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1 www.congressousp.fipecafi.org Sentimentos Percebidos nas Orientações de Dissertações em Contabilidade RAYANE CAMILA DA SILVA SOUSA Universidade Federal do Paraná - UFPR ALISON MARTINS MEURER Universidade Federal do Paraná - UFPR FLAVIANO COSTA Universidade Federal do Paraná - UFPR ROMUALDO DOUGLAS COLAUTO Universidade Federal do Paraná - UFPR Resumo As lentes da Teoria do Desenvolvimento de Henri Wallon (1968) situam os sentimentos no domínio cognitivo e afetivo e permitem um olhar para as sensações vivenciadas em determinadas experiências dos indivíduos no processo ensino-aprendizagem. O objetivo desta pesquisa consiste em compreender como os egressos de mestrado em contabilidade perceberam os sentimentos vivenciados nas orientações da dissertação. Para coleta de dados foi realizada uma survey on-line na qual os participantes utilizaram emojis para representar os sentimentos vivenciados na relação com o orientador durante o período de construção da dissertação de mestrado. Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas que permitiram a construção do discurso do sujeito coletivo acerca dessa relação. As 88 respostas estruturadas e oito entrevistas permitiram identificar sentimentos como ansiedade, medo, angústia e insegurança experimentados nas primeiras fases da construção da dissertação. Abandono, confusão e frustação foram manifestados nas últimas fases da relação com o orientador, incluindo o período de defesa e recortes de artigos científicos derivados da dissertação. Quanto aos sentimentos positivos, há indicativos de alegria, satisfação, felicidade e tranquilidade, apresentando maior frequência nas últimas etapas da dissertação. Os discursos do sujeito coletivo ainda indicaram que a relação com o orientador afetou a qualidade da pesquisa científica e a trajetória acadêmica do discente. Umas das implicações da pesquisa refere-se a importância dos programas stricto sensu acompanharem o processo de orientação e, de alguma forma, buscar mecanismos que fomentem a harmonia do processo de orientação à medida em que as experiências vivenciadas durante o período de orientação da dissertação podem afetar a propensão do orientando em prosseguir sua trajetória acadêmica. Palavras chave: Sentimentos, Relação Orientando-orientador, Mestrado.

Sentimentos Percebidos nas Orientações de Dissertações em

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Sentimentos Percebidos nas Orientações

de Dissertações em Contabilidade

RAYANE CAMILA DA SILVA SOUSA

Universidade Federal do Paraná - UFPR

ALISON MARTINS MEURER

Universidade Federal do Paraná - UFPR

FLAVIANO COSTA

Universidade Federal do Paraná - UFPR

ROMUALDO DOUGLAS COLAUTO

Universidade Federal do Paraná - UFPR

Resumo

As lentes da Teoria do Desenvolvimento de Henri Wallon (1968) situam os sentimentos no

domínio cognitivo e afetivo e permitem um olhar para as sensações vivenciadas em

determinadas experiências dos indivíduos no processo ensino-aprendizagem. O objetivo desta

pesquisa consiste em compreender como os egressos de mestrado em contabilidade

perceberam os sentimentos vivenciados nas orientações da dissertação. Para coleta de dados

foi realizada uma survey on-line na qual os participantes utilizaram emojis para representar

os sentimentos vivenciados na relação com o orientador durante o período de construção da

dissertação de mestrado. Além disso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas que

permitiram a construção do discurso do sujeito coletivo acerca dessa relação. As 88 respostas

estruturadas e oito entrevistas permitiram identificar sentimentos como ansiedade, medo,

angústia e insegurança experimentados nas primeiras fases da construção da dissertação.

Abandono, confusão e frustação foram manifestados nas últimas fases da relação com o

orientador, incluindo o período de defesa e recortes de artigos científicos derivados da

dissertação. Quanto aos sentimentos positivos, há indicativos de alegria, satisfação, felicidade

e tranquilidade, apresentando maior frequência nas últimas etapas da dissertação. Os discursos

do sujeito coletivo ainda indicaram que a relação com o orientador afetou a qualidade da

pesquisa científica e a trajetória acadêmica do discente. Umas das implicações da pesquisa

refere-se a importância dos programas stricto sensu acompanharem o processo de orientação

e, de alguma forma, buscar mecanismos que fomentem a harmonia do processo de orientação

à medida em que as experiências vivenciadas durante o período de orientação da dissertação

podem afetar a propensão do orientando em prosseguir sua trajetória acadêmica.

Palavras chave: Sentimentos, Relação Orientando-orientador, Mestrado.

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1 INTRODUÇÃO

O comportamento do professor e a forma afetiva com que trata seus alunos suscita

motivação e interesse no processo ensino-aprendizagem, de forma que eles participam mais e

consequentemente assimilam os conhecimentos apresentados em sala de aula. Ademais, o

professor que expressa sua afetividade e atinge seus alunos de forma positiva aprimora

habilidades sociais, ajuda a desenvolver os discentes e promover convívio de unidade e

cooperação (Cunha Reis, Prata & Soares, 2012).

A atenção aos aspectos cognitivos em detrimento às relações afetivas tem sido foco de

discussões no ambiente universitário (Veras & Ferreira, 2010). Estudos indicam que o

relacionamento entre discentes e docentes tem-se apresentado como influenciador da

qualidade das atividades desenvolvidas na pós-graduação, principalmente no que tange ao

processo de orientação de trabalhos científicos (Falaster, Ferreira, & Gouvea, 2017). O

orientador ocupa o papel de guia da jornada acadêmica do discente, parte do sucesso ou

insucesso do orientando pode ser atribuída a convivência com seu orientador, transformando

esse relacionamento em um tipo de parceria na qual o produto final é a dissertação de

mestrado ou tese de doutorado (Nóbrega, 2018).

O processo de orientação e a relação entre orientador-orientando são investigados na

literatura sob variadas perspectivas. Nóbrega (2018) abordou o relacionamento existente nas

orientações acadêmicas e o papel formal do orientador; Falaster et al. (2017) discutiram o

impacto da orientação nas publicações futuras de doutorandos; Massi e Giordan (2017)

trataram da formação do orientador; enquanto, Leite Filho e Martins (2006) analisaram as

influências da relação orientador-orientandos na produção de teses e dissertações nos cursos

de Administração e Contabilidade.

As evidências encontradas nestes estudos revelaram carência de profissionalização e

formalização da figura do orientador (Massi & Giordan, 2017; Nóbrega, 2018); apontaram

para a influência positiva da produção dos orientadores na qualidade das publicações dos

orientandos (Falaster et al., 2017); e indicaram a falta de compromisso e respeito aos prazos

às atividades do stricto sensu pelos orientandos, fato que compromete a qualidade das

pesquisas científicas. Além disso, esses trabalhos lançaram luz a existência de um ambiente

autocrático e verticalizado, no qual as orientações ocorrem de maneira assistemática, sendo

vivenciados sentimentos como angústia e insegurança pelos orientandos.

