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maio - jun 2019 siradx - boletim nº 13 sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu desmatamento 2019 desmatamento 2018 desmatamento acumulado até dezembro 2017 bacia hidrográfica do rio Xingu corredor de diversidade socioambiental do Xingu áreas protegidas área crítica corpos d’água ÁREAS CRÍTICAS N S E W desmatados em maio 24.282 ha desmatados em junho 81% de aumento em relação aos dois meses anteriores MUNICÍPIOS Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, lideram o ranking dos municípios que mais desmataram em maio e junho. A área total soma 19 mil hectares, e juntos, esses dois municípios representam 78% do total desmatado em toda a bacia no período analisado. No Mato Grosso, Paranatinga, Peixoto de Azevedo e Canarana foram os municípios com maiores taxas de desmatamento, com 3.109 hectares. Marcelândia, quarto no ranking dos mais desmatados, apresentou 652 hectares de floresta derrubada. Esse município se situa na sub-bacia Manissauá-Miçu, que concentra cerca de 3 mil nascentes que compõem 13 mil km de rios que deságuam no Xingu. No total, 1.724 ha foram desmatados nesta sub-bacia, que abastece sete municípios e o Território Indígena do Xingu. 5000 10000 15000 20000 18.334 459 0 Altamira - PA São Félix do Xingu - PA Senador José Porfírio - PA Paranatinga - MT Peixoto de Azevedo - MT Canarana - MT Marcelândia - MT Itaituba - PA Cumaru do Norte - PA Santa Cruz do Xingu - MT área desmatada (ha) maio jun TERRAS INDÍGENAS No terceiro bimestre do ano houve um aumento de 264% no desmatamento em Terras indígenas na bacia do Xingu. Apesar de contar com a presença permanente da Força Nacional, a Terra Indígena Apyterewa foi a mais desmatada no período, com 768 ha. A paralisação no processo de desocupação de invasores seria uma das razões para o aumento da devastação, e da violência. Segundo a Funai, estima-se que menos de 20% da área dessa TI esteja sob a inteira posse dos indígenas Parakanã. A regularização fundiária é uma das condicionantes da hidrelétrica de Belo Monte, que deveria ter sido cumprida logo após a sua concessão, ainda em 2010. A retirada de ocupantes não indígenas também encontra amparo em diversas decisões judiciais. maio jun 899 176 área desmatada (ha) Apyterewa Cachoeira Seca do Iriri Kayapó Ituna / Itatá Trincheira / Bacajá 250 500 750 1000 0 405% Desmatamento em UCs aumentou 405% em relação ao segundo bimestre de 2019 As taxas de desmatamento em Unidades de Conservação aumentaram 405% em relação ao segundo bimestre do ano, somando 17.951 hectares. Desse total, 83% foram desmatados somente na APA Triunfo do Xingu. No segundo lugar do ranking está a Esec Terra do Meio, vizinha da APA, com 1.300 ha. Já na Flona de Altamira, o desmate associado ao garimpo ilegal continua subindo e, apenas em junho, foram abertos 1.008 ha. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO maio jun 14.891 176 APA Triunfo do Xingu ESEC da Terra do Meio FLONA de Altamira REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo FES do Iriri área desmatada (ha) 15000 10000 5000 0 APA Triunfo do Xingu Sem plano de manejo nem fiscalização, a APA Triunfo do Xingu vem sendo desmatada intensamente nos últimos meses. Entre maio e junho deste ano, a APA perdeu 14.891 hectares de floresta, um aumento de 396% em relação aos dois meses anteriores. Isso significa que aproximadamente 200 árvores foram derrubadas por minuto dentro dessa UC. Nesse período, a APA concentrou 38% do desmatamento na bacia do Xingu. Em relação