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Como utilizar este guia 6
Introdução aos vinhos do mundoO mundo do vinho 10
História e cultura do vinho 14
O que é terroir? 22
Cepas 26
No vinhedo 34
Na vinícola 38
Tipos de vinho 42
Países vitivinicultoresFrança 46
Bordeaux 58
Borgonha 88
Vale do Rhône 118
Sul da França 136
Vale do Loire 150
Champagne 164
Alsácia 176
Itália 184Noroeste da Itália 194
Nordeste da Itália 214
Um livro Dorling Kindersleywww.dk.com
Produzido para DK por Departure Lounge • DIRETORASEDITORIAIS: Georgina Matthews, Ella Milroy • DIRETORA DEARTE: Lisa Kosky • EDITORA DE PROJETO: Kelly Thompson •EDITORA: Debbie Woska • ASSISTENTE EDITORIAL: CarolineBlake • DESIGNERS: Juliane Otterbach, Lee Redmond,
Clare Tomlinson • MAPAS: Draughtsman Ltd.
Título original:Eyewitness Companions: Wines of the WorldCopyright © 2004 Dorling Kindersley Ltd
Reimpresso com revisões em 2005Copyright da edição brasileira © 2007:
JORGE ZAHAR EDITOR LTDA.r. México 31 slj 20031-144 Rio de Janeiro, RJ
tel.: (21) 2108-0808 • fax: (21) 2108-0800e-mail: [email protected] • site: www.zahar.com.br
Edições anteriores: 2006, 2007Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizadadesta publicação, no todo ou em parte, constitui violação
de direitos autorais. (Lei 9.610/98)
PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS: Maria Helena Torres • REVISÃOTIPOGRÁFICA: Elisabeth Spaltemberg • Michele Mitie
Sudoh • COMPOSIÇÃO: Leo BoechatTodos os esforços foram feitos para garantir que este livro
esteja o mais atualizado possível no momento da impressão,porém alguns dados podem sofrer alterações. Os editoresnão se responsabilizam por conseqüências resultantes deseu uso, nem por material de sites de terceiros. Númerostelefônicos não incluem código de discagem internacional.
Reproduzido por Colourscan, CingapuraImpresso por South China Printing Company Ltd., China
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
Sumário
Vinhedo do Vale do Napa, Califórnia, EUA
Vinhos do mundo / consultant Susan Keevil; consul-toria Geoff Adams… [et al.]; consultoria para ediçãobrasileira Paulo Nicolay; tradução Carolina Alfaro, com acolaboração de Michel Teixeira. – 3ª- ed. – Rio de Janeiro :Jorge Zahar Ed., 2008
il.
Tradução de: Eyewitness companion: wines of the worldContém glossárioISBN 978-85-7110-905-6
1. Vinho e vinificação – Guias. 2. Vinho e vinificação –História.
CDD 641.22CDU 641.87:663.2
V79
08-0743.
5
Califórnia 478
Noroeste dos EUA 508
Estado de Nova York 520
Chile & Argentina 530
Austrália 552Austrália Meridional 560
Nova Gales do Sul 574
Victoria & Tasmânia 588
Austrália Ocidental 602
Nova Zelândia 612
Outros países vinicultores 628
ReferênciaComo ler um rótulo 642
Como comprar vinhos 644
Armazenagem &serviço dos vinhos 646
Degustação 648
Harmonização devinho & comida 652
Glossário 656
Referências adicionais 664
Índice remissivo 666
Agradecimentos 685
Itália Central 236
Sul da Itália & as ilhas 268
Espanha 286Norte da Espanha 292
Centro & Sul da Espanha 314
Portugal 324
Alemanha, Áustria & Suíça 344Alemanha 346
Áustria & Suíça 370
Centro & Leste Europeu 386Hungria 392
Romênia 398
Bulgária 402
República Tcheca& Eslováquia 406
Eslovênia & Croácia 412
Sudeste Europeu 418Grécia 424
Líbano, Israel & Turquia 432
África do Sul 440Península do Cabo& arredores 456
EUA 470
14I N T R O D U Ç Ã O A O S V I N H O S D O M U N D O
O MUNDO ANTIGO
OVINHO ESTÁ FIRMEMENTE estabelecido noâmago da civilização desde a
Antigüidade. A evidência mais remota deagricultura revela vinhas entre os cultivos.Do “berço da viticultura” (Armênia, Geórgiasoviética e costa do Mar Negro), o plantioda vinha cruzou o Egito, a Grécia e chegoua outras partes da Europa, se desenvolveue fez-se necessidade alimentar, social, eco-nômica e cultural.
EUROPE
AFRICA
SOUTH AMERICA
NORTH AMERICA
AUSTRALIA
ASIA
The Middle Ages and Renaissance
Into The Golden Age
The Modern Age
ITALY GREECE
EUROPE
AFRICA
SOUTH AMERICA
NORTH AMERICA
AUSTRALIA
ASIA
FRANCE
SPAIN
Mediterranean Sea
Black Sea
LEGENDA
Disseminação da viticultura até o séc. I
Transporte de vinho por rio Os rios Rhône e Mosel foram rotas de comércio de vinhosna França e na Alemanha. Os barris de madeira, comoesses gravados na tumba de comerciante de vinhos emNeumagen, começaram a ser usados por volta do séc. II.
