Seqüências textuais prototípicas do descrever e dialogais e sua atualização nos gêneros do discurso

MESTRADO EM LETRASGÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO

Marta Cristina e Denise Weiss2º. Semestre de 2009

Seqüência descritiva

Adam:� a seqüência descritiva é a menos autônoma de

todas e a que dificilmente será predominante em um texto.

� Caracteriza-se por não apresentar uma ordem fixa.

� É constituída de três partes: uma ancoragem, uma dispersão de propriedades e uma reformulação.

Sentença de registro com verbo de não-mudança

(ser, estar, parecer, conter, etc.), no presente ou no passado, e um adjunto

adverbial de lugar.

Percepção no espaço.

Sobre os fenômenos factuais

no contexto espacial.

Milhares de copos estavam sobre as

mesas.

Base temática do textoProcessos cognitivos envolvidos

Referência / focoDescrição

(BONINI, 2005: 212)

� Ancoragem � tema/título� Dispersão de propriedades

� Aspectualização – caracterização do objeto em seu aspecto físico.

Divide-se em:� Relato de propriedades do objeto (qualidades)� Relato de partes do objeto.

� Processo pode ser cíclico.� Estabelecimento de relação – as características

de uma parte relatada pode ser empregada para compor outra. � Situação do objeto (no tempo e no espaço)� Assimilação de características � via comparação ou

metáfora� Reformulação � Nova visualização do tema

Análise da sequência descritivaALENCAR, José de. Senhora. Descrição de Aurélia.Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000011.pdf

Reclinada na conversadeira com os olhos a vagar pelo crepúsculo do aposento, a moça parece imersa em intensa cogitação.

Ancoragem

A luz coada pelas verdes empanadas debuxa com a suavidade do nimbo o gracioso busto de Aurélia sobre oaveludado escarlate do papel que forra o gabinete.

Local –caracterização el. de comparação

Um sol ardente de março esbate-se nas venezianas que vestem as sacadas de uma sala, nas Laranjeiras.

Local /tempo

Seriam nove horas do dia.TempoPreparação do cenário

Há mulheres assim, a quem um perfume de tristeza idealiza. As mais violentas paixões são inspiradas por esses anjos de exílio.

Reformula-ção

Sombreia o formoso semblante uma tinta de melancolia que não lhe é habitual desde certo tempo, e que não obstante se diria o matiz mais próprio das feições delicadas.

Partes

O recolho apaga-lhe no semblante, como no porte, a reverberação mordaz que de ordinário ela desfere de si, como a chama sulfúrea de um relâmpago. Mas a serenidade que se derrama por toda a sua pessoa, se de alguma sorte desmaia a cintilação de sua beleza, a embebe de um fluido inefável de meiguice e carinho, que a torna irresistível. Seus olhos já não têm aqueles fulvos lampejos, que despedem nos salões, e que, a igual do mormaço crestam. Nos lábios, em vez do cáustico sorriso, borbulha agora a flor d’alma a rever os íntimos enlevos.

Propriedades Assimilação

Aspectua-lização

A descrição a serviço da argumentação

� Descrever para convencer� Descrever é escolher� Fidelidade a um ponto de vista� Descrição – apoio a imagens

Ex.: Publicidade de condomínio

"Quando idealizamos um condomínio horizontal, pensamos não apenas num único empreendimento, mas num primeiro de muitos

que certamente virão. Fizemos várias pesquisas viajando pelo Brasil e exterior onde percebemos que todos os condomínios

enfatizavam a flora, sem dar ênfase a fauna.

Buscamos na literatura especializada o máximo de informação árespeito, mas foi na Bíblia, no livro de Gênesis que encontramos de fato a inspiração que buscávamos. Nele é descrito como Deus

criou um lugar o qual o ser humano pudesse viver livre e totalmente integrado com a natureza, denominado pelo homem:

Paraíso. Desenvolvemos então, o Paradiso-Condomínio Ecológico que além deste conceito "Homem-Natureza" tem ainda um

verdadeiro complexo de diversão e lazer para toda a família.Bem vindo ao lugar mais próximo do Paraíso em Uberlândia. Bem

vindo ao Paradiso-Condomínio Ecológico."

José Humberto do Nascimento Futuro Condômino e Diretor da Realiza Construtora.

Classificados: um gênero jornalístico descritivo� Considerando a tipologia textual adotada, os Classificados

configuram-se num gênero publicado em jornais cuja função sociocomunicativa pode ser entendida como vender, alugar ou trocar produtos e serviços diversos. Além disso, esse gênero, como todo texto publicado em jornais, tem a função ética de informar os leitores (da maneira mais objetiva possível, como postula o Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo) a respeito de um assunto/acontecimento específico.

� Quanto ao tipo, os Classificados estão relacionados, necessariamente, ao tipo descritivo, uma vez que seu enunciador se coloca na perspectiva do espaço em seu conhecer, com o objetivo de caracterizar, dizer como é, instaurando seu interlocutor como um .voyer. que assiste a uma simultaneidade das situações, ou seja, há uma descrição (de imóveis, de veículos, de serviços, etc) sem uma sucessão cronológica, bem como marcadores textuais dessa sucessão (logo após, antes disso, dito isso, etc).

