12
1. ConceitosBásicos Formação de Sistemas de Rega 1 2. Porquê regar?Quais as mais valias dum Sistema de Rega?Será que Economizo agua e energia? 2 LIGAÇÃO ELÉCTRICADECLIVES DO TERRENOVENTOTIPO DE SOLO e VEGETAÇÃOETPPRESSÃOCAUDAL / DIAMETRO DA ADUÇÃO3. Dados Básicos a Dominar 3 1 l/s = 3.6 m3/hComo fazer uma medição de caudal de uma forma simples e eficaz em qualquersitução.- Utilizar um balde vulgar exemplo de 10 lts- Abrir a torneira ou válvula, é conveniente que seja o mais junto possível do pontode agua, junto da Bomba ou o mais junto possível do Contador.- Depois da torneira aberta colocar o balde a encher e cronometrar o tempo deenchimento, exemplo 10lts em 15 segundos, logo vamos ter 2400 l/h, disponíveis.Unidades:metros cúbicos por hora (m3/h)oulitros por segundo (l/s) Volume de agua que passepor um orifício num dadoespaço de tempo4. CAUDAL 4 5. CAUDALTabela de caudais máximos em cada diametro deTubagemEquivalenc ia D EX T Q. MAX P. CARGA (100 MT ) PRESSÃO (KG/CM2 ) 3/8" 16 0,8 8 0,8 1/2" 20 1,3 18 1,8 3/4" 25 2,2 13 1,3 1" 32 3,4 10 1 1 1/4" 40 5,6 7,5 0,75 1 1/2" 50 8,67 5,6 0,56 2" 63 13,8 4,2 0,42 2 1/2" 75 19,5 3,4 0,34 3" 90 28,1 2,7 0,27 4" 110 42 2,3 0,23 5" 125 54 1,8 0,18 5 1 bar = 1 kg/cm2 = 10 mcaComo fazer uma medição da pressão:-Utilizar um manómetro de pressão,pode ser de leitura de 0 a 10BAR.- Ligar no ponto de agua (torneira ou tubo) onde se tenciona ir buscar a agua parafornecer o sistema de rega.Unidades :BAR = (kg/cm2)oum.c.a. = (Metros de coluna de agua) Peso de uma coluna de agua sobreuma superfície6. PRESSÃO 6 Não nos podemos esquecer que nas diferenças de cotas tambémpodem existir perdas de carga.As perdas de pressão são causadas por Turbulências provocadaspela fricção da agua contra as paredes interiores dos tubos eacessórios.7. PERDAS DE CARGA 7 8. PERDAS DE CARGATabela de perdas de Carga nas tubagens DIAM ETRO DO TUBO INTERIOR ( POLIETILENE ) CAUDAL M 3/H 20 25 32 40 50 63 75 90 0,22 1,13 0,45 4,15 0,68 8,53 0,9 *14,75 1,13 22,14 5,76 1,36 30,9

Sistemas de RegaConceitos Basicos

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Irrigaçao

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1. ConceitosBásicos Formação de Sistemas de Rega 1 2. Porquê regar?Quais as mais valias dum Sistema de Rega?Será que Economizo

agua e energia? 2 LIGAÇÃO ELÉCTRICADECLIVES DO TERRENOVENTOTIPO DE

SOLO e VEGETAÇÃOETPPRESSÃOCAUDAL / DIAMETRO DA ADUÇÃO3. Dados Básicos a Dominar 3

1 l/s = 3.6 m3/hComo fazer uma medição de caudal de uma forma simples e eficaz em qualquersitução.- Utilizar um balde vulgar exemplo de 10 lts- Abrir a torneira ou válvula, é conveniente que seja o mais junto possível do pontode agua, junto da Bomba ou o mais junto possível do Contador.- Depois da torneira aberta colocar o balde a encher e cronometrar o tempo deenchimento, exemplo 10lts em 15 segundos, logo vamos ter 2400 l/h, disponíveis.Unidades:metros cúbicos por hora (m3/h)oulitros por segundo (l/s) Volume de agua que passepor um orifício num dadoespaço de tempo4. CAUDAL 4