<
Ânfora grega Usadas para fermentar,envelhecer, armazenare transportar vinho,havia ânforas de diversas formas, tamanhos e dese-nhos que refletiama origem e as aspira-ções do produtor. Essaé de Chipre, c.540 a.C.
>
Dioniso, deusdo vinho
Os gregos bebiam aodeus Dioniso (ilustra-do na travessa à es-querda) para afastaras preocupações –
tradição herdada pelosromanos, que chama-
ram seu deus de Baco.
<
1000 a.C.
LINHA DO TEMPO
6000 a.C.
7000 a.C.Primeira evidênciade vinhas cultivadasintencionalmente naGeórgia soviética
3150 a.C.Jarros de vinho enterra-dos com o rei egípcioEscorpião I, contendovestígios de vinho
5000 a.C.Mais antiga evidênciade armazenagem devinho, nas montanhasde Zagros, oeste do Irã
2750 a.C.O vinho é mencionadoem textos escritos emargila na cidade de Ur,Mesopotâmia
1750 a.C.As leis do rei babilô-nico Hammurabi re-gulam o comérciovarejista de vinho
186 a.C.O culto ao deus Baco é ba-
nido de Roma por ser ex-cessivamente libertino
300 a.C.A Grécia começa a dominar a
“indústria” vinícola mediterrânea,disseminando-a na Itália,
no sul da França e naPenínsula Ibérica
1600 a.C.Evidências de prensa de vinhoem Palaikastro, Creta, cujos go-vernantes micenianos levarama viticultura à Grécia continental
2000 a.C.
Ânforaromana
1500 a.C.São feitos no Egito os primeiros re-cipientes de vidro oco, mais tardefabricados e usados em grande es-cala pelos romanos
15H I S T Ó R I A E C U L T U R A D O V I N H O
VINHO & CRISTIANISMO
VINDIMA EGÍPCIAHá registros detalhados dos métodos egípcios decolheita, produção e transporte de vinho em pintu-ras como essa, da tumba de Nakht (1500 a.C.), naantiga Tebas. Muitas técnicas aqui ilustradas aindasão usadas hoje.
>
A História Natural de PlínioO escritor romano Plínio, o Velho (23-79 d.C.) catalo-
gou minuciosamente os vinhos de sua época por qua-lidade, variedade e país de origem, fornecendo valio-sas informações sobre as práticas vinícolas de então.
>
Baco no VesúvioQuando o Vesúvio en-
trou em erupção em 79d.C., destruindo Pompéiae os vinhedos que a ro-deavam, os romanos bus-caram urgentemente no-vas fontes de vinho, e ospreços subiram. Provaspreservadas de Pompéia,como essa pintura em pa-rede, do séc. I, mostram oquanto o culto a Baco eraimportante para eles.
<
As vinhaseram cultivadas
em pérgulasaltas no fértil
delta do Nilo, eas uvas, coleta-das em cestas
de palha.
Uvas pretas esumo escuroaparecem na
maioria daspinturas, indi-
cando que es-sas uvas eram
pisadas para seextrair a tinta.
Séc. IOs romanos intro-duzem a viticulturana região deBordeaux
92–280 d.C. O imperador romano Domiciano proíbe a planta-ção de novas vinhas na Itália, visando impedir gra-ve carência de grãos. A proibição é revertida em280 d.C. e os vinhedos seexpandem na França
300 d.C. Barris superam aânfora como re-cipientes paratransporte
65 d.C.O espanhol Columellaregistra os princípiosda viticultura no livroDe Re Rustica
300 d.C.O vinho está incorporadona Eucaristia cristã
79 d.C.A erupção do Vesúviodestrói o porto paraembarque de vinhode Pompéia
ImperadorDomiciano
Vesúvio em erupção
100 d.C. 200 d.C. 300 d.C.
A tradição da Eucaristia cristã (emque o vinho simboliza o sangue deCristo, e o pão, seu corpo) tem raí-zes complexas. A representação dovinho como sangue tem origensgregas anteriores ao Cristianismo.O uso do vinho como bênçãotambém faz parte do ritual judaico.O milagre de Cristo, que transfor-mou água em vinho (nas bodas deCaná) remete às festas romanas,em que, acreditava-se, Baco teriafeito o mesmo. A Eucaristia cristãatingiu sua forma atual no séc. IV,mas há imagens mais antigas.
350 d.C. Os vinhedos já es-tão bem estabele-cidos nos vales doTrier e do Mosel,na Alemanha
89
BORGONHA
F R A N Ç A
< Mosaico de pequenas seções de vinhas borgonhesas
Colheita de uvas em Nuit-St-Georges, Côte de Nuits
MAIS DO QUE qualquer outra região vinícola da França, a Borgonha destilou
na vinicultura toda sabedoria e experiência de sua história. Estabelecidos
por poderosos monastérios a partir do séc. VII, os vinhedos foram cultiva-
dos por homens que conhecem cada nuança do solo. O vinho borgonhês, apadri-
nhado pela realeza ao longo dos tempos, é celebrado por sua elegância e sutileza.
