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Sónia Frota, Joseph Butler, Susana Correia, Cátia Severino, Selene Vicente+ & Marina Vigário
Universidade de Lisboa - Lisbon Baby Lab (CLUL/FLUL),
+Universidade do Porto – CPUP/FPCEUP
Questionários MacArthur-Bates (CDI) para o Português Europeu: Formas Reduzidas –adaptação e estudo
XXXI Encontro Nacional
da Associação Portuguesa de Linguística
Universiade do Minho, 28‐30 de Outubro de 2015
http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/
EBELa Project | EXCL/MHC-LIN/0688/2012 1
Introdução
Um dos objectivos de projectos desenvolvidos no Lisbon Baby Lab (DEPE; EBELa): Estudo da relação entre desenvolvimento prosódico, desenvolvimento lexical e a emergência de combinações de palavras
Fundamental dispor de um instrumento para medir desenvolvimento lexical no PE, como os MacArthur-Bates Communicative Development Inventories (CDI)
Aplicações na investigação: tarefas perceptivas ou de produção (informação relevante sobre o desenvolvimento da
linguagem dos sujeitos testados), estudos prospectivos (seguir o desenvolvimento)
Introdução
Aplicações clínicas: comparar desenvolvimento típico e atípico, populações clínicas (Projectos EBELa/H21: ASD, SLI, T21)
Comparação entre línguas: dados do CDI para um nº crescente de línguas (se/como propriedades específicas da língua afectam o desenvolvimento)
Autorização do CDI board (http://www.sci.sdsu.edu/cdi/) para desenvolver as Formas Reduzidas para o Nível I (8-18 meses) e Nível II (16-30 meses) para o PE (Agosto 2012)
Financiamento: – Projecto DEPE – FCT 2010-2013 (PTDC/CLE-LIN/108722/2008),
– Pest – CLUL 2013-2014 (PEst-OE/LIN/UI0214/2013, 2014)
– Projecto EBELa – EXCL/MHC-LIN/0688/2012
Introdução
Formas Reduzidas (FR): Vários estudos apontam dificuldades de aplicação das Formas Longas (contextos educacional, clínico, de investigação) > extensão, complexidade, tempo, capacidades parentais (nível instrução/sócio-económico) vs as FR
FRs desenvolvidas para várias línguas: Estudos apontam para as suas vantagens e a sua eficácia (comparável à das Formas Longas) e.g., Fenson et al. (2000),
Jackson-Maldonado et al. (2013)
FRs para o PE: experiências piloto mostraram que este formato tem maior aplicabilidade tanto na investigação como em contexto clínico (crianças/cuidadores desempenham
várias tarefas): 1 página, preenchimento rápido e simples
Organização da apresentação
Desenvolvimento das Formas Reduzidas CDI_PE
• Objectivos, Método, Questionários finais
Estudo normativo • Amostra, Método de recolha
• Resultados • Validação e fiabilidade; CDI scores
Tendências de desenvolvimento: vocabulário e prosódia (compreensão e produção)
Notas finais
Desenvolvimento das Formas Reduzidas do CDI_PE
Objectivos: – Instrumento na investigação sobre o
desenvolvimento da linguagem para uma descrição do desenvolvimento lexical e sua variação em grandes amostras
– Dados normativos para o PE (e grupos etários específicos)
– Instrumento complementar para estudos experimentais e aplicação em contexto clínico
– Comparação com dados de produção
http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/
Método: 1. Versão piloto preliminar de 350 itens (N=53)
2. Versões piloto das FR (adaptação da versão AE) testadas: CDI-I (N=20), CDI-II (N=104)
3. Versões piloto revistas: orientações para Formas Reduzidas (Fenson et al. 2000); resultados dos pilotos; léxico infantil (Frota et al. 2012, PLEX5: frequência,
emergência); léxico de fala dirigida à criança (Frota et
al. 2013, CDS_EP); léxico de fala adulta (FrePOP); formato da palavra (nºsil), padrão acentual, tipos silábicos (simples/complexo) [computados na FrePoP, http://frepop.fl.ul.pt]
Desenvolvimento das Formas Reduzidas do CDI_PE
Versões finais: – Seguem a estrutura das Formas Reduzidas do AE