Os sentimentos advindos do processo de orientação ocupam o núcleo central deste

estudo, visto que este elemento pode afetar de alguma maneira o comportamento e as

atividades desempenhadas pelos discentes, como a relação com os conteúdos abordados no

ambiente de ensino (Mahoney & Almeida, 2005; Tassoni & Leite, 2013). O escopo teórico da

pesquisa está alicerçado na Teoria do Desenvolvimento de Henri Wallon (1968), que situa os

sentimentos no domínio afetivo em que permite expressar as sensações vivenciadas a partir de

determinadas experiências (Gratioti-Alfandéry, 2010).

O rendimento acadêmico do estudante e seu desenvolvimento cognitivo e afetivo é

influenciado por um conjunto vasto de condições, que na maioria das vezes podem ser

mediadas pela qualidade das relações interpessoais ocorridas no ambiente escolar, dentre

essas relações está a do professor com o aluno que são afetadas por variáveis como: crenças,

sentimentos, motivações e habilidades (Del Prette, Paiva & Del Prette, 2005).

Leite Filho e Martins (2006) abordaram em seu estudo a influência da relação

orientador-orientando no processo de elaboração de teses e dissertações dos programas de

pós-graduação em Contabilidade de São Paulo. Os relatos evidenciaram insegurança e solidão

do orientando em relação ao processo de orientação, ocasionados principalmente pela falta de

convívio e distanciamento de seus orientadores. Descobriram que orientadores valorizam

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características técnicas dos orientandos, enquanto orientandos destinam elevada importância

para as dimensões pessoais e afetivas no convívio com os orientadores.

Nesse sentido, as discussões sobre a importância da relação orientador-orientando para

as atividades acadêmicas desenvolvidas no stricto sensu e a importância de abordar os

sentimentos oriundos a partir deste processo induzem a inquietação que norteia esta pesquisa:

quais os sentimentos percebidos pelos egressos de mestrado em contabilidade nas

orientações da dissertação? Consequentemente, o objetivo desta pesquisa consistiu em

compreender como os egressos de mestrado em contabilidade perceberam sentimentos

vivenciados nas orientações da dissertação. Os egressos consubstanciam o corpo de análise

do estudo à medida que os sentimentos são consolidados no decorrer do tempo tornando este

grupo mais apto a análise do que os discentes que estão cursando o stricto sensu.

No stricto sensu, a reestruturação dos critérios do modelo de avaliação institucional

utilizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), ao

mesmo tempo em que fortalece a observação da produção científica em termos quantitativos,

secundariza a atenção para aspectos qualitativos (Nascimento, 2010). A convivência, parceria,

companheirismo e amizade entre orientador-orientado decorrente do maior tempo para

construção do trabalho, cede lugar para uma relação heterônoma, produtivista e superficial

em razão do excesso de trabalho destinado ao orientador e a cobrança por indicadores de

produtividade (Alves, Espindola, & Bianchetti, 2012).

Este desalinhamento têm preocupado pesquisadores, visto que destas relações é

corporizada “a face mais concreta dos programas de pós-graduação, ou seja, é do trabalho dos

discentes e docentes que resultam as pesquisas e as publicações" (Nóbrega, 2018, p. 1056).

Assim, esta pesquisa justifica-se por possibilitar a compreensão de um dos aspectos

envolvidos no dinamismo da relação existente nas orientações: os sentimentos desenvolvidos

entre indivíduos que lutam tanto para a construção do conhecimento científico no país, como

para angariar um lugar de destaque no universo dos mais produtivos. A observação de

elementos centrais do processo de construção de conhecimento permite construir uma

representação social para delinear os sentimentos advindos do processo de orientação, e

consequentemente, identificar aspectos que possam ser aprimorados nesta interação. Sabe-se

que a qualidade da relação orientador-orientando é apontada como um dos principais fatores

que afetam de forma positiva ou negativa a conclusão do trabalho acadêmico (Alves et al.,

2012). Mesmo assim, há uma carência de investigações que tratam do processo de orientação

no Brasil e no exterior (Nóbrega, 2018). Levecque, Anseel, De Beuckelaer, Van der Heyden,

e Gisle (2017) também destacam a relevância de se considerar aspectos psicológicos no

ambiente da pós-graduação, à medida que as pressões que o permeiam podem afetar

psicologicamente o discente.

2 SENTIMENTOS E A RELAÇÃO ORIENTADOR-ORIENTANDO

A escola, antes vista como um local de formação exclusiva da cognição, tem buscado

incluir a afetividade na prática educativa, incentivando reflexões quanto ao seu lugar na

formação do indivíduo (Ferreira & Acioly-Régnier, 2010). Devido a amplitude dos conceitos

que permeiam a afetividade, pesquisadores com interesses distintos direcionaram diferentes

olhares sobre a temática, como Henri Wallon (1941; 2007) que destaca a afetividade como

uma dimensão indispensável na construção do conhecimento e da pessoa ao longo de todo o

seu desenvolvimento intelectual (Veras & Ferreira 2010).

A Teoria do Desenvolvimento de Henri Wallon (1968) une a afetividade e cognição de

forma que elas estão dialeticamente em constante dinâmica, alternando-se nos diferentes

estágios de conhecimento que o indivíduo adquire durante sua existência (Gratiot-Alfandéry,

2010). Mahoney e Almeida (2005) expõem que a afetividade concerne na propensão do

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indivíduo ser afetado pelo meio externo ou interno por sensações que podem vir a ser boas ou

ruins. Na teoria Walloniana existem três momentos distintos e que são consequências de

elementos orgânicos e sociais na evolução da afetividade, sendo: emoção, sentimento e

paixão.

A emoção é manifestada por meio da expressão corporal e representada pelas atitudes

instantâneas da pessoa. O sentimento, como a expressão representacional da afetividade, é

manisfestado por meio da mímica ou linguagem. A paixão revela-se como uma forma de

autocontrole do comportamento utlilizada para silenciar a emoção, surgindo com a evolução

das representações mentais (Mahoney & Almeida, 2005; Veras & Ferreira 2010).

A distinção entre os conceitos de emoção, sentimento e paixão e suas representações é

umas das principais contribuições da teoria de Wallon (1941; 2007), que possibilitou definir a

afetividade como um domínio funcional constituído por diferentes momentos que vão

evoluindo ao longo do desenvolvimento e que nasce do orgânico até alcançar o cognitivo,

como pode ser observado nos sentimentos (Ferreira & Acioly-Régnier, 2010).