Os vinhedos da Borgonha (Bourgogne)localizam-se em uma faixa estreita desdeChablis até os subúrbios de Lyon. Comos anos, eles foram hierarquizados,começando pelos que produzemos bourgognes simples, de solosmais básicos, passando pelos villa-ges, cujos vinhos levam os nomesdas muitas vilas e comunas, e che-gando aos premiers e grands crus,que produzem os vinhos mais fi-nos e longevos da Borgonha.
Não é fácil entender por que umvinhedo é um grand cru enquanto seu vi-zinho é um mero village, mas essas dis-tinções permanecem e estão relaciona-das ao terroir, uma combinação um tantomisteriosa de tipo de solo, microclima, ex-posição, suscetibilidade a geadas, entreinúmeros outros fatores que afetam dire-tamente o desempenho de cada terreno.
Complexas leis de sucessão determina-das pelo código napoleônico obrigamque as terras sejam divididas igualmenteentre os filhos do falecido. Por isso, as
propriedades foram desmembradas entrenumerosos herdeiros, e os vinhedos fica-ram reduzidos a pequenos terrenos com
não mais que uma linha ou duas devinhas nas regiões grand cru. Porisso, as vinícolas da Borgonha ten-
dem a ser pequenas (de 5 a 15ha)e fragmentadas, obrigando a maioria
dos produtores a vinificar e comercia-lizar vinhos de 10 ou mais denomina-
ções. Algumas das maiores viníco-las são de négociants (ver p.97),que complementam suas colheitas
comprando de pequenos produtores paracriar um volume considerável de vinhoscom grande demanda.
Considerando isso, a viticultura na Bor-gonha pode parecer incrivelmente com-plicada, mas sob um aspecto é bemsimples. Apenas 3 cepas são cultivadas:praticamente todos os vinhos brancossão Chardonnay; a Pinot Noir é a uva tin-ta encontrada na maioria dos vinhedos;a outra é a suculenta, embora menos re-finada, Gamay, cultivada em Beaujolais.
UvasChardonnay
4 8∞
4 7∞
4 6∞
Côte
d’ O
r
MarsannayGevrey-ChambertinMorey-St-Denis
Chambolle-MusignyVosne-Romanée
Nuits-St-Georges
Juliénas St Amour
Moulin-à-VentChénasFleurie
ChiroublesMorgon
Brouilly Côte de BrouillyRégnié
Montagny
GivryMercurey Rully
Santenay
Pouilly-Fuissé Viré-Clessé
Aloxe-CortonVolnay Pommard
Pernand-VergelessesSavigny-lès-Beaune
BeauneAuxey-DuressesMeursaultPuligny-MontrachetChassagne-Montrachet
DIJON
LYON
Auxerre
Irancy
Arco
nce
Loire
Saôn
Yonne
SereinArm
ançon
Arro
ux
Yonne
SenaOurce
Saône
Ouche
F R A N Ç A
MAPA DO VINHO NA BORGONHA
ABORGONHA ABRANGE ÁREA de 175km desde Chablis,ao norte, até Beaujolais, ao sul. Com exceção da
primeira, que fica isolada do resto da região, os vinhe-dos são praticamente contínuos e fazem parte de 6AOCs, cada uma com características próprias. As demaior prestígio ficam em Côte de Nuits e Côte deBeaune, que juntas formam a Côte D’Or, a famosa“Colina Dourada” entre Dijon e Chagny.
Vinhedo murado em Clos-St-Jacques, Gevrey-
Chambertin, Côte de Nuits
QUANDO BEBER UM BORGONHA
Quanto mais simples a denominação, mais jovem o vi-nho pode, e deve, ser consumido. Um bourgogne bá-sico pode ser degustado logo que for distribuído; vi-nhos de village normalmente ficam melhores após 2ou 3 anos na garrafa; e os premiers e grands crus me-lhoram com o envelhecimento, ganhando aromasmais complexos. Os melhores borgonhas tintos podemser guardados por até 30 anos, embora o limite razoá-vel seja 10. Um borgonha branco de qualidade podeser degustado com prazer aos 5 anos de idade.Devido aos efeitos do aquecimento global e a maiorênfase na colheita de uvas bem maduras, já não é es-sencial envelhecer esses vinhos. As uvas não totalmen-te amadurecidas tinham taninos duros que precisavamde anos para se suavizar. Agora, a colheita tardia e astécnicas modernas de vinicultura garantem taninosmais suaves, deixando o vinho mais rico e elegante.
90
LEGENDA
Borgonha
91
0 km 50
Saôn
eD
oubs
B O R G O N H A
Château de la Maltroye, Chassagne-
Montrachet, Côte de Beaune
Vinhos da Côte d’Or
Detalhe do Baco do négociant
Louis Jadot, Côte de Nuits
BORGONHA: ÁREAS &PRINCIPAIS PRODUTORES
UMA VISÃO DO TERROIR
Latitude: 45,5-48ºN.
Altitude: 175-500m.
Topografia: Os vinhedos mais fa-mosos se estendem ao longo de50km na Côte D’Or. As escarpas,cortadas por riachos, descem dasencostas e se juntam ao rioSaône. A exposição e o ângulo dodeclive são fundamentais.
Solo: Predominam os de calcário,um pouco de argila, granito e areia.
Clima: Continental moderado, inver-nos frios e secos, e verões quentes.Setembro é agradável, o que ajudao pleno amadurecimento das uvas.
Temperatura: A média em julhoé de 20°C.
