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REAÇÕES IÔNICAS – SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA E REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO DOS HALETOS DE ALQUILA Rompendo as Paredes da Célula da Bactéria com a Química Orgânica As enzimas, as químicas quintessenciais da natureza, catalisam a maioria da.Vida. As enzimas catalisam as reações metabólicas, o fluxo da informação genética e a síntese das moléculas que fornecem a estrutura biológica. Elas também ajudam a nos defender das infecções e da doença. Apesar de muitos mecanismos terem sido elucidados pela ação das enzimas, isso constitui apenas uma fração de tudo em que as enzimas estão envolvidas no processo da vida. É globalmente aceito, contudo, que todas as reações catalisadas pelas enzimas ocorrem na base da reatividade química reacional. Os mecanismos utilizados pelas enzimas são essencialmente aqueles tratados pela química orgânica. Um desses exemplos envolve a lisozima. A lisozima é uma enzima no muco nasal que combate a infecção degenerando as paredes das células bacterianas. A lisozima emprega um mecanismo que gera um intermediário instável de carbono carregado positivamente (chamado de carbocátion), dentro da arquitetura molecular da parede da célula da bactéria. A lisozima estabiliza de forma elegante essa carbocátion, fornecendo, de sua própria estrutura, um campo próximo carregado negativamente. Isso facilita aa clivagem da parede da célula, sem entretanto envolver a ligação da própria lisozima com o intermediário carbocátion na parede da célula. Os intermediários carbocátions são o centro de vários tipos de reações orgânicas. Um deles é chamado de substituição nucleofílica unimolecular (S N 1), e é uma das reações importantes, cujo mecanismo você irá estudar neste capítulo.

SN Reacoes Ionicas

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Apostila acerca de reações iônicas (substituição e eliminação nucleofílica)

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HIDROCARBONETOS

Herv M. LABORDE

Qumica Orgnica

Reaes Inicas Substituio Nucleoflica e Reaes de Eliminao dos Haletos de AlquilaRompendo as Paredes da Clula da Bactria com a Qumica OrgnicaAs enzimas, as qumicas quintessenciais da natureza, catalisam a maioria da.Vida. As enzimas catalisam as reaes metablicas, o fluxo da informao gentica e a sntese das molculas que fornecem a estrutura biolgica. Elas tambm ajudam a nos defender das infeces e da doena. Apesar de muitos mecanismos terem sido elucidados pela ao das enzimas, isso constitui apenas uma frao de tudo em que as enzimas esto envolvidas no processo da vida. globalmente aceito, contudo, que todas as reaes catalisadas pelas enzimas ocorrem na base da reatividade qumica reacional. Os mecanismos utilizados pelas enzimas so essencialmente aqueles tratados pela qumica orgnica. Um desses exemplos envolve a lisozima.A lisozima uma enzima no muco nasal que combate a infeco degenerando as paredes das clulas bacterianas. A lisozima emprega um mecanismo que gera um intermedirio instvel de carbono carregado positivamente (chamado de carboction), dentro da arquitetura molecular da parede da clula da bactria. A lisozima estabiliza de forma elegante essa carboction, fornecendo, de sua prpria estrutura, um campo prximo carregado negativamente. Isso facilita aa clivagem da parede da clula, sem entretanto envolver a ligao da prpria lisozima com o intermedirio carboction na parede da clula. Os intermedirios carboctions so o centro de vrios tipos de reaes orgnicas. Um deles chamado de substituio nucleoflica unimolecular (SN1), e uma das reaes importantes, cujo mecanismo voc ir estudar neste captulo.Reaes Inicas Substituio Nucleoflica e Reaes de Eliminao dos Haletos de Alquila31 Introduo

32 Propriedades Fsicas dos Haletos Orgnicos

43 Reaes de Substituio Nucleoflica

54 Nuclefilos

65 Grupos Retirantes

66 Cintica de uma Reao de Substituio Nucleoflica: uma Reao SN2

77 Um Mecanismo para a Reao SN2

88 Teoria do Estado de Transio: Diagramas de Energia Livre

99 Estereoqumica das Reaes SN2

1010 A Reao do Cloreto de terc-Butila com o on hidrxido: uma Reao SN1

1011 Um Mecanismo para a Reao SN1

1112 Carboctions

12A A Estrutura dos Carboctions

12B Estabilidades relativas dos Carboctions

1213 Estereoqumica das reaes SN1

12A Reaes que envolvem Racemizao

13B Solvlise

1314 Fatores que Afetam as Velocidades das Reaes SN1 e SN2

14A Efeito da Estrutura do Substrato

14B Efeito da Concentrao e da Fora do Nuclefilo

14C Efeitos do Solvente sobre as Reaes SN1 e SN2: Solventes Polares Prticos e Aprticos

15D Efeitos do Solvente sobre as Reaes SN1: a Capacidade de Ionizao do Solvente

15E A Natureza do Grupo Retirante

16F Resumo: SN1 contra SN2

1615 Sntese Orgnica: Transformaes de Grupos Funcionais usando Reaes SN2

17A No-Reatividade dos Haletos Vinlico e de Fenila

1716 Reaes de Eliminao dos Haletos de Alquila

17A Desidroalogenao

18B As Bases Usadas na Desidroalogenao

18C Mecanismos de Desidroalogenaes

1817 A Reao E2

1918 A Reao E1

2019 Substituio versus Eliminao

20A SN2 versus E2

22B Haletos Tercirios: SN1 versus E1

2220 Resumo Geral

1 Introduo

O tomo de halognio do haleto de alquila ligado a um carbono hibridizado em sp3. Por isso, a disposio dos grupos em torno do tomo de carbono normalmente tetradrica. Os tomos de halognio, por serem mais eletronegativos do que o carbono, tm a ligao carbono-halognio do haleto e alquila polarizada; o tomo de carbono tem uma carga positiva parcial, e o tomo de halognio, uma carga negativa parcial.

O tamanho do tomo de halognio cresce medida que descemos a tabela peridica: os tomos de flor so os menores, e os tomos de iodo, os maiores. Conseqentemente, o comprimento da ligao carbono-halognio (Tabela 1) tambm aumenta medida que descemos a tabela peridica.Tabela 1: Comprimentos da ligao carbono-halognio.

LigaoComprimento da ligao ()

CH3F1,38

CH3Cl1,78

CH3Br1,93

CH3I2,14

No laboratrio e na indstria, os haletos de alquila so usados como solventes para compostos relativamente apolares, e so usados como matrias-primas na sntese de vrios compostos. Como veremos neste captulo, o tomo de halognio de um haleto de alquila pode ser facilmente substitudo por outros grupos, e a presena do tomo de halognio na cadeia de carbono tambm possibilita introduzir uma ligao mltipla.