Especificamente sobre os sentimentos, Wallon (1941; 2007) advoga que estes não

implicam em comportamentos repentinos e momentâneos, como as emoções, à medida que

são opostos a elas e tendem a contê-las (Veras & Ferreira, 2010). Nos sentimentos, a pessoa

tem mais mecanismos de expressão representacional, visto que, analisa antes de tomar uma

atitude, espera o momento certo para se expressar e retrata intelectualmente suas razões e

contexto de forma mais evoluída (Mahoney & Almeida, 2005).

O estudo emprega especificamente o conceito de sentimento como parte integrante da

dimensão afetiva. Considerando que eles são nomeáveis, representacionais e consolidados ao

longo do tempo, os sentimentos correspondem a função da afetividade que podem ser

denominados e detalhados com mais assertividade numa pesquisa (Pereira, Silva & Almeida,

2016).

O trajeto para a obtenção do título de mestre ou doutor implica em várias etapas até seu

objetivo final. Ao longo desse trajeto, o aluno/orientando é conduzido por um

professor/orientador (Nóbrega, 2018). A competência para orientar um aluno vai além dos

conhecimentos de metodologia científica, implica também na didática do orientador, que

exige, principalmente, a capacidade de estabelecer um relacionamento com seu orientando

(Dias, Patrus & Magalhães, 2011). Para Viana (2008) o orientador e o orientando são dois

personagens que estão ligados, por escolha ou obrigação, para compartilhar uma trajetória de

construção do conhecimento em que um e outro são pessoas, providas de sentimentos que

oscilam de um extremo a outro, tal como em todo relacionamento humano.

O processo de orientação de trabalhos acadêmicos é uma das atividades mais

importantes na docência, embora, no Brasil, seja negligenciada e careça de formação que

desenvolva as competências necessárias dos professores para tal (Costa, Sousa & Silva,

2015). Para Nóbrega (2018) é possível perceber que nos programas de pós-graduação a

relação orientador-orientando é inexplorada, sendo tratada como elemento não importante

para a formação do discente e finalização da dissertação ou tese. Entretanto, o autor ressalta

que a produção de conhecimento e da pesquisa acontece no próprio contato dos envolvidos,

uma vez que a afetividade está entrelaçada no trabalho científico, assim como em qualquer

prática que envolva pessoas.

No desenvolvimento de teses ou dissertações é indispensável que os orientadores e

orientandos conheçam suas atribuições e estabeleçam um relacionamento produtivo que

propicie a construção de conhecimento. Quando o orientador não exerce sua função, a relação

com seu orientando fica comprometida e tem efeitos negativos no processo de construção do

saber e na qualidade da pesquisa científica (Leite Filho & Martins, 2006).

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Na Teoria do Desenvolvimento o processo de ensino-aprendizagem é considerado uma

unidade na qual a relação interpessoal professor-aluno tem papel definitivo, visto que as

dimensões afetiva-cognitiva-motora funcionam de forma integrada. Assim, ver o aluno na sua

completude e realidade é um desafio para o professor que normalmente não possui uma

formação com tais dimensões conjuntas (Mahoney & Almeida, 2005).

Nesse sentido, a função ensinar do professor tornou-se ao longo dos anos mais

abrangente e complexa, uma vez que deixou de cumprir apenas o papel de transmissor de

informação e conhecimento e passou a ser orientador ou mediador do aluno na construção do

saber. Tal função exige uma formação constituída por conhecimentos diversos e atitudes que

fomentem o aluno integrar no processo de aprendizagem do conteúdo curricular os conceitos

cognitivo, afetivo e comportamental, pois estes estão atrelados ao rendimento do discente no

ambiente de aprendizagem (Ribeiro, 2010).

Leite (2012) enfatiza que o relacionamento professor-aluno é também de caráter afetivo

e conforme é desenvolvido, provoca resultados afetivos positivos ou negativos na relação

entre os estudantes e os conteúdos curriculares desenvolvidos, como por exemplo: afinidade

ou distanciamento entre o aluno e os conteúdos acadêmicos. Nesse contexto, o professor

desempenha papel relevante na construção do conhecimento e tem sido objeto de estudos em

diferentes níveis de formação (Ribeiro, Jutras, & Louis, 2005; Veras & Ferreira, 2010; Pereira

et al., 2016; Camargo, 2017). Especificamente no stricto sensu também são encontrados

resultados positivos e negativos advindos do processo de orientação de dissertações e teses. A

exemplo, Leite Filho e Martins (2006) afirmaram que a construção do saber, durante o

processo de orientação, não é uma ação solitária e que a relação entre orientador e orientando

é essencial, uma vez que da convivência singular com orientadores serão produzidas

pesquisas capazes de contribuir para o crescimento e solidificação da ciência na área

estudada.

Viana e Veiga (2010) destacam que o sucesso da relação e da produção científica requer

que o orientador e o orientando estabeleçam um convívio alicerçado no diálogo, dedicação,

interesse, disciplina, responsabilidade e compromisso entre um e outro. Dessa forma, poderão

inibir as dificuldades encontradas tanto pelos orientadores, como a falta de tempo dos seus

orientandos para finalizar as atividades no prazo determinado, como pelos orientandos, por

exemplo, a indisponibilidade dos orientadores em atendê-los.

Costa et al. (2015) salientam que compete ao orientador guiar o orientando na vivência

de sua formação, pois o processo de desenvolvimento do aluno é vivencial, podendo

acontecer a partir das experiências em sala de aula, no relacionamento com os professores,

colegas e principalmente com o próprio orientador. Falaster et al. (2017) argumentam quanto

à existência de relação entre a qualidade da orientação e a qualidade do desenvolvimento

acadêmico do orientando. Os resultados do seu estudo indicaram que orientadores mais

experientes e com publicações de melhor qualidade influenciam seus orientandos a realizar

publicações de qualidade ao invés de quantidade.

Sheldon, Garton, Orr e Smith (2015) avaliaram as qualidades relevantes dos

orientadores inerentes ao conhecimento, disponibilidade e suporte a autonomia do orientando.

As evidências indicaram que suporte a autonomia foi o fator mais relevante na satisfação e

desempenho dos alunos em relação a seus orientadores. Foi evidenciado também a relação

entre o tempo que o orientador disponibiliza nos encontros aos seus orientandos e o fator

suporte a autonomia, tendo em vista que tal fator considera não só o modo como o aluno pode

adquirir conhecimentos do seu orientador, mas também como o orientador o ajuda a

desenvolver habilidades interpessoais.

Nesse contexto, os achados e as discussões existentes na literatura direcionam holofotes

para a relação entre orientador-orientando, sendo reconhecido que os sentimentos vivenciados

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durante o processo de orientação podem afetar a qualidade das atividades desenvolvidas e

indicar elementos que podem ser aprimorados neste processo.