Chuvas: A média anual é de690mm. Chuvas fortes em maio,junho e outubro.
Riscos: Geada; míldio; granizo;chuva na colheita.
DISTRITO DE CHABLIS p.92Domaine Billaud-Simon p.94Domaine François & Jean
Marie Raveneau p.94Domaine Jean-Paul & Benoît
Droin p.94Domaine Laroche p.94Domaine Louis Michel p.94Domaine Vincent
Dauvissat p.95Domaine William Fèvre p.95Jean-Marc Brocard p.95La Chablisienne p.95Maison Pascal Bouchard p.95
CÔTE DE NUITS p.96Domaine Armand
Rousseau p.98Domaine Bernard Dugat-Py p.98Domaine Bruno Clair p.98Domaine Comte Georges de
Vogüé p.98Domaine de la Romanée-
Conti p.101Domaine de la Vougeraie p.99Domaine Denis Mortet p.99Domaine des Lambrays p.99Domaine Dujac p.99Domaine Georges
Roumier p.99Domaine Henri Gouges p.100Domaine Jean Grivot p.100Domaine Leroy p.100Domaine Méo-Camuzet p.100Louis Jadot p.100
CÔTE DE BEAUNE p.102Bouchard Père & Fils p.104Château de la Maltroye p.104Domaine Albert Morot p.104Domaine Bonneau du
Martray p.104Domaine Chandon de
Briailles p.104Domaine Charles & Rémi
Jobard p.105Domaine des Comtes Lafon
p.105Domaine du Château de
Chorey p.105Domaine du Comte
Armand p.105Domaine Étienne Sauzet p.106Domaine Françoise & Denis
Clair p.106Domaine Jacques Prieur p.106Domaine Jean-François
Coche-Dury p.106Domaine Leflaive p.106Domaine Marc Colin & Fils p.106Domaine Michel Bouzereau
& Fils p.107Domaine Michel Lafarge p.107Domaine Vincent Girardin p.107Olivier Leflaive p.107
CÔTE CHALONNAISE &MÂCONNAIS p.110
Antonin Rodet p.112Domaine du Clos Salomon
p.112Domaine Faiveley p.112Domaine François Lumpp p.112Domaine Henri & Paul
Jacqueson p.112Domaine Michel Juillot p.113Château de Fuissé p.113Domaine de la Bongran p.113Domaine Guffens-Heynen
p.113Domaine J A Ferret p.113
BEAUJOLAIS p.114Château des Jacques p.116Domaine Calot p.116Domaine de la Madone p.116Domaine des Terres
Dorées p.116Domaine Émile Cheysson p.116Domaine Louis-Claude
Desvignes p.117Duboeuf p.117Jean-Marc Burgaud p.117Maison Mommessin p.117Paul & Eric Janin p.117
92F R A N Ç A
ÁREAS VINÍCOLAS DO DISTRITO DE CHABLIS
CHABLIS FICA NO EXTREMO NORTE da Borgonha eproduz exclusivamente vinho branco. A regiãoé uma importante área vinícola há pelo me-nos 1.400 anos, inicialmente abastecendo ossedentos consumidores de Paris. No final doséc. XIX, havia mais de 40.000ha de vinhedos.Entretanto, a filoxera, doenças e a concorrên-cia de outras regiões provocaram drástico de-clínio. O panorama mudou apenas nestas últi-mas décadas, e, mesmo assim, a área vinícolaatual está restrita a cerca de 4.000ha.
O nome Chablis já foi muito mal usado, sen-do adotado na Califórnia e em outros lugarescomo sinônimo de vinho brancoseco. Essa “homenagem” aindanão foi bem digerida na região,cujos produtores se orgulhamdo caráter inimitável de seus vi-nhos. Feitos somente deChardonnay, são muito secos, masnão agressivos, metálicos, mas nãoausteros, ricos, mas não pesados, e sua misturade fruta madura e nuanças minerais os tornasublimes acompanhando frutos do mar ou pei-xes grelhados. Suas qualidades derivam do cli-ma característico do norte, que propicia a altaacidez, e do solo de pedra calcária porosa ondesão cultivadas as melhores vinhas.
Como acontece em toda a Borgonha, Chablisdivide-se em uma hierarquia de vinhedos, co-meçando pelo AOC Petit Chablis e o genéricoAOC Chablis, e chegando ao AOC Premier CruChablis e o AOC Grand Cru Chablis.e pedra calcária kimmeridgiana
G Chardonnay g branco
Colheiteiros de uvas Chardonnay no distrito de Chablis
Petit ChablisESSA É, AO OLHAR DE fãs dos borgonhas, uma ca-tegoria um pouco suspeita, pois o solo em queas cepas de Petit Chablis são cultivadas muitasvezes não possui a grande concentração de cal-cário encontrada em outros lugares da região.Mesmo assim, os Petit Chablis são puraChardonnay e também podem ter um bom va-lor, apesar de raramente alcançarem níveis muitoaltos. Devem ser consumidos jovens e frescos.
ChablisO CHABLIS GENÉRICO, produzido em cerca de
3.000ha de vinhedos, é de longea mais importante denomina-ção em termos de quantidade.Apesar de a região ter crescidobastante em extensão nas últi-mas décadas, seus vinhos não
parecem ter perdido qualidade.
