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SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO 2013 Planeta Diário O Rotary comunica O Rotary Club de Biguaçu comunica a toda a comunidade que o ano rotário esta chegando ao fim e com ele uma nova diretoria é eleita para dar continuidade aos projetos em andamento e submeter novos a apreciação dos companheiros. O presidente Jucélio Jacob de Andrade passará o cargo para o presidente eleito Henrique Azevedo, na próxima semana no restaurante Marina 3 Mares, onde gentilmente o Club foi convidado pelo proprietário para a solenidade. Fale com o Rotary: site - rotaryclubbiguacu.wordpress.com ou facebook: www.facebook.com/rotary. biguacu Ser rotariano “Virgínia Díbia de alcântara” uma rotariana de coração Dia deste lia no jornal Biguaçu em Foco a história da senhora Virgínia Díbia de Alcântara que se viva teria completado 100 anos no dia 21 de junho, confesso que fiquei emocionado com várias passagens da reportagem: a começar pelo fato que dona Virgínia fazia suas ações de caridade sem ter a intenção de se promover com as mesmas, fato este que naturalmente nos remete a pensar que dona Virgínia não aprovaria este tipo de publicidade. No entanto sabemos que dona Virgínia agora tem como saber sobre nossas intenções e que seu exemplo pode muito bem servir de motivação para outras pessoas que gostariam de praticar de forma anônima o bem ao próximo sem esperar algo em troca que por si só já demonstra um espírito rotariano, espírito este que se perpetua em seu neto Carlos de Alcântara Jr. que foi eleito governador do Rotary Club distrito 4651 de Santa Catarina e agora se prepara para seguir a saga de sua família. Muito embora o espírito rotariano não tenha mudado desde a fundação do Rotary Club internacional em 23 de fevereiro de 1905 por Paul P. Harris, a forma de fazer caridade precisou mudar para atender as demandas sociais e de transparência que são exigidas de todas as instituições que promovem o bem entre as pessoas. De fato dona Virgínia Díbia de Alcântara representa como ninguém o espírito rotariano. E neste sentido peço licença aos colegas do jornal Biguaçu em Foco para reproduzir na integra aquela reportagem que tão bem descreveu a senhora Virgínia Díbia de Alcântara. Virgínia Díbia de Alcântara Rotary Club Biguaçu 19 Virgínia Díbia de Alcântara: 100 anos Hoje (sexta, 21/06), se viva es- tivesse, a sra. Virgínia Díbia de Al- cântara teria completado 100 anos de idade. A família de dª Virgínia registra essa homenagem por, entre vários motivos, homenagear a co- munidade do Prado. “Muitos moradores do bairro Prado, os mais antigos, certamen- te, quando verem esse jornal, vão ter boas lembranças, pois minha mãe era muito querida lá. Ela ti- nha muito amor por aquela comu- nidade e sua gente. Gostaríamos de compartilhar essa homenagem”, lembra a filha da homenageada, Elza Fernandes de Alcântara e Faria, 71, popular “Dª Elza do Car- tório”. Aqui a história de dª Virgínia: Nascida em 21 de junho de 1913 em Florianópolis, Virgínia Díbia de Alcântara é filha de Jorge Ni- colau e Díbia Nicolau, imigrantes do Líbano, país do Oriente Médio. Inicialmente o casal de libaneses desembarcou em Laguna, vindo a morar em Florianópolis algum tempo depois, onde Vírginia nas- ceu. Aos 20 anos de idade, Vírgínia casou-se com Francisco Fernan- des de Alcântara, comerciante de origem portuguesa. Vieram mo- rar em Três Riachos, interior de Biguaçu. O casal teve seis filhos, três dos quais já falecidos. Entre os filhos de dª Virgínia, está o ex- prefeito de Biguaçu entre 1966 a 1970, Jorge Fernandes de Alcânta- ra (1936-2009). De Três