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1. INTRODUÇÃO
As características de um solo não podem ser descobertas apenas pelo
aspecto da camada superficial, há necessidade de investigar o solo em
profundidade. O resultado da prospecção de solos fornece informações
relevantes para definir as camadas dos perfis dos solos e rochas encontrados
no subsolo, a serem removidos.
Dependendo da natureza do terreno encontrado, muitos casos são
resolvidos apenas com as informações referidas de simples sondagens de
reconhecimentos e das correlações entre as indicações sobre a consistência
ou compacidade que elas fornecem e as cargas admissíveis dos solos. Em
outras situações as características de uma camada pode ser decisiva no tipo
de fundação a adotar, como seria o caso de uma camada de argila abaixo de
uma camada com a capacidade de carga adequada às fundações.
Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de fornecer conhecimentos
sobre as normas de sondagem, e de forma específica, sobre os equipamentos,
os métodos de execução e a interpretação dos resultados obtidos pela
execução das sondagens rotativa e mista para fins de engenharia.
4
2. SONDAGEM
As sondagens são procedimentos de engenharia que têm por escopo a
obtenção de informações de subsuperfície de uma área na terra, ou na
água. As modalidades atualmente mais empregadas no Brasil são
mostradas no quadro abaixo:
Tabela 01 – Tipos de Sondagem.
2.1 OBJETIVOS DAS SONDAGENS
Os objetivos mais frequentes para a realização deste procedimento são:
Determinação do perfil do terreno por meio de identificação dos solos
e/ou rochas que formam as camadas ou estratos na subsuperfície (PI,
TR, ST, SP, SR, SM, SS, SE);
Determinação da resistência das camadas, à cravação de um barrilete
padrão, nos solos (SP, SM);
Determinação do nível d’água (PI, ST, SP, SR, SM, SE);
Determinação da cota de ocorrência do embasamento rochoso, tipo e
grau de sanidade da rocha (SP, SM, SS, SE);
Existência de matacões nas camadas de solos (ST, SP, SM, SS, SE);
Cubagem de jazidas de solos e rochas (PI, ST, SR, SM, SS, SE);
Coleta de amostras (PI, TR, ST, SP, SR, SM).
5
2.2 NORMAS TÉCNICAS
Na maioria dos casos os problemas de engenharia são resolvidos com base
nas informações das SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO (NBR
6484/80). No caso das sondagens rotativas ainda pode ser consultada a NBR
6502 – Rochas e Solos.
Com relação ao número, locação e profundidade dos furos de sondagem,
contempla-se na NBR 8036/83 - Programação de sondagens de simples
reconhecimento dos solos para fundações de edifícios.
Tabela 02 – Número mínimo de furos.
Locação dos furos - devem cobrir toda a área carregada. A distância entre
furos não deve ser superior a 30 metros.
Figura 01 – Distância entre os furos.
Profundidade dos furos → deve considerar a profundidade provável das
fundações e do bulbo de tensões gerados pela fundação prevista e as
condições geológicas locais.
6
2.3 ESCOLHA DO MÉTODO DE SONDAGEM
• Finalidade e proporções da obra;
• Características do terreno;
• Experiências e práticas locais;
• Custo compatível com o valor da informação obtida
Empiricamente 0,5 a 1% do custo da obra Informações insuficientes ou
inadequadas podem acarretar super dimensionamento no projeto e orçamentos
majorados.
3. SONDAGEM ROTATIVA E MISTA
3.1 SONDAGEM ROTATIVA
3.1.1 DEFINIÇÃO
Sondagem Rotativa é um método de investigação que consiste no uso de um
conjunto motomecanizado projetado para a obtenção de amostras de materiais
rochosos, contínuas e com formato cilíndrico, através de ação perfurante dada
basicamente por forças de penetração e rotação que, conjugadas, atuam com
poder cortante. A amostra de rocha obtida é chamada de testemunho. A
Sondagem Rotativa é o método direto de investigação mais completo à
disposição da geologia de engenharia.