– Incluem itens de todas as 19 categorias do CDI para o Nível I e 22 categorias para Nível II, com distribuição semelhante (Tabela 1)
– Incluem palavras que variam na idade de aquisição
– Evitou-se termos regionais, individuais, datados, ou palavras ambíguas
– Nível II: 1 diferença. Verbo de suporte > palavra complexa indicador complexidade morfológica (Vigário & Garcia 2012)
– Nivel II: 1 item sobre a combinação de palavras
Desenvolvimento das Formas Reduzidas do CDI_PE
Tabela 1. Distribuição dos itens nas Formas Reduzidas do CDI_PE comparada com as Formas Reduzidas do AE (Fenson et al. 2000)
Desenvolvimento das Formas Reduzidas do CDI_PE
10
Estudo normativo
Amostra – População de 2012 (INE), crianças 0-4 anos, por
região e sexo (7 regiões x m, f)
– Cálculo da amostra com G*Power (Faul et al. 2007): nº
de grupos (CDI-I, 11; CDI-II, 13), nível de significância de 0.05, intervalo de confiança de 0.95, ‘effect size’ médio de 0.25
– CDI-I, N=407; CDI-II, N=429. Grupos obtidos por
quota sampling (Castillo 2009, Vieira 2011) - Tabela 2
Tabela 2. Amostra
Método de recolha – Questionários preenchidos por cuidadores que
visitaram o Baby Lab/participantes noutros estudos
– Recolha de dados intensiva com a colaboração de 84 infantários (incluídos 71, de 34 localidades) • Escolas contactadas > Envio questionários > Membro
equipa visita as escolas > Escolas distribuem questionários aos cuidadores > Escolas recolhem os questionários > Escolas enviam questionários para o Baby Lab
– Critérios de exclusão: médicos (e.g. Síndrome Down, surdez), bilingues (131), questionário incompleto (36), idade fora do intervalo ou desconhecida (293)
Estudo normativo
Data collection
Tabela 3. Características sociodemográficas da amostra
Estudo normativo
CDI_PE-I (8 – 18 meses): Resultados 1
Validação e fiabilidade – Para a validação do CDI_PE-I, computou-se uma
pontuação para cada item com base na sua ocorrência/frequência em CS, CDS, ADS e comparou-se com o score obtido no CDI ‘dá/dar’ – muito frequente em CS, emerge cedo, também
frequente em CDS e ADS – coeficiente 88.9 & CDI score de 85.1 (comp) e 46.2 (prod)
‘flor’ – emerge tarde (depois 18 mes), não é tão frequente em CS ou ADS – coeficiente de 25.9 & CDI score de 27.8 (comp) e 1.4 (prod)
– Foi também comparada a pontuação obtida apenas com CS (PLEX5) e o score no CDI
Validação e fiabilidade – A pontuação combinada apresenta correlação
significativa com compreensão (Pearson .547, p < .001) e produção (Pearson .617, p < .001)
– A correlação com a pontuação baseada apenas no CS é ligeiramente mais forte (comp .601, p < .001; prod .685, p < .001)
– A fiabilidade foi avaliada através do coeficiente alpha de Cronbach (medida de consistência interna usada em e.g.
Fenson et al. 2000, Berglund & Eriksson 2000). O resultado aproxima-se de 1.0: .99 (AE Nível I, .97 – Fenson et al. 2000)
CDI_PE-I (8 – 18 meses): Resultados 1
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’ (valores da amostra > projectar os valores esperados na população – Fenson et al. 2000, 2007)
Análise baseada nos valores brutos: ANOVA one-way factor idade mostra componente linear significativo (p < .001); Comp não há desvio da linearidade (F(266, 406) < 1) ; Prod desvio significativo (F(266,406) = 1.4, p < .05 ).
Correlação significativa entre vocabulário receptivo/expressivo (.627, p < .001 )
CDI_PE-I (8 – 18 meses): Resultados 2
!
Compreensão
!
Produção
Tabelas de dados normativos (percentis ajustados): http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
ANOVA: sexo (2) x idade (11)
Efeito significativo de idade (F(10,406) = 33.223, p < .001, n2 = .46) e de sexo (F(1,406) = 4.15, p < .05, n2 = .01). Não interacção.
Sexo: F, M=49,5; M, M=44.6
Efeito significativo de idade (F(10,406) = 25.4, p < .001, n2 = .4) e de sexo (F(1,406) = 8.78, p < .01, n2 = .02). Não interacção.
Sexo: F, M=13.45; M, M=10.05
CDI_PE-I (8 – 18 meses): Resultados 2
!
