção de arquitetura de tal período. Segundo Milton, entre colegas, não se
falava de arquitetura, mas sim de amenidades. Ele reconhecia a existência de algo maior
que unia o grupo de arquitetos, mas reafirmava que a experiência das realizações, cada
qual perante sua prancheta, era o que mais importava.
LÚCIO COSTA
O início do percurso profissional de Lucio Costa, na época ainda de seus projetos
relacionados à corrente neocolonial, correspondeu à sua designação para a direção da
EnBA. Seu afastamento dos ideais capitaneados por José Mariano iria ocorrer em época de
embates de grupos antagônicos. A ação de Costa no interior dessa instituição acadêmica
acabou por gerar importantes consequências para o futuro do movimento moderno.
4 A sigla MMM Roberto Arquitetos foi criada em 1941 por ocasião do ingresso formal de Maurício Roberto (1921-1996) e foi extinta em 1964, ano da morte de Marcelo. A associação anterior entre Marcelo e Milton, criada em 1935, denominava-se MM Roberto Arquitetos.
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A época que se seguiu para Costa, entre os anos 1932 e 1936, correspondeu a uma tomada
de consciência em direção à prática de uma nova arquitetura. Em um período intitulado pelo
próprio arquiteto de Chômage, algumas realizações projetuais, Casas sem dono, Monlevade
(1934), e outras nomeadas de projetos esquecidos dos anos 1930, as casas Carmem
Santos, Maria Dionésia, Álvaro Osório de Almeida e Genival Londres e a Chácara Coelho
Duarte já abandonavam completamente as arquitetura de estilo. Cumpria, portanto, uma
determinação já demonstrada anteriormente na passagem de uma linguagem acadêmica
para aquela que denominou de sua “primeira proposição de sentido contemporâneo”5, a
Casa E. G, Fontes. Corresponde a esse mesmo período a curta associação que formou com
Gregori Warchavchik, na qual realizou, entre outras obras menores, a significativa vila
operária na Gamboa. A associação com Warchavchik não prosperou, tanto pela redução de
encomendas como também, e mais importante ainda, por desavenças em relação a um
determinado “modernismo estilizado”6 que não lhes parecia, a ele e também a seu
associado Carlos Leão, mais ajustados aos princípios corbusianos aos quais já se
apegavam.
Figura 5 – Lúcio Costa, Fonte: Acervo Joaquim de Paula
5 COSTA, Lúcio, “Casa E. G. Fontes”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 60. 6 COSTA, Lúcio, “Gregori Warchavchik”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 72.
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Parece esclarecedora a aproximação de Costa com Carlos Leão, pela concordância de
ideias entre eles em relação a uma nova arquitetura imaginada naquele tempo. A opção por
Le Corbusier já se vinha formando e ela se deu em um tempo de Chômage no qual, as
horas dedicadas a estudos e pesquisas lhe foram possíveis.
Razões da nova arquitetura, 1934, o primeiro texto de Costa analisado neste trabalho, trata
basicamente de novos rumos indicados para uma revolução que pretendia para os hábitos
do fazer construir, no âmbito de uma sociedade ainda muito arraigada às tradições e aos
academicismos. Ele se referiu a uma “guerra santa profissional”, e apontou para novas
possibilidades decorrentes tanto de novas exigências sociais como também de recentes
avanços tecnológicos. A opção pelo exemplo de Le Corbusier começava a ser anunciada:
comparava-o a Brunellesco e afirmava que os exemplos mais característicos da nova
arquitetura filiavam-se às tradições mediterrâneas. Afirmava também que a arquitetura
moderna tinha raízes profundas pois, embora as formas variassem, o espírito permanecia
consonante com valores do passado. Segundo Costa, ser moderno era (conhecendo o
passado) ser atual e prospectivo.