ao mesmo período do ano passado, o desmatamento aumentou 46%. A APA já teve 36% da sua área florestal convertida para outros usos. As atividades de pecuária e mineração exercem pressão em UCs vizinhas, como a Esec Terra do Meio e o Parna Serra do Pardo. Além disso, as cabeceiras de vários rios dessas UCs estão localizadas na APA e a maior parte deles deságua nos rios Iriri e Xingu. As altas taxas de desmatamento detectadas na APA não se justificam pelo seu regime de uso, senão pela ausência de zoneamento que defina as áreas destinadas à conservação e pela falta de operações de fiscalização e monitoramento ambiental in loco. O aumento dessas taxas pode ser reflexo da nova lei agrária do Pará (Lei 8.878/2019), sancionada em 08/07, depois de 33 dias de tramitação. Segundo o MPF, essa nova lei facilita a grilagem de terras públicas e, consequentemente, o aumento da violência no campo. 14.785 ha Veja os polígonos de desmatamento atualizados mensalmente no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X e os alertas de desmatamento publicados mensalmente. Escreva um email para a gente no [email protected] O Boletim SIRAD X é publicado a cada dois meses na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br) Os polígonos e boletins estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX 1 Senador José Porfírio 2 Altamira 3 Itaituba 4 São Félix do Xingu 5 Cumaru do Norte 6 Santa Cruz do Xingu 7 Peixoto de Azevedo 8 Marcelândia 9 Canarana 10 Paranatinga Mais de 39 mil hectares de desmatamento foram detectados nos meses de maio e junho na bacia do Xingu. A diminuição das chuvas no Pará permitiu a intensificação da destruição da floresta no estado, que em junho dobrou o número de hectares detectados no mês anterior, passando de 10.611 ha em maio para 21.462 ha em junho. Já no Mato Grosso, o desmatamento registrado diminuiu em comparação com as grandes aberturas dos primeiros meses do ano. Ainda assim, foram detectados 6.967 ha desmatados sem autorização legal, 99,6% do total detectado na parte mato grossense da bacia no período analisado. 39.067 ha desmatados entre maio e junho na bacia do Xingu APRESENTAÇÃO DESMATAMENTO MENSAL NA APA TRIUNFO DO XINGU ENTRE JANEIRO DE 2018 E JUNHO DE 2019 RESULTADOS A distribuição do desmatamento na bacia nos últimos dois meses ficou dividida em 18% no Mato Grosso e 82% no Pará, que apresentou um aumento de 320% em relação a março e abril deste ano. De todo o desmatamento ocorrido no estado, 56% foi detectado em Áreas Protegidas sendo 2.258 ha em TIs e 17.951 ha em UCs. A diminuição das chuvas no norte da bacia, a falta de fiscalização e as mudanças na legislação fundiária do estado do Pará podem contextualizar esse aumento. 320% No Pará, o desmatamento aumentou 320% em relação ao segundo bimestre de 2019 ACUMULADO MAIO / JUNHO MT 18% PA 82% 14.891 ha DE FLORESTA DERRUBADOS ENTRE MAIO E JULHO 2.500 ha 5.000 ha 7.500 ha 10.000 ha 0 ha mar fev jan abr mai jun jul ago set out nov dez mar abr mai jun jan fev 2018 2019 1 RESEX Rio Xingu 2 PARNA da Serra do Pardo 3 APA Triunfo do Xingu 4 ESEC da Terra do Meio 5 Rio Iriri 6 Rio Xingu hidrografia limite municipal TIs UC federal UC estadual desmatamento até dez. de 2017 desmatamento 2018 até abr. de 2019 desmatamento maio e julho de 2019 km 0 75 150 300 mai jun 2018 2019 jul ago set out nov dez jan fev mai jun mar abr 0 pol. 1.000 pol. 500 pol. 1.500 pol. 2.500 pol. 2.000 pol. 10.000 ha 20.000 ha 30.000 ha 0 ha nº de polígonos área desmatada no PA área desmatada no MT 1 2 4 5 3 7 6 8 9 10 1 2 3 4 5 6

