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AS PRINCIPAIS LINHAS TEÓRICAS DE ANÁLISE DA
REALIDADE SOCIALProfa. Dra. Dilercy Aragão Adler
Existem várias teorias (ou métodos de análise) da realidade social. Ex: o estruturalismo, a fenomenologia, o funcionalismo, a teoria de Max Weber, o materialismo
histórico, etc.
Nos estudos sociológicos essas teorias podem ser agrupadas em duas grandes linhas/matrizes, que se
opõem radicalmente na explicação da realidade social, polarizando toda produção intelectual nesse campo do
conhecimento.
Neste estudo essas duas grandes linhas serão denominadas:
-Teoria Estrutural- Funcionalista (base intelectual - Positivismo de Augusto Comte);
-Materialismo Histórico ou Marxismo(base intelectual- Materialismo Histórico de Marx e
Engels).
1. REPRESENTANTES
1.1 ESTRUTURAL FUNCIONALISMO
Augusto Comte (1798-1857) “Pai” do Positivismo;Spencer (1820-1903) – “Sociedade como organismo”;Pareto (1848-1923) – “Conceito de equilíbrio social”;Durkheim (1858-1917) Contornos definitivos à teoria
funcionalista, “Sociedade como organismo social”;Robert Merton e T. Parsons – funcionalismo moderno,
“conceitos de estrutura e sistemas.
REPRESENTANTES
1.2 MATERIALISMO HISTÓRICO
K. Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820 –1903) principais elaboradores da teoria;
contribuições importantes de:Lênin (1870-1924) –líder da Revolução Russa;
Antônio Gramsci (1891-1937);G. Lukács (1885-1971);
N. Poulatzas (1936-1979);L. Althusser (1918...).
2.VISÃO DA CIÊNCIA SOCIAL
2.1 ESTRUTURAL FUNCIONALISMO
O estabelecimento do Capitalismo criaram as condições sociais para o aparecimento do Positivismo de A Comte.
A revolução Industrial provocou mudanças sociais de tal ordem que resultou na necessidade de um conhecimento
“positivo” da realidade que tornasse possível a consolidação da nova ordem social.
Conhecimento positivo- Ciência- salvação da sociedade capitalista.
As Ciências Sociais – a Sociologia- colocada sob a mesma perspectiva das demais Ciência Naturais (Físicas e
Biológicas);
Os cientistas sociais deveriam aplicar os mesmos procedimentos dos cientistas da natureza:
observação;experimentação;
comparação entre fenômenos;elaboração de leis.
NEUTRALIDADE:O cientista social deve eliminar da análise qualquer juízo
de valor, ideologia, posição política, diante dos fatos.
METODOLOGIA:Indicadores sociais quantificáveis, uso da Estatística para
estabelecer as relações entre os indicadores.
Segundo alguns sociólogos norte-americanos a acumulação progressiva de dados e informações
permitiria a elaboração de explicações mais globais.
VISÃO DA CIÊNCIA SOCIAL
2.1 MATERIALISMO HISTÓRICOQuestiona radicalmente a ordem social
capitalista.Define-se como teoria articulada aos interesses do
proletariado.Nega a possibilidade de se produzir conhecimentos
neutros/ imparciais .A objetividade científica está vinculada à busca da
verdade.Somente as análises que buscam a essência, além da
aparência (aspectos visíveis) da realidade são científicasNuma sociedade estratificada a verdade é (verdade)
apenas de um desses estratos.
A razão de ser da ciência só é possível do ponto de vista do proletariado – classe explorada pelos capitalistas.
A essência da realidade só se torna possível se a realidade for construída conceitualmente como TOTALIDADE pelo
pensamento humano.
O PENSAMENTO É A ELABORAÇÃO DE UMA IMAGEM
SUBJETIVA DO MUNDO OBJETIVO não é uma cópia do objeto porque resulta da
ATIVIDADE HUMANA
que reflete e elabora o objeto sob a forma de conceitos.
A FORMA DE EXISTÊNCIA DO OBJETO NO PENSAMENTO
DEPENDE DO SUJEITO E DA SUA POSIÇÃO NA SOCIEDADE.