Em sondagens rotativas mecânicas, as rochas são perfuradas pela rotação de
um elemento cortante posicionado em contato direto com a rocha,
representado por coroa diamantada, broca ou trépano. São recomendadas
para perfuração de rochas cristalinas pouco fraturadas ou litificadas, em furos
verticais ou inclinados.
São baseadas na pressão exercida por força hidráulica ou manual e do peso
do ferramental de perfuração, exercidos na ferramenta de perfuração, que pode
ser diamantado para rochas cristalinas ou bastante litificadas, ou constituída
por wídia, carbeto ou tungstênio para perfuração de materiais de dureza média,
7
como rochas sedimentares. O material cortado é recuperado e enviado até a
superfície por meio do fluido de perfuração, que pode ser constituído por água,
lama ou ar, injetado no furo sob elevada pressão. Outro procedimento de
recuperação do material perfurado é a partir de barriletes, que são hastes
especiais que armazenam cilindros de rocha ou testemunhos de sondagem.
3.1.2 IDENTIFICAÇÃO
As sondagens rotativas serão identificadas pela sigla SR seguidas de número
indicativo. Em cada obra o número indicado deve ser sempre crescente,
independentemente do local, fase ou objetivo da sondagem. Quando for
necessária a execução de mais de um furo num mesmo ponto de investigação,
os furos subsequentes terão a mesma numeração do primeiro, acrescida das
letras A, B, C, etc.
3.1.3 FINALIDADE
Em se tratando de maciço rochoso, rocha alterada ou mesmo solo residual
jovem, utiliza-se a sondagem rotativa para investigação geotécnica. Através
desse método pode-se indicar o tipo de rocha, grau de alteração, fraturamento,
coerência, xistosidade, porcentagem de recuperação, além do índice de
qualidade da rocha.
Estas sondagens são as mais freqüentes na engenharia e usualmente
executadas para:
A profundidade em que se encontra o embasamento rochoso;
O tipo ou os tipos de rocha e seu estado de sanidade e fraturas;
Para indicar a presença de matacões diferenciando-os do embasamento
rochoso;
Para implantação de uma fundação ou de tirantes;
Para obtenção de poços para captação de águas;
8
Para possibilitar injeção de cimento ou de outros materiais em fraturas
que podem ocorrer nos maciços rochosos em profundidade.
3.1.4 EQUIPAMENTOS
Tal sondagem é realizada por meio de equipamento motorizado cujo
movimento de avanço do furo consiste na rotação de uma coroa cortante com o
auxílio de pressão. Uma bomba de circulação de água é acoplada à sonda
para refrigeração da coroa e retirada de detritos e pós de rocha de dentro da
sondagem.
A firma Empreiteira deve fornecer equipamentos, acessórios e ferramentas
para a execução de sondagens que atendam a programação e especificação
estabelecidas no contrato de serviço.
O equipamento e ferramentas constarão no mínimo os seguintes elementos:
Tripé;
Sonda rotativa (motor, guincho e cabeçote de perfuração);
Bomba d'água - conjugado motor bomba (Sistema de circulação de
água: Refrigeração, expulsão de fragmentos e diminuição da fricção)
Hastes de perfuração;
Barriletes (Simples, Duplo-Rígido, Duplo-Giratório e Especiais)
Ferramentas de corte (Coroas compostas por: Matriz de Aço, Corpo da
Coroa, Saídas de Água e Diamantes)
Tubos de revestimento e demais acessórios e ferramentas necessárias
à execução de sondagens rotativas, além dos equipamentos exigidos
para sondagens à percussão.
A relação completa dos equipamentos utilizados na execução de sondagens
rotativas consta da publicação da ABGE “Glossário de termos técnicos de
Geologia de Engenharia - Equipamentos de Sondagens” (1.980).
9
Figura 02 - Tripé Figura 03 - Guincho
Figura 04 Figura 05
Figura 04 - Amostrador, bico do amostrador, válvula do amostrador.
Figura 05 - Tubo de revestimento e hastes.