5. CAUDALTabela de caudais máximos em cada diametro deTubagemEquivalenc ia D EX T Q. MAX P. CARGA (100 MT ) PRESSÃO (KG/CM2 ) 3/8" 16 0,8 8 0,8 1/2" 20 1,3 18 1,8 3/4" 25 2,2 13 1,3 1" 32 3,4 10 1 1 1/4" 40 5,6 7,5 0,75 1 1/2" 50 8,67 5,6 0,56 2" 63 13,8 4,2 0,42 2 1/2" 75 19,5 3,4 0,34 3" 90 28,1 2,7 0,27 4" 110 42 2,3 0,23 5" 125 54 1,8 0,18 5

1 bar = 1 kg/cm2 = 10 mcaComo fazer uma medição da pressão:-Utilizar um manómetro de pressão,pode ser de leitura de 0 a 10BAR.- Ligar no ponto de agua (torneira ou tubo) onde se tenciona ir buscar a agua parafornecer o sistema de rega.Unidades :BAR = (kg/cm2)oum.c.a. = (Metros de coluna de agua) Peso de uma coluna de agua sobreuma superfície6. PRESSÃO 6

Não nos podemos esquecer que nas diferenças de cotas tambémpodem existir perdas de carga.As perdas de pressão são causadas por Turbulências provocadaspela fricção da agua contra as paredes interiores dos tubos eacessórios.7. PERDAS DE CARGA 7

8. PERDAS DE CARGATabela de perdas de Carga nas tubagens DIAM ETRO DO TUBO INTERIOR ( POLIETILENE ) CAUDAL M 3/H 20 25 32 40 50 63 75 90 0,22 1,13 0,45 4,15 0,68 8,53 0,9 *14,75 1,13 22,14 5,76 1,36 30,9 7,84 1,58 10,6 1,81 *13,37 2,04 16,83 2,27 20,29 6,22 2,49 24,21 7,61 2,72 8,76 2,95 *10,14 3,17 11,76 3,4 13,37 3,63 17,99 3,92 3,86 4,38 4,08 4,84 4,31 5,53 4,54 5,99 4,99 *7,14 5,45 8,3 5,67 8,99 4,38 5,9 9,91 4,61 6,35 5,3 6,81 *5,99 1,77 7,94 8,07 2,3 9,08 10,14 3,69 10,21 12,68 *4,61 1,59 11,35 6,45 1,91 13,62 8,53 2,76 15,89 10,84 *3,69 1,24 18,16 4,61 1,59 20,43 5,76 1,98 22,71 6,91 *2,3 27,25 3,45 Valores em m.c.a, equivalencia 10m.c.a. = 1bar 8

9. ETP - EvapoTransPiraçãoA ETP representa O VALOR MÉDIO DE ETP = 5 a 6 mm/diaETP (EvapoTransPiração)A rega deve compensar a etp (a quantidade de agua evaporada)a quantidade de agua evaporada por umacobertura vegetal regular. 3 a 4mm/dia para o norte de Portugal Radiação solarVelocidade do ventoHumidadePluviometria (chuva)Temperatura6 a 8 Para o sul de PortugalO que influencia e determina o ETP: 9

SOLOS NÃO COESIVOS (ARENOSOS) – Retêm muito rápido a10. TIPO DE SOLO SOLOS COESIVOS – Encharca rapidamente, plano de rega como nos solos SOLOS MISTOS – Arranques normais e tempos normaisagua, coloca-se mais arranques e menos tempos de rega Saber a necessidade de agua das plantas a regararenososO TIPO DE SOLO DÁ-NOS UMA IDEIA DA AGUA RETIDA PELO SOLOTIPO DE VEGETAÇÃO Saber o crescimento das plantas em alturaRelva / Arvores / Arbustos / Plantas 10

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Se não, teremos que colocar programador de 9V e electrovalvulas de 9VSe sim, pode-se colocar um programador de parede a 220V e electrovalvulas de 24V 11. DECLIVESOrigina perdas de cargaO escorrimento de agua provoca erosão do soloTODOS OS SECTORES QUE FICAREM EM ZONAS COM INCLINAÇÕES DEVERÃOQUE SER EQUIPADOS COM VÁLVULAS SAM PARA SUSTER A AGUA NO MÁXIMODE 3 M.C.A.PONTOS DE CORRENTE ELECTRICAEXISTE CORRENTE ELECTRICA A 220V? 11