A DIALÉTICA MATERIALISTA
Parte do princípio de que a “matéria é anterior ao pensamento”.
Mesmo o pensamento, próprio do homem, surge após prolongado desenvolvimento da matéria viva, até a
formação do seu sistema nervoso central.
O pensamento não existe separado da matériaMatéria e pensamento formam uma UNIDADE
“inseparável e contraditória”.
A forma de existência da Matéria e pensamento é em eterno e incessante MOVIMENTO.
A Dialética Materialista estabelece um conjunto de leis básicas que presidem o desenvolvimento da realidade
objetiva e do pensamento humano.
a) Conexão universal dos fenômenosExpressa as relações (interações, ligações) necessárias a que os fenômenos naturais e sociais estão submetidos.
b) Transformações quantitativas e qualitativas toda transformação quantitativa gera uma transformação
qualitativa e vice-versa.
Qualidade é o conjunto dos aspectos essenciais que caracterizam um fenômeno e o diferenciam de outro.
A qualidade pode ser medida
transformada em quantidadeuma alteração quantitativa promove uma passagem de
uma qualidade para outra.
Quantidade e qualidade são duas categorias inter-relacionadas que a passagem de uma qualidade a outra
tem como pressuposto uma alteração na quantidade.
Salto, ruptura ou transformação radical da sociedade dá-se quando há uma acumulação de quantidades gerando
uma nova qualidade.
c)Unidade e luta dos contrários
Um fenômeno determinado sempre comporta pólos opostos que se excluem mutuamente e que, ao mesmo
tempo, a existência de um pólo implica na existência do outro.
Estabelecem um confronto permanente
uma luta
uma contradição
um movimento
Esta é a lei mais fundamental da dialética.
d) Negação da negação
É a passagem (substituição) de uma qualidade (velha) para outra qualidade (nova), a qual surgiu da velha.
A qualidade nova contém dentro de si os elementos da qualidade (verdade) que a antecedeu e também para a sua
negação (passagem para a outra qualidade).
Toda negação é negada posteriormente.
Não há negação que seja a última.
O movimento (uma passagem para outra) é incessante.
3. VISÃO DE SOCIEDADE CAPITALISTA
3.1 ESTRUTURAL FUNCIONALISMO
3.1.1 CONCEITO DE ORGANISMO
um organismo é uma estrutura composta por um conjunto de órgãos (partes) perfeitamente integrados que desempenham funções necessárias ao funcionamento do
todo.Se um desses órgãos “adoecer” todo o organismo fica
afetado.A sociedade é comparada (funcionalismo) a um
organismo vivo.
“Conjunto de indivíduos e grupos sociais integrados e complementares, cujas funções são regulamentadas por
um conjunto de leis e normas (ex. a Constituição )”.
Essas leis e normas expressam o consenso (o entendimento e aceitação das partes).
A divisão do trabalho, cria as bases para a integração das partes e o aparecimento de formas de solidariedade
“orgânica”.
Solidariedade Mecânicaorigina-se das semelhanças entre os indivíduosPara a manutenção da igualdade, necessária à
sobrevivência do grupo, é adotada a coerção social baseada na consciência coletiva.
Solidariedade Orgânica Seu fundamento é a diversidade, baseando-se na complementaridade das partes diversificadas.
implicando em maior autonomia e consciência individual mais livre.
Consciência coletivaÉ a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos
indivíduos da comunidade.
Envolve mentalidade e moralidade.
Existem duas consciências a Individual
( peculiar o indivíduo) Coletiva
(compartilhada com o grupo)
Nas sociedades primitivas a consciência coletiva subjuga a individual e as sanções aplicadas são extremamente
severas
À medida que as sociedades se tornam mais complexas, a divisão social do trabalho, e as conseqüentes diferenças
entre os indivíduos conduzem a uma crescente independência das consciências.
As coletividades “primitivas” são caracterizadas pela solidariedade mecânica, que se origina das semelhanças
entre os indivíduos.
O progresso da divisão do trabalho faz surgir a solidariedade orgânica, baseada na complementaridade
das partes diversificadas.