Riachos, a família mu- dou-se para o centro de Biguaçu. Onde hoje é o colégio Incentivo, era o comércio de Francisco Fer- nandes de Alcântara. Além do trabalho com o es- poso e cuidando dos filhos, dª Virgínia ajudava as famílias mais necessitadas. “A gente só ficou sa- bendo com detalhes sobre o que ela fazia pelos mais humildes só depois que ela morreu. Ficamos surpresos com tanta discrição que ela teve a vida toda de caridade e ajuda comunitária”, conta a filha Elza. Aqui algumas histórias reais que ocorreu. No velório de dª Vir- gínia, uma senhora contava: “ah, eu estou aposentada hoje porque a dª Virgínia pagava o INSS para mim”. Uma outra moradora do Prado contou: “Dª Virgínia deu cadernos para meus filhos estudarem e ou- tras vezes nos ajudou com comida”. Uma outra senhora do Prado dizia no velório: “ah, minha mãe foi embora.” Virgínia não era política e nunca fez de sua caridade algum trampolim para benefício pessoal. Muito pelo contrário. Ela ajudava pelo simples prazer de ajudar, pois ela não podia ver alguém passando necessidade, sem amparo e uma palavra amiga. Toda a caridade que ela fazia nunca teve a mínima publicidade. Ela ajudava anonimamente, sem alardear, nem contar que estava fa- zendo isso e, muito menos, deixou registro para que um dia viesse a ser lembrada disso. A filha Elza lembra: “minha mãe sempre dizia que o que tua mão direita dá, a tua esquerda não precisa saber”. Depois da morte dela, dª Elza entendeu um mistério na história da família. É que no antigo comér- cio de seu pai, havia o costume das cadernetas, onde as compras eram anotadas para o freguês pagar mais tarde. Volta e meia desapareciam algumas cadernetas. “Mãe, onde está?”, perguntavam os filhos. Vir- gínia disfarçava. Na realidade, ela jogava fora. É claro que não era tão frequente assim. Não colocou o comércio da família em perigo. Mas ela só “su- mia” com aquelas cadernetas das pessoas que realmente estavam extremamente necessitadas, que não tinham condições de pagar, que se encontravam até em estado de fome. Católica fervorosa, frequenta- dora das missas, dª Virgínia tinha admiração pela oração “Pai Nos- so”, cujos versos simples, mas de profundo significado, a encanta- vam. Ela chegou a dizer à família o quanto admirava o “Pai Nosso.” Vírginia passou mal em 5 de julho de 1987. Era diabética e sofreu uma crise da doença. Teve gangre- na e sua perna acabou amputada. Veio a falecer em 11 de agosto da- quele mesmo ano, aos 74 anos de idade. Não chegou a conhecer seu primeiro bisneto, que nasceria um ano depois. Em 1987, o prefeito de Bigua- çu era Arlindo Corrêa (in memo- riam) e a comunidade do Prado solicitou que a creche que foi cons- truída na região recebesse o nome de “Dª Virgínia”. Nem precisava da “torcida”, pois a família de Arlindo era muito amiga da família de dª Virgínia. A creche do bairro Prado leva o nome de alguém que, em vida, muito amou a gente dessa co- munidade. Talvez dª Virgínia, se estivesse viva, não gostaria de ser homenageada, nem que sua virtu- de da caridade fosse destacada, em página de jornal, pois ela gostava de ser discreta, anônima, “na sua”, “ninguém precisa saber”, ao fazer sua caridade pelos mais humildes. Mas Virgínia é lembrada por toda sua família e seus admiradores não pela caridade em si, mas pelo sig- nificado mais profundo: ser cristão não pode ser da boca pra fora. É uma responsabilidade consigo mesmo e com a comunidade. Ser cristão é entender com profundi- dade as palavras de Cristo. Dª Vir- gínia entendeu e fez sua parte com toda discrição. Virgínia Díbia de Alcântara FOTO: ACERVO FAMÍLIA SEXTA-FEIRA, 28 DE JUNHO DE 2013 Planeta Diário