3 METODOLOGIA

A pesquisa descritiva possui como campo de estudo os egressos de nove cursos de

mestrado da região sul do país, os quais são vinculados às instituições de ensino superior

Universidade Regional de Blumenau (FURB), Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal do Paraná (UFPR),

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Universidade do

Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Universidade Comunitária da Região de Chapecó

(UNOCHAPECÓ). A coleta de dados foi operacionalizada em duas etapas: survey e

entrevistas semiestruturadas. Na primeira etapa foi realizada uma survey on-line a partir da

plataforma SurveyMonkey® com intuito de identificar os sentimentos vivenciados nas

orientações de dissertação de mestrado a partir de questionário composto por dois blocos.

No Bloco I foram dispostas dez fases que consubstanciam o período de construção da

dissertação e uma questão resumindo todo o processo da dissertação, com isso foi possível

captar os sentimentos vivenciados em cada etapa de construção da dissertação. Na Figura 1

estão dispostas as fases da orientação que compuseram as indagações do instrumento de

pesquisa.

Figura 1 - Fases do Período de Construção da Dissertação

1 - Discussão do tema e questão de pesquisa 6 - Discussão sobre a análise dos resultados

2 - Discussão dos objetivos e contribuições da

dissertação 7 - Discussão das conclusões da dissertação

3 - Discussão da estrutura do referencial teórico 8 - Discussão dos ajustes sugeridos pela banca de

defesa

4 - Discussão da metodologia 9 - Discussões sobre os recortes de artigos gerados

pela dissertação de mestrado

5 - Discussão dos ajustes sugeridos pela banca de

qualificação

10 - Discussões sobre a continuidade dos estudos no

programa

Percepção Geral - Principais sentimentos positivos e/ou negativos vivenciados durante todo o processo de

orientação da dissertação.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Para cada fase da dissertação foi solicitado que o respondente indicasse de 1 a 3 emojis

com conotação de sentimentos positivos ou negativos vivenciados na respectiva etapa da

pesquisa. Cada emoji recebeu um rótulo numérico, assim o participante deveria assinalar a

caixa de seleção correspondente ao número do emoji. Foram dispostos dez emojis com

conotação negativa e outros dez com conotação positiva. Após assinalar os emojis, em cada

fase foi disponibilizado um campo textual aberto para que o respondente indicasse de três a

cinco sentimentos vivenciados durante esta etapa da dissertação. Na Figura 2 estão

representados os emojis utilizados na pesquisa.

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Figura 2 - Emojis positivos e negativos

Fonte: Elaborado pelos autores.

O Bloco II objetivou caracterizar os participantes da pesquisa. A partir das respostas

obtidas foi possível delinear o perfil dos 88 respondentes como sendo:

Tabela 1 - Perfil dos participantes da pesquisa

Idade % N Gênero % N

Até 25 anos 5,68 5 Feminino 59,09 52

De 26 a 35 anos 61,36 54 Masculino 40,91 36

De 36 a 45 anos 25,00 22 Agênero ou Não-binário 0% 0

De 46 a 55 anos 6,82 6 Outros 0% 0

Acima de 55 anos 1,14 1 Mudança de Cidade - Mestrado % N

Região que Reside Atualmente % N Sim 39,77 35

Centro-Oeste 2,27 2 Não 60,23 53

Nordeste 5,68 5 Percepção de Auxílio Financeiro % N

Norte 0,00 0 Sim, durante todo o período do mestrado 45,45 40

Sudeste 5,68 5 Sim, durante parte do período do mestrado 15,91 14

Sul 86,36 76 Não 38,64 34

Fonte: Elaborado pelos autores (2018).

A maioria dos respondentes são gênero feminino (59,09%); da faixa etária de 26 a 35

anos (61,36%); atualmente residem na região sul (86,36%); não mudaram de cidade para

cursar o mestrado (60,23%); e receberam auxílio financeiro durante todo o período do

mestrado (45,45%). Na segunda etapa foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito

participantes da pesquisa com objetivo de compreender as experiências e sentimentos

vivenciados no processo de orientação, bem como identificar o que os emojis negativos e

positivos mais assinalados na primeira etapa representam em termos de sentimentos para os

egressos de mestrado. A escolha dos participantes deu-se visando a pluralidade dos cursos que

compõem a pesquisa e seguiu o método de saturação das evidências em que as entrevistas

foram finalizadas quando o incremento de novas participações não adicionaram evidências

inéditas e cruciais aos relatos já coletados (Sampieri, Collado, & Lucio, 2013). Na Figura 3 é

apresentado o roteiro utilizado nas entrevistas semiestruturadas.

Figura 3 - Roteiro de entrevista semiestruturada

Quais tipos de sentimentos os emojis negativos/positivos mais assinalados rementem? Você considera que durante o processo de orientação prevaleceram sentimentos positivos ou negativos em

relação ao orientador? Poderia descrever o porquê desta sensação?

Se você pudesse voltar no tempo, permaneceria com o mesmo orientador no mestrado?

Se o programa apresentasse uma lista com nomes de orientadores para continuidade dos estudos no Doutorado,

você permaneceria com o mesmo orientador?

Você indicaria o seu orientador para amigos que você queira bem?

Fonte: Elaborado pelos autores (2018).

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Além do roteiro pré-definido foram realizados questionamentos secundários para obter

maior detalhamento das experiências e sentimentos vivenciados no processo de dissertação.

As evidências coletadas são analisadas de forma descritiva e por meio da técnica do discurso

do sujeito coletivo que apresenta-se como “uma forma de resgatar e apresentar as

representações sociais obtidas em pesquisas empíricas” (Lefevre & Lefevre, 2014, p. 503).

Desse modo, foram identificadas as expressões-chave das falas dos entrevistados e agrupadas

as ideias principais para construção do discurso do sujeito coletivo oriundo de tais relatos em

primeira pessoa, visto que “cada categoria estão associadas aos conteúdos das opiniões de

sentido semelhante presentes em diferentes depoimentos, de modo a formar com tais

conteúdos um depoimento síntese, redigido na primeira pessoa do singular, como se tratasse

de uma coletividade falando na pessoa de um indivíduo” (Lefevre & Lefevre, 2014, p. 503).

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os emojis permitem que sentimentos sejam expressados a partir da maximização de

elementos não verbais que chamam a atenção e possibilitam melhor compreensão da

mensagem por meio de imagens (Novak, Smailovi, Sluban & Mozeti, 2015). Nesse sentido,

na Figura 4 são expostos os cinco sentimentos e os três emojis negativos e positivos mais

assinalados em cada fase da relação entre orientador e orientando no decorrer da dissertação.

Destaca-se que no caso de empate são listados todos os sentimentos e/ou emojis do percentual

em que ocorreu o empate.

Figura 4 - Sentimentos e Emojis com Conotação Negativa e Positiva.