Premier Cru ChablisCHABLIS TORNA-SE INTERESSANTE a partir do nívelpremier cru, mas também fica complicadapois há mais de 40 vinhedos dispersos pelaregião, variando consideravelmente em expo-sição e gradiente. O número é alto porque pe-quenos setores dentro de vinhedos premiercru são reconhecidos como denominaçõespremier cru, ou lieux-dits. Por exemplo, produ-tores com vinhas em Fourchaume, uma deno-minação premier cru bem conhecida, podemescolher usar em seus rótulos o nome do vi-nhedo inteiro ou o de seu setor (que podeser Vaupulent, Côte de Fontenay, Vaulorent ou
Rótulo de La Chablisienne
93B O R G O N H A
L’Homme Mort). Na prática, a maioria dos pro-dutores prefere usar o nome mais conhecidopor uma questão de marketing.
Um premier cru de Chablis em geral temmais complexidade mineral que um simplesChablis ou Petit Chablis — acidez revigorante esílica, lembrando pedra — e precisará de 2 ou3 anos na garrafa para apresentar toda a suacomplexidade de aromas. Uma bela safra deum grande produtor faz com que esses vinhosenvelheçam bem por décadas, assumindo co-loração dourada e sabor mais agradável.
Os outros premiers crus são Montée deTonnerre (incluindo Chapelot e Pied d’Aloup);Mont de Milieu (incluindo Morein, Fourneauxe Côte des Prés Girots); Vaucoupin, Beauroy(incluindo Troesmes); Côte de Léchet; Vaillons(incluindo Châtains, Sécher, Beugnons, LesLys, Mélinots, Roncières e Les Épinottes);Montmains (incluindo La Forest e Butteaux);Vosgros (incluindo Vaugiraut); Vau Ligneau;Vau-de-Vey (incluindo Vaux Ragons) e mais al-guns raramente identificados nos rótulos.
Grand Cru ChablisOS GRANDS CRUS DE CHABLIS têm características si-milares às dos premiers crus, mas em patamarainda mais alto. São os vinhos mais ousados, ri-cos e complexos da região, e vale a pena guar-dá-los — seu ápice chega aos 10 anos. As sa-fras dos grands crus são menores que as deoutros pontos de Chablis. Seus vinhedos so-mam apenas 106ha, 3% da produção total daregião, o que os torna relativamente escassos eeleva seus preços. Por ficar no norte, Chablistem dificuldades com o amadurecimento das
uvas. Enquanto os vinhedos premier cru sãodispersos, os grands crus ocupam apenas umafaixa ao longo de uma encosta de orientaçãosudoeste, cujo mesoclima proporciona amadu-recimento relativamente rápido. Existem ape-nas 7 grands crus: o Les Clos é o maior e maisconhecido; os outros são Bougros, Les Preuses,Vaudésir, Grenouilles, Valmur e Blanchot.
Irancy & Sauvignon de St-BrisENTRE CHABLIS E A CIDADE de Auxerre, oficial-mente fora da AOC de Chablis, há uma re-gião de vinhedos de Pinot Noir. O mais co-
nhecido é o Irancy, que temsua própria AOC. Os vinhosproduzidos em outros lugaressão vendidos como bourgog-ne rouge ou vinificados comoespumantes sob o rótuloCrémant de Bourgogne. Sãocharmosos e delicados embons anos, mas ficam mais li-geiros em safras mais frias.Há ainda uma anomalia local,a Sauvignon de St-Bris, cepaque, como o próprio nomediz, não é Chardonnay, masSauvignon Blanc, e produz vi-nhos cítricos e de bom valor.
ENVELHECER OU NÃOEM CARVALHO?
Não há consenso sobre quanto tempoum vinho Chablis deve ser envelhecido.Alguns vitivinicultores mantêm os métodostradicionais, envelhecendo os vinhos embarris de carvalho antigos, outros vinificame envelhecem somente em aço inoxidá-vel, e outros poucos usam carvalho novo.O carvalho velho aera e enriquece o vinhosem transmitir seus sabores; o carvalhonovo confere um brilho tostado de bauni-lha; e o aço inoxidável mantém a purezada fruta e a clara distinção entre os vinhe-dos. Se usado em excesso, o carvalho no-vo pode sufocar a qualidade revigorante,mineral e refrescante que torna os Chablistão especiais. Muitas propriedades têmuma abordagem não dogmática, combi-nando métodos diferentes para cada tipode vinho. Essa é uma questão mais deestilo do que de qualidade. Infelizmente,pelo rótulo, não há como saber como osvinhos foram vinificados ou envelhecidos.