Em “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto
carioca.”, Costa construiu, através de longa argumentação, a ideia do surgimento da
manifestação arquitetural erudita como fato extraordinário. Muita construção refere-se a uma
grande massa construída, principalmente ao longo da década de 1940, cujo valor expressivo
seria de menor importância. Alguma arquitetura pode ser compreendida como o conjunto da
obra de uma série limitada de arquitetos que ele enumerou, entre outros, Affonso Eduardo
Reidy, Jorge Machado Moreira, Marcelo Roberto, Carlos Leão além dele próprio. Esse grupo
era seguido de outros mais jovens como Oscar Niemeyer e Milton Roberto. Costa
prosseguiu na explicação dos motivos do surgimento dessa arquitetura diferenciada, de tal
resposta instantânea de profissionais interessados na renovação da técnica e da expressão,
logo após sua rápida passagem na direção da EnBA, pelo fato que um pequeno grupo
“purista consagrado ao estudo apaixonado das realizações de Gropius e de Mies van der
Rohe, mas principalmente da doutrina e da obra de Le Corbusier, encaradas já então, não
mais como um exemplo entre tantos outros, mas como o “Livro Sagrado” da arquitetura.”7
Lúcio Costa distinguia, dentre os nomes acima citados (há ainda outros aqui omitidos),
Oscar Niemeyer como um indivíduo especial. Definiu-o como um personagem habilitado a
catalisar possibilidades latentes, algo já definido por ele em 1934, em “Razões da nova
arquitetura” como vibrações coletivas que são captadas por artistas e condensadas em
7 COSTA, Lúcio, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 168.
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obras de arte.8 Milagre constante no título parece referir-se então ao gênio do “arquiteto de
formação e mentalidade genuinamente cariocas”9 e que, assim como “Antônio Francisco
Lisboa, em circunstâncias muito semelhantes, nas Minas Gerais do século XVIII, ele é a
chave do enigma que intriga a quantos se detêm na admiração dessa obra esplêndida e
numerosa (...)”. 10
Por fim, embora se referisse a outras realizações expressivas anteriores, como à sede da
ABI, dos irmãos Marcelo e Milton Roberto, à Obra do Berço, de Oscar Niemeyer, e à
Estação de Passageiros de Hidroaviões, de Atílio Correia Lima, Costa destinou ao MESp
uma maior importância relativa. Segundo Costa, trata-se de “o marco definitivo da nova
arquitetura brasileira (...) onde a doutrina e as soluções preconizadas por Le Corbusier
tomaram corpo na feição monumental pela primeira vez (...)”. 11
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
No tempo em que os Roberto ocupavam-se de um cotidiano relacionado com a labuta de
seu escritório, desde 1935 e ao longo da década de 194012, algumas ações de Costa
chamam atenção: o envolvimento na criação do SPHAN (1937) e a proximidade com o
curador da exposição Brazil Builds (1943), Phillip Goodwin.
Em relação ao SPHAN, é sabido que o organismo norteou sua política pelas noções de
tradição e de civilização, com ênfase especial na relação entre o presente e o passado. Os
bens culturais, classificados como patrimônio, deveriam fazer a mediação entre os heróis
nacionais pretéritos com os do presente. Os principais tombamentos ocorreram
principalmente através de obras de arte e de arquitetura barrocas, majoritariamente situadas
no Estado de Minas Gerais e a figura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, era
considerada como o exemplo a ser observado.
É sabido também que as ações de tombamento não se restringiram somente a obras do
passado. A justificativa da prevenção passou a ser válida para garantir que administrações
futuras não alterassem as características de edificações que surgiam pelas próprias mãos
8 COSTA, Lúcio, “Razões da nova arquitetura, 1934”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 109. 9 COSTA, Lúcio, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 170. 10 COSTA, Lúcio, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 170. 11 Lúcio, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 168. 12 Neste período, cerca de 25 realizações entre arquitetura e urbanismo são registradas no currículo dos Roberto. Dentre elas, algumas notáveis como, além das já citadas ABI, Aeroporto Santos Dumont e IRB e Colônia de Férias do IRB, as Instalações industriais Sotreq (1944), Edifício residencial Júlio Barros Barreto (1947), Escola de Formação profissional SENAI (1948) e Edifício Seguradoras (1949).
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dos responsáveis pela determinação dos valores culturais. Como bem registra José Pessôa,
a idéia de se tombar um edifício moderno surgiu por iniciativa de Alcides da Rocha Miranda,
em 1944, em favor do edifício do MESp antes mesmo de ele estar concluído. O processo
não teve desfecho imediato pela delicadeza da situação: o pedido de tombamento deveria
ser encaminhado através de parecer favorável assinado pelas mãos do próprio autor, Lúcio
Costa, então Diretor de Estudos e Tombamentos da Diretoria do Patrimônio Artístico
Nacional, DPHAN. O fato que tornou possível o prosseguimento de tal processo foi o
tombamento, logo em seguida, no ano de 1947, da Igreja de São Francisco da Pampulha,
projetada por Oscar Niemeyer, em 194313.
Respaldado por esse fato, já no ano seguinte, em 1948, Lúcio Costa sentiu-se à vontade
para canonizar o exemplar considerado, afinal, como o verdadeiro marco do Movimento
Moderno no País, o atual Palácio Gustavo Capanema.