Fases da

Dissertação -

Figura 1

Sentimentos com Conotação Negativa / Positiva Emojis

Fase 1

TS: 292

DS: 157

Ansiedade (4,79%), Medo (4,10%), Angústia (3,42%)

Dúvida (2,39%), Incerteza, Preocupação e Desespero

(2,05%)

Alegria (2,05%), Satisfação (1,71%), Alívio,

Felicidade e Entusiasmo (1,37%)

Fase 2

TS: 289

DS: 179

Ansiedade (3,11%), Insegurança (2,07%), Dúvida

(2,07%), Solidão, Angústia, Confusão, Medo e

Preocupação (1,73%)

Satisfação, Confiança, Tranquilidade, Entusiasmo,

Determinação (1,73%)

Fase 3

TS: 264

DS: 167

Trabalhoso (3,78%), Ansiedade (2,27%), Solidão

(1,89%), Cansaço e Preocupação (1,51%)

Tranquilidade (3,41%), Entusiasmo (2,65%), Alegria

(2,27%), Alívio, Satisfação, Apoio e Determinação

(1,51%)

Fase 4

TS: 247

DS: 156

Medo e Ansiedade (3,23%), Confusão (2,83%),

Angústia e Dúvida (2,02%)

Satisfação (2,02%), Alegria, Confiança e Apoio

(1,62%) e Auxílio (1,21%)

Fase 5

TS: 269

DS: 168

Medo (2,97%), Ansiedade (2,23%), Insegurança e

Nervosismo (1,48%), Indignação, Raiva e Abandono

(1,11%)

Tranquilidade (4,83%), Alegria (2,60%), Satisfação

(2,23%), Felicidade e Confiança (1,85%)

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Fase 6

TS: 258

DS: 145

Angústia, Cansaço, Dificuldade, Frustração e Medo

(1,93%)

Satisfação (3,87%), Alegria (3,48%), Confiança

(2,71%), Entusiasmo (2,32%), Determinação (1,93%)

Fase 7

TS: 252

DS: 147

Insegurança, Solidão, Angústia, Medo e Ausência

(1,19%)

Alívio (5,95%), Satisfação (4,36%), Alegria e

Confiança (3,17%), Paz e Orgulho(1,98%)

Fase 8

TS: 242

DS: 137

Raiva, Solidão, Angústia, Desconhecimento,

Frustração, Cansaço, Ansiedade (0,82%)

Tranquilidade (6,61%), Alívio, Felicidade e Satisfação

(5,37%) e Alegria (2,89%)

Fase 9

TS: 275

DS: 185

Abandono e Dificuldade (1,81%), Cansaço (1,45%),

Angústia e Frustração (1,09%)

Alegria (4,00%), Satisfação (3,27%), Realização

(2,90%),

Tranquilidade (2,18%) e Entusiasmo (1,81%)

Fase 10

TS: 198

DS: 130

Cansaço (3,03%), Raiva, Abandono, Frustração e

Ausência (1,51%)

Alegria (3,03%), Tranquilidade (2,52%), Incentivo,

Comprometimento

Satisfação, Apoio, Entusiasmo e Orgulho (2,02%)

Percepção Geral

TS:325

DS: 167

Ansiedade (3,69%), Insegurança e Medo (2,46%),

Raiva e Angústia (1,53%)

Alegria e Satisfação (4,30%), Gratidão (3,69%),

Superação e Apoio (2,15%)

Nota: TS: Total de Sentimentos Relatados; DS: Diferentes Sentimentos Relatados.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Por meio dos sentimentos e emojis assinalados pelos respondentes notou-se que a

relação entre orientando e orientador na fase da Discussão do tema e questão de pesquisa foi

caracterizada por sentimentos negativos de ansiedade, medo e dúvidas advindas do início da

pesquisa. Da mesma forma, durante a etapa da Discussão dos objetivos e contribuições da

dissertação houve preponderância de insegurança, solidão e angústia referente a construção do

trabalho. Nas etapas iniciais da pesquisa científica em que se delinea a proposta do estudo é

importante a atenção do orientador, pois a construção do conhecimento não ocorre de

maneira isolada e a interação entre orientador e orientando são fundamentais para diminuir a

insegurança científica dos orientandos e evitar danos nas fases seguintes da construção da

dissertação (Leite Filho & Martins, 2006).

A relação vivenciada no período de Discussão da estrutura do referencial teórico foi

considerada como trabalhosa, geradora de ansiedade, cansaço e solidão, visto exigir elevada

carga de leitura. Por outro lado, também notaram-se relatos de sentimentos de satisfação,

confiança, apoio e auxílio por parte do orientador. Os achados de Leite Filho e Martins (2006)

expõem que a relação orientando e orientador é caracterizada por encontros assistemáticos e

insuficientes para suprir as necessidades do discente, fato que alinha-se aos sentimentos de

solidão elencados pelos respondentes. Nóbrega (2018) cita que o orientador deve explicitar

em seus encontros com os orientandos leituras e estudos dirigidos que possibilitem a

construção da pesquisa científica, sendo um dos aspectos que podem auxiliar na superação de

dificuldades na escrita acadêmica.

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A fase da Discussão da metodologia mostrou-se permeada prioritariamente por medo,

ansiedade e confusão. Nóbrega (2018) recomenda que nesse período os orientadores

incentivem os discentes a realizar leituras científicas e aprimorar a escrita acadêmica, visto

que essa habilidade é essencial para o desenvolvimento metodológico da pesquisa (Nóbrega,

2018). Apesar de evidências indicarem que na seleção dos orientandos os orientadores tendem

a preferir aqueles que possuem conhecimento prévio no campo metodológico (Leite Filho &

Martins, 2006), os sentimentos negativos permeiam o relacionamento nesta fase da

dissertação visto que é uma etapa essencial para consecução do trabalho, por tratar-se da

operacionalização da pesquisa.

A fase da Discussão dos ajustes sugeridos pela banca de qualificação houve

predominância de sentimentos positivos de tranquilidade, alegria e satisfação. Esse período

marca o desencadeamento da pesquisa acadêmica, pois é pré-requisito para posteriormente

defender o trabalho (Nóbrega, 2018). Entende-se que apesar de ser uma etapa geradora de

medo, ansiedade, insegurança e nervosismo, a aprovação da banca de qualificação tende a

propiciar um clima mais harmônico que direciona a discussão de ajustes com o orientador,

pois os efeitos gerados pela aprovação no exame de qualificação fomenta a tranquilidade no

discente.

A partir da fase de qualificação percebeu-se o aumento da indicação de sentimentos

positivos. Nessa conjuntura, o amadurecimento do discente colaborou para que na fase

Discussão sobre a análise dos resultados houvesse sensação de satisfação, alegria, confiança,

entusiasmo e determinação. Destacam-se também sentimentos de cansaço e exaustão na

relação entre orientador e orientando. Já na fase das Discussões e conclusões da dissertação

houve preponderância de sentimentos de alívio, satisfação, alegria, confiança, paz e orgulho.