Os compostos pelos quais o tomo de halognio ligado a um carbono hidribizado em sp2 so chamados de haletos vinlicos ou haletos de fenila. O composto CH2=CHCl tem o nome comum de cloreto de vinila, e o grupo CH2=CH normalmente chamado de grupo vinila. O haleto vinlico , portanto, um termo geral que se refere a um composto no qual um halognio ligado a um tomo de carbono que tambm forma uma ligao dupla com um outro tomo de carbono. Os haletos de fenila so compostos no qual um halognio ligado a um anel de benzeno. Os haletos de fenila pertencem a um grupo maior de compostos, chamado haletos de arila.

Junto aos haletos de alquila, esses compostos constituem um grande grupo de compostos conhecidos simplesmente como haletos orgnicos ou compostos organoalogenados. A qumica de haletos vinlico e arila , como veremos mais adiante, bastante diferente dos haletos de alquila e sobre os haletos de alquila que iremos focalizar nossa ateno neste captulo.2 Propriedades Fsicas dos Haletos Orgnicos

A maioria dos haletos de alquila e arila possuem solubilidade muito baixa na gua, mas, como se podia prever, podem se misturar uns com os outros e com outros solventes relativamente apolares. O diclorometano (CH2Cl2, tambm chamado de cloreto de metileno), o triclorometano (CHCl3, tambm chamado de clorofrmio) e o tetraclorometano (CCl4, tambm chamado tetracloreto de carbono) so freqentemente usados como solventes para compostos apolares ou moderadamente polares. Muitos cloroalcanos, incluindo o CHCl3 e CCl4, contudo, possuem uma toxidez cumulativa e so carcingenos e s devem ser usados em capela e com muito cuidado.

O iodeto de metila (p.e. 42C) o nico monoalometano que um lquido temperatura ambiente e 1 atm de presso. O brometo de etila (p.e. 38C) e o iodeto de etila (p.e. 72C) so, ambos, lquidos, mas o cloreto de etila (p.e. 13C) um gs. Os cloretos, os brometos e os iodetos de propila so todos lquidos. Em geral, os cloretos, os brometos e os iodetos de alquila mais elevados so todos lquidos, e tendem a ter pontos de ebulio prximos daqueles dos alcanos de pesos moleculares semelhantes.

Os polifluoroalcanos, contudo, tendem a ter, em geral, pontos de ebulio baixos. O hexafluoroetano ferve a -79C, apesar de seu peso molecular (PM = 138) ser parecido com o decano (PM = 144; e p.e.= 174C).

A tabela 2 lista as propriedades fsicas de alguns haletos orgnicos comuns.

Tabela 2: Haletos orgnicos.

FluoretoCloretoBrometoIodeto

Grupope (oC)Densidade

(g/mL)pe (oC)Densidade

(g/mL)pe (oC)Densidade

(g/mL)pe (oC)Densidade

(g/mL)

Metila-78,40,84-60-23,80,92203,61,73042,52,2820

Etila-37,70,722013,10,911538,41,4620721,9520

Propila-2,50,78-346,60,892070,81,35201021,7420

Isopropila-9,40,7220340,862059,41,312089,41,7020

Butila320,782078,40,89201011,27201301,6120

sec-Butila680,872091,21,26201201,6020

Isobutila690,8720911,26201191,6020

terc-Butila120,7512510,842073,31,2220100*1,570

Pentila620,7920108,20,8820129,61,22201551,5220

Neopentila84,40,87201051,2020127*1,5313

CH2=CH--720,6826-13,90,9120161,5214562,0414

CH2=CHCH2--3450,9420701,4020102,51,8422

C6H5-851,02201321,10201551,52201891,8220

C6H5CH2-1401,02251791,10252011,442293101,7325

* significa decomposio.3 Reaes de Substituio Nucleoflica

H vrias reaes de tipo geral, como mostrado aqui.

seguir, alguns exemplos:

Nesse tipo de reao, um nuclefilo, uma espcie com um par de eltrons no-compartilhados, reage com um haleto de alquila (chamado de substrato) pela reposio do halognio substituinte. Acontece uma reao de substituio, e o halognio substituinte, chamado de grupo retirante, se afasta como um on haleto. Como a reao de substituio iniciada por um nuclefilo, ela chamada de reao de substituio nucleoflica.

Nas reaes de substituio nucleoflica, a ligao carbono-halognio do substrato passa por uma heterlise, e o par no-compartilhado do nuclefilo usado para formar uma nova ligao para o tomo de carbono:

Uma das questes que iremos abordar mais adiante neste captulo : quando se rompe a ligao carbono-halognio? Ela se rompe ao mesmo tempo em que uma nova ligao se forma entre o nuclefilo e o carbono?

Ou a ligao carbono-halognio se rompe primeiro?

E ento

Iremos ver que a resposta vai depender principalmente da estrutura do haleto de alquila.

4 Nuclefilos

Um nuclefilo um reagente que procure um centro positivo. (A palavra nuclefilo vem de ncleo, a parte positiva de um tomo, mais filo, da palavra grega phileo, que significa amar.) Quando um nuclefilo reage com um haleto de alquila, o centro positivo que o nuclefilo procura o tomo de carbono que carrega o tomo de halognio. Esse tomo de carbono carrega uma carga positiva parcial, pois o halognio eletronegativo puxa os eltrons da ligao carbono-halognio em sua direo.

Um nuclefilo qualquer on negativo ou qualquer molcula neutra que tenha pelo menos um par de eltrons no-compartilhados. Por exemplo, tanto os ons hidrxido como as molculas de gua podem agir como nuclefilos, reagindo com os haletos de alquila para produzir lcoois.Reao Geral para a Substituio Nucleoflica de um Haleto de Alquila pelo on Hidrxido

Reao Geral para a Substituio Nucleoflica de um Haleto de Alquila pela gua

Nesta reao o primeiro produto um on alquiloxnio, R-OH2+, que ento perde um prton para uma molcula de gua para formar um lcool.Problema 1: Escreva como reaes inicas lquidas e designe o nuclefilo, o substrato e o grupo retirante em cada reao a seguir.

(a) CH3I + CH3CH2ONa ( CH3OCH2CH3 + NaI

(b) NaI + CH3CH2Br ( CH3CH2I + NaBr

(c) 2 CH3OH + (CH3)3CCl ((CH3)3COCH3 + CH3OH2+ + Cl-(d) CH3CH2CH2Br + NaCN ( CH3CH2CH2CN + NaBr

(e) C6H5CH2Br + 2 NH3 ( C6H5CH2NH2 + NH4Br

5 Grupos Retirantes

Os haletos de alquila no so as nicas substncias que podem agir como substratos nas reaes de substituio nucleoflica. Outros compostos tambm podem reagir da mesma maneira. Para ser reativo isto , para ser capaz de agir como um substrato em uma reao de substituio nucleoflica uma molcula precisa possuir um bom grupo retirante. Nos haletos de alquila, o grupo retirante o substituinte halognio que se afasta como um on haleto. Para ser um bom grupo retirante, o substituinte deve ser capaz de se afastar como um on ou uma molcula bsica fraca, relativamente estvel. Como os ons haleto so relativamente estveis e so bases muito fracas, so bons grupos retirantes. Outros grupos tambm podem funcionar como bons grupos retirantes. Podemos escrever mais equaes gerais para as reaes de substituio nucleoflica usando o L, para representar o grupo retirante:

Exemplos especficos

Adiante iremos ver tambm as reaes onde o substrato carrega uma carga formal positiva, ocorrendo uma reao como a que segue:

Nesse caso, quando o grupo retirante se afasta com um par de eltrons, sua carga formal vai a zero.