Vinícola de Jean-Marc Brocard e igreja de Préhy, Chablis
94F R A N Ç A
PRINCIPAIS PRODUTORES DO DISTRITO DE CHABLIS
Domaine Billaud-SimonChablis
1 quai de Reugny § 03 86 42 10 33 #
ESSA PROPRIEDADE DE 20HA, aben-çoada com uma das mais ex-tensas e completas seleçõesde premiers e grands crusde Chablis, é hoje dirigidapor Bernard Billaud e seusobrinho Samuel, que cria-ram uma das vinícolas commais tecnologia de pontada região. Quase todosos vinhos são envelheci-dos em aço inoxidável,embora alguns crus, co-mo o Mont de Milieu eo Blanchot, envelhe-çam um pouco emcarvalho. Sua marca re-gistrada é a pureza e acomplexidade mineral.g branco I 2002, 2000,
1998, 1996, 1995
• Vaillons, Blanchot
Domaine François &Jean-Marie Raveneau Chablis
9 rue de Chichée § 03 86 42 17 46¢
A RAVENEAU POSSUI SOMENTE 8hade vinhedos, todos em pontosespetaculares, produzindoapenas premiers e grandscrus. Os vinhos são fermenta-dos em tanques e parcialmen-te envelhecidos em madeiraantiga. Antes do engarrafa-mento, lotes diferentes domesmo vinho são misturadospara garantir que o equilíbrioseja consistente. O resultado éum Chablis clássico: mineral eaté austero em sua juventude,mas desabrocha com a idadee adquire complexidade rica eamendoada. O Les Clos é emgeral o vinho mais elegante elongevo, mas a produção é li-mitada, e a demanda, alta.g branco I 2002, 2000, 1998, 1996,1995 • Butteaux, Les Clos, Blanchot
Domaine Jean-Paul & Benoît DroinChablis
14 bis rue Jean-Jaurès § 03 86 4216 78 ∑ www.jeanpaul-droin.fr #
JEAN-PAUL DROIN é um dos maiscriativos vinicultores da região e
o feliz proprietário de terre-nos em quatro grands crus:Blanchot, Les Clos, Valmur eVaudésir. Droin defendeupor muito tempo a fermen-tação e o envelhecimentoem carvalho novo até osanos 90, quando se ren-deu às críticas de queos aromas de madeiraem seus vinhos eramdominantes demais.Hoje eles são muitomais balanceados, comapenas nuanças e nãosabor de carvalho, justi-ficando seu preço altopela forma impecável einfinita complexidade.
g branco I 2002, 2000, 1998,
1996, 1995 • Vaucoupin, Les Clos
Domaine LarocheChablis
22 rue Louis Bro § 03 86 42 89 00∑ www.michellaroche.com #
MICHEL LAROCHE é um ho-mem de ambição e energiaprodigiosas. Dono de cercade100ha emChablis, ele sa-
DomaineBillaud-Simon
Rótulo de grand cru da Domaine Jean-Paul & Benoît Droin
be combinar como poucostino comercial e alta qualida-de em todos os níveis, des-de o rótulo genérico Chablis(St-Martin) até seus suntuo-sos grands crus. Larochevem envelhecendo seusprincipais vinhos há mais de20 anos e, em 1991, criou oRéserve de l’Obédience, vini-ficado com carinho especiala partir de algumas das maisantigas vinhas de Blanchot edistribuído a preços altos.g branco I 2002, 2000, 1998,
1996, 1995 • St-Martin,
Fourchaume, Réserve de l’Obédience
Domaine Louis MichelChablis
9 blvd de Ferrières § 03 86 42 88 55#
LOUIS MICHEL e seu filho Jean-Loup possuem cerca de20ha em Chablis, situadosprincipalmente nos premierscrus de Montmains e Montéede Tonnerre. Todos os vinhossão envelhecidos somenteem aço inoxidável, o que aju-da a preservar a fruta e o vigor primários. Sem o enve-lhecimento em carvalho, tam-bém é mais fácil manter a individualidade de cada cru.Os preços são muito justos. g branco I 2002, 2000, 1998, 1996,
1995 • Montmains,
Vaudésir
95
Domaine René &Vincent DauvissatChablis
8 rue Émile Zola § 03 86 42 11 58 ¢
O INCANSÁVEL Vincent Dauvissatherdou do pai o talento para avinicultura, mantendo-se co-mo um dos melhores e maistradicionais produtores da re-gião. Dauvissat acredita queum longo período de amadu-recimento acentua as nuan-ças minerais, por isso todosos seus vinhos são fermenta-dos e envelhecidos em carva-lho antigo, cuja conseqüênciaé uma sensível perda do no-tório sabor de uva. Entretanto,esses são vinhos para enve-lhecimento que após 5 anosrevelam equilíbrio e complexi-dade irretocáveis.g branco I 2002, 2000, 1998, 1996,
1995 • La Forest, Vaillons, Les Clos
Domaine William FèvreChablis
21 ave d’Oberwesel § 03 86 98 98 98 #
EM 16HA, William Fèvre possuimais vinhas grand cru do quequalquer outro produtor deChablis. Em 1998, suas terrasforam vendidas à empresaBouchard Père & Fils (verp.104), que, em poucos anos,pôs seus vinhos entre os maisexuberantes da região, rica-mente frutados e maravilhosa-mente variados em cada cru.Os vinhos de Fèvre costuma-vam ter carvalho em exces-so, mas a técnica é usada deforma mais moderada e há-bil pela equipe atual.g branco I 2002, 2000, 1998, 1996,
1995•Montée de Tonnerre, Blanchots
Jean-Marc BrocardChablis
3 rte de Chablis, Préhy § 03 86 4149 00∑ www.brocard.fr #
