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Síntese da Entrevista
Em seguida, apresentamos os resultados da entrevista realizada no dia
22 de Abril de 2008 à bióloga Cláudia Aragão, especialista em Nutrição e
Aquacultura.
Em relação aos ecossistemas, a bióloga afirmou que tudo se encontra em
interacção, ou seja, o que se passa num sítio afecta outro, que pode estar
próximo ou, em caso extremos, afectar todo o planeta. Como exemplo dessa
interacção referiu o derrube de árvores na Amazónia. Deste modo, concluiu que
não faz sentido pensar que algo está isolado. Relativamente às alterações nas
interacções entre ecossistemas, caso ocorra uma pandemia, estas podem incidir
de maneira directa, afectando as espécies que com ela convivem, através da
transmissão do vírus, ou de forma indirecta, se uma pandemia provocar índices
elevados de mortalidade a um espécie que serve de alimento a outra.
Quanto às transferências de agentes patogénicos, a convidada definiu,
resumidamente, zoonose como a transmissão de uma doença infecciosa de um
animal vertebrado para o Homem e vice-versa. Quando questionada acerca de
outras formas de transmissão de um vírus, referiu a transferência por via de
animais invertebrados, como as carraças, as pulgas e os mosquitos. Estas
transferências são importantes, tanto a nível da origem como da propagação de
pandemias. As zoonoses podem ser determinantes na origem de uma pandemia
nos humanos se um agente patogénico, proveniente de um animal vertebrado,
se recombinar com um vírus do Homem. A nível da propagação, deu o exemplo
do mosquito, animal invertebrado responsável pela propagação da Dengue e da
Malária, não havendo, assim, contágio directo entre humanos.
Relativamente à espécie humana, na opinião da bióloga sobre a
possibilidade da ocorrência da extinção do Homem, esta é possível mas
improvável, pois temos capacidades e mecanismos de conseguir controlar,
minimamente, uma pandemia dos quais não dispúnhamos no passado. A
extinção do homem seria mais provável caso ocorresse uma guerra biológica
(pandemia criada pelo Homem), onde o tempo de resposta seria insuficiente. Se
essa extinção ocorresse, seria difícil prever o que iria acontecer. A convidada
comparou a espécie humana aos dinossauros, que se extinguiram no passado.
À semelhança dos dinossauros, o Homem é uma espécie dominante que, caso
desaparecesse, deixaria um espaço para que outras espécies se
desenvolvessem e o ocupassem. Seria um mundo completamente diferente do
de hoje.