3.1.2 CONCEITO DE SISTEMA DE PAPÉIS E POSIÇÕES SOCIAIS
(STATUS), DE NORMAS, SANÇÕES, VALORES SOCIAIS
Os indivíduos (agentes sociais) ocupam determinadas posições (status) dentro do seu grupo o que lhe confere
direitos e obrigações.
Cada individuo desempenha certos papéisorientados por normas e valores socialmente definidos.
Normas são regras de conduta.
Valores as normas internalizadas, transformadas em crenças e sentimentos (liberdade, justiça, democracia).
Toda sociedade precisa assegurar a suaREPRODUÇÃO SOCIAL
SOCIALIZAÇÃO
Os indivíduos precisam apreender o modo de vida (papéis, normas, valores) da sociedade
CONTROLE SOCIAL
induzir os indivíduos a assimilarem as normas e valores para a manutenção da ordem social.
EXERCÍCIO DO CONTROLE
através da aplicação de sanções positivas (recompensas) e
sanções negativas (punições).
As sanções são institucionalizadas.
PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃOÉ a padronização dos comportamentos sociais, das funções consideradas vitais para a reprodução da
sociedade.
As INSTITUIÇÕES ( Família, Escola, Igreja)têm a tarefa de substituir os comportamentos espontâneos
pelos comportamentos padronizados, regular da sociedade.
As instituições sociais são componentes básicos do sistema social
A sociedade Industrial é um organismo diferenciado em que se impõe a cooperação e a interdependência.
A diferenciação permite a cada indivíduo obter os recursos necessários à sua sobrevivência de acordo com a
sua posição e com o papel desempenhado.
A sociedade capitalista éum Sistema de posições sociais hierarquizado.
A diferenciação social é universal (observa-se em todas as sociedades)
gera como conseqüência
UM SISTEMA DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
É a diferenciação da população em camadas sociais hierarquicamente superpostas.
Decorre
da distribuição desigual de renda, ocupação, poder (influência), responsabilidade,nível educacional, etc.
Corresponde
a uma necessidade funcional da sociedade que precisa motivar e recompensar diferencialmente os indivíduos.
Justificativa
Como apenas um pequeno grupo tem talentos e pode ser treinado para as posições mais importantes;
como esses treinamentos implicam em sacrifícios, devem ser criados estímulos, mediante formas
privilegiadas de recompensas.
Crítica
Significa a INSTITUCIONALIZAÇÃO da desigualdade entre os diferentes estratos sociais.
Conclusão positivista
Além de POSITIVAMENTE funcional, a desigualdade é inevitável em qualquer sociedade.
CLASSIFICAÇÃO DE CLASSE SOCIAL
alta tradicionalClasse Alta alta baixa (novos ricos, emergentes)
média-alta Classe Média média-média média baixa
trabalhadoraClasse Baixa pobre
Para a teoria Estrutural-Funcionalista, a Sociedade Humana é
Um sistema composto por partes interdependentes e complementares.
O equilíbrio (ou a ordem) é
relativamente estável
Resultante
do “bom” funcionamento de cada parte.
Se uma parte não desempenhar as suas funções o sistema entra em desequilíbrio ou desordem.
Que pode gerar
de uma crise econômica grave uma “ruptura do tecido social”.
Para os funcionalistas, qualquer desequilíbrio é INDESAJÁVEL.
MUDANÇA SOCIAL
Só é aceita no sentido evolutivo, de progressivo ajuste (eliminação das disfunções).
A sociedade como organismo ou sistema hierárquico e diferenciado não pode ser alterado, apenas sofre
correções.
FATORES QUE PODEM CAUSAR MUDANÇAS SOCIAIS
Natureza Geográfica - secas, inundações, etc.
Natureza Biológica – epidemias, taxa de mortalidade
Natureza Social – guerras, invasões, etc.
Natureza Cultural – descobertas científicas, inovações tecnológicas, transformações de valores, etc.
PAPEL DO ESTADO CAPITALISTAÉ fundamental.