TIPOS COMO O INQUIETO Jean-Marc Brocard são raridade em
Chablis. Ele herdou 2ha econstruiu seu império do nada,transformando-os em uma pro-priedade de 80ha onde os vi-nhos são envelhecidos somen-te em aço inoxidável em vezde carvalho, pois ele acreditaque é o solo, e não a madeira,o responsável pela personalida-de dos Chablis. Brocard nãoproduz vinhos de qualidadeapenas nessa região. Fora de-la, é responsável por algunsbourgognes blancs fascinan-tes. A alta produção lhe permi-te cobrar preços acessíveis.g branco I 2002, 2000, 1998,
1996, 1995 • Montée de
Tonnerre, Beauregard
La ChablisienneChablis
8 blvd Pasteur § 03 86 42 89 89 ∑ www.chablisienne.fr #
COM PRODUÇÃO DE mais de500.000 caixas, a maior coo-perativa da região mantémsua qualidade sempre alta.Os preços não são baixos,mas são justos. Além da gran-de seleção de premiers egrands crus, La Chablisienneproduz cortes como o VieillesVignes (de vinhas velhas),que passa por envelhecimen-to em carvalho e é distribuídopronto para o consumo.g branco I 2002, 2000, 1998, 1996,
1995 • Vieilles Vignes, Beauroy
B O R G O N H A
Tanque de aço inoxidável deJean-Marc Brocard
B Domaine Billaud-SimonChablis Blanchot VieillesVignes $$$
B Domaine François & Jean-Marie RaveneauChablis Les Clos $$
B Domaine Jean-Paul &Benoît Droin ChablisVaudésir $$
B Domaine LarocheChablis Réserve del’Obédience $$$$
B Domaine LarocheChablis St-Martin $$
B Domaine Louis MichelChablis $
B Domaine René & Vincent Dauvissat ChablisVaillons $$
B Domaine William FèvreChablis Montée deTonnerre $$
B Jean-Marc BrocardChablis $$
B La Chablisienne ChablisBeauroy $$
B La Chablisienne ChablisVieilles Vignes $$
B Maison Pascal BouchardChablis FourchaumeVieilles Vignes $$
A CAIXA PERFEITA: CHABLIS
Maison Pascal BouchardChablis
Parc des Lys § 03 86 42 18 64 ∑ www.pascalbouchard.fr #
ESSA É UMA das maiores pro-priedades de Chablis, possuin-do (ou arrendando) cerca de100ha de vinhas. A empresainaugurou uma moderna viní-cola em 1995, cujos vinhos sãofiéis a seu estilo, e apenas al-guns dos grands crus possuemum toque de fermentação embarril e envelhecimento emcarvalho. São vinhos para serbebidos jovens, com fruta ricae minerais firmes. Os crusmais finos, ficam melhores seguardados por alguns anos.g branco I 2002, 2000, 1998,
1996, 1995 • Fourchaume Vieilles
Vignes, Les Clos
AS AMÉRICAS
Canadá
DISCRETO, O CANADÁ é um produtor cada vezmais importante. No início dos anos 70, aindústria era dominada por vinhos alcoóli-cos e doces, mas desde a fundação da ino-vadora vinícola Inniskillin, em 1974, ela setransformou, com ênfase na qualidade.
O clima canadense apresenta in-vernos rigorosos, geadas na prima-vera e uma estação de cultivo cur-ta. Os principais vinhedos ficampróximos de lagos, que ajudam amoderar a temperatura. Apesardos vários problemas, o clima éperfeito para o ice wine, vinhocom base no Eiswein alemão feitode uvas como Vidal e Riesling, quecongelam nas vinhas. Colhidas tar-diamente em anos nos quais atemperatura cai abaixo de -8°C, asuvas são prensadas e a água con-gelada é separada do mosto, que então éfermentado e gera um vinho de sobreme-sa extremamente concentrado e sensual. O frio necessário para a produção de icewine ocorre aqui com mais regularidadeque na Alemanha, e o Canadá se tornou o maior produtor mundial desse vinho.
As principais regiões vinícolas são a Pe-nínsula do Niágara, em Ontário, e o Valedo Okanagan, na Colúmbia Britânica. Além do ice wine, elas são especializadasem vinhos brancos de clima frio, fragran-tes e secos, de Riesling, Chardonnay,Gewürztraminer e Pinot Blanc. É mais difí-cil fazer tintos com o clima canadense,mas cada vez mais vinícolas produzem vi-nhos promissores de Pinot Noir, CabernetSauvignon, Merlot e Syrah. f Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah
G Riesling, Chardonnay, Vidal q Península do
Niágara, Vale do Okanagan o Burrowing Owl
Vineyards (www.bovwine.com); Inniskillin
(www.inniskillin.com)
México
A INDÚSTRIA VINÍCOLA MEXICANA se transformourecentemente graças a uma combinação deinvestimentos estrangeiros com produtoreslocais arrojados. A maioria das uvas cultiva-
das é consumida ou usada para brandy,mas o mercado doméstico de vinhos dequalidade está crescendo. Ao sul da
Califórnia, Baja California é o principaldistrito vinícola. Sua sub-região maisfamosa é o Vale do Guadalupe, lardas melhores vinícolas mexicanas, co-mo Monte Xanic, Casa Pedro Domecq
e Château Camou. A especialidade sãoos vinhos tintos, sendo os melhores
de Cabernet Sauvignon, Merlot,Nebbiolo, Petite Syrah ou Zinfandel.A leste de Baja California, Sonaroé outro grande distrito viticultor.