Exemplos especficos

As reaes de substituio nucleoflica so muito mais fceis de entender e teis se soubermos alguma coisa sobre seus mecanismos. Como o nuclefilo substitui o grupo retirante? A reao acontece em uma etapa, ou envolve mais de uma etapa? Se h o envolvimento de mais de uma etapa, que tipos de intermedirios so formados? Quais so as etapas rpidas e quais so as lentas? Para poder responder a essas questes, precisamos saber algo sobre a velocidade das reaes qumicas.6 Cintica de uma Reao de Substituio Nucleoflica: uma Reao SN2

Para entender como a velocidade de uma reao poder ser medida, vamos considerar um exemplo real: a reao que acontece entre o cloreto de metila e o on hidrxido, em uma soluo aquosa.

Apesar de o cloreto de metila no ser muito solvel em gua, bastante solvel para permitir que executemos nosso estudo cintico. A presena do on hidrxido na soluo aquosa pode ser assegurada pela simples adio de sdio hidrxido. Realizamos a reao a uma temperatura especfica pois sabido que as velocidades da reao so dependentes de temperatura.

A velocidade da reao pode ser determinada experimentalmente, medindo a velocidade na qual o cloreto de metila ou on hidrxido desaparece da soluo, ou a velocidade na qual o metanol ou on de cloreto aparece na soluo. Podemos fazer qualquer uma dessas medies, retirando uma pequena amostra da mistura da reao logo depois do incio da reao, analisando-a para ter as concentraes de CH3Cl ou OH- e CH3OH ou Cl-. Estamos interessados nas chamadas velocidades iniciais, pois com a passagem do tempo, as concentraes dos reagentes mudam. Como sabemos tambm as concentraes iniciais dos reagentes (pois havamos medido quando preparamos a soluo), ser fcil calcular a velocidade na qual os reagentes esto desaparecendo da soluo ou os produtos esto aparecendo na soluo.

Realizamos vrias dessas experincias conservando a mesma temperatura, mas variando as concentraes iniciais dos reagentes. Os resultados que poderemos obter so mostrados na Tabela 3.

Tabela 3: Estudo da velocidade da reao do CH3Cl com OH- a 60C.Nmero daexperincia[CH3Cl]Inicial[OH-]InicialVelocidade inicial(mol/L.s)

10,00101,04,9 . 10-7

20,00201,09,8 . 10-7

30,00102,09.8 . 10-7

40,00202,019,6. 10-7

Observe que os experimentos mostram que a velocidade depende da concentrao de cloreto de metila e tambm da concentrao do on hidrxido. Quando dobramos a concentrao do cloreto de metila na experincia 2, a velocidade se duplica. Quando dobramos a concentrao do on hidrxido na experincia 3, a velocidade se duplica. Quando dobramos ambas as concentraes, na experincia 4, a velocidade aumentou por um fator de quatro.

Podemos expressar esses resultados como uma proporcionalidade,

Velocidade ( [CH3Cl] [OH-]e essa proporcionalidade pode ser expressa como uma equao atravs da introduo de uma constante de proporcionalidade (k) chamada de constante de velocidade:

Velocidade = k [CH3Cl] [OH-]

Para essa reao, a essa temperatura, verificaremos que k = 4,9.10-4 L/mol.s. (Verifique, fazendo os clculos.)

Diz-se que esta reao de segunda ordem global. razovel concluir, portanto, para que a reao se realize, um on hidrxido e uma molcula de cloreto de metila precisam colidir. Dizemos tambm que a reao bimolecular. (Por bimolecular queremos dizer que duas espcies esto envolvidas na etapa, cuja velocidade est sendo medida.) Chamamos esse tipo de reao de reao SN2, que significa Substituio, Nucleoflica, Bimolecular.7 Um Mecanismo para a Reao SN2

Reao:HO- + CH3Cl ( CH3OH + Cl-Mecanismo:

O mecanismo Hughes-Ingold para a reao SN2 envolve apenas uma etapa. No h intermedirios. A reao prossegue atravs da formao de uma disposio instvel de tomos chamada de estado de transio.

O estado de transio uma disposio efmera dos tomos, na qual o nuclefilo e o grupo retirante so parcialmente ligados ao tomo de carbono que sofre o ataque. Como o estado de transio envolve tanto o nuclefilo (i.e., on hidrxido) como o substrato (i.e., uma molcula de cloreto de metila), observamos que esse mecanismo responde pela reao cintica de segunda ordem. (Como a formao de ligao e o rompimento da ligao ocorrem simultaneamente em um nico estado de transio, a reao SN2 um exemplo da chamada reao sincronizada.)

8 Teoria do Estado de Transio: Diagramas de Energia Livre

Chamamos de exergnica uma reao que ocorre com variao negativa de energia livre, e de endergnica aquela que ocorre com variao positiva de energia livre. A reao entre o cloreto de metila e o on hidrxido em uma soluo aquosa altamente exergnica; a 60C (333 K), Go = - 100 kJ/mol. (A reao tambm exotrmica, Ho = -75 kJ/mol.)

A constante de equilbrio para a reao extremamente grande:

Uma constante de equilbrio to grande como esta significa que a reao ser completa.

Como a variao de energia livre negativa, podemos dizer que, em termos de energia, os produtos da reao esto em um nvel mais baixo da energia livre do que os reagentes.

Existe, contudo, considervel evidncia atravs do experimento mostrando que se as ligaes covalentes so rompidas em uma reao, os reagentes precisam, primeiro, subir uma colina de energia, antes de poder descer a ladeira. Isso ser verdadeiro mesmo se a reao for exergnica (Fig. 1).

Figura 1: Um diagrama de energia livre para uma reao SN2 hipottica que ocorre com um Go negativo.

Podemos observar que existe uma barreira de energia entre os reagentes e os produtos. A altura dessa barreira (em kJ/mol), acima do nvel dos reagentes, chamada de a energia livre da ativao, G.

O topo da barreira de energia corresponde ao estado de transio. A diferena na energia livre entre os reagentes e o estado de transio a energia livre de ativao, G. A diferena na energia livre, entre os reagentes e os produtos, a variao de energia livre para a reao, Go.

A existncia de uma energia de ativao (G) explica porque a maioria das reaes qumicas acontece mais rapidamente a temperaturas mais altas. Para muitas reaes que ocorrem prximo temperatura ambiente, um aumento de 10C na temperatura ir dobrar a velocidade da reao.