SEXTA-FEIRA, 28 DE JUNHO DE 2013 SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO ... · 19 FIM DE SEMANA, 21, 22 E 23 DE JUNHO DE 2013BIGUAÇU EM FOCO Isso tudo é Santa Catarina PeloEstado A partir da próxima

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  • SEXTA-FEIRA, 10 DE MAIO 2013Planeta Diário

    O Rotary comunica

    O Rotary Club de Biguaçu comunica a toda a comunidade que o ano rotário esta chegando ao fim e com ele uma nova diretoria é eleita para dar continuidade aos projetos em andamento e submeter novos a apreciação dos companheiros. O presidente Jucélio Jacob de Andrade passará o cargo para o presidente eleito Henrique Azevedo, na próxima semana no restaurante Marina 3 Mares, onde gentilmente o Club foi convidado pelo proprietário para a solenidade. Fale com o Rotary: site - rotaryclubbiguacu.wordpress.com ou facebook: www.facebook.com/rotary.biguacu

    Ser rotariano “Virgínia Díbia de alcântara”

    uma rotariana de coração

    Dia deste lia no jornal Biguaçu em Foco a história da senhora Virgínia Díbia de Alcântara que se viva teria completado 100 anos no dia 21 de junho, confesso que fiquei emocionado com várias passagens da reportagem: a começar pelo fato que dona Virgínia fazia suas ações de caridade sem ter a intenção de se promover com as mesmas, fato este que naturalmente nos remete a pensar que dona Virgínia não aprovaria este tipo de publicidade. No entanto sabemos que dona Virgínia agora tem como saber sobre nossas intenções e que seu exemplo pode muito bem servir de motivação para outras pessoas que gostariam de praticar de forma anônima o bem ao próximo sem esperar algo em troca que por si só já demonstra um espírito rotariano, espírito este que se perpetua em seu neto Carlos de Alcântara Jr. que foi eleito governador do Rotary Club distrito 4651 de Santa Catarina e agora se prepara para seguir a saga de sua família. Muito embora o espírito rotariano não tenha mudado desde a fundação do Rotary Club internacional em 23 de fevereiro de 1905 por Paul P. Harris, a forma de fazer caridade precisou mudar para atender as demandas sociais e de transparência que são exigidas de todas as instituições que promovem o bem entre as pessoas. De fato dona Virgínia Díbia de Alcântara representa como ninguém o espírito rotariano. E neste sentido peço licença aos colegas do jornal Biguaçu em Foco para reproduzir na integra aquela reportagem que tão bem descreveu a senhora Virgínia Díbia de Alcântara.

    Virgínia Díbia de Alcântara

    Rotary Club Biguaçu

    19 FIM DE SEMANA, 21, 22 E 23 DE JUNHO DE 2013BIGUAÇU EM FOCO

    Isso tudo é Santa CatarinaPeloEstado

    Apartir da próxima semana, o país inteiro, por meio de sites de notí-cias, de propagandas em jornais, revistas e emissoras de rádio e TV, receberá um verdadeiro choque de informações sobre todas as op-ções turísticas de Santa Catarina. A campanha institucional Isso tudo é San-ta Catarina foi lançada ontem pela manhã, em Florianópolis, pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte e pela Santur. Estimada em R$ 10 milhões, tem como objetivo atrair visitantes de outros estados brasileiros e promover o turismo interno. Um dos publicitários responsáveis pela campanha, Fábio Veiga, da Neovox, admitiu não conhecer boa parte das belezas naturais e dos aspectos étnicos e culturais expostos nas peças. “Durante o processo de produção fiquei com muita vontade de conhecer. Ou seja, a campanha é para nós também. Às vezes viajamos para outros estados ou países para ver coisas que temos aqui mesmo.” O presidente da Santur, Valdir Walendo-wsky, explicou que o que se pretende é buscar uma interação com o público final e, com isso, atrair para o estado parte do crescente número de turistas brasileiros que têm optado por viagens ao exterior. O secretário estadual de Turismo, Cultura e Esporte, Beto Martins, aproveitou para anunciar que será contratada uma consultoria para oferecer, especialmente aos municípios de menor porte e receitas pequenas, um plano de desenvolvimento turístico sustentável. A campanha lançada ontem será veiculada por até dois meses e receberá um reforço no início de 2014. “Não estamos mirando somente no turismo de inverno ou de verão. Estamos interessados em ter um fluxo turís-tico maior, mais firme e em todos os meses do ano”, revelou. Hoje o estado já recebe mais de 6 milhões de visitantes por ano e o PIB catarinense é formado em quase 13% pela receita gerada no setor de lazer.

    Centralizado O deputado Gilmar Knae-sel (PSDB) falou sobre as manifestações e sinalizou que elas são fruto, também, da demora na revisão do Pacto Federativo. “No Brasil, 70% desses recursos estão nas mãos do governo federal, 19% vão pros es-tados e somente 11% é destinado aos mu-nicípios. Com esse modelo centralista, os municípios não podem mais atender com qualidade os serviços públicos”, destacou.