siradx - boletim nº 13 maio - jun · 2019-08-02 · siradx - boletim nº 13 sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu desmatamento 2019 desmatamento 2018

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maio - jun2019

siradx - boletim nº 13sistema de indicação por radar de desmatamento na bacia do xingu

desmatamento 2019

desmatamento 2018

desmatamento acumulado até dezembro 2017

bacia hidrográfica do rio Xingu

corredor de diversidade socioambiental do Xingu

áreas protegidas

área crítica

corpos d’água

ÁREAS CRÍTICAS

N

S

EW

desmatados em maio

24.282 hadesmatados em junho

↑ 81%de aumento em relação aos dois meses anteriores

MUNICÍPIOS Altamira e São Félix do Xingu, no Pará, lideram o ranking dos municípios que mais desmataram em maio e junho. A área total soma 19 mil hectares, e juntos, esses dois municípios representam 78% do total desmatado em toda a bacia no período analisado.

No Mato Grosso, Paranatinga, Peixoto de Azevedo e Canarana foram os municípios com maiores taxas de desmatamento, com 3.109 hectares. Marcelândia, quarto no ranking dos mais desmatados, apresentou 652 hectares de floresta derrubada. Esse município se situa

na sub-bacia Manissauá-Miçu, que concentra cerca de 3 mil nascentes que compõem 13 mil km de rios que deságuam no Xingu. No total, 1.724 ha foram desmatados nesta sub-bacia, que abastece sete municípios e o Território Indígena do Xingu.

5000 10000 15000 20000

18.334459

0

Altamira - PA

São Félix do Xingu - PA

Senador José Porfírio - PA

Paranatinga - MT

Peixoto de Azevedo - MT

Canarana - MT

Marcelândia - MT

Itaituba - PA

Cumaru do Norte - PA

Santa Cruz do Xingu - MT

área desmatada (ha)

maiojun

TERRAS INDÍGENAS

No terceiro bimestre do ano houve um aumento de 264% no desmatamento em Terras indígenas na bacia do Xingu. Apesar de contar com a presença permanente da Força Nacional, a Terra Indígena Apyterewa foi a mais desmatada no período, com 768 ha.

A paralisação no processo de desocupação de invasores seria uma das razões para o aumento da devastação, e da violência. Segundo a Funai, estima-se que menos de 20% da área dessa TI esteja sob a inteira posse dos indígenas Parakanã. A regularização

fundiária é uma das condicionantes da hidrelétrica de Belo Monte, que deveria ter sido cumprida logo após a sua concessão, ainda em 2010. A retirada de ocupantes não indígenas também encontra amparo em diversas decisões judiciais.

maiojun

899176

área desmatada (ha)

ApyterewaCachoeira Seca do Iriri

KayapóItuna / Itatá

Trincheira / Bacajá

250 500 750 10000

405%Desmatamento em UCs aumentou 405% em relação ao segundo bimestre de 2019

As taxas de desmatamento em Unidades de Conservação aumentaram 405% em relação ao segundo bimestre do ano, somando 17.951 hectares. Desse total, 83% foram desmatados

somente na APA Triunfo do Xingu. No segundo lugar do ranking está a Esec Terra do Meio, vizinha da APA, com 1.300 ha. Já na Flona de Altamira, o desmate associado ao garimpo

ilegal continua subindo e, apenas em junho, foram abertos 1.008 ha.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

maiojun

14.891176APA Triunfo do Xingu

ESEC da Terra do Meio FLONA de Altamira

REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo

FES do Iriri

área desmatada (ha)

150001000050000

APA Triunfo do Xingu

Sem plano de manejo nem fiscalização, a APA Triunfo do Xingu vem sendo desmatada intensamente nos últimos meses. Entre maio e junho deste ano, a APA perdeu 14.891 hectares de floresta, um aumento de 396% em relação aos dois meses anteriores. Isso significa que aproximadamente 200 árvores foram derrubadas por minuto dentro dessa UC. Nesse período, a APA concentrou 38% do desmatamento na bacia do Xingu. Em relação ao mesmo período do ano passado, o desmatamento aumentou 46%.