10
Figura 06 - Sondas rotativas estáticas e móveis.
Figura 07 - Esquema simplificado de sonda rotativa.
11
Figura 08 – Equipamento para Sondagem Rotativa
12
3.1.5 NORMAS DE DIMENSÕES E NOMENCLATURAS
Normas estabelecidas para padronizar as dimensões e nomenclaturas de
equipamentos de sondagens, com o objetivo de promover uma linguagem
comum e acessível a todos e permitir a permutabilidade de peças provenientes
de diversos fabricantes. Existem dois sistemas que normalizam mundialmente
dimensões e nomenclaturas para sondagens rotativas:
Padrão D.C.D.M.A. ou americano, que adota a combinação de duas ou
mais letras para designar diâmetros e modelos dos equipamentos;
O padrão europeu, também conhecido por sistema métrico ou Crailius,
que expressa o diâmetro do furo em mm e uma ou mais letras para
designar o modelo do equipamento.
No Brasil, os equipamentos de sondagens rotativas são fabricados segundo o
padrão D.C.D.M.A., sendo bastante restritos aqueles fabricados segundo o
padrão europeu.
3.1.5.1 Diâmetros
Na tabela a seguir são indicados os diâmetros de sondagens mais comumente
utilizados.
Tabela 03 – Diâmetros de sondagens mais utilizados.
13
3.1.5.2 Principais tipos de barriletes
1. Barrilete simples
Constituído por um único tubo, a passagem do fluído de circulação se dá entre
a parede interna do barrilete e o testemunho. O testemunho fica sujeito à ação
abrasiva do fluído de circulação e ao atrito com a parede interna do barrilete;
2. Barrilete duplo livre
É constituído por dois tubos existindo um sistema de rolamentos entre as
partes da cabeça do barrihete onde os tubos são rosqueados. Desta forma,
enquanto o tubo externo gira com a coluna de perfuração, o tubo interno
permanece estacionário ou gira lentamente. O testemunho fica protegido do
atrito com a parede do barrilete e o contato do testemunho com o fluído de
circulação se dá entre a extremidade do tubo interno e a face da coroa;
3. Barrilete duplo-giratório
Barrilete de alta recuperação que possui um prolongador do tubo interno,
designado caixa de mola. A extremidade do prolongador fica bem próxima da
face da coroa, reduzindo consideravelmente o contato do testemunho com o
fluído de circulação;
4. Barrilete triplo
Barrilete de alta recuperação que possui um terceiro tubo, interno ao tubo
interior, destinado a armazenar e proteger o testemunho;
5. Barrilete de tubo interno retrátil
Barrilete de alta recuperação com dispositivos especiais que permitem a
retirada do tubo interno, portador do testemunho, por dentro da coluna de
perfuração, sem a necessidade de removê-la. Também conhecido por sistema
“wire-line”.
14
Figura 09– Tipos de Barrilete
Figura 10 – Detalhe da coroa e do barrilete.
15
3.1.6 EXECUÇÃO
Consiste na perfuração com máquina motorizada (sonda), que
simultaneamente rotaciona e aplica pressão ao barrilete acoplado a broca
diamantada. O conjunto de perfuração, formado por hastes + barrilete + coroa
diamantada, é refrigerado a água. A sondagem rotativa retira testemunhos da
rocha perfurada, que são acomodados em caixas plásticas ou de madeira, de
acordo com a escolha do cliente. Quanto maior o diâmetro de perfuração,
melhor a qualidade dos testemunhos.
3.1.6.1 Passo a passo
1 - Em terreno seco, a sondagem deve ser iniciada somente após a limpeza de
uma área que permita o desenvolvimento de todas as operações sem
obstáculos. Deverá ser executado um sulco ao seu redor de forma a desviar as
águas de enxurrada, no caso de chuva.
2 - A sonda deverá ser firmemente ancorada e nivelamento no solo, de maneira
a minimizar suas vibrações e conseqüente transmissão para a composição da
sondagem.