Compreensão
!
Produção
Valores médios por idade e sexo. A tracejado ±1 SD
**Nível socio-económico;*Região
Nível sócio-económico; Região; nº irmãos
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 1
Validação e fiabilidade – A pontuação combinada apresenta correlação
significativa com o CDI (Pearson - .696, p < .001)
– A correlação com a pontuação baseada apenas no CS é ligeiramente mais forte (Pearson - .744, p < .001)
[Resultados CDI estão significativamente correlacionados com os dados de produção do PLEX5]
– A fiabilidade foi avaliada através do coeficiente alpha de Cronbach (medida de consistência interna usada em e.g.
Fenson et al. 2000, Berglund & Eriksson 2000). O resultado aproxima-se de 1.0: .99 (AE Nível II, .99 – Fenson et al. 2000)
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’
Análise baseada nos valores brutos: ANOVA one-way factor idade mostra componente linear significativo (F(1,428) = 348.43, p < .001) sem desvio significativo da linearidade (F(267, 428) < 1)
Progressão linear em função da idade
Correlação significativa entre idade/vocabulário expressivo (.676, p < .001);
Palavras Produzidas
Tabelas de dados normativos (percentis ajustados): http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Palavras Produzidas
Tabelas de dados normativos (percentis ajustados): http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
ANOVA: sexo (2) x idade (15)
Efeito significativo de idade (F(14,428) = 26.4, p < .001, n2 = .48) e de sexo (F(1,428) = 30.65, p < .001, n2 = .07). Não interacção.
Sexo: F, M=60.12; M, M=46.77
Nível sócio-económico; Região; nº irmãos Valores médios por idade e sexo.
A tracejado ±1 SD
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’
Evidência para aceleração no desenvolvimento após 22 meses (consistente com dados de produção Frota & Vigário 2008, Chen & Frota, 2013, Frota at al. in press).
Item 100: A sua criança começou a combinar palavras? Não, às vezes, muitas vezes
Combinação de palavras
Análise baseada nos valores brutos:
Correlação significativa forte ‘muitas vezes’/vocabulário expressivo (.76, p < .001)
Correlação fraca com idade (.59). AE: .76/79, .59/.60
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’
Item 100: A sua criança começou a combinar palavras? Não, às vezes, muitas vezes
Combinação de palavras
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
ANOVA: sexo (2) x idade (15)
Efeito significativo de idade (F(14,428) = 6.53, p < .001, n2 = .19 ) e de sexo (F(1,428) = 11.35, p < .01, n2 = .03). Não interacção.
Sexo: F, M=39; M, M=31
Nível sócio-económico; Região; nº irmãos
Muitas vezes
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’
50% das crianças produzem palavras complexas aos 26 meses (curva semelhante à combinação de palavras)
Palavra complexa (-zinho)
Análise baseada nos valores brutos:
Correlação significativa com vocabulário expressivo (.68, p < .001)
E com combinação de palavras (.55, p < .001)
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
Curvas de desenvolvimento e variabilidade
Método ‘Curve fitting’
Palavra complexa (-zinho)
CDI_PE-II (16 – 30 meses): Resultados 2
!
ANOVA: sexo (2) x idade (15)
Efeito significativo de idade (F(14,428) = 13.9, p < .001, n2 = .33) e de sexo (F(1,428) = 7.25, p < .001, n2 = .02). Não interacção.
Sexo: F, M=56; M, M=39
Nível sócio-económico; Região; nº irmãos
CDI e Prosódia - 1 Tendências de desenvolvimento:
– Medidas que apresentam valores mais altos mais cedo, mostrando que um dado aspecto se desenvolve antes de outros
Compreensão ProsoQuest A / CDI_PE-I vocabulário receptivo (percentil 50)
- Competências prosódicas desenvolvem-se mais cedo (12-15 meses)
- Correlação entre competências prosódicas (.99, p < .001) mais forte que entre estas e o CDI (.94, p= .06)
Sentence types Words in context
Focus
Medidas de desenvolvimento prosódico obtidas com o Proso-Quest (Frota et al. 2012, Vigário et al. 2013, 2015)
!