    Novo Cartão SUS A Comissão de Assun-tos Sociais do Senado aprovou a criação

    usuário do SUS, com validade nacional e informações como grupo sanguíneo e medicamentos aos quais a pessoa é alérgi-ca. O senador Casildo Maldaner (PMDB), membro da Comissão, fez questão de acrescentar que, na era da internet, as principais informações devem estar em prontuário único, acessível a todas as uni-dades de saúde do país. A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados.

    Adiamento A reunião de apresentação dos investimentos da indústria catarinen-se para o triênio 2013-2015 que seria reali-

    para a manhã de hoje. O motivo foi a ma-nifestação que ocorreu na entrada de Flo-rianópolis. No evento, será apresentada a pesquisa que aponta investimento de R$ 3 bilhões, com geração de 18 mil empregos para o período.

    Pode crescer O número ainda pode ser maior. Com os investimentos de indús-trias como BMW, GM, Vossko e Sinotruck o valor pode chegar aos R$ 5 bilhões.

    SC e Itália Um grupo de empresários italianos chega a Florianópolis na próxi-ma semana para participar do Seminário Náutico Itália-Brasil, promovido pelo Sebrae-SC e pela Acatmar no dia 26 de ju-nho. O objetivo é fazer negócios com em-presas catarinenses, de olho no potencial do segmento, que cresce 10% ao ano.

    Reclamação O presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados (Sin-dicarne), Clever Ávila, reclama de imatu-ridade e falta de visão de longo prazo dos parceiros comerciais do Brasil, especial-mente a Argentina, que cria entraves ao li-vre comércio. “No passado, já exportamos muito mais que 3 mil toneladas ao mês.”

    Andréa Leonora e Nícola Martins Florianópolis - 21Jun13CENTRAL DE DIÁRIOS

    TRINTA INTEGRADOS

    DIÁRIOSINTEGRADOS

    PRESENÇA EM62% DE SC

    PeloEstado Um produto [email protected]

    www.centraldediarios.com.br

    . . . .. . . .. . . .

    PrêmioFiesc

    Filipe Scotti/Fiesc

    O Sistema Federação das Indústrias (Fiesc) lançou ontem mais uma edição do Prêmio Fiesc de Jorna-lismo. Podem ser inscritos trabalhos jornalísticos nas categorias Texto, Audiovisual e Destaque Aca-dêmico veiculados de 15 de setembro de 2012 a 2 de setembro de 2013, mesma data em que as inscrições serão encerradas. As reportagens devem enfocar a indústria e a contribuição do setor produtivo cata-rinense ao desenvolvimento do país. O lançamen-to foi feito na sede da Associação Catarinense de Imprensa (ACI). Na foto, os presidentes da Fiesc, Glauco José Côrte, e da ACI, Ademir Arnon. Regulamento, inscrições e mais

    P U B L I C A Ç Ã O L E G A L

    Virgínia Díbia de Alcântara: 100 anos

    Hoje (sexta, 21/06), se viva es-tivesse, a sra. Virgínia Díbia de Al-cântara teria completado 100 anos de idade. A família de dª Virgínia registra essa homenagem por, entre vários motivos, homenagear a co-munidade do Prado.

    “Muitos moradores do bairro Prado, os mais antigos, certamen-te, quando verem esse jornal, vão ter boas lembranças, pois minha mãe era muito querida lá. Ela ti-nha muito amor por aquela comu-nidade e sua gente. Gostaríamos de compartilhar essa homenagem”, lembra a filha da homenageada, Elza Fernandes de Alcântara e Faria, 71, popular “Dª Elza do Car-tório”.

    Aqui a história de dª Virgínia: Nascida em 21 de junho de 1913 em Florianópolis, Virgínia Díbia de Alcântara é filha de Jorge Ni-colau e Díbia Nicolau, imigrantes do Líbano, país do Oriente Médio. Inicialmente o casal de libaneses desembarcou em Laguna, vindo a morar em Florianópolis algum tempo depois, onde Vírginia nas-ceu. Aos 20 anos de idade, Vírgínia casou-se com Francisco Fernan-des de Alcântara, comerciante de origem portuguesa. Vieram mo-rar em Três Riachos, interior de Biguaçu. O casal teve seis filhos, três dos quais já falecidos. Entre os filhos de dª Virgínia, está o ex-prefeito de Biguaçu entre 1966 a 1970, Jorge Fernandes de Alcânta-ra (1936-2009).