A APA já teve 36% da sua área florestal convertida para outros usos. As atividades de pecuária e mineração exercem pressão

em UCs vizinhas, como a Esec Terra do Meio e o Parna Serra do Pardo. Além disso, as cabeceiras de vários rios dessas UCs estão localizadas na APA e a maior parte deles deságua nos rios Iriri e Xingu.

As altas taxas de desmatamento detectadas na APA não se justificam pelo seu regime de uso, senão pela ausência de zoneamento que defina as áreas destinadas à conservação e pela falta de operações de fiscalização e monitoramento ambiental in loco. O aumento dessas taxas pode ser reflexo da nova lei agrária do Pará (Lei 8.878/2019), sancionada em 08/07, depois de 33 dias de tramitação. Segundo o MPF, essa nova lei facilita a grilagem de terras públicas e, consequentemente, o aumento da violência no campo.

14.785 ha

Veja os polígonos de desmatamento atualizados mensalmente no Observatório Xingu www.xingumais.org.br/observatorios/degradacao

Cadastre-se para receber o Boletim SIRAD X e os alertas de desmatamento publicados mensalmente.

Escreva um email para a gente no [email protected]

O Boletim SIRAD X é publicado a cada dois meses na Plataforma Rede Xingu + (www.xingumais.org.br)

Os polígonos e boletins estão disponíveis em http://bit.ly/SIRADX

1 Senador José Porfírio2 Altamira3 Itaituba4 São Félix do Xingu5 Cumaru do Norte6 Santa Cruz do Xingu7 Peixoto de Azevedo8 Marcelândia9 Canarana10 Paranatinga

Mais de 39 mil hectares de desmatamento foram detectados nos meses de maio e junho na bacia do Xingu. A diminuição das chuvas no Pará permitiu a intensificação da destruição da floresta no estado, que em junho dobrou o número de hectares detectados no mês anterior, passando de 10.611 ha em maio para 21.462 ha em junho. Já no Mato Grosso, o desmatamento registrado diminuiu em comparação com as grandes aberturas dos primeiros meses do ano. Ainda assim, foram detectados 6.967 ha desmatados sem autorização legal, 99,6% do total detectado na parte mato grossense da bacia no período analisado.

39.067 ha desmatados entre maio e junho na bacia do Xingu

APRESENTAÇÃO

DESMATAMENTO MENSAL NA APA TRIUNFO DO XINGU ENTRE JANEIRO DE 2018 E JUNHO DE 2019

RESULTADOS A distribuição do desmatamento na bacia nos últimos dois meses ficou dividida em 18% no Mato Grosso e 82% no Pará, que apresentou um aumento de 320% em relação a março e abril deste ano. De todo o desmatamento ocorrido no

estado, 56% foi detectado em Áreas Protegidas sendo 2.258 ha em TIs e 17.951 ha em UCs. A diminuição das chuvas no norte da bacia, a falta de fiscalização e as mudanças na legislação fundiária do estado do Pará podem contextualizar esse aumento.

320%No Pará, o desmatamento aumentou 320% em relação ao segundo bimestre de 2019

ACUMULADO MAIO / JUNHO

MT 18%

PA 82%

14.891 ha DE FLORESTA DERRUBADOS ENTRE MAIO E JULHO

2.500 ha

5.000 ha

7.500 ha

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1 RESEX Rio Xingu2 PARNA da Serra do Pardo3 APA Triunfo do Xingu4 ESEC da Terra do Meio5 Rio Iriri6 Rio Xingu

hidrografia limite municipal TIs UC federal UC estadual desmatamento até dez. de 2017

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