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SÉRIE DE ESTUDOS BÍBLICOS: OS
PECADOS NA BÍBLIA
A INVEJA
• Santo Agostinho dizia que “a inveja é o pecado diabólico por excelência”; e se referia a ela como “o caruncho da alma que tudo rói e reduz a pó”.
• Há outro ditado que reza assim: “Dói mais ao invejoso ver o sucesso dos outros do que sua própria derrota”.
• A inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros e não se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo.
INTRODUÇÃO
• O pecado da inveja está acompanhando sempre as pessoas soberbas, mas por outro lado, ela acompanha também as pessoas inseguras, derrotadas ou fracassadas.
• Ficam torcendo pelo mal do outro e, quando isto acontece dizem em seu interior: “bem feito!”.
• Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade da inveja: “Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!”
• João Crisóstomo (†404), o grande patriarca e doutor da Igreja, chamado de “boca de ouro”, mostra bem o perigo da inveja para a vida cristã: “Nós nos combatemos mutuamente e é a inveja que nos arma uns contra os outros. Pois bem, alegrai-vos com o progresso do vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós”.
• A maior parte das contendas causadas na igreja é movida pela inveja.
• Ao invés de se alegrar com o sucesso do irmão no seu trabalho para o Reino de Deus, a pessoa fica remoendo a inveja, porque não consegue o mesmo sucesso. O invejoso é infeliz com a própria desgraça e com a felicidade do outro.
• “Pela inveja do diabo”, costuma dizer-se, entraram no mundo o pecado e a morte, pois o diabo, ao ser condenado a sua condição de anjo maligno, por ser demasiadamente soberbo, tenta fazer com que o ser humano caia no mesmo pecado, e deixe de gozar de um bem que lhe foi arrebatado.
• É tido como certo também que Caim, protótipo da inveja, amava a Deus, mas Deus preferiu a seu irmão Abel, o que fez com que Caim se enfurecesse e, cego de inveja, matasse seu irmão.
• A inveja é a tristeza pelo bem alheio, e é má. Por quê? É admissível entristecer-se porque os outros são mais privilegiados? A quem faz dano essa tristeza? Por que é um vício?
• Não é sem razão que a Igreja classifica a inveja como pecado capital. Muitos e muitos males provêm dela.
• A virtude que se opõe a este vício é a virtude da caridade.
• Tomás de Aquino dizia que a maldade não radica no sentir, ou na paixão, mas no que dela pode advir.
• Não é mau se entristecer, diz São Tomás de Aquino, porque os outros têm aquilo que me falta.
É UM PECADO CAPITAL
• A inveja é vício, em todo o caso, na medida em que compele o homem a agir – a agir mal – para remediar essa tristeza.
• O reprovável, de acordo com Tomás de Aquino, não é se sentir aflito pelo bem do outro. O sentimento é incontrolável; o pecado, ao contrário, está na ação que induz essa aflição, a qual é consentida, livre, e pode ser má.
• Entretanto, nós sabemos que o mal não só da inveja reside em uma raiz anterior àquele mal dela derivado.
• É condenado por Jesus, por exemplo, não só o homicídio, como também a raiz que o provoca, no caso, a ira (Mt 5.21,22).
• E visto que a inveja é um pecado considerado capital (que dá origem ou encabeça outros pecados), então deve ser considerada como um mal em si mesma.
• Da inveja podem derivar outros pecados, a saber:
IRA
INIMIZADES
MALDADE
CONTENDA MALEDICÊNCIA
MUITOS OUTROS PECADOS
• A palavra hebraica qana’ significa “inveja, ciúme, zelo, vontade de ter o que o outro tem”.
• No grego é usada a palavra phthónos. • Esta palavra é a principal usada para
designar a principal motivação dos judeus ao entregar Jesus para ser crucificado (Mt 27.18; Mc 15.10).
• Em toda a Bíblia, a inveja é condenada, tendo sempre contra ela um mandamento negativo, ou seja, de proibição (Sl 37.1; Pv 3.31; 23.17).