12. PROJECTO DE UM SISTEMA DE REGAAnalisar o terreno a regarDimensões;Declives;Tipo de vegetação e de solo;Pontos de agua e de corrente eléctrica.Executar no levantamentoUm projecto detalhado comtodas as medidas.A medição do caudal e dapressão disponível.DIMENSIONAR O SISTEMA DE REGA 12

13. PROJECTO DE UM SISTEMA DE REGAImplantar os aspersores e pulverizadores no terrenoTodos os aparelhos têm um determinado alcance…Ao escolhermos a posição deles no terreno, nunca nos podemosesquecer: Temos que respeitar o alcance máximo de cada um Colocar sempre os aparelhos o mais nos cantos e beiras possíveis Espaça-los no máximo o alcance deles de forma a criar uma uniformidade perfeita 13

14. Material de Rega 14 15. SISTEMA DE REGACOMO ESCOLHEMOS OS APARELHOS A

REGAR?Se temos zonas do terreno com larguras inferira 5mts utilizamos PULVERIZADORES PULVERIZADOR – APARELHO DE JACTO FIXOSe temos zonas do terreno com larguras superiora 5mts utilizamos ASPERSORES ASPERSORES – APARELHO DE JACTO ROTATIVOSe temos arvores , arbustos ou plantas, podemossempre utilizar rega localizada em cada caso REGA LOCALIZADA 15

16. PulverizadorAparelho que faz alcance de 0,5mt até5mts;Aparelho que rega em jacto fixo;Neste aparelho é aplicado vários tipos deBico cada bico equivale a um alcance derega; 16

17. AspersorAspersores de turbina com alcance Rotativo;Alcance de 5mt até 15mts;Varias Alturas de elevação;Disponibilizam vários bicos para cada ângulo; 17

18. Rega Localizada GOTA-A-GOTAVantagens•Poupa água (evita percas por percolação e evaporação).•Pequenas dotações de água aplicadas (melhor assimilação).•Corte nos custos de substituição de materiais partidos e vandalizados.•Reduz a aplicação de químicos.•Economia do sistema• Espaços irregulares ou longos e estreitos• Zonas com declives• Rega em zonas ventosas 18

19. Rega Localizada GOTA-A-GOTARega à Superfície Rega Subterrânea 19 20. Rega Localizada GOTA-A-GOTAComprimento máximo de linha em

terreno plano (m) Rega Subterrânea Pressão de Tipo de Tubo Espaçamentos entre gotejadores (cm) entrada (mca) 33 40 50 15 79 92 113 UniTechline 20 90 106 130 16/120 30 108 127 155 35 120 135 174 Pressão de Rega Superfície Tipo de Tubo Espaçamento entre gotejadores (cm) entrada (mca) 33 50 10 83 117 TechNet 15 102 145 16/100 c/ 2,0L/h 20 117 165 25 124 181 30 138 195 20

21. Rega Localizada GOTA-A-GOTA Pulverizadores vs Tubo UnitechlineUniTechline Pulverizadores Em Faixas estreitas, fica mais económico tubo enterrado 21

22. Rega Localizada GOTA-A-GOTAQue materiais aplicar num sistema enterrado… Filtro discos com tecnologia TECHFILTER c/ trifluralina Tubo

Page 3: Sistemas de RegaConceitos Basicos

distribuidor Conector inicial UniTechline Válvula de ar/vácuo em caixa de válvulas CPX-708 Tubo colector Válvula de Lavagem em caixa de válvulas CPX-708 22

23. Rega Localizada GOTA-A-GOTATipos de Instalações 23 24. Rega Localizada GOTA-A-GOTATipos de Instalações 24 25. ElectroválvulaAs electrovalvulas servem para abrir e fecher electricamente

os sectores de rega, segundo ordem do programador.• Entrada de ¾”, 1”, 1 ½”, 2” e 3”• Rosca macho ou fêmea• c/ ou s/ regulador caudal• Solenoide de 24V ou 9V 25