Compreensão
CDI e Prosódia - 2 Tendências de desenvolvimento Medidas que apresentam scores mais altos mais cedo, mostrando
que um dado aspecto se desenvolve antes de outros
– Estudos de produção têm sugerido que o desenvolvimento da entoação está correlacionado com o desenvolvimento lexical, não com
combinação de palavras (Frota & Vigário 2008, Prieto et al. 2011)
Produção ProsoQuest B / CDI_PE vocabulário expressivo (percentil 50)
- Competências prosódicas desenvolvem-se mais cedo (14-15 meses)
- Correlação entre competências prosódicas (≥ .99, p < .001) próxima da correlação entre estas e o CDI-I (.99, p < .01; .98, p < .05)
Corr palavra comp/CDI (1) / comb palavras (1)/Proso (.76, p =.139) !
Producão
Considerações finais
CDI_PE-I e II – Instrumento validado por comparação com amostras
de fala infantil (PLEX5 e outros estudos de produção)
– Instrumento com elevada consistência interna (alpha de Cronbach = .99)
– CDI-I: Progressão linear no vocabulário receptivo vs. aceleração na produção (c. 15 meses)
– CDI-II: Progressão linear no léxico; aceleração na combinação de palavras (c. 22 meses; 50% 27 meses); produção de palavras complexas (50% 26 meses)
– Efeito da variável sexo (F > M)
– Estudo longitudinal (EBELa): 8, 12, 18, 24, 30
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Referências seleccionadas
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• Castillo, J., J. (2009). Convenience Sampling. Retrieved Jun 19, 2013 fromhttp://explorable.com/convenience-sampling
• Chen, A., & Frota, S. (2013). Cross-linguistic Research on Early Intonational Development: current findings and future directions. 2nd Workshop on the Development of Prosody and Intonation. Universidade de Lisboa
• Fenson, L., Dale, P. S., Reznick, J. S., Bates, E., Thal, D., & Pethick, S. (1994). Variablity in early communicative development. Monographs of the Society for Research in Child Development, 59 (5, Serial No. 242)
• Fenson, L., Pethick, S., Renda, C., Cox, J. L., Dale, P. S. & Reznick, J. S. (2000). Short-form versions of the MacArthur Communicative Development Inventories. Applied Psycholinguistics 21, 95-116.
• Frota, S. & Vigário, M. (2008) Early intonation in European Portuguese. Third Conference on Tone and Intonation (TIE3), Lisbon, September
• Frota, S., Correia, S., Severino, C., Cruz, M., Vigário, M. & Cortês, S. (2012). PLEX5 – A production lexicon of child speech for European Portuguese / Um léxico infantil para o Português Europeu. Lisboa: Laboratório de Fonética CLUL/FLUL.
• Frota, S., Cruz, M. & Vigário, M. (2013), CDS_EP: A lexicon of child directed speech from the FrePoP database (0;11 to 3;04). Lisboa: Laboratório de Fonética CLUL/FLUL.
• Hamilton, A. & Plunkett, K. (2000). Infant Vocabulary assessed with a British communicative development inventory. Journal of Child Language, 27 , 689-705.
• Kern, S. (2007). Lexicon development in French-speaking infants. First Language ,27 (3), 227-250.
• Millotte, S., Margules, S., Dutat, M., Bernal, S. & Christophe, A. (2010). Phrasal prosody constrains word segmentation in French 16-month-olds. Journal of Portuguese Linguistics 9-2/10-1, 67-86.
• Prieto, P., Estrella, A., Thorson, J. & Vanrell, M. M. (2012). Is prosodic development correlated with grammatical development? Evidence from emerging intonation in Catalan and Spanish. Journal of Child Language, 39 (2), 221-257.
• Vieira, S. (2011). A test for Sentence development in European Portuguese (STSD-PT). PhD Dissertation. University of Lisbon.
• Vigário, M. & P. Garcia (2012). Palavras complexas na aquisição do Português: estudo de caso. In A. Costa, C. Flores & N. Alexandre (eds). Textos Seleccionados do XXVIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: APL, 604-624.
Obrigada
DEPE: PTDC/CLE-LIN/108722/2008, FCT
EBELa: EXCL/MHC-LIN/0688/2012, FCT
Agradecemos à equipa do Lisbon Babylab, em particular Marisa Cruz e Simão Cortês, e também a Pedro Oliveira
A todas as escolas que aceitaram colaborar connosco
A todos os cuidadores que aceitaram participar no estudo
A Philip Dale e Larry Fenson por comentários/sugestões (CDI_EP)
http://labfon.letras.ulisboa.pt/babylab/pt/CDI/ 30