3 - Em terreno alagado ou coberto por lâmina d'água de grande espessura, a
sondagem deve ser feita a partir de plataforma fixa ou flutuante firmemente
ancorada, totalmente assoalhada, que cubra no mínimo, a área delimitada
pelos pontos de apoiado tripé, ou um raio de 1,5 m contados a partir dos
contornos da sonda.
4 - Junto ao local onde será executada a sondagem deverá ser cravado um
piquete, com a identificação da sondagem, que servirá de ponto de referência
para medidas de profundidade e para fins de amarração topográfica.
5 - Quando ocorrer solo no local do furo, a sondagem deverá ser feita com
medidas de SPT a cada metro.
16
6 - Deverão ser empregados todos os recursos das sondagens rotativas de
maneira a assegurar uma perfeita recuperação de todos os materiais
atravessados. Os principais recursos são: escolha de equipamentos e
acessórios apropriados às condições geológicas, emprego de lamas
bentoníticas como fluído de perfuração, realização de manobras curtas,
adequação da velocidade de perfuração às características geológicas da rocha
perfurada, etc.
7 - Constituem elementos de interesse ao registro das características da sonda
rotativa e da coluna de perfuração utilizadas, tempo de realização de
manobras, características da coroa (quilatagem, P.P.Q., tipo, tempo de uso,
etc.), bem como uma avaliação da pressão aplicada sobre a composição, sua
velocidade de rotação, velocidade de avanço, pressão e vazão de água de
circulação.
8 - A seqüência de diâmetros a ser utilizada deverá ser estabelecida pela
Fiscalização e somente poderá ser afetada mediante sua autorização, por
comprovada necessidade técnica.
9 - Quando no avanço da sondagem rotativa, ocorrer mais de 0,50 m de
material mole ou incoerente, salvo especificação contrária, deverá ser
executado um ensaio de penetração SPT, seguido de outros a intervalos de 1
m.
10 - O controle da profundidade do furo, com precisão de 1 (um) centímetro,
deverá ser feito pela diferença entre o comprimento total das hastes com a
peça de perfuração e a sobra delas em relação ao piquete de referência fixado
junto à boca do furo.
11 - No caso da sondagem atingir o nível freático, a sua profundidade deverá
ser anotada. Quando ocorrer artesianismo não surgente deverá ser registrado
o nível estático e, no caso de artesianismo surgente, além do nível estático,
deverão ser medidos a vazão e o respectivo nível dinâmico.
17
12 - O nível d'água e as características do artesíanismo deverão ser medidos
todos os dias antes do início dos trabalhos e na manhã seguinte após a
conclusão da sondagem.
13 - Quando houver interesse na obtenção de uma medida de nível
piezométrico em qualquer trecho do furo em andamento, a Fiscalização poderá
solicitar a instalação em cota determinada, de um obturador durante o intervalo
entre dois turnos de perfuração. Neste caso, no reinicio dos trabalhos, serão
medidos os níveis d'água, internos à tubulação do obturador e externos a ela.
14 - Salvo orientação em contrário, imediatamente após a última leitura de nível
de d'água ou término do furo seco, este deverá ser totalmente preenchido,
deixando-se cravada a seu lado uma estaca com a identificação da sondagem.
Nos furos em sítios de barragens, o preenchimento deverá ser feito com calda
grossa de cimento ou argamassa, vertida no fundo do furo com auxílio de um
tubo, que será levantado à medida de seu preenchimento. Nos demais furos, o
preenchimento será feito com solo ou solo cimento, ao longo de toda sua
profundidade.
3.1.7 PRINCIPAIS VANTAGENS
Permite perfurações com ângulo de inclinação;
Pode atingir grandes profundidades;
Permite execução de Ensaios de Perda d’Água (EPA) no maciço
rochoso;
3.1.8 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Todos os dados colhidos na sondagem são resumidos na forma de um perfil
individual do furo, ou seja, um desenho que traduz o perfil geológico do subsolo
na posição sondada, baseados na descrição dos testemunhos.