26. Programadores 24 VExistem programador para o numero de estações que fornecessario, dendo os mais convencionais de 4 a 12 estações, nossistemas de rega domesticosPermitem varios arranquesTrabalham com solenoides de 24V.Gestão de percentagem de regaAlgum permite trabalhar com calendário e fazer a gestão anual 26

27. Como ligar um programador de Rega? COLOCAÇÃO DE VISOR PILHAS123 LIGAÇÃO AO SAIDA DE TESTE DE TRANSFORMADOR ELECTROVALVULAS4 LIGAÇÃO DO PULVIOMETRO 27

28. Programadores 9V-Programador alimentado por corrente de 9V.-Capacidade até 8 arranques por dia e até 2 programas independentes.-Capacidade de ligar o pluviómetro.TODOS OS MODELOS COM CERTIFICAÇÃO IP68,POSSIVEL DE SUBMERCER EM AGUA ATE 2 MTS DE PROFUNDIDADE.DISTANCIA MAXIMA PARA AS VALVULAS 25 METROS 28

29. PROJECTO DE UM SISTEMA DE REGA CONSUMO DE AGUA DE CADA PULVERIZADOR E ASPERSOR Cada aparelho tem um débito de agua Os débito é dependente do ângulo que cada um está a fazer (90º, 180º, 270º…) Nos pulverizadores o ajuste é automático Nos aspersores, é necessário mudar o bico, para que a zona que regue a 180º tenha a mesma quantidade de agua da de 90º e assim O bico 4 tem um débito de 320l/h e o bico 7 tem um débito de 610l/h, O DOBRO… O Correcto seria utilizar o bico 4 em zonas em que o aspersor faça 90º e o bico 7 em zonas de 180º. A Área de 180º é o dobro da área de 90º Aspersor a 90º Aspersor a 180º 29

30. Qual a quantidade de agua disponível? 30 31. Agua da companhia?Se Sim… qual o diâmetro do contador?CONDUTA DE

DIAMETRO DO DISPONIBILIDADE DISPONIBILIDADE ENTRADA CONTADOR L/M M3/H 3/4" 5/8" 30 -35 L/MIN 1,8 - 2,1 3/4" 3/4" 35-40 L/MIN 2,1 -2,4 1" 3/4" 55-60 L/MIN 3,3 -3,6 1" 1" 60-70 L/MIN 3,6 -4,2 1 1/4" 1" 90-100 L/MIN 5,4 - 6,0 1 1/2" 1" 105-120 L/MIN 6,3 - 7,2 1 1/2" 1 1/2" 130-150 L/MIN 7,8 - 9,0 2" 1 1/2" 170-200 L/MIN 10,2 - 12,0 2" 2" 220-250 L/MIN 13,2 - 15,0 3" 3" 480-540 L/MIN 28,8 - 32,4 31

32. PROJECTO DE UM SISTEMA DE REGAPORQUÊ DIVIDIR EM VARIOS SECTORES? PONTO DE AGUAPorque não temos caudal disponível pararegar todo o jardim ao mesmo tempo! ELECTROVALVULASVamos supor que o caudal de entrada são 3m3/h.O débito de todos os aparelhos de rega é 9M3/H. SECTOR 1 SECTOR 2 SECTOR 3Logo temos que dividir em 3 sectores, para que cada umfique com o máximo de 3m3/h.O que comanda cada sector é uma electroválvula atravésdum programador que gere as aberturas e fechos.NUNCA MISTURE ASPERSORES E PULVERIZADOR NOMESMO SECTOR, POIS TÊEM TEMPOS DE REGA DIFERENTES!!!

Page 4: Sistemas de RegaConceitos Basicos

33. PROJECTO DE UM SISTEMA DE REGADEPOIS DE DIVIDIR EM SECTORES VAMOSDIMENSIONAR AS TUBAGENS Temos que saber o caudal que passa nas tubagens: Tubagem principal (a que vai do ponto de agua até as electrovalvulas) Tubagem secundaria (a que vai das electrovalvulas até aos aparelhos de rega) Vamos utilizar o exemplo anterior… 3 m3/h = 3000l/h Que tubagem colocamos? Obviamente aquela que tiver uma menos perda de carga… vamos consultar a tabela… SEM DUVIDA, UM TUBO DE 32mm 40

