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O JOGO DAS BOLINHAS J. J. Carvalho

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Seminário sobre o artigo "O cabelo mágico", de Leach (1958)

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  • O JOGO DAS BOLINHAS J. J. Carvalho

  • O JOGO DAS BOLINHAS POR KATYTULLIN

    Palhao Katytullin

  • O CABELO MGICO E. R. Leach

  • PROBLEMA CENTRAL NA INTERPRETAO DE UM RITUAL

    Os participantes de um ritual so, muitas vezes, incapazes de explicar os significados dos smbolos envolvidos.

    Por outro lado, h uma srie de smbolos e simbolismos compartilhados por outras culturas.

    Um smbolo pode assumir diversas formas e significados.

    Qual a base destas similitudes?

    H1: subconsciente

    H2: sobrevivncia

    Ha

    llpik

    e, C

    . R. Soci

    al H

    air

    (re

    vise

    d).

  • O COMPORTAMENTO SIMBLICO E SEUS EFEITOS

    O comportamento simblico no s diz alguma coisa, como tambm desperta emoes e, consequentemente, faz alguma coisa (LEACH, 1958, p. 140).

    A distino entre estes dois comportamentos o que divide os antroplogos e os psicanalistas.

    Mas qual a conexo entre os setores pblico e privado do sistema simblico?

    PRIVADO PBLICO

    Poder psicolgico Meio de comunicao

    Desperta emoes Ator e plateia

    Alterao do estado

    do indivduo

    Compartilhamento de

    linguagem comum

    INDIVIDUAL SOCIAL

    H1 H2

  • TEMTICA, ANLISE E HIPTESE

    Em seu artigo O cabelo mgico, Leach (1958) busca analisar a relao entre o significado do simbolismo no subconsciente individual (H1) e o significado do simbolismo no ritual social

    (H2).

    O cerne do artigo explicar como as concluses dos psicanalistas sobre o significado dos smbolos [neste caso, o cabelo] tornam-se prximas das explicaes dadas pelos etngrafos

    sobre o papel dos cabelos em rituais.

    Para realizar esta anlise, Leach parte da hiptese do psicanalista Charles Berg:

    h uma equivalncia simblica entre o cabelo da cabea e os genitais masculinos no plano do subconsciente.

  • EVIDNCIAS ETNOGRFICAS

    (i) Os Dobu

    (Fortune, 1932)

    (ii) Os Yak

    (Forde, 1941)

    (iii) Monjas budistas de

    Cingapura

    (Topley, 1954)

  • O RETORNO DA DICOTOMIA

    Assim descrita, a dicotomia que estabeleci entre simbolismo privado e simbolismo pblico parece suficientemente simples, mas agora devo elaborar a classificao. Argumentei

    anteriormente que, enquanto o simbolismo privado faz coisas altera o estado emocional do ator , o simbolismo pblico simplesmente diz algo sobre o estado de coisas. Mas, se

    examinarmos mais de perto a questo, descobrimos que tambm se considera frequentemente que o simbolismo pblico faz coisas, ou seja, altera o estado das coisas

    (LEACH, 1958, p. 147)

    Diz alguma coisa

    este o rei

    Faz alguma coisa

    faz dele um rei

  • O CASO DOS TROBRIAND

    Anlise segundo Berg Anlise segundo Malinowski

    Raspagem da cabea por luto dos parentes

    prximos, representando castrao, a perda da

    pessoa amada.

    H afeio.

    Somente os parentes por afinidade [familiares da

    viva] ou vizinhos raspam a cabea e sugam os

    ossos para mostrar que no provocaram a morte

    usando feitiaria. No h afeio.

    Simbolismo individual e privado. Simbolismo social e pblico.

    Intensidade da emoo sentida. Determinao por exigncia das expectativas

    pblicas.

    (...) de um outro ponto de vista, os dois argumentos so precisamente os mesmos. A tese do Dr. Berg

    poderia ser reconstruda como: Quando aquele que est em luto raspa a sua cabea, est dizendo

    simbolicamente Eu amava o morto. O que Malinowski diz : Todos aqueles que esto sob suspeita

    de intenes hostis contra o morto so solicitados a fazer um gesto simblico que diz Eu amava o

    morto. Com relao ao ponto central o significado do ato simblico o psicanalista e o

    antroplogo esto em completo acordo (LEACH, 1958, p. 149).

  • DESLOCAMENTO SIMBLICO DO RITUAL PBLICO

    Berg faz uma confuso entre esteretipo social e personalidade individual:

    os cavaleiros de cabelo longo no poderiam ser sexualmente reprimidos e os cabeas redondas, licenciosos? (LEACH, 1958, p. 150).

    Para Freud:

    cabelo longo = sexualidade no restringida

    Cabelo curto = sexualidade restringida

    Cabea raspada = celibato

    Cabelo tem significado, mas a conexo entre cabelo e sexualidade ACIDENTAL.

    Senso

    comum

  • RITUAIS NA NDIA

    Chudakarma Sannyasin

  • CASTRAO E SUBSTNCIA MGICA

    Cabelo cortado se torna sujo

    Castrao gera dualidade: castrado e no-castrado

    Eunucos e homens normais

    Sagrado e profano

    Gerao de uma terceira entidade: a coisa ritualmente castrada

    Simbolicamente = poder e mgica

  • EXEMPLOS

    (i) Budismo cingals

    (ii) Grgonas

    (iii) Caadores de

    cabea de Bornu

  • ICONOGRAFIA BUDISTA

    Com halo = o Iluminado Com cabelo encaracolado e

    sem halo = homem comum

  • CONSIDERAES FINAIS

    Os psicanalistas e os etnlogos discutem diferentes tipos de fenmenos: o subconsciente e o social, respectivamente.

    ARGUMENTOS CONTRASTANTES MAS NO CONTRADITRIOS

    Os psicanalistas podem contribuir para a compreenso do ritual porque muito do seu contedo desenhado para expressar e controlar nossas emoes por vezes, perigosas.

    O falicismo no simplesmente uma expresso do subconsciente individual, mas sim um processo social que serve para prevenir o desenvolvimento de represses sexuais.

  • CONSIDERAES FINAIS

    O irrelevante pode esclarecer:

    A teoria de Freud: o ato mgico produto dos desejos reprimidos.

    Mas de quem so estes desejos?

    Para a sociologia/antropologia, os costumes so ensinados e publicamente reconhecidos. Qual seria relevncia de falar de desejos reprimidos de indivduos?

    Os argumentos de ambos psiclogos e antroplogos so relevantes um para o outro e as teorias podem ser aceitas SIMULTANEAMENTE, pois esclarecem aspecto bastante diferentes de um nico

    problema geral.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Carvalho, J. J. O jogo das bolinhas. Anurio Antropolgico/87. Editora Universidade de Braslia/Tempo Brasileiro, 1990.

    Hallpike, C. R. Social Hair (revised). Disponvel em: hallpike.com/Social%20hair.pdf

    Leach, E. R. O cabelo mgico. In: Roberto da Matta, Grandes Cientistas Sociais LEACH, 1983.