A descrição dos testemunhos é feita a cada manobra e inclui:
a) A classificação litológica
18
b) Estado de alteração das rochas para fins de engenharia
(extremamente alterada ou decomposta; muito alterada;
medianamente alterada; pouco alterada; sã ou quase sã)
c) Grau de fraturamento (Ocasionalmente fraturada; pouco fraturada;
medianamente fraturada; muito fraturada; extremamente fraturada;
em fragmentos)
É corrente correlacionar-se a qualidade da rocha com a porcentagem de
recuperação a qual se obtém pela relação entre o comprimento total dos vários
testemunhos de uma mesma manobra e o comprimento dessa manobra,
expressa em porcentagem.
O desenvolvimento dos equipamentos e das técnicas de perfuração veio
mostrar a precariedade dessas correlações, pois uma mesma formação poderá
oferecer diversas porcentagens de recuperação em função da qualidade da
sondagem. Entretanto, é corrente considerar-se rocha de boa qualidade,
aquelas cujas porcentagens são superiores a 80%; rocha muito alterada
quando as porcentagens são inferiores a 50% e medianamente alterada para
valores intermediários.
No intuito de englobar num só os critérios de fraturação e estado de alteração,
Deere (1967) introduziu o que designa por RQD (Rock Quality Designation).
O RQD se baseia numa recuperação modificada, pois na determinação da
porcentagem de recuperação entram no cálculo os fragmentos de testemunhos
com comprimento igual ou superior a 10 cm. Assim, a porcentagem obtém-se,
da manobra, somando-se os comprimentos dos testemunhos com mais de 10
cm e dividindo se pelo comprimento da manobra.
A determinação do RQD é feita apenas em sondagens que utilizem barriletes
duplos de diâmetro NX (76 mm) ou superior.
19
A classificação da qualidade da rocha em função do RQD pode ser:
* Muito fraco
* Fraco
* Regular
* Bom
* Excelente
Figura 11 - Execução de Sondagem Rotativa
Figura 12- Amostras de Rochas de Sondagem Rotativa
20
Figura 13 - Sondagem rotativa em projeto de barragem.
3.2 SONDAGEM MISTA
3.2.1 DEFINIÇÃO
A sondagem rotativa é o método mais utilizado na exploração mineral, na
definição de jazidas, necessária em praticamente todas as obras de grande
porte. É a união da sondagem à percussão com a sondagem rotativa. Permite
a caracterização das camadas de solo pelo método SPT, e perfuração
testemunhada do maciço rochoso.
Conhecida como sondagem mista quando executada junto com SPT, o
equipamento avança em solos alterados e rochas, obtendo diretamente as
amostras (testemunhos), exatamente sobre a rocha a ser explorada
proporcionando oportunidade para uma série de ensaios mineralógicos,
petrofísicos, petroquímicos, etc.
21
O conhecimento prévio das condições geológicas do local, poderá recomendar
desde o início a provisão de um equipamento de sondagem mista, propiciando
a execução do reconhecimento em menor prazo e com menos custo.
3.2.2 SONDAGEM MISTA COM SONDAGEM ROTATIVA
A sondagem mista é a conjugação do processo à percussão associado ao
processo rotativo (não importando a ordem dessa associação). Por
exemplo,quando nas sondagens SPT os processos manuais forem incapazes
de perfurar solos de alta resistência, matacões ou blocos de natureza rochosa,
usa-se o processo rotativo como instrumento complementar. Os avanços são
realizados através de uma sonda e de hastes metálicas dotadas naextremidade
de um barrilete amostrador com uma ferramenta cortante na ponta. A operação
da sondagem rotativa se faz por ciclos sucessivos de corte e retirada de
amostras(testemunhos) do interior do barrilete, procedimento este denominado
manobra.
A sondagem rotativa é usada quando há uma cobertura de material terroso
(solo) sobre o maciço rochoso no local onde será executada a sondagem
rotativa. Neste caso, quando a perfuração que iniciou com a sondagem a
percussão encontra uma resistência do material que atinge 50 golpes para 30
cm no ensaio SPT, inicia-se então a perfuração com a sondagem rotativa.