H tambm uma relao importante entre a velocidade de uma reao e a magnitude da energia livre de ativao. A relao entre a constante de velocidade (kG exponencial.

Nessa equao, o e 2,718, a base dos logaritmos naturais, e ko a constante de velocidade absoluta, que se iguala velocidade na qual todos os estados de transio se transformam em produtos. A 25C, ko = 6,2.1012 s-1. Devido a essa relao exponencial, uma reao com energia livre de ativao mais baixa ir ocorrer muito mais rapidamente que uma reao com energia mais alta.9 Estereoqumica das Reaes SN2

Em uma reao SN2, o nuclefilo ataca por trs, isto , pelo lado diretamente oposto ao grupo retirante. Esse modelo de ataque causa uma mudana na configurao do tomo de carbono que o alvo do ataque nucleoflico. medida que ocorre o deslocamento, a configurao do tomo de carbono sob ataque se inverte de dentro para fora, como um guarda-chuva que vira pelo avesso devido a uma ventania.

Com uma molcula do tipo de cloreto de metila, no h como provar que o ataque pelo nuclefilo inverte a configurao do tomo de carbono, pois uma forma de cloreto de metila idntica sua forma invertida. Entretanto, com uma molcula cclica, tal como o cis-1-cloro-3-metilciclopropano, possvel observar os resultados de uma inverso de configurao. Quando o cis-1-cloro-3-metilciclopropano reage com o on hidrxido, em uma reao do tipo SN2, o produto o trans-3-metilciclopentanol. O on hidrxido acaba se ligando ao lado do anel oposto ao cloro que ele substitui.Problema 2: Use as estruturas conformacionais em cadeira e mostre a reao de substituio nucleoflica que ocorre quando o trans-1-bromo-4-terc-butilcicloexano reage com o on iodeto. (Mostrar a conformao mais estvel do reagente e o produto.)

Tambm podemos observar uma inverso de configurao com uma molcula acclica. Quando a reao SN2 ocorre em um estereocentro. Aqui tambm descobrimos que as reaes SN2 sempre levam a uma inverso de configurao.Problema 3: As reaes SN2 que envolvem o rompimento de uma ligao para um estereocentro podem ser usadas para relacionar as configuraes das molculas, pois a estereoqumica da reao conhecida. (a) Ilustrar como isso verdadeiro, atribuindo configuraes aos enantimeros do 2-clorobutano baseado nos seguintes dados.

(b) quando o (+)-2-clorobutano opticamente puro reage com o iodeto de potssio na acetona numa reao SN2, o 2-iodobutano que produzido tem uma rotao negativa. Qual a configurao do (-)-2-iodobutano? E do (+)-2-iodobutano?10 A Reao do Cloreto de terc-Butila com o on hidrxido: uma Reao SN1

Quando o cloreto de terc-butila reage com o hidrxido de sdio em uma mistura de gua com acetona, os resultados cinticos so bastante diferentes. A taxa de formao de lcool terc-butlico depende da concentrao do cloreto de terc-butila, mas independente da concentrao do on hidrxido. O cloreto de terc-butila reage pela substituio praticamente mesma velocidade na gua pura (onde a concentrao do on hidrxido de 10-7 M), como o faz no hidrxido de sdio 0,05 M (onde a concentrao do on hidrxido 500.000 vezes maior).

Assim, a equao da velocidade para esta reao de substituio de primeira ordem no que se refere ao cloreto de terc-butila e de primeira ordem global.

Velocidade [(CH3)3CCl]

Velocidade = k [(CH3)3CCl]

Podemos concluir, ento, que os ons hidrxido no participam no estado de transio da etapa que controla a velocidade da reao, e que apenas molculas de cloreto de terc-butila so envolvidas. Essa reao chamada de unimolecular. Denominamos esse tipo de reao de reao SN1 (Substituio Nucleoflica unimolecular).11 Um Mecanismo para a Reao SN1

O mecanismo para a reao do cloreto de terc-butila com gua aparentemente envolve trs etapas. Dois intermedirios diferentes so formados. A primeira etapa a lenta e a etapa determinante da velocidade. Nela, a molcula de cloreto de terc-butila se ioniza e se torna um ction terc-butila e um on cloreto. A formao do carboction, em geral, ocorre de modo lento, por ser normalmente um processo altamente endotrmico e subindo a colina, em termos de energia livre.Reao:

Mecanismo:

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Na segunda etapa o intermedirio ction terc-butila reage rapidamente com a gua, para produzir o on terc-butiloxnio (outro intermedirio); este on, na terceira etapa, transfere rapidamente um prton a uma molcula de gua, produzindo o lcool terc-butlico.

A primeira etapa exige uma clivagem heteroltica da ligao carbono-cloro. Como nenhuma outra ligao formada nesta etapa, ela ser altamente endotrmica e deve possuir uma energia livre de ativao muito elevada. Ela ocorre basicamente devido habilidade de ionizao do solvente, a gua. As experincias mostram que na fase gasosa (i.e., na ausncia de um solvente), a energia livre de ativao de cerca de 630 kJ/mol! Na soluo aquosa, entretanto, a energia livre de ativao muito menor cerca de 84 kJ/mol. As molculas de gua envolvem e estabilizam o ction e o nion que so produzidos.

Apesar de o ction terc-produzido na etapa 1 ser estabilizado pela solvatao, ele continua sendo uma espcie altamente reativa. Quase imediatamente depois que formado, reage com uma das molculas de gua que o cercam, para formar o on terc-butiloxnio, (CH3)3COH2+. (Ele tambm pode reagir ocasionalmente com um on hidrxido, mas as molculas de gua so muito mais abundantes.)

Um diagrama de energia livre para a reao SN1 do cloreto de terc-butila e a gua dado na Fig. 2.

Figura 2: Um diagrama de energia livre para a reao SN1 do cloreto de terc-butila com gua. A energia livre de ativao para a primeira etapa, G(1), muito maior que G(2) ou G(3). TS(1) representa o estado de transio (1), e assim por diante.

O estado de transio importante para a reao SN1 o estado de transio da etapa determinante da velocidade [TS(1)]. Nele, a ligao carbono-cloro do cloreto est em grande parte rompida e os ons comeam a se desenvolver. O solvente (gua) estabiliza, por solvatao, esses ons em desenvolvimento.

12 Carboctions

A partir da dcada de 1920, muita evidncia comeava a se acumular, sugerindo simplesmente que os ctions de alquila eram os intermedirios em uma variedade de reaes inicas. Entretanto, como os ctions alquila so altamente instveis e altamente reativos, em todos os casos estudados antes de 1962 eram espcies transientes, de vida muito curta, que no podiam ser observadas diretamente. Entretanto, em 1962, George A. Olah (atualmente na Universidade da Southern Califrnia) e seus colaboradores publicaram o primeiro artigo de uma srie de artigos descrevendo experincias nas quais os ctions de alquila eram preparados em um ambiente no qual eram razoavelmente estveis e no qual poderiam ser observados atravs de vrias tcnicas espectroscpicas.A A Estrutura dos Carboctions

Muita evidncia experimental indica que a estrutura dos carboctions plana triangular, igual do BF3. Da mesma forma que se explica a estrutura plana triangular do BF3 pela hibridizao em sp2, tambm se explica a estrutura plana triangular do carboction.