Figura 6 - Igreja da Pampulha (1943), Fonte: Arquivo do Instituto Moreira Salles
Figura 7 - Ministério da Educação e Saúde (1943), Fonte: Arquivo do Instituto Moreira Salles
13 José Pêssoa, “Cedo ou tarde serão consideradas obras de arte”, in Moderno e Nacional, José Pêssôa et.al., org. (Niterói: EdUFF, 2008), 158.
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Em relação a Brazil Buids, parece legítimo supor que a versão de Philip Goodwin (embora
erudito não deve ser considerado mais que um mero observador de cena complexa) tenha
tido origem naquela apresentada por Costa. O curador norte-americano foi recebido por
Rodrigo Melo Franco de Andrade, Diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, SPHAN, que designou Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para lhe acompanhar.
Em uma das primeiras sentenças presentes no catálogo da exposição do MoMA lê-se que:
“As ideias revolucionárias do arquiteto suíço-francês Le Corbusier foram recebidas com
simpatia especial pelos jovens arquitetos brasileiros. E seus ensinamentos se puseram em
prática com brilho particular no Ministério da Educação e em outras obras em Belo-
Horizonte14.”
Notícias sobre a estadia de Goodwin no Brasil dão conta de que ele teria bem se
impressionado, tanto pela produção moderna, quanto pela atenção que se dava aos
edifícios históricos. A plasticidade formal, especialmente do conjunto da Pampulha, de
autoria de Oscar Niemeyer, e o controle da luz natural, observado nos edifícios da Academia
Brasileira de Imprensa, ABI, de Marcelo e Milton Roberto, e do Ministério de Educação e
Saúde pública, MESp, desenhado pela equipe comandada por Lúcio Costa, foram aspectos
especialmente elogiados da nova arquitetura.
Figura 8 - Oscar Niemeyer e Lúcio Costa (1960), Fonte: Arquivo do Instituto Moreira Salles
MUITA CONSTRUÇÃO, ALGUMA ARQUITETURA E UM MILAGRE
Em Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, Costa indaga como “(...) a proverbial
ineficiência do nosso operariado, a falta de tirocínio técnico dos nossos engenheiros, o
atraso de nossa indústria (...) se pudessem transformar a ponto de tornar possível, num tão
14 Philip Goodwin, Brazil Builds, Architecture New and Old, 1652-1942. (New York: MoMA-NY, 1943), 81.
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curto prazo, (...) na aptidão das oficinas e na proficiência dos profissionais; (...)?15”. Ele trata
desse assunto como sendo uma metade do referido milagre e propõe sua aceitação através
das “(...)imposições de natureza técnica e econômico-social (...)16”. Costa reserva para outra
metade do dito milagre, fração mínima de uma massa edificada de aspecto vulgar a
alcançar o apuro necessário para sobressair, da noite para o dia, internacionalmente,
explicação mais longa e complexa. E retoma o já tratado assunto da participação de Le
Corbusier para alavancar um processo que se consagra pelas mãos de Oscar Niemeyer
Soares Filho.
FENÔMENO OU CONTINUIDADE?
Após a Segunda Guerra, revistas do continente europeu, inicialmente inglesas e francesas,
publicaram artigos sobre a arquitetura no Brasil. Em 1952, L’Architecture d’Aujourd’hui
dedicou um número à produção brasileira para celebrar uma década transcorrida desde
Brazil Builds. Naquela ocasião, Milton Roberto, então Presidente do IAB, instigado pelos
editores a enumerar teorias que pudessem explicar a produção extraordinária dos últimos
anos local recusou-se17. Para ele, os arquitetos brasileiros não buscavam “literalizações”,
mas concentravam-se exclusivamente na produção. Observavam atentamente erros e
acertos. Segundo Milton, entre colegas, não era hábito tratar-se de arquitetura, mas
somente de amenidades. Depois, retornavam eles às suas pranchetas e dedicavam-se eles
aos seus assuntos profissionais.
15 Lucio Costa, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência (São Paulo: Empresa das Artes, 1995) 170. 16 Lucio Costa, “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, 1951. Depoimento de um arquiteto carioca”, in Registro de uma vivência (São Paulo: Empresa das Artes, 1995) 170. 17 Milton Roberto, “Dix années d’architecture”, L’Architecture d’Aujourd’hui 42-43 (agosto 1952): 26-27.