Na fase da Discussão dos ajustes sugeridos pela banca de defesa foram observados

sentimentos positivos que remeteram a tranquilidade, alívio, felicidade, satisfação e alegria.

Mesmo assim, há relatos de sentimentos negativos alinhados a raiva, solidão, angústia,

desconhecimento, frustração, cansaço e ansiedade. Nesta etapa da pesquisa, os sentimentos de

satisfação e frustação advindos da relação com o orientador podem estar espelhados na

qualidade da dissertação percebida pelo discente. Os relatos expostos na pesquisa de Leite

Filho e Martins (2006) convergem para esta vertente, pois a qualidade da pesquisa científica

depende do diálogo entre orientando e orientador, engajamento, empatia advinda desta relação

e indicação por parte do orientador de caminhos a serem seguidos pelo aluno.

As Discussões sobre os recortes de artigos gerados pela dissertação de mestrado foram

permeadas por sentimentos positivos de alegria, satisfação, realização, tranquilidade e

entusiasmo. Em menor percentual, há indicativo de dificuldades e abandono durante o

processo de discussões inerentes aos artigos oriundos da dissertação.

Em relação as Discussões sobre a continuidade dos estudos no programa foram

apontados sentimentos de alegria, tranquilidade, incentivo, comprometimento, satisfação,

apoio, entusiasmo e orgulho que são aspectos que podem fomentar o anseio do discente em

continuar sua formação acadêmica no mesmo programa de pós-graduação do mestrado.

Mesmo assim, houve sentimentos de cansaço, raiva, abandono, frustração e ausência do

orientador referente a essas discussões colaborando para a não continuidade da formação

acadêmica no programa de pós-graduação.

A fim de ampliar a compreensão destes sentimentos foram realizadas entrevistas

semiestruturadas e construídos discursos do sujeito coletivo a partir das falas dos oito

egressos entrevistados. Primeiramente foram selecionados os três emojis de conotação

negativa e positiva com maior número de indicação na survey e solicitado que os

entrevistados descrevessem os sentimentos que estes emojis representam na relação entre

11 www.congressousp.fipecafi.org

orientando e orientador. Desse modo, é exposto na Tabela 2 o quantitativo de indicações de

cada emoji com conotação negativa, sendo destacados os com maior frequência.

Tabela 2 - Dispersão dos Emojis Negativos nas Fases da Dissertação

Fases

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1 2 25 1 10 15 13 19 2 4 6

2 2 15 2 8 7 17 17 7 6 2

3 4 13 2 4 6 10 16 4 4 6

4 4 15 6 7 13 11 17 6 8 3

5 6 11 4 7 8 7 11 2 2 3

6 3 13 3 9 8 9 12 2 3 1

7 2 8 2 4 4 6 10 6 0 3

8 1 6 2 0 2 5 9 6 4 2

9 4 6 4 4 3 10 13 10 6 3

10 5 4 4 4 4 6 18 20 1 3

11 8 31 9 25 19 20 17 6 9 7

Total 41 147 39 82 89 114 159 71 47 39

Fonte: Elaborado pelos autores.

O emoji mais assinalado com conotação negativa é o 7 com 159 indicações somadas a

partir de todas as fases de construção da dissertação, seguido pelo 2 com 147 indicações e 6

com 114 indicações. Por meio dos relatos dos entrevistados foi possível construir um discurso

do sujeito coletivo que justifica o porquê destes emojis terem sido os mais assinalados na

percepção dos entrevistados, conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5 - Representação dos Emojis sobre sentimentos negativos mais assinalados

Representa desânimo, negatividade e discordância com a forma que foi direcionada a orientação.

A insatisfação e a decepção com a orientação despertaram sentimentos de reprovação e conflito

fazendo com que a orientação fosse marcada como experiência negativa.

Representa aqueles alunos que tiveram desalinhamento das ideias com o orientador. As atitudes e

ideias não convergiram, geravam confusão. Houve conflitos na relação gerando estresse,

nervosismo, angústia, desespero e esgotamento mental.

Houve decepções durante o percurso do mestrado repercutindo como insatisfação, raiva e

frustação.

Fonte: Elaborado com base nos relatos dos entrevistados.

Os emojis negativos representam sentimentos gerados por turbulências no processo de

orientação. A sensação de abandono e as divergências de posturas entre orientador e discentes

desencadeiam sentimentos que afetam o decorrer da construção da pesquisa. Falaster et al.

(2017) observaram que a disponibilidade do docente e o suporte a autonomia do discente

interferem no resultado da pesquisa científica, sendo importante que as coordenações dos

cursos observem tais aspectos no decorrer das orientações.

Da mesma forma, a identificação dos emojis com conotação positiva mais assinalados

foi realizada por meio da construção da Tabela 3.

Tabela 3 - Dispersão dos Emojis Positivos nas Fases da Dissertação

Fases 11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

1 17 20 6 6 2 13 4 9 12 11

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2 26 17 12 12 7 9 1 2 15 13

3 24 21 8 14 10 9 7 6 11 12

4 28 12 8 10 6 9 2 7 15 9

5 35 13 6 15 5 8 5 4 20 17

6 27 12 9 14 12 8 5 13 16 9

7 35 23 9 12 12 8 5 13 20 9

8 29 15 7 22 10 9 4 12 25 13

9 26 13 3 14 7 10 3 11 19 12

10 25 12 6 9 4 9 4 8 12 9

11 28 17 18 11 11 15 4 16 29 22

Total 300 175 92 139 86 107 44 101 194 136

Fonte: Elaborado pelos autores.

O emoji com conotação positiva mais assinalado foi o 11 com 300 indicações, seguido

pelo 12 com 175 indicações e o 19 com 194 indicações. Os discursos do sujeito coletivo que

representam as percepções dos entrevistados são expostos na Figura 6.

Figura 6 - Representação dos Emojis sobre Sentimentos Positivos mais assinalados

Representa elogios pela dedicação; alívio pelos resultados da pesquisa; superação de percausos e

retrabalhos; alinhamento e finalização da pesquisa de forma positiva e com bons sentimentos

pela realização do trabalho.

Respresenta sentimentos de gratidão pelo conhecimento construído junto com o orientador.

Felicidade, alegria e orgulho pelo trabalho em parceria com seu orientador. Demonstra

reconhecimento pelo docente pelo esforço do orientando no desenvolvimento da pesquisa e

estabelecimento de relacionamento harmônico.

Representa superação de obstáculos, entusiasmo com a orientação, conclusão de etapas da

dissertação, sentimento de orgulho.

Fonte: Elaborado com base nos relatos dos entrevistados.