f Cabernet Sauvignon, Merlot, Nebbiolo, Petite
Syrah, Zinfandel G Colombard, Chenin Blanc,
Trebbiano q Baja California, Sonaro
o La Cetto (www. lacetto.com); Monte Xanic
(www.montexanic.com); Casa Pedro Domecq
(www.domecq.com.mx); Château Camou
(www.chateaucamou.com.mx)
APESAR DAS UVAS E DAS FILOSOFIAS EM COMUM, há poucas semelhanças
entre as viniculturas da América do Norte e do Sul. O Canadáenfrenta invernos árticos e temperaturas baixas durante a
época de cultivo. Em Chile (ver p.518), Argentina (p.526), Méxicoe Peru, o principal desafio é o calor excessivo. No Brasil e noUruguai, são as chuvas na época da colheita.
Vale do Okanagan, Colúmbia Britânica, Canadá
Vinícola Aurora, Brasil
636O U T R O S P A Í S E S P R O D U T O R E S D E V I N H O
Ice wine daInniskillin,
Canadá
Brasil
O BRASIL É O TERCEIRO MAIOR produtor de vi-nhos da América do Sul em volume. Hoje,pouco mais da metade dos 60.000ha devinhedos são dedicados ao vinho; o res-tante destina-se ao consumo das uvas.Graças a investimentos externos, vinhaseuropéias clássicas constituem hoje 20%da produção brasileira. A maioria dos vi-nhedos está no sul, em torno da região daSerra Gaúcha, em grande altitude, e faz vi-nhos brancos e espumantes deChardonnay, Sémillon, Gewürztraminer eRiesling Itálico. Na região da Campanha(Santana do Livramento e Bagé), fronteiracom o Uruguai, a produção de vinhos dequalidade cresce significativamente.Devido ao seu clima, a Serra Gaúcha temse mostrado excelente para a produção devinhos espumantes, hoje em plena expan-são. Nova região, ao norte, noVale do São Francisco, nos parale-los 8° e 9°, contrariando a lógica natural, tem produzidotintos bem interessantes. f Cabernet Franc, Merlot, Cabernet
Sauvignon G Chardonnay, Riesling
Itálico, Welschriesling, Sémillon, Gewürz-
traminer, Isabella q Serra Gaúcha,
Vale dos Vinhedos, Garibaldi o Vinícola
Aurora (www.vinicolaaurora.com.br);
Vinícola Miolo (www.miolo.com.br);
Chandon do Brasil (www.chandon.com.br).
Uruguai
DESDE QUE IMIGRANTES bascos plantaram asprimeiras vinhas, na década de 1870, a in-dústria vinícola uruguaia fez progressossurpreendentes.
A maior parte dos vinhedos fica no sul,mais frio, perto de Montevidéu, onde estãoas vinícolas mais importantes. A famíliaPisano plantou o primeiro vinhedo em1914 e hoje exporta vinhos de alto nívelpara vários mercados internacionais. Outroprodutor importante, EstablecimientoJuanicó, cultiva as vinhas na região vizinhade Canelones, onde a influência do oceanoestabiliza a temperatura e prolonga o períodode desenvolvimento. Mais ao norte, váriasprovíncias têm bom potencial. Em Rivera,são cultivadas vinhas da Bodegas Carrau,
que também possui vinhedos emCanelones. A cepa Tannat, no Uruguai cha-mada Harriague, é a mais cultivada.Proveniente do sul da França, ela é respon-sável pelos vinhos mais interessantes dopaís, tipicamente de cor profunda, estruturafirme e frutas negras, mas a qualidade po-de variar bastante. Uvas internacionais co-mo Cabernet Sauvignon, Merlot, Sauvignon
Blanc e Chardonnay também estãoganhando popularidade.f Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet
Franc, Merlot G Pinot Blanc, Sauvignon
Blanc, Chardonnay q Rivera, Carpintería,
El Carmen, Canelones o Establecimiento
Juanicó (www.juanico.com.uy); Carrau
(www.bodegascarrau.com); Pisano
(www.pisanowines.com); Pizzorno
(www.pizzornowines.com).
Peru
APESAR DO CLIMA GERALMENTE desfavorável, oPeru é o mais antigo produtor de vinhos daAmérica do Sul. Em várias regiões os inver-nos são tão quentes que os vinhedos dão2 safras ao ano. A maioria das uvas é con-sumida ou usada para pisco, o brandy lo-cal, mas em algumas zonas podem serfeitos vinhos muito promissores. As áreasvinícolas ficam na costa central, ao redorda cidade de Pisco, onde a brisa marinhado Pacífico ajuda a reduzir as temperaturasextremas. A melhor vinícola, Viña Tacama,fica perto de Ica e produz vinhos espuman-tes e não espumantes de Tannat, Malbec,Sauvignon Blanc e Sémillon. Ela teve con-sultoria externa de especialistas franceses e hoje exporta internacionalmente.f Tannat, Petit Verdot, Malbec, Cabernet
Sauvignon G Sauvignon Blanc, Sémillon, Albilla
q Ica o Viña Tacama (www.tacama.com)
Cuidando dos vinhedos de Pisano, Uruguai
637A S A M É R I C A S
Viña Tacama,Peru