O tomo de carbono central em um carboction tem deficincia de eltrons; ele s possui seis eltrons no nvel de energia mais externo. Esses seis eltrons so usados para formar ligaes covalentes sigma para os tomos de hidrognio (ou para os grupos alquila). O orbital p no contm eltrons.

B Estabilidades relativas dos Carboctions

Grande quantidade de evidncia experimental indica que as estabilidades relativas dos carboctions se referem ao nmero de grupos alquila ligados ao tomo de carbono trivalente carregado positivamente. Carboctions tercirios so os mais estveis, e o ction metila o menos estvel. A ordem global de estabilidade a seguinte:

(O mais estvel) 3 > 2 > 1 > metila (o menos estvel)

Esta ordem da estabilidade dos carboctions pode ser explicada na base de uma lei da fsica, que afirma que um sistema carregado se estabiliza quando a carga dispersada ou deslocada. Os grupos alquila, quando comparados aos tomos de hidrognio, so grupos que cedem eltrons. Isso significa que os grupos alquila iro deslocar a densidade do eltron no sentido de uma carga positiva. Cedendo eltrons, os grupos alquila, ligados a um tomo de carbono positivo de um carboction, deslocam a carga positiva. Dessa forma, os prprios grupos alquila ligados assumem parte da carga positiva e assim estabilizam o carboction.13 Estereoqumica das reaes SN1

Como a estrutura de um carboction formado na primeira etapa de uma reao SN1 plana triangular quando reage com um nuclefilo, ele tanto pode reagir pelo lado da frente quando pelo lado de trs. Com o ction terc-butila no faz diferena, pois o produto formado o mesmo, independentemente do modo de ataque.

Com alguns ctions, contudo, produtos diferentes podem surgir das possibilidades das duas reaes.A Reaes que envolvem Racemizao

A reao que transforma um composto opticamente ativo em uma forma racmica uma reao que procede com a racemizao. Se o composto original perde todas as suas atividades pticas durante a reao, a reao ser descrita pelos qumicos como sendo uma racemizao completa. Se o composto original perde apenas parte de sua atividade ptica, como seria o caso de um enantimero que fosse convertido apenas parcialmente em uma forma racmica, ento os qumicos descreveriam esta racemizao como parcial.

A racemizao ocorre sempre que a reao provoca a converso das molculas quirais em intermedirios aquirais.

Exemplos desse tipo so as reaes SN1, nas quais o grupo retirante se desliga de um estereocentro. Essas reaes quase sempre resultam em racemizao extensiva e s vezes completa. Por exemplo, aquecer o (S)-3-bromo-3-metilexano opticamente ativo com acetona aquosa resulta na formao de 3-metil-3-hexanol na forma racmica.

O motivo: a reao SN1 procede atravs da formao de um carboction intermedirio, e o carboction, por causa da configurao plana triangular, aquiral. Ele reage com gua, com velocidades iguais, a partir de qualquer um dos lados, para formar quantidades iguais dos enantimeros de 3-metil-3-hexanol.Problema 4: Tendo em mente que os carboctions tm um estrutura plana triangular, (a) escreva a estrutura para o carboction intermedirio e (b) escreva as estruturas para o lcool (ou lcoois) que seriam esperados da seguinte reao:

B Solvlise

A reao SN1 de um haleto de alquila com gua um exemplo da solvlise. Uma solvlise uma substituio nucleoflica na qual o nuclefilo uma molcula do solvente (solvente + lise: clivagem pelo solvente). Como nesse caso o solvente a gua, poderamos tambm chamar a reao de hidrlise. Se a reao fosse ocorrer no metanol, poderamos cham-la de metanlise.

Exemplos de solvlise

Todas essas reaes envolvem a formao inicial de um carboction e a reao subseqente daquele ction com uma molcula do solvente. Nesse ltimo exemplo, o solvente cido frmico (HCOOH).Problema 5: Que produto(s) esperado(s) de uma metanlise do derivado do cicloexano, que o reagente do problema 4?14 Fatores que Afetam as Velocidades das Reaes SN1 e SN2

Agora que entendemos os mecanismos das reaes SN1 e SN2, nossa tarefa seguinte explicar por que o cloreto de metila reage por um mecanismo SN2, e o cloreto de terc-butila, por um mecanismo SN1. Tambm gostaramos de poder prever qual o caminho SN1 ou SN2 seria seguido pela reao de qualquer haleto de alquila com qualquer nuclefilo, sob condies diversas.

A resposta para esse tipo de pergunta pode ser encontrada nas velocidades relativas das reaes que ocorrem. Se um dado haleto de alquila e um nuclefilo reagem rapidamente atravs de um mecanismo 2, mas lentamente atravs de um mecanismo SN1, sob certas condies, ento o caminho SN2 ser seguido pela maioria das molculas. Por outro lado, um outro haleto de alquila e um outro nuclefilo podem reagir muito lentamente (ou nem iro reagir) por um caminho SN2. Se eles reagirem rapidamente atravs de um mecanismo SN1, ento os reagentes seguiro um caminho SN1.

Experincias tm mostrado que um nmero de fatores afeta as velocidades relativas das reaes SN1 e SN2. Os fatores mais importantes so:

1. A estrutura do substrato.

2. A concentrao e reatividade do nuclefilo (para reaes bimoleculares apenas).3. O efeito do solvente.4. A natureza do grupo retirante.A Efeito da Estrutura do Substrato

Reaes SN2: Haletos de alquila simples mostram a seguinte ordem geral da reatividade nas reaes SN2:Metila > Primrio > Secundrio >> (Tercirio no-reativo)

O fator importante por trs dessa ordem de reatividade um efeito estrico. Um efeito estrico um efeito sobre as velocidades relativas, causado por propriedades de ocupao de espao daquelas partes de uma molcula ligada a, ou prxima de um stio reacional. Um tipo do efeito estrico o tipo que importante aqui chamado de bloqueio estrico. Queremos dizer que a disposio espacial dos tomos ou grupos nos stios reacionais ou prximos aos stios reacionais de uma molcula impede ou retarda uma reao.Reao SN1: O fator primrio que determina a reatividade de substratos orgnicos em uma reao SN1 a estabilidade relativa do carboction que se forma.

Exceto para aquelas reaes que ocorrem em cidos fortes, os nicos compostos orgnicos que sofrem uma reao pelo caminho SN1 a velocidades razoveis so aqueles capazes de formar carboctions relativamente estveis. Isso significa que dos haletos de alquila simples que estudamos at agora, apenas os haletos tercirios reagem atravs de um mecanismo SN1.Problema 6: As velocidades relativas da etanlise de quatro haletos de alquila primrios so: CH3CH2Br,1,0; CH3CH2CH2Br, 0,28; (CH3)2CHCH2Br, 0,030; (CH3)3CCH2Br, 0,00000042.(a) Cada uma dessas reaes ser SN1 ou SN2?