O obstáculo encontrado é perfurado por meio de um amostrador (barrilete) com
uma broca rotativa acoplada na extremidade de uma haste oca. As brocas são
estruturas metálicas muito resistentes, constituídas em aço nas quais estão
incrustados pequenos diamantes industriais ou pedra de vídia. As brocas são
escolhidas em função da dureza da rocha a perfurar, e do diâmetro do furo que
se pretende abrir.
O movimento rotativo é produzido por um operário ou um motor (elétrico ou a
combustão) transmitindo torque à broca por meio de uma combinação de
redutor e hastes protegidas por uma sequência de tubos de aço (revestimento);
22
à medida que a perfuração avança mais hastes e revestimentos vão sendo
adicionados ao conjunto por enroscamento.
Uma corrente de água é injetada sob pressão por uma bomba no interior da
haste, jorrando no interior da broca fazendo o resfriamento e lubrificação,
retornando à superfície os fragmentos das rochas perfuradas através dos
revestimentos e do furo aberto pela broca, o que permite fazer a recolha
daqueles fragmentos de rocha como amostras no caso de testemunhos
deteriorados não se alojarem no interior do amostrador.
3.2.3 FINALIDADE
Através desse método pode-se indicar o tipo de rocha, grau de alteração,
fraturamento, coerência, xistosidade, porcentagem de recuperação, além do
índice de qualidade da rocha.
A sondagem mista reúne as finalidades de cada sondagem componente e deve
ser executada, sob aprovação da fiscalização, quando as condições de solo
ocorrente, lençol freático, custo operacional e informações desejadas indicarem
reais vantagens para tal prática.
Sua execução é recomendada, dentre outras em:
Terrenos com presença de blocos de rocha e de matacões;
Área de tálus (matacões erráticos em maciços terrosos);
Área de concreções lateríticas;
Área de rejeito de pedreira;
Área de bota fora, etc...
3.2.4 CLASSIFICAÇÃO
De maneira geral, as sondagens mistas podem ser dos seguintes tipos:
a) trado/percussão/rotação (STP, SPR);
b) pá-e-picareta/trado.
23
3.2.5 PRINCIPAIS VANTAGENS
Atravessar camadas impenetráveis a percussão (por exemplo
pedregulho ou mataco em meio ao solo), e continuar a caracterização
SPT;
Atinge grandes profundidades, de acordo com necessidade do cliente;
Disponíveis no diâmetro BW e NW;
Permite Ensaios de Infiltração e Ensaios de Perda d’Água;
3.2.6 EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS
Utilizam sondas que compreendem uma base metálica onde se alojam um
motor e um cabeçote ligados por um elemento de transmissão, um fuso e um
guincho. O motor é geralmente a diesel e o cabeçote transforma o movimento
de rotação do motor em rotação de uma haste vertical que o atravessa. Esta
haste além do movimento de rotação sofre um avanço mecânico ou hidráulico
(recuo ou avanço); Injeta-se água sob pressão através da parte interna das
hastes (ocas) a qual saindo pelo barrilete amostrador remove os detritos de
perfuração e resfria a coroa; Tal como no processo de perfuração à
percussão,quando as paredes do furo, mostrarem-se instáveis pondo em risco
a coluna de perfuração (que poderia ficar presa),ou quando atravessando
camadas permeáveis ou bastante fraturadas gerando grande perda de
água,utilizam-se de tubos de revestimento com diâmetro nominal maior que
das hastes.
Os principais equipamentos e ferramentas que compõem um
equipamento de sondagem rotativa (mista) são: tripé, sonda rotativa, bomba
d’água, hastes, barriletes, coroas, luvas alargadoras, tubos de revestimento e
demais acessórios e ferramentas necessárias à execução de sondagens
rotativas, além dos equipamentos exigidos para sondagens à percussão (SPT),
entretanto, o equipamento de percussão deverá ser provido de tubos de
24
revestimento de grande diâmetro (mínimo O 4” a 6”), a fim de permitir maior
alcance para a perfuração.