Em seguida foram construídos discursos do sujeito coletivo para questionamentos que

compuseram o roteiro das entrevistas semiestruturadas. Na Figura 7 são mostrados os

discursos para os sentimentos que prevaleceram na relação.

Figura 7 - Sentimentos que prevaleceram

Você considera que durante o processo de orientação prevaleceram sentimentos positivos ou negativos

em relação ao orientador? Poderia descrever o porquê desta sensação?

Co

no

taçã

o

Neg

ati

va O meu processo de orientação foi muito sofrido e desgastante; eu me sentia abandonado, negligenciado,

sozinho e sem amparo por parte do meu orientador.

Foi uma frustração muito grande em termos de relacionamento humano. Houve falta de bom senso.

Acho que faltava sensibilidade dele em relação a mim como orientando, ele nunca estava disponível e

isso era revoltante; eu tive que procurar ajuda de colegas e outros professores do programa e, se não

fosse eles, eu não teria dado conta.

Eu saí mestre em resistência humana e não em Contabilidade e o que ajudou muito nessa fase difícil foi

o apoio dos amigos com quem fiz o mestrado.

Co

no

taçã

o

Po

siti

va

Tivemos uma boa relação, ele foi muito receptivo, eu sempre tive acesso a ele e todas as decisões eram

compartilhadas, sempre tive ajuda dele, não me sentia só, ele me deu liberdade para crescer no meu

tempo.

Eu tenho boas recordações e sentimentos de gratidão, parceria, amizade, coletividade e

companheirismo.

Fonte: Elaborado com base nos relatos dos entrevistados.

O discurso coletivo com conotação negativa direciona olhares para postura de abandono

e negligência por parte do orientador acerca do desenvolvimento da pesquisa do orientando.

13 www.congressousp.fipecafi.org

Tais relatos justificam a presença de sentimentos de abandono, ausência e insegurança, como

os apontados na survey. Essa carência de acompanhamento gera consequências psicológicas

no discente e afeta a qualidade do trabalho acadêmico desenvolvido, sendo que o amparo para

suas dificuldades advém do apoio de amigos e demais professores que o acompanham na

caminhada acadêmica. O discurso com conotação positiva indica que a relação harmônica

entre orientador e orientando implica no amadurecimento acadêmico do discente de forma

gradual, sendo fortificada tal relação por meio de sentimentos de gratidão e companheirismo.

Os achados contribuem com as evidências existentes na literatura, à exemplo de Viana e

Veiga (2010) que reforçam que o bom relacionamento com o orientador é essencial para a

conclusão do trabalho, no qual a disponibilidade, cuidado e a receptividade dos orientadores

favorecem na consecução da pesquisa. Por outro lado, sentimentos de solidão e abandono,

além da indisponibilidade do orientador ocasionam danos a relação orientador-orientando e

consequentemente à qualidade do trabalho.

A orientação é um processo conjunto em que, o desenvolvimento do trabalho acontece

na comunicação estabelecida entre as partes envolvidas, por meio do olhar analítico e

construtivo do orientador que tem a função de estimular o gosto pela pesquisa e pela a busca

por conhecimento e autonomia intelectual por parte do aluno (Viana, 2008). Na Figura 8 são

expostos os discursos referentes a troca do orientador, continuidade de orientação e indicação

do orientador para amigos.

Figura 8 - Discurso Coletivo sobre troca do orientador e continuidade da orientação

Se você pudesse voltar no tempo, permaneceria com o mesmo orientador no mestrado?

Co

no

taçã

o

Neg

ati

va

Com certeza eu não permaneceria.

Se eu pudesse escolher ou trocar, teria

escolhido outro orientador. Co

no

taçã

o

Po

siti

va Permaneceria por vários motivos:

receptividade dele, forma como me tratou, a

amizade; além da nossa relação ter sido uma

experiência boa, ele entende bem da minha

linha de pesquisa.

Se o programa apresentasse uma lista com nomes de orientadores para continuidade dos estudos no

Doutorado, você permaneceria com o mesmo orientador?

Co

no

taçã

o

Neg

ati

va Não, de forma alguma.

Ele deixou a desejar na dissertação, além

disso era muito arrogante e não respeitava os

orientandos. Co

no

taçã

o

Po

siti

va

Sim, ele seria minha principal opção, pela

sintonia e sicronismo que tivemos na nossa

relação e também pela parte técnica dele, que

sabe como está o estágio das pesquisas de

minha área, o que está faltando ou o que pode

ser pequisado.

Você indicaria o seu orientador para amigos que você queira bem?

Co

no

taçã

o

Neg

ati

va

Não. Com certeza, não.

Aconselharia quem fosse orientado por ele a

se amparar com colegas, aprender a lidar com

sua personalidade e saber que ele vai tentar

dificultar sua vida.

Co

no

taçã

o

Po

siti

va Com certeza, eu indicaria. Já aconselharia esse

amigo quanto ao jeito dele, temas de interesse,

saber alinhar as ideias e posturas para ter uma

convivência harmônica com o orientador.

Fonte: Elaborado com base nos relatos dos entrevistados.

Os relatos denotam que aqueles que tiveram experiências negativas durante a orientação

do mestrado optariam pela troca de orientação e não dariam prosseguimento com a orientação

no doutorado. Assim, os resultados podem direcionar o foco para a organização e

gerenciamento das orientações dos programas de pós-graduação em Contabilidade

investigados. A alocação de orientação não deve ser vista como algo fixo, pelo contrário,

deveria permitir que o orientando ou o orientador optassem por interromper a orientação em

caso de haver situações ambíguas. O desalinhamento de estilos de trabalho e de personalidade

entre orientando e orientador pode causar desgastes e fragilizar o processo de

desenvolvimento acadêmico.

14 www.congressousp.fipecafi.org

Os discursos com conotação positiva reforçam aspectos valorizados que transcendem,

inclusive, as qualidades técnicas dos orientadores. Os relatos apontam que a maior

proximidade afetiva com os orientadores fomenta o sincronismo no desenvolvimento da

pesquisa científica e maximiza o anseio pela continuidade do processo de orientação no

doutorado, bem como a indicação do orientador para terceiros. Nesse escopo, Leite Filho e

Martins (2006) expõem que os orientandos tendem a valorizar características afetivas dos

orientadores, enquanto os orientadores priorizam habilidades técnicas dos orientandos.

Acredita-se que o período de adaptação do mestrado colabore para que haja valorização de

qualidades afetivas por parte dos orientandos, visto que no decorrer do mestrado o discente

enfrenta diversos desafios que necessitam de amparo de terceiros.

Na Figura 9 são expostos os discursos construídos sobre outros aspectos que o

orientador foi mais importante no processo e que tenha influenciado na qualidade do trabalho

acadêmico.