(b) D uma explicao para as reatividades relativas observadas.B Efeito da Concentrao e da Fora do Nuclefilo

Como o nuclefilo no participa da etapa de determinao de velocidade de uma reao SN1, as velocidades das reaes SN1 no so afetadas nem pela concentrao, nem pela identidade do nuclefilo. As velocidades das reaes SN2, contudo, dependem tanto da concentrao como da identidade do nuclefilo atacante.

As foras relativas dos nuclefilos podem ser correlacionadas com duas caractersticas estruturais:1. Um nuclefilo com carga negativa sempre um nuclefilo mais reativo que seu cido conjugado. Portanto, o HO- um nuclefilo melhor do que o H2O, e o RO- melhor que o ROH.

2. Em um grupo de nuclefilos, no qual o tomo nucleoflico o mesmo, a fora dos nuclefilos acompanha as basicidades respectivas. O composto de oxignio, por exemplo, mostra a seguinte ordem de basicidade:

RO- > HO- >> RCOO- > ROH > H2OC Efeitos do Solvente sobre as Reaes SN1 e SN2: Solventes Polares Prticos e Aprticos

As foras relativas dos nuclefilos nem sempre acompanham suas basicidades quando os tomos nucleoflicos no so iguais. Quando examinamos a nucleofilicidade relativa dos compostos ou do on dentro de um mesmo grupo da tabela peridica, descobrimos que nos solventes hidroxilados tais como os lcoois e a gua, o nuclefilo com o tomo nucleoflico maior o melhor.

Esse efeito se relaciona fora das interaes entre o nuclefilo e a camada que o cerca de molculas solventes. Uma molcula de um solvente, tal como a gua, ou um lcool chamado de solvente prtico possui um tomo de hidrognio ligado a um tomo de um elemento fortemente eletronegativo (oxignio). As molculas dos solventes prticos podem, portanto, formar ligaes hidrognio com os nuclefilos.

As nucleofilicidades relativas de alguns nuclefilos comuns em solventes prticos so as seguintes:

Nucleofilicidade Relativa em Solventes PrticosSH- > CN- > I- > OH- > N3- > Br- > CH3COO- > Cl- > F- > H2OSolventes Polares Aprticos: os solventes aprticos so aqueles cujas molculas no possuem um tomo de hidrognio ligado a um tomo de elemento fortemente eletronegativo. A maioria dos solventes aprticos (benzina, os alcanos, etc.) relativamente apolar, e no dissolve a maioria dos compostos inicos. Em anos recentes, um grande nmero de solventes polares aprticos passou a ser amplamente usado entre os qumicos; eles so especialmente teis nas reaes SN2. Seguem-se muitos exemplos:

Todos esses solventes (DMF, DMSO, DMA e HMPA) dissolvem os compostos inicos e solvatam os ctions muito bem. No DMSO, por exemplo, a ordem relativa da reatividade dos ons haleto a mesma que suas basicidades:F- > Cl- > Br- > I-Isso o oposto de sua fora como nuclefilos nas solues de lcool e gua:

I- > Br- > Cl- > F-

As velocidades das reaes SN2, em geral, aumentam muito quando ocorrem em solventes polares aprticos. Problema 7: Classifique os seguintes solventes como sendo prticos ou aprticos; cido frmico HCOOH; acetona CH3COCH3; acetonitrila CH3CN; formamida HCONH2; dixido de enxofre SO2; amnia NH3; trimetilamina (CH3)3N; etileno glicol HOCH2CH2OH.

Problema 8: Voc esperaria que a reao do brometo de propila com o cianeto de sdio (NaCN), isto ,CH3CH2CH2Br + NaCN ( CH3CH2CH2CN + NaBrfosse mais rpida na DMF ou no etanol? Explique sua resposta.Problema 9: Qual desses seria o nuclefilo mais forte em um solvente prtico: (a) CH3COO- ou CH3O-? (b) H2O ou H2S? (c) (CH3)3P ou (CH3)3N?D Efeitos do Solvente sobre as Reaes SN1: a Capacidade de Ionizao do Solvente

Devido sua capacidade de solvatar ctions e nions to eficazmente, o uso de um solvente polar prtico ir aumentar em muito a velocidade da ionizao de um haleto de alquila em qualquer reao SN1. Isso acontece porque a solvatao estabiliza o estado de transio que leva ao carboction intermedirio e ao on haleto mais do que com os reagentes.Problema 10: Quando o brometo de terc-butila passa por uma solvlise em uma mistura de metanol e gua, a velocidade da solvlise (medida pela velocidade na qual os ons brometo se formam na mistura) aumenta quando aumenta o percentual de gua na mistura. (a) explique esta ocorrncia. (b) explique a observao de que a velocidade da reao SN2 do cloreto de etila com o iodeto de potssio no metanol e gua diminui quando o percentual de gua na mistura aumenta.E A Natureza do Grupo Retirante

Os melhores grupos retirantes so aqueles que se tornam os ons mais estveis depois que se desprendem. Como a maioria dos grupos retirantes se desprende como um on negativo, os melhores grupos retirantes so aqueles ons que estabilizam uma carga negativa mais eficazmente. Como as bases fracas executam isso melhor, os melhores grupos retirantes so as bases fracas.

Dos halognios, o on iodeto o melhor grupo retirante, e o on fluoreto, o mais fraco.

I- > Br- > Cl- >> F-A ordem a oposta da basicidade.

O on trifluormetanossulfonato (CF3SO3-, normalmente chamado de on triflato) um dos melhores grupos retirantes conhecido pelos qumicos.

Os ons muito bsicos raramente atuam como um grupo retirante. O on hidroxila, por exemplo, uma base forte e, portanto, reaes com a retirada de on hidroxila no ocorrem.Problema 11: Liste os compostos a seguir em ordem de reatividade decrescente em relao ao CH3O- em uma reao SN2 ocorrendo em CH3OH: CH3F, CH3Cl, CH3Br, CH3I, CH3OSO2CF3, 14CH3OH.F Resumo: SN1 contra SN2

Reaes de haletos de alquila por um mecanismo SN1 so favorecidas pelo uso de substratos que podem formar carboctions relativamente estveis, pelo uso de nuclefilos fracos e pelo uso de solventes muito ionizantes. Os mecanismos SN1, portanto, so importantes nas reaes de solvlise de haletos tercirios, especialmente quando o solvente altamente polar. Em uma solvlise, o nuclefilo fraco por ser uma molcula neutra (do solvente), e no um nion.

Se queremos favorecer a reao de um haleto de alquila por um mecanismo SN2,devemos usar um haleto de alquila relativamente desbloqueado, um nuclefilo forte, um solvente polar aprtico e uma alta concentrao do nuclefilo.