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Figura 9 - Milton Roberto (sem data), Fonte: Acervo do NPD/FAU/UFRJ
Três anos antes desta publicação, Milton já se manifestara sobre a produção moderna no
Brasil. Em sua opinião, o reconhecimento internacional já se dera de maneira ampla pelo
próprio arquiteto norte-americano Phillip Goodwin e também por outros editores europeus
que lhe seguiram. “Eles descobriram a importância de nossa arquitetura tradicional,
compreenderam as nossas raízes, viram que os exemplos contemporâneos, mais
numerosos do que pensavam, eram obra de um grupo, não de duas ou três prima-donas
surgidas por fenômeno, e que a arquitetura que o Brasil podia exibir, e que se rivalizava com
o que de melhor já fora realizado no mundo, representava uma continuidade.”18
Embora os vocábulos fenômeno e continuidade não tenham sido bem esclarecidos pelo
arquiteto Roberto, pode-se compreender por fenômeno fato estranho ao lugar, algo
inesperado e que se manifesta fora de controle; e por continuidade a repetição de atitudes
de um grupo, ação regular, sem quebra importante de rotina, ou simplesmente manifestação
de cultura. Compreende-se assim o ponto de vista de Milton: a produção brasileira decorria
do exercício profissional consciente.
As palavras de Milton refletem postura dos Roberto, pela crença da obtenção dos bons
resultados através do empenho no trabalho constante, tanto relativamente à histórica
tradição construtiva brasileira como à da rotina de seu escritório. E a recusa à literalização,
anunciada três anos depois, pode ser explicada, em parte, por conta da importante carga de
trabalho entre a prancheta e o canteiro que envolveu a vida profissional dos irmãos
arquitetos.
18 Milton Roberto, “O Estranho Caso da Arquitetura Brasileira”, Arquivo M Roberto (outubro 1949).
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Mesmo considerando-se os Roberto distanciados da formulação de textos teóricos, o
episódio da anunciada recusa de Milton não oculta o debate de ideias entre colegas de
profissão. Dentre os irmãos, Milton é aquele que deixou a menor quantidade de linhas e
Marcelo foi quem mais se aventurou a registrar pensamentos através da escrita. O material
disponível nos revela, sobretudo, concordância fraterna em assuntos de naturezas variadas,
mesmo que em épocas distintas da duração da empresa. Assim, os argumentos expostos
por um devem ser compreendidos como pertencentes ao pensamento do trio coeso. Milton,
por ter ocupado a cadeira de Presidente do IAB, entre 1949 e 1953, encontrava-se, naquele
período, mais obrigado a posicionar-se publicamente. Reivindicava o entendimento da
própria obra como a manifestação cultural de um grupo social detentor de um saber
construir necessário.
A continuidade reclamada por Milton deve ser vista, portanto, como uma tomada de posição
dos Roberto, um desejo de reconhecimento da autonomia de sua obra. A tradução de que a
eclosão do movimento bem sucedido deveu-se ao contato direto com Le Corbusier não lhes
era cabível pelo simples fato de que não tiveram com ele, em 1936, contato direto. A
explicação em voga, aconselhada ao viajante norte-americano por Costa, valorizava,
sobremaneira, a produção de membros da equipe do MESp, além de destinar a este edifício
o pioneirismo reclamado mais justamente pelos Roberto para o edifício da ABI.
CONCLUSÃO
A análise dos textos apresentados neste trabalho conduz à conclusão da existência de
pontos de discordância e de concordância entre os irmãos Roberto e Lúcio Costa. A
inexistente troca de linhas por vias diretas permite-nos supor o afastamento dos irmãos
arquitetos de um debate aberto, por conta do maior domínio de Costa das letras. Embora
sejam dispostas as explicações de que Marcelo e de Milton tenham se afastado de um fazer
literário, por conta da preferência pela prancheta e pelo canteiro de obras, elas não devem
aceitáveis por conta dos prejuízos futuros causados por uma teoria não explicitada.
É impossível supor-se uma falta de teoria face à obra construída, numerosa e qualificada.
Os prejuízos causados com a falta de literalização, tendo-se em vista a existência de teoria,
são de naturezas distintas: ausência de transmissão aos futuros arquitetos de seus
profundos conhecimentos acerca da arquitetura e do urbanismo; a impossibilidade de
maiores evoluções pela troca de opiniões entre pares; e o silêncio da crítica e
consequentemente uma maior divulgação tanto de seus pontos de vista como de sua
própria obra.