34. PERDAS DE CARGATabela de perdas de Carga nas tubagens DIAM ETRO DO TUBO INTERIOR ( POLIETILENE ) CAUDAL M 3/H 20 25 32 40 50 63 75 90 0,22 1,13 0,45 4,15 0,68 8,53 0,9 *14,75 1,13 22,14 5,76 1,36 30,9 7,84 1,58 10,6 1,81 *13,37 2,04 16,83 2,27 20,29 6,22 2,49 24,21 7,61 2,72 8,76 2,95 *10,14 3,17 11,76 3,4 13,37 3,63 17,99 3,92 3,86 4,38 4,08 4,84 4,31 5,53 4,54 5,99 4,99 *7,14 5,45 8,3 5,67 8,99 4,38 5,9 9,91 4,61 6,35 5,3 6,81 *5,99 1,77 7,94 8,07 2,3 9,08 10,14 3,69 10,21 12,68 *4,61 1,59 11,35 6,45 1,91 13,62 8,53 2,76 15,89 10,84 *3,69 1,24 18,16 4,61 1,59 20,43 5,76 1,98 22,71 6,91 *2,3 27,25 3,45 Valores em m.c.a, equivalencia 10m.c.a. = 1bar 41

35. 42

Manejo da irrigação na batata

Jadir Aparecido Rosa, Ph. D. Pesquisador - Instituto Agronômico do Paraná Caixa Postal 129 Ponta Grossa - PR 84001-970 fone/fax (42) 229-2829 - [email protected]

A irrigação pode ser definida como a reposição artificial da água no solo, na quantidade correta e no momento oportuno para satisfazer o consumo de água por uma cultura. Evapotranspiração (ET) é o termo empregado para definir o consumo de água por uma cultura. Este consumo é composto pela evaporação da água do solo e pela transpiração da água através do tecido da planta para a atmosfera.

A irriga ção não é um substituto de uma prática agrícola, mas um instrumento do manejo agrícola. Ao lado das demais práticas, integra um conjunto de atividades que tem por objetivo o aumento da produção, buscando criar e assegurar as condições ideais para o desenvolvimento da planta. A função essencial da irrigação é propiciar à cultura um suprimento regular de água, de maneira que as demais operações agrícolas, como fertilização, mecanização, controle de pragas e doenças, possam atingir seus máximos benefícios, ou seja, maior produtividade e maiores lucros.

Entre as diversas vantagens do uso da irrigação como prática agrícola, podemos citar:

- Garantia de produção: com a instalação de um sistema de irrigação adequado, não há dependência das chuvas.- Diminuição dos riscos: após todos os investimentos na preparação do solo, na compra de sementes, na aplicação de corretivos e adubos, não existe o risco de ver tudo perdido por falta de água.- Colheita na entressafra: a irrigação possibilita obter colheitas fora da época de safra, o que resulta em remuneração extra e abastecimento regular do mercado.- Aumento da produtividade: com todos os fatores do processo produtivo devidamente equilibrados o uso da irrigação, além de garantir a produção, possibilitará também um

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aumento dos rendimentos.- Aumento do índice de exploração agrícola: possibilidade de mais de um plantio por ano, numa mesma área, assegurando maior rentabilidade.- Quimigação: possibilidade de aplicação de produtos químicos (adubos, herbicidas, inseticidas, fungicidas, nematicidas) com a água de irrigação, reduzindo o trânsito de máquinas, odesgaste da maquinaria e o emprego de mão-de-obra.

Embora a irrigação apresente muitas vantagens, seu uso também tem algumas limitações:

Alto custo inicial: o investimento na aquisição de um sistema de irrigação é elevado em relação ao retorno, que nem sempre se processa a curto ou médio prazo. Por isto recomenda-se cautela na compra de equipamentos, pois uma decisão apressada poderá comprometer o projeto agropecuário.

Falta de mão-de-obra especializada: este é um dos problemas mais sérios enfrentados pelo agricultor, não só no que diz respeito à manutenção, mas também em relação à própria operação de umsistema de irrigação.