Figura 9 - Demais apontamentos

Outros pontos importantes sobre o processo de orientação

Co

no

taçã

o

Neg

ati

va

A fase da orientação que eu senti mais falta do meu orientador foi no início para conseguir alinhar a

pesquisa, pois acredito que a principal contribuição do orientador seja no início, na determinação do

tema, discussão da justificativa e dar segurança ao caminho que deve ser percorrido.

Construí a ideia e objetivos sozinhos e isso com certeza influenciou na qualidade do meu trabalho e na

empolgação para sua realização.

Algumas questões que eram de simples resolução eu desconhecia porque a gente como aluno não tem

essa visão, não tem bagagem e esse é o papel do orientador de indicar o caminho certo, discutir,

orientar.

Acho que os orientadores em geral precisam ter mais consciência do peso que eles têm de

responsabilidade na vida dos seus orientandos porque tem toda uma estrutura emocional envolvida na

construção de uma dissertação e, na cobrança que fazemos em relação a nós mesmos; é uma etapa

difícil o mestrado.

Co

no

taçã

o

Po

siti

va Meu orientador foi muito importante em todas as fases da dissertação, mas principalmente no início,

quando me ajudou na definição do escopo, na proposta da pesquisa, objetivos e justificativas. Ele foi

essencial na fase incial da pesquisa e, isso contribuiu para qualidade do trabalho porque desde o início

do mestrado ele me direcionou.

Fonte: Elaborado com base nos relatos dos entrevistados.

Nota-se que a fase inicial do processo de construção da dissertação é a qual há maior

dependência do orientador, sendo que o orientando espera com ansiedade o contato inicial

com seu orientador. A expectativa do orientando é de conhecê-lo, dialogar e a partir de então

ter um direcionamento. Já o orientador espera receber um orientando com uma ideia de

pesquisa interessante e que se adeque a sua linha de pesquisa. Essa é uma etapa decisiva na

construção de um relacionamento que irá se fortalecendo no decorrer do processo de

elaboração da dissertação, refletido de maneira positiva ou negativa na qualidade do trabalho

(Viana, 2008).

Os relatos estão alinhados aos sentimentos indicados na survey visto que nas etapas

iniciais há predomínio de medo, insegurança, dúvida e angústia advindos da relação com o

orientador e da construção da dissertação. Nesse sentido, o orientador foi descrito como

direcionador do aluno, sendo seu papel indicar os caminhos a serem seguidos e auxiliar na

definição de todo escopo da pesquisa. O discurso do sujeito coletivo revela que sua

essencialidade afeta diretamente a qualidade do trabalho desenvolvido, fato também

15 www.congressousp.fipecafi.org

defendido por Sheldon et al. (2015), bem como o estado emocional dos discentes no decorrer

do processo de construção da dissertação.

Desse modo, inúmeros sentimentos são vivenciados no processo de orientação da

dissertação. Percebe-se que tais sentimentos propulsionam ou provocam entraves no decorrer

da construção da pesquisa, sendo fatores que interferem na qualidade do trabalho acadêmico e

afeta o estado psíquico do discente. O distanciamento entre orientador e orientando é uma

barreira no processo de orientação e no êxito das dissertações, além de ser um determinante

dos sentimentos de angústia e solidão manifestados pelos orientandos. Dessa maneira, é

indispensável que o processo de orientação esteja alicerçado no respeito e na democracia com

intuito da relação orientador-orientando ser conduzida harmonicamente, promovendo o

diálogo e diminuindo a pressão e autocracia sobre os dicentes (Alves et al., 2012).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação existente entre orientador e orientando tem sido apontada como elemento

relevante na construção de pesquisas científicas. Direcionando holofotes para as dissertações

de mestrado a figura do orientador tem ocupado papel preponderante na adaptação do discente

às demandas acadêmicas e na superação de adversidades que possam ocorrer nesta

caminhada. As evidências na literatura (Leite Filho & Martins, 2006; Alves et al., 2012;

Falaster et al., 2017) mostram que a sintonia, a convivência e os sentimentos experiementados

no processo de orientação possuem capacidade de afetar tanto a qualidade das pesquisas

científicas como o desenvolvimento acadêmico do aluno.

Os achados dessa pesquisa indicaram a preponderância de sentimentos negativos no

início do processo de orientação, sendo que a ansiedade, medo, angústia e insegurança

caracterizam as primeiras fases da relação com o orientador. Com o decorrer da dissertação

outros sentimentos foram relatados, como o abandono, confusão e frustação evidenciando

que o acúmulo de estressores advindos da construção da dissertação e da relação com o

orientador marcam as etapas da dissertação e consubstanciam entraves para o

desenvolvimento no stricto sensu. Por outro lado, houve relatos de maximização de

sentimentos positivos como alegria, satisfação, felicidade e tranquilidade que colaboram para

o estabelecimento de uma relação afetiva pautada no companheirismo, apoio e compreensão

das dificuldades do discente.

A relação estabelecida durante a orientação possui capacidade de afetar a propensão do

orientando em continuar a sua formação, bem como se atrelar a qualidade das atividades

desenvolvidas no stricto sensu. Os tons destoantes entre as posturas constatadas por

orientandos acerca de seus orientadores pode encontrar respaldo na falta de profissionalização

e de orientações claras sobre o papel do orientador no ambiente universitário brasileiro (Massi

& Giordan, 2017). Sugere-se que os programas de pós-graduação realizem acompanhamento

e avaliação da qualidade das orientações por meio de consultas junto aos orientandos. Da

mesma forma, os orientadores devem ser consultados com intuito de verificar o

desenvolvimento do discente e de sua pesquisa.

A definição de regras e a possibilidade de troca de orientação também podem ser

abordadas como um processo formal nos cursos stricto sensu, sendo realizada sem entraves.

Nesse sentido, o desalinhamento de estilo de trabalho e personalidade podem ser encarados

como algo comum havendo por parte dos programas meios estruturados para contornar essas

adversidades.

As representações obtidas por meio dos emojis e das indicações realizadas pelos

participantes expressam a pluralidade dos sentimentos que permeiam todas as fases de

construção da dissertação. Nesse sentido, o acompanhamento periódico do estado emocional

dos discentes e a disponibilização de canais que os auxiliem a superar dificuldades que

16 www.congressousp.fipecafi.org

possam surgir no decorrer da pesquisa apresentam-se como implicações práticas fornecidas

pelas evidências.

As limitações da pesquisa são pontos que podem ser explorados por estudos futuros.

Sugere-se que pesquisas futuras investiguem os mecanismos formais dos programas de pós-

graduação, a fim de verificar como os conflitos existentes nas relações entre orientadores e

orientandos são abordados pelas coordenações de cursos. Além disso, abranger e comparar as

diferentes regiões do país podem delinear o perfil das relações consubstanciadas nos cursos

stricto sensu em Contabilidade do país e possibilitar a prática de benchmarking entre os

programas.

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