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Importa aqui tratarmos dessa última categoria de prejuízo, por conta do fato que a
historiografia acabou por adotar mais amplamente o discurso de Costa, como já visto, mais
próximo do poder público e, consequentemente, dos críticos e dos difusores e formadores
de opinião. Convém lembrar que Goodwin, Mindlin e, mais tarde Paulo Santos repetem,
mesmo que por palavras variadas, a estrutura de pensamento de Costa. Em decorrência de
um maior silencio da crítica especializada da obra dos Roberto, assim como da obra de
outros arquitetos mais desconhecidos ainda, os arquitetos pertencentes ao grupo do MESp
(descendentes espirituais de Le Corbusier, segundo Marcelo Roberto), especialmente
Costa, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira e, mais especialmente o eleito por
Costa, Oscar Niemeyer, é a mais divulgada e reconhecida pelas críticas brasileira e
internacional. Convém lembrar que, somente em 2014, a obra dos irmãos Roberto foi objeto
de uma publicação extensa, pelo próprio Autor deste artigo.
A reivindicação dos Roberto sobre a qualidade de sua própria obra, como ficou claro no
discurso de Marcelo por ocasião da conclusão da obra do IRB, assim como a recusa à
aceitação da prima donas por parte de Milton, não passa de um reclame por um lugar ao sol
que lhes foi negado. A insistência pela noção de continuidade e não de um fenômeno,
também presente no discurso de Milton, é, ao mesmo tempo, uma recusa de Le Corbusier
como o mestre maior e de Oscar Niemeyer como o gênio emergente, uma afirmação de um
método de trabalho relacionado com aspectos culturais de um saber construir. A
organização profissional dos Roberto (que inclui trabalho constante, conquista de uma
clientela e o trato com especialistas da construção) pode ser diferenciada daquela de seus
já referidos colegas contemporâneos atrelados, muito mais do que os Roberto, ao poder
público, cujo controle dos resultados pode ser considerado de natureza distinta.
Em relação aos aspectos concordantes, pode-se dizer que tanto os Roberto como Lúcio
Costa estiveram sempre comprometidos com a feitura de uma nova arquitetura que pudesse
beneficiar os indivíduos da sociedade brasileira, ao auxiliar na resolução dos problemas
sociais, cuja expressão fosse inovadora e também que utilizasse e que fizesse desenvolver
novas técnicas já existentes ou possíveis de serem criadas.
Por último, concordaram plenamente com a noção exposta por Costa já, em Razões da
nova arquitetura, (1934), e também por Marcelo, em Arquitetura e a luta pela vida (1940).
Segundo Costa: “(...) ser moderno é – conhecendo a fundo o passado – ser atual e
prospectivo.” 19 Segundo Marcel Roberto: “(...) cada elo da corrente, em todos os tempos, foi
uma obra moderna. É preciso ser moderno, trabalhar modernamente. Ser moderno,
contudo, é partir do ponto onde os outros chegaram, aprendendo como e porque os outros 19 COSTA, Lúcio, “Razões da nova arquitetura, 1934”, in Registro de uma vivência, São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 16.
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chegaram, aprendendo como e porque os outros fizeram, e como e porque é preciso
fazer”.20
BIBLIOGRAFIA
Costa, Lúcio. 1995. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes. Goodwin, Philip. 1943. Brazil Builds, Architecture New and Old, 1652-1942. New York:
MoMA-NY. Marques, Sonia. 2008. A alma nacional: Barroca e ecleticamente moderna. Das eternas
reinvenções de Brasilidades. In Moderno e Nacional, org. José Pessôa et.al, 37-65. Niterói: EdUFF.
Martins, Carlos Ferreira. “A construção da narrativa na historiografia da arquitetura moderna brasileira”, in: REVISTA PÓS, O Estudo da História na Formação do arquiteto, número especial 1, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995, p. 91-95.
Roberto, Milton. “O Estranho Caso da Arquitetura Brasileira”, Arquivo M Roberto (outubro 1949).
Pêssoa, José. 2008. Cedo ou tarde serão consideradas obras de arte. In Moderno e Nacional, org. José Pessôa et.al, 158-168. Niterói: EdUFF.
Roberto, Milton. 1952. Dix années d’architecture. L’Architecture d’Aujourd’hui 42-43 (agosto): 26-27
Souza, Luiz Felipe Machado Coelho de. 2014. Irmãos Roberto Arquitetos. Rio de Janeiro: Rio Books.
Tinem, Nelci. O Alvo do Olhar Estrangeiro. Brasil na historiografia da Arquitetura Moderna. João Pessoa: Manufatura, 2002.
20 ROBERTO, Marcelo, “Arquitetura e a luta pela vida”, palestra proferida na EnBA, na série de conferências organizada pelo Diretório Acadêmico da EnBA, 1940, p. 2.