    De Três Riachos, a família mu-dou-se para o centro de Biguaçu. Onde hoje é o colégio Incentivo, era o comércio de Francisco Fer-nandes de Alcântara.

    Além do trabalho com o es-poso e cuidando dos filhos, dª Virgínia ajudava as famílias mais necessitadas. “A gente só ficou sa-bendo com detalhes sobre o que ela fazia pelos mais humildes só

    depois que ela morreu. Ficamos surpresos com tanta discrição que ela teve a vida toda de caridade e ajuda comunitária”, conta a filha Elza. Aqui algumas histórias reais que ocorreu. No velório de dª Vir-gínia, uma senhora contava: “ah, eu estou aposentada hoje porque a dª Virgínia pagava o INSS para mim”.

    Uma outra moradora do Prado contou: “Dª Virgínia deu cadernos para meus filhos estudarem e ou-tras vezes nos ajudou com comida”. Uma outra senhora do Prado dizia no velório: “ah, minha mãe foi embora.” Virgínia não era política e nunca fez de sua caridade algum trampolim para benefício pessoal. Muito pelo contrário. Ela ajudava pelo simples prazer de ajudar, pois ela não podia ver alguém passando necessidade, sem amparo e uma palavra amiga.

    Toda a caridade que ela fazia nunca teve a mínima publicidade. Ela ajudava anonimamente, sem alardear, nem contar que estava fa-zendo isso e, muito menos, deixou registro para que um dia viesse a ser lembrada disso.

    A filha Elza lembra: “minha mãe sempre dizia que o que tua mão direita dá, a tua esquerda não precisa saber”.

    Depois da morte dela, dª Elza entendeu um mistério na história da família. É que no antigo comér-cio de seu pai, havia o costume das cadernetas, onde as compras eram anotadas para o freguês pagar mais tarde. Volta e meia desapareciam algumas cadernetas. “Mãe, onde está?”, perguntavam os filhos. Vir-gínia disfarçava.

    Na realidade, ela jogava fora. É claro que não era tão frequente assim. Não colocou o comércio da família em perigo. Mas ela só “su-mia” com aquelas cadernetas das pessoas que realmente estavam

    extremamente necessitadas, que não tinham condições de pagar, que se encontravam até em estado de fome.

    Católica fervorosa, frequenta-dora das missas, dª Virgínia tinha admiração pela oração “Pai Nos-so”, cujos versos simples, mas de profundo significado, a encanta-vam. Ela chegou a dizer à família o quanto admirava o “Pai Nosso.” Vírginia passou mal em 5 de julho de 1987. Era diabética e sofreu uma crise da doença. Teve gangre-na e sua perna acabou amputada. Veio a falecer em 11 de agosto da-quele mesmo ano, aos 74 anos de idade. Não chegou a conhecer seu primeiro bisneto, que nasceria um ano depois.

    Em 1987, o prefeito de Bigua-çu era Arlindo Corrêa (in memo-riam) e a comunidade do Prado solicitou que a creche que foi cons-truída na região recebesse o nome de “Dª Virgínia”. Nem precisava da “torcida”, pois a família de Arlindo era muito amiga da família de dª Virgínia.

    A creche do bairro Prado leva o nome de alguém que, em vida, muito amou a gente dessa co-munidade. Talvez dª Virgínia, se estivesse viva, não gostaria de ser homenageada, nem que sua virtu-de da caridade fosse destacada, em página de jornal, pois ela gostava de ser discreta, anônima, “na sua”, “ninguém precisa saber”, ao fazer sua caridade pelos mais humildes. Mas Virgínia é lembrada por toda sua família e seus admiradores não pela caridade em si, mas pelo sig-nificado mais profundo: ser cristão não pode ser da boca pra fora. É uma responsabilidade consigo mesmo e com a comunidade. Ser cristão é entender com profundi-dade as palavras de Cristo. Dª Vir-gínia entendeu e fez sua parte com toda discrição.

    Virgínia Díbia de Alcântara

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    SEXTA-FEIRA, 28 DE JUNHO DE 2013Planeta Diário