A batata é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil, com área plantada estimada na safra de 2003 de 146.963 ha (em três safras) e produção estimada em 2.897.472 t, com produtividade média de 19,7 t/ha (IBGE, 2003). Os principais estados produtores são Minas Gerais, São Paulo e Paraná, os quais respondem por quase 80% da produção nacional de batata. Entretanto, devido às variações edafoclimáticas, práticas culturais e variedades utilizadas, há diferenças significativas entre os valores de produtividade alcançados nas regiões produtoras. A produção comercial de batata pode passar de 40 t/ha se as condições, incluindo fertilidade e umidade, forem adequados durante a safra. O Brasil situa-se em 19º lugar (estimativa da FAO) na lista dos maiores produtores desta cultura.

Neste artigo, serão apresentadas algumas considerações sobre as relações entre o desenvolvimento vegetativo e a produção, com o fornecimento de água na cultura da batata e alguns princípios básicos no manejo eficiente da irrigação. No próximo artigo, apresentaremos os métodos de irrigação mais comumente usados na batata e exemplos de planejamento e manejo da irrigação.

Desenvolvimento da Batata e Disponibilidade da Água no Solo A batata é uma cultura que tem o seudesenvolvimento e produtividade intensamente influenciados pelas condições de umidade do solo. A deficiência de água é freqüentemente mais limitante para a obtenção de altos rendimentos do que oexcesso de umidade. Assim, o controle da umidade do solo e o conhecimento do comportamento de parâmetros fisiológicos sob condições variáveis de umidade no solo são decisivos para amaximização da produção da cultura.

Page 6: Sistemas de RegaConceitos Basicos

O desenvolvimento fisiológico da batata pode ser dividido em cinco estágios:

- Semeadura – emergência;- Início do desenvolvimento vegetativo - início da tuberização;- Tuberização;- Crescimento dos tubérculos;- Amadurecimento.

A duração de cada estágio depende da variedade, das práticas culturais e das condições ambientais. A batata é particularmente sensível ao déficit hídrico durante o início da tuberização e o desenvolvimento inicial dos tubérculos (transição entre os estágios II e III). Um déficit de água nesta época pode reduzirsubstancialmente a qualidade e resultar em malformação dos tubérculos. Se o déficit hídrico ocorrer durante o crescimento dos tubérculos (estágio IV), o peso total da produção será mais afetado do que aqualidade. Condições favoráveis de umidade promovem maior número e maior tamanho de tubérculos, maior teor de amido, melhor qualidade culinária e de conservação. Níveis excessivos de água no solo favorecem as podridões de tubérculos e a lenticelose. A alternância de excesso e falta de água pode causar defeitos fisiológicos, como embonecamento e rachaduras.

A produção e a qualidade da batata também são influenciadas pelo excesso de água no solo, resultante de irrigação excessiva ou chuva acima da média. Isto acarreta lixiviação de nutrientes abaixo da zona radicular, causando deficiência nutricional, baixa eficiência no uso do fertilizante e provável contaminação da água subterrânea. A saturação do solo na zona radicular por mais de 8-12 horas pode causar danos por falta de aeração adequada para a respiração das raízes. O excesso de água no solo por ocasião doplantio promove o apodrecimento das sementes e retarda a emergência devido à menor temperatura do solo úmido. Batatas que são superirrigadas durante o crescimento vegetativo e o início datuberização têm grande chance de desenvolverem coração-negro e coraçãooco, e estão mais sujeitas à morte prematura.

O conteúdo de umidade do solo também tem influência nos danos mecânicos causados aos tubérculos durante o processo da colheita. Se os tubérculos estiverem desidratados, como resultado da baixa umidade do solo, eles se quebrarão mais facilmente no processo de arrancamento mecanizado. Se ostubérculos estiverem túrgidos, devido à alta umidade do solo, eles estarão mais suscetíveis a esfolamento e unhaduras. Neste caso, também poderão ocorrer problemas na qualidade e armazenamento dos tubérculos.

O desenvolvimento do sistema radicular da batata é relativamente superficial (45 - 60 cm), com a maioria das raízes na faixa de até 30 cm de profundidade. A pouca profundidade do sistema radicular éatribuída à fragilidade das raízes em penetrar camadas compactadas ou outras camadas restritivas. A compactação do solo devido ao tráfego de máquinas pode restringir a penetração das raízes da

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batata, e é normalmente influenciado pelo conteúdo de umidade do solo no momento da operação de mecanização.