Os efeitos do grupo retirante o mesmo em ambas as reaes, a SN1 e a SN2: iodetos de alquila reagem mais rapidamente; fluoretos reagem mais lentamente.

Esses fatores so reunidos na Tabela 4.

Tabela 4: Fatores que favorecem reaes SN1 versus SN2.FatoresSN1SN2

Substrato3 (necessita da formao de um carboction relativamente estvel)Metila > 1 > 2 (necessitam de substratos desbloqueados)

NuclefiloBase de Lewis fraca, molcula neutra, o nuclefilo pode ser o solvente (solvlise)Base de Lewis forte, a velocidade favorecida pela alta concentrao do nuclefilo)

SolventePrtico polar (i.e, lcoois, gua)Aprtico polar (i.e., DMF, DMSO)

Grupo retiranteI > Br > Cl > F

(quanto mais fraca a base, depois da partida do grupo, melhor ser o grupo retirante)

15 Sntese Orgnica: Transformaes de Grupos Funcionais usando Reaes SN2

As reaes SN2 so muito teis na sntese orgnica, pois nos permitem converter um grupo funcional em outro um processo que chamado de uma transformao do grupo funcional ou uma interconverso do grupo funcional. Com as reaes SN2,o grupo funcional de um haleto de metila, ou de um haleto de alquila primrio ou secundrio, pode ser transformado em um lcool, ter, tiol, tioter, nitrila, ster e assim por diante.

Um outro aspecto da reao SN2, que de grande importncia na sntese, sua estereoqumica. As reaes SN2 sempre ocorrem com inverso da configurao no tomo que carrega o grupo retirante. Isso significa que quando usamos reaes SN2 em uma sntese, podemos saber, com certeza, a configurao de nosso produto se soubermos a configurao do nosso reagente. Por exemplo, suponhamos que precisamos de uma amostra da seguinte nitrila, com a configurao (S).

Tendo o (R)-2-bromobutano disponvel, podemos efetuar a seguinte sntese:

Problema 12: Comeando com o (S)-2-bromobutano, esquematizar as snteses de cada um dos seguinte compostos: (a) (R)-2-etoxibutano, (b) (R)-2-butanotiol e (c) (R)-etanoato de 1-metilpropila.A No-Reatividade dos Haletos Vinlico e de Fenila

Os compostos que possuem um tomo de halognio ligado a um tomo de carbono de ligao dupla so chamados de haletos vinlicos; aqueles que possuem um tomo de halognio ligado a um anel de benzeno so chamados de haletos de fenila.

Os haletos vinlicos e os de fenila no reagem, em geral, nas reaes SN1 e SN2. Os ctions de vinila e de fenila so altamente instveis e no se formam imediatamente. Isso explica a no-reatividade dos haletos vinlicos e de fenila nas reaes SN1. A ligao carbono-halognio do haleto vinlico ou de fenila mais forte que a do haleto de alquila, e os eltrons de ligao dupla ou o anel de benzeno repelem a aproximao de um nuclefilo, por trs. Esses fatores explicam a no-reatividade de um haleto vinlico ou de fenila na reao SN2.16 Reaes de Eliminao dos Haletos de Alquila

Uma outra caracterstica dos haletos de alquila, que eles passam por reaes de eliminao. Em uma reao de eliminao, fragmentos de uma certa molcula (YZ) so removidos (eliminados) dos tomos adjacentes do reagente. Essa eliminao leva introduo de uma ligao mltipla:

A Desidroalogenao

Um mtodo amplamente usado para sintetizar alcenos a eliminao do HX dos tomos adjacentes de um haleto de alquila. Aquecer o haleto de alquila com uma base forte resulta em uma reao. A seguir esto dois exemplos:

Reaes como estas no so limitadas eliminao do brometo de hidrognio. Os cloroalcanos tambm sofrem a eliminao do cloreto de hidrognio, os iodoalcanos sofrem a eliminao do iodeto de hidrognio e, em todos os casos, alcenos so produzidos. Quando os elementos de um haleto de hidrognio so eliminados de um haloalcano dessa maneira, a reao freqentemente chamada de desidroalogenao.

Nessas eliminaes, assim como nas reaes SN1 e SN2, existe um grupo retirante e uma partcula atacante (a base) que possui um par de eltrons.

Freqentemente, os qumicos chamam o tomo de carbono que carrega o substituinte (i.e., o tomo de halognio na reao anterior) de tomo de carbono alfa () e qualquer tomo adjacente ao mesmo de tomo de carbono beta (). Um tomo de hidrognio ligado ao tomo de carbono chamado um tomo de hidrognio . Como o tomo de hidrognio que eliminado na desidroalogenao de um tomo de carbono , essas reaes so muitas vezes chamadas de eliminaes . Muitas vezes, tambm se referem a elas como sendo eliminaes 1,2.B As Bases Usadas na Desidroalogenao

Vrias bases fortes tm sido usadas para a desidroalogenao. s vezes, o hidrxido de potssio dissolvido no etanol usado como reagente, mas os sais de sdio dos lcoois, tal como o etxido de sdio, oferecem, muitas vezes, vantagens distintas.

O sal de sdio de um lcool (um alcxido de sdio) pode ser preparado tratando um lcool com o sdio metlico:

Esta reao envolve o deslocamento do hidrognio do lcool e , portanto, uma reao de oxidao-reduo. O sdio, um metal alcalino, um agente de reduo muito poderoso e sempre desloca os tomos de hidrognio ligados aos tomos de oxignio. As reaes vigorosas (s vezes explosivas) do sdio com a gua so do mesmo tipo.

Os alcxidos de sdio tambm podem ser preparados atravs de uma reao de lcool com o hidreto de sdio (NaH). O on hidreto (H:-) uma base muito forte.

Os alcxidos de sdio (e potssio) so normalmente preparados atravs do uso do excesso de um lcool e este excesso de lcool se torna o solvente para a reao. O etxido de sdio freqentemente empregado desta maneira.

O terc-butxido de potssio um outro reagente desidroalogenante muito eficiente.

C Mecanismos de Desidroalogenaes

As reaes de eliminaes ocorrem por uma variedade de mecanismos. Com os haletos de alquila, dois mecanismos so especialmente importantes, pois so bem relacionados com as reaes SN1 e SN2 que acabamos de estudar. Um mecanismo bimolecular chamado de reao E2; o outro um mecanismo unimolecular chamado de reao E1.17 A Reao E2

Quando um brometo de isopropila aquecido com o etxido de sdio em etanol para formar propeno, a velocidade da reao depende da concentrao de brometo de isopropila e da concentrao do on etxido. A equao da velocidade de primeira ordem em cada reagente e de segunda ordem global.Velocidade ( [CH3CHBrCH3] [C2H5O-]

Velocidade = k [CH3CHBrCH3] [C2H5O-]

A partir disso, podemos inferir que o estado de transio da etapa determinante de velocidade deve envolver ambos, o haleto de alquila e o on alcxido. A reao deve ser bimolecular. Existe considervel evidncia experimental indicando que a reao acontece da seguinte forma:

Reao:

Mecanismo:

18 A Reao E1

As eliminaes podem seguir um caminho diferente daquele mostrado na seo 17. Tratar o cloreto de terc-butila com etanol aquoso 80 %, a 25C, por exemplo, oferece produtos de substituio com rendimento de 83 % e um produto de eliminao (2-metilpropeno) com rendimento de 17 %.