Além de promover o bem-estar de toda a sociedade, cabe ao Estado estabelecer uma ordem jurídica capaz de
arbitrar a realidade social.
Concentra o poder e a autoridade para garantir o seu próprio poder e manter a ordem social estabelecida.
Apresenta-se como instância neutra e órgão do consenso, acima das classes sociais.
A sua função é vital para que a sociedade se mantenha em equilíbrio e reproduza o seu status quo.
3. VISÃO DE SOCIEDADE CAPITALISTA
3.2 MATERIALISMO HISTÓRICO
Para o Materialismo Histórico, a Sociedade Humana é
Um sistema composto por partes interdependentes e contraditórias (unidade e luta dos contrários),
em constante movimento e transformação, que não é simplesmente evolutivo,
mas ocorre através de rupturas.
A Atividade Humana Básica, que alicerça o estrutura da vida social é
a PRODUÇÃO (trabalho).
O trabalho humano implica
na transformação da naturezana transformação do próprio homem.
O processo de produção ou trabalho constitui a
BASE ECONÔMICA ou INFRA-ESTRUTURA da sociedade.
A base principal de como se produzem, em um determinado momento histórico, os bens e serviços
necessários à reprodução da vida social.
A partir do processo de produção é que se articulam as relações sociais vigentes na sociedade.
As relações sociais retratam as posições que os homens ocupam uns diante dos outros e todos diante da produção,
fazendo com que todos tenham igual poder ou que apenas alguns tenham mais poder, mais prestígio e mais
riqueza.
Os grandes grupos humanos que ocupam posições diferenciadas na estrutura social capitalista chamam-se
CLASSES SOCIAISque comportam uma diferenciação fundamental
os grupos que mantém a propriedade dos meios de produção
e os grupos que não a mantém.
As classes sociais estabelecemrelações complementares
na medida em que uma complementa a outra no processo de produção,
mas por outro lado, relações de oposição ou antagonismo,
na medida em que os proprietários dos meios de produção se apropriam do trabalho dos outros.
Isto significa que
A sociedade capitalista é regida pelaLuta de Classes
As principais classes nas modernas sociedades industriais sãoos capitalistas (minoria quantitativa)
e os proletários (maioria quantitativa)
O proletariado vende a sua força de trabalho, em troca de um salário.
Os capitalistas compram a força de trabalho do proletário para produzir lucros.
O lucro capitalista é obtido mediante a apropriação que ele faz de uma parte do valor produzido pelo
trabalhadora MAIS –VALIA.
Nesta medida, as relações estabelecidas entre as classes sãoRELAÇÕES DE EXPLORAÇÃO E DE DOMINAÇÃO.
A ESTRUTURA SOCIALcomporta também um conjunto de leis, idéias, valores
a SUPERESTRUTURAque, em geral, reflete as relações sociais estabelecidas na
esfera do trabalho.
A Superestrutura faz com que todos, Dominante e Dominados
Internalizem, ao nível da consciência, as relações sociais como válidas e imutáveis.
Numa sociedade de classes, a Superestrutura expressa os interesses da classe dominante
que é a única realmente tem benefícios nesse tipo de sociedade.
A classe dominante faz circular, através das suas instituições: Família, Escola, Meios de comunicação de
massastodos os seus valores.
PAPEL DO ESTADO CAPITALISTANão é uma instância neutra.
Representa os interesses da classe Dominante ou Capitalista ou Proprietária dos meios de produção.
Em determinados momentos, o Estado Capitalista, intervém (com medidas paliativas), a favor da classe
Dominada ou Trabalhadora ou Proletária ou Não Proprietária, para amenizar as contradições, de modo a
evitar rupturas.O processo de ruptura global da sociedade é chamado
REVOLUÇÃO
MUDANÇA SOCIAL
A estrutura social é mutável.
Dois fatores principais contribuem para a mudançaA contradição entre as forças produtivas e as relações de
produçãoe a emergência da consciência crítica.
As classes dominadas não produzem a sua consciência de forma espontânea
apenas com a colaboração de organizações específicas: sindicatos, partidos
COMO SE CONCRETIZA A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA A MUDANÇA SOCIAL?