DEFINIÇÃO E BASE BÍBLICA
• Na definição do Dicionário Aurélio, inveja é “desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio”.
• Como já vimos, entretanto, a inveja vai além disso.
• Ela torna alegre o invejoso, quando o próximo cai em uma certa ruína.
• Era o caso dos edomitas com os israelitas.• O pequenino livro do profeta Obadias
mostra por que os edomitas sofreriam o mal: porque se alegraram com a destruição de seus irmãos, os israelitas (vv. 12-14).
• Os edomitas eram os descendentes de Esaú e os israelitas de Jacó, portanto, irmãos.
• Sendo um mandamento de proibição, a lei contra a inveja na Bíblia é somente vista com o termo negativo.
• O salmista Davi nos proíbe de ter inveja dos que praticam a iniquidade (Sl 37.1) e seu filho Salomão segue-lhe o exemplo, proibindo-nos de termos inveja do homem violento (Pv 3.31) e que nosso coração seja livre da inveja dos pecadores (Pv 23.17; 24.1,19).
• É comum, principalmente entre jovens, o sentimento de inveja em relação aos ímpios, posto que os ímpios aparentam uma liberdade para fazerem o que a maioria dos jovens crentes deseja e não pode, por assim dizer.
• Se, todavia, a inveja for por causa de suas posses, então é-nos proibido a inveja pelo seguinte motivo: estamos assim, julgando a Deus por distribuir de forma injusta Seus bens aos homens.
• Deus tem o direito de fazer o que Ele quiser com aquilo que Lhe pertence, portanto, quando Ele dá a um ímpio riquezas e prosperidade, Ele sabe o que está fazendo.
• Calvino, comentando o Salmo 37 dizia que se nos indignarmos dos ímpios, corremos o risco de nos apostatar da fé e se os invejarmos teremos um desejo de envolver-nos na maldade deles.
• Podemos presumir que a inveja foi o pecado que motivou Lúcifer a tentar nossos pais no Éden, uma vez que dali ele foi expulso.
• Daí para frente, este pecado torna-se cada vez mais frequente.
• Muitos entendem que foi a inveja que levou Caim a assassinar seu justo irmão.
• Os filisteus invejaram o patriarca Isaque, por causa que o Senhor lhe abençoava grandemente e ele aumentava em grande prosperidade (Gn 26.12-14).
EXEMPLOS BÍBLICOS
• Estêvão, em seu discurso, afirma que foi a inveja que moveu os patriarcas a entregarem seu irmão José para ser vendido como escravo (At 7.9; cf. Gn 37.11).
• A esposa do patriarca Jacó teve inveja da irmã, uma vez que sua irmã dava à luz filhos, enquanto ela mesma era estéril (Gn 30.1).
• A irmã e o irmão de Moisés levantaram-se contra ele com ares de inveja e foram punidos (Nm 12).
• Mais tarde, Coré, Datã e Abirão também se levantaram contra Moisés (Nm 16.1-3; Sl 106.16).
• Saul também passou a ver Davi com olhos invejosos, devido ao sucesso deste jovem (1Sm 18.9).
• Hamã tinha grande inveja de Mardoqueu e desejava vê-lo prostrar-se diante dele para reverenciá-lo (Et 5.12,13).
• O salmista Asafe chegou a ter inveja dos ímpios, ao ver a prosperidade deles (Sl 73.3).
• Foi também por inveja que os príncipes do reino dos medo-persas engendraram uma maneira do rei Dario assinar um decreto contra a lei do Deus de Daniel, pois não conseguiam achar nenhum vício em Daniel (Dn 6.3-5).
• Por inveja também o sumo-sacerdote Caifás e os demais saduceus mandaram prender os apóstolos por causa dos sinais (At 5.17,18).
• Depois do belo discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia, multidões queriam ouvi-lo novamente no outro sábado, entretanto, judeus, movidos de inveja, contradiziam Paulo e Barnabé com palavras de blasfêmia (At 13.44,45).
