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Sistema construtivo - alvenaria estruturas
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Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim
Curso de Arquitetura e Urbanismo - Semestre: 1/2015
Componente curricular: O Projeto e a obra Visitas Professor Lus Eduardo Modler
Acadmicos: Ana Julia Barzotto
Caio Bogo
Chaline piccoli
Fernando Kikuchi
Luana Dutra Fonseca
Marlon Henrique Scatolin
Mateus Moreno Subtil dos Anjos
Sabrina Grifante
SEMINRIO - SISTEMAS CONSTRUTIVOS
ALVENARIA ESTRUTURAL
Sabe-se que a alvenaria estrutural um sistema construtivo tradicio-
nal utilizado h milhes de anos. O uso desse sistema construtivo desen-
volveu-se inicialmente atravs do simples empilhamento de unidades, tijo-
los ou blocos e com o passar do tempo essa tcnica passou a ser melhorada.
A principal caracterstica deste sistema construtivo que todas as pa-
redes tm a funo de suportar o peso da laje ou da cobertura. No h pila-
res ou vigas, a estrutura formada pelas paredes e lajes. A alvenaria pode
ser feita de blocos de concreto estruturais ou de blocos cermicos estrutu-
rais. Os blocos cermicos possuem peso menor, o que aumenta a velocida-
de da execuo, e tambm possibilitam um conforto trmico 3 vezes me-
lhor do que os blocos de concreto.
Como vantagem na alvenaria estrutural, o tempo de construo dimi-
nui significativamente e o custo total tambm diminui bastante. Alm dis-
so, no se gasta tanto com revestimento, por no haver imperfeies em
seus blocos pr-fabricados. Esse sistema chamado de racionalizado, pois
as medidas so pensadas nos padres dos blocos, justificando todas essas
vantagens at ento. E tambm, a tcnica empregada simples e de fcil
controle, alm de gerar poucos resduos.
Por ser um sistema racionalizado e pensado em projeto de acordo
com as dimenses dos blocos, ficam restritas as possibilidades de mudan-
as no planejadas e difcil improvisar. Alm disso, o uso de grandes vos
e balanos so limitados.
Um projeto de alvenaria estrutural exige vrios cuidados quanto :
elaborao do projeto, os materiais utilizados, superviso da mo de obra,
organizao e planejamento da construo.
Alm disso, na sua construo, os andaimes devem ter dimenses
adequadas ao tamanho dos cmodos para facilitar a movimentao dos
operrios. Em caso de chuva as paredes que acabaram de ser assentadas
devem ser protegidas. Outro cuidado que jamais se deve fazer uma re-
forma ou reparo sem antes estudar o projeto devido aos blocos e dutos das
instalaes hidrulicas e eltricas.
ESTUDO DE CASO
Para exemplificar como so as etapas do sistema construtivo de alve-
naria estrutural, apresentamos a obra: Igreja de Cristo Obrero y Nossa Se-
nhora de Lourdes do arquiteto Eladio Dieste, localizada em Atlantica, no
Uruguai.
Fonte:
http://img3.adsttc.com/media/images/547f/5879/e58e/ced5/b600/0045/large_jpg/%C2%A9_Mar
celo_Donadussi_(01).jpg?1417631862
A Igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes foi construda
em um lote retangular de um bairro suburbano, no balnerio de Atlntida,
localizado prximo a Montevido. A obra requeria economia e rapidez em
execuo.
A partir de uma tcnica muito simples, utilizando um material
igualmente simples e tradicional, o tijolo, Dieste desenvolveu um sistema
original e economicamente vantajoso de construo, o qual permitiu criar
uma estrutura abobadada resistente, aliando a casca de cermica armada e a
forma mvel.
Vista da fachada principal da igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes
Fonte: Dieste, 1987
O engenheiro acreditava que o tijolo cermico era o material mais
valioso que a Amrica Latina dispunha para a construo de sua prpria
arquitetura, convertendo-o de material que servia, exclusivamente, para su-
portar tenses de compresso, para que fosse capaz de receber, tambm,
tenses de trao em abbadas e cpulas, onde os tijolos so entremeados
com ferros, unidos com argamassa e moldados atravs de formas deslizan-
tes.
Essa inovao arquitetnica, a partir de um material tradicional, pos-
sibilitou a criao de estruturas cujos programas enfrentavam dificuldades
de execuo, tanto pelo grande porte, quanto pela necessidade de vencer
grandes vos, pois as sees e apoios no precisavam mais ser largos para
assegurar que o peso prprio da estrutura neutralizasse as cargas acidentais.