3.2.7 EXECUÇÃO
Na maioria dos casos as sondagens mistas iniciam-se em solo, pelo método à
percussão. Ao ser atingido o impenetrável à percussão é preciso então revestir
o comprimento já sondado com o tubo de revestimento de rotativa. O
revestimento H pode ser introduzido por dentro do de diâmetro 6” , enquanto
que o revestimento N só pode ser colocado no interior do furo de diâmetro 4”,
após o arrancamento deste.
Quando o novo revestimento atinge a profundidade impenetrável a percussão,
a operação prossegue como já descrito nas sondagens rotativas. Tão logo o
sondador percebe a mudança de material (rocha para solo), interrompe a
manobra e o furo prossegue por percussão com medida do índice de
resistência à penetração, anotando no boletim a profundidade em que ocorreu
a passagem.
Encontrando o segundo obstáculo impenetrável a percussão é necessário
voltar ao processo rotativo, devendo-se para isso revestir o trecho ainda não
revestido com tubos de diâmetro imediatamente inferior ao que está no furo. O
segundo obstáculo será perfurado com barrilete de mesmo diâmetro do
revestimento que está no furo.
De acordo com as disposições dos revestimentos, barriletes e sapatas de
revestimento, constata-se que o ensaio de resistência à penetração, devido às
dimensões do amostrador de Terzaghi-Raimond (SPT) só poderão ser
executados, no interior, perfurações realizadas com coroas de diâmetro BX
(59,94 mm) ou maior.
Caso o furo já esteja com revestimentos de diâmetros menores do que BX, há
necessidade de perfuração para alargamento do furo e posterior determinação
do SPT.
25
Figura 14 - Coluna de Perfuração de Sondagem Mista
3.2.8 APRESENTAÇÃO DA SONDAGEM
Na figura abaixo consta um perfil de sondagem mista, onde constam a representação gráfica da recuperação, de RQD e do índice de resistência penetração.
26
Figura 15 – Perfil Individual da Sondagem Mista.
27
Figura 16 - Sondagem mista em projeto de rodovia.
Figura 17 - Sondagem mista em projetos de linhas de transmissão.
28
Figura 18 - Sonda modelo Mach 700, executando sondagem mista para projeto de túnel.
29
4. CONCLUSÃO
Através dos dados fornecidos pelas sondagens, como os índices de resistência
á penetração, recuperação, RQD, camadas subjacentes do subsolo,
caracterizadas pelas suas classificações, podemos obter uma correlação, que
permita uma análise positiva, não apenas do tipo de fundação, mas também o
seu comprimento, pelo estudo da interação solo rocha.
Em sondagens, fundações e estruturas, importa mais, a qualidade do
que os custos. São de difícil recuperação, os insucessos nestas fases, logo
deverão ser bem executados – tanto sondagens como fundações. Em geral, o
custo relacionado a investigação do subsolo corresponde aproximadamente a
0,5 a 1% do valor da obra.
30
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Autor desconhecido. Sondagem Rotativa e Sondagem Mista. Solo e Rocha – Sondagens e Engenharia.
Disponíveis em: http://www.soloerocha.com.br/sondagem-rotativa http://www.soloerocha.com.br/sondagem-mista
Autor desconhecido. Sondagem Rotativa. TEC GEO – Sondagens e Fundações.
Disponível em: http://www.tecgeo.com.br/servicos/sondagens-rotativas-9
LAFAYETTE, Kalinny. Métodos diretos de prospecção. 2010.
Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABgMAAI/texto-finalizado
Autor desconhecido. Método de Investigação do Subsolo com ênfase para Sondagem à Percussão. FATEC Edifícios, 2003.
ZINGANO, André. Investigações Geológicas. 2006.
Disponível em: http://www.lapes.ufrgs.br/discpl_grad/geologia2/material/area2_InvestigacaoGeologica_rlp.pdf
31