• O mesmo ocorreu em Tessalônica, quando Paulo debatia sobre as Escrituras na sinagoga e convencia de que Jesus era o Cristo: os judeus provocaram grande alvoroço ali e queriam matar Paulo (At 17.5).
• A igreja de Corinto era uma igreja que comportava um grupo de invejosos dentro dela (1Co 3.3; 2Co 12.20).
• A Bíblia diz que “a inveja é a podridão dos ossos” (Pv 14.30).
• O jornalista e escritor Zuenir Ventura disse apropriadamente que “inveja não é você querer o que o outro tem (isso é a cobiça), mas querer que ele não tenha, essa é a grande tragédia do invejoso”.
• A inveja é insuportável, até mais que o furor e a ira (Pv 27.4).
CONHECENDO MAIS SOBRE A INVEJA
• Aristóteles definia ciúmes como o desejo de ter o que outra pessoa possui.
• Era originariamente uma palavra boa e referia-se ao desejo de imitar uma coisa nobre da outra pessoa.
• Mais tarde a palavra passou a ser associada com um desejo lascivo daquilo que pertencia a outra pessoa.
• Salomão reconheceu a vaidade (inutilidade) desse pecado quando disse: “Então vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu próximo” (Ec 4.4).
• Tentar “seguir o padrão de vida do vizinho” é um pecado que não somente nos impedirá de ir para o céu, mas também mesmo nesta vida nos tirará a satisfação (Fp 4.12,13).
• Nesse aspecto, a inveja é pior que o ciúme e a cobiça.
• A inveja não é necessariamente querer para nós mesmos, porém mais que isso, é querer que seja tirado do outro.
• A inveja é o sentimento de infelicidade produzido por presenciarmos a vantagem ou a prosperidade do outro; os invejosos se incomodam com os sucessos dos amigos.
• O ciúme e a inveja são sempre seguidos da contenda na igreja (Rm 13.13; 1Co 3.3).
• Quando nos magoamos por causa daquilo que outros conquistaram, quer financeiramente, quer na reputação, a ambição egoísta nos torna arrogantes contra o nosso irmão (Tg 3.14).
• Muitos hoje e no primeiro século pregam e pregaram a Cristo movidos pela inveja (Fp 1.15).
• São zelosos pela causa de Cristo, mas esse zelo é motivado pelo desejo de desacreditarem outros irmãos.
• A contenda corre solta quando os cristãos odeiam ser superados.
• Os irmãos invejosos e competitivos cobrem o seu pecado com debates “consagrados” sobre as palavras e sobre as questões controversas (1Tm 6.4,5).
• Que a nossa posição a favor da verdade não seja obscurecida com o motivo pecaminoso da inveja que nos conduz à contenda.
• Os cristãos, e mesmo os presbíteros e pregadores, ficam tão preocupados com os seus direitos, dignidade, prestígio, práticas e procedimentos que fica impossível haver uma atmosfera que dê margem ao louvor e à adoração.
• Com o ciúmes e a inveja no coração, não se faz julgamentos justos.
• O ciúme e a inveja parecem ser os últimos pecados a desaparecer da vida no Espírito.
• Após a longa lista que Paulo apresenta de pecados da carne e do fruto do Espírito em Gálatas 5, ele conclui o seu pensamento com a advertência: “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros” (5.25,26).
• Ninguém acusou os apóstolos durante o ministério de Jesus de fornicação, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, embriaguez e orgias, mas na noite antes de Jesus morrer, eles eram invejosos e cheios de contenda (Lc 22.24).
• A adoração a Deus e as disputas dos homens não combinam.
• Jesus disse que a inveja é um dos muitos sintomas de um coração sujo e contaminado (Mc 7.21-23).
• Os mestres da ciência médica afirmam que a maior porcentagem de doenças são de origem psíquico, isto é, da mente, da alma.
• Mas, admitem eles, que a doença da psiquê é fator decisivo para transformar uma doença imaginária em doença real para o corpo físico.
• É aqui que entra no palco a maior atriz do drama da desgraça: a inveja!
• Leia Pv 14.30.