A etapa inicial para ambas as reaes a formao de um ction terc-butila. Essa tambm a etapa determinante de velocidade para ambas as reaes; assim, as reaes so unimoleculares.

Independentemente do que vai ocorrer, uma substituio ou uma eliminao, tudo depender da etapa seguinte (a etapa rpida). Se uma molcula de solvente reage como um nuclefilo em um tomo de carbono positivo do ction terc-butila, o produto um lcool terc-butlica ou um ter terc-butil etlico, e a reao SN1.

Se, entretanto, uma molcula de solvente atua como uma base e abstrai um dos tomos de hidrognio , como um prton, o produto o 2-metilpropeno e a reao E1.

As reaes E1 quase sempre acompanham as reaes SN1.

Reao:

Mecanismo:

19 Substituio versus Eliminao

Como a parte relativa de um nuclefilo ou a base um par de eltrons no-compartilhados, todos os nuclefilos so bases em potencial e todas as bases so nuclefilos em potencial. Portanto, no uma surpresa que as reaes de substituio nucleoflica e as reaes de eliminao muitas vezes estejam competindo uma com a outra.A SN2 versus E2

Como as eliminaes ocorrem melhor atravs de um caminho E2, quando efetuadas com uma alta concentrao de base forte (e portanto uma alta concentrao de um nuclefilo forte), a reao de substituio por um caminho SN2, muitas vezes, compete com a reao de eliminao. A eliminao ocorre quando o nuclefilo (a base) ataca um tomo de hidrognio . Quando o nuclefilo ataca o tomo de carbono que carrega um grupo retirante, o resultado ser uma substituio.

Quando o substrato um haleto primrio e a base o on etxido, a substituio altamente favorvel pois a base pode facilmente se aproximar do carbono que contm o grupo retirante.

Com os haletos secundrios, entretanto, a reao de eliminao favorecida, pois o bloqueio estrico torna a substituio mais difcil.

Com os haletos tercirios uma reao SN2 no pode ocorrer, portanto a reao de eliminao altamente favorecida, especialmente quando a reao no realizada em temperaturas mais elevadas. Qualquer substituio que ocorra tem que passar obrigatoriamente por um mecanismo SN1.

O aumento da temperatura reacional favorece mais as reaes de eliminao E1 e E2 do que as de substituio. A razo: as eliminaes possuem energias livres de ativao mais elevadas do que as substituies, pois as eliminaes modificam mais profundamente (maior nmero de ligaes rompida e formada). Ao dar ao maior nmero de molculas energia suficiente para sobrepor as barreiras de energia, atravs do aumento da temperatura, haver maior velocidade tanto para as substituies como para as eliminaes; contudo, como as barreiras de energia so maiores para as eliminaes, a proporo de molculas que consegue ultrapass-las significativamente maior.

Aumentar a temperatura da reao uma maneira de influenciar favoravelmente uma reao de eliminao de um haleto de alquila. Uma outra maneira o uso de uma base forte com bloqueio estrico, tal como o on terc-butxido. Os grupos metila volumosos do on terc-butxido parecem inibir a reao pela substituio; assim, as reaes de eliminao iro prevalecer. Podemos ver um exemplo desse efeito nas duas reaes a seguir. O on metxido, relativamente livre de bloqueio, reage com o brometo de octadecila principalmente por substituio; o on terc-butxido volumoso favorece principalmente a eliminao.

Um outro fator que afeta as velocidades relativas das reaes E2 e SN2 a basicidade relativa e a polarizabilidade da base/nuclefilo. O uso de uma base forte, altamente polarizada, tal como o on amida (NH2-) ou on alcxido (especialmente um bloqueado) tende a aumentar a probabilidade de uma eliminao (E2). O uso de um on de base fraca, tal como um on cloreto (Cl-) ou um on acetato (CH3COO-) ou uma base fraca e altamente polarizvel como Br-, o I- ou o RS-, aumenta a probabilidade de substituio (SN2). O on acetato, por exemplo, reage com o brometo de isopropila quase exclusivamente pela via do SN2:

O on etxido de base mais forte reage com o mesmo composto, principalmente por um mecanismo E2.B Haletos Tercirios: SN1 versus E1

Como as reaes E1 e SN1 passam pela formao de um intermedirio comum, os dois tipos respondem de maneira semelhante aos fatores que afetam as reatividades. As reaes E1 so favorecidas com substratos que podem formar carboctions estveis (i.e., haletos tercirios); eles tambm so favorecidos pelo uso de nuclefilos fracos (bases fracas) e so, em geral, favorecidos pelo uso de solventes polares.

Normalmente difcil influenciar a partio relativa entre os produtos de SN1 e E1, pois a energia livre de ativao para qualquer uma das reaes a partir do carboction (perda de um prton ou a combinao com uma molcula do solvente) muito pequena.

Na maioria das reaes unimoleculares, entre as reaes SN1 e E1, a reao SN1 ser favorecida, especialmente em temperaturas mais baixas. Em geral, contudo, as reaes de substituio dos haletos tercirios no so muito usados como mtodos sintticos. Tais haletos passam pelas eliminaes de modo fcil demais.

Aumentar a temperatura de uma reao favorece a reao pelo mecanismo E1 custa do mecanismo SN1. Contudo, se se deseja o produto da eliminao, mais conveniente adicionar uma base forte e forar para que haja uma reao E2.20 Resumo Geral

Os caminhos de reao mais importantes para as reaes de substituio e de eliminao de haletos de alquila simples podem ser resumidos na maneira mostrada na Tabela 5. Vamos examinar vrios exerccios que iro ilustrar como a informao na Tabela 5 pode ser usada.Tabela 5: Resumo geral das reaes SN1, SN2, E1 e E2.CH3XRCH2X

Metila1 2 3

Somente reaes bimolecularesSN1/E1 ou E2

D reaes SN2D principalmente SN2, exceto com base fortemente bloqueada [i.e., (CH3)3CO-] e principalmente E2 com bases fortes (i.e., RO-)D principalmente SN2, com bases fracas (i.e., I-, CN-, RCO2-) e principalmente E2 com bases fortes (i.e., RO-)No h reaes SN2. Na solvlise d SN1/E1, e a temperaturas mais baixas o SN1 favorecido. Quando uma base forte (i.e., RO-) usada, predomina a reao E2

PAGE 2Reaes inicas: SN e E

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