Seo transversal da igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes
Fonte: Dieste, 1987.
O templo parte de um esquema retangular basilical, com cerca de 16
m por 30 m, paralelo e muito prximo divisa norte. O conjunto composto
por paredes e cobertura concebido como uma grande casca de dupla cur-
vatura que se apoia no terreno mediante as fundaes, formando como que
um prtico superficial, de grande rigidez transversal. As paredes laterais,
com 7 m (parte baixa da abbada) e 8 m (parte alta da abbada) de altura e
30 cm de espessura, so formadas por uma sucesso de conides de direo
reta ao nvel do solo e onduladas na parte superior. O arremate realizado
com uma fiada horizontal de concreto e tijolos, a qual atua como beiral e
absorve o empuxo da abbada de cobertura. Os tijolos da cobertura so re-
cobertos por plaquetas cermicas porosas, a fim de garantir o isolamento
trmico.
As paredes onduladas so chamadas de superfcies regradas: lminas
originadas pelo deslocamento de uma reta geratriz, a qual est apoiada em
duas curvas diretrizes no coplanares, originando muros estruturais capazes
de resistir a vrios tipos de esforos sem o auxlio de quaisquer elementos
adicionais. Todas as instalaes necessrias foram j previstas ao se levan-
tarem as paredes.
A igreja organiza-se, basicamente, atravs de uma disposio tradici-
onal. O acesso, a partir do exterior, d-se de maneira oblqua, direcionada
pela colocao do campanrio cilndrico direita, e da cpula semi-
enterrada do batistrio esquerda. Na fachada principal (oeste), debaixo do
coro, enquanto que uma das paredes curvas se abre sobre o trio como uma
abside, gerando o nrtex, de 3 m de altura, outra demarca os confession-
rios, recuando do alinhamento do coro superior. Na laje de piso do coro (ou
de cobertura dos confessionrios e do nrtex) foram empregadas vigas mis-
tas de tijolo e concreto, tipo duplo T. Adentra-se ao espao sacro atravs da
porta colocada na lateral direita.
Seo longitudinal da igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes
Fonte: Dieste, 1987.
A nave, livre de apoios e obstculos, abriga a congregao ou as-
semblia, com capacidade para cerca de 200 fiis, situada em duas fileiras
de bancos, paralelas ao eixo que leva ao presbitrio. Simtrica e centrica-
mente definido, o presbitrio bastante simples, delimitado por um muro
baixo, tambm de forma absidal, elevado da nave em trs degraus; o mes-
mo possui, ao fundo, a figura de Cristo na cruz. Pela direita, o muro baixo
conduz ante-sala da sacristia e prpria, localizada atrs do altar; pela
esquerda, leva Capela da Virgem de Lourdes, na qual a imagem est em
um nicho construdo com tijolos cortados (mais delgados medida que se
distanciam do espectador) de modo a enfatizar a perspectiva e dar profun-
didade maior que a real. Este nicho fechado com uma lmina de nix, cu-
ja luminosidade banha a imagem.
Fachada da igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes Fonte: Dieste, 1987.
Vista do interior da igreja de Cristo Obrero y Nossa Senhora de Lourdes
Fonte: Dieste, 1987.
Atravs da escada localizada em frente aos confessionrios, sobe-se
ao coro ou desce cripta circular, a qual abriga o batistrio subterrneo,
protegido pela cpula coberta de terra, externa igreja. iluminado por
uma clarabia de nix translcido.
O efeito lumnico obtido por um sutil jogo de luzes e sombras atra-
vs dos brises da parede localizada na fachada principal, das pequenas
aberturas retangulares distribudas na parte superior das paredes onduladas,
e da abertura horizontal da parede de fundos, proporcionando um jogo de
profundidades e uma atmosfera que convida orao atravs de seu misti-
cismo, enfatizado pela condio singular obtida pela composio de curvas
do teto e das paredes.
Esta obra constitui-se um exemplo eclesistico da modernidade ar-
quitetnica latino-americana, apresentando equilbrio entre forma e estrutu-
ra, entre tcnica e sensibilidade, atravs da onipresena do tijolo, emprega-
do vista como piso, suporte, fechamento e cobertura, ao custo de 30 dla-
res o metro quadrado (em 1959).
Referncias:
http://www.archdaily.com.br/br/01-39702/a-fe-move-tijolos-carlos-
eduardo-dias-comas
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=1252
http://www.leonardofinotti.com/projects/cristo-obrero-church
http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=895
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5639/000517902.pdf?se
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