• “A inveja é corrosiva, feia, e pode arruinar sua vida”, diz Richard H. Smith, professor de psicologia da Universidade do Kentucky, que escreveu sobre a inveja.
• “Se você é uma pessoa invejosa, é difícil apreciar muitas das coisas boas que estão por aí, pois você está ocupado demais se preocupando sobre como elas se refletem em si próprias”.
• Um experimento feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências Radiológicas, no Japão, revelou que a inveja ativa regiões cerebrais que registram dor física1.1 H T T P : / / N O T I C I A S . U O L . C O M . B R / U L T N O T /C I E N C I A E S A U D E / U L T N O T / 2 0 0 9 / 0 2 / 2 4 / I N V E J A -A T I V A - A R E A - D O - C E R E B R O - R E L A C I O N A D A - A -D O R - F I S I C A - R E V E L A - E X P E R I M E N T O . J H T M
• “Se você deseja a glória, pode invejar Napoleão”, disse Bertrand Russell.
• “Mas Napoleão invejava César, César invejava Alexandre, e Alexandre, ouso dizer, invejava Hércules, que nunca existiu”.
• É uma infinita cadeia, um pecado sobre o outro, um abismo chamando outro, que absorve o ser humano dentro de sua própria decadência.
• Mas será que esse pecado pode ser vencido? Com certeza, o mundo não pode, mas o cristão pode.
• Vejamos como podemos vencer este pecado, olhando para as recomendações das Escrituras Sagradas.
• A primeira virtude com a qual a inveja bate de frente é a gratidão.
• Não se pode ser grato e invejoso ao mesmo tempo.
• O ingrato é que é invejoso, pois não pode dar graças por aquilo com que já foi abençoado, sempre desejando o que é do próximo e até que ele perca o que tem.
• O primeiro passo para vencer a inveja é desenvolver um espírito de gratidão para com o Senhor.
COMO VENCER O PECADO DA INVEJA
• A segunda virtude com a qual a inveja não combina é a alegria.
• A pessoa invejosa jamais estará alegre com os que se alegram (Rm 12.15), pois seu desejo é que aquela alegria acontecesse consigo mesmo e não com seu irmão.
• A inveja é um pecado que retira do homem a virtude de ser alegre, pois está muito ocupado em ver o que o outro tem e, em vez de se alegrar com isso, alegra-se apenas se seu próximo cair...
• Portanto, o segundo passo para vencer a inveja é conseguir a alegria que vem do Senhor (Sl 4.7).
• A terceira forma de vencer a inveja é aplicando sobre nosso coração a lei do contentamento.
• A lei do contentamento nos ensina que devemos ser humildes naquilo que desejamos e satisfeitos naquilo que possuímos (Rm 12.16; 1Tm 6.7,8).
• O invejoso jamais está satisfeito, pois sua ambição não o deixa sossegar.
• À espreita do que se pode angariar, ele perde também a paz, pois não se contenta nem com o que tem, nem com o que pode vir a ter, deseja sempre mais do que pode realmente administrar.
• Estas são as 3 principais maneiras de vencermos a inveja em nossas vidas.
• A inveja é um sentimento de revolta dentro do coração do que a possui.
• A inveja destrói qualquer obra de Deus na vida de uma pessoa; até mesmo o ministério pastoral.
• Como tem sido nossa reação ao vermos uma pessoa realmente cheia do poder de Deus? Temos nos alegrado com isso, ou invejado sua postura?
• E em relação a coisas materiais? Como reagimos quando vemos alguém melhor que nós em qualquer aspecto?
CONCLUSÃO
• Se nossa reação é de disputa, então somos invejosos; se é de ira ou desgosto, somos invejosos; se é de tristeza e despeita, somos invejosos...
• Mas se reagimos com alegria, com satisfação do que já recebemos de Deus, com gratidão em nosso coração, então podemos glorificar mais uma vez a Deus por não estarmos contaminados com o vírus da inveja, entretanto, vigiando sempre, para que não sejamos presa fácil, por pensarmos que estamos de pé.
• Que a alegria substitua o sentimento ruim pelo sucesso do meu irmão!