Classificados

� GRANDE SP SITIO 6 ALQUEIRES Riacho c/corredeiras, lago, sede c/ 4dorms, 3salas + casa, churr, 1 hora de SP, só R$ 90.000 / negociável. F: (11) 4681-4154 / 9983-7377 www.nereuimoveis.com.br (publicado em: 18/10/2009)

� C. BCO. / PARAÍSO ECOLÓGICO cond. fech., casa (rústica), sl. c/ lareira, pisc., sauna, c. caseiro, á.t. 6000m² R$ 220 mil melhor oferta! F: (11) 9939-3496/4708-1370

� ITUPEVA/ COND. FECHADO Terreno 1000m2, casa c/ 4 dorms, 2 stes, sala 2 ambs, pisc 4X8, churrasq, pomar, campo futebol, cond. c/ clube, lago, academia, qdras de tênis. Valor R$245mil, ou entr. e saldo a combinar c/ proprietário. (11) 4591-4133/ 9847-2478 (publicado em: 11/10/2009)

Auto-retrato – Quem sou eu?

� Bem acho que já mudei isso aqui algumas vezes, mas o fato é que a minha essência não muda, apenas amadureço no meu viver, reforço minha Fé, meus ideais, meus sonhos, minhas paixões...Amo viver, minha família, meus amigos,meus cachorros, minhas crianças, meus camaradas, meus companheiros, até mesmo aqueles que não gostam de mim, pois é tudo isso que me forma, me ensina e me faz ser quem sou...mulher, menina, Petista, filha da Umbanda, de Oxum, amante da Luta pela Terra, admiradora e lutadora pelo MST e Reforma Urbana, Comunista, sonhadora, romântica, mas eu, sempre eu, sem medo nenhum de assumir as mais diversas (dizem) contradições que em mim habitam, porque creio em todas, tenho certeza de todas e sei que acima de tudo sou ética no que me proponho a ser...Enfim sou assim, quem me conhece de verdade sabe o quanto um Beija Flor, ou uma Borboleta me faz feliz, mas sabe também que sou capaz de tudo quando vejo injustiça. Acredito na felicidade, pois quer coisa melhor que o sorriso de uma criança, a lambida de cão, uma formiguinha andar em vc, o coração bater mais forte por conta da paixão, dançar na chuva, lutar e ousar...sim isso é ser feliz, é ser humana...

� Eu???Sou um ser humano em construção.Cheia de incertezas, defeitos, erros...Quase sempre alegre, palhaça e mto otimista.As vezes chata, perfeccionista, impaciente...Na vida só tenho uma grande certeza: Deus é maior.Deus é maior que minha fragilidade diante do mundo e das pessoas.Deus me vê com os olhos do Amor. Amor que somente Ele tem pra dar. Jesus me ama incondicionalmente e ama a você também.

� Sou apenas eu mesmo. E tá bom demais assim.

� Em construção sempre!

A seqüência dialogal� A seqüência dialogal possui como característica fundamental o fato

de ser poligerada, quer dizer, formada por mais de um interlocutor. Para Adam, esta seqüência é o componente principal dos gêneros textuais mais característicos da comunicação humana: a conversação.

� O texto dialogal tem a especificidade de ser um texto cogerido, na medida em que é produzido por, pelo menos, dois locutores: aquilo que um locutor diz tem de vir a propósito do que o outro disse; os interlocutores concordam, discordam, generalizam, exemplificam, justificam, concluem, particularizam, etc.

� Distinção entre a seqüência narrativa e a dialogal: discurso indireto X discurso direto.

� Exemplos de discursos em que a seqüência dialogal é dominante: a entrevista, o debate, a reunião de trabalho, a conversação...

� Seqüências fáticas � ritualísticas; função de abrir e fechar a interação.

� Seqüências transacionais � divididas em trocas; unidades transacionais.

� Trocas divididas em intervenções � turnos.� Em geral as trocas têm estrutura binária (duas

intervenções) ou ternária (três intervenções).

Ensino de gêneros da oralidade

Referências� BONINI, A. A noção de seqüência textual na análise pragmático-

textual de Jean Michel Adam. In: MEURER, J.L., BONINI, A. e MOTTA-ROTH, D. (org.) Gêneros: Teorias, métodos e debates. São Paulo: Parábola, 2005.

� BRONCKART, J. P. Atividades de linguagem, textos e discursos. Por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: EDUC, 2005.

� DOLZ, J. SCHNEUWLY, B. PETRO, J. F. Relato da elaboração de uma seqüência: o debate público. In: SCHNEUWLY, B e DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, Mercado de Letras, 2007.

� SILVA, Pollyanna Honorata. Classificados: um gênero jornalístico descritivo. Estudos Lingüísticos XXXVI(3), setembro-dezembro, 2007. p. 216 / 216. www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-2007/sistema06/99.PDF

� Condomínio Paradiso. http://www.realizaconstrutora.com.br/paradiso/casa_pronta.aspx

� http://classificados.folha.com.br/classifolhadll/classifolha.dll/listagem

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