O crescimento das raízes também está relacionado com o vigor geral da cultura e o seu máximo desenvolvimento pode ser alcançado quando as condições de umidade são mantidas em condições adequadas no perfil do solo. Sob certas condições, irrigações leves e freqüentes, ou seja, fornecimento de água a uma pequena profundidade apenas, diminui a capacidade da planta em suportar maiores déficits de água, pois as raízes ficam confinadas naquela faixa superficial onde a umidade está presente. Outro fator importante é a capacidade de transmissão de água no solo que influencia a habilidade de extração de água pelas raízes.

Algumas pesquisas relacionam as condições de umidade do solo com a absorção de nutrientes pelas raízes, pelo efeito indireto do déficit de água no solo na disponibilidade dos nutrientes. Uma vez que a maior parte da matéria orgânica e dos nutrientes está concentrada na zona superficial do perfildo solo, a falta de umidade nesta zona poderá ocasionar a diminuição do desenvolvimento da planta pela redução na capacidade das raízes em absorver os nutrientes disponíveis.

Manejo da irrigação

O manejo racional de qualquer projeto de irrigação deve ter como objetivo melhorar a eficiência do uso da água e diminuir os custos, quer de mão-de-obra, quer de capital, mantendo as condições de umidade do solo e de fitossanidade favoráveis ao bom desenvolvimento da cultura irrigada.

A irrigação não deve ser vista como uma prática isolada. Ela é parte de um conjunto de operações necessário ao atendimento das necessidades das plantas para uma boa produção. Isto significa associar airrigação com uma boa escolha das sementes, um adequado preparo do solo (manejo conservacionista), uma boa adubação e tratos fitossanitários quando necessários.

No manejo da irrigação, duas perguntas devem ser respondidas: quando e quanto irrigar. A primeira é respondida pelo termo freqüência de irrigação, ou turno de rega, que nada mais é do que o intervalo emdias entre as irrigações. A freqüência de irrigação pode ser fixa ou variável, especialmente levando-se em conta as chuvas que ocorrem no período. Quanto à segunda pergunta, a resposta é baseada nas condições climáticas, em quanto o solo é capaz de armazenar água entre as irrigações e principalmente, nasensibilidade da planta à falta de água, que está relacionada com o seu estágio de desenvolvimento.

Para o máximo retorno econômico, é necessário que o conteúdo de água no solo seja mantido dentro de certos limites ao longo do ciclo da cultura. A batata é exigente em água porque é mais sensível ao estresse hídrico, comparado com outras culturas, além de desenvolver um sistema radicular raso e serfreqüentemente cultivada em solos de baixa a média capacidade de retenção de água. Estas condições fazem com que os sistemas de irrigação sejam dimensionados para

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aplicar água mais freqüentemente, em quantidades menores, de forma uniforme, tal que a disponibilidade de água no solo durante o ciclo da cultura seja otimizado. Estas condições também indicam que um manejo eficiente da irrigação na culturada batata inclua: (1) monitoramento regular da quantidade de água no solo; (2) irrigações programadas de acordo com o uso da água pela cultura e com a capacidade de retenção da água no solo; (3) um suprimento de água e um sistema de irrigação que seja capaz de fornecer a quantidade programada.A resposta da produção de batata ao manejo da irrigação é ilustrada na Figura 1. Os resultados foram obtidos de uma pesquisa em práticas de manejo de irrigação em 45 lavouras no Estado de Idaho, um dos maiores Estados produtores de batata nos Estados Unidos. A produção de batata é reduzida tanto por irrigação deficiente quanto por irrigação em excesso. Apenas 10% de variação na quantidade de água aplicada durante o ciclo pode resultar em decréscimo da produção devido à sensibilidade da batata ao déficit hídrico; por outro lado, a irrigação em excesso causa aeração deficiente no solo, aumentaos problemas fitossanitários e lixívia dos nutrientes da zona radicular. Um manejo da irrigação otimizado pode aumentar a produção comercializável e ao mesmo tempo reduzir os custos de produção pela conservação da água, energia, fertilizantes e defensivos, e diminuir os riscos de contaminação do ambiente. Um manejo eficiente da irrigação é um pré-requisito para um consistente e máximo retorno econômico.